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ISSN 2238-9121

8 a 10 de novembro de 2017 - Santa Maria / RS UFSM - Universidade Federal de Santa Maria

DISCUSSÕES SOBRE O USO DA TECNOLOGIA BLOCKCHAIN


ALIADA AO REGISTRO PÚBLICO BRASILEIRO

DISCUSSIONS ON THE USE OF BLOCKCHAIN TECHNOLOGY ALLIED TO


BRAZILIAN PUBLIC REGISTRY
1
Pedro Augusto Lamana Issler
2
Paulo Vinícius Lamana Issler

RESUMO
O presente artigo teve por objetivo discutir sobre a possibilidade de a tecnologia Blockchain servir
como um aliado ao Registro Público Brasileiro, tendo em vista que o momento atual é de busca pela
modernização de procedimentos tanto judiciais quanto extrajudiciais, utilizando o método dedutivo
na realização da pesquisa. Para tanto, buscou-se trazer alguns aspectos legais e básicos sobre o
Registro Público, no âmbito da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, e da Lei nº 8.935, de 18 de
novembro de 1994, em especial no que se refere às funções e aos efeitos das atividades notariais e
registrais. Posteriormente, explicou-se sobre o funcionamento da tecnologia Blockchain na
validação e registro das transações da rede Bitcoin. Mais adiante, discutiu-se sobre a evolução da
referida tecnologia, no plano dos contratos inteligentes e das propriedades inteligentes, casos
práticos e seu funcionamento na rede Ethereum. Por fim, a discussão teve como objeto os pontos
favoráveis e os desafios que rodeiam a adoção da tecnologia Blockchain aliada ao Registro Público,
a fim de possibilitar a formação de uma convicção fundamentada sobre a possibilidade de sua
aplicação, levando em consideração os atuais aspectos práticos e legais do Registro Público
brasileiro. Considerados os pontos positivos e os desafios, pôde-se concluir que, embora existam
obstáculos normativos e práticos a serem superados, é possível que a tecnologia Blockchain possa
ser utilizada como um aliado ao Registro Público, a exemplo de casos em que já se efetivou a sua
adoção, impactando o Direito com o uso dessas tecnologias.

Palavras-chave: Blockchain; público; registro; tecnologia.

ABSTRACT
The purpose of this article was to discuss the possibility of Blockchain technology serving as an ally
of the Brazilian Public Registry, considering that, in current moment, there is a search for the
modernization of both judicial and extrajudicial procedures, using the deductive method for the
research. In order to do so, we sought to bring some legal and basic aspects of the Public Registry,
under Law 6,015, dated 31 December 1973, and Law 8,935, dated 18 November 1994, in particular
with regard to functions and effects of notary and registry activities. Later, it was explained about
the operation of Blockchain technology in the validation and registration of the Bitcoin network
transactions. After that, we discussed the evolution of this technology, in the field of smart
contracts and smart property, practical cases and its operation in Ethereum network. Finally, the
discussion had as its object the strengths and challenges surrounding the adoption of Blockchain
technology allied to the Public Registry, in order to allow the formation of a conviction based on
the possibility of its application, taking into account the current practical and legal aspects of the

1
Graduado no Curso de Direito pela Faculdade de Direito de Santa Maria - FADISMA.
pedro@issler.adv.br
2
Graduado no Curso de Sistemas de Informação pela UNIFRA; acadêmico do oitavo semestre do
Curso de Direito da Faculdade de Direito de Santa Maria – FADISMA. pauloissler@gmail.com

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Brazilian Public Registry. Considering the strengths and challenges, it was concluded that, although
there are normative and practical obstacles to be overcome, it is possible that Blockchain
technology can be used as an ally with the Public Registry, as in cases that its adoption has already
taken place, impacting the Law with the use of these technologies.

Key-words: Blockchain; public; registry; technology.

INTRODUÇÃO

Este artigo tem por objetivo analisar se a tecnologia Blockchain pode servir como
uma aliada ao Registro Público, a fim de garantir-lhe maior rapidez, segurança,
publicidade, autenticidade e eficácia aos documentos ou declarações de vontades a que os
registros públicos devem possuir como características.
A importância desse estudo é evidente, na medida em que o momento atual é de
busca pela modernização dos procedimentos judiciais e extrajudiciais, a fim de facilitar e
acelerar o trabalho realizado por juízes, servidores, serventuários, advogados e demais
profissionais da área. Não obstante, a utilização de tecnologia adequada e avançada pode
representar, além das melhorias acima citadas, a redução de custos, uma vez que poderá
substituir, no todo ou em grande parte, a utilização de documentos físicos por tecnologias
de armazenamento digital.
Além disso, o referido tema adequa-se ao Grupo de Trabalho escolhido – Direitos na
Sociedade em Rede, tendo em vista que busca analisar o possível impacto do uso de novas
tecnologias informacionais sobre o Direito.
Para tanto, foi utilizado o método dedutivo, por meio de pesquisa bibliográfica,
onde foram buscados materiais ligados tanto à área do direito, quanto da tecnologia.
Dentre esses materiais, utilizou-se a legislação brasileira, palestras em eventos recentes,
notícias sobre a adoção das tecnologias buscadas, além de artigos e livros de origem
nacional e internacional.
Assim, no primeiro capítulo, serão expostos alguns aspectos legais sobre os
Registros Públicos no Brasil, de acordo com a Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973 -
Lei de Registros Públicos, e a Lei nº 8.935, de 18 de novembro de 1994, bem como
conceituada a tecnologia Blockchain, remontando sua origem e trazendo os princípios
básicos de seu funcionamento prático.

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Mais adiante, no segundo capítulo, buscar-se-á trazer a evolução da tecnologia


Blockchain em redes diversas da rede Bitcoin, demonstrando a sua aplicabilidade e
utilidade em transações mais complexas, onde envolvam propriedades inteligentes e
contratos inteligentes. Após isso, serão ponderados os pontos favoráveis e possíveis
desafios da utilização da tecnologia Blockchain como aliado ao Registro Público,
possibilitando, assim, a análise quanto à viabilidade de sua utilização.

1 O REGISTRO PÚBLICO E A TECNOLOGIA BLOCKCHAIN NA REDE


BITCOIN

1.1 Breves considerações sobre o Registro Público

No ordenamento jurídico brasileiro, as atividades notariais e registrais são regidas,


principalmente, pela Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973 - Lei dos Registros
Públicos3, e pela Lei nº 8.935, de 18 de novembro de 1994, tendo como principal função
garantir publicidade, autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos.4
Quanto às funções garantidas pelos registros públicos (publicidade, autenticidade,
segurança e eficácia), Padoin explica cada uma delas:

Publicidade: [...] A publicidade consiste numa permissão legal para que


qualquer pessoa tenha acesso às informações constantes dos livros das
serventias, sem necessidade de justificativa, e tem como objetivo atribuir
segurança às relações jurídicas, na medida em que permite que qualquer
interessado conheça o teor dos atos praticados pelos notários e
registradores.
A regra é que tudo que conste registrado nos livros de serventia pode ser
informado a quem solicitar, salvo se houver expressa limitação legal. [...]
Autenticidade: consiste na qualidade do que é confirmado pelo ato de
autoridade, seja uma coisa, um documento ou uma declaração de vontade.
O registro cria a presunção relativa (juris tantum) de verdade. [...]
Essa autenticidade, entretanto, é apenas formal, em relação ao ato

3
BRASIL. Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Dispõe sobre os registros públicos, e dá outras
providências. In: Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 set. 1975.
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6015consolidado.htm>. Acesso em: 13
set. 2017.
4
BRASIL. Lei nº 8.935, de 18 de novembro de 1994. Regulamenta o art. 236 da Constituição Federal,
dispondo sobre serviços notariais e de registro. In: Diário Oficial da República Federativa do Brasil,
Brasília, DF, 21 nov. 1994. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8935.htm>.
Acesso em: 13 set. 2017.

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praticado, não atingindo o conteúdo material do documento, salvo se este


tenha sido atestado pelo próprio notário ou registrador. [...]
Segurança: consiste na almejada proteção, estabilidade e garantia dos atos
praticados no exercício da atividade notarial e registral, ou seja, além de a
parte interessada conseguir constituir e formalizar o seu direito por meio do
registro ou do ato notarial, consegue também a análise imparcial relativa à
regularidade do seu ato. [...]
Eficácia: consiste na capacidade de um ato produzir efeitos jurídicos, com
base na segurança dos assentos, na autenticidade dos negócios e
declarações por eles transpostos.5

Em outras palavras, explicando cada um desses elementos, verifica-se que: (i) a


publicidade assegura a qualquer pessoa o acesso ao teor do que consta nos registros
públicos, sem necessidade de justificativa prévia, garantindo maior segurança e
transparência aos atos notariais e registrais; (ii) a autenticidade traz a garantia de que o
documento ou a declaração de vontade é autêntica, criando uma presunção relativa de
veracidade quanto à sua forma; (iii) a segurança objetiva dar proteção, estabilidade e
garantia aos registros públicos, graças também à análise imparcial do notário ou
registrador; (iv) a eficácia possibilita a produção de efeitos jurídicos pelo ato registrado,
baseado na segurança, na autenticidade e no teor dos registros públicos.
Muito embora os serviços notariais e registrais sejam exercidos em caráter privado,
eles se materializam por delegação do Poder Público, submetendo os atos dos notários,
oficiais de registro e seus prepostos à fiscalização pelo Poder Judiciário, conforme previsão
no artigo 236 da Constituição Federal de 1988.6
Além das funções acima explicitadas, oportuno trazer à baila os ensinamentos de
Ceneviva, no que se refere às três espécies de efeitos jurídicos produzidos pelo Registro
Público: (i) constitutivo, onde não há direito sem o registro, como, por exemplo, no
registro civil de pessoas naturais, casamento e emancipação; (ii) comprobatórios, onde o
registro servirá como prova da existência e a veracidade do ato ou fato, a exemplo do
assento de óbito de pessoa presumidamente morta, no registro civil de pessoas naturais; e
(iii) publicitários, onde o fato ou ato registrado, salvo raras exceções, é acessível ao
conhecimento de todos, como a interdição e a declaração de ausência, no registro civil de

5
PADOIN, Fabiana Fachinetto. Direito Notarial e Registral. Ijuí: Ed. Unijuí, 2011. p. 16-18.
6
BRASIL. Constituição Federal. Brasília: Senado Federal, 1988. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 17
set. 2017.

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pessoas naturais.7
Enfim, vale citar ainda que o Registro Público engloba diferentes especialidades, a
saber: Tabelionato de Notas, Tabelionato de Protestos, Registro de Imóveis, Registro de
Títulos e Documentos, Registro Civil de Pessoas Naturais e Registro Civil de Pessoas
Jurídicas. Cada uma dessas serventias possui um tabelião ou registrador como responsável,
o qual deve ter prestado concurso público de provas e títulos, além de ser formado no
curso de Direito ou ter exercido a função de escrevente há mais de dez anos.8
Tais explanações referem-se aos pontos básicos do Registro Público necessários a
uma compreensão geral de seu funcionamento, das suas funções e dos efeitos causados
pelos atos notariais e registrais.

1.2 A tecnologia Blockchain e seu funcionamento na rede Bitcoin

Preliminarmente, para que se possa iniciar a compreensão da tecnologia Blockchain


e seu funcionamento, é necessário que se aborde, ainda que brevemente, aquilo que deu
origem à sua criação e utilização: a criptomoeda Bitcoin. Para Ulrich, “o Bitcoin é uma
forma de dinheiro, assim como o real, o dólar ou o euro, com a diferença de ser
puramente digital e não ser emitido por nenhum governo. O seu valor é determinado
livremente pelos indivíduos no mercado”.9
Como se vê, o Bitcoin foi desenvolvido para ser uma moeda digital descentralizada,
de abrangência mundial, sem a intervenção do governo e sem o envolvimento de
instituições financeiras. Nesse último ponto, tem-se a ideia trazida por Formigoni Filho,
Braga e Leal:

Em 2008, foi apresentado ao grupo de discussão “The Cryptography


Mailing” um artigo técnico contendo os princípios de funcionamento de
uma criptomoeda denominada Bitcoin, cuja proposta era a criação de uma
moeda digital mundial que funcionasse em uma rede peer-to-peer e que
permitisse o envio de pagamentos online de forma totalmente segura, sem
o envolvimento de instituições financeiras para todos os participantes da

7
CENEVIVA, Walter. Lei dos Registros Públicos Comentada. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 35-36.
8
MODANEZE, Jussara Citroni; TIERI, Perla Caroline Gargalac Veiga; TIERI, Thomaz Mourão. Direito
Notarial e Registral. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 12.
9
ULRICH, Fernando. Bitcoin: a moeda na era digital. São Paulo: Instituto Ludwig von Mises Brasil,
2014. p. 16.

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rede.10

A relação entre esses dois elementos – Blockchain e Bitcoin – é bem explicada por
Formigoni Filho, Braga e Leal:

No entanto, qual é a relação entre Blockchain e Bitcoin? É muito comum as


pessoas confundirem essas duas coisas e é natural que façam, uma vez que
Blockchain é a plataforma tecnológica utilizada para o funcionamento da
rede Bitcoin e de várias outras criptomoedas. Bitcoin é a primeira e a mais
conhecida aplicação da tecnologia Blockchain. 11

Com isso, considerando que o Bitcoin é a primeira aplicação utilizada na tecnologia


Blockchain, é possível afirmar que o seu funcionamento teve início às 18h15min do dia 03
de janeiro de 2009, momento em que a primeira transação com Bitcoin, transmitida por
seu criador Satoshi Nakamoto, foi registrada no bloco gênese da Blockchain, conforme
explica Ulrich.12
No que se refere ao funcionamento da tecnologia Blockchain na rede Bitcoin, pode-
se afirmar ainda que se trata de uma espécie de registro público de todas as transações
realizadas com a referida moeda virtual, de acordo com Ulrich:

Todas as transações que ocorrem na economia Bitcoin são registradas em


uma espécie de livro-razão público e distribuído chamado de blockchain
(corrente de blocos, ou simplesmente um registro público de transações),
o que nada mais é do que um grande banco de dados público, contendo o
histórico de todas as transações realizadas.13

De acordo com Swan, a Blockchain está em constante crescimento, sendo que, a


cada dez minutos, são gerados novos blocos que registram as transações mais recentes. As
transações são validadas e retransmitidas pelos computadores que estão conectados à rede

10
FORMIGONI FILHO, José Reynaldo; BRAGA, Alexandre Mello; LEAL, Rodrigo Lima Verde.
Tecnologia Blockchain: uma visão geral. 2017. Disponível em: <https://www.cpqd.com.br/wp-
content/uploads/2017/03/cpqd-whitepaper-blockchain-impresso.pdf>. Acesso em: 28 ago. 2017. p.
1.
11
FORMIGONI FILHO, José Reynaldo; BRAGA, Alexandre Mello; LEAL, Rodrigo Lima Verde.
Tecnologia Blockchain: uma visão geral. 2017. Disponível em: <https://www.cpqd.com.br/wp-
content/uploads/2017/03/cpqd-whitepaper-blockchain-impresso.pdf>. Acesso em: 28 ago. 2017. p.
3.
12
ULRICH, Fernando. Bitcoin: a moeda na era digital. São Paulo: Instituto Ludwig von Mises Brasil,
2014. p. 38.
13
ULRICH, Fernando. Bitcoin: a moeda na era digital. São Paulo: Instituto Ludwig von Mises Brasil,
2014. p. 18.

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Bitcoin, os quais possuem uma cópia completa dos registros da Blockchain.14


Para Formigoni Filho, Braga e Leal, a tecnologia Blockchain foi elaborada tendo
como base quatro principais características, a saber: “segurança das operações,
descentralização de armazenamento/computação, integridade de dados e imutabilidade
de transações”. Em outras palavras, significa dizer que: o registro, uma vez validado, não
mais poderá ser apagado; a validação é feita por membros participantes da rede,
chamados de peers ou nós; toda operação feita dentro da Blockchain é protegida por
tecnologias criptográficas de assinatura digital, permitindo, inclusive, identificar os nós
que emitem (emissores) e recebem (receptores) as transações; havendo consenso entre
todos ou alguns nós previamente determinados, o registro será feito e nunca mais poderá
ser apagado.15
Ulrich, utilizando um exemplo fictício de transação, explica bem a segurança nas
operações registradas na Blockchain:

As transações são verificadas, e o gasto duplo é prevenido, por meio de um


uso inteligente da criptografia de chave pública. Tal mecanismo exige que a
cada usuário sejam atribuídas duas “chaves”, uma privada, que é mantida
em segredo, como uma senha, e outra pública, que pode ser compartilhada
com todos. Quando a Maria decide transferir bitcoins ao João, ela cria uma
mensagem, chamada de “transação”, que contém a chave pública do João,
assinando com sua chave privada. Olhando a chave pública da Maria,
qualquer um pode verificar que a transação foi de fato assinada com sua
chave privada, sendo, assim, uma troca autêntica, e que João é o novo
proprietário dos fundos. A transação – e portanto uma transferência de
propriedade dos bitcoins – é registrada, carimbada com data e hora e
exposta em um “bloco” do blockchain (o grande banco de dados, ou livro-
razão da rede Bitcoin). A criptografia de chave pública garante que todos os
computadores na rede tenham um registro constantemente atualizado e
verificado de todas as transações dentro da rede Bitcoin, o que impede o
gasto duplo e qualquer tipo de fraude.16

Como se vê, cada usuário possui duas chaves: uma pública e outra privada. A chave
pública funciona como um endereço para o envio de bitcoins a esse usuário, e a chave

14
SWAN, Melanie. Blockchain: Blueprint for a New Economy. Sebastopol: O’Reilly Media Inc., 2015.
p. 12.
15
FORMIGONI FILHO, José Reynaldo; BRAGA, Alexandre Mello; LEAL, Rodrigo Lima Verde.
Tecnologia Blockchain: uma visão geral. 2017. Disponível em: <https://www.cpqd.com.br/wp-
content/uploads/2017/03/cpqd-whitepaper-blockchain-impresso.pdf>. Acesso em: 28 ago. 2017. p.
6-7.
16
ULRICH, Fernando. Bitcoin: a moeda na era digital. São Paulo: Instituto Ludwig von Mises Brasil,
2014. p. 19.

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privada atua como uma senha para permitir que a transação seja realizada, como uma
assinatura digital.
Com isso, aliado ao que já foi explicado acerca da validação de transações, pode-se
deduzir é impossível que as mesmas unidades de bitcoin sejam enviadas a pessoas
diferentes, tornando essa tecnologia praticamente imune a qualquer tipo de fraude nesse
sentido.
Por essa razão, busca-se, neste artigo, verificar a possibilidade, do ponto de vista
legal, da adoção dessa tecnologia como um aliado ao Registro Público, sem acarretar na
perda da publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos contratos.

2 A TECNOLOGIA BLOCKCHAIN EM OUTRAS REDES E A POSSIBILIDADE


DE SEU USO COMO UM ALIADO AO REGISTRO PÚBLICO

2.1 Utilização e evolução da tecnologia Blockchain em outras redes

A despeito da tecnologia Blockchain ter nascido junto com a rede Bitcoin, como
explicado no subcapítulo anterior, essa tecnologia não está limitada ao registro das
transações realizadas com Bitcoin, passando a ser utilizada, com o tempo, desde em
atividades mais simples, como validação e registro de transações, inclusive de outras
criptomoedas, até em atividades mais complexas, como empréstimos, hipotecas, contratos
inteligentes.17
A tecnologia Blockchain utilizada para as transações da criptomoeda Ethereum, de
acordo com seu criador Vitalik Buterin, mostra-se mais poderosa do que a utilizada pela
rede Bitcoin, uma vez que permite que contratos inteligentes sejam transacionados em sua
rede. Por meio desses contratos inteligentes, é possível que, em sua Blockchain, seja
incorporada uma transação em que determinada obrigação nela inscrita se realize somente
mediante o cumprimento de requisitos pré-especificados em seu código.18

17
SWAN, Melanie. Blockchain: Blueprint for a New Economy. Sebastopol: O’Reilly Media Inc., 2015.
p. 11.
18
BUTERIN, Vitalik. Ethereum White Paper: A Next Generation Smart Contract & Descentralized
Application Platform. 2014. Disponível em <http://www.the-
blockchain.com/docs/Ethereum_white_paper-

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Para De Filippi, no contexto da tecnologia Blockchain, contratos inteligentes


significam transações que vão além da simples compra e venda de criptomoedas, podendo
ter instruções mais complexas incorporadas neles. A possibilidade de inserção de
obrigações auto-executáveis elimina a necessidade de confiança entre as partes
contratantes. Isso porque os contratos inteligentes são diferenciados em razão de três
elementos: (i) autonomia, uma vez que, estando em andamento, sua execução é
automática; (ii) autossuficiente, no sentido de poder coletar recursos por conta própria,
gastando-os onde serão necessários, como no poder de armazenamento e processamento;
e (iii) descentralizado, já que eles não existem em um único servidor centralizado, estando
distribuídos e auto-executados em vários nós da rede a que se submetem.19
Um caso prático da utilização de contratos inteligentes é apresentado por Kavinski,
o qual relata que, em outubro de 2016, foi anunciado o que pode ser a primeira transação
interbancária utilizando a tecnologia Blockchain e os contratos inteligentes:

O respeitado periódico Global Trade Review, anunciou em outubro de


2016, o que seria a primeira transação comercial interbancária
combinando a tecnologia blockchain, smart contracts e IoT. A transação,
ocorreu entre as empresas Brighann Cotton US e Brighann Cotton Australia,
e seus respectivos bancos, Well Fargo e CBA, e envolveu uma remessa de
fardos de algodão, do Texas para Qingdao (China), e uma carta de crédito
executada por meio de um smart contract armazenado em um ledger
(registro) privado, usando o sistema Brackets de blockchain. 20

A referida transação foi possibilitada graças à utilização de um dispositivo GPS que


rastreava a localização das mercadorias que estavam sendo transportadas. No momento
em que as mercadorias chegaram ao seu destino previamente estabelecido, um código
regulador do contrato permitiu automaticamente a liberação dos fundos referentes à
remessa.21

a_next_generation_smart_contract_and_decentralized_application_platform-vitalik-buterin.pdf>.
Acesso em: 16 set. 2017. p. 13.
19
DE FILIPPI, Primavera. Primavera De Filippi on Ethereum: Freenet or Skynet?. The Berkman
Center for Internet and Society at Harvard University” Youtube. 15 de abril de 2014. Disponível em
<https://www.youtube.com/watch?v=slhuidzccpI>. Acesso em: 16 set. 2017.
20
KAVINSKI, Mauricio. Blockchain, smart contracts, IoT: A nova era dos contratos. 16 de julho de
2017. Disponível em <https://pt.linkedin.com/pulse/blockchain-smart-contracts-iot-nova-era-dos-
contratos-kavinski>. Acesso em: 16 set. 2017.
21
KAVINSKI, Mauricio. Blockchain, smart contracts, IoT: A nova era dos contratos. 16 de julho de
2017. Disponível em <https://pt.linkedin.com/pulse/blockchain-smart-contracts-iot-nova-era-dos-
contratos-kavinski>. Acesso em: 16 set. 2017.

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Verdade seja dita, a intenção de Vitalik Buterin, ao criar o Ethereum, era fornecer
uma rede que possibilitasse a criação de contratos pelos seus usuários, os quais poderiam
criar transações complexas, mediante a simples escrita da lógica pretendida em poucas
linhas do código.22
Além de contratos inteligentes, a tecnologia Blockchain permite também o registro
de propriedades inteligentes, ou smart property. De acordo com Swan, as propriedades
inteligentes permitem o controle da propriedade e do acesso a determinado ativo, fazendo
com que ele seja registrado como um recurso digital na Blockchain. Em alguns casos, os
ativos do mundo físico também podem ser controlados pela Blockchain. Hipóteses dessa
ocorrência seriam, por exemplo, quartos de hotel e veículos de aluguel cujas portas são
desbloqueadas por uma tecnologia inteligente embutida, como sensores Wi-Fi,
aproximação de dispositivos ou então código de barras de uso único.23
Sem dúvidas, e conforme bem afirma Kavinski, o uso combinado dessas tecnologias
pode demonstrar um grande avanço nas relações de negócio, dado que transações que
costumam levar dias podem ser realizadas em poucos minutos, reduzir os custos e
melhorar a eficiência. Não obstante, citam-se outros benefícios como a conveniência e a
transparência para as partes envolvidas, visto que os dados são atualizados em tempo real,
além da melhoria na segurança e redução do risco de fraude por meio da utilização da
tecnologia Blockchain.24

2.2 A Blockchain como aliado ao registro público de documentos

A utilização da tecnologia Blockchain como um aliado ou uma alternativa aos


registros públicos já é alvo de estudos e discussão, a exemplo de um evento realizado pelo

22
BUTERIN, Vitalik. Ethereum White Paper: A Next Generation Smart Contract & Descentralized
Application Platform. 2014. Disponível em <http://www.the-
blockchain.com/docs/Ethereum_white_paper-
a_next_generation_smart_contract_and_decentralized_application_platform-vitalik-buterin.pdf>.
Acesso em: 16 set. 2017. p. 1.
23
SWAN, Melanie. Identity Authentication and Security Access 2.0. Broader Perspective blog. 07
de abril de 2013. Disponível em <http://futurememes.blogspot.com.br/2013/04/identity-
authentication-and-security.html>. Acesso em: 16 set. 2017.
24
KAVINSKI, Mauricio. Blockchain, smart contracts, IoT: A nova era dos contratos. 16 de julho de
2017. Disponível em <https://pt.linkedin.com/pulse/blockchain-smart-contracts-iot-nova-era-dos-
contratos-kavinski>. Acesso em: 16 set. 2017.

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Instituto de Registro Imobiliário do Brasil. Nesse evento, Braga Júnior reconheceu que a
virtualização da atividade registral tem se mostrado um caminho evidente a ser seguido. O
uso da tecnologia digital nos cartórios é maciço, sendo utilizado para virtualização de
matrículas, criação de banco de dados, dentre outras funções.25
No Brasil, as cidades de Morro Redondo e Pelotas estão sendo as primeiras do país a
testarem um projeto piloto para utilização da tecnologia Blockchain no Registro de
Imóveis, tendo por objetivo ajudar na redução de custos e na melhora da precisão, da
segurança e da transparência. A empresa responsável pelo serviço é a Ubitquity LLC, e,
segundo seu fundador Nathan Wosnack, a parceria firmada será essencial para mostrar aos
municípios o poder e os benefícios em utilizar a manutenção de registros por meio da
tecnologia Blockchain.26
Projeto semelhante ao aplicado nas cidades brasileiras está sendo trabalhado,
desde 2016, no Registro de Imóveis da Suécia. Para Kempe, o objetivo é registrar as
transações imobiliárias no momento em que comprador e vendedor entrarem em um
acordo sobre a negociação. Uma vez concluído, todas as partes envolvidas na transação,
como bancos, governo, corretores, comprador e vendedor, poderão acompanhar o seu
progresso na Blockchain.27
Apesar disso, é importante ressaltar que a transposição dos dados registrais para um
cartório virtual deve manter o exato encadeamento dos atos existentes em papel, o que se
mostra um grande desafio. Como se não bastasse, após isso, não basta que o documento
eletrônico esteja assinado e devidamente criptografado: é necessário que os registros

25
BRAGA JÚNIOR, Antonio Carlos Alves. Perspectivas para a Escrituração Digital no Registro de
Imóveis. In: Blockchain e o Futuro do Registro de Imóveis Eletrônico. São Paulo, 31 de março de
2017. Disponível em <http://irib.org.br/noticias/detalhes/blockchain-e-o-futuro-do-registro-de-
imoveis-eletronico-undefined-palestra-iii>. Acesso em: 16 set. 2017.
26
WOSNACK, Nathan. UBITQUITY, the First Blockchain-Secured Platform for Real Estate
Recordkeeping, Announces Historic Pilot with a Land Records Bureau in Brazil. 05 de abril de
2017. Disponível em <https://medium.com/@nathanwosnack_75360/ubitquity-the-first-blockchain-
secured-platform-for-real-estate-recordkeeping-announces-historic-46c2b0d9f895>. Acesso em: 17
set. 2017.
27
CHAVEZ-DREYFUSS, Gertrude. Sweden tests blockchain technology for land registry. 16 de
junho de 2016. Disponível em <http://www.reuters.com/article/us-sweden-blockchain/sweden-
tests-blockchain-technology-for-land-registry-idUSKCN0Z22KV>. Acesso em: 17 set. 2017.

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estejam em repositórios arquivísticos digitais confiáveis, respeitando as diretrizes da


Resolução 43, de 04 de setembro de 2015, do Conselho Nacional de Arquivos (CONARQ).28
Para Rodrigues, é possível que a Blockchain fortaleça o instrumento particular, mas
não a ponto de substituir o instrumento público. Não se poderia abrir mão da atuação
preventiva do tabelião no aconselhamento das partes, além do fato de que ele exerce uma
qualificação de legalidade a determinado ato jurídico. Segundo ele, no que se refere ao
sistema registral imobiliário em específico, a tecnologia Blockchain impactá-lo-ia de forma
restrita, limitando seu uso a banco de dados e a validação eventual de documentos
públicos.29
É inegável que a adoção da tecnologia Blockchain nos registros públicos traria
inúmeros benefícios para o Registro Público, como redução no tempo de execução das
atividades, além de simultaneidade das informações. Porém, se o objetivo é abandonar por
completo o sistema em papel, é necessário que haja uma regulamentação visando a
padronização da tecnologia a ser utilizada.30

CONCLUSÃO

No desenrolar do presente estudo, ficou evidenciado que a tecnologia Blockchain


vem trazendo grandes avanços nas atividades cotidianas. Isso não somente em razão da
possibilidade de enviar unidades de criptomoedas para qualquer lugar do mundo de forma
rápida, segura e imune a praticamente qualquer tipo de fraude, mas também – e
principalmente – pelo fato de possibilitar que sejam realizadas transações que vão além da
simples transferência de valores, como a confecção de propriedades inteligentes e

28
BRAGA JÚNIOR, Antonio Carlos Alves. Perspectivas para a Escrituração Digital no Registro de
Imóveis. In: Blockchain e o Futuro do Registro de Imóveis Eletrônico. São Paulo, 31 de março de
2017. Disponível em <http://irib.org.br/noticias/detalhes/blockchain-e-o-futuro-do-registro-de-
imoveis-eletronico-undefined-palestra-iii>. Acesso em: 16 set. 2017.
29
RODRIGUES, Daniel Lago. Noções e Perspectivas para o Registro Imobiliário. In: Blockchain e o
Futuro do Registro de Imóveis Eletrônico. São Paulo, 31 de março de 2017. Disponível em
<http://irib.org.br/noticias/detalhes/blockchain-e-o-futuro-do-registro-de-imoveis-eletronico-
undefined-palestra-iv>. Acesso em: 16 set. 2017.
30
BRAGA JÚNIOR, Antonio Carlos Alves. Perspectivas para a Escrituração Digital no Registro de
Imóveis. In: Blockchain e o Futuro do Registro de Imóveis Eletrônico. São Paulo, 31 de março de
2017. Disponível em <http://irib.org.br/noticias/detalhes/blockchain-e-o-futuro-do-registro-de-
imoveis-eletronico-undefined-palestra-iii>. Acesso em: 16 set. 2017.

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contratos inteligentes, já utilizados com êxito por grandes empresas do setor bancário em
negociações intercontinentais.
Portanto, no que se refere ao objetivo específico deste trabalho, pode-se concluir
que, embora uma eventual adoção integral da Blockchain deva ser acompanhada por uma
regulamentação que padronize a tecnologia a ser utilizada, além da necessidade de
adequá-la às regras de armazenamento arquivístico digital, ela demonstrou que possui
potencial tecnológico suficiente para incrementar e gerar maior rapidez, publicidade,
segurança, autenticidade e eficiência aos registros públicos, a exemplo de casos em que,
ainda que em caráter experimental, já se efetivou sua utilização.

REFERÊNCIAS

BRAGA JÚNIOR, Antonio Carlos Alves. Perspectivas para a Escrituração Digital no Registro de
Imóveis. In: Blockchain e o Futuro do Registro de Imóveis Eletrônico. São Paulo, 31 de março de
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