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Tecnologia Mecânica 2

Relatório do Laboratório 4
Fundição em Molde de Areia Verde
Nome: Gabriel Silva Póvoa Matrícula: 17/0034321
Nome: Rodrigo Souza Pimenta Matrícula: 17/0021718

Prof. Guilherme Caribe de Carvalho

Universidade de Brasília
Faculdade de Tecnologia
Departamento de Engenharia Mecânica
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SUMÁRIO

1 Introdução 1
1.1 Fundição em Areia Verde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

2 Metodologia e Procedimento Experimental 3


2.1 Material e Equipamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2.2 Procedimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

3 Resultados e Discussão 7

4 Conclusão 8

5 Bibliografia 9
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1 Introdução
A fundição em areia é um dos principais métodos para se obter peças fundidas. Com uma única
etapa, é possível fabricar de peças de formas relativamente complexas. Além disso, a a manufatura
relativamente simples o custo baixo justificam a larga utilização deste processo, que é composto
basicamente pelo molde, o modelo original, metal fundido e o macho (quando necessário).
A forma da cavidade do molde (negativo da peça a ser fabricada) pode corresponder praticamente
à forma final, ou algo bem próximo da peça projetada, de modo que a peça resultante possa ser
posteriormente submetida a um trabalho de conformação mecânica já estado sólido.

Figura 1: Representação de um processo de fundição

Os processos de fundição caracterizam-se por envolverem uma série de transformações físico-


químicas. Estas ocorrem tanto nas mudanças de fase, a que são submetidos os materiais utilizados
no preenchimento do molde, quanto nas substituições de matéria. Considera-se, como substituição
de matéria, a alternância de materiais, nas passagens de forma ou geometria: do modelo para o
molde e do molde para o produto, ou seja, as passagens da forma positiva para forma negativa e,
novamente, para a positiva, com o cuidado de transferir ao material solidificado no interior do molde
a exatidão da forma do modelo.
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1.1 Fundição em Areia Verde


A técnica de fundição mais comum é a moldagem em areia verde. Esta consiste no uso do
molde feito em areia úmida e compactada. É chamada de “verde” para indicar que a umidade foi
acrescentada a areia e aglomerantes. Devido à sua facilidade de uso, baixo custo e abundância de
matéria-prima essa técnica é largamente utilizada. A areia verde é a combinação da areia sílica com
os agentes aglomerantes, como a argila, componentes normalmente baratos.
O metal líquido é despejado na caixa através dos dutos de alimentação no molde feito de areia
a verde e, por gravidade, o metal desce e preenche todo o espaço do molde, conforme representado
na Figura 2.

Figura 2: Representação das partes das caixas e dutos de alimentação.

Após a utilização, praticamente toda a areia pode ser reutilizada. Sendo assim, as vantagens do
processo são: baixo custo quando comparado a outros métodos, facilidade de reparo dos moldes e
utilização de equipamentos mais simples. As desvantagens são: maior deformação do molde (erosão)
com peças de maior tamanho, areia natural é normalmente heterogênea, isto é, sua composição varia
para cada parte, influenciando na qualidade final das peças. Ou seja, peças fundidas geralmente
tem acabamento superficial inferior, peças rugosas.
O tempo de solidificação é influenciado pelo tamanho da peça fundida. A solidificação tem início
nas paredes com as quais o metal líquido entra imediatamente em contato. Os cristais formados e
em crescimento são influenciados pelas paredes do moldes e dos cristais vizinhos, tendendo a crescer
mais rapidamente na direção perpendicular às paredes do moldes. Assim, é formada uma estrutura
colunar típica devido a grupos colunares de cristais que se encontram em planos diagonais. Por
conta disso, essas diagonais constituem planos de maior fragilidade, podendo resultador em efeitos
indesejáveis.
Por fim, a areia de fundição deve apresentar algumas características que permitem uma molda-
gem fácil e segura. Entre elas está a plasticidade, consistência, moldabilidade, dureza, resistência e
refratariedade. Para se obter a areia a ser utilizada, é normal a adição de algum elemento para dar
liga, como argila.
A moldagem pode ser realizada manualmente ou mecanicamente, com o emprego de máquinas
e sistemas de moldar especiais.
Os machos são utilizados para a fundição de peças com cavidades, normalmente feitos de areais
que devem apresentar alta resistência depois de secas, alta dureza e permeabilidade.
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Figura 3: Representação de peça com macho e canal de alimentação

Por fim, a peça resultante normalmente deve passar por processos posteriores para remoção
dos canais, conforme pode ser visto na Imagem 3 e para usinagem superficial a fim de atingir as
dimensões especificadas em projeto.

2 Metodologia e Procedimento Experimental


Devido a presente pandemia do COVID19, não foi possível aos alunos de Engenharia Mecânica
da Universidade de Brasília realizarem o ensaio presencialmente. Logo, esta seção será dedicada
a informa e explicar o procedimento experimental padrão baseado em vídeo disponibilizado por
plataforma online.

2.1 Material e Equipamentos


Os seguintes materiais e equipamentos foram utilizados para realizar o presente experimento:

• Areia do mar (com granulometria adequada para fundição de alumínio)

• Betonita

• Agua

• Fluxo desgaseficante

• Misturador

• Modelo original

• Caixa de moldagem (superior e inferior)

• Talco

• Ferramenta para compactação da areia

• Espátula

• Tubo para canal de alimentação

• Tubo para Massalote

• Forno

• Cadinho
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• Alumínio a ser fundido


• Desoxidantes
Na Figura 4 é possível ver o modelo original utilizado

Figura 4: Modelo original utilizado no procedimento com pinos guias

2.2 Procedimento
Primeiro, mistura se a areia com a betonita e água com a utilização de um misturador, que quebra
as pedras de areia, formando assim a chamada Areia Verde. Depois, verifica-se a consistência da
areia e se a mesma esta adequadamente úmida o suficiente.

Figura 5: Misturador de areia desenvolvido na Universidade de Brasília

Com o modelo guia em mãos (geralmente este conta com pinos guia para o alimento das partes,
posiciona-o na caixa inferior e aplica o desmoldante (talco) de forma que cubra toda a superfície do
modelo e da base onde este esta apoiada para facilitar o desmolde do guia, mas também para evitar
que a base da areia grude.

Figura 6: Desmoldante preenchendo toda a superfície da peça e da mesa

Em seguida, a caixa inferior é preenchido com a areia. A primeira camada de areia, que vai
ter contato direto com o modelo guia, deve ser peneirada para melhor preenchimento, evitando o
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máximo possível da espaços vazios. Aos poucos, mais areia vai sendo adiciona ao passo que também
é compactada utilizando algum soquete, prensa, ou equipamento similar. O excesso de areia é
removido com uma espátula.

Figura 7: Caixa Inferior devidamente preenchida de areia

Depois, é inserido a metade superior da peça guia e a caixa superior. O processo é então repetido
com a aplicação de desmoldante e areia. Porém, nesta parte superior é adicionado alguns elementos,
que são o canal de alimentação e o massalote. Para ser eficaz, o massalote deve estar localizado
junto à região que se solidifica por último, para que assim, o rechupe se localize no massalote e não
na peça.

Figura 8: Caixa Superior com dutos por cima da Caixa Inferior

Por fim, os tubos são removidos e na parte superior dos furos é cavada uma bacia de vazamento
com a espátula. A caixa é então aberta e é escavado o ponto de entrada do metal líquido. A
Imagem abaixo mostra o resultado da parte inferior do molde já com a peça removida e a superfície
devidamente limpa.
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Figura 9: Inferior com peça original removida e bacia de vazamento feita

Os moldes são então fechados novamente para que seja inserido o metal líquido. O metal
(alumínio) é aquecido no forno à 800◦C por aproximadamente 1 hora.

Figura 10: Forno utilizado para fundir o alumínio

É adicionado no cadinho desoxidante e, após removida a escória que será formado na superfície,
o metal líquido é adicionado ao molde. O metal líquido é inserido pelo duto de alimentação até que
comece a vazar pelo massalote, como é possível observar na Figura 11.

Figura 11: Metal líquido sendo inserido no duto de alimento e saindo pelo massalote
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Após a solidificação, é realizado a desmoldagem, isto é, a remoção da peça do molde de areia.


Nesse momento, areia é completamente removida do molde, mas pode ser ainda reutilizada em novos
processos de fundição. Deve-se ter cuidado, pois a peça ainda pode estar quente ao ser retirada do
molde.

Figura 12: Peça removida do molde de areia ainda com os canais e antes da lavagem

Posteriormente, a peça é lavada para retirar a areia e desmoldante residuais e é utilizado algum
outro processo de usinagem para remoção das rebarbas e corte dos canais de alimentação e massalote,
conforme abordado na Seção 1.1 e representado na Figura 3.

3 Resultados e Discussão
Após os procedimentos de retirada de rebarbas, canal de alimentação e massalote citados ante-
riormente, a peça final apresentou o seguinte aspecto:

Figura 13: Geometria final da peça

O resultado obtido apresentou uma geometria muito próxima ao modelo original (Figura 4),
mostrando que a fundição em moldes de areia verde apresentam como característica uma menor
distorção de formato quando comparados a moldes de areia seca. A comparação entre a peça final
e o modelo original pode ser vista na imagem abaixo.
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Figura 14: Comparação entre a peça final e o modelo

Devido ao desprendimento de gases que ocorre durante o processo de fundição, é comum observar
problemas de acabamento em peças fundidas, como a presença de poros e regiões com ausência de
material. Estes problemas foram detectados neste laboratório, mesmo com a adição de desoxidantes,
como apresentado a seguir:

Figura 15: Falta de material (em destaque) e porosidades na peça final

Além de problemas na superfície das peças, a porosidade também ocorre no interior do material,
o que compromete seriamente a resistência mecânica que a peça fundida apresenta.

4 Conclusão
Diante dos procedimentos e resultados apresentados, é possível concluir que o processo de fun-
dição em areia verde foi concluído com sucesso neste laboratório. Apesar da presença de problemas
de acabamento, recorrentes na fundição em areia, a peça final apresentou boas características geo-
métricas, com dimensões muito próximas ao modelo original.
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5 Bibliografia
1. Serope Kalpakjian e S Schmid. Manufacturing Engineering and Technology, SI Edition. Pearson,
2013.

2. William D Callister Jr e David G Rethwisch. Callister’s Materials Science and Engineering.


John Wiley Sons, 2020.

3. Ferdinand P. Beer; E. Russel Johnsto; etall. Mecânica dos Materiais. AMGH, 2011.

4. Amari Garcia; Jaime Spim; Carlos dos Santos. Ensaios dos Materiais. LTC, 2012.

5. Vicente Chiaverini. Tecnologia Mecânica: Processos de Fabricação e Tratamento, Volume III.


McGraw-Hill, 1986

6. Paulo José Filho. Fundição em Areia Verde: uma abordagem experimental, Universidade Federal
do Recôncavo da Bahia.

7. Éder Oliveira, Jeffson da Costa, e João Batista Júnior. A Fundição em Molde de Areia, Univer-
sidade Federal Rural do Semi Árido.

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