Você está na página 1de 14

PENAL GERAL

PRINCÍPIOS
Da legalidade: artigo 5º, XXXIX, CF – nenhum crime ou pena podem ser criados senão
em virtude da lei (anterioridade penal)
Da anterioridade: artigo 5º, XXXIX, CF – não há crime sem lei anterior que o defina; a
garantia de que o cidadão não poderá ser criminalmente responsabilizado se a sua
conduta não estiver expressa em lei anterior à prática do fato
Da retroatividade penal benéfica: artigo 5º, XL, CF – o agente será beneficiado por leis
anteriores ou posteriores ao fato criminoso que tenha praticado
Da personalidade ou da responsabilidade pessoal: artigo 5º, XLV, CF – a punição
criminal jamais poderá passar da pessoa do condenado
Da individualização da pena: artigo 5º, XLVI, CF – deve-se garantir que cada um
responda na exata medida de sua culpabilidade
Da humanidade: artigo 5º, XLVII, CF – veda as penas de morte, de caráter perpétuo, de
trabalhos forçados, de banimento e as cruéis
Da intervenção mínima: o Direito Penal deve intervir minimamente na esfera do
indivíduo
Da fragmentariedade: somente deve se ocupar das situações mais graves que aflijam a
sociedade
Da insignificância ou bagatela: ao Direito Penal não é admitido que atue diante de fatos
insignificantes, de somenos importância; para a doutrina e jurisprudência majoritária tal
princípio age como causa de exclusão da tipicidade penal (material)
STF – é necessário que haja os seguintes vetores: a. mínima ofensividade da
conduta; b. nenhuma periculosidade social da ação; c. reduzido grau de reprovabilidade
do comportamento; d. inexpressividade da lesão jurídica provocada
Reincidência: STF - não se aplicaria o aludido princípio quando se tratasse de
parte reincidente, porquanto não haveria que se falar em reduzido grau de
reprovabilidade do comportamento lesivo
STF – a ausência de tipicidade material, que a conduta realizada pelo
paciente não configuraria crime
Na Administração Pública: S 599, STJ – o princípio da insignificância é
inaplicável aos crimes contra a Administração Pública
S 589, STJ – é inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou
contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações
domésticas
Da culpabilidade ou da responsabilidade subjetiva: não é possível que alguém seja
punido se não houver atuado com dolo ou culpa
Da taxatividade: não se admite que as leis que criam os crimes sejam muito genéricas
Da proporcionalidade: a sanção penal deve ser proporcional ao gravame causado pelo
agente
Da vedação da dupla punição (ne bis in idem): veda-se que alguém seja duplamente
apenado (ou processado) pela mesma infração penal

APLICAÇÃO DA LEI PENAL


Lei penal – enunciado legislativo
Norma penal – comando normativo implícito na lei penal
Características da lei penal: generalidade – incide sobre todas as pessoas
Imperatividade – a lei se impõe a todos, independentemente da vontade
do destinatário
Exclusividade – somente à lei se impõe a tarefa de definir crimes e
contravenções
Impessoalidade – a lei penal se projeta a fatos futuros, não se
identificando pessoas determinadas; a doutrina aponta 2 exceções: abolitio criminis e
anistia
Espécies de lei penal: a. incriminadoras: todos os dispositivos normativos que
descrevem condutas criminosas e cominam as respectivas penas; dotada de 2 preceitos:
no primário pode-se identificar dois tipos de comando ou imperativo, ou seja, de
proibição e mandamentais
b. não incriminadora: as que não definem crimes e respectivas penas:
b.1. explicativas ou complementares – fornecem dados ou
parâmetros para a aplicação de outras normas
b.2. permissivas – tornem lícitos determinados comportamentos
típicos (artigo 25, CP)
b.3. exculpantes – afastam a possibilidade e punição do agente
(artigo 27, CP)
Lei penal em branco: aquela cujo preceito primário é incompleto, mas com preceito
secundário determinado; exigem um complemento, que pode ser da mesma natureza e
hierarquia ou de natureza e hierarquia diversas:
a. Sentido lato ou homogêneas ou impróprias – o complemento
provém de uma fonte com a mesma hierarquia; sendo homovitelinas (mesma instância
legislativa) ou heterovitelinas (provém de instância legislativa diversa, vg, CP – CC)
b. Em sentido estrito ou heterogêneas ou próprias – provém de
fonte normativa diversa da lei
c. Ao revés ou ao inverso ou invertida – cujo preceito primário é
completo, mas o secundário é incompleto, fazendo remissão a outra lei
Lei penal no tempo e sua aplicação: considera-se atividade o fenômeno segundo o qual
uma lei se aplica aos fatos praticados durante o seu período de vigência. Já extra-
atividade é o fenômeno pelo qual uma lei será aplicada fora de seu período de vigência,
incidindo sobre fatos praticados mesmo antes de sua entrada em vigor (retroatividade),
ou mesmo após sua revogação (ultra-atividade)
Artigo 5º, XL, CF prevê que a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o
réu; nisto é possível a ocorrência do chamado conflito intertemporal de leis, ou leis
penais no tempo, sendo 4 hipóteses de conflito:
Abolitio criminis – lei posterior supressiva da incriminação ou lei
abolicionista; pressupõe a edição de lei posterior que deixa de considerar o fato como
crime
Novatio legis in mellius – lei posterior mais benéfica, podendo retroagir
em benefício do réu em qualquer fase
Novatio legis in pejus – lei posterior prejudicial ao réu, sendo irretroativa
Novatio legis incriminadora – a lei que passa a considerar um fato
criminoso; as leis processuais, conforme artigo 2º, CPP, aplicam-se desde logo,
ficando preservados os atos processuais praticados até então
Leis excepcionais e temporárias: são leis com vigência temporária, sendo
autorrevogáveis; lei excepcional é aquela que vigora durante um período de exceção; lei
temporária é aquela que contém, em seu próprio texto, o período de vigência
Conflito aparente de leis ou normas: princípio da especialidade – a lei especial
prevalece sobre a geral
Princípio da subsidiariedade – a lei primária prevalece sobre a
subsidiária
Princípio da consunção ou absorção – o crime mais grave absorve
outro menos grave quando este integrar a descrição típica daquele (meio de execução de
outro mais grave); 3 hipóteses:
Crime progressivo – agente pretende, desde o início, produzir
resultado mais grave, praticando sucessivas violações ao mesmo bem jurídico
Crime complexo – agente, de início, pretende produzir resultado
menos grave, contudo, no decorrer da conduta, decide por produzir resultado mais
grave, alterando, portanto, o dolo
Fatos impuníveis – há os fatos anteriores impuníveis, quando
funcionarem como meio de execução de crime mais grave, bem como fatos posteriores
impuníveis, que se caracterizam por nova ofensa ao mesmo bem jurídico, após praticada
a conduta pelo agente
LEI NO TEMPO LEI NO ESPAÇO

Teoria da atividade Teoria da ubiquidade

APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO – artigo 4º, CP: considera-se praticado o crime no


momento da ação ou da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado; a
análise
do tempo do crime é relevante para a aferição da imputabilidade penal, bem como para
a análise de qual lei é mais ou menos benéfica para o agente, doutrina traz 3 teorias:
Teoria da atividade – considera-se praticado o crime no momento da ação ou
da omissão – ADOTADO NO CP
Teoria do resultado – considera-se praticado o crime no momento em que se
verifica o resultado
Teoria mista ou da ubiquidade – considera-se praticado o crime tanto no
momento da ação ou omissão, quanto no momento do resultado
Analisar o tempo do crime terá relevância em diversos pontos: a. a lei penal
aplicável; b. delimitação da responsabilidade penal (a partir de qual momento o agente
pode ser responsabilizado); b.1. responsabilidade penal e crime permanente (ainda que a
ação tenha sido realizada quando o agente era menor, porém se protraiu no tempo, ainda
será responsabilizado); b.2. responsabilidade penal e crime continuado (fatos cometidos
antes da maioridade – ECA; fatos cometidos após a maioridade – CP); b.3.
circunstâncias do crime; b.4. influência do tempo no prazo prescricional

APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO – 5 princípios: da territorialidade – a lei


nacional será aplicada aos fatos praticados no território nacional – ADOTADO
PELO CP
Da nacionalidade – a lei penal de um país será aplicada ao seu cidadão,
ainda que fora do território nacional
Da defesa – será aplicada a lei do país do bem jurídico lesado ou
ameaçado de lesão, independentemente da nacionalidade do agente ou do local da
infração
Da justiça penal universal – o sujeito que tenha praticado uma infração
penal deverá ser punido pela justiça do local onde se encontre, ainda que tenha outra
nacionalidade ou o interesse do bem jurídico lesionado seja de outro território
Da representação – o agente deverá ser punido por infração praticada no
estrangeiro pelo país de origem de embarcações e aeronaves privadas, quando
praticadas no seu interior, e desde que não tenha sido punido no país em que tenha
praticado a infração penal
Território – espaço terrestre, marítimo, aéreo e fluvial, no qual a soberania nacional será
amplamente exercida; limites compreendidos pelas fronteiras nacionais; mar territorial
brasileiro (12 milhas da faixa litorânea média); espaço aéreo subjacente ao território
físico e mar territorial; aeronaves e embarcações (direito de passagem inocente desde
que utilize o mar territorial somente como caminho para seu destino
Por equiparação: embarcações e aeronaves – brasileiras públicas ou a serviço do
governo brasileiro, onde que que se encontrem; brasileiras privadas, onde que que se
encontre, salvo se em mar territorial estrangeiro ou sobrevoando território estrangeiro;
estrangeiras privadas, desde que em mar territorial brasileiro ou espaço aéreo
correspondente
Teoria mista ou da ubiquidade – o local do crime é onde teve a ação ou omissão, ou
se teve o resultado
Artigo 6º, CP: somente é aplicado na hipótese de uma infração penal ter início
em nosso território nacional e o resultado ocorrer em outro, ou vice-versa
Extraterritorialidade: artigo 7º, I, CP – incondicionada – a mera prática do delito
em outro país que não o Brasil já é suficiente para provocar a aplicação da lei penal,
independentemente de qualquer requisito, aos crimes contra: vida ou liberdade do
Presidente da República; patrimônio ou fé pública da U, DF, E e M, de empresa pública,
sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
administração pública, por quem está a seu serviço; genocídio, quando o agente for
brasileiro ou domiciliado no Brasil
Artigo 7º, II, CP – condicionada – casos: crimes que, por
tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; crimes praticados por brasileiros;
crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras mercantes ou de
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados; somente
admitirá aplicação da lei penal brasileira mediante algumas condições: entrar o agente
no território nacional; ser o fato punível no país em que foi praticado; estar o crime
incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; não ter sido o
agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido pena; não ter sido o agente
perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo
a lei mais favorável
A lei brasileira será aplicada ao estrangeiro que tenha
praticado crime contra brasileiro no exterior se não foi pedida ou negada a extradição e
que houve requisição do Ministro da Justiça
A imunidade é uma prerrogativa conferida a certas pessoas em virtude
das atividades por elas desempenhadas como forme de garantir o livre exercício de suas
funções, podendo ser diplomática ou parlamentar

TEORIA GERAL DO CRIME


Conceito de crime: conceito material – todo comportamento humano que lesa ou expõe
a perigo de lesão bens jurídicos tutelados
Conceito formal – violação da lei penal; relação de subsunção ou
concreção entre o fato e a norma penal
Conceito analítico – se adotar a concepção bipartida o crime é fato
típico e antijurídico; se adotar a tripartida o crime é fato típico, antijurídico e culpável

1. FATO TÍPICO: é o fato material descrito em lei como crime; a estrutura do fato
típico é a condutado, resultado, nexo de causalidade (elementos do fato típico) e
tipicidade (descrição do fato material em lei)
Teorias da conduta: teoria clássica, naturalista ou causal – a conduta nada mais é do
que a exteriorização do movimento corporal ou a abstenção de um movimento,
independentemente de qualquer finalidade; o dolo e culpa somente são analisados na
culpabilidade; sendo possível uma conduta sem dolo ou culpa
Teoria neoclássica ou neokantista – o tipo penal descreve uma
conduta valorada negativamente, assim, embora o tipo penal continuasse a trazer
elementos objetivos, trazia uma carga valorativa
Teoria finalista – toda conduta humana necessariamente é
dirigida a uma finalidade, assim, o dolo e culpa saíram da culpabilidade e migraram
para o fato típico
Teoria social da ação – conduta somente assim será considerada
se for socialmente relevante, dominada ou dominável pela vontade
Teoria funcionalista – FUNCIONALISMO RACIONAL-
TELEOLÓGICO: não basta a prática de um comportamento formalmente típico para a
imputação de um resultado ao agente, sendo indispensável que atinja um bem jurídico;
FUNCIONALISMO SISTÊMICO: haverá crime com a infringência da norma, se esta
foi violada, o crime foi praticado
1.1. CONDUTA: todo comportamento humano, positivo ou negativo, consciente e
voluntário, dirigido a uma finalidade específica; pode ser de uma ação ou de omissão,
que há 2 espécies:
Omissão própria: vem descrita na lei; o dever de agir deriva da própria norma;
não se admite tentativa
Omissão imprópria (comissivos por omissão) – o agente tem o dever jurídico
de agir para evitar um resultado; não fazendo responderá por sua omissão se tiver o
dever jurídico de agir e puder agir; o dever jurídico decorre: quando tenha por lei
obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; quando, de outra forma, assumiu a
responsabilidade de impedir o resultado, assumindo a posição de garante ou garantidor;
quando seu comportamento anterior criou o risco de ocorrência do resultado
Comportamento consciente e voluntário: deve saber o que está fazendo, sendo
excluído a conduta as seguintes situações: atos reflexos; sonambulismo e hipnose;
coação física irresistível; caso fortuito; e força maior
1.2 RESULTADO: a consequência ou decorrência natural da conduta humana; 2
formas: resultado normativo (jurídico)
resultado naturalístico – modificação do mundo exterior provocada pela conduta,
é a percepção dos efeitos do crime pelos sentidos humanos; 3 tipos: crimes materiais
(ou de resultado); crimes formais (ou de consumação antecipada) (embora possam
ter um resultado, restarão caracterizados mesmo sem sua verificação); crimes de mera
conduta (ou de simples atividade) (aqueles que não tem resultado naturalístico
1.3. NEXO DE CAUSALIDADE: elo entre a conduta praticado pelo indivíduo e o
resultado dela decorrente
Causas: considera-se causa toda ação ou omissão sem a qual o resultado
não se produziria – teoria da equivalência dos antecedentes; em caso de causa
superveniente é adotada a teoria da causalidade adequada; nos crimes formais e de
mera conduta NÃO haverá que se falar em nexo causal, já que este é o elo entre a
conduta e o resultado
Dependentes: aquelas que decorrem diretamente da conduta do
agente
Independentes: aquelas que produzem o resultado, guardando
alguma ou nenhuma relação com a conduta do agente, se subdividindo-se em: absolutas
(aquelas que por si sós produzem o resultado, independentemente da conduta do agente,
onde ele NÃO responderá pelo resultado); e relativas (são aquelas que por si sós não
produzem o resultado, sendo a conduta do agente decisiva para sua produção,
respondendo, em regra, pelo resultado; exceções: causas supervenientes
relativamente independentes – o agente não responderá pelo resultado, mas, apenas,
pelo que efetivamente causou
1.4. TIPICIDADE: indício de antijuridicidade; relação de subsunção (adequação ou
concreção) entre o fato concreto e a norma penal incriminadora. Haverá tipicidade penal
quando a ação ou omissão praticada pelo indivíduo tiver previsão legal; quando houver
uma descrição de uma conduta proibida em lei, estaremos diante do chamado tipo penal,
que é um modelo legal e abstrato daquela conduta; toda conduta realizada pelo homem
deverá ser preenchida por um elemento subjetivo (dolo ou culpa)
Categorias de tipos penais: incriminadores (ou legais): aqueles que descrevem
a figura criminosa ou contravencional, cominando as respectivas penas; podem conter
os seguintes elementos: objetivos (descritivos, são aqueles que traduzem as
circunstâncias em que a conduta criminosa ou convencional é praticada); subjetivos
(intenção do agente; nem todo tipo penal contém elementos subjetivos); normativos
(aqueles que não conseguirão ser compreendidos sem a emissão de um juízo de valor;
podem exigir uma compreensão puramente jurídica - elementos normativos jurídicos -,
traduzindo-se em expressão que são explicadas pelo direito, vg, conceito de documento
ou extrajurídica, vg, moral, cultural, redundando nos elementos normativos
extrajurídicos)
Permissivo (ou justificadores): aqueles que descrevem a
forma pela qual a conduta humana será considerada lícita; traduzem-se nas causas de
excludentes da ilicitude ou antijuridicidade
CRIME DOLOSO: dolo corresponde à vontade livre e consciente do sujeito ativo
em realizar os elementos do tipo; o CP adotou a teoria da vontade e a teoria do
assentimento; diz-se crime doloso quando o agente quis produzir o resultado (direto) ou
assumiu o risco de produzi-lo (eventual)
Quanto ao dolo direto tem o de 1º grau: quando o agente quer
diretamente produzir determinado resultado; e de 2º grau: quando o agente, almejando
alcançar determinado resultado, sabe, de antemão, que efeitos colaterais advirão de seu
comportamento, produzindo outros resultados não queridos diretamente
CRIME CULPOSO: o agente dá causa ao resultado por imprudência, negligência
e imperícia; quando um agente, mediante uma conduta inicial voluntária, produzir um
resultado ilícito involuntário, previsto ou não, decorrente da violação de um dever
objetivo de cuidado
Imprudência: agir perigosamente (ação)
Negligência: deixar de fazer algo que deveria ter feito (omissão)
Imperícia: realiza algo sem aptidão técnica para tanto (culpa
profissional)
Elementos: a. a conduta inicial deve ser voluntária; b. quebra do dever objetivo
de cuidado; c. resultado involuntário; d. nexo de causalidade; e. tipicidade; f.
previsibilidade objetiva (terceira pessoa, que não o agente, dotada de prudência e
discernimento mediano, conseguiria prever o resultado); g. ausência de previsão
Espécies: culpa consciente – o agente acredita sinceramente que o resultado não
se produzirá, embora o preveja; é a exceção; difere do dolo eventual, pois neste o agente
não só prevê o resultado, mas pouco se importa com sua produção, já na culpa
consciente, ainda que o agente preveja o resultado, acredita sinceramente que este não
ocorrerá
Culpa inconsciente – o agente não prevê o resultado, embora seja
previsível; REGRA
CRIME PRETERDOLOSO: dolo na conduta antecedente e culpa no resultado
consequente; uma das espécies de crimes qualificados pelo resultado

ITER CRIMINIS: caminho percorrido pelo crime; todo crime passa ou pode passar
por pelo menos 4 fases:
Cogitação: por ter relação direta com o aspecto volitivo (vontade) do agente, é
impunível
Preparação: corresponde à tomada de providências pelo agente para ser
possível a realização do crime; prepara todas as circunstâncias que antecedam à prática
criminosa; em regra é impunível; porém por vezes o CP incrimina típicos atos
preparatórios, como o crime de associação criminosa
Execução: prática do primeiro ato idôneo e inequívoco, hábil a consumar o
crime; quando iniciada a execução do verbo (ação nuclear) do tipo = critério formal
adotado
Consumação: verifica-se de acordo com cada crime: material, formal, de mera
conduta
Crime consumado: quando nele reunirem todos os elementos de sua definição legal;
porém nem todos os crimes apresentam o mesmo momento consumativo:
a. Crimes materiais, culposos e omissivos impróprios: produção do
resultado naturalístico
b. Crimes formais: realização da conduta nuclear, sendo o resultado
descrito no tipo mero exaurimento
c. Crimes de mera conduta: será alcançada com a simples atividade
descrita no tipo penal
d. Crimes permanentes: consumação se protrai no tempo; se verifica a
cada instante, enquanto não cessada a conduta típica
e. Crimes qualificados pelo resultado: somente atingem a consumação
com a produção do resultado agravador
f. Crimes omissivos próprios: crimes de mera conduta; com a simples
inação prevista no tipo penal
Crime tentado (conatus): é tentado quando, iniciada sua execução, não se consumar por
circunstâncias alheias à vontade do agente; o agente será punido com a mesma pena
do crime consumado, mas reduzida de 1/3 a 2/3
Tentativa imperfeita (ou inacabada): o agente é interrompido na execução do
crime enquanto ainda o praticava, não conseguindo esgotar todo o seu potencial
ofensivo
Tentativa perfeita (ou acabada, ou crime falho): o agente esgota toda a sua
potencialidade ofensiva, indo até o fim com os atos executórios
Tentativa branca (ou incruenta): grau de lesividade; o objeto material não é
atingido
Tentativa vermelha (ou cruenta): grau de lesividade; objeto material é atingido
Não admitem tentativa:
a. Crimes culposos
b. Crimes preterdolosos
c. Contravenções penais
d. Crimes omissivos próprios
e. Crimes unissubsistentes
f. Crimes habituais
g. Crimes condicionados, em que a lei exige a ocorrência de um resultado
h. Crimes de atentado ou de empreendimento, cuja figura tentada recebe a
mesma pena do crime consumado
Desistência voluntária e arrependimento eficaz: espécies de tentativa abandonada;
desistência voluntária – aquele que, voluntariamente, desiste de prosseguir na
execução do crime só responderá pelos atos anteriormente praticados
Arrependimento eficaz – o agente que, esgotando os atos executórios, toma atitude e
impede a consumação do crime, não responde pela tentativa do crime inicialmente
visado, mas apenas pelos atos praticados
Diferença: na desistência voluntária, o agente não esgota todos os atos
executórios tendentes à consumação do crime; já no arrependimento eficaz, o agente
pratica todos os atos executórios aptos à consumação
Arrependimento posterior: embora não afastando a tipificação do comportamento do
agente, ensejará a redução da pena; requisitos: a. crimes praticados sem violência ou
grave ameaça à pessoa; b. reparação integral do dano ou restituição da coisa; c. conduta
voluntária (não exige espontaneidade); d. deve ser feito a reparação até o recebimento
da denúncia ou queixa (se for depois, incidirá uma atenuante genérica – diminuição de
pena)

Crime impossível: quando a consumação do crime se tornar impossível em virtude da


absoluta ineficácia do meio empregado ou pela impropriedade absoluta do objeto
material do crime; se a impropriedade for relativa, o agente responderá pela tentativa do
crime que tiver iniciado, não havendo que se falar em crime impossível
Teorias: sintomática – pelo fato de a conduta do agente demonstrar sua
periculosidade, deverá lhe ser imposta uma medida de segurança
Subjetiva – há uma equiparação do crime impossível ao crime tentado,
pelo fato de o agente haver demonstrado a intenção de praticar o crime e produzir
determinado resultado
Objetiva – pelo fato de inexistir ofensa ao bem jurídica, o agente não
merece punição; objetiva pura: quando não se punirá a tentativa quando o meio ou o
objeto forem ineficazes (absoluta ou relativamente); ou objetiva temporada: considera
como crime impossível apenas a ineficácia absoluta do meio e a impropriedade absoluta
do objeto (ADOTADA PELO CP)

ERRO DE TIPO: erro é uma falsa percepção da realidade, um equívoco em que


incorre o agente; se recair sobre elementar ou circunstância do crime será erro de tipo;
se recair sobre a ilicitude de comportamento será erro de proibição
Espécies de erro de tipo: Erro do tipo permissivo – aquele que recai sobre os
pressupostos fáticos de uma causa excludente de ilicitude (descriminantes putativa);
quando o agente, por erro, supõe presentes os pressupostos de fato de causa de exclusão
da ilicitude; a partir de então, fala-se em legítima defesa putativa, estado de necessidade
putativo, cumprimento do dever legal putativo e exercício de direito putativo; se o erro
for inevitável haverá afastamento do dolo e da culpa; se for evitável permanece o
afastamento do dolo, mas o agente responderá por crime culposo; admite tentativa
erro de tipo incriminador – aquele que recai sobre elementares ou
circunstâncias do crime; considera elementar todo dado fundamental à caracterização do
crime (sua ausência acarreta a atipicidade total – eliminação da figura criminosa - ou
parcial – transformação de um crime em outro); a circunstância é todo dado objetivo e
subjetivo de natureza acessória, ou seja, secundário, incapaz de influenciar na
existência, em si, do crime, refletindo, porém, na pena (agravante, qualificadora)
essencial: recai sobre elementares ou circunstâncias do crime;
pode ser invencível – o agente, embora tivesse empregado todas as cautelas, incidirá no
erro, ou seja, não terá como evita-lo, excluindo assim o dolo e a culpa; ou vencível – o
agente poderia ter evitado o erro caso tivesse empregado maior cuidado no caso
concreto, ou seja, seria possível evita-lo, havendo assim exclusão do dolo, mas caberá a
punição do agente por culpa, se prevista esta forma para o crime
acidental: recai sobre dados acessórios do crime, não afastando a
responsabilização do agente; aqui ele sabe que está praticando o crime; seguintes
hipóteses:
erro sobre o objeto – recai sobre o objeto do crime;
pretende atingir determinado objeto, mas, por falsa percepção da realidade, atinge outro
erro sobre a pessoa – recai sobre a pessoa contra a qual
pretende cometer o crime; há confusão do próprio agente que acaba lesionando pessoa
diversa; levar-se-ão em consideração as características da vítima visada
erro na execução (aberratio ictus) – recai na execução do
fato pelo agente, geralmente por sua inabilidade ou pela ocorrência de alguma
circunstância inesperada, atingindo pessoa diversa da pretendida; também é chamada de
desvio na execução ou erro no golpe; nesse caso o agente responderá normalmente pelo
crime, embora atinja pessoa diversa da pretendida
com unidade simples ou resultado único: lesiona
pessoa diversa da pretendida
com unidade complexa ou resultado duplo: atinge
a vítima visada e, também, pessoa diversa; nesse caso o agente responderá pelos dois
crimes, em concurso formal
resultado diverso do pretendido (aberratio criminis ou
delicti) – por acidente ou por erro na execução, atinge bem jurídico diverso do
pretendido, comete crime diverso do que almejava; não se confunde com aberratio
ictus, em que o agente atinge pessoa diversa da pretendida em razão de acidente ou erro
nos meios de execução; responderá pelo resultado produzido, que lhe será imputado a
título de culpa, desde que esteja previsto em lei; se não existe será por tentativo
erro sobre o nexo causal (aberratio causae) – quando ao
agente pretende alcançar um resultado mediante determinada relação de causalidade,
mas, por erro, alcança sua finalidade mediante curso causal diverso do esperado, porém
igualmente por ele produzido, razão pela qual responderá normalmente pelo crime
2. ANTIJURIDICIDADE: a relação de contradição entre a conduta praticada pelo
agente e o ordenamento jurídico; é a contrariedade entre o comportamento praticado
pelo agente e aquilo que o ordenamento jurídico prescreve
Causas excludentes de ilicitude: não há crime se o fato for praticado em estado de
necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal ou em exercício
regular de um direito
Estado de necessidade – conflito de interesses penalmente protegidos;
contudo diante de uma situação de perigo, permite-se o sacrifício de um bem jurídico
para a proteção de outro, desde que haja razoabilidade; não sendo razoável exigir-se o
sacrifício do bem efetivamente lesado, não se pode falar em estado de necessidade,
porém há possibilidade de redução de pena de 1/3 a 2/3; requisitos necessários:
subjetivo – deve saber que sua conduta é voltada à proteção de um bem jurídico próprio
ou alheio; objetivos – a. perigo atual; b. existência de ameaça a bem jurídico próprio ou
alheio; c. perigo não causado pela vontade de quem invoca o EM; d. inexigibilidade de
sacrifício do direito ameaçado; e. inexistência do dever legal de enfrentar o perigo;
havendo excesso o agente responderá pelo resultado a título de dolo ou culpa
Legítima defesa – a pessoa que a invocar, para fazer cessar a agressão
injusta, ataca bem jurídico alheio, repelindo o ataque a bem jurídico próprio ou de
terceiro; a pessoa que invocar a legítima defesa deve utilizar dos meios necessários
moderadamente, suficiente à cessação da agressão injusta a direito próprio ou de
terceiro; requisitos necessários: subjetivo – ciência da situação de agressão injusta e a
atuação voltada a repelir tal situação; objetivos – a. agressão injusta atual ou iminente;
b. direito próprio ou alheio agredido ou próximo de sê-lo; c. uso dos meios necessários;
d. moderação no uso dos meios necessários
Estrito cumprimento de um dever legal e exercício regular de direito
– ECDL é invocada por agentes públicos, cujas condutas, muitas vezes, estão pautadas
por lei; ERD – podemos fazer tudo o que a lei permite ou não proíbe
Descriminantes putativas: é possível que alguém, pela análise das circunstâncias
concretas, acredite que se encontre amparado por alguma das causas excludentes da
ilicitude
3. CULPABILIDADE: pressuposto de aplicação da pena; teorias:
Teoria clássica – exige a vinculação psicológica do agente com o fato por ele
praticado, por meio de dolo ou culpa
Teoria neoclássica – o agente deve ser imputável, agindo com dolo ou culpa
Teoria finalista – o dolo e culpa migram para o fato típico, sendo a
culpabilidade passa a ser estritamente normativa, tendo teoria normativa pura da
culpabilidade, onde se divide em limitada – adotada pelo CP; para esta teoria as
descriminantes putativas podem se caracterizar como erro de tipo ou erro de proibição;
e extremada – as descriminantes para essa teoria sempre constituem erro de proibição
Elementos: imputabilidade; potencial consciência da ilicitude; exigibilidade de
conduta diversa
Causas excludentes da imputabilidade: inimputabilidade – por doença
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado
Menoridade – presunção absoluta
Embriaguez completa, decorrente de caso fortuito ou
força maior – apenas a embriaguez involuntária e completa retira a capacidade do
agente de querer e entender, tornando-o inimputável; se o agente deliberadamente
ingeriu álcool ou substâncias com efeitos análogos será responsabilizado
Causa excludente da potencial consciência da ilicitude: é apenas o erro
de proibição; sendo invencível (impossível que o agente pudesse superar o erro sobre a
ilicitude do fato, ficando isento de pena); ou vencível (poderia superar o erro,
respondendo criminalmente com redução de 1/6 a 1/3 de pena);
Causa excludente da exigibilidade de conduta diversa: coação moral
irresistível – aqui o agente ou familiares ou pessoas próximas é vítima da coação, não
lhe sendo exigível conduta diversa da praticada
Obediência hierárquica a ordem não manifestamente
ilegal – será imprescindível a existência de uma relação de direito público entre superior
hierárquico e subordinado; somente se a ordem não for manifestamente ilegal é que
poderá socorrer-se da causa excludente, caso contrário, se cumprir ordem ilegal,
responderá por sua ação ou omissão

CONCURSO DE PESSOAS: reunião consciente e voluntária, de duas ou mais pessoas,


para a prática de infrações penais; requisitos: pluralidade de agentes; relevância causal
de casa uma das ações; identidade de fato; liame subjetivo ou vínculo psicológico; não é
necessário, contudo, o ajuste prévio; a falta de liame acarreta a autoria colateral, onde
duas pessoas ou mais, descendo a existência uma da outra, praticam atos executórios
com o mesmo objetivo, os quais responderam por cada ato cometido; havendo dúvida
acerca de qual dos agentes deu causa ao resultado, mas sendo constatada a prática de
atos executórios, cada qual responderá pela tentativa (autoria incerta)
Teoria de autoria: material-objetiva – autor é aquele que concorre com
qualquer causa para o implemento de um resultado, e não só o que realize o verbo-
núcleo do tipo penal incriminador
Formal-objetiva – autor é somente aquela pessoa que pratica a conduta
típica descrita em lei, executando o verbo-núcleo do tipo; toda ação que não for
propriamente a correspondente ao verbo do tipo será acessória, conduto, se, de qualquer
modo, concorrer para a prática do crime, a pessoa será considerada partícipe;
ADOTADA PELO CP
Normativa-objetiva – autor é aquele que tem o controle final do fato, ou
seja, domina finalisticamente a empreitada criminosa
Autoria mediata: de acordo com a teoria do domínio do fato, autor mediato é
aquele que usa alguém, por exemplo, desprovido de imputabilidade ou que atue sem
dolo, para a execução de determinado comportamento criminoso; em outras palavras, o
autor mediato se vale de um executor material como instrumento para o cometimento do
ilícito penal, nesse caso o executor não responderá por nada; hipóteses: a. ausência de
capacidade mental; b. coação moral irresistível; c. provocação de erro de tipo escusável;
d. obediência hierárquica
Formas de concurso: coautoria – será coautor aquele que, juntamente com o autor do
crime, com ele colaborar diretamente, de forma consciente e voluntária, para a
realização do verbo-núcleo do tipo; a coautoria pode ser parcial, quando cada um dos
agentes realizar atos executórios diversos, mas que, somados, redundem na consumação
do crime, ou a coautoria pode ser direta, quando todos os agentes praticarem a mesma
conduta típica
Participação – será partícipe aquele que não realizar o verbo-
núcleo do tipo, mas, de qualquer modo, concorrer para o crime; pode ser moral
(induzimento ou instigação do autor à prática do crime) ou material (auxílio); adotou-se
a teoria da acessoriedade limitada, onde só será partícipe aquele que realizar conduta
acessória do autor e desde que esse pratique conduta típica e ilícita
Teorias do concurso de pessoas: teoria unitária – ainda que duas ou mais pessoas
realizem condutas diversas e autônomas, considera-se praticado um só crime; conduta
há a participação de menor importância, que acarreta na diminuição de pena do agente;
há ainda a figura da cooperação dolosamente distinta, a qual o agente que se desviar do
“plano original” e praticar crime diverso, por este responderá, sendo que sua pena
poderá ser aumentada de metade caso o resultado mais grave fosse previsível
Teoria pluralística – cada agente responde por um crime,
independentemente do outro; excepcionalmente o CP adota, como é o caso do binômio
corrupção ativa/passiva e aborto com consentimento da gestante e o terceiro que o
provocou
Teoria dualística – há um crime para os autores e outro para os
partícipes; não foi adotada
Comunicabilidade e incomunicabilidade de elementares e circunstâncias: as condições
de caráter pessoal, somente quando elementares do tipo, comunicam-se aos coautores e
partícipes; utiliza-se 3 regras: a. as elementares comunicam-se aos demais agentes desde
que conhecidas por estes; b. as circunstâncias objetivas (reais ou materiais) comunicam-
se aos demais agentes; c. as circunstâncias subjetivas (caráter pessoal) jamais se
comunicam aos demais agentes quando não forem elementares

Você também pode gostar