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Noções de Processamento

Químico

Roseane Barcelos Santos


Ricardo Marcondes Guisso
Março/2008
O que é um Processo

Material processo
produto

Processo: é uma sequência de


transformações que um ou mais matérias-
primas passam para se obter um produto
Tipos de Processo

• Processo Extrativo: remove da natureza


substâncias em estado bruto para
subsequente beneficiamento

• Processo Físico-Químico ou Químico:


envolve alteração nas propriedades
química e/ou física do substrato.
Processos Químicos
• Objetivo: transformar as matérias-primas (MP)
em substâncias de maior valor agregado

• Descontínuos (Bateladas): as MP são


misturadas e submetidas a condições de
temperatura e pressão necessárias para que
ocorra o processo e obtenha-se o produto final.
Usual para pequenas escalas. Operação em
regime transiente.
Processos Químicos

• Contínuos: As MP são transformadas ao


longo do processo de forma contínua e
controlada das variáveis temperatura e
pressão. Regime estacionário obtido após
a estabilização da planta. Em casos de
partidas e paradas o regime é transiente.
Processo Descontínuo
MP 1 MP 2

Produto
Subproduto
Processo Contínuo
Principais Variáveis de Processo
• Vazão: quantidade de fluido que escoa numa
tubulação ao longo do tempo. Medida
indiretamente por diferencial de pressão entre
dois pontos
• Pressão: força exercida sobre uma
determinada área.
1. Pressão manométrica é a lida nos manômetros.
2. Pressão manométrica = zero, o equipamento
está despressurizado
Principais Variáveis de Processo
• Nível: altura do fluido contido em vaso ou
tanque, pode ser medido por vasos
comunicantes, ou propagação de ondas
ou indiretamente por pressão hidrostática
resultante
• Temperatura: medida indireta da energia
cinética média das partículas
• Outras: pH, viscosidade, densidade
Operações e Processos Unitários

• Um processo químico é composto por


etapas que podem ser estudadas
separadamente. Estas etapas são:
1. Etapas físicas ou operações unitárias
2. Reações químicas ou processos unitários
Operações Unitárias

• Envolvem todas as transformações físicas


que os reagentes, intermediários e
produtos devem sofrer antes e após
passarem pelos reatores químicos.
• Ex: Separação, Bombeamento e
Aquecimento
Operações Unitárias

• Separação
Operações Unitárias

• Bombeamento: bombas para líquidos,


compressores para gases
• Aquecimento: trocadores de calor, fornos
e caldeiras
Processos Unitários

• Envolvem os diferentes tipos de reações


químicas que acontecem nos reatores
químicos.
• Ex: hidrogenação, craqueamento,
alquilação, nitração.
O que é Petróleo

• Do latim petra (pedra) e oleum (óleo), o


petróleo no estado líquido é uma
substância oleosa, inflamável, menos
densa que a água, com cheiro
característico e cor variando entre o negro
e o castanho claro.
Mais Petróleo
• O petróleo é constituído, basicamente, por
uma mistura de compostos químicos
orgânicos (hidrocarbonetos). Quando a
mistura contém uma maior porcentagem
de moléculas pequenas seu estado físico é
gasoso e quando a mistura contém
moléculas maiores seu estado físico é
líquido, nas condições normais de
temperatura e pressão.
Constituintes do Petróleo

Gás

Óleo

Emulsão

Sólidos
Petróleo
Produção, Refino e Petroquímica
• Produção: Extração do petróleo seguido
de Processamento Primário de Produção
• Refino: Processamento do óleo para
obtenção das frações do petróleo
• Petroquímica: indústria química que
recebe correntes obtidas no refino para
obter novos produtos
Frações do Petróleo
• O petróleo contém centenas de compostos químicos, e separá-los
em componentes puros ou misturas de composição conhecida é
praticamente impossível. O petróleo é normalmente separado em
frações de acordo com a faixa de ebulição dos compostos.
Processamento Primário de Petróleo
(PPP)
• O petróleo é produzido em conjunto com
gás e água. O objetivo de processar o
petróleo é:
• Óleo: estabilizá-lo para o transporte;
• Gás: especificação conforme ANP
• Água: especificação para descarte ou
reinjeção
Exemplo de Planta de PPP de Óleo

Poços

Óleo estabilizado para tancagem


Exemplo de Planta de PPP de Óleo
Poços
- BSW <=1.0%
Produtores Bomba
- Sal. <=570 mg/l Transf.
- Estabilizado
Gás para Compressor
Principal

Resfriador
Separador de Água Aquecedor
de Água Livre Produção Gás para Recuperador
Pré-óleo
de Vapor

Separador
Pré-água Produção

Hidrociclones Medição óleo


Degaseificador
Água Resfriador
Aquecedor
produzida de óleo
óleo
Hidroc. Tratador de óleo
Tanques de (eletrostático)
Carga

Hidroc
.
Exemplo de Compressão de Gás

Sep. De Prod.

Vaso Gás Comb.


Trat. Gás (TEG)
estágio

Sep. Teste

Rec. Vapor

LC

Sep. Produção
Exemplo de Compressão de Gás
Exemplo de Tratamento de Gás (TEG)
Planta de PPP de Gás Não-Associado
Sistema de Flare
Compressão

Separador
Produção Vaso de
K.O.
Drum Sistema de Gasoduto
Desidratação

Sistema de Gás
Poço Típico Combustível

Separador Tratamento do Bombeamento do


Teste Condensado Condensado

Overboard
Recuperação Tratamento de
de MEG Efluentes

Medição de Apropriação

Medição Fiscal
Exemplo de PPP de Óleo Onshore
Injeção de Água

• Para que serve?


Aumentar o fator de recuperação de petróleo
de um reservatório, aumentando a produção.
• Que água se injeta?
Pode ser água de aquíferos, água do mar ou
a própria água produzida
Exemplo de Planta de Injeção de
Água do Mar
Gás para URV

Unidade de Remoção
de Sulfatos LC

Captação

Filtro auto-limpante Filtro auto-limpante


(500m) (25m)
Descarte

Desaeradora

Gás Comb.
Água para
injeção
Exemplo de Injeção de Água
Produzida Onshore
Exemplo de Planta de Tratamento
de Água Produzida Onshore
Refino do Petróleo

• Conjunto de processos e operações


unitárias aos quais o petróleo, o gás
natural e seus derivados são submetidos a
fim de obter os produtos dentro das
especificações desejadas.
Principais Processos de Refino

• Separação

• Conversão

• Acabamento
Processos de Refinação

• SEPARAÇÃO: separação física sem


reações químicas. Ex: destilação
(atmosférica e a vácuo) de petróleo cru e
praticamente todos os processos
envolvendo gás natural.
Processos de Refinação

• CONVERSÃO: se a separação física é


inviável ou ineficaz, estes processos se
baseiam em reações químicas de quebra,
rearranjo ou união de cadeias carbônicas.
Podem ser térmicos, dentre os quais se
destaca o coqueamento retardado, ou
catalíticos, como o craqueamento e a
reforma.
Processos de Refinação

• ACABAMENTO: concebidos com a


finalidade de tratamento, são os processos
que promovem a remoção, por meios
físicos ou químicos, de impurezas de um
dado produto, ou o acerto de
propriedades, de modo a conferir-lhe as
características necessárias à
comercialização, reaproveitamento ou
descarte.
Processos Auxiliares de Refino

• Geração de vapor

• Tratamento d’água

• Sistema de tocha
Processos de Separação

• Destilação Atmosférica e a Vácuo

A destilação é baseada na diferença dos


pontos de ebulição entre compostos
presentes numa mistura líquida.

PM PE
Seção de Pré-Aquecimento e Dessalgação

• Aquecimento na fáixa de 120 a 160oC


• Remoção da água, contendo sais
dissolvidos e impurezas que devem ser
retirados para evitar danos aos
equipamentos posteriores (cloretos de
cálcio e magnésio que liberam HCl e sais e
sólidos que depositam nos trocadores e
catalisam reações nos fornos)
Forno Atmosférico

• Objetivo: aquecer o petróleo para a


temperatura necessária a vaporização dos
produtos que serão retirados na torre de
destilação atmosférica. À saída dos fornos,
boa parte do petróleo encontra-se
vaporizado e é introduzido na torre
atmosférica.
Forno Atmosférico

• Temperatura máxima: 370oC


• Evitar o início da decomposição térmica
das frações pesadas presentes no óleo
bruto (craqueamento térmico)
• Deposição de coque  reduz vida útil dos
tubos e aumento consumo de combustível
Destilação Atmosférica
• A carga entra na torre parcialmente
vaporizada no local conhecido como zona
de vaporização ou “flash”. A parte
líquida, contendo as frações mais pesadas,
desce para o fundo e a parte vaporizada
ascende. A parte da torre abaixo da zona
de “flash” chama-se seção de retificação
ou esgotamento, e a parte acima seção
de enriquecimento ou absorção.
Destilação Atmosférica
• Seção de esgotamento tem o objetivo de
remoção de compostos leves do resíduo
atmosférico que descem nesta seção
devido ao equilíbrio líquido-vapor. Esta
remoção é feita por retificação com vapor
d’água super-aquecido.
• Seção de enriquecimento tem o objetivo
de absorver os leves removidos na seção
de esgotamento
Bandejas ou Pratos

Vaporização
T
Refluxo interno e Retirada de Produtos
• Refluxo interno: é o líquido que
transborda de prato a prato. Sem ele, não
haveria gradiente térmico ao longo da
torre, logo não haveria separação.
• Retirada de produtos: controlada pelas
temperaturas limites de destilação das
frações desejadas.
• Principais produtos: gasolina, querosene e
diesel.
Debutanizadora

• A gasolina de destilação contém teor


elevado de hidrocarbonetos leves.
GLP

Gasolina de destilação

Nafta
Estabilizada
Destilação à Vácuo
• O Resíduo Atmosférico (RAT) possui alto PM e
baixo valor agregado (única aplicação como óleo
combustível).
• O RAT contém gasóleos que não são separados
na destilação atmosférica devido aos altos
pontos de ebulição.
• A pressão subatmosférica torna possível a
vaporização dos gasóleos presentes no resíduo,
sem o inconveniente da decomposição térmica
dos seus componentes.
• Produção de Óleos lubrificantes e geração de
carga para as unidades de craqueamento
catalítico e coqueamento retardado.
Destilação à Vácuo
Destilação à Vácuo
• Forno para aquecimento do RAT
• Vácuo na faixa dos 50 mmHg
• Produtos Laterais:
1) Gasóleo Leve (GOL)  dependendo do ponto
final de ebulição, pode ser incorporado ao “pool”
de diesel da refinaria.
2) Gasóleo Pesado(GOP)  compõe a carga para
a unidade de craqueamento catalítico.

• Produto de Fundo: Resíduo de Vácuo (RAV)


Processamento de Gás Natural
• É muito menos poluente que qualquer derivado do
petróleo, porque sua combustão é praticamente ideal
(todo o carbono é oxidado a CO2) e, ao menos no Brasil,
apresenta baixíssimo teor de enxofre.
• A compressão permite liquefazer os gases mais pesados
que o etano (C2+), que constituirão o Líquido de Gás
Natural (LGN). Este é fracionado para se obter GLP e
nafta leve. A corrente C1-C2 constitui o gás natural
processado, que será utilizado como combustível nas
indústrias, automóveis e residências.
Processamento de Gás Natural

• As UPGNs podem ser dos tipos, em ordem


crescente de severidade: Refrigeração
Simples, Expansão Joule-Thomson,
Absorção Refrigerada ou Turbo-Expansão.
Processamento de Gás Natural
• Na Absorção Refrigerada vemos algo semelhante à
seção de Recuperação de Gases de um FCC, onde é
usada nafta como óleo de absorção em contra-corrente
com o gás. As correntes absorvidas são posteriormente
separadas do óleo de absorção por aquecimento e o gás
residual efluente da absorvedora sai como produto
acabado. A refrigeração do óleo de absorção é obtida
por troca de calor com propano em expansão.
• No processo por Turbo-Expansão o gás é refrigerado,
seco e sofre expansão no TE, onde as frações mais
pesadas são condensadas e posteriormente separadas
em torres de fracionamento.
Desasfaltação a Propano
• Resíduo de Vácuo: constituído de
hidrocarbonetos de elevados pesos moleculares,
além de contar com uma razoável concentração
de impurezas. Pode ser utilizado como óleo
combustível ou na produção de lubrificantes
ultra viscosos e asfalto. Estes dois últimos são
obtidos numa unidade de separação por
extração, chamada de desasfaltação, onde o
propano é usado como solvente.
Desasfaltação à Propano
• Processo de extração líquido-líquido: solvente
seletivo, retirada do componente desejado da
carga.
• O solvente entra em contato com a carga em
contra-corrente. A fase rica em solvente que sai
da torre (normalmente pelo fundo), contendo o
soluto, é chamada de extrato (neste caso, a
mistura de propano e óleo desasfaltado).
• O que restou da carga e com algum solvente
(aqui, asfalto e propano) é chamada de
rafinado.
Extração Líquido-líquido

• Processo semelhante à desasfaltação a


propano é a desaromatização a
furfural, onde se busca remover
hidrocarbonetos aromáticos de óleos
lubrificantes básicos.
Processos de Conversão
• Processos Térmicos
T,P
• Frações Pesadas Produtos mais
leves
• Paralelamente, parte da carga é
convertida em coque.
• Craqueamento térmico, a viscorredução e
o coqueamento retardado.
Processos Térmicos
• Craqueamento térmico: produção de gasolina e
gases a partir de uma carga de gasóleos ou cru
reduzido.
• Viscorredução: redução da viscosidade de óleos
residuais, de modo que sejam aproveitados
como óleo combustível. A carga para esta
unidade pode ser resíduo de vácuo ou
atmosférico.
• Substituídos pelo craqueamento catalítico: mais
econômico e de fácil operação.
Processos Térmicos
• Coqueamento Retardado: gera, além de
coque de alta qualidade, nafta, diesel e carga
para FCC. A recuperação do coque formado nas
reações de decomposição é o principal fator que
torna o processo econômico.
• Existe um quarto processo, conhecido como
coqueamento fluido, desenvolvido pela EXXON,
que compete com o coqueamento retartado.
Ambos podem ser mais competitivos que o FCC
quando são processados petróleos ultrapesados.
Coqueamento Retardado
• Aquecimento e introdução da carga diretamente no
fundo da fracionadora, onde o material mais leve sofre
um “flash”.
• Os pesados se misturam com o reciclo e seguem do
fundo da torre para a fornalha, onde recebem uma
injeção de vapor d’água de alta pressão e são
rapidamente aquecidos até cerca de 490°C.
• Direcionados ao tambor de coque, onde este se forma. A
temperatura no tambor oscila, normalmente, entre 460 e
490°C.
• Quando o tambor fica cheio, o efluente da fornalha é
desviado para um outro tambor, para que o primeiro
possa ser descarregado e condicionado para um novo
ciclo.
• O equipamento crítico da unidade é a fornalha

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