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Ilma. Sra.

Presidente da Comissão de Processo


Administrativo Disciplinar -CPAD/SEDUC
Servidor: JOSÉ FRANCISCO DA SILVA, motorista,
Matrícula 951681, brasileiro, casado, portador do RG
331508940 SSP/MA e CPF 13752405368, residente e
domiciliado na Avenida 10, Quadra 107, Casa 01,
Conjunto Maiobão, Paço do Lumiar – MA.

DEFESA, pelas questões de fato e de direito a seguir aduzidas:


O Servidor supracitado foi indiciado por haver, em tese,
infringido o disposto no inciso I, art. 209, inciso XVI¹, art. 210

da Lei nº 6.107/1994, que dispõem sobre o estatuto dos


servidores públicos civis do estado.

Conforme consta no Despacho de Instrução é Indiciação


Processual, entendeu a Comissão pelo indiciamento do
servidor supracitado, por ter o mesmo:

“... Deixado de exercer com zelo e dedicação as atribuições


legais e regulamentares inerentes ao cargo

(Omissis)

Além de proceder de forma desidiosa ...”

O termo de interrogatório informa que o indiciado é servidor


público estadual desde 05/08/1982, nomeado para exercer o
cargo de motorista, lotado inicialmente na Secretaria de Estado
da Educação- SEDUC que atualmente encontrasse lotado na
Supervisão de Transportes / SEDUC, conduzia o caminhão
pertencente a frota especial da SEDUC, no dia 04 de dezembro
de 2017, no retorno em frente ao Atacadão no bairro
Bequimão, quando estava indo viajar a trabalho.
O servidor não agiu com qualquer imprudência e imperícia.
Em 25 anos no exercício de sua função, nunca havia sofrido
qualquer tipo de acidente, por sempre conduzir o veículo
atentando as normas, legislação e código de trânsito vigentes.
Além de zelo e responsabilidade no trânsito

Ora, se o servidor conduzia a frente da condutora do outro


veículo, cabia a essa tomar as medidas preventivas de manter
distância de segurança frontal e lateral do automóvel à sua
frente. Para tanto, veja-se a redação dos
arts. 26, I, 28 e 29, II do Código de Trânsito Brasileiro:

Art. 26. Os usuários das vias terrestres devem:


I - abster-se de todo ato que possa constituir perigo ou
obstáculo para o trânsito de veículos, de pessoas ou de
animais, ou ainda causar danos a propriedades públicas ou
privadas;
[...]
Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter domínio de
seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados
indispensáveis à segurança do trânsito.
Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à
circulação obedecerá às seguintes normas:
[...]
II - o condutor deverá guardar distância de segurança
lateral e frontal entre o seu e os demais veículos, bem
como em relação ao bordo da pista, considerando-se, no
momento, a velocidade e as condições do local, da circulação,
do veículo e as condições climáticas;
[...]
Portanto, a imprudência, negligência e imperícia da condutora
do veículo Ford Fiesta foram o que de fato culminaram na
assunção do risco de colisões, não importando a correta
conduta no trânsito do servidor.

Em momento algum o servidor foi negligente, assim que


constatou a colisão, entrou em contato com o Supervisor de
Transporte da SEDUC, solicitando que o mesmo comparecesse
ao local para tomar as devidas medidas legais, já que a
condutora do outro veículo foi rapidamente acompanhada por
um advogado. O supervisor não compareceu ao local e o
servidor ficou sem nenhuma assistência por parte da
Secretaria. Ressalto ainda que o veículo Caminhão Mercedes
Benz/ ATEGO 2430, Placa OXZ- 4002 pertencente à frota da
SEDUC MA estava com a documentação atrasada no momento
do ocorrido.

O Servidor é acusado de não exercer com zelo e dedicação as


atribuições legais e inerentes à seu cargo e proceder de forma
desidiosa, quando não há provas de qualquer conduta dolosa
ou culposa neste sentido. Ao contrário, sempre foi responsável
nas suas atribuições e sempre zelou pelo patrimônio lhe
confiado para desempenho da sua função. Observa-se que não
se configura qualquer conduta indevida do servidor.
Luiz Regis Prado (in Curso de Direito Penal brasileiro, RT,
2001), sobre o Princípio da Culpabilidade, nos ensina que “a
culpabilidade deve ser entendida como fundamento e
limite de toda pena. Esse princípio diz respeito ao
caráter inviolável do respeito à dignidade do ser
humano.” O conteúdo do princípio é a ideia de que não é
possível atribuir a alguém a responsabilidade por uma ação ou
omissão, sem que esse alguém tenha atuado com dolo ou culpa,
o que não restou configurado no presente caso.

DO PEDIDO

Por todo o exposto, considerando fartamente a não intenção do


servidor em causar prejuízo ou danos a terceiros e que os
danos causados não foram de sua responsabilidade, ou seja,
por motivo alheio à vontade do Processado e considerando
principalmente que o servidor sempre teve conduta irretocável
no trabalho, é pai de família e cidadão exemplar, pede-se,
com base em tudo que foi acima explanado, a
absolvição sumária do Acusado, por não restar
comprovada qualquer conduta dolosa por ele
praticada, que porventura tenha gerado prejuízos a
terceiros.

_______________________________________
ADV.

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