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12/03/2021 

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OS RETRATOS DA ELEIÇÃO: UMA ANÁLISE DE CAPAS DA REVISTA VEJA, NAS ELEIÇÕES DE 2014

MEYRE JANE DOS SANTOS SILVA

EIXO: 23. PESQUISA FORA DO CONTEXTO EDUCACIONAL

Resumo
 
Com grande circulação e credibilidade nacional, a revista VEJA assume uma posição de destaque no jornalismo e
divulgação de notícias, principalmente no que tange a politica e economia brasileira. Sendo assim, o presente artigo
pretende analisar três capas da revista Veja que circularam durante as eleições presidenciais, em 2014.  Para tanto,
optamos em alicerçar nossa pesquisa nos estudos da Análise do Discurso (AD) de linha francesa, que tem como
principal referência Pêcheux. Temos, portanto, como objetivo desse trabalho estudar, observando todos os aspectos do
gênero capa, como a organização e seleção de cores, fotos e enunciados, a construção da imagem que é feita na
revista aos candidatos à Presidência da República, bem como a posição partidária, mesmo que de modo implícito, na
tentativa de persuadir os eleitores.
 
Palavras­chave: Análise do Discurso; Eleições 2014; Gênero capa.
 
 
Abstract
 
With wide circulation and national credibility, the magazine Veja takes a prominent position in journalism and
dissemination of news, especially with regard to policy and the Brazilian economy. Therefore, this article analyzes three
magazine covers See that circulated during the presidential elections in 2014. Therefore, we decided to base our
research in the study of discourse analysis (AD) of French Line, whose main reference Pêcheux . We therefore aim of
this work was to study, observing all aspects of the genre cover, such as organizing and selecting colors, photos and
statements, the construction of the image that is made in the journal candidates for president, and the position party,
even implicitly, in an attempt to persuade voters.
 
Keywords: Discourse Analysis; Elections 2014; Gender cover
 

INTRODUÇÃO
 
O presente artigo pretende analisar capas da revista Veja que circularam durante as eleições presidências, em outubro
de 2014. Para tanto, optamos em alicerçar nossa pesquisa nos estudos da Análise do Discurso (AD) de linha francesa,
que tem como principal referência Pêcheux. Entretanto, também usaremos as contribuições de estudiosos que seguem
essa linha de pesquisa, para que fortaleça o entendimento das categorias da AD que serão nossa base de análise do
corpus.
Temos como objetivo estudar, observando todos os aspectos do gênero capa, como a organização e seleção de cores,
fotos e enunciados, a construção da imagem que é feita na revista aos candidatos à Presidência da República, bem
como a posição partidária, mesmo que de modo implícito, tomada pela revista, na tentativa de persuadir os eleitores.

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Com grande circulação e credibilidade nacional, a revista VEJA assume uma posição de destaque no jornalismo e
divulgação de notícias, principalmente no que tange a politica e economia brasileira. Dessa forma, para essa pesquisa,
temos como corpus as três capas da referida revista com datas e os personagens mais importantes nas eleições. A
primeira logo após as votações do primeiro turno, em que aparecem os candidatos Aécio Neves (PSDB) e Mariana Silva
(PSB); a segunda após a confirmação que o candidato do PSDB disputaria o segundo turno; e por fim a terceira que
apresenta a presidente, Dilma Rousseff, e o ex­presidente, Lula, como principais acusados no desvio de verba da
PETROBRÁS.

 
TEORIAS DA ANÁLISE DO DISCURSO
 
A Análise do Discurso (AD) de linha francesa nasceu na França, na década de 1960, em uma época do auge do
estruturalismo. Os conceitos de Pêcheux, produzidos de 1966 a 1983, foram continuados e ampliados por
pesquisadores que se aprofundaram nessa vertente e ajudaram a consolidar esta linha de pesquisa.
Na sua primeira fase, a AD­1, também conhecida como máquina discursiva e usualmente chamada de AAD (Análise
Automática do Discurso), em virtude do lançamento do livro de Pêcheux com esse mesmo nome, o sujeito era
considerado assujeitado à máquina discursiva, ou seja, era submetido às regras específicas do discurso que enunciava.
Na AD­2, Pêcheux introduziu a noção de interdiscurso para designar o “exterior específico” de uma Formação
Discursiva (FD), dispositivo que desencadeia o processo de transformação na concepção do objeto da AD.
Ainda no tocante a AD­2, segundo Gadet e Hak (1997), quando nos referimos ao sujeito do discurso, esse é colocado
em termos de “uma ilusão subjetiva” e atua em nível de dois “esquecimentos”: esquecimento nº 1 e esquecimento nº 2,
de modo que, no primeiro, o sujeito tem a ilusão de ser o criador do seu discurso e esquece que todo discurso é
sustentado pelo já­dito; já no segundo, o sujeito tem a ilusão de que sabe o diz, esquecendo­se da dispersão e da
variedade de sujeitos que o caracterizam (GADET e HAK, 1997).
Já a AD­3 sofreu influências de outros estudos pressupondo­se que ele teria entrado em contato com obra de Mikhail
Bakhtin. Pêcheux amadurece sua teoria e implementa e conceito de heterogeneidade discursiva, marcada pela noção
de polifonia e de intertextualidade. É nesta fase, caracterizada pela “desconstrução das maquinarias discursivas”, que
fundamentaremos nossa pesquisa.
 
Formação Discursiva e Formação Ideológica
 
Segundo Brandão (2004), é no discurso que a materialidade ideológica se concretiza. Ao se analisar a articulação da
ideologia com o discurso, devem­se observar dois conceitos­chave da AD: Formação Discursiva (FD) e Formação
Ideológica (FI).
É a partir das Formações Discursivas que, em uma formação ideológica especifica, determina­se “o que pode e deve
ser dito” de acordo com uma posição e uma conjuntura dada. (BRANDÃO, 2004, p. 48).
A noção de FD envolve dois tipos de funcionamento: a paráfrase e o pré­construído. A primeira é um espaço em que
outros enunciados são “retomados e reformulados num esforço constante de fechamento de suas fronteiras em busca
da preservação de sua identidade”.  Já o pré­construído, segundo Pechêux, é um dos pontos fundamentais da teoria do
discurso, visto que ele rompe a barreira discursiva como se estivesse “já aí”. (BRANDÃO, 2004, p. 48).
Para Orlandi (2009), é a partir da FD que é possível compreender o processo de produção dos sentidos, sendo assim,
ela se torna um termo base da AD. A relação entre FD e ideologia possibilita ao analista do discurso estabelecer
regularidades no funcionamento do discurso. Para a autora:
 
Os sentidos não estão assim predeterminados por propriedades da língua. Dependem de relações constituídas
nas/pelas formações discursivas. No entanto, é preciso não pensar as formações discursivas como blocos homogêneos
funcionando automaticamente. Elas são constituídas pela contradição, são heterogêneas nelas mesmas e suas
fronteiras são fluidas, configurando­se e reconfigurando­se continuamente em suas relações. (ORLANDI, 2009, p. 44)
 
Sendo assim, segundo a autora, a FD só se constitui e se mantém através do interdiscurso.
Baseado nos estudos de Althusser, Pêcheux considera que a ideologia adquire materialidade no discurso. Para esse
autor, a ideologia funciona como reprodutora das relações de produção, de modo que cada sujeito interpelado pela
ideologia busque o seu lugar em um grupo de uma determinada formação social, acreditando que está exercendo sua
livre vontade, porém ele sempre será um sujeito assujeitado ideologicamente:

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Um elemento [...] susceptível de intervir como uma força confrontada com outras forças na conjuntura ideológica
característica de uma formação social em um momento dado; cada formação ideológica constitui assim um conjunto
complexo de atitudes e representações que não são nem individuais nem universais, mas se relacionam mais ou menos
diretamente a posições de classe em conflito em relação umas às outras. (GADT e HAK, 1997, p. 166)
 
Para Pêcheux, todo discurso é efeito de sentidos entre os interlocutores, dessa forma, nenhum indivíduo está totalmente
livre para escolher o que falar em uma determinada situação, visto que o seu discurso sempre estará sendo afetado por
um “já lá”, ou seja, o interdiscurso.
Portanto, toda FI possui necessariamente como um dos componentes uma ou várias FDs interligadas, ou seja, os
discursos são dirigidos por formações ideológicas (FI).
 
Posições-sujeito
 
  Brandão (2004) apresenta outra contribuição de Pêcheux que, ao definir a noção de Condições de Produção, priorizou
no discurso a representação de “lugares determinados na estrutura de uma formação social, lugares cujo feixe de traços
objetivos característicos pode ser descrito pela sociologia” (BRANDÃO, 2004 p. 36). Portanto, tomando­se como
exemplo a instituição familiar, tem­se o “lugar” de pai, de filho, de mãe, cada um marcado por características que os
diferenciam entre si. No discurso, esses lugares (posições) estão inter­relacionados e representados por “formações
imaginárias”, responsáveis por definir o lugar que emissor e receptor atribuem a si mesmos e ao outro.
 
Condições de Produção
 
Advinda da psicologia social, a noção de Condição de Produção (CP) foi incorporada à AD por Pêcheux, para “designar
as representações imaginárias que os interactantes fazem de sua própria identidade.” (MAINGUENEAU, 1998 p. 30).
O conceito de Condição de Produção, segundo Pêcheux (1969), é o estudo da ligação entre as “circunstancias” de um
discurso e seu processo de produção. A partir dessa perspectiva, o contexto ou a situação atua como pano de fundo
dos discursos e servirá como base sua compreensão.
Seguindo por um mesmo caminho, Orlandi (2009), afirma que as condições de produção compreendem
fundamentalmente os sujeitos e a situação. Se considerarmos as condições de produção no sentido estrito, elas se
caracterizam pelo contexto imediato, porém se as consideramos em sentido amplo, elas se caracterizaram pelo contexto
sócio­histórico, ideológico.
Por outro lado, Brandão (2004), baseada em Courtine (1981), esclarece que os estudos sobre CP possuem três origens
distintas, a saber: a primeira vem da análise do conteúdo tal como é praticado, principalmente, na psicologia social. Já a
segunda possui uma origem indireta da Sociolinguística, de modo que admite variáveis sociológicas como responsáveis
pelas Condições de Produção do discurso. Por fim, de modo mais complexo, a terceira inicia implicitamente no texto de
Harris (1952), em que o autor utiliza o termo “situação” ao invés de Condições de Produção e correlaciona com
“discurso”, afirmando que só fazem parte do discurso apenas as frases que são pronunciadas em sequência por um ou
vários indivíduo inseridos em uma situação.
A AD se utiliza das análises das Condições de Produção pra que haja uma melhor compreensão da conjuntura
sócio­histórica em que surgem os discursos, visto que para análise um discurso é necessário saber as condições em
que aquele discurso foi produzido.

 
ANÁLISE DAS CAPAS

Tendo exposto as principais categorias de análise da AD, passaremos à análise do corpus composto por três capas da
revista VEJA:
 
CAPA 1 – Edição 2394, ano 47, nº 41. 08/10/2014 – Edição especial eleições 2014
 
­Nossa primeira capa a ser analisada é a edição de número 2394, publicada em 08 de outubro de 2014. A referida
edição chegou às bancas após a votação do 1º turno, que ocorreu no dia 05 de outubro de 2014.
A foto da capa traz a candidata do PSB, Marina Silva, ao lado do candidato do PSDB, Aécio Neves, tirada no último

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debate dos candidatos à Presidência antes da votação, ocorrido em 02 de outubro de 2014, na emissora Rede Globo.
Os candidatos aparecem na posição­sujeito de orador, ou seja, de quem está proferindo um discurso, justamente para
enfatizar questão de um debate.
Em primeiro plano e com letras de grande destaque, ler­se a frase “A CARTADA FINAL”, justificado pelo enunciado que
vem logo em seguida “Marina Silva e Aécio Neves travaram no debate da Globo o último duelo para decidir quem
enfrenta Dilma Rousseff no segundo turno”. Essa argumentação tem como pressuposto que os eleitores decidiram seus
votos após o referido debate.
Ao utilizar­se da palavra “CARTADA”, é possível inferir que o interdiscurso presente na frase nos remete ao sentido de
jogo de cartas, enfatizado ainda mais quando no texto seguinte vemos a palavra “duelo”. As palavras que a segue e que
a antecede, respectivamente, também corroboram para construção do sentido da frase, a saber: “Final” e “ultima”, pois
se tratava do ultimo discurso dos candidatos para os eleitores.
Vale a pena enfatizar que a candidata à reeleição não aparece na foto, entretanto é posta no discurso apenas pela
citação do seu nome. Visto que, conforme as pesquisas realizadas, Dilma Rousseff teria votos suficientes para disputar
o segundo. Dessa forma, o duelo estaria apenas entre os candidatos do PSDB e PSB.
Outro fator importante a ser observado são as manchetes secundárias expostas em cima da manchete principal:
• A primeira, do lado esquerdo, trata sobre diabetes;
• A do meio faz um prelúdio da notícia que será analisada na última capa desse artigo, a saber: “PETROLÃO –
Doleiro promete entregar material que ‘vai chocar o país’”, como uma suposta tentativa de instigar nos leitores a
curiosidade tanto sobre o assunto, quanto sobre a corrupção do governo vigente;
• A terceira, no canto direito, traz a foto do ex­ministro do STF com um semblante sério e aparentemente
preocupado, junto com o enunciado: JOAQUIM BARBOSA – A OAB nega ao ex­ministro o registro profissional
que mensaleiro preso tem.
 
CAPA 2 – Edição 2395, ano 47, nº 42. 15/10/2014
 
Neste discurso de capa, observamos o destaque dado ao candidato no PSDB que venceu o “duelo” – termo utilizado na
edição anterior – para concorrer o segundo turno com a candidata do PT.
A edição 2395 apresenta Aécio Neves em posição privilegiada, com um semblante sorridente com expressão facial de
alegria, dando ideia de ser vitorioso.
Dentre os textos que a capa apresenta, destaque­se a seguinte frase: “AÉCIO NEVES O FATOR SURPRESA”. O nome
do candidato aparece na cor branca e com menos destaque, entretanto a frase “O fator surpresa”, aparece com a fonte
em amarelo e com tamanho maior, para destacar dos demais.
Devido ao fato que durante o processo eleitoral a posição do referido candidato oscilou nas pesquisas, chegando a
ocupar o terceiro lugar durante várias semanas. Essa afirmativa é confirmada no enunciado posto no lado direito da
capa: “Em uma eleição histórica, com cinco viradas, o candidato do PSDB ganha mais 30 milhões de votos de um dia
para o outro e sai na frente no segundo turno”.
Analisando as Condições de Produção do discurso, observamos que a revista afirma que o referido candidato “sai na
frente no segundo turno”, mesmo que ele tenha ficado em segundo lugar nas votações do primeiro turno, como uma
suposta tentativa de persuadir e anunciar quem será vencedor das eleições presidenciais, além de tentar impor aos
eleitores um discurso dominante. Tal tentativa vem se fortalecendo desde a organização da capa em que centraliza o
sujeito.
Do lado inferior esquerdo, encontra­se um discurso de Aécio Neves, em uma entrevista feita para a própria revista. O
trecho do discurso aborda um dos principais temas discutidos durante as eleições, o programa Bolsa Família. Nele o
candidato afirma que além de manter o benefício ele irá melhorá­lo e ampliá­lo. Um ponto que merece destaque é para
o pronome possessivo “meu”. Nota­se que ao tratar sobre o tema, o candidato refere­se mandato da seguinte forma “no
meu governo” dando além de ideia de posse e de certeza da vitória, a negação que em outro governo tais ações não
serão feitas.
Outro fator a ser observado são as cores utilizadas para compor a capa. O fundo azul e o principal enunciado em
amarelo retoma as cores dominantes na bandeira do PSDB, partido do candidato homenageado pela revista.
Por fim, essa edição dialoga com a edição anterior expondo, mais uma vez como manchete secundária, e também
centralizada, o caso sobre o PETROLÃO. Na frase dessa notícia refere­se mais uma vez ao doleiro (também
mencionado na edição anterior) que confirma o envolvimento do partido da presidente e também candidata à
Presidência da República, Dilma Rousseff.
 

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CAPA 3 –Edição 2397, ano 47, nº 44. 29/10/2014 – Especial água


 
Nossa ultima capa a ser analisada merece um destaque inicial para a data em que foi publicada. Mesmo que a edição
de número 2397 esteja datada de 29 de outubro de 2014, de modo excepcional, sua capa foi divulgada na internet 72
horas antes das votações do segundo turno.
Diferente das capas anteriores, essa edição já traz o fundo preto dando uma ideia de sombra e tensão, ou como traz na
própria notícia um clima “tenebroso”, esse clima permanece também nas expressões faciais dos dois sujeitos que
compõem a fotografia.
Do lado esquerdo metade da face da atual presidente, e do lado direito metade da fase do ex­presidente do Brasil, Luiz
Inácio Lula da Silva, também do PT. No meio, uma faixa preta que os separam, mas que ao mesmo tempo os une em
uma mesmo pessoa, visto que as fases se completam. Observamos, mais uma vez, que a revista utilizou­se da cor do
partido – o vermelho – dos personagens para enfatizar o título da manchete.
O tema já anunciado nas edições anteriores, como manchete secundária, agora é manchete principal: PETROLÃO.
Outro personagem que também vinha aparecendo, o doleiro Alberto Youssef, também é retomado na notícia, dessa vez
revelando que os sujeitos da foto sabiam das transações indevidas na PETROBRÁS.
Na frase que tem maior destaque, ler­se: “ELES SABIAM DE TUDO”. O pronome demonstrativo “ELES” remete também
ao e ex­presidente, que mesmo não fazendo parte do processo eleitoral foi um personagem importante em toda
campanha. Dessa forma, a revista não quis denunciar apenas a corrupção no governo da presidente e a candidata à
reeleição, mas também ao governo anterior do seu colega de partido. Podemos inferir ainda, que o pronome não remete
apenas aos dois sujeitos da foto, mas sim de todo os membros do Partido dos Trabalhadores.  
 
CONCLUSÃO
 
Por meio das análises, percebemos que as edições dialogam entre si retomando sempre discursos já proferidos antes
através das notícias publicadas e que a disposição da capa, desde a seleção da cor da fonte à foto do sujeito escolhido
são carregados de ideologias. Como, por exemplo, o uso dos pronomes possessivos (CAPA 2) e demonstrativos (CAPA
3), no qual, podemos inferir que, no primeiro a revista alia­se ao candidato pela frase “no meu governo” e no segundo
ela se exclui das acusações a partir do enunciado “Eles sabiam”.
Em suma, nossa intenção foi expor, de acordo com as categorias de análise da AD, as técnicas que a revista utiliza a
imagem compondo com texto um discurso que visa persuadir o leitor.
Durante nossa analise, concluímos que houve por meio da revista VEJA uma tentativa de induzir o voto do eleitor
apresentando o candidato do PSDB sempre de maneira positiva, com discurso que estaria em primeiro lugar das
eleições e expondo uma das suas propostas de governo. E ainda, esse mesmo, candidato ocupou destaques com
posições privilegiadas em algumas das edições. Contrapondo com o ataque feito em todas as capas analisada ao
partido da candidata à reeleição. Configurando, assim, uma posição partidária da revista, mesmo que de forma
implícita. 
 

REFERÊNCIAS
 
BRANDÃO, H. H. N. Introdução a análise do discurso. 2º ed. Campinas: UNICAMP, 2004.
 
GADET, F. & T. HAK (et al.) Por uma Análise Automática do Discurso. Uma Introdução à obra de Michel Pêcheux
(1969). Campinas: UNICAMP, 1990.
 
MAINGUENEAU, D.- Novas tendências em análise do discurso. Campinas, SP: Editora da Universidade Estadual de
Campinas, 1997.
 
ORLANDI, Eni P. Análise de Discurso: Princípios e Procedimentos. Campinas: Pontes, 2009.
 
_______. Discurso e texto: formulação e circulação dos sentidos. Campinas, SP: Pontes, 2001.
 
_______. As formas do silêncio: no movimento dos sentidos. Campinas: Editora da UNICAMP, 2002.

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Meyre Jane dos Santos Silva


Graduada pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Mestranda do Programa de Pós­Graduação em Letras
(PPGL/UFS)

Recebido em: 07/07/2015


Aprovado em: 08/07/2015
Editor Responsável: Veleida Anahi / Bernard Charlort
Metodo de Avaliação: Double Blind Review
E­ISSN:1982­3657
Doi:

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