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2 - Comente como se processava a educação das mulheres no período

colonial no Brasil (XVI-XIX). Com base em argumentos de Maria Silva


(2004).

De acordo com Silva (2004) na época colonial, a educação das mulheres era
voltada para os afazeres domésticos, com o intuito de zelar pelo lar, criação
dos filhos e marido, não era lhes permitido o aprendizado em leitura e escrita,
por diversos motivos culturais. O que não procedia para os meninos, haja visto
que eram eles quem mantinham o prestigio patriarcal da família.

Enquanto D. Catarina Jacob abriu, em 1813, uma “academia para


instrução de meninas” a quem seriam ensinadas “as línguas
portuguesas e inglesas gramaticalmente”, toda a qualidade de
costuras e bordados e também “o manejo da casa”, em outras aulas
eram as escravas e as criadas que recebiam os ensinamentos
práticos de que precisavam para melhorarem o serviço doméstico de
seus senhores (SILVA, 2010, p. 137).

A essa regra “escapava” do analfabetismo as meninas que eram enviadas para


os conventos, ainda muito jovens. Filhas de senhores de engenhos, capitães,
marechais, fidalgos, todos aqueles que faziam parte da elite social da época. A
ida das filhas desse grupo para o convento implicava em alfabetização, mesmo
que não houvessem aprendido muito, contudo, essa prática era acarretada
pela cultura de devoção que marcavam a vida conventual portuguesa
(SILVA,2008).

A situação na colônia não era diferente. Segundo Silva (2004), a maioria das
mulheres que aqui viviam nesse período eram incapazes de assinar o próprio
nome, o que não significa que elas não soubessem ler algumas frases, já que
leitura e escrita não eram aprendidas simultaneamente e não possuíam o
mesmo grau de dificuldade. “Até 1627, somente duas mulheres de São Paulo
sabiam assinar o nome. Eram Leonor de Siqueira, viúva de Luiz Pedroso e
sogra do Capitão-Mor Pedro Taques de Almeida, e Madalena Holsquor, viúva
de Manuel Varanda, de origem flamenga”. Tanto é, que de 1578 a 1700, foram
levantados 450 inventários e neles foi constatado que apenas duas mulheres
sabiam ler e escrever (RIBEIRO, 2000, p. 81 e 86).

A princípio o fluxo de jovens da colônia para a metrópole, a fim de ingresso nos


conventos, não encontrou qualquer impedimento que não fosse de ordem
econômica. Contudo, depois passou a ser considerada excessiva. Em relação
a isso escreveu o governador de Minas Gerais ao rei, sugerindo que:

[…] não permitisse mais a ida de moças para Portugal e ilhas


atlânticas para serem freiras, pois eram grandes o número das que
iam todos os anos. E pressionava o rei com uma hipérbole: “Se Vossa
Majestade não lhe puser toda proibição, suponho que toda a mulher
do Brasil será freira” (SILVA, 2010, p. 133).

A esta petição, Silva (2010) diz, que D. João V atendeu a esta preocupação,
determinando assim, que antes de ser concedida autorização para a viagem
das jovens, era necessário que se averiguasse efetivamente se as moças
possuíam verdadeira vocação pela vida religiosa. No entanto, após a petição, o
fluxo ainda se manteve intenso, mesmo após serem fundados conventos no
Rio de Janeiro e na Bahia. Mas foi somente no final do século XVIII, que foram
criados recolhimentos que tinham realmente objetivos educativos.

A historiadora assegura, que os conventos continuaram a crescer. Porém, mais


do que uma educação formal, os conventos foram o reflexo daquilo que a
sociedade colonial tinha como base fundamental, que era a questão econômica
e a questão comercial. Deste modo, foi somente a partir da segunda década do
século XIX, que maiores oportunidades de aprendizado surgem, graças a
instituições especialmente criadas para educação feminina, em um momento
em que a sociedade se abria para o exterior e criava novas formas de pensar e
agir.

5 - Comente sobre o processo de escolarização de pessoas pobres


brancas, negras, mestiças) na sociedade brasileira imperial (séc. XIX), a
partir dos argumentos de Luciano Fialho (2004).

O século XIX consigo a marca de “transição”, em que no contexto brasileiro é


caracterizado como “período das trevas” e visto como um tempo, em que as
ideias estão estranhamente, fora de lugar. Neste, as províncias vinham
discutindo demasiadamente a necessidade de escolarização da população,
vulgo, acesso do povo. Contudo, vivencia-se a relativização do papel do
Estado. Assim, a presença Estatal não era apenas pequena e pulverizada,
como também perniciosa ao ramo da instrução.  De tal modo, também foi lenta
a centralidade do papel da instituição escolar na formação das novas gerações,
em que, a escola teve que inventar e produzir o seu próprio lugar, e o fez em
íntimo dialogo com outras esferas e instituições da vida social.

De acordo com Faria Filho (2000), com base em pesquisa histórica realizada
sobre a educação primária na cidade de Belo Horizonte no princípio do século
XX, ao mesmo tempo em que a nova forma escolar refletia o imaginário social
e o momento concreto de racionalização e urbanização, ela se destacava como
uma importante produtora e conformadora do novo tipo de racionalidade
mental, econômica e urbanística que se desejava. Quiçá por isso, esse novo
modelo escolar fosse visto como uma poderosa arma que combatia: os
resquícios deixados pelo período imperial, assim como “a apatia do povo frente
à vida pública (e à república de uma maneira geral), a aversão ao trabalho
manual, dentre outras” (Idem, p.27). Adicionalmente, é preciso reconhecer que
o consenso compartilhado entre educadores e políticos acerca da criação dos
grupos escolares e de sua capacidade de instaurar uma racionalidade
progressista, estava intrinsecamente relacionado com os novos imperativos
colocados pela dinâmica capitalista no país e seus requisitos básicos. A ênfase
na disciplina, na organização, no controle dos corpos e na aquisição de
competências técnicas, perceptíveis em vários relatórios educacionais
encontrados pelo autor, evidencia a aproximação entre escola e o mundo do
trabalho, sobretudo o fabril.

Boa Avaliação.
Referências:

FARIA FILHO, Luciano Mendes de (Orgs). A escola elementar no século XIX.

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