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FUNDAÇÃO DO SUS
O SUS foi definido a partir de princípios universalistas (para todos) e igualitários (de
forma igual), embasado na concepção de saúde enquanto direito de todos e dever do
Estado. Essa construção do SUS rompe com o caráter meritocrático que caracterizava a
assistência à saúde no Brasil até a constituição de 1988.
A Constituição Federal de 1988 determina a incorporação da saúde como direito, numa
ideia de cidadania, e que considera não apenas o ponto de vista dos direitos formais, de
direito político, mas principalmente a ideia de uma democracia substancial e de direitos,
que envolviam igualdade e bem-estar.
A partir da segunda metade do século XX, com o fim da Segunda Guerra Mundial, os
Estados Nacionais assumiram um papel de grande intervenção no campo social. Esse
papel, de maneira resumida, pode ser definido como de promotor do desenvolvimento e
de políticas públicas que compensasse as perdas sofridas pelos indivíduos no processo
produtivo e que não podiam ser reparadas pelo salário. Previdência social, atenção
médica, educação, transporte, lazer e moradia passam a ser progressivamente entendido
como responsabilidade do Estado.
A política de saúde o Brasil, desde o início da industrialização, só garantia o acesso aos
serviços de saúde aquela parcela da população inserida no mercado oficial de trabalho.
A maior parte a população, porém, até os anos 1970, encontrava-se no campo,
desprovida de legislação trabalhista. Assim, o direito à saúde, além de excludente,
definia-se pelo acesso ao mercado de trabalho e não pela noção de cidadania. A noção
de cidadania seria colocada em discussão apenas no final da década de 1980, com a
intensificação das lutas pela redemocratização da sociedade brasileira, quando o direito
à saúde se torna um dos temas centrais.
A centralidade que a saúde tomou era decorrente da própria crise vivida pelo setor,
expressa e explicável por vários problemas, como a explosão urbana, deficiência
estrutural os serviços de saúde gerando-se crises constantes, termos técnicos e
financeiros, ausência de saneamento básico, desnutrição materno-infantil, acidentes de
trabalhos, surtos e epidemias de doenças transmissíveis, que atingiam a população
brasileira, especialmente nas áreas periféricas urbanas.
Em 1953 tem-se a criação do Ministério da Saúde e inicialmente, as ações realizadas
pelo MS era oferecida aos indigentes, ou seja, àqueles que não eram trabalhadores
formais e que, portanto, não eram acobertados pelo Instituto Nacional de Assistência
Médica Social (INAMPS). As ações do Ministério da Saúde eram basicamente de
Promoção (educação em saúde), Prevenção (Vacinas) e, em poucos casos, de assistência
médico-hospitalar.
O INAMPS, criado em 1974, pelo regime militar, a partir do INPS, prestava
atendimento médico aos trabalhadores de carteira assinada. Os serviços eram prestados
pelas instituições privadas, que ganhavam por procedimentos.
No início dos anos 1970 ocorre o movimento de reforma sanitária, pela oposição ao
regime militar. No final da década de 1970, a previdência social entra em crise, levando
o governo a realizar aberturas para que houvesse uma discussão sobre propostas de
mudanças no sistema de saúde da época. No entanto, somente após a queda do regime
militar, ocorrem mudanças significativas na saúde coletiva.