Você está na página 1de 8

Artigo de Revisão

Perfil da pesquisa clínica no Brasil


Profile of clinical research in Brazil
Chaiane Zucchetti, Fernanda Bueno Morrone

resumo
Revista HCPA. 2012;32(3):340-347 A pesquisa clínica é definida por ser qualquer investigação em seres humanos,
objetivando descobrir ou verificar os efeitos farmacodinâmicos, farmacológicos,
Faculdade de Farmácia, Pontifícia clínicos e identificar reações adversas ao produto em investigação com o intuito
Universidade Católica do Rio Grande de averiguar sua segurança e eficácia. O objetivo deste estudo foi realizar uma
do Sul (PUCRS). revisão bibliográfica a fim de estabelecer um perfil da pesquisa clínica realizada
nos últimos dez anos no Brasil. Para esta revisão, utilizou-se livros e artigos
Contato: científicos publicados nos seguintes bancos de informações: SciELO e PubMed.
Fernanda Bueno Morrone Também foram utilizados dados da Organização Pan-Americana da Saúde, Agência
fernanda.morrone@pucrs.br Nacional de Vigilância Sanitária, e outros portais destinados à pesquisa clínica. Os
Porto Alegre, RS, Brasil dados coletados apontam um crescimento e o fortalecimento da pesquisa clínica
no Brasil. Os desafios a serem vencidos são ainda grandes, mas o futuro para o
setor de Pesquisa e Desenvolvimento na área farmacêutica no Brasil é, sem dúvida,
muito promissor.
Palavras-chave: pesquisa clínica; indústrias farmacêuticas; Brasil
ABSTRACT
Clinical research is defined as any research in humans, with the objective to
discover or to verify the pharmacodynamic, pharmacological and clinical effects,
and to identify adverse reactions of a product in research, with the purpose to
investigate its safety and efficacy. The aim of this study was to conduct a literature
review in order to establish a profile of clinical research performed in the last ten
years in Brazil. For this review, we used books and scientific articles published in the
following data bank information: SciELO and PubMed. There were also used data
from the Pan American Health Organization, National Health Surveillance Agency,
and other portals for clinical research. The collected data indicate a growth and
strengthening of clinical research in Brazil. The challenges to be overcome are still
large, but the future for the sector Research and Development in pharmaceuticals
in Brazil is certainly very promising.
Keywords: clinical research; pharmaceutical industry; Brazil

O conhecimento científico que de um novo medicamento se dá pela


nossa sociedade possui é proveniente descoberta do agente que envolve
de estudos realizados a partir de ensaios robustos com o objetivo de
observações e experimentações testar os compostos moleculares;
com elevado rigor metodológico. Foi identificação de novos alvos e
assim que Medicina evoluiu e pode confirmação da sua atuação na doença
atingir o patamar que hoje possibilita através da pesquisa pré-clínica que
à sociedade um grande arsenal geralmente é realizado primeiramente
terapêutico de medicamentos, que in vitro e posteriormente em animais
além de prolongar a expectativa de (2). De cada 10.000 moléculas
vida da população, proporciona uma analisadas, somente uma transforma-
melhor qualidade de vida (1) se em medicamento. Sabe-se que o
processo de inovação de fármacos
O processo de desenvolvimento
e medicamentos demanda além de

340 Rev HCPA 2012;32(3) http://seer.ufrgs.br/hcpa


Pesquisa clínica no Brasil

tempo e recursos, centenas de milhões de dólares, e em segurança de todas as partes envolvidas em um ensaio
média 10 anos de pesquisa (3). clínico (10). Nos Estados Unidos, a agência Food and
Drug Administration (FDA) é o órgão soberano que
A pesquisa clínica é definida por qualquer
regulamenta e supervisiona a condução de um estudo
investigação científica realizada em seres humanos,
clínico. A grande missão da agência é a proteção e
com o intuito de descobrir ou verificar os efeitos
promoção da saúde pública por intermédio da avaliação
farmacodinâmicos, farmacocinéticos, farmacológicos,
da segurança, eficácia e qualidade dos produtos com
clínicos e outros possíveis efeitos dos produtos
que trabalha (11).
investigados, além de avaliar sua segurança e eficácia.
Estas análises poderão contribuir para o registro ou a Nas últimas décadas, tem-se observado um
alteração deste junto à Agência Nacional de Vigilância importante crescimento da pesquisa em saúde
Sanitária (ANVISA) (4). voltada para o paciente internado. Este crescimento
pode ser atribuído a diversos fatores, como por
Os estudos na pesquisa clínica têm sido importantes
exemplo, a revolução nos métodos diagnósticos,
na compreensão do mecanismo de uma doença,
onde temos o hospital como um espaço privilegiado
na descoberta de novas opções terapêuticas e
de experimentação e condução destes ensaios, o
consequentemente possibilitar o desenvolvimento de
envelhecimento populacional e o aumento da incidência
novos tratamentos (5). Nos últimos tempos, devido ao
das doenças degenerativas, que se torna responsável
grande progresso na farmacologia, houve a possibilidade
pela internação de grande parte da população, além
dessas descobertas através da pesquisa científica (6).
do fortalecimento de medidas regulatórias destinadas
O desenvolvimento da pesquisa clínica necessita de a proteger os indivíduos que participam da pesquisa
uma estrutura específica. Um centro de pesquisa clínica clínica (12).
se caracteriza como o local onde executa as atividades
Tendo em vista que a pesquisa clínica adquiriu uma
relacionadas ao estudo, que devem, obrigatoriamente,
nova importância no cenário da pesquisa em saúde (12),
serem realizadas de acordo com princípios éticos que
esta revisão bibliográfica tem como objetivo principal
tem origem na Declaração de Helsinque. Essa declaração
estabelecer um perfil da Pesquisa Clínica no Brasil nos
estabelece as normas éticas para a condução das
últimos dez anos, caracterizando-a de acordo com os
pesquisas envolvendo seres humanos, baseando-se nos
tipos de estudos realizados e suas fases predominantes.
direitos, na segurança e no bem-estar dos mesmos (7).
No Brasil todos os ensaios clínicos são avaliadas Fases da pesquisa clínica e suas
pelo CEP da instituição onde a pesquisa é realizada, características
além de, se necessário, haver uma segunda avaliação
O objetivo principal de um estudo clínico é avaliar
pela CONEP. A aprovação pela ANVISA, através de sua
se os danos - efeitos adversos - são toleráveis e se os
Gerência de Medicamentos Novos, Pesquisa e Ensaios
benefícios superam os danos. A otimização do desenho
Clínicos (GEPEC) também se torna necessária para
do estudo durante a fase de desenvolvimento mantém
pesquisas com medicamentos e produtos para a saúde
a promessa de maior sucesso, além de conferir maior
que precisam de autorização para importação (8).
segurança, trazendo vantagens no tratamento da
A adesão aos princípios de boas práticas clínicas população (13).
(Good Clinical Practice, GCP), incluindo a segurança
O ponto de partida é a descoberta de uma nova
adequada, é universalmente conhecida como um
molécula ou seleção de uma molécula já existente,
requisito fundamental para a realização de pesquisa
seguido da fase pré-clínica, onde ocorrem testes in vitro
envolvendo seres humanos. O modelo de GCP abrange
e posteriormente in vivo a fim de verificar se a molécula
ferramentas que devem ser rigorosamente seguidas
é segura o suficiente para ser testada em humanos (14).
na realização da pesquisa clínica. O objetivo é garantir
segurança e integridade aos sujeitos participantes da Caso seja aprovada pelos Órgãos Regulatórios, a
pesquisa, além de obter resultados exatos com real nova substância é testada em ambiente clínico em três
contribuição no estudo realizado (9). fases de ensaios, classificadas como Fase I, Fase II e Fase
III. Esses ensaios ocorrem a partir de um pequeno grupo
A necessidade de regulamentação e aperfeiçoamento
de voluntários sadios, até grupos maiores de sujeitos
neste setor é evidenciada pelo surgimento da Instrução
de pesquisa com uma enfermidade a ser estudada.
Normativa N°04, de 11/05/2009 que trata da “Inspeção
O objetivo é verificar segurança e eficácia na Fase I,
para verificação do cumprimento de Boas Práticas
avaliar eficácia e investigar efeitos colaterais na Fase II e
Clínicas” pela ANVISA, com o intuito de promover ação
confirmar eficácia e monitorar reações adversas na Fase
regulatória em vigilância sanitária além de garantir a

http://seer.ufrgs.br/hcpa Rev HCPA 2012;32(3) 341


Zucchetti C, Morrone FB

III (14,15). Após a Fase III, são realizadas novas revisões adversos. Durante essa fase é continuamente verificado
através dos achados clínicos e pré-clínicos. Somente eventos adversos não previstos na população (14,15).
após essa fase ocorre a comercialização do produto
No que se diz respeito às moléculas selecionadas
(15). A Fase IV é caracterizada pela comercialização do
e estudadas, o índice de sucesso é extremamente
produto em investigação. A Pesquisa sobre um novo
baixo, pois de cada 10.000 compostos estudados, 250
medicamento é mantida mesmo após a aprovação.
chegam a fase pré-clínica, cinco entram em fase clínica
Como um número muito maior de pacientes começa
(I-III) e apenas um composto é aprovado para registro
a usar a nova substância, as empresas farmacêuticas
no mercado (14). Pode-se observar um resumo dessas
continuam a monitorar cuidadosamente e apresentam
informações na Figura 1.
relatórios periódicos, incluindo os casos de eventos

Figura 1 - Características de cada uma das fases da pesquisa clínica.


Adaptado de http://www.innovation.org/drug_discovery/objects/pdf/RD_Brochure.pd

342 Rev HCPA 2012;32(3) http://seer.ufrgs.br/hcpa


Pesquisa clínica no Brasil

Equipe envolvida no processo de pesquisa (20). Os ensaios clínicos necessitam ser conduzidos sob
clínica rigorosas normas éticas nacionais e internacionais (17).
A estrutura de um estudo clínico requer uma equipe Todos os estudos são aprovados por CEPs, que tem a
multidisciplinar que inclui um médico investigador, responsabilidade de garantir e resguardar a integridade
médicos sub-investigadores, coordenadores do e os direitos dos voluntários participantes (21).
estudo clínico, pacientes, CEPs, patrocinador, órgãos
regulatórios do Ministério da Saúde e a indústria Caracterização dos estudos clínicos no país
farmacêutica ou Organizações Representativas de
Nos os últimos anos, o Brasil tornou-se um dos
Pesquisa Clínica, ORPC (em inglês Clinical Research
três países emergentes mais dominantes, juntamente
Organizations, CROs) (16,17).
com a Índia e a Rússia. Juntos, esses países atraem
O investigador principal, que pode ser um médico um número significativo de terceirização de ensaios
ou dentista, é o profissional responsável pela condução clínicos (22). Há diversos fatores que desempenham um
da pesquisa clínica. Normalmente, fazem parte da papel fundamental no crescimento da pesquisa clínica
equipe os sub-investigadores que são também médicos no Brasil, como por exemplo, a extensa e diversificada
ou dentistas que prestam ajuda ao investigador e que população, muito da qual não tem acesso ao
podem substituí-lo sempre que houver necessidade, tratamento médico; a existência de um sistema público
além do coordenador do estudo clínico, peça de saúde, que facilita o recrutamento do paciente e
fundamental na coordenação das atividades do estudo seu acompanhamento; alta incidência das doenças
(16). mais prevalentes nos países desenvolvidos, alta taxa
de recrutamento e de permanência de pacientes nos
No ano de 2009, a área de atuação farmacêutica
ensaios clínicos; normas éticas de pesquisa compatíveis
obteve um avanço importante, com a criação da
com os outros países (22,23).
Resolução 509/09 do Conselho Federal de Farmácia
que regula a atuação do farmacêutico em centros Segundo dados referentes ao período de 2005 a
de pesquisa clínica, indústrias ou organizações 2009, as cidade brasileiras que mais possuem centros
representativas de pesquisa clínica. A capacitação locais de pesquisa clínica são: São Paulo com 37 centros,
técnica contribui para maior atuação do profissional Porto Alegre com 13 centros, Rio de Janeiro com 10
nessa área que apresenta crescente desenvolvimento centros, Belo Horizonte com 10 centros, Campinas com
(18). O farmacêutico, por sua vez, pode desempenhar 9 centros, seguido de Curitiba com 7 centros (24).
um papel essencial na condução de um ensaio clínico.
O desenvolvimento de um estudo clínico está
É o profissional que pode usar seus conhecimentos e
diretamente relacionado à capacidade tecnológica
auxiliar diretamente nas atividades relacionados ao
do país. No Brasil, 80% dos estudos relacionados
medicamento em estudo, como indicação, dosagem,
ao desenvolvimento de novos medicamentos são
administração, contra-indicações, efeitos adversos e
conduzidos por empresas multinacionais (25). De acordo
possíveis interações medicamentosas (19).
com Calixto e Siqueira (2008), há diversos obstáculos
O patrocinador é quem apóia financeiramente que dificultam o processo de desenvolvimento de novos
a pesquisa clínica. Pode ser representada por uma fármacos pelas indústrias farmacêuticas brasileiras.
empresa, instituição pública ou privada que é Dentre os principais, encontram-se os altos custos;
responsável pela implementação e gerenciamento dos o longo processo de maturação dos projetos de P&D,
ensaios (16). a pouca experiência na área de inovação tecnológica,
além dos riscos de desenvolver fármacos já presentes
Os Órgãos Regulatórios são os responsáveis por
no mercado (26).
aprovar a realização de um estudo clínico. Cabe a eles
acompanhar todo o andamento do estudo a fim de Quanto ao número de estudos, de acordo com a
garantir que a segurança, direitos e respeito por todos ANVISA, pode-se observar que os estudos de fase III são
os participantes serão priorizados. No Brasil, o CEP a os mais frequentes com 63%, seguidos de Fase II com 22%,
CONEP e ANVISA são os órgãos regulatórios responsáveis Fase IV com 11% e Fase I com 4%, conforme Figura 2 (25).
pela avaliação e acompanhamento dos ensaios clínicos

http://seer.ufrgs.br/hcpa Rev HCPA 2012;32(3) 343


Zucchetti C, Morrone FB

Figura 2 - Dados referentes a distribuição de estudos clínicos em desenvolvimento nos centros de Pesquisa
Clínica no Brasil por fases de estudo. Adaptado de (25).

Os dados divulgados pela ANVISA apontam que a CEP do país de origem, pelo CEP local, pela CONEP e
agência aprova o funcionamento de, em média, 200 pelo CEP institucional de cada um dos centros que irá
estudos clínicos ao ano. No período entre 2003 e 2010, participar da pesquisa. Por esse motivo, o Brasil é o pais
a agência autorizou a realização de 80% dos protocolos que apresenta o maior tempo para aprovação de um
analisados (25). É notável o papel da pesquisa clínica protocolo, e venha sendo esquecido em importantes
como porta de entrada no desenvolvimento de novas projetos multicêntricos internacionais (30).
tecnologias na área da saúde. Nos últimos 10 anos,
mais de 100 mil brasileiros participaram de estudos Especialidades médicas mais frequentes na
clínicos contribuindo, assim, para o desenvolvimento pesquisa clínica
do setor no país. Estima-se que cerca de 550 instituições
Nosso país apresenta um acelerado processo
médicas e centros de pesquisas clinicas no Brasil estão
de envelhecimento, com transformações profundas
aptos a realizarem testes com medicamentos, porém
nas estatísticas etárias de população. As doenças
o Brasil ainda enfrenta dificuldades em corresponder
infecto-contagiosas, por exemplo, que antigamente
plenamente às necessidades dos pacientes e às
representavam 40% das mortes no País, hoje são
potencialidades do País (27).
responsáveis por menos de 10%. Observou-se o oposto
Apesar de o Brasil possuir centros de qualidade em relação às doenças cardiovasculares, em 1950,
e pesquisadores mundialmente reconhecidos, os eram o motivo de 12% das mortes e, atualmente,
órgãos regulatórios demoram, em média, três vezes representam um índice de mais de 40% (31).
mais que outros países para análise dos protocolos
Dados do Ministério da Saúde e da Organização
de ensaios clínicos. Nos Estados Unidos, Canadá
Pan-Americana da Saúde apontam que anualmente,
e na França, o prazo é de três a quatro meses, na
as doenças crônicas não transmissíveis como infarto,
Argentina é aproximadamente seis meses e no
derrame cerebral, enfisema, neoplasias e diabetes,
Brasil, pode ultrapassar um ano (28,29). A literatura
correspondem a mais de 40% das mortes registradas no
aponta que um dos principais fatores que aumentam
país (32). A estas doenças está aliado um conjunto de
o prazo de aprovação de protocolos de pesquisa
condições crônicas levando à necessidade de prevenção
clínica internacional no nosso país é a necessidade
e de controle por muitas décadas (33).
de avaliação ética múltipla. No caso dos projetos
multicêntricos de origem estrangeira, essa avaliação O desenvolvimento social e econômico, as melhorias
é quádrupla. O projeto necessita ser aprovado pelo do saneamento básico, da alimentação e da educação,

344 Rev HCPA 2012;32(3) http://seer.ufrgs.br/hcpa


Pesquisa clínica no Brasil

aliado ao desenvolvimento da medicina, tende a elevar de janeiro de 2001 a 28 de outubro de 2011. Observa-
acentuadamente a expectativa média de vida da se uma predominância dos estudos clínicos nas áreas
população (34). oncológicas, pneumológicas e cardiológicas. Em menor
prevalência encontram-se estudos sobre doenças e
A pesquisa clínica brasileira teve um crescimento
alterações odontológicas, herpes zoster, disfunções
significativo, constatada por meio do número de
alimentares, dengue, doenças de Parkinson, entre
registros de ensaios clínicos brasileiros em base de
outros (35).
dados estrangeira, como o Clinical Trials, site americano
de registro de pesquisa clínica. Atualmente, o Brasil Na Figura 3 abaixo, pode-se observar a relação feita
possui em fase de recrutamento 779 ensaios clínicos. entre a condição clínica do paciente e o número de
Desses, 241 ensaios são referentes ao período de 01 ensaios clínicos realizados.

Figura 3 - Dados referentes à condição clínica apresentada e o número de ensaios clínicos realizados no Brasil.
Adaptado do U. S National Institutes of Health (35).

No que diz respeito ao acesso aos fármacos em (36). O acesso ao fármaco sob investigação pode não
estudo, a Coordenadoria de Pesquisas e Ensaios Clínicos ser apropriado para todas as condições clínicas. Há
da ANVISA, preconiza que o patrocinador forneça o atualmente, uma proposta da ANVISA, onde objetiva
fármaco sob investigação em situações onde o paciente regulamentar o acesso a medicamentos em fase
esteja se beneficiando com o tratamento, além de de desenvolvimento para pacientes com doenças
ser necessário a avaliação médica, considerando debilitantes graves e sem opção terapêutica disponível
ser a melhor opção terapêutica para este paciente (37).

http://seer.ufrgs.br/hcpa Rev HCPA 2012;32(3) 345


Zucchetti C, Morrone FB

Conclusão farmacêutica bastante desenvolvida. Isso se deve ao fato


do tempo de aprovação de um estudo juntamente com
Houve no Brasil, especialmente na última década,
os custos relacionados ao processo de desenvolvimento
avanços importantes na área de pesquisa e de
serem os principais entraves ao desenvolvimento do
desenvolvimento de medicamentos. Observa-se um
setor. É necessário focar no poder de comercialização
crescimento nas pesquisas da área oncológica além
do fármaco que é onde reside a maior fonte lucrativa
das outras condições clínicas, porém esse avanço se
das indústrias farmacêuticas, para isso, é essencial
deu principalmente por investimentos por parte de
que o Brasil torne-se inovador no setor e acabe com a
indústrias de capital estrangeiro, sendo uma pequena
dependência da importação de insumos. Os desafios
parcela por indústrias nacionais.
a serem vencidos são ainda grandes, mas o futuro
O Brasil não possui um forte potencial tecnológico para o setor de Pesquisa e Desenvolvimento na área
para gerar inovações ainda que tenha uma indústria farmacêutica no Brasil é, sem dúvida, muito promissor.

referências
1. Kesselring G. Pesquisa clínica no nacional de vigilância sanitária e development: advancing clinical
Brasil. 2010. [acesso em 2011 Ago. a pesquisa clínica no Brasil. Rev trial design. Nat Rev Drug Discov.
20]. Disponível em: http://www. Assoc Med Bras 2006;52(1):60-2 2009;8(12):949-57.
interfarma.org.br/site2/indexphp/
9. Laranjeira LN, Marcílio CS, 14. Drug discovery and development:
temas-em-debate/artigos/2459-
Guimarães HP, Avezum A. Boas understanding the R & D Process.
pesquisa-clinica-no-brasil-
práticas clínicas: padrão de 2007. [acesso em 2011 Ago. 18].
2. Drews J. Drug Discovery: A pesquisa clínica. Revista Bras Disponível em: http://www.
Historical Perspective. Science Hipertens. 2007;14(2):121-3. innovation.org/drug_discovery/
2010; (287) 1960-4. objects/pdf/RD_Brochure.pdf
10. Brasil. Ministério Saúde. Instrução
3. Pinto AC, Barreiro EJL. Como Normativa nº 4, de 11 de maio 15. Pieroni JP, Capanema LXL, Reis C,
chegar aos fármacos verde- de 2009. Dispõe sobre o guia de Souza JOB, Silva L. Terceirização da
amarelos? J Braz Chem Soc. inspeção em boas práticas clínicas. p&d de medicamentos: panorama
2010;21(12):2173-4. Diário Oficial da União 12 maio do setor de testes pré-clínicos
2009. no Brasil. BNDES Setorial, Rio de
4. Brasil. Ministério da Saúde.
Janeiro, 2009;(29):131-58. [acesso
Resolução-RDC nº 39, de 5 de 11. U.S Department of Health
em 2011 Ago. 17]. Disponível
junho de 2008. Disponível em: & Human Services. About
em: http://www.bndes.gov.br/
ftp://ftp.saude.sp.gov.br/ftpsessp/ Science & Research at FDA.
SiteBNDES/export/sites/default/
bibliote/informe_eletronico/2008/ 2009. [acesso em 2011 Ago. 20].
bndes_pt/Galerias/Arquivos/
iels.junho.08/iels104/U_RS- Disponível em: http://www.
conhecimento/bnset/Set2904.pdf.
ANVISA-RDC-39_050608.pdf fda.gov/ScienceResearch/
AboutScienceResearchatFDA/ 16. Sociedade Brasileira de
5. Akeza E, Fregni F, Auler Junior JO.
default.htm. Profissionais em Pesquisa Clínica.
The past, present and future of
Quem são os envolvidos em
clinical research. Clinics, São Paulo, 12. Kesselring G. Perspectivas futuras
pesquisa clínica? [acesso em 2011
2011;66(6):931-2. da pesquisa clínica no cenário
Set. 19]. Disponível em: http://
global (países emergentes e países
6. Agência Nacional de Vigilância www.sbppc.org.br/portal/indexp
em desenvolvimento): fomento,
Sanitária. Boas práticas clínicas: hp?Itemid=38&id=15&option=c
status e processos regulatórios. 3º
documento das Américas. [acesso om_content&task=view.
Simpósio da APCB – Associação de
em 2011 Ago. 18]. Disponível
Pesquisa Clínica do Brasil - RJ, 2008 17. Associação Brasileira de CRO.
em: http://www.anvisa.gov.
Out 11 [acesso em 2011 Ago. 18]. Entenda a pesquisa clínica.
br/medicamentos/pesquisa/
Disponível em: http://www.apcb. 2010. [acesso em 2011 Set. 20].
boaspraticas_americas.pdf.
com.br/canais/eventos/detalhes. Disponível em: http://www.
7. Benedit RK. Manual do Centro asp?codEvento=20 abracro.org.br/br/pesquisa-clinica/
de Pesquisa. São Paulo: Dendrix; entenda-a-pesquisa-clinica/
13. Orloff J, Douglas F, Pinheiro J,
2010. pesquisa-clinica-o-que-e.
Levinson S, Branson M, Chaturvedi
8. Nishioka SA, Sá PFG. A agência P et al. The future of drug 18. Brasil. Conselho Federal de

346 Rev HCPA 2012;32(3) http://seer.ufrgs.br/hcpa


Pesquisa clínica no Brasil

Farmácia. Resolução 509 de 29 de org/2009/M2009_2_06.aspx. temporarios/artigos/cep_conep.


julho de 2009. Regula a atuação pdf
25. Agência Nacional de Vigilância
do farmacêutico em centros de
Sanitária. Sala de imprensa. 31. Instituto Brasileiro de Geografia
pesquisa clínica, organizações
[Notícia do dia 9 ago. 2011]. e Estática. Indicadores
de pesquisa clínica, indústrias ou
Anvisa divulga perfil de pesquisa sociodemográficos e de saúde
outras instituições que realizam
clínica de medicamentos no no Brasil. São Paulo: IBGE;
pesquisa clínica. [acesso em 2011
Brasil. [acesso em 2011 Ago. 19]. 2009. [acesso em 2011 Ago.
Out. 12]. Disponível em: http://
Disponível em: http://migre. 19]. Disponível em: http://
www.cff.org.br/userfiles/file/
me/61iBq. www.ibge.gov.br/home/
resolucoes/509.pdf
estatistica/populacao/indic_
26. Calixto JB, Siqueira Jr JM.
19. Gamboa MML, Brunetto AT, sociosaude/2009/indicsaude.pdf
Desenvolvimento de
Santos MEF, Gregiani L. O papel
medicamentos no Brasil: 32. Organização Pan-Americana da
do farmacêutico nos ensaios
desafios. Gaz. med. Bahia Saúde. Combate às doenças não
clínicos. Farm Hosp. 2011. [acesso
2008;78(Suplemento1):98-106. transmissíveis. 2005. [acesso em
em 2011 Set. 29]. Disponível em:
2011 Set. 19]. Disponível em:
http://www.elsevier.es/sites/ 27. Nunes O, coordenador. Inovação
http://www.opas.org.br/mostrant.
default/files/elsevier/eop/S1130- e pesquisa clínica no Brasil. São
cfm?codigodest=278
6343(11)00062-6.pdf. Paulo: Interfarma; 2010. [acesso
em 2011 Out. 29]. Disponível em: 33. De Maeseneer J, Roberts
20. Nishioka SA. Regulação da
http://issuu.com/interfarma/docs/ RG, Demarzo M, Heath I,
pesquisa clínica no Brasil:
inov_pesq_clin_no_brasil_site. Sewankambo N, Kidd M et
passado, presente e futuro. Prática
al. Combatendo as doenças
Hospitalar, 2006;8(48):17-26. 28. Sociedade Brasileira de Medicina
crônicas não transmissíveis: uma
Farmacêutica. Pesquisa Clínica
21. Conselho Nacional de Saúde. abordagem diferente é necessária.
no Brasil II. Análise crítica do
Comissão nacional de ética Organização Pan-Americana
sistema CEP/CONEP e propostas
em pesquisa. [acesso em 2011 da Saúde. [acesso em 2011 Set.
de aperfeiçoamento. São Paulo:
Set. 29]. Disponível em: http:// 20]. Disponível em: http://migre.
SBMF; 2009. [acesso em 2011 Set.
www.datasus.gov.br/conselho/ me/61jgG.
29]. Disponível em: http://sbmf.
comissoes/etica/conep.htm.
org.br/pdf_temporarios/artigos/ 34. Zago MA. A pesquisa clínica no
22. Virk KP. Addressing issues affecting cep_conep.pdf. Brasil. – RJ – Brasil. Rev. C S Col.
clinical trials in Brazil. Clinical 2004; 9(2): 363-74.
29. Gonçalves A. Testes de
Research and Regulatory Affairs,
medicamentos movimentam 35. U. S National Institutes of Health.
2010;1–8 Early Online. [acesso
R$ 1,4 bilhão, mas burocracia [acesso em 2011 Out. 20].
em 2011 Set. 29]. Disponível em:
atrapalha. Jornal Estadão Disponível em: http://clinicaltrials.
http://www.languageconnections.
online. [acesso em 2011 Set. gov/ct2/results?recr=Open&cntry
com/descargas/Addressing%20
19]. Disponível em: http:// 1=SA%3ABR.
issues%20affecting%20
www.estadao.com.br/
clinical%20trials%20in%20 36. Schlemper Jr BR. Acesso às drogas
noticias/impresso,testes-de-
Brazil%20-%20informa.pdf. na pesquisa clínica. Rev Bioet.
medicamentos-movimentam-
2007;15(2):248-66.
23. Quental C, Salles-Filho S. Ensaios r-14-bilhao-mas-burocracia-
clínicos: capacitação nacional atrapalha,758277,0.htm. 37. Brasil. Consulta pública avalia
para avaliação de medicamentos a liberação de medicamentos
30. Sociedade Brasileira de Medicina
e vacinas. Rev Bras Epidemiol. para pacientes sem opção
Farmacêutica. Pesquisa Clínica
2006;9(4):408-24. terapêutica. [acesso em 2011
no Brasil II. Análise crítica do
Ago. 11]. Disponível em: http://
24. Clinical Trial Magnifier. Pesquisa sistema CEP/CONEP e propostas
www.brasil.gov.br/noticias/
clínica no Brasil - estado atual de aperfeiçoamento. São Paulo:
arquivos/2011/07/01/consulta-
frente ao mercado mundial. SBMF; 2009. [acesso em 2011 Set.
publica-avalia-a-liberacao-de-
[acesso em 2011 Set. 19]. 29]. Disponível em: Disponível
medicamentos-para-pacientes-
Disponível em: http://ctmagnifier. em: http://sbmf.org.br/pdf_
sem-opcao-terapeutica/print.

Recebido: 11/01/2012
Aceito: 10/09/2012

http://seer.ufrgs.br/hcpa Rev HCPA 2012;32(3) 347

Você também pode gostar