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1
No princípio era o Verbo,
2
Ele era no princípio junto de Deus.
Para o v. 1, vale ressaltar o papel da palavra LOGOS e sua relação com outros
trechos da Escritura, na proposta de compreender o que isso significa e não só a
identidade do Verbo, como também a sua relação com a esfera do DIVINO.
3
Tudo foi feito por meio dele, e sem ele nada foi feito.
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O que foi feito nele era a vida, e a vida era a luz dos homens.
5
A luz brilha nas trevas, mas as trevas não a apreenderam.
1. 1Cor 8,6: O texto é escrito por Paulo, destinado a uma comunidade plural –
devido a ser portuária – e que está marcada por uma grave divisão. Tendo isso
em vista, o Apóstolo traz um princípio teológico/cristológico no qual a
inspiração em Cristo repercute na vida comunitária. É uma doxologia: “por
Cristo, com Cristo, em Cristo”. Cristo não é o destinatário das orações, mas é o
meio. Ele ENCAMINHA o cosmo (mundo organizado) para o Pai. Às vezes,
alienemos Cristo do Pai, às vezes, do mundo. Não há um mundo bipartido em
oposições, mas centrado no princípio do Verbo acima destacado. O mal não é
uma escolha de uma pessoa livre. O mal é uma destruição da capacidade de
escolha.
2. Col 1,16s – Esta carta, de acordo com Murphy, é uma das primeiras escritas pelo
Apóstolo, de modo que podemos perceber que o hino remonta a uma Tradição
mais antiga que Paulo toma conhecimento. O hino já era patrimônio da
comunidade, pois claramente não é um texto autógrafo, isto é, do Apóstolo.
(Paulo tem uma característica própria: ele escreve sempre com trincas). O hino
apresenta uma Cristologia “baixa”, que põe Jesus Cristo como pré-existente, o
que é alheio ao estilo teológico de Paulo. Isso mostra a proximidade entre as
comunidades fundadas por Paulo e as por João. O interessante disso é que as
duas comunidades são mais abertas à acolhida de pagãos, sem a necessidade da
circuncisão. Este trecho joanino à luz de Colossenses mostra a relação entre o
Verbo e o mundo criado, que é algo novo no horizonte teológico pagão, visto
que o “criacionismo” não faz parte do sistema teológico de fora do cristianismo
e judaísmo. Vale notar que colocar hinos no meio de textos é uma característica
comum a três autores neotestamentários ligados ou pela biografia ou pela
missão: textos joaninos; textos paulinos e textos lucanos (lembrando que Lucas
foi “secretário – companheiro de viagem” de Paulo.
O Verbo de Deus não é uma realidade gnóstica, ou seja, uma entidade de razão.
O Verbo é uma realidade histórica que orienta a comunidade no posicionamento em
relação ao mundo.
“14
E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e nós vimos a sua
glória, glória que Ele tem junto do Pai, como Filho Único, cheio de
graça e de verdade.
15
João dá testemunho dele e clama: “Este é aquele de quem eu disse: o
que vem depois de mim passou adiante de mim, porque existia antes
de mim”.
16
Pois de sua plenitude todos nós recebemos graça por graça.”
2. Gl 4,4 – Sabe-se que Gálatas é uma carta motivada pela indignação de Paulo
(sem ‘saudações’) pela falsa noção de liberdade em Cristo que a comunidade
possuía, deixando-se “judaizar” para seguir Jesus. Neste trecho, em
específico, o Apóstolo ressalta que não só o Verbo se encarnou, como
também NASCEU de uma mulher. Neste trecho, há um cruzamento de duas
grandes verdades do Cristianismo: a pré-existência do Verbo, sua encarnação
e nascimento já celebradas e cridas na década de 50 dC, ou seja,
aproximadamente 20 anos depois de Sua morte.
10. Ef 2,7 – Assim como Colossenses, esta carta traz algumas dúvidas sobre a
autenticidade, pelos mesmos motivos. No entanto, a carta aos Efésios traz
uma relação não só com o “pré-existente”, como com o “pós-existente”.
Aqui, há uma reflexão da Igreja primitiva na qual o Cristo não é só um ente
que possuía a vida antes de nascer, como também por ele se receberá a graça
no juízo da história. A Cruz é o critério de julgamento do mundo. Olhando
para as circunstâncias da Cruz, o mundo é julgado. Se o mundo é capaz de
gerar a Cruz, causar a morte do Justo, e mesmo assim, o justo olhou para o
mundo com misericórdia, a Cruz se torna um instrumento contraditório de
análise: o mesmo que julga o mundo é aquele que o salva, pois ele não
consegue a salvação por si mesmo, mas apenas pela bondade de Deus.