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Abstract: Starting from the concepts of variety, restriction, system and meta-
systems, introduced in [Palazzo 2002, a general view of control notion on its
several manifestations is built. Particularly, this work tries to show the
features of control systems parts, as well as the two control levels (control1
and control2) that may occur in a system. The conditions for the existence of
dynamic equilibrium in a system are reviewed. Feedback, regulatory and
stimulus-response systems are studied and compared. Semantic issues are
introduced as functional relations, rules and laws. The paper ends with the
modeling concept and comparing modeling and control in several systems
context.
Keywords: Control systems; Control levels; Modeling; Control Semantics.
1 Controle Geral
O Merrian-Webster Online Dictionary (http://www.m-w.com/) apresenta a
seguinte definição de controle, que se tomará como perspectiva inicial para
desenvolvimento posterior:
Definição 1: ControleW
Exercício de restrição ou influência sobre; poder exercido sobre [Merrian-
Webster 2003].
Dois pontos importantes devem ser considerados aqui:
• O controle é sempre exercido sobre alguma coisa e por isso é necessariamente
um conceito relacional. Em particular a presença de controle requer a presença
de dois sistemas, um dois quais exerce controle e outro que é objeto do controle
exercido, sendo portanto controlado.
• O exercício de controle atua como uma restrição2 [Palazzo 2002] sobre o sistema
controlado, realizando uma seleção ou redução de variedade em seus estados.
Tipicamente o exercício de controle irá reduzir a variedade de possíveis estados
a um único, determinando assim o estado final do sistema. Entretanto, mesmo uma
determinação parcial é uma forma de restrição2 e assim também uma forma de controle
(mesmo parcial). A definição a seguir, dada por Turchin, captura uma interessante visão
do conceito de controle.
Definição 2: Controle1
Dado um meta-sistema SC := <C, O> constituído por um controlador C e um
objeto de controle O, então SC é um sistema de controle1 e a relação entre C e
O é uma relação de controle1 se as ações de C resultam em uma restrição2
sobre a liberdade de O.
Um sistema de controle1 é portanto um meta-sistema constituído por dois
subsistemas. C, como o ambiente de O, impõe restrições sobre este. Um sistema de
controle1 pode ser reconhecido como um meta-sistema contingente sobre as atribuições:
CS := S’, C := C, O := S
Para corretamente interpretar tais relações no contexto das idéias apresentadas
em [Palazzo 2002] é necessário tecer alguns comentários adicionais. C é reconhecido
como X - S, correspondendo à restrição1 exercida sobre S. Aqui, entretanto, C é visto
como outro sistema, cuja ação produz uma restrição2 sobre O. Considerando O a partir
da visão sistêmica, C e O são sistemas separados, ligados pela relação ambiente-sistema.
Internamente, entretanto, O não tem acesso aos estados ou ações do sistema controlador
C. O sistema controlado somente possui acesso ao efeito das ações de C, que é a
restrição2 que C impõe à liberdade de O. Portanto, do ponto de vista do sistema O, não
faz diferença considerar C como um sistema cujas ações são a causa da restrição2, ou a
própria restrição1. O resultado sobre ele sempre será o mesmo.
3 Teoria do Controle
A teoria do controle [Distefano 1990] [Powers 1973] interpreta “controle” num
sentido algo diferente do de controle1. Se a mera existência de equilíbrio estável fosse
condição suficiente para indicar a presença ou ação de um sistema de controle, então
estes seriam onipresentes e não haveria razão para se estabelecer a diferença entre
fenômenos de controle e não-controle: toda a estabilidade, toda a forma no universo
seria interpretada como resultado da ação de algum controle.
Uma característica essencial de controle1 como equilíbrio estável é sua
passividade. Dada uma certa configuração de parâmetros, a trajetória X(t) é fixa. Os
parâmetros - a restrição1 sobre O - não apresentam qualquer variação ao longo do tempo.
A restrição2, o inexorável movimento de x rumo a x*, se torna imanente ao seu próprio
comportamento: a bola simplesmente rola colina abaixo, indo repousar no fundo do
vale.
Já o sentido de controle adotado pela teoria do controle é enfaticamente ativo: A
restrição1 C sobre O é mantida constante apesar das modificações que eventualmente
ocorrerem no ambiente. O equilíbrio x* permanece invariável apesar da variação dos
parâmetros livres m, k1, k2 e X(0). Seria como se a bola permanecesse em um particular
ponto do vale, mesmo que este estivesse mudando de forma ou com a gravidade
tornando-se mais forte ou mais fraca. Isto conduz à seguinte definição de controle
proposta por Marken (1988):
Definição 3: ControleM
Um controleM é o que ocorre quando uma variável física (ou uma função de
diversas variáveis físicas) permanece estável na presença de fatores que
deveriam promover variedade.
A intenção de Marken parece ter sido descrever controle como um fenômeno de
sistemas em geral, não necessariamente como um objetivo a ser atingido (como é o caso
da engenharia de controle). Assim a definição dada é descritiva: se alguma quantidade
estável ocorre em condições em que deveria estar variando, então esta quantidade está
sob controle. Não importa se a quantidade é externa ou interna ao sistema controlado ou
que sistema está exercendo controle. A definição de controleM pode ser generalizada
como se segue:
Definição 4: Controle2
Um sistema de controle1 SC = <C, O> é também um sistema de controle2 se a
variação na restrição1 imposta sobre O pela variação de C é ela própria o
resultado de uma restrição2.
Esta definição de controle2 pede algumas considerações adicionais. Inicialmente
se reconhece que O varia sobre um espaço de estados e que esta variação sofre uma
restrição1 imposta por C. Pode entretanto ocorrer que o próprio sistema controlador C
também varie, induzindo uma variação na restrição1 sobre O. Conforme C cresce, reduz
o espaço de estados em que O pode variar. Ao contrário, se C diminuir, então o espaço
de estados de O cresce. A definição requer que esta variação de segunda ordem na
restrição1 sobre O esteja ela própria sob alguma forma de restrição2.
Deve-se notar que esta variação de segunda ordem encontra-se em um nível
hierárquico distinto do nível em que ocorre a variação em O. Esta hierarquia é
tipicamente representada como uma variação sobre uma escala de tempo mais lenta ou
uma escala espacial mais ampla [Auger 1990] [Salthe, 1985].
4 Sistemas de Estado
O controle2 se apresenta como um fenômeno realmente notável, ainda que
aparentando algumas contradições. O sistema controlado O deve compensar qualquer
perturbação vinda do ambiente. Além disto, O deve executar essa função
exclusivamente de sua atividade interna, uma vez que, por definição, toda a relação
externa de O é parte da restrição1 exercida pelo sistema controlador C.
O sistema O é mantido em um certo estado o* (ou em uma certa região do
espaço de estados O* O) que não seria necessariamente um equilíbrio natural para O
se algum controle2 não estivesse atuando. Essencialmente, O mantém a si próprio em
um estado de equilíbrio artificial. O é mantido em o*, mas possui uma atividade interna
constante. C afeta O mas também a restrição1 sobre O se mantém invariável.
Como é possível reconciliar estas constatações? Aqui é necessário introduzir um
importante resultado da teoria clássica dos sistemas obtido por Mesarovic (1964). O
trabalho de Mesarovic concentrou-se quase que exclusivamente sobre os tipos
estruturais de sistemas1 considerados em [Palazzo, 2002], isto é, de relações sobre
espaços multidimensionais. Uma operação importante que pode ser executada sobre um
sistema1 S é a sua decomposição, onde um sistema de n dimensões S é apresentado
como o produto relacional de um sistema de m dimensões T por um sistema de p
dimensões U, tal que m + p = n e U T = S.
Um teorema importante demonstrado em [Mesarovic, 1964, p.14] estabelece que
exceto por alguns casos complexos especiais, em geral um sistema1 S pode ser
decomposto em no máximo (n-2) sistemas tridimensionais e não em qualquer coleção
de sistemas bidimensionais. Agora os sistemas bidimensionais admitem descrições
naturais em termos de entradas e saídas, com uma das dimensões representando as
entradas e a outra as saídas. Entretanto, para sistemas tridimensionais, pelo teorema de
Mesarovic a terceira dimensão não pode ser expressa como produto relacional das
outras duas e portanto uma das três dimensões não pode ser considerada como parte
nem da entrada nem da saída. Ao invés disso os sistemas complexos necessitam algum
conceito para a representação do seu estado interno. Os estados internos permitem a
existência de informação adicional disponível localmente, tal como, nos casos mais
simples, memórias, estruturas de feedback, etc., possibilitando a representação de
funções de transferência não-lineares.
Este resultado conduz à observação que, sob circunstâncias gerais (n > 2 e
ignorando os casos especiais do teorema de Mesarovic), em um sistema de controle2 SC
é necessário que O possua estados internos. Para manter a invariância externa da
relação de controle2, tais estados devem variar de forma a compensar a variação
ambiental. Em outras palavras, O deve ser por si só um sistema complexo capaz de
executar ações no sentido de manter uma aparência externa invariável.
Proposição 5:
Dado um sistema de controle SC = <C, O>, então O é por si só um sistema de
controle1 O = <OE, OI>, onde OE é o componente externo de O que exerce
restrição1 adicional sobre o componente estável interno OI..
O meta-sistema SC é agora expresso de acordo com a fórmula:
SC = <C, O = <OE, OI>>
A divisão de O em um componente externo OE e um interno OI induz uma
partição da região estável O* em OE* e OI* , de modo que O* = OE* × OI* .
Como a ação de OE estabelece uma restrição2 sobre a liberdade de OI, mesmo que
SC = <C, <OE, OI>> seja um sistema de controle2, O = <OE, OI> será um sistema de
controle1 em virtude da definição 2. Além de evitar uma regressão lógica isto indica
também que a restrição1 que as ações de OE impõem sobre OI não é invariante. Ao invés
disso, como o ambiente global C de O varia, esta variação é transmitida à restrição1 que
OE exerce sobre OI.
5 Sistemas de Feedback
A ação do ambiente global C sobre O ocorre na verdade em OI por meio do controlador
interno OE que atua compensando constantemente o efeito de C. As relações entre os
componentes de SC são apresentadas na Figura 1, onde a variação de C afeta O por
meio da relação h, enquanto que a restrição1 que OE exerce sobre OI e a resposta deste
são representadas respectivamente pelas relações g e f.
C representa o ambiente global, enquanto que OE e OI representam diferentes
partes de um sistema de controle2, tal como um organismo ou uma máquina. C
estabelece um relacionamento em um nível hierarquicamente superior com OE e OI.
Estes dois componentes, por sua vez, realizam um acoplamento mais forte entre si do
que com C. OE representa algum componente eferente de O, o mecanismo cuja ação
produz variação compensatória em OI, que representa as variáveis controladas. Uma
primeira análise poderia levar a crer que OI deveria na verdade ser parte do ambiente,
uma vez que as variáveis sendo controladas (por exemplo, a temperatura de uma sala
por um termostato) representam tipicamente alguma coisa do “mundo”.
Ainda que isto seja verdadeiro do ponto de vista físico, não parece ser tanto do
ponto de vista lógico. Primeiro, o ambiente C é identificado como uma fonte de
variação para o sistema O e, obviamente, as variáveis controladas não podem contribuir
para essa variação. Também OI deve estar fortemente acoplado com OE, em virtude da
relação de controle2. Portanto OI deve ser considerado como um reflexo interno ou
representação de toda variável externamente controlada.
C
SC h
OE f OI
Figura 1
Relações entre os componentes de um sistema de controle2
7 Construções Complementares
Até aqui se viu que um sistema de controle2 SC é uma entidade complexa,
constituída por três componentes distintos:
• O ambiente C, geral, variável e restritor1;
• O regulador OE, variável;
• As variáveis controladas OI.
Uma primeira abordagem ao relacionamento entre estes componentes foi
realizada a partir da definição 4 e da figura 1. Há entretanto formas alternativas para a
consideração de tais relacionamentos, que dão surgimento a diferentes visões da
natureza do controle.
7.1 Controle Intensional
Aqui o SC é visto considerando juntos o ambiente perturbador C e os estados
internos OI. Esta nova visão conduz à:
SC1 := <OE, <C, OI>>
Uma vez que os estados internos OI são ainda mantidos sob controle2, SC1 parece ser um
exemplo de um sistema de controle2 no qual, paradoxalmente, o ambiente global C atua
compensando os efeitos do mecanismo regulador OE. Isto certamente não é o caso, já
que as relações entre os componentes exigem que OE atue em resposta à ação de C e não
o contrário. Se, por algum fator externo, OE apresentasse alguma variação, C não iria
responder, ao passo que OE sempre irá responder apropriadamente a cada ação de C.
Ao invés disso, SC1 é uma visão alternativa de um sistema de controle2 que se
pode escolher assumir e que algumas vezes é necessária e útil.. Esta visão foi
inicialmente proposta por Dennet (1971) e nela a ação de OE é ignorada ou abstraída,
deixando somente o fato de OI submetido a um controle2 decorrente da variação de C.
Aqui se tem apenas a evidência de controle2, sem qualquer informação sobre seus
mecanismo f e g.
Essa visão tem se mostrado muito útil quando, por exemplo, C e OI estão
disponíveis para observação mas OE não. Nestes casos OI atua como um sistema
intensional. O atrator OI* ⊆ OI é visto como o objetivo ou propósito de SC1 e SC1 é
dito manifestar controle intensional.
8 Semântica
Viu-se que controle1 e controle2 são tipos de fenômenos essencialmente
diferentes. O controle1, no sentido da existência de formas estáveis, como o equilíbrio
dinâmico, é virtualmente onipresente em todos os níveis e escalas físicas. Ainda que o
controle1 possa apresentar uma certa complexidade, como nas formas de emergência em
sistemas físicos complexos com equilíbrio dinâmico [Nicolis, 1989], ele se apresenta de
forma relativamente simples e de fácil entendimento.
Já o controle2 é um conceito bem mais complexo, requerendo mecanismos de
compensação e controle de feedback e admitindo múltiplas decomposições
complementares e visões alternativas. Qual a participação do controle2 na estrutura do
universo? Quais são as condições necessárias e suficientes para que o controle2 surja
naturalmente? Que relação há entre controle2 e a ampla classe dos sistemas reais
identificados pela filosofia cibernética [Joslyn, 1995]: físicos, biológicos, mentais,
sociais e (talvez) mecânicos?
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9 Modelos
O artigo de Conant e Ashby (1970), anteriormente citado, tinha como foco
principal não a relação entre causa e controle de erro, mas sim um teorema
estabelecendo que a presença de controle2 requer que O atue como um modelo de C.
Um modelo, neste sentido, é uma relação homomórfica entre dois sistemas [Kampis,
1988] [Klir, 1991]. Em um sistema de controle SC, o estabelecimento de controle2 em
f
virtude da codificação OI → OE requer que f seja uma relação homomórfica da
variação de OI (as variáveis controladas) para a variação de OE (as ações do sistema).
Isto é, cada mudança no estado interno OI resulta em uma mudança específica no
comportamento OE, tal que as mudanças em OI e OE possam ser correspondentes em
virtude da codificação f. Alguns pontos devem ser mencionados aqui:
• f estabelece somente um homomorfismo e não um isomorfismo. Isto
significa que para cada variação em OE pode haver múltiplas relações
correspondentes em OI. Em outras palavras, uma dada ação de OE poderia
resultar de múltiplas possíveis configurações de OI.
• Devido a presença de um bom controle de erro juntamente com laços de
feedback de elevado ganho, a variação em OI (a medida de OI* ⊆ OI ) é
geralmente muito menor do que a de OE. Na verdade, OI* tende a zero,
enquanto que OE* tende a permanecer bastante grande. Isto ocorre em
concordância com o que foi discutido na seção 3.4: uma atividade constante
é requerida para manter OI em um estado de equilíbrio dinâmico.
• De acordo com esse desenvolvimento, é a variação de OE (a ação de O) que é
um modelo da variação de OI (as variáveis internas): “muito quente”
significa “descer”. Superficialmente isto poderia parecer pouco intuitivo.
Normalmente se considera que os estados internos modelam o mundo e não
que ações modelam os estados internos. Ainda que não se negue a
possibilidade de ambos os tipos de modelagem, a visão de OE modelando OI
reforça a confiabilidade de controle2 na modelagem: como o comportamento
modela a percepção, assim as ações modelam as mudanças nos estados
internos.
Medidas Conseqüências
Dinâmica
Mundo' Mundo
Figura 2
Visão Funcional de um Sistema de Controle2
No mundo (o ambiente C do sistema) o processo dinâmico de “realidade” ocorre
fora do conhecimento do sistema. Ao invés disso, todo o conhecimento que o sistema
tem do ambiente vem de um processo de medida (percepção) que produz uma
representação (parcial) do ambiente. Baseado nesta representação o sistema então
escolhe uma determinada ação que irá realizar sobre o mundo, o que tem conseqüências
para a mudança de estado do mundo e portanto influi as medidas colhidas no futuro.
Para apresentar um controle estável o sistema global deve formar um laço de
feedback negativo de modo que as perturbações e outras forças da “realidade” (por
exemplo o ruído ou as ações produzidas por outros sistemas de controle externos) são
contrabalançadas pela ação compensatória do sistema que busca tornar o estado medido
(a representação) tão próxima quanto possível de algum estado desejado, ou pelo menos
estável. A figura 2 é a visão funcional de um sistema de controle simples representando
as relações lógicas entre certos componentes do sistema e o mundo. Ali os nodos
representam construções lógicas e as setas são rotuladas com o tipo de relação que
existe entre elas ou a natureza da restrição que uma aplica sobre a outra.
Em outras palavras, uma função de medida relaciona um estado do mundo com
uma particular representação por meio de uma forma de restrição. Uma função de
decisão (executada por algum agente) relaciona esta representação com a escolha de
uma particular ação que, ao ser executada, traz conseqüências para o estado do mundo
que são transmitidas para estados futuros por meio de restrições dinâmicas.
Ambiente
Sistema
Representação
Sensores Agente
Estado
Ação
Corrente
Mundo
Figura 3
Visão Estrutural de um Sistema de Controle2
Sistema
Predição
Representação Representação'
Medidas Medidas
Dinâmica
Mundo Mundo'
Figura 4
Visão Funcional da Relação de Modelagem
Ambiente
Sistema
Representação
Mundo Sensores Comparador
Estado
Corrente
Figura.5
Visão Estrutural da Relação de Modelagem
11 Sistemas de Controle Hierárquico
Pode-se fazer muito mais com as medidas capturadas do ambiente do que
simplesmente transmiti-las ao agente para que este, com base nelas, decida sobre qual
ação deve ser executada. É possível, por exemplo, estender o sistema de controle com
uma relação de computação entre uma representação e outra. Assim, a representação do
mundo é operada de modo a criar uma nova representação, conforme se apresenta na
figura 6
Ambiente Ambiente
Sistema Sistema
Computação Decisão Representação Representação'
Representação' "Computador"
Medidas Conseqüências
Estado
Ação
Corrente
Dinâmica
Mundo' Mundo Mundo
Figura 6
Visões Funcional e Estrutural de Sistemas de Controle com Computação
Sistema
Objetivos
Representação Erro
Comparador
Sensores Agente
Medidas Ação
Mundo
Perturbações
Figura 7
O Sistema de Controle de Powers.
A grande virtude do modelo de controle de Powers é a sua escalabilidade
hierárquica. Na figura 8 apresenta-se um sistema de controle hierárquico nele baseado
com um nível interno 1 e um nível externo 2. O ponto chave aqui é permitir às
representações se combinarem para formar representações em níveis mais altos.
Ambiente
Nível 2
Objetivos 2
Erro 2
Comparador 2 Agente 2
R3
Nível 1
S3 Objetivos 1
R1 Comparador 1
R2 R1 Erro 1
S2 S1 Agente 1
Mundo
Perturbações
Figura.8
Aninhamento Hierárquico do Sistema de Controle de Powers
Na figura 8, S1 e S2 são dois sensores distintos que produzem representações de
baixo nível, R1 e R2, respectivamente para os níveis interno e externo. Estas
representações são enviadas para um sensor de nível mais alto, S3, que produz uma
representação R3 no seu próprio nível. O segundo passo surge da possibilidade de um
sistema de controle definir os objetivos de outro, permitindo portanto a decomposição
de objetivos em uma hierarquia de sub-objetivos. O agente do nível externo usa R3 para
produzir a ação de corrigir os objetivos do nível interno. A topologia geral do laço de
controle é mantida. Enquanto que, em última análise, o nível mais baixo é o que
realmente exerce a ação sobre o mundo, isto é feito sob o controle produzido pela
comparação de objetivos de nível mais alto contra uma representação idem.
12 Modelagem e Controle Integrados
Segundo Joslyn (1996), modelagem e controle são duas formas distintas através
das quais é possível representar o relacionamento de um sistema com seu ambiente.
Seja um sistema S em relação com seu ambiente E. Naturalmente S possui dois
conjuntos de relações: g: E a S do ambiente para o sistema e f : S a E de volta do
sistema para o ambiente. Então modelos e sistemas de controle distinguem-se pela
diferença que apresentam em suas estruturas topológicas.
Na relação de modelagem, somente g está presente como uma função de medida e assim
a estrutura de um modelo é fundamentalmente linear, do mundo para o modelo. Na
relação de controle, entretanto, além da função de medida g, tem-se também f, que surge
como uma relação de ação do sistema de volta ao mundo. Assim o controle é
fundamentalmente circular, do sistema para o mundo e de volta para o sistema
novamente. Ainda que distintos, entretanto, controle e modelagem apresentam muito
em comum. Em particular, ambos estabelecem uma relação de medida do ambiente para
o sistema e, pelo menos no controle com computação há também uma relação onde uma
representação é produzida a partir de outra, respectivamente computação e predição.
Pode-se obter controle sem computação, modelagem ou planejamento, baseado
estritamente em feedback. No controle, entretanto, a representação do que é é
comparada com o que é desejado, enquanto que na modelagem a comparação é feita
com o que é esperado, com base nas predições do modelo.
Ambiente
Sistema
Computação Decisão
Representação'
Representação Ação
Dinâmica
Mundo' Mundo
Figura 9
Sistema Integrado de Modelagem e Controle
Ambiente
Sistema
Figura 10
Decomposição Temporal de Controle e Modelagem Integrados
Aqui se introduziu uma relação entre o agente e a representação. Na visão
estrutural esta relação é sempre realizada mediante a execução das ações do agente
sobre o mundo. Aqui entretanto, sob a visão funcional, esta relação é na realidade a
própria relação de controle. Além disso é importante notar que não é o estado do
mundo que é mantido sob controle, mas sim a percepção do estado do mundo pelo
sistema.
Sistema
Modelo
R "dinâmica"
"Mundo" "Mundo'"
"conseqüências" "medida"
Mundo
Figura 11
Controle Antecipatório
Deve-se observar que na figura 11 o laço de controle externo é simples, não realizando
computação. Em termos do sistema de Powers, não há um “objetivo” com o qual o
estado do modelo interno possa ser comparado. Isto entretanto poderia ser incluído
como uma extensão do sistema onde uma medida imaginária é tomada sobre o “mundo”
e comparada com algum objetivo. O sinal de erro externo poderia então poderia ser
empregado para modificar as ações imaginadas pelo modelo até que a estabilidade
desejada seja atingida.
Agradecimentos:
O autor agradece a Fapergs e a UCPel o apoio recebido na elaboração deste trabalho.
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