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Brazilian Journal of Development

Psicologia pré- natal e epigenética

Prenatal and epigenetic psychology

DOI:10.34117/bjdv6n8-239

Recebimento dos originais: 12/07/2020


Aceitação para publicação: 14/08/2020

Antonio Maria Nunes Filho


Formação acadêmica mais alta – Acadêmico de Bacharelado em Psicologia.
Instituição de atuação atual - Faculdade Sant’Ana
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180
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Cleiber Marcio Flores


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Instituição de atuação atual: Faculdade Sant’Ana
Endereço completo : Travessa Joaquim Loyola, 36, B. Estrela - Ponta Grossa-PR - CEP: 84040-100
Email.: prof.sandra@iessa.edu.br

RESUMO
A presente pesquisa propõe que com os novos conhecimentos na área cientifica, especialmente
encontrada na epigenia, a psicologia pré-natal possa avançar com intervenções ainda mais precoces.
Investiga-se sobre a intervenção psicológica pré-natal com o auxilio da epigenética, a fim de
minimizar a incidência de problemas psicológicos originados até a primeira infância. A questão
norteadora é: será possível prevenir, detectar e intervir em possíveis problemas psíquicos antes que
se manifestem no indivíduo pós-parto? Para tanto, elencou-se os seguintes objetivos: Instigar o estudo
psicológico do individuo desde a sua preconcepção, até a primeira infância, levando em conta a
epigenia, propiciar a reflexão e desenvolvimento de uma metodologia para acompanhamento fetal,
pré-natal e pós-parto, com acompanhamento das pré-gestantes e gestantes. Realizou-se, então, uma
pesquisa bibliográfica envolvendo livros e artigos publicados por psicólogos pesquisadores do pré-
natal e artigos científicos, principalmente nos bancos de dados PubMed Central (PMC), e Google
Acadêmico, entre outros, envolvendo a genética e epigenética. Diante do exposto, cria-se a
perspectiva e espaço para novos estudos e reflexões na psicologia, que com os avanços na área
genética, nos acena com a possibilidade de prevenir problemas de saúde mental e comportamental
dos indivíduos muito antes e durante a gestação. Tratando preventivamente os traumas gestacionais,
concepcionais e os pré-concepcionais, com intervenções psicológicas e/ou associadas às
medicamentosas, temos a perspectiva de num futuro próximo, evitar muitos dos problemas que
afligem o dia a dia das pessoas.

Palavras-chave: Psicologia pré-natal, Psicologia e epigenética, Gestação e epgenética.

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 8 , p.57521-57535, aug. 2020. ISSN 2525-8761


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ABSTRACT
This research proposes that with new knowledge in the scientific area, especially found in epigeny,
prenatal psychology can proceed with even earlier interventions. It is investigated on prenatal
psychological intervention with the help of epigenetics, in order to minimize the incidence of
psychological problems originated up to early childhood. The guiding question is: is it possible to
prevent, detect and intervene in possible psychic problems before they manifest themselves in the
postpartum individual? To this end, the following objectives were listed: Instigating the psychological
study of the individual from his preconception, until early childhood, taking into account epigeny, to
promote the reflection and development of a methodology for fetal, prenatal and postpartum follow-
up, with follow-up of pre-pregnant women and pregnant women. A bibliographical research was
carried out, involving books and articles published by psychologists prenatal researchers and
scientific articles, mainly in the databases PubMed Central (PMC), and Google Acadêmico, among
others, involving genetics and epigenetics. In view of the above, the perspective and space for new
studies and reflections in psychology are created, which with advances in the genetic area, beckon us
with the possibility of preventing mental and behavioral health problems of individuals long before
and during pregnancy. By preventively treating gestational, conceptional and preconception traumas,
with psychological interventions and/or associated with medications, we have the perspective of
avoiding many of the problems that afflict people's daily lives.

Keywords: Prenatal psychology, Psychology and epigenetics, Pregnancy and epgenetics.

1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho se propõe a suscitar a busca de meios para proporcionar alivio emocional
a crianças nascidas em situação emocional comprometida. Além de toda contribuição científica
adquirida nas disciplinas e tratados da psicologia, permanece uma lacuna entre o que se sabe, sobre
o psiquismo fetal e o inconsciente, e a falta de respostas para algumas questões psicológicas e
comportamentais, não explicáveis até o momento. Foi na área da Genética, Neurofisiologia e
Psicofisiologia, tratando das influencias hormonais e enzimáticas no cérebro e nas células, bem como
o trânsito de íons e fluidos celulares, que surgiu a hipótese de que o caminho para a resposta, poderia
estar em algum lugar nas enzimas que formam os gametas que por sua vez, transmitem as
características paternas ao bebê.
Neste contexto surgem as buscas e o tema psicologia pré-natal e epigenética, pois, apesar de
todo o desenvolvimento científico, especificamente o da Psicologia, constata-se o fato de que se tem
uma população infantil e adulta, com grandes problemas psicológicos. Seria possível detectar e
intervir em possíveis problemas psíquicos antes que se manifestem no indivíduo pós-parto? Com o
intuito de investigar novas possibilidades na prevenção de problemas psicológicos mesmo no período
anterior ao pré-natal, e propor um acompanhamento psicológico gestacional preventivo, antecipando
problemas psicológicos futuros, este estudo se dirige às influências moleculares, neuroquímicas e
mesmo celulares, na formação da psique humana que fosse além do determinismo genético
hereditário e da conhecida influencia durante a gestação. Para colaborar com a hipótese de que seria

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possível ou não, intervir de alguma forma na formação psicológica dos indivíduos ainda na gestação
e mesmo anteriormente a ela, recorreu-se às pesquisas em artigos de abordagem psicológica pré-natal
e artigos médicos que igualmente contribuiriam com a hipótese no campo celular. Não foram
encontrados relatórios de pesquisas psicológicas na área celular, mas na área psiquiátrica, por esta
pertencer à área da medicina.
Encontrou-se na epigenética1 algumas possibilidades de discussão sobre o tema, trata-se da
mais novo campo de pesquisa e observação, de remodelagem da saúde e comportamento do ser
humano. Foram pesquisados livros publicados por psicólogos pesquisadores do pré-natal, artigos e
revistas médicas psiquiátricas, bancos de dados PubMed Central (PMC) e Google Acadêmico.
Importante registrar que esta pesquisa não apresenta objetivo de propor solução para os
problemas psicológicos e menos ainda, a forma de atingi-los, mesmo porque os resultados da
epigenética a seguir expostos, também são de estudos com alguns avanços, mas que exige ainda,
muita cautela e muito trabalho de pesquisa. No entanto, a psicologia não pode ficar alheia a estes
avanços científicos diretamente ligados aos seus interesses na saúde mental e comportamental diante
de demanda crescente, aos moldes da psiquiatria já envolvida nos estudos.
Para melhor compreensão, a pesquisa vai às origens da formação da psique humana, a
hereditariedade genética, a descoberta da epigenética e algumas possibilidades a partir dela, as
psicologias envolvidas e suas contribuições concluindo com o convite a novas pesquisas e novos
caminhos para à psicologia pré-natal.
Esse trabalho apresenta como objetivo, trazer para o âmbito da discussão a incidência de
problemas psicológicos originados até a primeira infância, apresentando para isso alguns objetivos
específicos, aqui elencados: propor a reflexão para o desenvolvimento de uma metodologia de
acompanhamento psicológico gestacional preventivo, antecipando problemas psicológicos futuros e
instigar o estudo psicológico do individuo desde a sua preconcepção, até a primeira infância, trazendo
esse acompanhamento para o campo da epigenia.
O grupo de pesquisa traz como justificativa para esse tema, o fato de haver muitos trabalhos
envolvendo a discussão e intervenção psicológica para gestantes e o bebê, a partir dos primeiros
meses de gestação, porém, sem considerar os novos fatores genéticos e epigenéticos aqui
apresentados. Após o parto, em geral, a gestante continua desconhecendo a influencia destes fatores
e a criança somente na fase jovem ou adulta, quando já tem uma demanda instalada, descobre
através de terapias de hipnose regressiva, problemas gerados na fase inicial de sua existência, e como
se verifica pela pesquisa, pode anteceder sua concepção.

1
A epigenética é definida como modificações do genoma que são herdadas pelas próximas gerações, mas
que não alteram a sequência do DNA.

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Justifica-se também pela escassez de livros e ou artigos, que se proponham a abordar a
psicologia relacionada à processos psicológicos anteriores à fase fetal. Propõe-se que com os novos
conhecimentos na área médico-cientifica, especialmente com achados na epigenia, a psicologia pré-
natal possa avançar com intervenções ainda mais precoces.

2 O CAMINHO DA CONSTRUÇÃO DA PSIQUE


O homem está em constante busca por soluções de seus problemas existenciais, ora recorrendo
a fármacos, ora aos profissionais da área psíquica e ora a um Ser Poderoso. A Psicologia se ocupa da
investigação das origens de tais problemas, mas, até onde se pode investigar o indivíduo em busca de
respostas que possam auxiliar na prevenção de tais problemas existenciais?
A Psicologia e a Psiquiatria moderna, desde Freud (1856-1939) e Wilhelm Wundt (1832-
1920), se desenvolveram muito nas pesquisas a procura de caminhos que possam apontar para as
possíveis respostas aos problemas existenciais da humanidade. No entanto, se considera que em
tempos vindouros as pesquisas e as discussões possam promover muita evolução na área da
Psicologia e Psiquiatria.
Existem várias pesquisas como as de Joanna Wilheim, Wilfred Ruprecht Bion e Alessandra
Piontelli, mais conhecidas, sobre o psiquismo pré-natal, que caminha nesta busca de precocidade na
prevenção de transtornos psicológicos partindo dos primeiros meses de gestação. No entanto, também
se tem estudos e pesquisas na área da epigenética, ainda considerada nova, com grandes perspectivas
na área médica, mas ainda sem influencia nos eventos psicológicos, e igualmente pouco discutido,
cérebro primitivo, uma teoria que nos leva aos primórdios da evolução psíquica humana. Agora, um
olhar mais atento a estas teorias poderão trazer mais avanços na área psicológica, possibilitando o
entendimento das origens das angustias do homem.

2.1 UMA VISÃO EVOLUTIVA DA CONSTRUÇÃO DO CÉREBRO


Inicialmente precisa-se imaginar a evolução do cérebro conforme o médico neurocientista,
Paul MacLean2.

Para entender o conflito de gerações do cérebro, é necessário pensar em termos evolutivos.


Impulsionados por nossa imaginação que excede a velocidade da luz, vamos voltar 250
milhões de anos para a idade dos répteis, quando os animais que nunca aprenderam a falar
começaram a rastejar para o cérebro do homem. Na evolução, o prosencéfalo primata

2
Paul D. MacLean (1.05.1913 – 26.12.2007), médico e neurocientista americano que fez contribuições
significativas nos campos de fisiologia, psiquiatria e pesquisa do cérebro através de seu trabalho na Yale
Medical School e no National Institute of Mental Health. A teoria do cérebro triúnico evolutivo de MacLean
propôs que o cérebro humano fosse na realidade três cérebros em um: o complexo reptiliano, o sistema
límbico e o neocórtex.

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expande ao longo das linhas de três padrões básicos caracterizados como reptilianos,
paleomammalian e neomammalian3. (MACLEAN,2002, p.185)

Percebe-se que o cérebro foi formado por três componentes sobrepostos, sendo o mais antigo
o cérebro primitivo (reptiliano), este constituído pelo tronco cerebral - bulbo, cerebelo, ponte e
mesencéfalo, pelo mais antigo núcleo da base - o globo pálido4 e pelos bulbos olfatórios, também
chamado complexo-R. O paleomammalian, é formado pelo sistema límbico e corresponde ao
cérebro dos antigos mamíferos. Quanto ao neomammalian, ou racional, este compreende a maior
parte dos hemisférios cerebrais, é o cérebro recente, neocórtex dos mamíferos superiores, incluindo
os primatas e, consequentemente, o homem (AMARAL & OLIVEIRA, 1997). “Cada um com seu
próprio tipo especial de inteligência, senso de tempo, memória, motor e outras funções”.
(MACLEAN, 2002, p.185)
O cérebro é constituído por três unidades indissociáveis, uma ontogênese do cérebro do homo
sapiens. A autopreservação está a cargo da unidade primitiva, onde nascem os mecanismos de
agressão e comportamento repetitivo, reações instintivas (arco reflexo), comandos de algumas
reações involuntárias e o controle de certas funções viscerais indispensáveis à preservação da vida.
O neurologista francês Paul Broca em 1878, encontrou e denominou uma região logo abaixo do
córtex, como lobo límbico, (posteriormente sistema límbico), onde se encontra um núcleo de células
cinzentas formando uma espécie de borda ao redor do tronco encefálico, este sistema se originou na

3
Em seu artigo, The Brain’s Generation Gap - Some Human Implications (2002), o médico neurocientista,
Paul MacLean comenta sua tese sobre a evolução do cérebro elaborada em 1970 e publicada em 1990 em
seu livro “The Triune Brain in evolution”.
4
Parte filogeneticamente mais primitiva do corpo estriado denominado páleo-estriado. Forma a parte menor e mais
medial do núcleo lentiforme. http://www.atlasdocorpohumano.com/

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emergência dos mamíferos inferiores (mais antigos). É neste sistema que se cria e modulam funções
mais específicas para o animal distinguir o que lhe agrada ou não, funções afetivas, comportamento
lúdico, emoções e sentimentos que são criações mamíferas, originadas no sistema límbico. O sistema
é também responsável por alguns aspectos de identidade pessoal e importantes funções ligadas à
memória.
Com a chegada dos mamíferos superiores desenvolveu-se a terceira unidade cerebral, o
cérebro racional, com uma rede complexa de células nervosas altamente diferenciadas, permitindo a
criação de linguagem simbólica e desempenho intelectual (AMARAL & OLIVEIRA, 1997).
Myers (1999, p. 53), traz que nos diferimos quanto a cultura, uns dos outros, no entanto, somos
extraordinariamente parecidos quanto à algumas questões: Quem é meu aliado, quem é meu inimigo?
Que alimento devo comer? Com quem devo casar? No amanhecer da humanidade os sujeitos que
melhor responderam a estas questões se adaptaram e continuaram a seleção.

3 GENÉTICAS
3.1 A HEREDITARIEDADE GENÉTICA
Conforme Lipton (2007), os cientistas empreenderam grandes esforços na tentativa de decifrar
os mecanismos hereditários responsáveis pela vida, a partir das afirmações de Darwin, no ano de
1859, em seu livro A Origem das Espécies, quando afirmou que as características individuais seriam
passadas de pai para filho, sendo fatores hereditários e que estas controlariam a vida de todos os seres.
Em 1953 James Watson e Francis Crick descreveram a estrutura e a função da espiral dupla
do DNA, da qual os genes são feitos. Finalmente a ciência entendia os “fatores hereditários”
mencionados por Darwin.

Na base da história do cérebro humano estão as estruturas que definem tanto nossos atributos
humanos universais quanto nossas características individuais. Quando óvulo e
espermatozoide se juntam, os 23 cromossomos no óvulo unem-se aos 23 cromossomos no
espermatozoide. Estes 46 cromossomos contem a estrutura mestra de seu desenvolvimento.
Cada cromossomo é composto de uma corrente enroscada de uma molécula chamada DNA
(ácido desoxirribonucleico). O DNA, por sua vez, é constituído por milhares de genes. Os
genes são as unidades bioquímicas da hereditariedade que pela sintetização de proteínas
específicas, faz com que cada um de nós seja um ser humano distinto. (MYERS 1999, p. 52)

Anunciavam-se a nova engenharia genética, e possibilidade de programação de características


em bebês e os medicamentos milagrosos. Com a descoberta do “segredo da Vida”, tudo é explicado
pelos genes e o dogma central da biologia molecular, passando a serem os mecanismos do DNA
(LIPTON, 2007).

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Inicialmente interpretava-se que o DNA seria responsável pela herança de característica física,
e depois passam a acreditar que os genes controlariam nossas emoções e comportamento humano.
Um defeito no gene da felicidade e os sujeitos estariam fadados à infelicidade vitalícia (Ibidem).
Conforme comenta Massotti (2016), a evolução Darwiniana foi lida em seu tempo, como
aleatória e de caráter contingente, porém, sua base genética reforçaria a ideia da interação com o
ambiente em cada tempo histórico, cada pessoa tem uma variação única de seu genoma, mas vários
fatores o influenciam.

3.2 A GENÉTICA DO FUTURO, PRESENTE


3.2.1 Epigenética

A epigenética é definida como modificações do genoma que são herdadas pelas próximas
gerações, mas que não alteram a sequência do DNA. Por muitos anos, considerou-se que os
genes eram os únicos responsáveis por passar as características biológicas de uma geração à
outra. Entretanto, esse conceito tem mudado e hoje os cientistas sabem que variações não-
genéticas (ou epigenéticas) adquiridas durante a vida de um organismo podem
frequentemente serem passadas aos seus descendentes. A herança epigenética depende de
pequenas mudanças químicas no DNA e em proteínas que envolvem o DNA. Existem
evidências científicas mostrando que hábitos da vida e o ambiente social em que uma pessoa
está inserida podem modificar o funcionamento de seus genes(FANTAPPIÉ, 2013, p.01).

O termo ‘epigenética’ tem origem do grego, onde ‘epi’ significa ‘acima, perto, a seguir’, e
estuda as mudanças nas funções dos genes, sem alterar as sequências de bases (adenina,
guanina, citosina e timina) da molécula de DNA (ácido desoxirribonucleico). As
modificações epigenéticas podem ser herdadas no momento da divisão celular (mitose) e irão
ter um profundo efeito na biologia do organismo, definindo diferentes fenótipos (i.e.
morfologia, desenvolvimento, comportamento etc.) (Ibdem).

Conforme Francis (2015), os genes são constituídos pelo DNA na forma da conhecida dupla
hélice em estado puro, porém, em nossas células se apresentam envolvidos por moléculas orgânicas
ligadas quimicamente. Este envolvimento químico possui a importante capacidade de alterar o
comportamento dos genes a que estão ligados, tornando-os mais ou menos ativos, e de maior
importância é a capacidade de durarem por longos períodos, às vezes por toda a vida.

Para muitos, pode ser uma surpresa descobrir que o ambiente externo afeta os genes,
modulando sua atividade. O efeito gênico do ambiente não é direto. As influências
ambientais são mediadas por alterações nas células em que os genes residem. Diferentes tipos
de célula reagem de forma diversa ao mesmo fator ambiental, seja ele estresse social ou
carência alimentar no útero materno. Por sua própria natureza, e apesar do fato de os genes
de todas as células do corpo serem os mesmos, os efeitos ambientais são sempre específicos
para cada tipo de célula. (FRANCIS, 2015, p.12)

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A epigenética é o estudo de como são feitas e desfeitas essas ligações químicas de longa
duração reguladoras dos genes. Este processo ocorre ao acaso, como uma mutação, no entanto, é
Importante destacar que ao contrário das mutações, as alterações epigenéticas são reversíveis e os
estudos da epigenética médica procura descobrir como reverter eventos epigenéticos patológicos, o
que proporcionaria uma revolução na medicina. (FRANCIS, 2015, p.07)

3.3 RESULTADOS RECENTES DA EPIGENÉTICA PARA A PSICOLOGIA


Gartstein & Skinner (2018, p. 29-31), consideram que há evidencias consideráveis de
modelagem do desenvolvimento do comportamento in útero, pelos mecanismos epigenéticos. Que
são essenciais maiores entendimentos do mecanismo para se avançar na pesquisa das Origens do
Desenvolvimento da Saúde e Doença (DOHaD - Developmental Origins of Health and Disease) e
especificamente para elucidar origens pré-natais da psicopatologia do desenvolvimento, levando a
um trabalho preventivo.
As pesquisas considerando as adversidades ambientais, alterações epigenéticas e os efeitos
cerebrais/comportamentais ligados ao temperamento são limitados ainda. Faz-se necessário
investigações que vinculem todos os componentes de progressão do desenvolvimento especialmente
com humanos. Os estudos com animais e manipulação de variáveis independentes relacionadas à
exposição ambiental trazem validação interna, mas é necessário a validação externa com humanos,
que ainda é limitada. Sugerem-se pesquisas futuras concentradas nas ligações entre mecanismos
epigenéticos e desenvolvimento de temperamentos em populações de alto e baixo risco, por exemplo,
comparação entre amostras de grávidas que se difere em estresse psicossocial e/ou fisiológico

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poderiam fornecer comparações com relação a efeitos da ativação do eixo hypothalamic pituitary
adrenal (HPA) ou questões de exposições ambientais, como nutrição pré-natal saudável versus não
saudável. Abordagens como estas poderiam fornecer conexões confiáveis entre adversidade
ambiental, saúde, mecanismos epigenéticos e resultados comportamentais da prole com participantes
humanos.
Conforme Crews (2010, apud Gartstein & Skinner, 2018 p. 30), de forma geral, os estágios
iniciais de desenvolvimento, propiciam maior maleabilidade da estrutura e função dos órgãos,
estando mais acessível ás influencias ambientais para modificações epigenéticas. Conforme Gartstein
& Skinner (2018), Interações entre diferentes condições de exposição no útero devem ser examinadas,
pois os efeitos compostos provavelmente são relevantes para o temperamento, assim como a
sobreposição de modificações epigenéticas por diferentes circunstâncias ambientais pré-natais,
podem levar a riscos do desenvolvimento e à saúde.
Klengel & Binder (2015, p.1343), lembram que transtornos psiquiátricos, são doenças
multifatoriais influenciadas pela predisposição genética e por fatores ambientais e que experiências
como perda dos pais, bullying e baixo nível socioeconômico na infância, tendem a ampliar o risco de
vários distúrbios psiquiátricos. Apontam que uma crescente literatura tem sugerido que essas
adversidades no pré-natal da mãe, também são riscos de transtornos psiquiátricos, e todas essas
adversidades foram associadas a alterações na regulação do sistema hormonal do estresse, com
relação causal ao desenvolvimento da doença.
Para Gartstein & Skinner (p.30) cada sexo pode apresentar diferentes respostas fisiológicas e
comportamentais às exposições ambientais, no entanto o sexo deve ser o moderador entre as
exposições pré-natais, alterações epigenéticas e resultados comportamentais pois as evidencias
sugerem efeitos dimórficos, por isso é importante o entendimento dos processos biológicos de
desenvolvimento que envolve os eventos de exposição ambiental pré-natal. Estudar conexões entre
assinaturas de metilação do DNA no pré-natal exposições ambientais e perfis de temperamento
associados a riscos, podem facilitar a triagem e intervenções preventivas. O DNA seria um
biomarcador não invasivo, obtido das células bucais, por exemplo, possibilitando triagem e avaliação,
já que haveria evidências empíricas suficientes, permitindo uma intervenção direcionada no início da
infância, evitando testes comportamentais tardios.
De acordo com Gartstein & Skinner (2018, p.31) “Assim, medidas preventivas programadas
podem abordar as interações entre pais e filhos - contribuintes modificáveis para os riscos para
psicopatologia, antes que padrões desadaptativos se tornem a norma.” Conhecer os precursores dos
sintomas psicopatológicos antecipadamente oferece vantagem, pois os fatores de risco podem ser
medidos com segurança no primeiro ano de vida e a investigação fetal epigenética de programação

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com resultados de temperamento não exigirão trabalhos longitudinais, embora também sejam
importantes (Ibidem).

3.4 PERSPECTIVAS EPIGENÉTICAS DA PSIQUIATRIA PARA A PSICOLOGIA


Sweatt, (2013 apud Klengel & Binder, 2015, p.1344), informa que no passado, a metilação
do DNA era considerada irreversível, o que definia a identidade celular em um organismo
multicelular, mas agora se demonstrou que mesmo modificações químicas estáveis como a metilação
do DNA estão sujeitas a uma regulação dinâmica. Essa potencial reversibilidade torna possível a
codificação de impactos ambientais a longo prazo também em tecidos pós-mitóticos, como neurônios
e que os mecanismos epigenéticos formam uma complexa rede interativa de atividades de diferentes
mecanismos contribuindo para o mesmo regulamento transcricional. A epigenética fornece, assim,
uma possível estrutura de como os fatores genéticos e ambientais interage e molda os riscos de
distúrbios psiquiátricos e ainda, desempenha um papel decisivo nas adaptações neuronais subjacentes
à aprendizagem e à memória, resposta ao ambiente e à patogênese mental.
Citando vários estudos, sobre modificações epigenéticas como alvo potencial de terapia
psiquiátrica, Klengel & Binder (p.1351), apontam que vários estudos estão sendo desenvolvidos com
intervenções através de drogas inibidoras e moderadoras em cobaias, mas anotam que o uso de drogas
direcionadas a modificações epigenética na psiquiatria são altamente especulativas no momento.
Conforme Sweatt, (2009, apud Klengel & Binder 2015, p.1351), modificadores epigenéticos podem
ser usados para alterar as assinaturas genéticas e também para guiar o epigenoma para uma
plasticidade maior ou reabrir janelas de plasticidade para facilitar a reversão de patologias, adaptações
epigenéticas por medicamentos convencionais ou psicoterapia. De acordo com Klengel & Binder, a
epigenética pode ser um objetivo terapêutico potencial e os marcadores serem uteis na previsão e
monitoramento de abordagens terapêuticas.
De acordo com Oberlander et al., (2008), Dias e Ressler, (2014); Rodgers et al., (2013) e
Grossniklaus et al., (2013), apud Klengel & Binder, 2015, p.1353), se reafirma que estudos recentes
sugerem que o estresse durante a gravidez pode levar à programação epigenética precoce do feto, e
que o estresse a que os pais são expostos antes da concepção, pode ser transmitido à próxima geração
pela linha germinativa via mecanismos epigenéticos. Embora achados dessa herança transgeracional
ainda seja discutida de forma controversa, e os efeitos transgeracionais convincentemente
documentados apenas em animais até o momento, tal possibilidade deve ser considerada quando da
interpretação de estudos em humanos, quando os dados em geral são coletados transversalmente ou
não incluem informações sobre gravidez ou estresse e trauma dos pais.

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4 A PSICOLOGIA
4.1 PSICOLOGIA PRÉ-NATAL E A PSICANÁLISE
Conforme Wilheim (2013, p.18-21) a psicologia pré-natal teve um avanço extraordinário
nos últimos trinta anos. Com a chegada do ultrassom, e seu emprego nos exames pré-natais,
aprimoramento de aparelhos como o microscópio eletrônico fotografia intrauterina e técnicas de
fecundação in vitro. Outra contribuição de valiosa importância é trazida pelas recentes descobertas
feitas pela psiconeuro-endócrino-imunologia, que vem contribuindo com o entendimento da
formação e funcionamento do psiquismo humano. A embriologia contribuiu com o mapa completo
do organismo em desenvolvimento.
Muitas pesquisas têm sido feitas sobre a vida pré-natal e frequentemente, psicoterapeutas de
variadas correntes têm verificado a existência de traumas pré e perinatais. Com o auxilio das áreas
afins, a psicologia procura através do estudo da memória, explicar como se dão os registros
mnêmicos5 das experiências vivenciais da existência biológica e como surgem as emoções.
É difícil conhecer ou precisar a experiência vivencial intrauterina, mas o fato importante é
que estamos constatando a existência de tais registros.
Já é sabido que muito antes de nascer, o bebê já é um ser inteligente, sensível, que apresenta
traços de personalidade própria, com sua vida afetiva e emocionalmente vinculada a vivencia
relacional com sua mãe. O feto é capaz de se relacionar com sua mãe, captando suas emoções e sua
relação afetiva com ele.
Assim a psicologia pré-natal pode ser definida como “estudo do comportamento e do
desenvolvimento, tanto evolutivo como psico-afetivo-emocional do indivíduo, no período anterior ao
seu nascimento”. (Wilheim, p.18)
Tudo tem inicio antes mesmo da fecundação propriamente dita, antes da experiência
intrauterina, ou seja, quando tem origem cada uma das células reprodutoras, óvulo e espermatozoide.
Tem se a convicção de que já nos primórdios da vida biológica, já se tem registro de memórias, e este
registro se dá por meio de uma memória celular 6, uma espécie de banco de dados inconsciente.
(Wilheim - p. 24)
A partir do final do século XIX, profissionais da saúde a recorreram à hipnose para obter
maior êxito nos tratamentos terapêuticos, mais recentemente, incluíram-se os psicólogos e
psicoterapeutas de variadas orientações. No entanto, muitas informações de memórias pré-natais que
surgiam espontaneamente durante as hipnoses eram negligenciadas por falta de explicações
plausíveis à época. No entanto, com o avanço do conhecimento e crescente prática de terapias

5
Adjetivo relativo à memória, à ato de memorizar, de reter ideias, sensações, impressões; mnemônico.
6
A autora se refere especificamente à memória das duas células reprodutivas. Diferente das memórias celulares da
epigenia que está relacionada ao DNA.

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regressivas, tornou-se evidente a existência de registros mnêmicos de experiências traumáticas que
ocorreram tanto no nascimento como no pré-natal, na concepção, e até mesmo antes dela.
Mesmo a psicanálise tem constatado em seus encontros analíticos, evidencias de registros
traumáticos que configuram determinados padrões mentais que decifrados, permitem
estabelecimento de conexão com situações biológicas que remontam suas raízes entre a pré-
concepção e o nascimento, quando ocorrem e ficam registradas experiências que representaram real
risco para a existência do indivíduo 7 (p. 47-48). O entendimento de Wilheim é corroborado por
Wilfred Ruprecht Bion, (1992, p.91 apud GASTAUD 2007, p.10).

Não vejo razão para duvidar que o feto a termo tenha uma personalidade. Parece-me gratuito
e sem sentido supor que o fato físico do nascimento seja algo que cria uma personalidade que
antes não existia. É muito razoável supor que este feto, ou mesmo o embrião, tenha uma
mente que algum dia possa ser descrita como muito inteligente.

Da mesma forma, Rascovsky (1960 apud GASTAUD, 2007, p.11-12) concorda com a
existência de Id e Ego8 durante a vida fetal e uma interação entre ambos, o que permite o
desenvolvimento do Ego fetal, uma vez que o Ego se constitui pela reprodução das representações
existentes no Id (protofantasias herdadas filogenética e ontogeneticamente – a história da espécie
humana e as representações dos pais). Ainda conforme Rascovsky, os objetos do Ego fetal se constitui
através de sua identificação com as experiências arcaicas herdadas (as experiências transmitidas
através das gerações) armazenadas no Id. “ Tal assertiva parece estar em sintonia com a visão
freudiana, a qual diz que o Id é o ambiente primitivo do Ego de onde se desenvolve a herança (Freud,
1923/1976)”, (GASTAUD, 2007,p.4).
Percebe-se que antes de se considerar as descobertas epigenéticas, os pesquisadores já
observaram registros mnêmicos, através das células reprodutivas.

5 CONCLUSÃO
Pautados no desejo de encontrar meios mais eficazes para atender a demanda crescente de
problemas mentais e especialmente, intervir o mais precocemente nestas questões, principalmente no
inicio de nossa existência, e na tentativa de quebrar uma clara intergeracionalidade destes transtornos,
temos agora, ainda que, dependente de muito estudo, os caminhos para a resposta à pergunta: Seria

7
Refere-se ao período entre a entrada dos espermatozoides no duto vaginal, luta pela conquista do óvulo, até sua
efetiva nidação como embrião na base uterina frente todos os ataques das defesas orgânicas (anticorpos).
8
Id segundo Freud, é a base de toda a vida psíquica, é a sede das tendências instintivas que se orientam pela libido
(princípio do prazer). Ego é, segundo Freud, a instância reguladora das tendências instintivas.

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possível prevenir intervir e acompanhar possíveis problemas psíquicos, antes que se manifeste no
individuo após o parto?
Considerando os dados antropológicos e fisiológicos conhecidos do desenvolvimento
humano, em específico do seu cérebro e a transferência de aprendizado da autopreservação e das
emoções, envolvendo a memória e todos os hormônios ligados a este complexo sistema, podemos
considerar a possibilidade de uma hereditariedade filogenética e psíquica.
Com o desenvolvimento do próprio homem e a ciência, através da genética se comprovou
estes fatos pelo conhecimento do DNA, que ao longo do tempo nos vem fornecendo dados científicos
a respeito da transmissão fenotípica e felogênica do homem e seu comportamento. Quando chegamos
à descoberta da epigenética e seu mecanismo de ação, nos deparamos com uma perspectiva genética
totalmente nova. Os mecanismos até então descobertos, propiciam a perspectiva de elucidação de
muitas lacunas que até então geneticamente se desconhecia, a possibilidade de trazer a luz, incógnitas
de estudos da psiquiatria, psicanálise e psicologia, que até então permanecem obscuros ou ignorados,
por falta de conhecimentos para soluciona-los.
O estudo psíquico na fase pré-natal até alguns anos não apresentava grande interesse para as
pesquisas, mas vários estudos já realizados por psicanalistas como Joanna Wilheim, Wilfred Ruprecht
Bion, Alessandra Piontelli, Arnaldo Rascovsky e Jean Bergeret, para citar alguns, já apresentaram
pela intervenção hipnótica, em alguns casos, lembranças de traumas e fatos ocorridos durante a
gestação, chegando até a fase fetal. Com isso, demonstram que nosso psiquismo pode ser formado
no início de nossa existência, trazendo nossas faltas, desejos, traumas, emoções positivas ou não,
adquiridos na fase de formação. A epigenia não só confirma essa precocidade, como acrescenta que
trazemos tais sentimentos e lembranças através das células reprodutoras afetadas pelo meio e
comportamento dos genitores. Ainda, propõe que tais heranças genéticas, podem ser mudadas, não
apenas pela engenharia genética, mas por seus genitores, pelo próprio ambiente e comportamento do
indivíduo durante a sua gestação e durante a sua vida, deixando um legado genético melhorado ou
piorado para sua prole sucessora.
Consideramos que a epigenia é um processo que depende de muitas pesquisas e
desenvolvimento de protocolos, mas já se vislumbram trabalhos que nos fazem refletir, o que
podemos vir a aproveitar deste conhecimento.
É pouco considerado ainda, o fato de que trazemos traumas e experiências gravadas em nossas
células por todo o tempo de desenvolvimento físico e psíquico da humanidade. A história nos
confirma a herdabilidade ancestral, seja através do DNA, seja pelo que Jung denomina Inconsciente
coletivo, seja pelo Id primitivo, conforme a psicanálise pelo uso da hipnose, no período pré-natal. A
epigenia nos leva além, e esclarece as possíveis lacunas até então existentes, explicadas agora pela

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metilação e transcrição do DNA, fase onde são captadas as informações do meio molecular e
posteriormente ligadas ou desligadas nas células, conforme o comportamento ou reação ao meio do
indivíduo.
Fica claro que neste trabalho não se estabelece uma discussão entre resultados das pesquisas
epigenéticas ou discursos dos psicanalistas, que com certeza se encontram discordâncias. No caso da
epigenética, tudo ainda faz parte das descobertas, no caso da psicanálise e da psicologia, são ainda
muito subjetivas embora com grande contribuição ao conhecimento. O intuito é apresentar ao corpo
da psicologia, o que já se tem de resultados na epigenia na psiquiatria e psicanálise, que pode
colaborar com estudos mais avançados na psicologia. Sugere-se que a psicologia inclusive faça seus
próprios estudos para que futuramente, se possa utilizar destes conhecimentos em um
psicodiagnóstico e um prognóstico mais próximo da própria ciência médico psiquiátrica, que já está
avançando nessa área.
A equipe de pesquisa está trabalhando em um projeto já aprovado pelo Comitê de Ética, com
Parecer sob nº 4.088.850, para a detecção e prevenção de possíveis fatores estressores gestacionais.
Esta pesquisa busca avaliar ao longo do tempo esses fatores que podem ser gatilho psicológico para
futuros problemas.
Busca-se desenhar um protocolo ideal para possibilitar a inclusão dos resultados de exames
epigenéticos no atendimento, no psicodiagnóstico e prognóstico psicológico. O processo de pesquisa
foi prejudicado pelo evento do surgimento do COVID-19, no decorrer do ano de 2020.
Assim a psicologia poderá se aproximar ainda mais das raízes dos nossos problemas
psicológicos.

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