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PRINCÍPIOS
Da legalidade: artigo 5º, XXXIX, CF – nenhum crime ou pena podem ser criados senão
em virtude da lei (anterioridade penal)
Da anterioridade: artigo 5º, XXXIX, CF – não há crime sem lei anterior que o defina; a
garantia de que o cidadão não poderá ser criminalmente responsabilizado se a sua
conduta não estiver expressa em lei anterior à prática do fato
Da retroatividade penal benéfica: artigo 5º, XL, CF – o agente será beneficiado por leis
anteriores ou posteriores ao fato criminoso que tenha praticado
Da personalidade ou da responsabilidade pessoal: artigo 5º, XLV, CF – a punição
criminal jamais poderá passar da pessoa do condenado
Da individualização da pena: artigo 5º, XLVI, CF – deve-se garantir que cada um
responda na exata medida de sua culpabilidade
Da humanidade: artigo 5º, XLVII, CF – veda as penas de morte, de caráter perpétuo, de
trabalhos forçados, de banimento e as cruéis
Da intervenção mínima: o Direito Penal deve intervir minimamente na esfera do
indivíduo
Da fragmentariedade: somente deve se ocupar das situações mais graves que aflijam a
sociedade
Da insignificância ou bagatela: ao Direito Penal não é admitido que atue diante de fatos
insignificantes, de somenos importância; para a doutrina e jurisprudência majoritária tal
princípio age como causa de exclusão da tipicidade penal (material)
STF – é necessário que haja os seguintes vetores: a. mínima ofensividade da
conduta; b. nenhuma periculosidade social da ação; c. reduzido grau de reprovabilidade
do comportamento; d. inexpressividade da lesão jurídica provocada
Reincidência: STF - não se aplicaria o aludido princípio quando se tratasse de
parte reincidente, porquanto não haveria que se falar em reduzido grau de
reprovabilidade do comportamento lesivo
STF – a ausência de tipicidade material, que a conduta realizada pelo
paciente não configuraria crime
Na Administração Pública: S 599, STJ – o princípio da insignificância é
inaplicável aos crimes contra a Administração Pública
S 589, STJ – é inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou
contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações
domésticas
Da culpabilidade ou da responsabilidade subjetiva: não é possível que alguém seja
punido se não houver atuado com dolo ou culpa
Da taxatividade: não se admite que as leis que criam os crimes sejam muito genéricas
Da proporcionalidade: a sanção penal deve ser proporcional ao gravame causado pelo
agente
Da vedação da dupla punição (ne bis in idem): veda-se que alguém seja duplamente
apenado (ou processado) pela mesma infração penal
1. FATO TÍPICO: é o fato material descrito em lei como crime; a estrutura do fato
típico é a condutado, resultado, nexo de causalidade (elementos do fato típico) e
tipicidade (descrição do fato material em lei)
Teorias da conduta: teoria clássica, naturalista ou causal – a conduta nada mais é do
que a exteriorização do movimento corporal ou a abstenção de um movimento,
independentemente de qualquer finalidade; o dolo e culpa somente são analisados na
culpabilidade; sendo possível uma conduta sem dolo ou culpa
Teoria neoclássica ou neokantista – o tipo penal descreve uma
conduta valorada negativamente, assim, embora o tipo penal continuasse a trazer
elementos objetivos, trazia uma carga valorativa
Teoria finalista – toda conduta humana necessariamente é
dirigida a uma finalidade, assim, o dolo e culpa saíram da culpabilidade e migraram
para o fato típico
Teoria social da ação – conduta somente assim será considerada
se for socialmente relevante, dominada ou dominável pela vontade
Teoria funcionalista – FUNCIONALISMO RACIONAL-
TELEOLÓGICO: não basta a prática de um comportamento formalmente típico para a
imputação de um resultado ao agente, sendo indispensável que atinja um bem jurídico;
FUNCIONALISMO SISTÊMICO: haverá crime com a infringência da norma, se esta
foi violada, o crime foi praticado
1.1. CONDUTA: todo comportamento humano, positivo ou negativo, consciente e
voluntário, dirigido a uma finalidade específica; pode ser de uma ação ou de omissão,
que há 2 espécies:
Omissão própria: vem descrita na lei; o dever de agir deriva da própria norma;
não se admite tentativa
Omissão imprópria (comissivos por omissão) – o agente tem o dever jurídico
de agir para evitar um resultado; não fazendo responderá por sua omissão se tiver o
dever jurídico de agir e puder agir; o dever jurídico decorre: quando tenha por lei
obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; quando, de outra forma, assumiu a
responsabilidade de impedir o resultado, assumindo a posição de garante ou garantidor;
quando seu comportamento anterior criou o risco de ocorrência do resultado
Comportamento consciente e voluntário: deve saber o que está fazendo, sendo
excluído a conduta as seguintes situações: atos reflexos; sonambulismo e hipnose;
coação física irresistível; caso fortuito; e força maior
1.2 RESULTADO: a consequência ou decorrência natural da conduta humana; 2
formas: resultado normativo (jurídico)
resultado naturalístico – modificação do mundo exterior provocada pela conduta,
é a percepção dos efeitos do crime pelos sentidos humanos; 3 tipos: crimes materiais
(ou de resultado); crimes formais (ou de consumação antecipada) (embora possam
ter um resultado, restarão caracterizados mesmo sem sua verificação); crimes de mera
conduta (ou de simples atividade) (aqueles que não tem resultado naturalístico
1.3. NEXO DE CAUSALIDADE: elo entre a conduta praticado pelo indivíduo e o
resultado dela decorrente
Causas: considera-se causa toda ação ou omissão sem a qual o resultado
não se produziria – teoria da equivalência dos antecedentes; em caso de causa
superveniente é adotada a teoria da causalidade adequada; nos crimes formais e de
mera conduta NÃO haverá que se falar em nexo causal, já que este é o elo entre a
conduta e o resultado
Dependentes: aquelas que decorrem diretamente da conduta do
agente
Independentes: aquelas que produzem o resultado, guardando
alguma ou nenhuma relação com a conduta do agente, se subdividindo-se em: absolutas
(aquelas que por si sós produzem o resultado, independentemente da conduta do agente,
onde ele NÃO responderá pelo resultado); e relativas (são aquelas que por si sós não
produzem o resultado, sendo a conduta do agente decisiva para sua produção,
respondendo, em regra, pelo resultado; exceções: causas supervenientes
relativamente independentes – o agente não responderá pelo resultado, mas, apenas,
pelo que efetivamente causou
1.4. TIPICIDADE: indício de antijuridicidade; relação de subsunção (adequação ou
concreção) entre o fato concreto e a norma penal incriminadora. Haverá tipicidade penal
quando a ação ou omissão praticada pelo indivíduo tiver previsão legal; quando houver
uma descrição de uma conduta proibida em lei, estaremos diante do chamado tipo penal,
que é um modelo legal e abstrato daquela conduta; toda conduta realizada pelo homem
deverá ser preenchida por um elemento subjetivo (dolo ou culpa)
Categorias de tipos penais: incriminadores (ou legais): aqueles que descrevem
a figura criminosa ou contravencional, cominando as respectivas penas; podem conter
os seguintes elementos: objetivos (descritivos, são aqueles que traduzem as
circunstâncias em que a conduta criminosa ou convencional é praticada); subjetivos
(intenção do agente; nem todo tipo penal contém elementos subjetivos); normativos
(aqueles que não conseguirão ser compreendidos sem a emissão de um juízo de valor;
podem exigir uma compreensão puramente jurídica - elementos normativos jurídicos -,
traduzindo-se em expressão que são explicadas pelo direito, vg, conceito de documento
ou extrajurídica, vg, moral, cultural, redundando nos elementos normativos
extrajurídicos)
Permissivo (ou justificadores): aqueles que descrevem a
forma pela qual a conduta humana será considerada lícita; traduzem-se nas causas de
excludentes da ilicitude ou antijuridicidade
CRIME DOLOSO: dolo corresponde à vontade livre e consciente do sujeito ativo
em realizar os elementos do tipo; o CP adotou a teoria da vontade e a teoria do
assentimento; diz-se crime doloso quando o agente quis produzir o resultado (direto) ou
assumiu o risco de produzi-lo (eventual)
Quanto ao dolo direto tem o de 1º grau: quando o agente quer
diretamente produzir determinado resultado; e de 2º grau: quando o agente, almejando
alcançar determinado resultado, sabe, de antemão, que efeitos colaterais advirão de seu
comportamento, produzindo outros resultados não queridos diretamente
CRIME CULPOSO: o agente dá causa ao resultado por imprudência, negligência
e imperícia; quando um agente, mediante uma conduta inicial voluntária, produzir um
resultado ilícito involuntário, previsto ou não, decorrente da violação de um dever
objetivo de cuidado
Imprudência: agir perigosamente (ação)
Negligência: deixar de fazer algo que deveria ter feito (omissão)
Imperícia: realiza algo sem aptidão técnica para tanto (culpa
profissional)
Elementos: a. a conduta inicial deve ser voluntária; b. quebra do dever objetivo
de cuidado; c. resultado involuntário; d. nexo de causalidade; e. tipicidade; f.
previsibilidade objetiva (terceira pessoa, que não o agente, dotada de prudência e
discernimento mediano, conseguiria prever o resultado); g. ausência de previsão
Espécies: culpa consciente – o agente acredita sinceramente que o resultado não
se produzirá, embora o preveja; é a exceção; difere do dolo eventual, pois neste o agente
não só prevê o resultado, mas pouco se importa com sua produção, já na culpa
consciente, ainda que o agente preveja o resultado, acredita sinceramente que este não
ocorrerá
Culpa inconsciente – o agente não prevê o resultado, embora seja
previsível; REGRA
CRIME PRETERDOLOSO: dolo na conduta antecedente e culpa no resultado
consequente; uma das espécies de crimes qualificados pelo resultado
ITER CRIMINIS: caminho percorrido pelo crime; todo crime passa ou pode passar
por pelo menos 4 fases:
Cogitação: por ter relação direta com o aspecto volitivo (vontade) do agente, é
impunível
Preparação: corresponde à tomada de providências pelo agente para ser
possível a realização do crime; prepara todas as circunstâncias que antecedam à prática
criminosa; em regra é impunível; porém por vezes o CP incrimina típicos atos
preparatórios, como o crime de associação criminosa
Execução: prática do primeiro ato idôneo e inequívoco, hábil a consumar o
crime; quando iniciada a execução do verbo (ação nuclear) do tipo = critério formal
adotado
Consumação: verifica-se de acordo com cada crime: material, formal, de mera
conduta
Crime consumado: quando nele reunirem todos os elementos de sua definição legal;
porém nem todos os crimes apresentam o mesmo momento consumativo:
a. Crimes materiais, culposos e omissivos impróprios: produção do
resultado naturalístico
b. Crimes formais: realização da conduta nuclear, sendo o resultado
descrito no tipo mero exaurimento
c. Crimes de mera conduta: será alcançada com a simples atividade
descrita no tipo penal
d. Crimes permanentes: consumação se protrai no tempo; se verifica a
cada instante, enquanto não cessada a conduta típica
e. Crimes qualificados pelo resultado: somente atingem a consumação
com a produção do resultado agravador
f. Crimes omissivos próprios: crimes de mera conduta; com a simples
inação prevista no tipo penal
Crime tentado (conatus): é tentado quando, iniciada sua execução, não se consumar por
circunstâncias alheias à vontade do agente; o agente será punido com a mesma pena
do crime consumado, mas reduzida de 1/3 a 2/3
Tentativa imperfeita (ou inacabada): o agente é interrompido na execução do
crime enquanto ainda o praticava, não conseguindo esgotar todo o seu potencial
ofensivo
Tentativa perfeita (ou acabada, ou crime falho): o agente esgota toda a sua
potencialidade ofensiva, indo até o fim com os atos executórios
Tentativa branca (ou incruenta): grau de lesividade; o objeto material não é
atingido
Tentativa vermelha (ou cruenta): grau de lesividade; objeto material é atingido
Não admitem tentativa:
a. Crimes culposos
b. Crimes preterdolosos
c. Contravenções penais
d. Crimes omissivos próprios
e. Crimes unissubsistentes
f. Crimes habituais
g. Crimes condicionados, em que a lei exige a ocorrência de um resultado
h. Crimes de atentado ou de empreendimento, cuja figura tentada recebe a
mesma pena do crime consumado
Desistência voluntária e arrependimento eficaz: espécies de tentativa abandonada;
desistência voluntária – aquele que, voluntariamente, desiste de prosseguir na
execução do crime só responderá pelos atos anteriormente praticados
Arrependimento eficaz – o agente que, esgotando os atos executórios, toma atitude e
impede a consumação do crime, não responde pela tentativa do crime inicialmente
visado, mas apenas pelos atos praticados
Diferença: na desistência voluntária, o agente não esgota todos os atos
executórios tendentes à consumação do crime; já no arrependimento eficaz, o agente
pratica todos os atos executórios aptos à consumação
Arrependimento posterior: embora não afastando a tipificação do comportamento do
agente, ensejará a redução da pena; requisitos: a. crimes praticados sem violência ou
grave ameaça à pessoa; b. reparação integral do dano ou restituição da coisa; c. conduta
voluntária (não exige espontaneidade); d. deve ser feito a reparação até o recebimento
da denúncia ou queixa (se for depois, incidirá uma atenuante genérica – diminuição de
pena)