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Contracepção

INTRODUÇÃO

 A anticoncepção é um conjunto de métodos e técnicas utilizadas com o


intuito de impedir a gravidez.
 A partir da década de 1996 pela lei 9263, o planejamento familiar foi
oficialmente empregado no Brasil.
 O planejamento familiar corresponde ao recurso que permite ao casal a
decisão do número de filhos e intervalo entre as gestações que
desejam, de maneira programada e consciente.
 Acredita-se que no Brasil, cerca de 55% das gestações não são planejadas.
Esse número é ainda maior entre os adolescentes, chegando a 90% das
gestações.
 Hoje em dia, há uma ampla gama de métodos contraceptivos disponíveis,
possibilitando ao casal escolher o que mais atende as suas necessidades. A
maioria desses métodos são oferecidos pelo sistema único de saúde (SUS),
difundindo assim o emprego planejamento familiar.
 Os métodos contraceptivos podem ser agrupados de diferentes maneiras,
como o tipo de método, o potencial de reversibilidade e de acordo com a
sua efetividade.
 Quando se considera a efetividade do método, podemos dividi-los em:
métodos de primeira linha que são mais efetivos, no qual não é necessário
a motivação de uso pela paciente; métodos de segunda linha, muito
efetivos, no qual precisam de atenção da paciente em relação ao uso
correto; métodos de terceira linha que são efetivos e incluem os métodos
de barreira e percepção das mudanças corporais e os métodos de quarta
linha que são menos efetivos, onde se encontram os espermicidas e o coito
interrompido.
EFICÁCIA

 A eficácia de um método contraceptivo diz respeito a capacidade que


desse método de evitar gestações em um período de tempo, geralmente
no decorrer de um ano.
 O escore mais utilizado para identificar a eficácia é o índice de Pearl. O
índice de Pearl é calculado dividindo o número de falhas ocorridas em 12
meses em 100 mulheres pelo número total de meses de exposição. Portanto,
quanto menor o Índice de Pearl, maior é a efetividade do método.

Obs: Não confunda o conceito de eficácia com efetividade! A eficácia de um


método está relacionada ao resultado obtido quando o uso é correto. Já a
efetividade é o resultado obtido pelo uso rotineiro, ou seja, correto e
incorreto.

 A eficácia e efetividade varia entre os estudos, pois são influenciadas pela


adesão ao método em cada população estudada.
ESCOLHA DO MÉTODO

 A escolha do método contraceptivo ideal é fundamental para garantir a


aderência e continuidade do uso, impactando no seu grau de
efetividade.
 Para isso, é fundamental que a paciente conheça cada tipo de método, seu
modo de uso, benéficos e efeitos adversos. Essa escolha é individual e
deve ser orientada pelo profissional de saúde, pois leva em conta aspectos
clínicos, incluindo idade, fatores de risco e doenças associadas e
aspectos socioeconômicos.
 Por isso, é fundamental que o médico avalie através da anamnese e exame
físico, fatores que contraindique o uso do método naquela paciente.
 Algumas questões como o tabagismo, presença de hipertensão arterial,
amamentação, problemas cardiovasculares, histórico de câncer de mama,
problemas hepáticos, uso de medicações e enxaqueca, devem ser levantadas
durante a consulta, visto que são essenciais para a definição do método
contraceptivo.

CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE

 Os critérios de elegibilidade são orientações da Organização Mundial de


Saúde (OMS) sobre a prescrição de métodos contraceptivos levando em
consideração o risco-benefício para a saúde de cada paciente.
 Dessa forma, a partir de critérios como comorbidades, medicações em uso e
antecedentes médicos, o método pode ser ou não indicado para a paciente.
MÉTODOS COMPORTAMENTAIS

 Os métodos anticoncepcionais comportamentais se baseiam na


identificação do período fértil por meio da observação de sinais e
sintomas, durante o qual as relações sexuais devem ser evitadas.
 Esses métodos possuem a vantagem se serem baratos, naturais, sem
efeitos adversos e é bem aceito quando as crenças religiosas do casal
não permitem outros métodos.
 No entanto, possuem altas taxas de falhas, pois requerem longos períodos
de abstinência sexual e estão susceptíveis à irregularidade menstrual.
 Além disso, esses métodos não protegem contra infecções sexualmente
transmissíveis (IST’s).
 O período fértil da mulher pode ser identificado por meio da observação da
curva de temperatura corporal, das características do muco cervical e
duração e fisiologia do ciclo menstrual.
Tabelinha ou método de Ogino-Knaus

 Para usar esse método, a mulher deve registrar o número de dias de


cada ciclo menstrual por, pelo menos, seis meses.
 O ciclo menstrual começa no primeiro dia da menstruação e termina no
último dia antes da menstruação seguinte.
 Caso a mulher tenha diferença de dias entre os ciclos maior que 10
dias, esse método NÃO pode ser usado (ciclos irregulares).
 Para calcular o período em que se deve adotar a abstinência sexual, basta
subtrair 18 da duração do seu ciclo mais curto para saber o primeiro dia de
seu período fértil e subtrair 11 dias do ciclo mais longo, que corresponde ao
último dia de seu período fértil.
 Por exemplo, a paciente que teve o seu ciclo mais curto de 25 dias e o mais
longo de 30 dias, deverá ficar em abstinência sexual no 7° ao 19° dias do
ciclo. Veja bem, subtraindo 18 do ciclo mais curto (25 dias) temos 7. Já
subtraindo 11 do ciclo mais longo (30 dias) temos 19.

Método da curva de temperatura basal

 Nesse método a mulher deve-se observar as variações da temperatura


corporal basal, buscando identificar o provável dia de ovulação.
 O princípio se baseia no fato de que após a ovulação, o aumento da
progesterona liberada pelo corpo lúteo atinge o centro termorregulador
do hipotálamo, levando ao aumento da temperatura corporal em 0,2 a
0,5 graus.
 Para utilizar este método, a mulher precisa verificar sua temperatura
diariamente, de preferência com o mesmo termômetro, no mesmo local
do corpo e no mesmo horário, preferencialmente pela manhã antes de
sair da cama.
 O período de abstinência deve ser desde o primeiro dia do ciclo
menstrual até três dias após a elevação da temperatura basal.
 O problema desse método é que necessita de grande disciplina da mulher,
além de ter um longo período de abstinência.
 Outra questão que limita o seu uso é que nem todas as pacientes possui esse
efeito termorregulador com a liberação da progesterona, não formando um
gráfico bifásico.

Método do muco cervical ou de Billings

 Durante o ciclo menstrual, o colo cervical sofre influência hormonal. Nesse


método, busca-se observar as características do muco cervical sob ação
estrogênica, durante período ovulatório.
 Nessa fase, o muco cervical torna-se filante, como clara de ovo,
permitindo ao espermatozoide a sobrevivência e locomoção.
 Após a ovulação, sob ação progestágena o muco fica espesso e escasso.
 Para ouso deste método, a mulher precisa observar as características
do muco, examinando diariamente sua secreção.
 O período de abstinência vai do primeiro dia de percepção do muco até
o quarto dia de percepção máxima da umidade.

 Vale lembrar que o sêmen e produtos vaginais como lubrificantes e pomadas


prejudicam a observação do muco.
Sintotérmico

 O método sintotérmico combina o método da temperatura basal com o


método do muco cervical, associado a sinais e sintomas que podem
ocorrer durante a ovulação, como sensibilidade mamária, dor pélvica e
mudanças de humor.
 Nesse caso, o período de abstinência sexual vai desde o primeiro dia do
ciclo até o quarto dia após o pico das secreções cervicais ou o terceiro
dia após a elevação da temperatura. Sendo que na ocorrência do primeiro
fator, deve-se o segundo para ter relação sexual.

Coito interrompido

 Esse método se baseia na retirada do pênis da vagina antes da


ejaculação. Por isso, requer grande atenção do homem durante o ato
sexual.
 Além disso, apesar de incomum, o fluido seminal que precede a ejaculação,
pode conter espermatozoides, levando a uma possível gestação indesejada.
Dessa forma, esse método possui altas taxas de falhas, 25% ao ano.

Lactação

 Durante o aleitamento materno ocorre alterações hormonais no eixo


hipotálamo-hipófise-ovário, levando à anovulação.
 Esse método além de não ter custos, promove inúmeros benefícios para a
mulher e para o bebê.
 Além disso, o método não tem contraindicações, desde que a amamentação
seja exclusiva. No entanto, sabe-se que parte das mulheres ovulam em torno
do terceiro mês de pós-parto, mesmo amamentando. Esse fato pode gerar
risco de gravidez não planejada.

MÉTODOS DE BARREIRA

 São métodos que formam uma barreira entre os espermatozoides e a


cavidade uterina, impedindo a fecundação.
 O nível de eficiência desses métodos varia entre 2 a 6%, a depender se seu
uso é correto.
 Todos os métodos de barreira, além do efeito contraceptivo, também
reduzem a transmissão de IST’s.

Preservativos (camisinha)

 Dentre os métodos de barreira os preservativos são os mais utilizados.


 Existem preservativos masculinos e femininos que podem ser feitos de
látex ou poliuretrano.
 Sua taxa de falha geralmente está ligada ao uso incorreto. Além do
efeito contraceptivo, é o método mais eficaz de prevenção de IST’s.
 Além disso, está associado a redução de neoplasias do colo do útero
pela diminuição da transmissão do papilomavírus humano (HPV). Sendo
por isso, indicado o seu uso em associação com outros métodos.
 O preservativo feminino é feito de poliuretano ou látex sintético e tem um
anel flexível em cada extremidade. O anel aberto fica fora do canal vaginal
e o anel fechado interno é colocado no espaço entre a sínfise e o colo
uterino.
 Possui o benefício de poder ser inserido até 8 horas antes da relação e não
necessita da retirada imediata após a ejaculação. Contudo, tem baixa taxa
de adesão.

 Já o preservativo masculino, geralmente é feito de látex e amplamente


difundido. Possui baixo índice de falha, todavia, para melhor eficácia, é
necessário o uso correto.
 Os preservativos masculinos não devem ser usados por homens que
apresentam perda de ereção durante o intercurso sexual. Além disso, não
devem ser usados junto com o feminino, pois aumenta o risco de rompimento
ou deslocamento.

Diafragma

 O diafragma é um disco de borracha ou látex, colocado na vagina,


recobrindo colo do útero para impedir a entrada de espermatozoides.
 Possui vários tamanhos, por isso, antes do início do uso, é necessária uma
consulta com o ginecologista para ser indicado o tamanho mais adequado
para a paciente.
 Geralmente é usado em associação aos espermicidas, adquirindo em
conjunto um bom índice de efetividade. O espermicida é colocado no centro
do dispositivo e mantido em contato com o colo do útero.
 Caso o ato sexual demore mais de 2 horas para ocorrer, o espermicida deve
ser aplicado na parte superior da vagina, visando garantir maior proteção.
 O diafragma é colocado na vagina até no máximo 1 hora antes da
relação sexual, deve ser retirado no mínimo 6 horas depois e nunca
deve ultrapassar 24 horas. Sua colocação requer certa habilidade, sendo
seu mau posicionamento pode resultar em falha do método.
 O diafragma não deve ser usado em pacientes com infecções geniturinárias
em curso, histórico de Síndrome do choque tóxico ou doença valvar
complicada.

Espermicida

 Os espermicidas são substâncias em forma de tabletes de espuma, geleia ou


creme que provocam a ruptura da membrana das células dos
espermatozoides, matando-os ou retardando sua passagem pelo canal
cervical.
 A substância mais utilizada é o nonoxinol-9, mas também existe no mercado
o octoxinol-9 e o menfegol.
 É recomendado o seu uso apenas em associação com outros métodos
contraceptivos, como o diafragma.
 No entanto, não deve ser usada com preservativos masculinos, pois pode
aumentar o risco de contaminação pelo vírus da imunodeficiência humana
(HIV).
DISPOSITIVOS INTRAUTERINOS (DIUS)

 Os DIUs, junto com o implante de etonogestrel, faz parte dos LARCs (Long
acting reversible contraceptives) que são os contraceptivos de longa
duração.
 Consistem em um objeto de formato variável que é inserido na cavidade
uterina. Eles são amplamente difundidos como métodos contraceptivos
reversível, possuem pequenas taxas de falha e descontinuidade, poucas
contraindicações e tem um ótimo custo-benefício.
 No Brasil, os dois DIUs utilizados são o dispositivo intrauterino de cobre
(DIU-Cu) e o sistema intrauterino liberador de levonogestrel (SIU de
levonogestrel).
 DIU não é abortivo. A fertilidade revertida imediatamente após
retirada. Pode ser inserido em mulheres menstruadas ou com teste de
gravidez negativo, no parto ou até 48h depois e no puerpério 4 semanas
pós-parto.

DIU de cobre

 O DIU-Cu é o dispositivo mais utilizado no Brasil, sendo o único LARC


fornecido pelo SUS no Brasil.
 Tem formato de T, é feito de um fio de prata corado com cobre e pode
ser eficaz de 10 a 12 anos a depender da literatura.
 O DIU-Cu age por meio da indução de uma reação de corpo estranho,
levando a inflamação, visto que o cobre induz a liberação de interleucinas
e citocinas que tem ação espermicida. Além disso, leva a mudanças
bioquímicas e morfológicas no endométrio, além de produzir
modificações no muco cervical e alterar a espermomigração e transporte
do óvulo.
 Em relação ao risco de infecção existem divergências na literatura. Novo
estudos indicam que os DIU de cobre têm efeito protetor para a DIP,
porque deixa o útero do colo hostil aos germes que habitam essa região
como clamídia e gonococo.
 Apesar dos inúmeros benefícios, esse método também está relacionado a
alguns efeitos adversos como aumento da dismenorreia e aumento do
sangramento uterino.
 Além disso, apesar de raro, existe o risco de perfuração uterina e
expulsão do DIU. O DIU de cobre não está relacionado ao aumento de
gravidez ectópica. (em aula a prof falou que na falha do DIU é possível o
favorecimento de gestação ectópica, já que ele alterara o transporte do
óvulo, favorecendo seu implante em local inadequado).

SIU de levonogestrel (SIU- LNG)

 O SIU- LNG, também conhecido pelo nome comercial Mirena, é um


dispositivo de poliuretrano em forma de T que libera 20mcg
levonorgestrel por dia.

 Tem validade de cerca de 5 anos, apesar de alguns estudos admitirem até 7


anos.
 Funciona levando a ao efeito a atrofia do endométrio, tornando o muco
cervical espesso e dificultando a espermomigração e motilidade tubária.
 Além disso, provoca a reação inflamatória de corpo estranho, como o DIU
de cobre.
 Possui o benefício de reduzir a dismenorreia e causar amenorreia em
alguns casos.
 No entanto, em algumas pacientes pode levar a cefaleia, mastalgia, acne,
depressão, cisto ovarianos funcionais e spotting (sangramento uterino
irregular).
 Além de ter as mesmas contraindicações do DIU de cobre, o SIU-LNG não
é recomendado em mulheres com câncer de mama atual ou prévio, tumor
hepático, trombose venosa profunda ou tromboembolismo pulmonar
atual, lúpus eritematoso sistêmico com anticorpo antifosfolipídeo
positivo ou desconhecido.
 Além disso, não é indicado a continuidade do uso em pacientes que iniciaram
quadro de enxaqueca com aura. Apesar de raro, pode levar a expulsão, dor
ou sangramento, perfuração uterina, infecção e gravidez ectópica.
 Para a inserção dos DIU’s, deve ser realizada uma anamnese e exame
físico minucioso, buscando identificar contraindicações ao método. O
melhor momento para ser inserido é durante a menstruação, pois nesse
período o colo do útero está mais pérvio, facilitando a inserção.
 A contracepção é imediata e pode ser colocado em qualquer idade,
inclusive em pacientes sem prole constituída.
 Pacientes com imunidade comprometida como em mulheres com o vírus da
imunodeficiência humana (HIV) e usuárias de corticoide em altas doses,
presença de câncer ovário, doença trofoblástica benigna, IST’s e
tuberculose pélvica tem contraindicação relativa ao uso de dispositivos
intrauterinos.
 No em 48 horas a quatro semanas após o parto, não é indicado a colocação
do DIU, pois o risco de expulsão é maior.
 Usuárias de DIU que apresentam sinais clínicos ou culturas sugestivas
de infecção por clamídia ou gonococo deve ser tratada com antibióticos,
mas não é necessário a remoção do DIU.
 Por outro lado, na presença de sinais de ascensão endometrial ou
tubária, deve-se instituir terapia antibiótica e retirar o DIU
prontamente.

CONTRACEPÇÃO HORMONAL

 Os contraceptivos hormonais são métodos extremamente difundidos e


eficazes. No entanto, seu índice de sucesso depende fundamentalmente
da paciente.
 Com isso, na prática seu índice de falhas aumenta consideravelmente
decorrente do uso incorreto, chegando a taxas de gravidez no primeiro ano
de uso entre 3 e 9 por 100 usuárias.
 Dentre esses contraceptivos os mais conhecidos são: contraceptivos orais
combinados (COCs), contraceptivos contendo apenas progestogênio
(COPs) e contraceptivos com estrogênios e/ou progestogênios de uso
sistêmico por injeção, adesivo transdérmico ou anel intravaginal.
 Contraceptivos hormonais combinados (CHCs): Os CHCs possuem a
combinação de um estrogênio e um progestogênio no mesmo método.
 Desse grupo fazem parte as pílulas contraceptivas de uso oral, o injetável
mensal, o adesivo transdérmico e o anel intravaginal. Apresentam bons
níveis de efetividade e continuidade do uso do método.

 O mecanismo de ação dos CHCs ocorre pela inibição da ovulação.


 Vamos relembrar, no ciclo menstrual o hormônio folículo estimulante (FSH)
é responsável pelo recrutamento e desenvolvimento folicular. Já o hormônio
luteinizante (LH) é o responsável pela ovulação.
 O componente de estrogênio dos CHCs inibe o FSH, enquanto que o
progestogênio age inibindo o LH.
 Ora, se esses dois hormônios estão bloqueados, não pode ocorrer
recrutamento folicular, amadurecimento do folículo dominante e nem
ovulação.
 Além disso, a progesterona presente nesses contraceptivos torna o muco
cervical espesso, dificultando a espermomigração, reduz a motilidade
tubária e ainda tem efeito a antiproliferativo no endométrio.
 Já o estrogênio contido na formulação estabiliza o endométrio,
reduzindo os sangramentos e aumenta a produção hepática da globulina
carreadora de hormônios sexuais (SHBG), reduzindo a fração livre de
testosterona.
 Possuem alguns efeitos adversos relacionados aos hormônios utilizados.

 Além disso, devido aos hormônios utilizados os CHCs possuem inúmeras


contraindicações relativas e absolutas.
Contraceptivo oral combinado (COCs)

 Também são conhecidos como pílulas anticoncepcionais. O principal


estrogênio utilizado é o etinilestradiol.
 Mas novas formulações podem conter o estradiol e o valerato de estradiol
que são estrogênios naturais.
 Os COCs que possuem etinilestradiol em sua composição podem ser
classificados pela dose estrogênica, em pílulas de alta ou baixa dose. As
pílulas que contêm doses abaixo de 50 mcg de etinilestradiol são as de baixa
dose, aquelas com quantidade superior a 50mcg são as de alta dose.
 De acordo com o tipo de progestagênios contido, os COCs podem ser
classificados em primeira, segunda, terceira geração e quarta geração.
1. Os COCs de primeira geração são os que possuem levonorgestrel
(progestágeno) associado a 50 mcg de etinilestradiol (esse ponto
n se refere ao primeiro disponível no mercado, por isso difere do
que a prof falou, mas deixei os slides).

2. Já as de segunda geração, contém o etinilestradiol em doses


menores, associado ao levonorgestrel.
3. Se a pílula tiver desogestrel ou gestodeno associado ao
estrógeno, são denominadas de terceira geração.
 Pode ser utilizado de maneira contínua ou estendida. No uso contínuo, não
há interrupção das pílulas e no uso estendido, as pausas acontecem 3 a 4
vezes por ano, dependendo do produto.
 As pílulas devem ser iniciadas no primeiro dia do ciclo menstrual. As
cartelas a depender do tipo esquema utilizado, indicam pausas mensais que
podem variar de quatro a sete dias. Nestes casos, após a primeira cartela
inicia-se a segunda no quinto ou oitavo dia, respectivamente.
 Alguns anticoncepcionais de 28 dias podem ser utilizados sem pausa. O
importante é utilizar diariamente para evitar falhas.
 No caso de esquecimento, deve se fazer o uso da pílula esquecida mais a
pílula do dia para evitar sangramento por colapso endometrial. Já o restante
da cartela deve ser consumido com uma pílula por dia. Em caso de mais de
um dia esquecido, deve-se utilizar um contraceptivo de barreira por pelo
menos 7 dias para evitar gestação.
 Alguns medicamentos como anticonvulsivantes, antibióticos, antifúngicos e
antirretrovirais estão associados a redução da concentração dos
anticoncepcionais orais, afetando a sua eficácia. Os principais são
Rifampicina, Griseofluvina, Nelfinavir, Lopinavir, Ritonavir, Nevirapina,
Barbitúricos (fenobarbital e primidona), Carbamazepina, Oxcarbamazepina,
Felbamato, Fenitoína e Topiramato.

Contraceptivos apenas de progestogênio (COPs) (n foi trabalhado pelo prof,


pode pular)

 Esses contraceptivos possuem como hormônio apenas a progesterona.


Dentro desse grupo está a pílula de progesterona isolada, o injetável
trimestral, o implante subdérmico e o SIU de levonogestrel (discutido no
tópico de dispositivos intrauterinos).
 Pílula de progesterona isolada: Esses contraceptivos podem ser compostos
por desogestrel, acetato de noretindrona e levonorgestrel.
 Minipílula: Os contraceptivos compostos por acetato de noretindrona e
levonorgestrel são também conhecidos como minipílulas e podem ser
utilizados em pacientes em aleitamento e na perimenopausa.
 Essas medicações promovem efeito contraceptivo através do
espessamento do muco cervical e inibição da implantação do embrião no
endométrio.
 Não possuindo efeitos anovulatórios. Nesse caso, o uso de minipílulas é
contínuo e devem ser prescritas no puerpério de mulheres que
amamentam seis semanas após o parto.
 O seu uso deve ser rigoroso, pois após 27 horas da injesta do último
comprimido já pode perder o seu efeito.
 Uma contraindicação relativa ao uso de anticoncepcionais com progestágeno
isolado é o diabetes mellitus gestacional prévio, pois está relacionado ao
desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2 nos primeiros dois anos após o
parto.

CONTRACEPÇÃO CIRÚRGICA

 A contracepção cirúrgica consiste em método considerado irreversível ou


definitivo, podendo ser masculina com a vasectomia ou feminina com a
ligadura tubária (LT).
 Tem grande efetividade com índice de Pearl variando de 0,1 a 0,3 por 100
mulheres/ano.
 A Lei 9263 de 12/01/1996, também conhecida como Lei do planejamento
familiar, regulamenta o seu uso no Brasil, sendo indicado somente nas
seguintes situações:
1. Homens e mulheres com capacidade civil plena e maiores de 25 anos
de idade OU, pelo menos, com dois filhos, desde que observado o
prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação da vontade e o ato
cirúrgico.
2. Risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro concepto, desde que
tenha relatório escrito e assinado por dois médicos.
 Além disso, é vedado a esterilização cirúrgica durante o parto, aborto
ou até 42 dias após o parto (ou aborto), exceto nos casos de
comprovada necessidade, como:
1. Cesárias sucessivas anteriores (no mínimo 2);
2. Doença de base com risco à saúde.
 Para fazer a esterilização é necessário o registro da expressa manifestação
da vontade da paciente em documento escrito e firmado.
 Caso seja casada, deve também ter o consentimento do cônjuge e se for
incapaz, deve ter a autorização judicial.
 Na vasectomia se faz a ligadura do ducto deferente, podendo ser
realizado apenas com anestesia local.

 Lembrem-se que esse procedimento não altera o aspecto do sêmen e não


afeta o desempenho sexual.
 Na ligadura tubária realiza-se a obstrução do lúmen tubário, principalmente
o istmo, seja com fio cirúrgico e/ou secção da trompa, eletrocoagulação ou
obstrução mecânica com clips ou anéis.
 Com isso, se impede o transporte do óvulo e o encontro dos gametas
femininos e masculinos. Pode ser realizado tanto por via laparotômica,
laparoscópica, vaginal ou histeroscópica.
 É vedada ao médico realizar histerectomia, ooforectomia ou cesária
para fins exclusivos de esterilização.

CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA

 Em todo o mundo, apesar da disponibilidade de métodos contraceptivos, o


número de gravidezes indesejadas é muito elevado.
 A contracepção de emergência é um método que visa prevenir uma
gestação inoportuna após relação sexual.
 Pode ser indicada no ato sexual desprotegido, falha ou uso inadequado
do método contraceptivo em uso ou violência sexual.
 Os contraceptivos de emergência atuais geralmente são efetivos e seguros,
apresentando poucos efeitos adversos. Com isso, reduz a quantidade de
abortamentos inseguros e garante o planejamento familiar.
 O mecanismo de ação desses métodos varia de acordo com o período do
ciclo menstrual no qual é utilizado.
 Se o uso ocorre na primeira fase do ciclo, antes do pico do LH
(hormônio luteinizante), ele altera o desenvolvimento folicular,
impedindo ou retardando a ovulação.
 Já quando é usado na segunda fase do ciclo menstrual, ou seja, após a
ovulação, ele modifica as características do muco cervical, deixando-o
mais viscoso e com isso alteração o transporte dos espermatozoides.
 Atualmente estão disponíveis vários métodos contraceptivos de emergência.
 Os mais utilizados são o método Yuzpe e o contraceptivo de levonogestrel
isolado, ambos são igualmente eficazes, podendo ser utilizado até 5 dias
após o ato sexual desprotegido.
 Entretanto, sua eficácia é inversamente proporcional ao tempo
decorrido desde a atividade sexual, sendo recomendado o uso até 72
horas após o ato.
 Pela comodidade posológica e menos efeitos colaterais, o método de
levonogestrel é o mais indicado.
 Método Yuzpe: É um contraceptivo combinado que consiste no uso de duas
doses de 100 mcg de etinilestradiol e 500 mcg de levonorgestrel, com
intervalo de 12 horas; sendo que a primeira deve tomada o mais próximo
possível da atividade sexual desprotegida e até 72 horas depois.
 Contraceptivo de levonogestrel isolado: Nesse método deve-se ingerir o
levonorgestrel na dose de 1,5 mg em dose única ou fracionada em duas
tomadas, com intervalo de 12 horas. Sendo ambas as formas de uso
igualmente eficaz.
 Os contraceptivos de emergência possuem pouco efeito nas menstruações
posteriores, sendo que cerca de 60% das pacientes terão a menstruação no
período habitual.
 Além disso, a única contraindicação do uso é a gravidez documentada,
apesar de estudos não demonstrarem efeitos teratogênicos para o feto.
 Pode ocorrer alguns efeitos adversos como náuseas, vômitos, cefaleia e
aumento da sensibilidade mamária. No entanto, não há nenhuma evidência de
que os contraceptivos de emergência exerçam abortamento.
 O uso repetido desses métodos pode estar relacionado a diminuição da sua
eficácia e acentuar distúrbios menstruais.

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