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Conteúdo

1. Introdução...........................................................................................................2
2. Coerência Textual...............................................................................................3
2.1. Tipos de Coêrencia.......................................................................................3
3. Coesão Textual....................................................................................................6
3.1. Tipos de Coesão............................................................................................6
3.2. Elementos que garantem a coesão de um texto............................................8
4. Ambiguidade Frásica..........................................................................................9
4.1. Tipos de Ambiguidade Frásica.....................................................................9
5. Conclusão..........................................................................................................10
Referências Bibliográficas.......................................................................................11
1. Introdução
Todos nós já lemos artigos ou textos que vagueiam de tópico em tópico, sem
estrutura nem fim aparente. Frustrados perguntamos, “onde é que isto nos leva?”.
O problema é a falta de coerência.
A coerência e a coesão são elementos fundamentais para a elaboração de um texto
pois, um texto precisa ser coerente para que os ouvintes ou leitores tenham a sua
total atenção

2. Objectivos
A problemática da falta de coerência e coesão na escrita de excertos textuais e
discursivos, leva-nos a apresentar processos de ligação lógica, recorrendo a
exemplos de coerência e incoerência discursiva, garantindo a ligação das palavras
no texto.

3. Coerência Textual
Coerência é a relação lógica da ideias de um texto que decorre da sua
argumentação e,geralmente resulta dos conhecimentos do emissor da mensagem.
Para que um texto seja coerente é necessário que não apressente ideias
contraditórias, redundantes e inacabadas.
A incoerência dos enunciados resulta dos nexos estabelecidos nos mesmos, os
quais não respeitam o conhecimento que se tem do mundo. Por exemplo:
1- As ruas estão molhadas apesar de não ter chovido.
2- É impressionante: ele estuda tanto e não sabe nada!
As expressões destacadas assinalam que a situação descrita não deve ser
interpretada dentro do que é expectável de acordo com o nosso conhecimento dos
factos.
A coerência depende, das relações de sentido que se estabelecem entre as palavras
e, essas relações devem obedecer a 3 princípios:
1. O princípio da relevância que, exclui a representação de situações ou
eventos que não estejam logicamente relacionados entre si.
Ex: Primeiro, revejo o texto, depois faço um primeiro esboço e, por fim,
planifico as minhas ideias.
2. O princípio da não contradição que, exclui a representação de situações
logicamente incompatíveis.

Ex: O Edson é alto e baixo, magro e gordo.

3. O princípio da não redundância onde, um texto não pode ser nulamente


informativo.
Ex: Aproximei-me da casa, ou seja, aproximei-me da moradia dela, isto é,
cheguei perto do sítio onde ela passava muito do seu tempo.

3.1. Tipos de Coêrencia

Os tipos de coerência são elementos que colaboram para a construcção da


coerência global de um texto. São eles:
1- Coerência sintáctica;
2- Coerência semântica;
3- Coerência temática;
4- Coerência pragmática;
5- Coerência estilística;
6- Coerência genérica.

 A coerência sintáctica está relacionada com a estrutura linguística, como


termo de ordem dos elementos, selecção lexical, etc., e também à coesão.
Quando empregada, eliminamos estruturas ambíguas, bem como o uso
inadequado dos conectores.

 A coerência semântica, permite que não haja contradição, isto é, está


relacionada com as relações de sentido entre as estruturas. Para se detectar
uma incoerência, é preciso que se faça uma leitura cuidadosa, ancorada nos
processos de analogia e inferência.
 A coerência temática: todos os enunciados de um texto precisam ser
coerentes e relevantes para o tema, com exceção das inserções explicativas.
Os trechos irrelevantes devem ser evitados, impedindo assim o
comprometimento da coerência temática.

 Coerência pragmática: refere-se ao texto visto como uma sequência de


atos de fala. Os textos, orais ou escritos, são exemplos dessas sequências,
portanto, devem obedecer às condições para a sua realização. Se o locutor
ordena algo a alguém, é contraditório que ele faça, ao mesmo tempo, um
pedido. Quando fazemos uma pergunta para alguém, esperamos receber
como resposta uma afirmação ou uma negação, jamais uma sequência de
fala desconectada daquilo que foi indagado. Quando essas condições são
ignoradas, temos como resultado a incoerência pragmática.

 Coerência estilística: diz respeito ao emprego de uma variedade de língua


adequada, que deve ser mantida do início ao fim de um texto para garantir a
coerência estilística. A incoerência estilística não provoca prejuízos para a
interpretabilidade de um texto, contudo, a mistura de registros como o uso
concomitante da linguagem coloquial e linguagem formal deve ser evitada,
principalmente nos textos não literários.

 Coerência genérica: refere-se à escolha adequada do género textual, que


deve estar de acordo com o conteúdo do enunciado. Em um anúncio de
classificados, a prática social exige que ele tenha como objetivo ofertar
algum serviço, bem como vender ou comprar algum produto, e que sua
linguagem seja concisa e objetiva, pois essas são as características essenciais
do género. Uma ruptura com esse padrão, entretanto, é comum nos textos
literários, nos quais podemos encontrar um determinado gênero assumindo a
forma de outro.

Dos trabalhos que desenvolvem os aspectos da coerência, o de


Charolles(1978) é frequentemente citado em estudos descritivos e aplicados.
Charolles entende a coerência como uma propriedade ideativa do texto e
enumera as quatro meta-regras que um texto coerente deve apresentar:
1- Repetição: diz respeito à necessária retomada de elementos no
decorrer do discurso. Para que um texto seja coerente é necessário que
haja uma continuidade semântica na retomada de conceitos ou idéias
usando recuros linguísticos específicos como pronomes, repetição de
palavras, sinónimos, hipónimos, hiperónimos e, outros.
2- Progressão: o texto deve apresentar novas a propósito dos elementos
mencionados. Os acréscimentos semânticos fazem o sentido do texto
progredir.
3- Não-contradição: um texto não pode afirmar A e afirmar o contrário
de A. Suas ocorrências não podem se contradizer, devem ser
compatíveis entre si e com o mundo a que se referem, já que o mundo
textual tem que ser compatível com o mundo que representa.
4- Relação: a relação em um texto refere-se à forma como seus
conceitos se encadeiam, como se organizam, que papeis exercem uns
em relação aos outros.

4. Coesão Textual
Coesão textual diz respeito aos mecanismos gramaticais de tipo sintático-
semântico que se utilizam para explicitar as relações existentes entre as frases, os
períodos e os parágrafos de um texto.

4.1. Tipos de Coesão

Segundo Mira Mateus(1983): “todos os processos de sequencialização que


asseguram(ou tornam recuperável) uma ligação linguística significativa entre os
elementos que ocorrem na superfície textual podem ser encarados como
instrumentos de coesão”.
Dentro da Coesão temos a coesão Gramatical que, pode ser do tipo:
1- Frásica;
2- Interfrásica;
3- Temporal;
4- Referencial.

A Coesão Gramatical do tipo Frásica respeita à ligação entre os componentes da


frase. Tem que haver um nivel de concordância entre o nome e os seus
determinantes, entre o sujeito e o verbo, entre o sujeito os seus predicadores, bem
como ao nível da ordem dos vocábulos na oração e ao nível da regência nominal e
verbal.
Ex:
Ele preside ao grupo. (tem lugar de honra)
Ele preside o grupo. (dirige como presidente)

A Coesão Gramatical do tipo Interfrásica consiste na articulação relevante e


adequada de frases ou de sequências de frases (segmentos textuais). A coesão
interfrásica é assegurada pelos marcadores discursivos (articuladores ou
conectores). Sendo assim, quando escrevemos, ou falamos, devemos nos assegurar
de que usamos o conector adequado à relação que queremos expressar.

A Coesão Gramatical do tipo Temporal é assegurada pela seguencialização dos


enunciados de acordo com uma lógica temporal que é assegurada através do
emprego adequado dos tempos verbais, do uso de advérbios ou expressões
adverbiais que ajudam a situar o leitor no tempo e, do uso de grupos nominais e
preposicionais com valor temporal.
Exemplo: Quando ela acordou já ele tinha saído de casa.
Só começarei a estudar amanhã; agora estou a jogar.
A Coesão Gramatical do tipo Referencial refere- se a um conjunto de expressões
que remetem para a mesma entidade presente no texto. Assim, a coesão referencial
realiza- se através de:
1- Anáfora (gramatical)- elemento que se interpreta em relação a um
elemento lexical aparecido anteriormente no discurso. Realiza- se com
elementos tipicamente gramaticais:
 Pronomes pessoais na 3.ª pessoa;
 Determinantes e prononomes possessivos na 3.ª pessoa;
 Morfemas verbais na 3.ª pessoa
 Advérbios;
 Pronome relativo que, pela sua natureza sintática de referência a um
antecedente é também anafórico.
Exemplo: A Rosa faltou hoje à aula, mas ela nunca falta!

2- Catáfora- designa um tipo particular de anáfora, em que o termo anafórico


precede o antecedente.
Exemplo: Ela nunca falta à aula, mas a Rosa hoje faltou.

Ainda na Coesão, podemos ter o tipo de coesão lexical.


A coesão lexical realiza-se através de:
 Anáfora lexical que, por seu turno, se realiza através de:
Repetição
Exemplo: Ele comprou um carro. O carro atinge 180 km por hora.
Sinonímia
Exemplo: Aconselhei o rapaz. Mas o adolescente não me ouviu.

N.B. Por vezes, as relações de sinonímia dependem dos saberes compartilhados


pelos falantes ou escreventes/leitores.
Exemplo: O Benfica venceu o campeonato.
A equipa da Luz venceu o campeonato.
A equipa da Águia venceu o campeonato.

Hiperonímia
Exemplo: Ele comprou um carro. O veículo é muito rápido.

Hiponímia
Exemplo: Um veículo agrícola atravessou-se na estrada. O trator era conduzido por
um inexperiente.

Nominalização
Exemplo: Ele comprou um carro veloz e seguro. A velocidade e a segurança
entusiasmaram-no. NB: A anáfora por nominalização consiste, neste caso, na
transformação de adjetivos (veloz/seguro) em nomes (velocidade/segurança).

Holonímia/meronímia
Exemplo: Ele comprou um carro. Depois verificou que o volante não estava
alinhado.

Elipse
Exemplo: A Joana comprou o vestido azul e o deu o o amarelo.
Correcto: A Joana comprou o vestido azul e ela deu o vestido amarelo.

4.2. Elementos que garantem a coesão de um texto

Entre os elementos que garantem a coesão de um texto temos:

Referências e reiterações: Este tipo de coesão acontece quando um termo faz


referência a outro dentro do texto, quando reitera algo que já foi dito antes ou
quando uma palavra é substituída por outra que possui com ela alguma relação
semântica. Alguns destes termos só podem ser compreendidos mediante estas
relações com outros termos do texto, como é o caso da anáfora e da catáfora.

Substituições lexicais (elementos que fazem a coesão lexical): este tipo de


coesão acontece quando um termo é substituído por outro dentro do texto,
estabelecendo com ele uma relação de sinonímia, antonímia, hiponímia ou
hiperonímia, ou mesmo quando há a repetição da mesma unidade lexical (mesma
palavra).
Conectores (elementos que fazem a coesão interfrásica): Estes elementos
coesivos estabelecem as relações de dependência e ligação entre os termos, ou seja,
são conjunções, preposições e advérbios conectivos.

Correlação dos verbos (coesão temporal e aspectual): consiste na correta


utilização dos tempos verbais, ordenando assim os acontecimentos de uma forma
lógica e linear, que irá permitir a compreensão da sequência dos mesmos.

5. Ambiguidade Frásica

A ambiguidade, também chamada de anfibologia, é a duplicidade de sentidos numa


mesma sentença.
Pelo fato de reunir mais do que uma interpretação possível, as ambiguidades
podem gerar um desentendimento no discurso, motivo pelo qual devem ser
evitadas nos discursos formais. Assim, quando surgem por descuido, as
ambiguidades são consideradas vícios de linguagem.
Exemplo: Por fim, levou o filho para o seu quarto.
Não está claro de quem é o quarto: o do filho ou o seu próprio?

5.1. Tipos de Ambiguidade Frásica

Ambiguidade lexical e estrutural


Quando a ambiguidade resulta dos significados das palavras, ela é lexical.
Exemplo:
Estava perto do banco. (banco da praça ou uma instituição?)
Por sua vez, quando a ambiguidade resulta da posição das palavras na oração, ela é
estrutural.

Exemplo:
Exigiu o dinheiro do marido. (o dinheiro é do marido ou apenas estava com ele?)

Ambiguidade na publicidade
Um texto pode pretender a transmissão de mais do que uma mensagem, seja por
meio da linguagem escrita ou através de imagens.

No caso da publicidade, isso é feito de forma proposital.


Como exemplo, podemos citar a publicidade a respeito de um anúncio de
bolachas:
"Encha seu filho de bolacha."
Ambiguidade Semântica
Esta ambiguidade não é gerada pelos itens lexicais e nem na estrutura da sentença,
mas sim pelo fato de os pronomes poderem ter diversos antecedentes.
Exemplo:
Encontrei João correndo no vale.
Não fica claro na sentença quem corria no vale, João ou eu?
6. Conclusão
Referências Bibliográficas
 Figueiredo, Olívia, (2008). “A Língua em funcionamento nos Textos
orais / escritos. Conceitos-chave para uma Didáctica do Português /
Língua Portuguesa”. Lisboa: ME-DGIDC.
 Malaca Casteleiro, J. (org.), (2007). Dicionário Gramatical de Verbos
Portugueses . Lisboa: Texto Editora.
 Mira Mateus, M. Helena et alii, (1983). Gramática da língua
portuguesa . Coimbra: Livraria Almedina.

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