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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

Faculdade de Economia. Administração, Contabilidade e Atuária


Curso de Administração

FERNANDO RANIERI BELO DA COSTA

A TRANSFORMAÇÃO NO NEGÓCIO DAS BANCAS DE JORNAL NA CAPITAL


PAULISTA

São Paulo – SP
2019
FERNANDO RANIERI BELO DA COSTA

A TRANSFORMAÇÃO DO NEGÓCIO DAS BANCAS DE JORNAL NA CAPITAL


PAULISTA

Trabalho de Conclusão de Curso I


apresentado ao Curso de Administração da
Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, como requisito para obtenção do
título de bacharel em Administração, sob
orientação do Prof. Crisomar Lobo de
Souza.

São Paulo – SP
2019
AVALIAÇÃO:...............................................................................................

ASSINATURA DO ORIENTADOR:............................................................
RESUMO
Abstract
Sumário

1. Introdução 6
1.1 Problema 7
1.2 Objetivo geral 7
1.2.1 Objetivos específicos 8
1.3 Justificativa 8

2. Referencial Teórico 9
2.1 O comportamento do consumidor 9
2.1.1 Fatores intrínsecos 9
2.1.2 Fatores extrínsecos 11
2.1.3 O comportamento do consumo 13
2.2 As transformações históricas das bancas de jornal na capital paulista 16
2.3 Os comportamentos de consumo e do consumidor no mercado editorial 19

3. Metodologia 23
3.1 Estrutura do questionário 24

4. Análise de dados 28
4.1 Fatores extrínsecos 28
4.2 Perfil do consumidor 32
4.3 Qualidade 33
4.4 Fatores intrínsecos 33
4.5 Mix de marketing 33
4.6 Estratégias de consumo 33
4.7 Análise de mercado e competição 33
4.8 Limitações do negócio 33
4.9 Relação do consumidor com a cidade 33
4.10 Variáveis do negócio 33

5. Conclusão 34

6. Referências 35

Anexos 37
6

1. Introdução

A partir da década de 60, as bancas de jornal surgiram em diversos bairros ao


longo de toda a cidade de São Paulo para atender as demandas da circulação de
notícias, já que o mercado editorial impresso era uma das formas mais simples e
rápidas das pessoas adquirirem informações ou buscarem entretenimento (SILVA,
FIQUEIREDO e SANTOS, 2015). A utilização deste ponto de venda era comum
para a geração X e Y, que procurava desde os gibis aos álbuns de figurinha, das
novidades e opiniões dos jornais nacionais ao conteúdo pornográfico de revistas
adultas e dos impressos de páginas amarelas com oportunidades de emprego à
edição de domingo com anúncios de carros usados.

Porém os lançamentos de alternativas das editoras, como a entrega dos jornais


em domicílio, abertura das grandes livrarias e distribuição das revistas em outros
estabelecimentos como supermercados, alteraram a demanda nas bancas. Com
as novas possibilidades de consumo, associadas às alterações no perfil do
consumidor, os jornaleiros identificaram novas chances de negócios neste ponto
de venda, como o comércio de doces, livros, cigarros, cartões telefônicos,
fotocópias, etc.  

Atualmente, uma das ameaças deste negócio é o aumento crescente dos leitores
de revistas eletrônicas, disponibilizadas em diversos sites e também pelas
próprias editoras.

Os avanços da tecnologia em meio a globalização, conseguiram trazer na palma


da mão dos conectados as informações em velocidade recorde que, se bem
utilizadas, traz vantagens ao usuário portador deste dado. Assim, a leitura através
dos meios digitais tomou maior importância e tempo dos usufrutuários.
7

Uma consequência nítida aos permissionários foi que, de acordo com o Sindicato
dos Vendedores de Jornais e Revistas de São Paulo (SindjorSP), mais de 2500
bancas foram fechadas na capital paulista somente no período de 2007 a 2019, o
que representa uma redução de 48% na quantidade e revela o despreparo da
legislação para o fenômeno global.

Assim, esta pesquisa se propõe a identificar as transformações do negócio das


bancas de jornal na capital paulista, uma vez que estes pontos de vendas, nas
últimas décadas, passaram pelo processo de adequação às alterações urbanas e
das necessidades do consumidor.

1.1 Problema

No cenário atual, as bancas de jornal na capital paulista passam despercebidas


para grande parte da população, porém aos que a analisam, fica o
questionamento se as bancas tendem a resistir ou se adequar a distância entre o
consumidor, a informação e o dispositivo móvel.

Será que há adaptação ao atual modelo de negócio para continuar a levar a


informação ao leitor ou o local será transformado em um ponto de venda com
outro fim? Qual é o impedimento do poder público em permitir novas atividades
aos locais? Quais são as capacitações dos permissionários para exercício das
atuais atribuições? O modelo de negócio na cidade de São Paulo suportaria
atender às principais demandas comerciais não prestadas aos cidadãos?

Nesse contexto a pergunta colocada para esta pesquisa é: quais são as


tendências de negócio das bancas de jornal na capital paulista?

1.2 Objetivo geral


8

O objetivo desta pesquisa é identificar as transformações de negócio das bancas


de jornal na capital paulista.

1.2.1 Objetivos específicos


Como etapas intermediárias para identificar as transformações de negócio das
bancas de jornal na cidade de São Paulo, devemos:
● Identificar o comportamento e o perfil do consumidor das bancas de jornal
● Levantar o comportamento do permissionário das bancas de jornal
● Interpretar as transformações dentro da cidade de São Paulo

1.3 Justificativa

Esta pesquisa justifica-se em identificar as transformações de negócio das bancas


de jornal na capital paulista pois, como este ponto de venda está presente em
todos os bairros, os cidadãos poderiam identificá-lo como um comércio para
atender às necessidades locais, evitando grandes locomoções e atendendo
possíveis urgências.

Também é possível justificá-la para a academia pois não há dados do perfil do


permissionário da banca de jornal e os dados públicos sobre a abrangência dos
pontos comerciais não estão atualizados, o que impossibilita uma análise atual do
mercado e também fecha portas para novos estudos.

Assim como é factível argumentar que esta busca possui importância aos
jornaleiros paulistanos, políticos e prestadores de serviços em capacitação para
analisar o aumento na rentabilidade do negócio.

Há relevância deste documento à comunidade, pois nota que a cidade de São


Paulo retornou a ocupação do espaço público, assim, o potencial de captura de
consumidores pode ser maior para este ponto de venda.  
9

2. Referencial Teórico

2.1 O comportamento do consumidor

De acordo com Banov (2017), o consumidor é toda a entidade compradora


potencial que tem uma necessidade ou desejo a satisfazer. Para atendê-lo, é
necessário ter conhecimento da sua personalidade e por isso ele é estudado por
um conjunto de características que compõe diversos tipos de grupos de pessoas.
Com estas identificações o negócio poderá direcionar um produto e suas
estratégias de marketing através da segmentação ou nicho para melhor atender
as expectativas do cliente.

Para compreender o comportamento de cada consumidor, são necessários


estudos dos fatores internos, que são as variáveis comportamentais, tais quais a
percepção, as motivações conscientes e inconscientes, a aprendizagem de
consumo, memória e atitudes; e também dos fatores externos, que são as
variáveis físicas, como os dados demográficos, o ciclo de vida, os estilos de vida,
além dos fatores sociais e culturais (BANOV, 2017).

2.1.1 Fatores intrínsecos

Um dos fatores internos que levam o consumidor a criar uma relação de negócio
é a percepção. Ela é formada quando todos os sentidos humanos (visão, olfato,
audição, tato e paladar) recebem as mensagens do que está ao seu redor e os
encaminha ao cérebro para dar um significado. Portanto, Banov (2017) aponta
que quanto mais sentidos são explorados pelas empresas, maior é a
probabilidade de conquistar um cliente.

Entretanto, nem todos os estímulos vão ser notórios para a tomada de decisão de
uma compra, porque o usuário consegue seleciona-los. Por isso, para criar
negócios fieis, cada empresa precisa estudar a percepção do produto, inclusive
10

considerar como cada cliente percebe estes estímulos e qual deles é o mais
importante para ele em cada situação (BANOV, 2017).

Outra grande fator interno é a atenção. Ela dá o foco a algum dos nove estímulos
apurados. A frequência é um estímulo que faz com que o produto ou a
propaganda chame mais atenção do que aquela que aparece com menor
recorrencia. O movimento é outro estimíulo que, se usado nos anúncios de forma
dinâmica pode chamar mais atenção entre os anúncios estáticos. No mesmo grau
de importância, Banov (2017) indica a iluminação, o tamanho, a posição, a
intensidade, o contraste, a cor e o nível do produto como outros elementos que
compõem a gama de estímulos para garantir a atenção do consumidor.

A interpretação da informação também é outro fator intrínseco. De acordo com


Banov (2017), a organização, a categorização, a inferência e a atribuição
constituem as variáveis da interpretação. Dentro da organização, o princípio da
similaridade dá sentido para um grande aglomerado de dados, enquanto o
princípio da proximidade permite formar conjuntos de dados baseados em
hábitos; e o princípio do fechamento revela que o cérebro usa padrões sensoriais
e espaciais para concluir formas. Neste conjunto, é o princípio da relação figura e
fundo que vão deixar claro o que é foco e o que é contexto. Estas habilidades
cognitivas direciona o cérebro a transformar as informações de forma mais
seletiva.

É com a integração da inferência, elemento da interpretação, que a formação de


crenças com base nas características do produto e do contexto levará o
consumidor a perceber qualidade do produto. Banov (2017) cita que a força de
uma marca conhecida faz que seus produtos sejam mais vendidos pela sensação
de segurança que oferecem, o que reforça a necessidade do bom mapeamento e
posicionamento dos produtos ao cliente.
11

Entretanto a utilização destes fatores intrínsecos não garantem a compra do


produto, ou seja, a atitude não será uma garantia.

2.1.2 Fatores extrínsecos

Ainda no estudo do comportamento, há os fatores externos que ajudam as


empresas a elaborar e desenvolver produtos e estratégias para cada segmento. A
começar pela análise do ciclo de vida, é na família que o consumidor é iniciado no
consumo. Por isso que muitas empresas procuram fidelizar as crianças nos
primeiros anos de vida, usando as variáveis intrínsecas como imagens, cores,
efeitos especiais, cartoons, jingles, histórias familiares e músicas. Entretanto,
quando elas estão no ambiente escolar é necessário introduzir outros formatos,
como cita Banov (2017) a importância do uso de premiação, criar coleções e até
concursos. Estes estímulos vão reforçar o consumidor de hoje e de amanhã.

A combinação da idade, do estado civil e da posição na família são outros fatores


que vão gerar consumos diferentes conforme o seu grupo. No início da
adolescencia, a oposição aos padrões dos pais e a forte influência dos seus
grupos de referência vão induzir o jovem a procurar o seu padrão de consumo
próprio. Porém dentro do núcleo familiar, os animais de estimação já estão sendo
incorporados como membros da família. Fundamentado neste grande grupo de
características, é possível antecipar os tipos de produtos que estes grupos
necessitarão.

Durante a vida adulta, a maneira com que uma pessoa se envolve no trabalho ou
no lazer forma um padrão de interesses. Ao observar o que ela gosta de fazer,
quais são as características da sua personalidade, as suas crenças e as atitudes,
juntas, vão compor o estilo de vida, também conhecido como segmentação
psicográfica (BANOV, 2017).
12

Cada estilo de vida está associdado à maneira como o consumidor usa o seu
dinheiro. Como exemplo, Banov (2017) cita estudos que mostram que as classes
sociais têm como referência uma classe acima da sua. Assim, a empresa poderá
usar esta condição para posicionar seu produto de uma maneira e então
potencializar a aquisição de uma classe específica. Por isso, é importante que
cada empresa mantenha pesquisas para garantir o mapeamento das tendências
no consumo.

Ainda no campo dos estudos de vida que correlacionam com os aspectos


externos, foi visto que o consumidor aprende com os grupos que compartilham o
mesmo momento, status, ideologia, crenças, valores ou consumo. Neste contexto,
é possível classificar dois grandes coletivos de consumidores: os realizados e os
realizadores. Em características gerais, Banov (2017) cita:
"Os realizados são indivíduos maduros, informados, que se
interessam por notícias e leituras, têm bom nível de educação, não estão
focados em imagem ou status, buscam por praticidade e durabilidade e
estão satisfeitos com suas carreiras. Entre os realizadores estão
indivíduos bem-sucedidos, focados na carreira, na imagem e no prestígio,
são avessos aos riscos, são direcionados pelo grupo social, consomem
produtos que dão imagem de prestígio, apreciam marcas luxuosas e
lugares sofisticados que lhes deem imagem de prestígio e sucesso"

Um dos fatores externos que intensificam as relações de consumo é a cultura


porque faz parte de um processo de construção social aprendida e transmitida de
geração a geração através dos rituais, dos hábitos, de mitos, dos valores, das
crenças, da linguagem e das normas e leis.

É importante ressaltar que as famílias recebem influências de outros grupos


sociais, dos meios de comunicação de massa, das tecnologias, dos governos, dos
países e, neste contexto, criam-se os hábitos. É neste conjunto que as correntes
socioculturais e os movimentos sociais evidenciam tendências importantes para
influenciar uma cultura por um longo período de tempo. Elas se formam
lentamente e influenciam a cultura por um período de pelo menos dez anos,
sendo que um conceito é amplamente implementado em 20 anos (BANOV, 2017).
13

Banov (2017) aponta que vivenciamos dezesseis tendências previstas por


Popcorn na década de 1990 e que é importante evidenciar algumas para embasar
o cumprimento do objetivo geral deste trabalho:
- O encasulamento é uma tendencia caracterizada pela busca de segurança
e seus reflexos são visto por um tempo maior das pessoas dentro das suas
casas ou até mesmo no crescimento do trabalho a distância e homework,
como maneiras de refúgio de um mundo violento, ameaçador e
estressante;
- A tendência da egonomia trata da busca da personalização como maneira
de se destacar dos outros;
- O movimento do consumidor vigilante revela que os clientes estarão
atentos à qualidade do atendimento a ponto de deixar de consumir
produtos ou serviços das empresas que não preparam seus colaboradores
para o bom atendimento;
- Outra grande tendência dizia que os consumidores vão priorizar por
produtos e serviços que economizem tempo e os hipermercados são um
ótimo exemplo da "99 vidas", denominação deste movimento;
- O consumidor passou a se preocupar mais com o seu descarte, desde a
seleção de lixo até a economia de água, denomimando esta tendencia
como SOS.

A clareza no contexto das variáveis humanas e sociais se faz necessária para que
as empresas entendam o que elas não conseguem controlar: o comportamento
do consumidor. Entretanto, existe uma parte que lhe compete e que ela possui
total domínio, o marketing.

2.1.3 O comportamento do consumo

O produto, o preço, a promoção e o ponto (também conhecidos como os "4 P"),


eram as grandes áreas no marketing. Porém, com a crescente atividade comercial
nos ambientes virtuais, foi fundamental acrescentar novos áreas de atenção e
14

conhecimento. Estas novas áreas são conhecidadas como os "8 P(s)", que
contém a pesquisa, o planejamento, a produção, a publicação, a promoção, a
propagação, a personalização e a precisão como parte das estratégias que criam
o vínculo de sucesso entre cliente e a empresa.

O processo decisório envolve o estudo do comportamento de consumo. O


consumo dá início a partir do momento em que o cliente faz a procura do produto,
depois realiza a compra, o utiliza e então se conclui na própria avaliação que
entenderá se a necessidade ou o desejo atingiu suas expectativas.

Pela visão da Banov (2017), estes processos não são apenas racionais. Eles
constituem também das emoções do consumidor, que vão desde os aspectos
individuais, como a autoestima, a autoimagem, a motivação, a percepção de
risco, etc, até aos fatores sociais. Banov (2017) cita:
"É com base nestes fatores que o envolvimento com a compra
determinará se o processo de decisão de compra será extenso ou
limitado. Se existir baixo grau de envolvimento, que gera um processo
decisório rápido, eliminará algumas etapas do processo decisório".

Por consequencia, quando o produto tem uma relevância pessoal maior para o
consumidor, a decisão tende a ser mais demorada, assim, todas as etapas do
processo decisório serão cumpridas uma vez que o grau de envolvimento é maior
(BANOV, 2017).

Banov (2017) descreve que o processo decisório que:


"Se encontra com mais frequência é aquele em que o consumidor
identifica uma necessidade, busca informações sobre os tipos de produtos
e marcas que poderão atender à sua necessidade, levanta e avalia as
alternativas, compra o produto e faz uma avaliação pós-venda"

Assim, em geral, quando um consumidor vê um produto e o compra


imediatamente sem pensar ou questionar este produto é desnecessário para a
sua sobrevivência. Esta forma de consumo é classificada como impulsiva.
15

Entretanto, as empresas ainda devem ter consciência que precisam lidar com os
consumidores que tem desejos irresistíveis por comprar. Como eles não tendem a
avaliar o que desejam ou precisam, já que a satisfação é baseada em atender seu
desejo, pouco importa o produto ou o serviço oferecido.

O processo decisório está dividido em pré-compra, compra e pós-compra. Estas


fases precisam ser bem conhecidas pelas empresas para que a melhor estratégia
seja aplicada para cada consumidor. Por isso é importante ter profissionais que
vão negociar o produto bem treinados e preparados para lidar com as questões
dos consumidores, bem como informados sobre o que e como a concorrência
está entregando valor a seus clientes.

Na pré-compra, conforme Banov (2017), existem três fases:


- A identificação de uma necessidade, em que o consumidor percebe um
desequilíbrio entre a situação presente e a desejada;
- A busca de informações, em que inicialmente o consumidor buscará em
sua a memória informações do produto e logo após, a busca externa por
meio das pessoas que já experimentaram o produto. Com a internet este
processo ficou mais rápido, completo e acessível, inclusive, com a
interação das próprias empresas, sejam em seu website ou em outras
plataformas como Reclame Aqui;
- E o levantamento e avaliação das alternativas, fundamental para que o
consumidor conheça quais são os atributos mais importantes que melhor
lhe atende.
Por mais que nesta fase a empresa não tenha tanto controle sobre o consumidor,
se fazer presente em diferentes canais e manter uma boa relação com antigos
compradores são boas estratégias para potencializar um novo consumo potencial.

Na compra, a experiência do consumidor no estabelecimento é muito importante,


porque se suas expectativas são atendidas, a probabilidade dele comprar
novamente aumenta. Entretanto, se experiência for ainda mais completa do que
16

um bom atendimento e a sensação de satisfação do produto, a probabilidade dele


escolher aquela loja novamente para suas futuras compras se torna ainda maior.
Por isso muitas lojas tem procurado oferecer um atendimento cada vez mais
personalizado que ultrapasse o nível bom para o excelente atendimento, e até
realizar um contato pós-venda para saber se o produto atendeu suas
necessidades (BANOV, 2017).

Durante o pós compra, Banov (2017) menciona que:


"Os consumidores continuam buscando informações sobre o
produto para saber se realmente fizeram uma boa compra. Se as
informações encontradas são positivas, a ansiedade diminui; porém, se
forem negativas, o desconforto e a ansiedade crescem, e a compra
torna-se um pesadelo. Silva e Zambon (2015, p. 244-245) dizem que é
melhor deixar de realizar uma venda no presente do que perder o cliente e
todas as potenciais vendas futuras para ele”.

As bases do comportamento do consumo e do comportamento do consumidor


não mudam quando é analisado o comércio nos ambientes virtuais.

2.2 As transformações históricas das bancas de jornal na capital paulista

O primeiro jornal que se tem notícia foi o romano “Acta Diurna”, publicado em 59
a.C., sendo o “Notizie Scritte”, publicado em Veneza (1556), o primeiro jornal
mensal. O primeiro semanário foi o “Relation”, impresso na Antuérpia (1605), e o
“Post-och Inrikes Tidningar”, publicado pela primeira vez na Suécia, em 1645,
existe até hoje e é considerado o jornal em circulação mais antigo do mundo.
Todos eles, sem exceção, sempre dependeram da entrega, da distribuição, da
garantia que a ponte entre o jornalista e o leitor ocorresse. O jornaleiro se tornou
o responsável pela circulação das notícias, principalmente no século XX
(SINDJORSP, 2015).

Ao que tudo indica, os jornaleiros surgiram no Brasil há quase 150 anos, tendo
começado com os negros escravos que saíam pelas ruas gritando as principais
manchetes estampadas no jornal A Atualidade, o primeiro vendido avulso no País,
17

em 1858. A atividade se expandiu com os imigrantes italianos, sendo eles


chamados de “gazeteiros”. Não tinham ponto fixo e perambulavam pela cidade
com pilhas de jornais amarrados nos ombros. Os jornais eram vendidos em
caixotes de madeira, que evoluíram para bancas de madeira por volta de 1910
(SINDJORSP, 2015).

Em 1954 o então prefeito de São Paulo, Jânio Quadros, uma vez que o
paisagismo da cidade estava sendo discutido mudou pintar a cor das bancas para
a cor metálica. Esta decisão influenciou outros municípios a utilizar os princípios
desta determinação (SINDJORSP, 2015).

Foi então nos de 1970 que bancas, até então concentradas na região central,
começam a se espalhar pelos bairros de São Paulo. E durante a ditadura, as
bancas foram que vendiam 'O Pasquim' e 'A Hora do Povo' foram incendiadas e
os jornaleiros que vendiam revistas 'obscenas' como 'A Manivela do Bernardão' e
'Malufofinha nº 4' foram presos (FOLHA S.PAULO, 2013).

Em 1986 foi promulgada a lei 10.072 que regulou pela primeira vez as atividades
das bancas de jornal. A primeira alteração, realizada em 1990 no artigo 1º,
determinava que os locais para instalação das bancas só poderiam ser
designados previamente pelo poder Executivo (LEGISLAÇÃO MUNICIPAL DE
SÃO PAULO, 1986). E em 1994 o permissionário da banca ganha o direito de
comercializar bebidas específicas em diversas especificações para acompanhar
as demandas do consumidor. Nesta década, ao menos 54 bancas foram
apuradas funcionando 24h e viram "point" de jovens na madrugada (FOLHA
S.PAULO, 2013).

Na entrada do 2000, o prefeito Celso Pitta permitiu a venda de CDs e pequenos


itens como cigarro e canetas, e com artistas como Lobão, Oswaldo Montenegro e
Blitz começaram a vender seus discos independentes direto nas bancas (FOLHA
S.PAULO, 2013).
18

No novo milênio o consumidor mudou junto com o avanço da tecnologia e as


dinâmicas das cidades estão fortemente sendo alteradas pela globalização
acelerada. Porém a adaptação das normas regulatórias das bancas na capital não
acompanharam as necessidades do consumidor.

Em cinco anos, a capital paulista passou de mais de cinco mil bancas em 2007
para menos de 3,9 mil em 2012. Na época, as bancas informalmente
comercializar serviços e produtos demandados pelo público, porém como a lei
não se adequou ao longo das décadas, a redução das bancas se deu pela
cassação dos Termos de Permissão de Uso pelos órgãos reguladores (URSINI,
2012). Na época, o então presidente da SindjorSP, Ricardo Lourenço do Carmo,
em entrevista a Ursini (2012) cita:
“Na lei é permitido vender fita VHS, mas não DVD. É permitido vender passe de
ônibus, mas não bilhete único. Ficha telefônica pode, mas não cartão telefônico.
Ou seja, são produtos que não são mais comercializados”.

Foi somente em 2013 que o então prefeito Fernando Haddad, promulga


alterações na lei nº 10.072 a fim de ampliar os direitos do permissionário
flexibilizando as especificações dos produtos comercializados e ampliando o rol
de venda. Entre as principais concessões destaca-se a possibilidade de vender
artigos eletrônicos de pequeno porte, artigos de pequeno porte do segmento
papelaria, assim como a inclusão da comercialização de cartões pré-pagos de
recarga para celulares e chips de operadoras de telefonia.

Porém, regulou que 75% do espaço interno útil da banca fosse destinado para
exibição de produtos da linha editorial para evitar a descaracterização do negócio
que tem o objetivo de levar informação e entretenimento com base em produtos
do segmento editorial. No ano de 2016 que foi realizado um ajuste no Art. 6º que
flexibiliza os titulares dos Termo de Permissão de Uso a nomear prepostos para o
desempenho de suas atividades.
19

De 2007 até 2019, de acordo com Reino e Vaz (2019), a quantidade de bancas de
jornal na capital reduziu mais de 48%. Em setembro de 2019 foi apurado mais de
2.600 bancas de jornal em funcionamento em toda a cidade.

2.3 Os comportamentos de consumo e do consumidor no mercado editorial

Como visto, a finalidade de uma banca de jornal na capital paulista é levar


informação e entretenimento com base em produtos do segmento editorial. Para
aproximar conclusões que cumpram o objetivo geral deste trabalho acadêmico, é
importante identificar o que leva os consumidores a ler a imprensa e o que as
pesquisas revelam sobre as preferências entre o editorial impresso e o digital,
assim como quanto está disposto a pagar nestes cenários.

Flávian et al. (2006) procurou identificar em sua pesquisa os objetivos básicos


que o consumidor tem ao procurar e ler a imprensa. Para encontrar o perfil dos
grupos de interesse, eles foram classificados em três agrupamentos:
- O que buscam informações gerais ou específicas sobre um assunto
específico;
- Consumidores que pesquisam por notícias atualizadas em que seu maior é
desejo acompanhar as últimas notícias ou acompanhar os assuntos atuais;
- Consumidores que procuram lazer ou entretenimento através do editorial,
como, por exemplo, necessidade de passar o tempo.

Entre os leitores que procuram informações específicas, as seções do jornal são


seus locais favoritos uma vez que provavelmente encontrarão as informações que
estão procurando. Entretanto, esse tipo de consulta é muito menos eficiente e
rápida no caso de artigos tradicionais, que forçam o leitor a virar várias páginas
até encontrar as informações necessárias (FLÁVIAN et al, 2006, apud Dans,
2000).
20

Flávian et al. (2006) apud Brown (2000; AECE, 2004) infere que os consumidores
que precisam obter informações específicas naturalmente se voltam para a
imprensa online e não para os jornais impressos convencionais, uma vez que a
facilidade de pesquisa e comparação é um dos fatores que diferenciam a internet
da mídia física.

Neste contexto, as versões digitais dos jornais são mais procuradas entre os
consumidores que buscam informações relevantes para suas necessidades e que
ignora assuntos sem interesse imediato. Assim, Flávian et al. (2006) apud Liu
(2005), considera que a mídia eletrônica tende a ser mais útil para a pesquisa e
que, inclusive, é fortemente presente nas atividades e necessidades profissionais.

Para os consumidores que pesquisam por notícias atualizadas, Flávian et al.


(2006) apud Harris Interactive (2004) mostram que 80% dos usuários de internet
norte-americanos leem notícias online. Entretanto, apenas 45% dos entrevistados
preferem os sites de jornais digitais. Entre eles, foi possível entender que a mídia
em papel é preferida principalmente nos momentos em que se sentem
despreocupados.

Por Flávian et al. (2006), entre os consumidores que procuram lazer, o


entretenimento não mostrou um efeito positivo pela leitura digital. Em grande
parte isso era justificada pelo estágio inicial do desenvolvimento dos negócios de
editoriais na internet ou pela falta de experiência dos usuários com a imprensa
online. Inclusive aponta que haviam poucos estudos que analisaram o efeito da
experiência do usuário no setor da imprensa.

Para estes consumidores, houveram diferenças significativas nos resultados.


Entre os leitores com mais experiência na internet, o entretenimento teve um
efeito maior do que no caso de leitores com menos experiência. Isso ocorre
porque usuários mais experientes possuem maior conhecimento do meio e maior
familiaridade.
21

Através da motivação de cada consumidor, foi possível concluir no estudo


conduzido em 2016 que, em geral, à medida que os leitores de editoriais
adquirem maior experiência na internet, eles se sentem mais motivados a ler a
imprensa digital. Mesmo com as diferenças na motivação de busca de
informações, foi possível entender que o negócio editorial digital tem potencial
mais vantajoso de oferta contra dos jornais tradicionais. Com isso aumentariam
significativamente o número de consumidores e a frequência de acesso.

Nove anos após este estudo, Berger et al. (2015) procurou entender as diferenças
nas preferências do consumidor e qual era a disposição a pagar pelos editoriais
tradicionais em papel ou digital.

Conforme há alterações na distribuição e no consumo de conteúdo, também é


necessário mudança na monetização do conteúdo. Enquanto a edição impressa
de um jornal gera receitas de publicidade e vendas através das bancas de jornal e
assinaturas, a receita nos formatos digitais mostraram mais obstáculos. A maneira
que os editoriais tentaram cobrar dos clientes não teve sucesso e a maioria das
empresas decidiu aplicar um modelo de faturamento apenas publicitário em seus
sites (BERGER et al., 2015).

Essa estratégia levou a queda na circulação de impressões uma vez que a


disposição do consumidor a pagar por este serviço ficou baixa. Afinal, ele tinha
acesso ao mesmo conteúdo gratuitamente pela internet. Enquanto muitas
empresas não conseguiam gerar receita para compensar perdas, o crescente uso
dos smartphones, a popularização dos tablets e a disponibilização dos aplicativos
vieram dar uma nova oportunidade de gerar novos lucros.

Neste cenário, Berger et al. (2015) estruturou uma pesquisa em que comparou as
assinaturas de jornais impressos com assinaturas com formatos de jornais digitais
22

e determinou a importância do formato na decisão dos clientes entre esses


serviços de conteúdo.

Foi identificado entre os consumidores que o computador de mesa era o


dispositivo em que mais se acessava notícias. No entanto, o nível de satisfação
foi maior na leitura do jornal impresso do que nos dispositivos eletrônicos.
Inclusive, houve uma disposição maior do consumidor em pagar mais pelo jornal
impresso dos pelos aplicativos. Em sua justificativa apresenta que causa de um
valor percebido mais baixo, é devido a oferta de conteúdo semelhante gratuito em
outro lugar (BERGER et al., 2015).

Ainda em pesquisa, Berger et al. (2015) conseguiu analisar que entre os atributos
de consumo, o preço é mais importante do que o formato, seja ele impresso ou
digital. Entre os compostos que favorecem a satisfação do consumidor a versão
impressa é por conta do estilo jornalístico.

De fato, o valor percebido dos produtos de mídia depende, em grande parte, não
do conteúdo, mas do canal de distribuição. No entanto, se o conteúdo for
distribuído gratuitamente online, as pessoas não estarão dispostas a se inscrever
em um serviço de assinatura pago em qualquer outro formato.

Ainda vale destacar que em uma pesquisa conduzido por LAI et al. (2003), a
personalização nas manchetes dos editoriais baseado no perfil do consumidor,
mostrou ter um desempenho superior no tempo de leitura do usuário comparado
ao modelo tradicional das manchetes impressas. O nível de satisfação do cliente
foi e desta maneira, reforça não só a incidência das tendências apresentadas por
Banov (2017), mas também como o conhecimento do perfil do consumidor é
necessário para índices de satisfação maiores.
23

3. Metodologia

O método de pesquisa será qualitativo com uso de levantamento de campo


(survey) e estudo de casos exploratórios.

De acordo com Fowler Jr. (2011), o levantamento de campo produz descrições


quantitativas ou numéricas sobre alguns aspectos de uma população. A principal
maneira de coletar informações desta amostra é através de perguntas feitas às
pessoas.

Este método reúne três metodologias: amostragem, formulação de questões e


coleta de dados.

Para fornecer descrições estatísticas de pessoas por meio do questionário, é


necessário definir uma amostra, ou seja, um pequeno subgrupo de uma
população que represente toda a população. Segundo Fowler Jr. (2011 p. 31)
"Os detalhes do formato da amostra, seu tamanho e os
procedimentos específicos usados para selecionar unidades
influenciarão na precisão das estimativas da amostra."

As questões, que levarão à coleta de dados, devem comunicadas de forma


coerente e significar a mesma coisa para todos os respondentes, assim como ser
exatamente as mesmas para garantir que as diferenças nas respostas possam
ser atribuídas apenas às diferenças dos ponto de vista dos respondentes. As
perguntas escritas são planejadas e cuidadosamente preparadas para que os
tipos de respostas sejam apropriadas para o objetivo da questão (FOWLER JR.,
2011).

Para Fowler Jr. (2011), uma boa condução de uma pesquisa requer que os
respondentes entendam o propósito do estudo, pois há impacto nas respostas; e
que as questões de levantamento sejam feitas exatamente da forma como foram
escritas, sem variação.
24

Segundo Yin (2014 p. 39), a técnica de estudo de casos:


"investiga um fenômeno contemporâneo em profundidade e em
seu contexto de mundo real, especialmente quando os limites entre o
fenômeno e o contexto puderem não ser claramente evidente"

O estudo de caso é o método mais recomendado para avaliar uma transformação


já que os comportamentos relevantes não podem ser manipulados. É possível
trabalhar com uma ampla variedade de evidências, tais como documentos,
observações, entrevistas e artefatos dentro dos fenômenos sociais complexos
(YIN, 2014).

Entre as orientações de Yin (2014), consta que os elementos do estudo de caso


são as variáveis de interesse, que se originam de múltiplas fontes de evidências.
Desta forma, questões são desenvolvidas para entender as maneiras e porque os
comportamentos apontados acontecem.

Entretanto, a aplicação destas metodologias geram um grande desafio, que é


unir os pontos de dados para uma grande convergência.

3.1 Estrutura do questionário

Para realizar a pesquisa, foram elaborados dois questionários.

O levantamento de campo (survey) foi utilizado para responder um dos objetivos


deste trabalho: identificar o comportamento e o perfil do consumidor das bancas
de jornal. O questionário foi desenvolvido para coletar a ótica do consumidor,
contemplando assim 25 perguntas que compõem a segmentação psicográfica e o
estilo de vida dos entrevistados, o perfil do consumidor da banca de jornal,
aspectos importantes para o consumo, como o mix de marketing, qualidade e
fatores intrínsecos das bancas.
25

A pesquisa foi enviada para uma amostra de pessoas diversa em gênero, idade,
raça e que moram e/ou trabalham na capital paulista. O pedido para
preenchimento do questionário atingiu 1940 pessoas no dia 14/04/2020, sendo
que 119 pessoas responderam o questionário, até o dia 18 abril de 2020, o que
resulta em uma taxa de resposta de 6,13%.

Este questionário foi aplicado através da ferramenta digital Google Forms, o qual
permitiu aplicar diferentes tipos de questões (múltipla escolha, caixas de seleção
e respostas curtas e longas), dando uma maior flexibilidade para obter o melhor
tipo de resposta.

O estudo de caso foi utilizado para responder dois objetivos deste trabalho
através da ótica do permissionário: levantar o comportamento do permissionário
das bancas de jornal e interpretar as transformações dentro da cidade de São
Paulo.

Para responder às questões do comportamento do permissionário das bancas de


jornal, foram levantadas seis questões que exploram o mix de marketing,
estratégias de consumo, o perfil do consumidor, a percepção de qualidade,
fatores intrínsecos e extrínsecos. Para interpretar as transformações dentro da
cidade de São Paulo, foram abordadas quatro perguntas que abordam análise de
mercado e competição, limitações do negócio, relação do consumidor com a
cidade e as variáveis do negócio. Estes temas estão referenciados no material
teórico do capítulo anterior.

Foi definida uma amostra de três permissionários, pois trata-se de uma pesquisa
qualitativa em que as respostas necessitam uma ótica gerencial e holística do
negócio. Para garantir uma representação maior dos permissionários e da
estrutura do comércio, alguns critérios foram definidos a partir de características
do ponto de venda:
- Abordar pontos de venda em diferentes bairros;
26

- Uma das bancas precisa estar localizada em até 200 metros de uma
estação do metrô;
- Uma das unidades precisa estar instalada em rua em que há
predominância de pedestres frente ao número de veículos circulantes e
com distância superior a 500 metros de vias de transporte público de alto
movimento (metrô e corredor de ônibus);
- Uma unidade está em rua adjacente à avenida com extensão igual ou
maior que 1,5 km (com médio ou alto tráfego de veículos).

As entrevistas para o estudo de caso foram realizadas durante o mês de Junho de


2020 nas seguintes bancas de jornais:

Quadro 1 - Dados das bancas de jornal escolhidas para estudo de caso

Nome fantasia do Banca da Angela Banca Princesa Banca do Wilson


estabelecimento

Permissionário(a) Angela Maria dos Guilherme Athenesi Wilson (optou em


não revelar
Santos Lima
sobrenomes)

Endereço da Alameda Barão de Praça Mal. Alameda Barros,


Limeira, 1253 - Deodoro, 109 - 539 - Higienópolis,
banca de jornal
Campos Elíseos, Santa Cecília, São São Paulo
São Paulo Paulo

Tempo como 33 anos 13 anos 35 anos


permissionário da
unidade

Critério utilizado Unidade instalada Localizada em até Unidade está em


200 metros de uma rua adjacente à
para amostra em rua em que há
estação do metrô avenida com
predominância de extensão igual ou
maior que 1,5 km
pedestres frente ao (com médio ou alto
número de veículos tráfego de veículos)
circulantes e com
27

distância superior a
500 metros de vias
de transporte
público de alto
movimento (metrô
e corredor de
ônibus)

Fonte: elaborada pelo autor

Os dois questionários possuem perguntas para o mesmo tema para que, na


análise de dados, seja possível criar correlacionar informações e interpretar as
diferentes visões entre o consumidor e o empreendedor. No Anexo 1 consta o
roteiro de perguntas e as suas correlações com os temas e objetivos.
28

4. Análise de dados

4.1 Fatores extrínsecos

Para identificar o estilo de vida dos consumidores entrevistados, foi realizada uma
segmentação psicográfica que trouxe dados sobre o estado civil, a composição de
membros na residência (quantidade de moradores no lare quantidade de filhos),
escolaridade, situação profissional e acesso ao movimento digital (possuir
telefone celular com acesso à internet e computador pessoal e/ou tablet).

Segundo o Censo IBGE 2010, no ano de 2010, 52,25% dos habitantes da cidade
de São Paulo se declararam solteiros, 36,51% casados, 5,40% viúvos, 3,82%
divorciados e 2,02% divorciados. O Censo IBGE 2010 é um indicador comparativo
já que:
"é considerado a principal fonte de referência para o conhecimento das condições
de vida da população em todos os municípios do País e em seus recortes
territoriais internos, tendo como unidade de coleta a pessoa residente, na data de
referência, em domicílio do Território Nacional".

Para a pesquisa deste trabalho, 73,1% dos entrevistados se declararam solteiros,


13,4% são casados, 12,6% em união estável e 0,8% estão divorciados. É possível
avaliar então que, conforme Gráfico 1, a amostra também representa que os
solteiros, casados e em união estável são a maioria da população.

Gráfico 1 - Estado civil dos respondentes


29

Fonte: elaborado pelo autor

Para avaliar o estilo de vida dos respondentes, foi identificado, conforme Gráfico
2, que 40,3% dos entrevistados dizem morar com mais uma pessoa, 21% moram
com mais duas pessoas, 20,02% declaram morar com mais três pessoas, 12,6%
moram sozinhos e 5,9% moram com mais de quatro pessoas.

Gráfico 2 - Quantidade de pessoas que moram no mesmo lar

Fonte: elaborado pelo autor

Entre os entrevistados, 88,2% responderam que não possuem filhos, 6,7% dizem
que tem dois filhos, 5,0% declaram que têm apenas um filho. Nenhum
entrevistado disse que três ou mais filhos.
30

Gráfico 3 - Quantidade de filhos por entrevistado(a)

Fonte: elaborado pelo autor

Um dos fatores que definem o perfil do consumidor e sua tendência a consumir é


o grau de escolaridade. Conforme Gráfico 4, 56,3% dos respondentes têm ensino
superior completo, 21,8% declararam ter ensino superior incompleto, 12,6% ter
pós-graduação, 3,4% cursaram o ensino médio, 2,5% possuem mestrado, 1,7%
ensino técnico completo, 0,8% tem doutorado e 0,8% ensino técnico incompleto.

Gráfico 4 - Nível de escolaridade

Fonte: elaborado pelo autor


31

84,5% dos entrevistados dizem ser funcionário(a) de empresa privada, 4,2%


estavam desempregados, 3,4% são dono(a) de empresa, 2,5% são autônomos,
1,7% são aposentados e 3,4% declararam estar em outro momento profissional.

Gráfico 5 - Situação profissional atual

Fonte: elaborado pelo autor

De acordo com Banov (2017), outro aspecto fundamental para as relações de


consumo atualmente é o acesso a internet e o dinamismo das informações em
tempo real. Por isso, foi questionado se os entrevistados possuem telefone celular
com acesso à internet. Conforme Gráfico 6, 99,2% disseram que possuem acesso
e 0,8% não tem. Ao questionar sobre possuir computador pessoal e/ou tablet,

Gráfico 6 - Acesso à internet no celular Gráfico 7 - Ter computador e/ou tablet

Fonte: elaborado pelo autor Fonte: elaborado pelo autor


32

Para complementar a visão sobre os fatores extrínsecos para o consumo de


produtos e serviços em uma banca de jornal, no estudo de caso, foi questionado
em entrevista ao permissionário, qual(is) é(são) a(s) influência(s) externas mais
relevante(s) para o seu negócio da banca de jornal.

4.2 Perfil do consumidor

Ao questionar os entrevistados qual é o primeiro canal utilizado para encontrar


informações quando pesquisa sobre algum produto que nunca comprou antes,
82,4% selecionaram que o Google era o primeiro canal utilizado, 6,7%
pesquisavam prioritariamente em lojas online, 5,9% questionam diretamente os
amigos/conhecidos, 1,7% usam jornais e revistas, 1,7% utilizam as redes sociais,
0,8% citam as lojas físicas e 0,8% procuram outros canais.

Gráfico 8 - Canais utilizados para encontrar informações

Fonte: elaborado pelo autor


33

4.3 Qualidade

4.4 Fatores intrínsecos

4.5 Mix de marketing

4.6 Estratégias de consumo

4.7 Análise de mercado e competição

4.8 Limitações do negócio

4.9 Relação do consumidor com a cidade

4.10 Variáveis do negócio


34

5. Conclusão
35

6. Referências

BANOV, Márcia Regina. Comportamento do Consumidor: Vencendo Desafios.


1. ed. [S. l.]: Cengage Learning, 2017. 132 p. ISBN 852212714X.

BERGER, Benedikt; MATT, Christian; STEININGER, Dennis M.; HESS, Thomas.


Paper or Screen: Differences in Customer Preferences and Willingness to Pay
between Traditional and Digital Content Services. 2015 48th Hawaii International
Conference on System Sciences, [s. l.], p. 3384-3393, 2015.

FLAVIÁN, Carlos; GUERRA, Raquel. The choice of digital newspapers: Influence


of reader goals and user experience. Internet Research, Reino Unido, v. 16, n. 3,
p. 231-247, 2006.

FOWLER JR., Floyd J. Pesquisa de levantamento. 4. ed. Porto Alegre: Artmed,


2011. ISBN 978-85-63899-20-0.

YIN , Robert K. Estudo de Caso: Planejamento e Métodos. 5. ed. [S. l.]:


Bookman, 2014. 320 p. ISBN 978-8582602317.

FOLHA S.PAULO (SP). Veja algumas curiosidades sobre a trajetória das bancas
de jornal em SP. Folha de S.Paulo, [S. l.], 24 nov. 2013. Cotidiano São Paulo.
Disponível em:
https://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2013/11/1375158-veja-algumas-curiosida
des-sobre-a-trajetoria-das-bancas-de-jornal-em-sp.shtml. Acesso em: 16 nov.
2019.

LAI, Hung-Jen; LIANG, Ting-Peng; KU, Y.C. Customized Internet News Services
Based on Customer Profiles. ICEC '03 Proceedings of the 5th international
conference on Electronic commerce, Pittsburgh, PA, Estados Unidos, p.
225-229, 2003.

LEGISLAÇÃO MUNICIPAL DE SÃO PAULO. Lei nº 10.072, de 10 de junho de


1986. Dispõe sobre a instalação de bancas de jornais e revistas em logradouros
36

públicos, e dá outras providências. Diário Oficial da Cidade, São Paulo, p. 1, 10


jun. 1986. Disponível em:
http://legislacao.prefeitura.sp.gov.br/leis/lei-10072-de-10-de-junho-de-1986//detalh
e. Acesso em: 16 nov. 2019.

REINO, Guilbert; VAZ, Luiza. Em queda, bancas de jornal adotam visual


alternativo e viram até cafeteria em SP: Número de bancas cai quase 17% em
dez anos na cidade. Novos jornaleiros se reinventam para salvar o negócio. G1,
São Paulo, 29 set. 2019. São Paulo, p. 1. Disponível em:
https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2019/09/29/em-queda-bancas-de-jornal-
adotam-visual-alternativo-e-viram-ate-cafeteria-em-sp.ghtml. Acesso em: 16 nov.
2019.

SINDJORSP. Sindicato dos Vendedores de Jornais e Revistas de São Paulo,


2015. Disponivel em: <http://sindjorsp.org.br/historia/>. Acesso em: out. 2016.

SILVA, L. F. D.; FIQUEIREDO, ; SANTOS, Q. D. O ecossistema das bancas de


jornal: um estudo sobre uma espécie em extinção. Revista do Centro do
Ciências Naturais e Exatas - UFSM, Santa Maria, Santa Maria, Abril 2015.
80-95. Disponivel em:
<https://periodicos.ufsm.br/index.php/reget/article/viewFile/15533/pdf>. Acesso
em: out. 2019.

URSINI, Nathalie. SP perde uma banca ao dia; editoras lamentam: Novos pontos
de venda, mudanças tecnológicas e legislação ultrapassada afetam bancas de
jornais na capital paulista; editores se preocupam com venda avulsa.
Meio&Mensagem, [S. l.], 14 ago. 2012. 1, p. 1. Disponível em:
https://www.meioemensagem.com.br/home/midia/2012/08/14/sp-perde-uma-banc
a-ao-dia-editoras-lamentam.html. Acesso em: 16 nov. 2019.
37

Anexos

Anexo 1 - Roteiro de questionário


Objetivo 1: identificar o Objetivo 2: levantar o Objetivo 3: interpretar as
comportamento e o perfil comportamento do transformações dentro da
do consumidor das bancas permissionário das bancas cidade de São Paulo
de jornal de jornal

Referencial Perguntas ao Perguntas ao permissionário


teórico consumidor

Fatores Segmentação psicográfica Algumas variáveis N/A


extrínsecos dos entrevistados: humanas e sociais
intensificam as relações
❏ Qual é o seu de consumo, como por
estado civil? exemplo, a cultura, o estilo
❏ Com quantas de vida, o ciclo de vida,
pessoas você mora entre outros. Qual(is)
atualmente? é(são) a(s) influência(s)
❏ Você possui filhos? externas mais relevante(s)
❏ Qual o seu nível de para o seu negócio?
escolaridade?
❏ Qual das opções
abaixo melhor se
encaixam com o
seu momento
profissional atual?
❏ Você possui
telefone celular
com acesso à
internet?
❏ Você possui
computador
pessoal e/ou
tablet?

Perfil do ❏ Quando você Em sua avaliação, como é N/A


consumidor pesquisa sobre o processo decisório da
algum produto que compra do consumidor
nunca comprou mais frequente no seu
antes, qual é o negócio?
primeiro canal que
você utiliza para
encontrar
informações?
❏ Pensando nas
críticas e/ou
elogios a algum
produto, qual
38

opinião pesa mais


na sua decisão?
❏ E qual opinião
pesa menos na sua
decisão?
❏ Qual foi a última
vez que você fez
uma compra pela
internet?
❏ Pensando nas
frases abaixo, qual
delas você mais se
identifica?
❏ Você já fez
compras por um
celular?
❏ Quais dessas
formas de
pagamento você
mais utiliza em
suas compras?
❏ Quando foi a última
vez que você
comprou um
produto em uma
banca de jornal?
❏ Considerando suas
últimas visitas à
banca de jornal,
selecione abaixo
o(s) produto(s) ou
serviço(s) que você
precisava ou
desejava?

Qualidade Avalie a sua experiência A percepção de qualidade N/A


em sua(s) última(s) do consumidor é definida
visita(s) a uma banca de pelo nível de expectativa
jornal, atribuindo nota 1 a entre as necessidades ou
5 os desejos e o que de fato
foi entregue. O que os
consumidores esperam e
recebem no seu negócio?

Fatores Para você, quais são os 3 Para criar uma relação de N/A
intrínsecos (três) atributos mais consumo, o consumidor
importantes em uma utiliza diferentes estímulos
banca de jornal no internos, como a atenção,
momento da compra a percepção, os sentidos
humanos, entre outros. Na
39

sua visão, quais são os


estímulos mais
importantes para o teu
negócio?

Mix de Considerando que os Existem diferentes N/A


marketing produtos e serviços variáveis que influenciam
disponíveis em uma banca a forma como os
de jornal também estão consumidores respondem
disponíveis na internet, o ao mercado. O que o seu
que faria você optar por negócio faz para
consumir na banca? influenciar a procura pelos
Atribua nota 1 a 5 para seus produtos e serviços?
cada item

Estratégias N/A O processo decisório do N/A


de consumo consumidor está dividido
em pré-compra, compra e
pós-compra. Como você
tem aplicado estas
estratégias em seu
negócio?

Análise de N/A N/A De 2007 até 2019, a


mercado e quantidade de bancas de
competição jornal na capital paulista
reduziu mais de 48%. Ao
que você infere este
movimento? 


Limitações N/A N/A Desde 1986 foram criadas


do negócio leis para regular as
atividades das bancas de
jornal na cidade de São
Paulo, entretanto, críticos
apontam que a adaptação
das normas regulatórias
das bancas na capital não
acompanharam as
necessidades do
consumidor. Qual é a sua
opinião sobre esta
afirmação?

Relação do N/A N/A Uma das tendências deste


consumidor milênio diz que o
com a consumidor deve passar
cidade mais tempo dentro das
suas residências,
40

resultando em um
movimento maior de
encasulamento em busca
de segurança. Qual é a
sua perspectiva sobre a
relação dos seus
consumidores com os
ambientes públicos da
capital?

Variáveis do N/A N/A Qual é a sua percepção do


negócio negócio das bancas de
jornal para os próximos
anos?
Fonte: elaborado pelo autor

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