Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1. Introdução
Assim, a empresa que fabrica produtos químicos para limpeza necessita proporcionar um
ambiente laboral saudável e seguro, sem que haja comprometimentos à integridade dos
trabalhadores. Propor medidas de controle a estes riscos é uma forma de inserir a organização
num grupo mais competitivo e seguro, proporcionando uma maior garantia para seu
patrimônio físico, e integridade física, mental e social de seus funcionários.
Desse modo, o objetivo geral deste estudo foi realizar uma apreciação dos principais riscos
ambientais, aos quais estão submetidos os trabalhadores de uma indústria de fabricação de
produtos de limpeza, localizada na cidade de Campina Grande - PB, a fim de se obter um
ambiente com melhores condições ocupacionais e segurança para os trabalhadores.
2. Riscos ambientais
Os Riscos Ambientais são classificados de acordo com a sua origem, ou seja, com o tipo de
agente potencialmente capaz de provocar danos à saúde do funcionário. Assim, a NR 9
considera como riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos
ambientes de trabalho, que em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo
de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. Esta norma não menciona
os riscos ergonômicos e de acidentes, porém a NR 5 ao tratar do Mapa de Riscos, estabelece a
inclusão dos referidos agentes.
O grupo dos riscos físicos é constituído por ruídos, temperaturas excessivas, vibrações,
pressões anormais, radiações, umidade, entre outros. O grupo dos riscos químicos é
constituído por agentes ou substâncias químicas. O grupo dos riscos biológicos é formado
pelos vírus, bactérias, entre outros parasitas. O grupo constituído pelos riscos ergonômicos é
aquele decorrente da organização e gestão do trabalho. O grupo dos riscos de acidentes se
1
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.
relaciona com a proteção das máquinas, o arranjo físico e a limpeza do ambiente de trabalho,
a sinalização, entre outros, os quais podem levar a acidentes de trabalho (SOARES, 2006).
Em se tratando de riscos físicos, para este estudo, serão abordados o ruído e a temperatura.
Conforme a NR 17 o nível de ruído aceitável para efeito de conforto, a fim de que as
condições ambientais de trabalho estejam adequadas será de até 65 dB (A).
Quanto à temperatura, de acordo com a ISO 7730 (2005) uma análise detalhada da influência
do ambiente na carga térmica a que está sujeito o indivíduo, requer o conhecimento de três
parâmetros ambientais básicos: temperatura do ar, umidade relativa do ar e velocidade do ar.
A NR 17 recomenda as seguintes condições de conforto com relação a estes parâmetros
térmicos:
Os riscos ergonômicos, por sua vez, são todos os fatores que podem afetar a integridade física
ou mental do trabalhador, proporcionando-lhe desconforto ou doença (FIOCRUZ, 2015).
Para avaliação da iluminação, agente pertencente a classe dos riscos de acidentes, devem ser
analisados os níveis mínimos de iluminamento, os quais estão disciplinados na NBR ISO
8995, que estabelecem os valores de iluminância médias mínimas em serviço para iluminação
artificial em interiores. De acordo com a NR 17, em todos os locais de trabalho a iluminação
deve ser adequada, natural ou artificial, conforme a natureza da atividade.
Segundo Ribeiro (2005), a técnica de GUT é uma matriz, cujo objetivo é orientar decisões
mais complexas, isto é decisões que envolvem muitas questões. Nesta matriz são
considerados os quesitos gravidade, urgência e tendência de cada problema, permitindo-se
que os riscos sejam apreciados por classe: Gravidade (G), avaliado de acordo com os
impactos causado nas pessoas e os efeitos que surgirão em longo prazo, caso o problema não
2
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.
seja resolvido; Urgência (U), é avaliada de acordo com o tempo que o trabalhador encontra-se
em exposição ao risco, de acordo com o ciclo ou a jornada de trabalho; e Tendência (T), que
avalia a gravidade do dano, lesão ou risco nas pessoas.
3. Aspectos metodológicos
3.1. Ambiente de pesquisa
Fundada em 28 de Junho de 2004 na cidade de Campina Grande - PB, possui uma estrutura
organizacional dividida em gerente, um químico industrial e mais 4 (quatro) colaboradores,
totalizando 6 (seis) funcionários. Na Figura 1 pode-se observar o organograma da mesma:
3
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.
O processo produtivo passa por 6 (seis) setores seguindo o seguinte fluxo apresentado na
figura 2.
4
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.
As medições de ruído foram realizadas com o sensor posicionado o mais próximo possível da
zona auditiva conforme a Norma Regulamentadora 15 (NR 15), que trata das atividades e
operações insalubres.
5
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.
A avaliação dos parâmetros térmicos, temperatura ambiente (°C) e umidade relativa do ar (%)
foi realizada de acordo com a NR 17, que trata do estabelecimento de parâmetros que
permitem a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos
trabalhadores. No local onde permanecia o trabalhador, o Psicrômetro-anemômetro portátil
foi posicionado próximo ao trabalhador com espera de 5 minutos para estabilizar a medição.
A revisão bibliográfica foi feita mediante consultas em livros, artigos de periódicos técnicos e
científicos, e sites relacionados ao tema abordado.
Foi possível identificar que são fornecidos gratuitamente pelo gestor da empresa os seguintes
EPI’s: luvas, óculos de segurança, máscaras e calçado de segurança. Contudo, nenhum dos 04
colaboradores que trabalham no processo produtivo dos produtos químicos recebeu
treinamento quanto ao uso específico destes equipamentos, uma vez que a utilização
inadequada pode originar danos efetivamente perigosos à saúde e a integridade do
trabalhador. Observou-se que no setor de embalagem existem placas de sinalização de uso
obrigatório da utilização dos EPI’s. Levando em consideração que no local os funcionários
manipulam os produtos químicos, há a necessidade de uso de luvas, máscaras, óculos de
proteção, e também de botas. Entretanto, observou-se que nenhum dos 04 colaboradores
6
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.
utilizava todos os equipamentos necessários: apenas 50% destes utilizavam botas e luvas, e os
50% restantes não utilizavam EPI’S.
Os perigos foram identificados e gravados por meio de registros fotográficos, conforme estão
expostos na Tabela 1 juntamente com o detalhamento das situações de perigo.
7
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.
De acordo com a NR 17 o nível de ruído ambiental aceitável para efeito de conforto é de até
65 dB. Tanto no setor de embalagem, quanto no de armazenagem, foi possível identificar que
os níveis de ruído encontram-se abaixo do limite de tolerância estabelecido pela norma,
conforme a Figura 3:
8
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.
4.3.2. Iluminação
Conforme as medições realizadas, o setor de embalagem foi o que apresentou mais baixo
nível de iluminamento com média de 41 LUX, quando o recomendado estaria em torno de
150 LUX. Já no setor de armazenamento a média foi de 68.2 LUX, com o recomendado pela
NBR 8995-2 estando em torno de 100 LUX.
Portanto, pode-se concluir que as condições de iluminamento são insuficientes para a garantia
de conforto e segurança durante a execução de atividade. Ou seja, o tipo de iluminação
utilizada no ambiente de trabalho deve estar relacionado ao tipo de atividade que é realizada.
Além de ser distribuída e difusa de maneira uniforme, a iluminação deve ser projetada e
instalada de forma a evitar ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes
excessivos.
9
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.
Na Figura 5 pode ser observada a temperatura ambiente encontrada nos setores de embalagem
e armazenagem:
O mesmo ocorre para a velocidade do ar, uma vez que as medições de velocidade do ar nos
setores engarrafamento e armazenagem apresentaram o valor de 0 m/s, estando assim em
conformidade com a norma.
10
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.
- Quanto aos líquidos inflamáveis: Estocagem dos materiais inflamáveis em áreas bem
ventiladas;
11
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.
Quanto aos riscos ergonômicos, propõe-se como medida mitigadora à postura inadequada, a
utilização de assentos confortáveis e de altura ajustável à estatura do trabalhador, evitando
esforços lombares desnecessários. Sugere-se também evitar o levantamento manual e
transporte de pesos.
Por fim, para controle do risco físico encontrado recomenda-se que seja implantado um
sistema de ventilação artificial diluidora nos ambientes de trabalho.
5. Considerações finais
Na empresa estudada ainda não é dada a devida atenção às questões de higiene, saúde e
segurança do trabalho. Ainda não há políticas de treinamentos e estímulos para que a segurança e
saúde do trabalho façam parte das atividades rotineiras da organização.
Na avaliação qualitativa, se constatou a necessidade de mais atenção por parte dos gestores da
empresa, em adequar às instalações da empresa, às normas regulamentadoras.
A partir do método de avaliação GUT, assumiu-se que os riscos de acidentes são os que
apresentam prioridade. Em seguida, apresentam-se os riscos: químicos, ergonômicos e físicos;
os quais estão presentes em sua maioria no setor de embalagem.
12
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA QUÍMICA (ABIQUIM). A Indústria Química Brasileira.
Disponível em <http://www.abiquim.org.br>. Acesso em 23 de Janeiro de 2015.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 14725–4 Produtos químicos –
Informações sobre segurança, saúde e meio ambiente. Parte 4: Ficha de informações de segurança de
produtos químicos - FISPQ. Rio de Janeiro: 2009.
BOTELHO, C. T. et al . Estudo comparativo de exames audiométricos de metalúrgicos expostos a ruído e
ruído associado a produtos químicos. Rev. Bras. Otorrinolaringol., São Paulo , v. 75, n. 1, p. 51-57, Feb.
2009 . Disponível
em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S003472992009000100008&lng=en&nrm=iso>.
Acesso em: 04 de Maio de 2016.
BUGNO, A.; BUZZO, A. A.; PEREIRA, T. C. Avaliação da Qualidade Microbiológica de Produtos
Saneantes Destinados à Limpeza. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas Brazilian Journal of
Pharmaceutical Sciences, vol. 39, n. 3, jul./set., 2003.
COSTA, Taiza Florêncio; FELLI, Vanda Elisa Andres. Periculosidade dos produtos e resíduos químicos da
atenção hospitalar. Cogitare Enfermagem, [S.l.], v. 17, n. 2, jun. 2012. ISSN 2176-9133. Disponível em:
<http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/cogitare/article/view/27891/18543>. Acesso em: 03 de maio de 2016.
FERNANDES, T.; SOUZA, M. T. de. Efeitos auditivos em trabalhadores expostos a ruído e produtos
químicos. Rev. CEFAC;8(2):235-239, abr.-jun. 2006.
FIOCRUZ. Uma escola para saúde, ciência e cidadania. Disponível em:
<http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/StartBIS.htm> Acesso em: 03 de Maio de 2016.
ISO 7730. Ergonomics of the thermal environment -- Analytical determination and interpretation of
thermal comfort using calculation of the PMV and PPD indices and local thermal comfort criteria. 2005.
KLASSMANN, A. B.; BREHM, F. A.; MORAES, C. A. Percepção dos funcionários dos riscos e perigos nas
operações realizadas no setor de fundição. R. Est. Tecnológicos. v. 7, n. 2:142-162 (mai/dez 2011).
MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Lista das Normas. Disponível em:
<http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas-regulamentadoras-1.htm> Acessado em: 03 de Maio de 2016
NETO, O. G. Z.; PINO, J. C. D. Trabalhando a química dos sabões e detergentes. Universidade federal do
Rio Grande do Sul. Instituto de Química. Área de Educação Química. Disponível em:< http://www. iq. ufrgs.
br/aeq/html/publicacoes/matdid/livros/pdf/sabao. pdf>. Acesso em 03 de maio de 2016.
NUNES, M.A. Legislação aplicada à saúde do trabalhador. 3 ed. Salvador: Cesa, 1998. 198p. Organização
Internacional do Trabalho. A Segurança e a Saúde na Utilização de Produtos Químicos no Trabalho. 2013.
RODRIGUES, L.B.; SANTANA, N.B. Identificação de Riscos Ocupacionais em uma Indústria de Sorvetes.
2010. UNOPAR Cient., Ciênc. Biol. Saúde. 2010;12 (3):31-8.
SOARES, J. F. S; CEZAR-VAZ, M. R. Riscos à saúde do trabalhador: uma revisão de literatura. Online
Braz J Nurs. 2006;5(3). Disponível em: <http://www.objnursing.uff.br/index.php/nursing/article/view/510/118>.
Acesso em: 03 de Maio de 2016.
13