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Procurador-Geral de Justiça
Jarbas Soares Júnior
Chefe de Gabinete
Paulo de Tarso Morais Filho
Secretária-Geral
Cláudia Ferreira Pacheco de Freitas
Coordenador do CAO-Saúde
Luciano Moreira de Oliveira
Sumário
PLANO GERAL DE ATUAÇÃO 2021: ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE .............................. 3
ROTEIRO DE ATUAÇÃO ...................................................................................................................... 3
ANEXOS ................................................................................................................................................. 9
Portaria de instauração de procedimento administrativo............................................................ 10
Modelo de ofício para requisição de informações ....................................................................... 12
Minuta de despacho em procedimento administrativo: Concessão de prazo para
regularização das equipes ................................................................................................................. 16
Minuta de decisão de arquivamento em procedimento administrativo .................................... 18
Minuta de portaria de instauração de Inquérito Civil .................................................................. 21
Minuta de recomendação: cadastro de profissionais no CNES ................................................. 23
Minuta de ata de reunião.................................................................................................................. 29
Minuta de edital para audiência pública ......................................................................................... 31
Minuta de recomendação: provimento de profissionais nas equipes de ESF .......................... 36
Minuta de TAC: regularização das equipes de ESF ..................................................................... 43
Minuta de ACP: regularização das equipes de ESF ..................................................................... 50
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1
Art. 2º da Portaria GM/MS nº 2.436, de 21 de setembro de 2017.
2
NUNES, Rui. Regulação da Saúde. 3ª Ed. Porto: Vida Econômica, 2014, p. 80. SOLLA, Jorge; CHIORO, Arthur.
Atenção ambulatorial especializada. In GIOVANELLA, Ligia, et al. Políticas e Sistemas de Saúde no Brasil. Rio
de Janeiro: FIOCRUZ, 2009, p. 628.
3
“Consistent with previous literature we found that primary health care played an essential role in reducing deaths
amenable to health care in Brazil. This further highlights the importance of investing in primary health care to
achieve universal health coverage and improve health outcomes in low and middle-income settings. The health
gains demonstrated can be achieved at low cost, with states and municipalities combined spending approximately
US$90 per person per year on ESF in 2.010.” HONE, Thomas, et al. Large reductions in amenable mortality
associated with Brazil's primary care expansion and strong health governance. Health Affairs, v. 36, n. 1, (fev.
2.017), p. 156. “(…) strong positive associations between the ‘strength’ of a primary care system and health, and
that strong systems of primary care are associated with lower health disparities and costs.” SCOTT, Anthony;
JAN, Stephen. Primary Care. In GLIED, Sherry; SMITH, Peter C. The Oxford Handbook of Health Economics
[em linha]. Oxford: Oxford handbooks online, 2012, p. 7. Disponível em: <http://www.oxfordhandbooks.com>.
Acesso em 28 set. 2.019. STARFIELD, Barbara. Atenção primária: equilíbrio entre necessidades de saúde,
serviços e tecnologia. Brasília: UNESCO, Ministério da Saúde, 2002, p. 34.
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cabendo ao Poder Público assegurar cobertura mínima, por categoria profissional, de 40 horas
semanais.
A habilitação das Equipes de Saúde da Família junto ao Ministério da Saúde exige que
estas possuam composição completa de profissionais de saúde prevista na Política Nacional de
Atenção Básica. Por outro lado, como exposto, deve ser assegurado pelos municípios o
cumprimento de carga horária mínima.
Há diversos sistemas de informações abertos à consulta pública que permitem
identificar dados relevantes sobre a atenção primária municipal, verificar o número de Equipes de
Saúde da Família, os profissionais que a compõem e a respectiva carga horária. Nesse sentido,
apontam-se o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – CNES4 – e o Sistema de Notas
Técnicas do Departamento de Saúde da Família do Ministério da Saúde – DESF.5
Esclarece-se que o CNES também aponta os profissionais que atuam em mais de uma
Equipe de Saúde da Família, no mesmo município ou em outro ente da federação. Esta situação é
admitida desde que limitada a dois vínculos profissionais e se houver compatibilidade de horários
(art. 37, XVI, “c” da Constituição). Todavia, o fato poderá servir como alerta para possível
irregularidade quando descumpridos os parâmetros constitucionais (mais de dois vínculos e
incompatibilidade de horários).
Apesar da disponibilidade dessas informações, verifica-se uma defasagem temporal
desses dados nos sistemas de informação, assim como divergências entre as informações que
constam das bases de dados oficiais e a prática cotidiana das unidades básicas de saúde onde atuam
as Equipes de Saúde da Família. Comunicações sobre a insuficiência de profissionais e o
descumprimento da carga horária contratada, o que implica a ausência e outras distorções na
prestação de serviços de saúde, são conhecidas nas Promotorias de Justiça.
Assim sendo, para a fiscalização das ações municipais voltadas para a implementação
da Estratégia Saúde da Família propõe-se o seguinte:
1. A instauração de Procedimento(s) Administrativo(s) para fiscalização e
acompanhamento de política pública (art. 1º, II, da Resolução Conjunta PGJ/CGMP nº 01/2019)
4
Há várias possibilidades de pesquisa que podem fornecer informações relevantes sobre as Equipes de Saúde da
Família e profissionais que as integram na página do CNES. Desde logo, indica-se os seguintes links. Para consulta
ao número de equipes: http://cnes2.datasus.gov.br/Mod_Ind_Equipes.asp. Para obter relatório sobre os
profissionais disponíveis: http://cnes.datasus.gov.br/pages/profissionais/extracao.jsp.
5
http://sisaps.saude.gov.br/notatecnica/frmListaMunic.php.
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tendo por objeto realizar o diagnóstico e a avaliação da composição das Equipes de Saúde da
Família no âmbito de cada município que compõem a comarca.6
2. Requisição de informações estruturada sobre o número de Equipes de Saúde da
Família, relação de profissionais que as compõem, natureza de seu vínculo laboral, respectiva carga
horária de trabalho e dias de comparecimento à unidade de saúde. Na mesma requisição, o
município deverá ser instado a informar as Equipes de Saúde da Família eventualmente
incompletas, expor as razões e indicar as medidas para suprir a ausência de profissionais de saúde.
3. As informações prestadas pelo município poderão ser confrontadas com os dados
disponíveis nos sistemas de informações acima indicados (CNES e Sistema de Notas Técnicas do
Departamento de Saúde da Família do Ministério da Saúde). Além disso, poderão ser adotadas
outras estratégias de apuração como a promoção de inspeções (art. 67, I, “c” da LC 34/94) e de
audiências públicas (art. 68, parágrafo único, IV, da Constituição).
4. Eventual defasagem ou divergência do município em relação aos dados disponíveis
no CNES poderá ser objeto de recomendação para que seja realizada a devida atualização.
5. Havendo equipe desprovida, mas em processo de provimento de profissional, o
órgão de execução poderá assinalar prazo razoável para conclusão das medidas. Concluídas as
medidas, o procedimento poderá ser arquivado.
6. Havendo equipe desprovida, sem justificativa ou indicação de providências
concretas pelo gestor, sugere-se a instauração de inquérito civil, com o objetivo de promover
medidas necessárias para o regular provimento de profissionais pelas Esquipes de Saúde da Família.
7. Para a instrução do inquérito civil, sugere-se a ênfase na atuação resolutiva, com o
agendamento de reunião, expedição de recomendação, proposta de TAC e de eventual ação civil
pública para buscar o provimento adequado de profissionais.
8. Sugere-se que casos individuais de desvios de conduta pelos profissionais de saúde
sejam apurados em procedimentos civis e criminais apartados.
Todos os documentos necessários para a condução dessa ação estadual do Plano Geral
de Atuação encontram-se anexos.
6
Observada a independência funcional, poderá o órgão de execução, a seu juízo, decidir pela avaliação da ESF de
algum(ns) dos municípios que integrarem sua comarca, por exemplo, levando em conta notícias de irregularidades
ou conhecimento prévio da regularidade da situação local.
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Cordialmente,
ANEXOS
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
PORTARIA DE INSTAURAÇÃO DE
PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
REPRESENTADO(A):
_______________________________________
PROMOTOR(A) DE JUSTIÇA
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Oficio nº ___/2021
Senhor Secretário,
O município é o ente “chave” nesse processo, pois é nele que se dá a execução das
práticas e surgem as dificuldades na organização e garantia do atendimento acolhedor e resolutivo.
Assim sendo, venho pelo presente, com fundamento no art. 67, I, b da LC 34/94,
requisitar que sejam enviadas ao Ministério Público as seguintes informações no prazo de 10 (dez)
dias úteis:
1. Apresente informações de forma estruturada, em planilha impressa e arquivo
eletrônico, indicando o número de Equipes de Saúde da Família, relação de profissionais que
compõem cada uma delas, natureza do respectivo vínculo laboral, carga horária de trabalho e dias
de comparecimento à unidade de saúde.
2. Informe as Equipes de Saúde da Família eventualmente incompletas, expondo as
razões para tal e indicando as medidas para suprir a ausência de profissionais de saúde.
Certo do atendimento, renovo protestos de respeito e consideração.
Cordialmente,
Promotor(a) de Justiça
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Modelo de planilha para prestar informações ao Ministério Público. Gentileza elaborar em arquivo
do Excel.
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DESPACHO
Promotor(a) de Justiça
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DESPACHO
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Promotor(a) de Justiça
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REPRESENTADO(S):
Registre e autue esta portaria, publicando seu extrato no Diário Oficial Eletrônico do
Ministério Público de Minas Gerais - DOMP/MG. Cumpra-se.
Promotor(a) de Justiça
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RECOMENDAÇÃO n° __/2021
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bem como ao respeito, aos interesses, direitos e bens cuja defesa lhe cabe promover, fixando prazo
razoável para a adoção das providências cabíveis;
CONSIDERANDO que incumbe ao Ministério Público zelar pelo efetivo respeito
dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados na Constituição,
promovendo as medidas necessárias a sua garantia e efetivação:
Promotor(a) de Justiça
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ATA DE REUNIÃO
Aos ___ dias do mês de __________ de 2021, às ______ horas, realizou-se Reunião
para a discussão das medidas necessárias para o regular provimento de profissionais pelas Equipes
de Saúde da Família do município de ______________. Estiveram presentes / participaram:
____(nome)_______________, Prefeito(a) Municipal, _____(nome)___________, Secretário(a)
Municipal de Saúde _____(nome)______________, Procurador(a) do município de
_____________, _____(nome)______________, representante do Conselho Municipal de Saúde,
________(nome)________, Promotor de Justiça da comarca de ___________.
Iniciados os trabalhos, o Promotor de Justiça esclareceu que o motivo da reunião é a existência de
Equipe(s) de Saúde da Família desprovida(s) de profissionais, a falta de justificativa ou indicação
de providências concretas pelo gestor para sanar a(s) irregularidade(s) e, principalmente, a adoção
de medidas pelos gestores locais para a manutenção de equipes completas de ESF, com a
contratação e manutenção de profissionais de saúde, assim como de efetiva disponibilidade desses
profissionais pela carga horária estabelecida normativamente e contratada pelo Poder Público.
Após os debates e discussões, foram propostos os seguintes encaminhamentos: I - Em relação ao
município de ______________: 1) Em ____ dias o município deverá comprovar a atualização
do cadastro de equipes, profissionais, carga horária, serviços disponibilizados, equipamentos e
estabelecimentos de saúde de seu território, em consonância com a Política Nacional de Atenção
Básica e, de modo a sanar as informações deficitárias perante o Cadastro Nacional de
Estabelecimentos de Saúde (SCNES); 2) Em _____ dias informará as medidas tomadas para
organizar e manter as atuais equipes de Estratégia de Saúde de Família (ESF) nos parâmetros
trazidos pela Portaria GM/MS n.° 2.436/2017; 3) Em _____ dias informará as medidas adotadas
para implementar e fazer funcionar as (número) equipes completas de Estratégia de Saúde de
Família (ESF) que já se encontram credenciadas perante o Ministério da Saúde para atuação junto
ao território do município; 4) Em ____ dias informará as medidas adotadas para regularização do
déficit de profissionais das Equipes de Estratégia de Saúde de Família (ESF) hoje em
funcionamento. Nada mais havendo, encerra-se a presente ata, que se segue assinada por todos.
Promotor(a) de Justiça
Prefeito(a)
Secretário(a) Municipal de Saúde
Procurador(a) do Município
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ponto de contato preferencial dos usuários com o Sistema Único de Saúde (SUS), onde deverão
ser abordados (atendidos) os problemas mais frequentes e relevantes de saúde da população;
CONSIDERANDO que a Estratégia de Saúde da Família (ESF) é considerada
prioritária para a expansão, qualificação e consolidação da Atenção Básica, por favorecer uma
reorientação do processo de trabalho com maior potencial de ampliar a resolutividade e impactar
na situação de saúde das pessoas e coletividades, além de propiciar uma importante relação custo-
efetividade;
CONSIDERANDO que a manutenção de equipes completas e com efetiva
disponibilidade da carga horária legal contratada contribui para a prestação de serviços de saúde
resolutivos;
CONSIDERANDO as informações prestadas pela Secretaria Municipal de Saúde de
(nome do município) sobre o número de Equipes de Saúde da Família, Relação de Profissionais
que as compõem, natureza de seu vínculo laboral, respectiva carga horária de trabalho e dias de
comparecimento à unidade de saúde;
CONSIDERANDO que é função institucional do Ministério Público “zelar pelo
efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados
nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia” (art. 129, II da Constituição
da República);
CONSIDERANDO que incumbe ao Ministério Público a efetiva defesa, jurisdicional
e extrajurisdicional, dos direitos fundamentais da sociedade, nos termos dos arts. 127, caput e 129,
ambos da Constituição da República;
CONSIDERANDO que, dentre os instrumentos disponíveis para o exercício das
atribuições instrumentos, as audiências públicas realizadas pelo Ministério Público se apresentam
como um dos mais eficazes mecanismos pelos quais o cidadão, a sociedade organizada, os
movimentos sociais e os órgãos públicos estatais, de forma democrática, transparente, dialética e
plural, colaboram com o exercício de suas finalidades relacionadas ao zelo do interesse público e à
defesa dos direitos e interesses fundamentais de modo geral;
CONSIDERANDO que a audiência pública é o instrumento adequado para “coletar,
junto à sociedade e ao Poder Público, elementos que embasem a decisão do órgão do Ministério
Público” (art. 1º, §2º da Resolução CNMP nº 82/2012 e art. 1º da Resolução PGJ nº 29/2014);
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PROCEDIMENTOS
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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RECOMENDAÇÃO n° ___/2021
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na situação de saúde das pessoas e coletividades, além de propiciar uma importante relação custo-
efetividade;
CONSIDERANDO que no município de ________________ existem Equipes de
Saúde da Família desprovidas de profissionais e que não houve indicação de medidas necessárias
para promover o regular provimento de profissionais dessas equipes pelo Poder Público;
CONSIDERANDO que a Equipe de Saúde da Família (ESF) é composta no mínimo
por médico, preferencialmente da especialidade medicina de família e comunidade, enfermeiro,
preferencialmente especialista em saúde da família; auxiliar e/ou técnico de enfermagem e agente
comunitário de saúde (ACS) e que podem fazer parte da equipe o agente de combate às endemias
(ACE) e os profissionais de saúde bucal: cirurgião-dentista, preferencialmente especialista em saúde
da família, e auxiliar ou técnico em saúde bucal;
CONSIDERANDO que de acordo com os dados do Ministério da Saúde
(http://sisaps.saude.gov.br/notatecnica/frmListaMunic.php), o município de
________________ apresenta __% de cobertura para a Atenção Básica e de apenas ____% de
cobertura para a Estratégia Saúde da Família;
CONSIDERANDO que foi realizada no dia ___ de ______ de 2021 Audiência
Pública no município, com a presença das autoridades locais, gestores do SUS, Ministério Público
do Estado de Minas Gerais, assim como usuários do SUS e que, na oitiva, foram levantados
diversos problemas e apontadas diversas irregularidades relacionadas aos serviços da atenção básica
municipal;
CONSIDERANDO que o Ministério Público é instituição permanente, essencial à
função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático
e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, nos termos do art. 127, caput, da Constituição
da República;
CONSIDERANDO que é função institucional do Ministério Público zelar pelo
efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados
na Constituição, promovendo as medidas necessárias à sua garantia, consoante dispõe o art. 129,
II da Constituição da República;
CONSIDERANDO ser o Ministério Público órgão agente da fiscalização da gestão
pública de saúde, assim definido na Seção IV, Capítulo IV da Lei Complementar federal nº 141, de
13 de janeiro de 2012;
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CONSIDERANDO que o artigo 27, parágrafo único, inciso IV, da Lei n° 8.625/1993
(Lei Orgânica Nacional do MP) faculta ao Ministério Público expedir recomendação administrativa
aos órgãos da administração pública estadual e municipal;
CONSIDERANDO que o artigo 6º inciso XX da Lei Complementar 75/1993,
aplicável por força do previsto no artigo 80 da Lei 8.625/1993, dispõe que compete ao Ministério
Público expedir recomendações, visando à melhoria dos serviços públicos e de relevância pública,
bem como ao respeito, aos interesses, direitos e bens cuja defesa lhe cabe promover, fixando prazo
razoável para a adoção das providências cabíveis;
CONSIDERANDO que incumbe ao Ministério Público zelar pelo efetivo respeito
dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados na Carta Magna,
promovendo as medidas necessárias a sua garantia e efetivação:
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Fixa-se o prazo de até ____ (______) dias, a contar do recebimento, para resposta
instruída de documentos quanto ao acatamento da presente Recomendação.
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possui credenciadas __ (______) equipes de Saúde de Família junto ao Ministério da Saúde, mas
contaria hoje com apenas __ (_______) equipes de fato implementadas (dados atualizados até o
mês de ____ de 2021)
CONSIDERANDO que foi realizada no dia ___ de ______ de 2021 Audiência
Pública no município, com a presença das autoridades locais, gestores do SUS, Ministério Público
do Estado de Minas Gerais, assim como usuários do SUS e que na oitiva foram levantados diversos
problemas e apontadas diversas irregularidades relacionadas aos serviços da atenção básica
municipal;
CONSIDERANDO que no Inquérito Civil n° __________________, apurou-se a
ocorrência de irregularidades nas equipes de Estratégia de Saúde de Família (ESF), por estrarem
desacordo com nos parâmetros trazidos pela Portaria GM/MS n.° 2.436/2017, especificamente
no que pertine ao irregular provimento de profissionais por estas equipes e o descumprimento da
carga horária de trabalho estabelecida;
Resolvem CELEBRAR, nos termos do artigo 5º, § 6º, da Lei n.º 7.347/85, o presente
COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA, conforme cláusulas a seguir
expostas:
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COMPROMITENTE ______________________________________
COMPROMISSÁRIO/REP. LEGAL___________________________
SECRETÁRIO(A) DE SAÚDE__________________________________
ADVOGADO(A)___________________________________________
TESTEMUNHA:_________________________________________
Nome:
CPF:
TESTEMUNHA:_________________________________________
Nome:
CPF:
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1. DOS FATOS
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legais e infralegais, notadamente, uma oferta deficiente de serviços de saúde na Estratégia Saúde da
Família em razão da manutenção de equipes incompletas, ausência de cumprimento da carga horária
pelos profissionais de saúde (indicar outras inconformidades) com graves prejuízos a toda população
usuária dos serviços de saúde através do SUS no Município.
2. DO DIREITO
2.1 A SAÚDE E A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA NA CONSTITUIÇÃO
A Constituição conferiu ampla proteção ao direito à saúde, tanto por normas expressas,
como por decorrência da proteção de outros valores, bens e direitos. Nessa linha, logo no artigo 1º,
o constituinte definiu como fundamento da República Federativa do Brasil a dignidade da pessoa
humana e, no artigo 3º, instituiu como objetivo do país a promoção do bem de todos.
O princípio da dignidade da pessoa humana implica o reconhecimento da:
(...) qualidade intrínseca e distintiva reconhecida em cada ser humano que
o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e
da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e
deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer
ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as
condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de
propiciar e promover sua participação ativa e co-responsável nos destinos
da própria existência e da vida em comunhão com os demais seres
humanos, mediante o devido respeito aos demais seres que integram a rede
da vida.7 (grifou-se)
7SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituição Federal de 1988. 9ª Ed. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2012, p. 73
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Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
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e ênfase na descentralização dos serviços para os municípios. O art. 9º, III, da mesma lei,
estabelece que a direção SUS é exercida, no município, pela Secretaria Municipal de Saúde.
É atribuição da direção municipal do SUS “planejar, organizar, controlar e
avaliar as ações e os serviços de saúde e gerir e executar os serviços públicos de saúde”,
como dispõe o art. 18, I da Lei 8.080/90.
Neste sentido os Tribunais Pátrios:
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municipal de saúde para fins de incentivo para a criação e manutenção das equipes da ESF,
conforme a realidade estrutural do município.
Há que se ressaltar que essa estratégia é fundamental para a operacionalização da
atenção primária em um grau adequado de atendimento de qualidade, preventivo e resolutivo, com
reflexos nos demais níveis de atenção no âmbito do SUS. Uma das principais características das
ações das Equipes da ESF é o vínculo estabelecido entre elas e a comunidade atendida.
Ao tratar das responsabilidades atinentes à Atenção Básica, a Portaria MS/GM nº 2.436,
de 21 de setembro de 2017, estabelece que:
Art. 7º. São responsabilidades comuns a todas as esferas de governo:
(...)
II - apoiar e estimular a adoção da Estratégia Saúde da Família - ESF como
estratégia prioritária de expansão, consolidação e qualificação da Atenção
Básica.
Art. 10. Compete às Secretarias Municipais de Saúde a coordenação
do componente municipal da Atenção Básica, no âmbito de seus
limites territoriais, de acordo com a política, diretrizes e prioridades
estabelecidas, sendo responsabilidades dos Municípios e do Distrito
Federal:
I - organizar, executar e gerenciar os serviços e ações de Atenção
Básica, de forma universal, dentro do seu território, incluindo as
unidades próprias e as cedidas pelo estado e pela União;
(...)
VI - organizar os serviços para permitir que a Atenção Básica atue como a
porta de entrada preferencial e ordenadora da RAS;
(...)
X - inserir a Estratégia de Saúde da Família em sua rede de serviços como
a estratégia prioritária de organização da Atenção Básica;
XI - prestar apoio institucional às equipes e serviços no processo de
implantação, acompanhamento, e qualificação da Atenção Básica e de
ampliação e consolidação da Estratégia Saúde da Família;
(...)
XIV - selecionar, contratar e remunerar os profissionais que
compõem as equipes multiprofissionais de Atenção Básica, em
conformidade com a legislação vigente;
(...)
IX - assegurar o cumprimento da carga horária integral de todos os
profissionais que compõem as equipes que atuam na Atenção
Básica, de acordo com as jornadas de trabalho especificadas no
Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde vigente
e a modalidade de atenção. (grifou-se)
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3. DA TUTELA DE URGÊNCIA
Dispõe o art. 300 do CPC/2015 que “a tutela de urgência será concedida quando houver
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo”.
No caso em exame, os fatos estão comprovados pelos documentos juntados aos autos
e que compõem o Inquérito Civil nº ______________. Nessa linha, as informações prestadas pelo
município, os relatórios colhidos junto aos sistemas de informações do Ministério da Saúde, os
relatórios elaborados pela(a) servidor(a) do Ministério Público e as atas de reunião evidenciam que
a(s) equipe(s) da Estratégia Saúde da Família não contam com os profissionais de saúde mínimos
necessários ao seu funcionamento, como estabelecem as normas vigentes. Ademais, os profissionais
não estão efetivamente disponíveis para atendimento conforme a carga horária legal e contratada.
Como já exposto, a Lei Federal n. 8080/90, em seu art. 18, inciso I, estabelece ser de
atribuição da direção municipal do SUS “planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os serviços
de saúde e gerir e executar os serviços públicos de saúde”. Por sua vez, a Política Nacional de
Atenção Básica estabelece, dentre as competências das Secretarias Municipais de Saúde, a
coordenação do componente municipal da Atenção Básica, no âmbito de seus limites territoriais, de
acordo com a política, diretrizes e prioridades estabelecidas, sendo responsabilidades dos Municípios
e do Distrito Federal (...) “organizar, executar e gerenciar os serviços e ações de Atenção Básica, de
forma universal, dentro do seu território, incluindo as unidades próprias e as cedidas pelo estado e
pela União”, “organizar os serviços para permitir que a Atenção Básica atue como a porta de entrada
preferencial e ordenadora da RAS”, “inserir a Estratégia de Saúde da Família em sua rede de
serviços como a estratégia prioritária de organização da Atenção Básica”, “selecionar,
contratar e remunerar os profissionais que compõem as equipes multiprofissionais de
Atenção Básica, em conformidade com a legislação vigente” e “assegurar o cumprimento
da carga horária integral de todos os profissionais que compõem as equipes que atuam na
Atenção Básica, de acordo com as jornadas de trabalho especificadas no Sistema de
Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde vigente e a modalidade de atenção” (art.
10, I, VI, X, XIV e XIX).
Presente está, assim, o fumus boni juris.
O periculum in mora está presente no caso em comento, na medida em que a demora no
julgamento do mérito permitirá a manutenção do atual estado de coisas, qual seja, o funcionamento
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Se é certo que a liminar não deve ser prodigalizada pelo Judiciário, para não
entravar a atividade normal da Administração, também não deve ser negada
quando se verifiquem seus pressupostos legais, para não se tornar inútil o
pronunciamento final a favor do impetrante. Casos há – e são freqüentes –
em que o tardio reconhecimento do direito do postulante enseja seu total
aniquilamento. Em tais hipóteses, a medida liminar impõe-se como
providência de política judiciária, deixada à prudente discrição do juiz.”8
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MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de segurança. 26. ed. São Paulo: Malheiros, 2003. p. 79.
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4. DOS PEDIDOS
Promotor(a) de Justiça
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