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XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO

Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil


João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.

CONDIÇÕES DE TRABALHO E RISCOS


À SAÚDE DO TRABALHADOR NA
FABRICAÇÃO DE PRODUTOS DE
LIMPEZA - ESTUDO DE CASO
Luana Marques Souza Farias (UFPB )
luanamarques.sf@hotmail.com
Maria Betania Gama Santos (UFCG )
betania.gama@ufcg.edu.br
Lenilson Olinto Rocha (UFPB )
lenilson3000@hotmail.com
Nichelle Carolliny de Oliveira Costa (UFPB )
nichelle.costa@gmail.com
Marina Nunes Goncalves Lira (UFPB )
marinaa.lira@gmail.com

As empresas que fabricam produtos de limpeza, por possuírem grande


número de substâncias e produtos finais presentes no ambiente, podem
expor os trabalhadores a vários os tipos de agentes e riscos, e isto vir a
provocar danos à saúde dos trrabalhadores ou até mesmo acidentes.
Esta preocupação se justifica, pois a empresa necessita proporcionar
um ambiente laboral saudável e seguro, sem que haja
comprometimentos à integridade dos trabalhadores. Este estudo tem
como objetivo, realizar uma apreciação dos riscos aos quais estão
submetidos os trabalhadores de uma indústria de fabricação de
produtos de limpeza, localizada na cidade de Campina Grande, PB. A
metodologia aborda pesquisa bibliográfica, avaliação qualitativa, por
meio da aplicação de check list, avaliação quantitativa através de
medições referentes às variáveis de ruído, iluminância e térmicas, e
aplicação do método GUT a fim de priorizar as ações nos riscos
encontrados. Os resultados mostram que a empresa necessita adequar
as instalações da empresa às normas regulamentadoras e estabelecer
prioridades na implantação das medidas de mitigação dos riscos.
Mediante os aspectos levantados sobre as condições de segurança do
trabalho na fabricação de produtos de limpeza, concluiu-se que a
empresa precisa de políticas de treinamentos e estímulos para que a
segurança e saúde do trabalho façam parte das atividades rotineiras
da organização.

Palavras-chave: Segurança, Riscos Ambientais, Grau de risco,


Produtos de Limpeza
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1. Introdução

Em empresas de fabricação de produtos de limpeza, devido ao grande número de substâncias


e produtos finais que podem estar presentes no ambiente, são vários os tipos de agentes e
riscos que podem se encontrar e que podem vir a provocar danos à saúde dos trabalhadores ou
até mesmo acidentes.

Assim, a empresa que fabrica produtos químicos para limpeza necessita proporcionar um
ambiente laboral saudável e seguro, sem que haja comprometimentos à integridade dos
trabalhadores. Propor medidas de controle a estes riscos é uma forma de inserir a organização
num grupo mais competitivo e seguro, proporcionando uma maior garantia para seu
patrimônio físico, e integridade física, mental e social de seus funcionários.

O objetivo dessa pesquisa partiu da premissa de que os trabalhadores envolvidos no processo


de fabricação de produtos de limpeza estão em constante risco devido ao manuseio e
estocagem desses materiais para comercialização.

Desse modo, o objetivo geral deste estudo foi realizar uma apreciação dos principais riscos
ambientais, aos quais estão submetidos os trabalhadores de uma indústria de fabricação de
produtos de limpeza, localizada na cidade de Campina Grande - PB, a fim de se obter um
ambiente com melhores condições ocupacionais e segurança para os trabalhadores.

2. Riscos ambientais

Os Riscos Ambientais são classificados de acordo com a sua origem, ou seja, com o tipo de
agente potencialmente capaz de provocar danos à saúde do funcionário. Assim, a NR 9
considera como riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos
ambientes de trabalho, que em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo
de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. Esta norma não menciona
os riscos ergonômicos e de acidentes, porém a NR 5 ao tratar do Mapa de Riscos, estabelece a
inclusão dos referidos agentes.

O grupo dos riscos físicos é constituído por ruídos, temperaturas excessivas, vibrações,
pressões anormais, radiações, umidade, entre outros. O grupo dos riscos químicos é
constituído por agentes ou substâncias químicas. O grupo dos riscos biológicos é formado
pelos vírus, bactérias, entre outros parasitas. O grupo constituído pelos riscos ergonômicos é
aquele decorrente da organização e gestão do trabalho. O grupo dos riscos de acidentes se

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relaciona com a proteção das máquinas, o arranjo físico e a limpeza do ambiente de trabalho,
a sinalização, entre outros, os quais podem levar a acidentes de trabalho (SOARES, 2006).

Em se tratando de riscos físicos, para este estudo, serão abordados o ruído e a temperatura.
Conforme a NR 17 o nível de ruído aceitável para efeito de conforto, a fim de que as
condições ambientais de trabalho estejam adequadas será de até 65 dB (A).

Quanto à temperatura, de acordo com a ISO 7730 (2005) uma análise detalhada da influência
do ambiente na carga térmica a que está sujeito o indivíduo, requer o conhecimento de três
parâmetros ambientais básicos: temperatura do ar, umidade relativa do ar e velocidade do ar.
A NR 17 recomenda as seguintes condições de conforto com relação a estes parâmetros
térmicos:

- Índice de temperatura efetiva: entre 20ºC e 23ºC;

- Umidade relativa do ar: não inferior a 40%;

- Velocidade do ar: não superior a 0,75m/s.

Conforme a NR 9 os riscos químicos são considerados como substâncias, compostos ou


produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, ou que, pela natureza da
atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele
ou por ingestão.

Os riscos ergonômicos, por sua vez, são todos os fatores que podem afetar a integridade física
ou mental do trabalhador, proporcionando-lhe desconforto ou doença (FIOCRUZ, 2015).

Para avaliação da iluminação, agente pertencente a classe dos riscos de acidentes, devem ser
analisados os níveis mínimos de iluminamento, os quais estão disciplinados na NBR ISO
8995, que estabelecem os valores de iluminância médias mínimas em serviço para iluminação
artificial em interiores. De acordo com a NR 17, em todos os locais de trabalho a iluminação
deve ser adequada, natural ou artificial, conforme a natureza da atividade.

2.1. Matriz G.U.T. – gravidade, urgência, tendência

Segundo Ribeiro (2005), a técnica de GUT é uma matriz, cujo objetivo é orientar decisões
mais complexas, isto é decisões que envolvem muitas questões. Nesta matriz são
considerados os quesitos gravidade, urgência e tendência de cada problema, permitindo-se
que os riscos sejam apreciados por classe: Gravidade (G), avaliado de acordo com os
impactos causado nas pessoas e os efeitos que surgirão em longo prazo, caso o problema não

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seja resolvido; Urgência (U), é avaliada de acordo com o tempo que o trabalhador encontra-se
em exposição ao risco, de acordo com o ciclo ou a jornada de trabalho; e Tendência (T), que
avalia a gravidade do dano, lesão ou risco nas pessoas.

A priorização de riscos demonstra a atitude a ser tomada na prevenção, eliminação, ou


minimização do risco, de acordo com a sua prioridade. A escala é representada em um
formato que sugere que quanto maior o resultado, maior a prioridade: G x U x T =
PRIORIZAÇÃO. Para que se interpretem os riscos, a partir de cada classe representada, são
atribuídos critérios de níveis quantitativos e qualitativos, conforme segue no Quadro 1.

Quadro 1 - Pontuação atribuída a Matriz GUT

Fonte: Adaptado de Klassmann (2011)

3. Aspectos metodológicos
3.1. Ambiente de pesquisa

A Empresa em estudo possui como atividade a fabricação de produtos de limpeza e


polimento. Sendo fabricados os seguintes produtos: detergente, desinfetante, amaciante e
polidor de alumínio.

Fundada em 28 de Junho de 2004 na cidade de Campina Grande - PB, possui uma estrutura
organizacional dividida em gerente, um químico industrial e mais 4 (quatro) colaboradores,
totalizando 6 (seis) funcionários. Na Figura 1 pode-se observar o organograma da mesma:

Figura 1 - Organograma da Empresa Química

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Fonte: Elaborado pelos autores (2015)

O processo produtivo passa por 6 (seis) setores seguindo o seguinte fluxo apresentado na
figura 2.

Figura 2 – Fluxograma com os setores da produção

Fonte: Elaborado pelos autores (2015)

3.2. Procedimentos técnicos

Para o cumprimento do objetivo dessa pesquisa, foram utilizados os aspectos metodológicos:


Identificação qualitativa de riscos mediante aplicação de folhas de verificação (check-list) nos
setores da empresa, nas quais foram abordados os aspectos: usabilidade e importância do uso
dos EPI’s, edificações, disposição de máquinas e equipamentos, ergonomia, proteção contra

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incêndios e sinalização de segurança. Foram realizadas observações in loco e in situ durante


algumas atividades realizadas, oportunidade em que puderam ser realizados registros
fotográficos de algumas situações de desconformidades com as normas regulamentadoras
referentes a: edificações (NR 8 e NR 18), disposição de máquinas e equipamentos (NR 12),
ergonomia (NR 17), sinalização de segurança (NR 26), proteção contra incêndio (NR 23 e
normas do batalhão de bombeiros militar da Paraíba).

Na avaliação quantitativa, as variáveis que compõem o ambiente térmico, temperatura


ambiente - Ta (°C), velocidade do ar (m/s) e umidade relativa - UR (%), foram coletadas
simultaneamente por meio do instrumento Psicrômetro Anemômetro portátil AN-4870 do
fabricante ICEL, e os níveis de iluminamento (lux) e de ruído (dB) foram coletados mediante
o uso de um Termo-Higro-Decibelímetro-Luxímetro portátil modelo THDL-400 fabricante
Instrutherm, cujas especificações técnicas estão ilustradas nos Quadros 2 e 3.

Quadro 2 - Especificações técnicas do Psicrômetro-anemômetro portátil NA-4870 fabricante ICEL

Escala Valores Resolução Exatidão

Temperatura (°C) 0 à 70 0,1

Umidade Relativa (%) 0 à 100 0,1

Velocidade do Ar (m/s) 0 à 35 0,1

Fonte: Dado obtido em um Psicrômetro Anemômetro portátil AN-4870

Quadro 3 - Especificações técnicas do Termo-Higro-Decibelímetro-Luxímetro THDL-400 fabricante


Instrutherm

Escala Valores Resolução Exatidão

Pressão sonora dB (A) 35-130 0,1

Luminosidade (Luz) 0-20000 0,1

Fonte: Dado obtido em um Termo-Higro-Decibelímetro-Luxímetro THDL-400

As medições de ruído foram realizadas com o sensor posicionado o mais próximo possível da
zona auditiva conforme a Norma Regulamentadora 15 (NR 15), que trata das atividades e
operações insalubres.

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As medições de níveis de iluminância nos campos de trabalhos foram realizadas


posicionando-se a base da fotocélula num plano horizontal dentro dos setores determinados,
obtendo-se os níveis de iluminância, em lux. Para a iluminação, a análise foi feita conforme a
NBR ISO 8995-1 (2013).

A avaliação dos parâmetros térmicos, temperatura ambiente (°C) e umidade relativa do ar (%)
foi realizada de acordo com a NR 17, que trata do estabelecimento de parâmetros que
permitem a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos
trabalhadores. No local onde permanecia o trabalhador, o Psicrômetro-anemômetro portátil
foi posicionado próximo ao trabalhador com espera de 5 minutos para estabilizar a medição.

Os dados para avaliação quantitativa foram coletados em intervalos de 15 minutos, no período


da tarde das 15:00h às 17:00h, durante dois dias. Para as medições estabeleceram-se oito
pontos de medição, sendo quatro no setor de embalagem e quatro no setor de armazenagem e
calcularam-se as médias aritméticas dos valores coletados nos dois setores. Foram registrados
os valores máximos e mínimos de ruído, térmicos e de iluminação, e a partir da média
encontrada fez-se a comparação com o valor normatizado.

Após as identificações dos perigos, os riscos encontrados foram analisados, mediante a


construção da matriz GUT.

A revisão bibliográfica foi feita mediante consultas em livros, artigos de periódicos técnicos e
científicos, e sites relacionados ao tema abordado.

4. Análise e discussão dos resultados


4.1. Identificação do perfil de concepção quanto a usabilidade e importância de EPI

Foi possível identificar que são fornecidos gratuitamente pelo gestor da empresa os seguintes
EPI’s: luvas, óculos de segurança, máscaras e calçado de segurança. Contudo, nenhum dos 04
colaboradores que trabalham no processo produtivo dos produtos químicos recebeu
treinamento quanto ao uso específico destes equipamentos, uma vez que a utilização
inadequada pode originar danos efetivamente perigosos à saúde e a integridade do
trabalhador. Observou-se que no setor de embalagem existem placas de sinalização de uso
obrigatório da utilização dos EPI’s. Levando em consideração que no local os funcionários
manipulam os produtos químicos, há a necessidade de uso de luvas, máscaras, óculos de
proteção, e também de botas. Entretanto, observou-se que nenhum dos 04 colaboradores

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utilizava todos os equipamentos necessários: apenas 50% destes utilizavam botas e luvas, e os
50% restantes não utilizavam EPI’S.

4.2. Avaliação qualitativa

Os perigos foram identificados e gravados por meio de registros fotográficos, conforme estão
expostos na Tabela 1 juntamente com o detalhamento das situações de perigo.

Tabela 1 – Identificação dos perigos na empresa

Situações Analisadas Identificação Qualitativa dos Perigos

Foi possível observar que onde existe risco de


escorregamento está sendo utilizado material de proteção
contra quedas.

No entanto, as escadas não estão em bom estado de


conservação.

Existem instalações elétricas que possam eventualmente


ficar em contato com água, (no caso de eventuais
respingos) e há uso de acessórios que aumentem o
número de saídas de tomadas.

Os líquidos inflamáveis encontram-se próximos a


tomadas. Também não há no local, placas com os dizeres
“Não Fume” e “Inflamável”.

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Os assentos utilizados estão em desconformidade com a


NR 17, uma vez que não possuem altura ajustável, bem
como encosto com forma adequada ao corpo. Além
disso, observou-se a ausência da utilização de EPI’S e
que há levantamento manual e transporte de peso.

Os trabalhadores não possuem acesso às fichas com


dados de segurança dos produtos químicos que utilizam
no local de trabalho, bem como não recebem treinamento
para compreensão dos termos relativos aos produtos
químicos, apresentando desconformidade com o que
estabelece a NR 26.

Os equipamentos portáteis de combate à incêndio não


estão localizados em locais de fácil acesso, e não possui
área indicativa do equipamento, possuindo apenas
sinalização de solo, mas feita de forma errada.

Fonte: Elaborado pelos autores (2015)

4.3. Abordagem quantitativa de riscos ambientais


4.3.1. Ruído

De acordo com a NR 17 o nível de ruído ambiental aceitável para efeito de conforto é de até
65 dB. Tanto no setor de embalagem, quanto no de armazenagem, foi possível identificar que
os níveis de ruído encontram-se abaixo do limite de tolerância estabelecido pela norma,
conforme a Figura 3:

Figura 3 - Níveis de ruído nos setores de embalagem e armazenamento

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Fonte: Dados obtidos da pesquisa (2015)

Portanto, não é necessária nenhuma intervenção de controle de ruído.

4.3.2. Iluminação

Na Figura 4 são apresentados os dados referentes à intensidade de iluminação nos setores de


embalagem e armazenagem.

Figura 4 - Níveis de iluminamento nos setores de embalagem e armazenamento

Fonte: Dados obtidos da pesquisa (2015)

A iluminação do local é predominantemente de forma artificial (lâmpadas fluorescentes


tubulares), com pequena contribuição da iluminação natural ao longo do galpão através de
janelas basculantes.

Conforme as medições realizadas, o setor de embalagem foi o que apresentou mais baixo
nível de iluminamento com média de 41 LUX, quando o recomendado estaria em torno de
150 LUX. Já no setor de armazenamento a média foi de 68.2 LUX, com o recomendado pela
NBR 8995-2 estando em torno de 100 LUX.

Portanto, pode-se concluir que as condições de iluminamento são insuficientes para a garantia
de conforto e segurança durante a execução de atividade. Ou seja, o tipo de iluminação
utilizada no ambiente de trabalho deve estar relacionado ao tipo de atividade que é realizada.
Além de ser distribuída e difusa de maneira uniforme, a iluminação deve ser projetada e
instalada de forma a evitar ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes
excessivos.

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4.3.3. Parâmetros térmicos

Na Figura 5 pode ser observada a temperatura ambiente encontrada nos setores de embalagem
e armazenagem:

Figura 5 - Temperatura ambiente nos setores de embalagem e armazenamento

Fonte: Dados obtidos da pesquisa (2015)


Em relação às condições térmicas observou-se que no setor de embalagem a média encontrada
foi de 30,4ºC e no setor de armazenagem foi de 30,3ºC. Portanto, nos dois setores estudados
há desconformidade com a NR 17, visto que a temperatura efetiva está entre 20 ºC e 23 ºC.

É necessário acrescentar, que devido à falta de equipamentos disponíveis para a medição da


temperatura efetiva, foi levada em consideração neste estudo, para efeito de comparação, a
temperatura efetiva como semelhante à temperatura ambiente.

Quanto à umidade relativa do ar na empresa, as medições de umidade nos setores


engarrafamento e armazenagem apresentaram uma média de, respectivamente, 45.23% e
46.56% de umidade relativa do ar. Portanto, está em conformidade com o que é sugerido pela
NR 17. Não necessitando, com isto. Nenhuma intervenção de controle.

O mesmo ocorre para a velocidade do ar, uma vez que as medições de velocidade do ar nos
setores engarrafamento e armazenagem apresentaram o valor de 0 m/s, estando assim em
conformidade com a norma.

4.4. Método GUT

Na Matriz GUT apresentada na Figura 6, é demonstrada a identificação, classificação e a


priorização dos riscos encontrados no ambiente de fabricação de produtos químicos.

Figura 6 - Matriz G.U.T. Preenchida pela interação conforme os riscos ambientais

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Fonte: Adaptada (KLASSMANN 2011)

Como é observado na Figura 6, é possível encontrar os quatro riscos ambientais descritos na


NR-9, sendo o risco de acidente o que demonstra as primeiras priorizações entre os riscos.
Como medidas mitigadoras desse tipo de risco, propõe-se:

- Quanto ao manuseio de substâncias químicas: Deverão ser realizados treinamentos


adequados para que haja qualificação dos funcionários para o trabalho com produtos
químicos, de forma a minimizar os riscos;

- Quanto à ausência de EPI’s adequados: Adoção de políticas de educação,


conscientização, fornecimento e cobrança do uso dos EPIs;

- Quanto aos líquidos inflamáveis: Estocagem dos materiais inflamáveis em áreas bem
ventiladas;

- Quanto à iluminação inadequada: Prover instalações adequadas das luminárias


observando a intensidade, posicionamento, distribuição e altura;

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- Quanto às tomadas próximas a líquidos e com acessórios: Instalação de barreira às


tomadas quando não em uso, e a revisão de projeto elétrico;

- Quanto à falta de organização e limpeza: Manter a organização e limpeza no setor de


preparação de líquidos.

Na sequência da priorização encontrada na matriz GUT estão os riscos químicos. Para o


controle deste risco, deve-se evitar o contato com substâncias corrosivas e a inalação de
substâncias químicas. E fazer uso de máscaras, luvas, óculos e calçados de segurança nos
setores de embalagem e preparação de líquidos.

Quanto aos riscos ergonômicos, propõe-se como medida mitigadora à postura inadequada, a
utilização de assentos confortáveis e de altura ajustável à estatura do trabalhador, evitando
esforços lombares desnecessários. Sugere-se também evitar o levantamento manual e
transporte de pesos.

Por fim, para controle do risco físico encontrado recomenda-se que seja implantado um
sistema de ventilação artificial diluidora nos ambientes de trabalho.

5. Considerações finais

Na empresa estudada ainda não é dada a devida atenção às questões de higiene, saúde e
segurança do trabalho. Ainda não há políticas de treinamentos e estímulos para que a segurança e
saúde do trabalho façam parte das atividades rotineiras da organização.

Na avaliação qualitativa, se constatou a necessidade de mais atenção por parte dos gestores da
empresa, em adequar às instalações da empresa, às normas regulamentadoras.

Na avaliação quantitativa, o agente ambiental mais agressivo para os funcionários, foi a


temperatura, assumindo valores acima do nível de conforto, que deveria ser de 20ºC a 23ºC.

A partir do método de avaliação GUT, assumiu-se que os riscos de acidentes são os que
apresentam prioridade. Em seguida, apresentam-se os riscos: químicos, ergonômicos e físicos;
os quais estão presentes em sua maioria no setor de embalagem.

Portanto, os resultados encontrados possibilitam juntar informações sobre as questões de


saúde e segurança do trabalho, na empresa, fazendo com que em estudos futuros, esta possa
vir a implementar um plano de ação, utilizando os dados obtidos, que satisfaça suas
necessidades quanto às questões de higiene, saúde e segurança do trabalho.

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Referências
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Disponível em <http://www.abiquim.org.br>. Acesso em 23 de Janeiro de 2015.
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Informações sobre segurança, saúde e meio ambiente. Parte 4: Ficha de informações de segurança de
produtos químicos - FISPQ. Rio de Janeiro: 2009.
BOTELHO, C. T. et al . Estudo comparativo de exames audiométricos de metalúrgicos expostos a ruído e
ruído associado a produtos químicos. Rev. Bras. Otorrinolaringol., São Paulo , v. 75, n. 1, p. 51-57, Feb.
2009 . Disponível
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KLASSMANN, A. B.; BREHM, F. A.; MORAES, C. A. Percepção dos funcionários dos riscos e perigos nas
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