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Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campus Cornélio Procópio 1

LABSIEE – Laboratório de Iluminação Segurança e Eficiência Energética – Conservação de Energia


Prof. Me. Marco Antonio Ferreira Finocchio

Eletrotermia
É o aquecimento através do uso da Energia Elétrica. Sua utilização tem vários objetivos e
princípios diferentes, com características distintas na forma de distribuição e densidade da energia
transferida ao elemento que se deseja aquecer.
As tecnologias envolvidas no aquecimento têm apresentado detalhes adicionais em seu
desenvolvimento, mas poucas inovações em relação a novas aplicações.

Classe do Aquecimento

Tecnicamente, o aquecimento com eletricidade está presente em todos os processos de conversão


da energia elétrica em energia útil, nesse sentido, é exatamente o ponto em que a energia é
convertida em calor que determina a classe do aquecimento, ou seja, existem duas formas
distintas de se aquecer algo:
Pode-se aquecer diretamente um elemento através da utilização de um campo eletromagnético,
neste caso o aquecimento se dá dentro do elemento aquecido, ou ....
Pode-se aquecer indiretamente um elemento usando um meio para transferir o calor, neste caso a
transferência ocorre por convecção, radiação, condução ou a combinação destes.
ou ainda pode-se ter a mistura dos 2 tipos de aquecimento (aquecimento por arco-voltaico).

Os processos de transferência de calor são os seguintes:

Convecção: Processo de transmissão de calor que ocorre nos fluídos, acompanhado por um
transporte de massa, efetuado pelas correntes térmicas que se formam no meio deste mesmo fluído.

Radiação: Processo de emissão e transmissão de energia ou por intermédio de fenômenos


ondulatórios ou por meio de partículas dotadas de energia cinética.

Condução: Definida como uma transferência de energia de vibração entre as moléculas que
constituem o sistema.

As tecnologias e técnicas empregadas na eletrotermia são as seguintes:

a) Aquecimento resistivo

Uma das formas mais conhecidas de eletrotermia, é a geração de calor através do efeito Joule na
qual uma resistência que faz parte do circuito elétrico é aquecida (aquecimento ôhmico direto) ou
é uma condutora de calor resistivo através da convecção, radiação, condução ou a combinação
destes, que é o que ocorre na maioria das vezes.
São exemplos mais comuns o aquecimento elétrico por infravermelho, que é um aquecimento
resistivo indireto e o aquecimento de água por resistência (chuveiro), que é um aquecimento
resistivo diretob) Aquecimento indutivo
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Consiste no aquecimento através de correntes induzidas (aquecimento indutivo sem núcleo de


ferro) ou de correntes circulares, com núcleo de ferro. Esse aquecimento é normalmente direto, ou
seja, a corrente elétrica é induzida quase que totalmente no elemento condutor a ser aquecido.

b) Aquecimento dielétrico

Nos materiais dielétricos (isolantes) este tipo de aquecimento direto é definido quando o
aquecimento ocorre por agitação das moléculas polarizadas eletricamente devido a um campo
elétrico magnético de alta freqüência.
Exemplo: Microondas

c) Aquecimento por arco

Neste caso uma corrente elétrica circula em um gás ionizado e a transferência de calor é realizada
indiretamente, do arco para o elemento.

d) Aquecimento por emissão de plasma

Geração de uma emissão muito quente de plasma ionizado por meio de uma descarga de arco ou
também por conexão energética indutiva. Quando em contato com o elemento, o plasma aquecido,
transfere calor indiretamente através da convecção.

e) Aquecimento por emissão de elétrons

Realiza-se através do bombardeamento de elétrons acelerados sobre o elemento a ser aquecido.

f) Aquecimento por emissão laser

É definido como a geração de uma luz monocromática e/ou radiação infravermelha através da
emissão discreta e coesa excitada eletricamente.

Freqüência de Operação

O aquecimento, como uso final da energia elétrica, apresenta uma ampla margem de freqüências
nas quais ocorre a transferência da energia (eletromagnética) para o elemento a ser aquecido, e é
interessante analisarmos as faixas de freqüência e como se apresentam os processos de
transferência envolvidos.
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Alguns exemplos e as faixas de freqüências envolvidas:

Aquecimento resistivo e de arco: ocorrem com frequência zero, pois o aquecimento independe
das interações eletromagnéticas (corrente contínua).

Aquecimento indutivo: depende da freqüência e somente opera com corrente alternada, desde
freqüências da rede até 1MHz (1.000.000 ciclos por segundo).

Aquecimento dielétrico: ocorre em freqüências que variam de 1MHz até 300GHz.

Além dos 800 GHz (0,8THz), as ondas eletromagnéticas caracterizam-se como “radiação de
temperatura”, sendo que seu espectro chega até parte da luz visível. A radiação laser também está
inserida no espectro do infravermelho (calor) ou da luz visível.

Aquecendo da água com energia elétrica

As duchas com resistência elétrica, uma invenção nacional, conhecida como chuveiro, é utilizada
em 68% das residências no Brasil e consomem em média 600kWh/ano.
Como são utilizadas no período de maior demanda, das 18:00 as 21:00h, estima-se que são
responsáveis por 50% da demanda residencial máxima (Graça e Barghini 1985).
Enquanto para o consumidor um chuveiro comum custa U$30, para tornar possível a instalação de
uma única ducha, são estimados investimentos da ordem de U$600, desde a fonte geradora,
transmissão e distribuição (G&T&D) até a residência (Filippo e Nunes 1988).

Como economizar eletricidade no aquecimento de água

Aumentando a eficiência e reduzindo a quantidade de aquecedores:

• A substituição dos aquecedores elétricos por bombas de calor aumentaria a eficiência térmica em
até 300%.
• Infelizmente o investimento inicial não é baixo, exigindo o uso de tanques armazenadores e um
grande trocador de calor.
Melhorando a tecnologia dos chuveiros:
• Chuveiros com controle de variação de potência, e não somente com controle da vazão da
água! (faixas de potência pré-ajustadas).
•Atualmente, na grande maioria dos chuveiros, controla-se a temperatura através do aumento ou
diminuição da vazão da água, ou seja, se está muito quente (potência em excesso), aumenta-se a
vazão e obtém-se água menos aquecida, quando na realidade o mais “econômico” seria a redução
da potência!

Limitando a potência máxima por região:

•Ao invés das atuais duchas de até 7kW, teríamos a seguinte distribuição:
•2,8kW para as regiões Norte e Nordeste;
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•3,6kW para a região Central;


•3,9kW para a região Sudeste e
•4,9kW para a região Sul.
•Com essas alterações, estima-se uma redução de 12 a 20% no consumo total de eletricidade
consumida por todos os chuveiros instalados no país.

Melhorando a eficiência dos aquecedores a resistência tipo boiler (termotanque):


•Pesquisas apontam que esses tipos de aquecedores consomem 4.000kWh/ano.
•Com as perdas de calor no tanque de armazenamento e nas linhas de distribuição, esses
aquecedores se tornam até menos eficientes que os chuveiros.
•É possível substituí-los por bombas de calor, o que poderia trazer uma economia de até 480
GWh/ano.

“Os maiores e mais graves problemas do meio ambiente estão relacionados com o uso que fazemos da
energia.“
(Reis & Silveira 2000)”

“A energia elétrica utilizada para aquecimento é vista como uma forma de degradação de energia, onde
energia nobre é transformada em energia pobre, visão reforçada em época de racionamento onde se tem
procurado incentivar tanto a diversificação da matriz energética nacional como o aumento da eficiência
dos processos energéticos (ex.:cogeração)”.

O Uso da energia elétrica para aquecimento direto se justifica apenas em casos muito específicos
de altas temperaturas ou „requisitos de segurança, limpeza, etc.

Para o outro uso final (segundo o BEN) Calor de Processo, que implica no uso de um fluido de
aquecimento (vapor ou um fluido térmico) é menos indicado ainda o uso de eletricidade.

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