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É importante observar que, no final do século XIX e início do século XX, há uma
entrada de imigrantes (cerca de 5 milhões de imigrantes) no Brasil, o que para a
população da época foi importante, sobretudo quando se pensa no impacto
populacional gerado pelos seus descendentes. Atualmente, no entanto, já não se pode
dizer que o Brasil sofre uma invasão de imigrantes. O mesmo raciocínio pode ser feito
na dimensão da emigração, pois não está acontecendo uma diáspora brasileira, se
comparado o número de emigrantes com o total da população brasileira.
Vale observar que identificar períodos imigradores e emigradores não significa que
não há emigração e imigração nos respectivos períodos.
É importante atentar para o papel das redes, que estabelecem um lugar “onde ficar”,
e, portanto, estabelecem um lugar para onde essa emigração se destina, atuando,
desse modo, como um retroalimentador dessa migração. Essa lógica se aplica não
apenas aos brasileiros que emigram, mas também à entrada de imigrantes no Brasil,
através de grupos culturais que se organizam em torno de um determinado lugar (seja
os japoneses ou os bolivianos em São Paulo, por exemplo), e retroalimentam a
migração naquele lugar em específico, sobretudo, se houver uma conexão física
(rodovias, pontes, trilhas, etc) que estabeleça a ligação àquele lugar. Evidentemente
que essas conexões físicas facilitam o acesso àquele lugar e, por sua vez, em períodos
de crise, viabilizam a entrada em massa de imigrantes, o que pode favorecer o
aparecimento de discursos xenófobos.
No que diz respeito às migrações internas ao Brasil, podemos identificar que elas
surgem no século XX, devido à criação de elementos no território (ferrovias, rodovias)
que possibilitem o deslocamento interno de forma regular e constante. Nesse sentido,
é interessante observar que o maior volume migratório interno acontece entre os anos
1930 e 1970, quando o Brasil passa por um modelo de explosão demográfica brasileira
(segunda fase do modelo Thompson), mais concentrada no percurso nordeste-
sudeste. De 1970 para cá, o que se pode notar como característica predominante são
as migrações de retorno e as migrações de curta distância.
Há ainda dois tipos específicos de migrações que são chamados de: transumância
(uma migração sazonal, que ocorre, em geral, em áreas rurais e é caracterizada pela
migração de pessoas em determinadas épocas ou estações do ano) e pendular
(migração que ocorre, em geral, em áreas urbanas e é caracterizada pela ida e volta de
pessoas de uma cidade para outra regularmente).