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A VIDA QUE VALE A PENA

NOSSA FÉ – 4º tri 2018


A glória de Deus na criação, na providência e em nossa
APOIO DIDÁTICO
experiência

LIÇÃO 1 – O QUE SIGNIFICA DAR GLÓRIA A DEUS?


Texto básico: Romanos 11.33-36

O FIM PRINCIPAL DO HOMEM

PERGUNTA 1: Qual é o fim principal do homem?


RESPOSTA: O fim principal do homem é glorificar a Deus e deleitar-se nele para sempre.
Nessa pergunta são apresentadas duas finalidades específicas para a vida: A. A glorificação
de Deus, e B. A satisfação com Deus.

Glorificar a Deus para sempre


A Bíblia diz: “para que em todas as coisas seja Deus glorificado” (1Pe 4.11). A glória de Deus
é o fio de prata que deve estar presente em todas as nossas ações: “... quer comais, quer bebais,
ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31). No mundo natural e
nas coisas artificiais, tudo coopera para uma finalidade. Portanto, o homem, sendo uma criatura
racional, deve propor uma finalidade para si mesmo, a qual deveria ser exaltar Deus no mundo. A
finalidade de sua existência é mais importante que a própria vida. A grande verdade já nos foi
apresentada e nos afirma que a finalidade da existência de todo homem deveria ser glorificar a
Deus.
Glorificar a Deus diz respeito a todas as pessoas da Trindade. Diz respeito a Deus, o Pai, que
nos deu vida; Deus, o Filho, que entregou sua vida por nós; e Deus, o Espírito Santo, que produz
uma nova vida em nós. Devemos dar glória a toda a Trindade.

A. O QUE É A GLÓRIA DE DEUS?


Quando falamos da glória de Deus, a melhor abordagem é a seguinte pergunta: o que se
entende por glória de Deus?
A glória de Deus pode ser considerada de duas maneiras: a glória que Deus tem em si
mesmo, a sua glória intrínseca, e a glória que é atribuída a Deus, com a qual suas criaturas se
empenham para glorificá-lo.
1. A glória intrínseca de Deus. A glória intrínseca de Deus é algo essencial à divindade, assim
como a luz o é para o sol. Ele é chamado o “Deus da glória” (At 7.2). A glória é o brilho da deidade,
ela é tão natural à divindade que Deus não é Deus sem ela.
A honra tributada por suas criaturas não é essencial a seu ser. Um rei é um homem comum
quando está sem seus paramentos, sua coroa e suas roupas reais, porém a glória de Deus é parte
essencial de seu ser, de maneira que não pode ser Deus sem ela. A própria existência de Deus está
posta em sua glória. A glória de Deus não pode receber nenhum acréscimo porque é infinita. É o
que Deus é de mais afável, e o que ele não reparte com ninguém.
Em suas Escrituras ele diz: “... A minha glória, não a dou a outrem” (Is 48.11). Deus dá
bênçãos temporais a seus filhos como a sabedoria, a riqueza e a honra e ele também proporciona
a eles bênçãos espirituais como sua graça, seu amor e o seu céu; mas sua glória essencial ele não
compartilha com ninguém. O rei, faraó, deu a José um dos seus anéis e uma corrente de ouro, mas
não repartiu com ele seu trono: “... somente no trono eu serei maior do que tu” (Gn 41.40). Deus
fará muito por seu povo, dará a eles a herança, colocará neles uma porção da glória de Cristo,

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como mediador, mas não repartirá sua glória essencial, assentado em seu “trono” ele “será
maior”.
2. A glória tributada a Deus. A glória que Deus recebe é a que suas criaturas se empenham
para lhe dar. As Escrituras ensinam: “Tributai ao SENHOR a glória devida ao seu nome” (1Cr
16.29); e ainda “... glorificai a Deus no vosso corpo” (1Co 6.20). A glória que tributamos a Deus de
nada valerá se não exaltarmos seu nome no mundo e não o magnificarmos diante dos outros: “...
será Cristo engrandecido no meu corpo” (Fp 1.20).

B. O QUE É GLORIFICAR A DEUS?


Glorificar a Deus consiste de quatro atitudes: a. Apreciação; b. Adoração; c. Afeição; e d.
Sujeição. Elas são nossas obrigações para com o reino dos céus.
1. Apreciação. Glorificar a Deus é colocá-lo no lugar mais alto de nossos pensamentos e tê-lo
em uma venerável estima: “tu, porém, SENHOR, és o Altíssimo eternamente” (Sl 92.8), e “... tu és
sobremodo elevado acima de todos os deuses” (Sl 97.9). Em Deus estão reunidos todos os bens
que transmitem admiração e felicidade. Nele há uma constelação de todas as bem-aventuranças.
Ele é prima causa, a origem e a fonte do ser, que lança glória sobre a criatura.
Glorificamos a Deus quando somos admiradores dele. Quando admiramos seus atributos,
que são os fachos de luz em que a natureza divina se manifesta, e quando admiramos suas
promessas, as quais são o pacto da graça e da arca espiritual em que a pérola preciosa está
escondida. A obra dos seus dedos (Sl 8.3) são os nobres resultados de seu poder e de sua
sabedoria na criação do mundo. Glorificar a Deus é ter pensamentos que o apreciam; é estimá-lo
incomparavelmente; é procurar por diamantes somente nele, a rocha.
2. Adoração. Glorificar a Deus consiste em adoração. “Tributai ao SENHOR a glória devida ao
seu nome, adorai o SENHOR na beleza da santidade” (Sl 29.2). A adoração pode ser entendida de
dois modos.
Primeiramente, pode ser uma reverência civil que conferimos às pessoas de honra. “Então,
se levantou Abraão e se inclinou diante do povo da terra, diante dos filhos de Hete” (Gn 23.7). A
piedade não é inimiga da cortesia. Ela pode ser também a adoração que se dá a Deus como sua
prerrogativa real: “inclinaram-se e adoraram o SENHOR, com o rosto em terra” (Ne 8.6). Deus é
muito zeloso quanto a essa adoração divina. É a menina de seus olhos e a pérola de sua coroa.
Deus protege sua glória, como fez com a árvore da vida, usando querubins e uma espada
flamejante, de maneira que nenhum homem pudesse se aproximar e a violar. A adoração divina
deve ser da maneira como Deus mesmo a designou ou, então, será o oferecimento de um fogo
estranho (Lv 10.1). Deus mandou Moisés construir um tabernáculo segundo o modelo que lhe foi
mostrado no monte (Êx 25.40). Não poderia deixar nada de fora nem acrescentar nada. Sendo
Deus tão exato e atencioso em relação ao lugar de adoração, quanto mais sério em relação à
adoração. Certamente, nesse particular, tudo deve ser de acordo com o padrão prescrito em sua
Palavra.
3. Afeição. Esta é a parte da glória que oferecemos a Deus, que se considera glorificado
quando é amado: “Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e
de toda a tua força” (Dt 6.5). Manifestamos amor de duas maneiras distintas.
Ele pode ser o amor de concupiscência, ou o amor-próprio. Esse é o amor que temos por
outra pessoa porque ela nos fez algum bem. Pode-se dizer que um ímpio ama a Deus porque Deus
lhe deu uma boa colheita ou uma boa produção de vinho. Isso é, acima de qualquer coisa, amar a
bênção de Deus e não amar a Deus.
Ele pode ser também o amor que nos faz bem, como o amor entre amigos. Quando amamos
a Deus com essa afeição, amamos a Deus de fato. O coração está posto em Deus, como o coração
de um homem está posto em seu tesouro. Esse amor é exuberante, não é aplicado como em

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conta-gotas, mas como uma fonte. Ele é superlativo, ou seja, nós oferecemos a Deus o melhor de
nosso amor, “a flor de farinha” do nosso amor.
A esposa diz assim: “... eu te daria a beber vinho aromático e mosto das minhas romãs” (Ct
8.2). Se a esposa tinha um vinho mais saboroso e mais aromático guardado em sua casa, o esposo
deveria usufruir dele. Também Cristo deve participar do melhor de nosso amor. Deve-se amar
intensa e ardentemente. Verdadeiros santos são serafins, pois queimam de santo amor por Deus.
A esposa estava desfalecida de amor, ou “doente de amor” (Ct 2.5). Então, amar a Deus é glorificá-
lo. Deus, a melhor de nossas felicidades, deve ter o melhor de nossas afeições.
4. Sujeição. A sujeição acontece quando nos dedicamos a Deus e nos apresentamos prontos
para seu serviço. É assim que os anjos no céu o glorificam. Eles esperam diante de seu trono e
estão prontos para receber uma missão da parte dele. Por isso, eles são representados pelos
querubins com suas asas abertas para mostrar quão rápidos são para obedecer. Glorificamos a
Deus quando somos devotados ao seu serviço, quando nossa mente estuda para servi-lo, nossa
língua clama por seu serviço e nossas mãos assistem a seus filhos. Os homens sábios que
procuraram Cristo não somente dobraram seus joelhos diante dele, mas levaram a ele ouro e
mirra (Mt 2.11). Assim, devemos não somente dobrar nossos joelhos e adorar a Deus, mas lhe
oferecer o presente de nossa obediência sincera. Glorificamos a Deus quando o servimos
livremente e de boa vontade: “teu servo irá e pelejará contra o filisteu” (1Sm 17.32).
Um bom cristão é como o Sol, que além de irradiar calor circula a Terra. Assim, aquele que
glorifica a Deus não tem somente suas afeições aquecidas com o amor a Deus, mas também
realiza suas obras e se move com vigor na esfera da obediência.

C. POR QUE DEVEMOS GLORIFICAR A DEUS?


1. Porque Deus é o doador de nossa vida. Deus nos dá a vida, o salmista diz: “... foi ele
quem nos fez...” (Sl 100.3). Consideramos um grande ato de bondade alguém poupar nossa vida,
então, quão maior é a bondade de Deus que nos dá a vida. Nosso respirar vem dele. Ele nos dá a
vida com todo o seu conforto. Ele nos dá saúde, que é o tempero para nosso viver. Ele nos dá o
alimento, que é o óleo que abastece a lâmpada da vida. Se tudo que recebemos vem de sua
bondade, não seria razoável glorificá-lo? Não deveríamos viver para ele, pois vivemos por meio
dele? Como está registrado em Romanos 11.36: “Porque dele, e por meio dele, e para ele são
todas as coisas”. Tudo que temos vem completamente dele, tudo que temos é por meio de sua
graça e, portanto, para ele devem ser todas as coisas. E o versículo de Romanos termina assim: “A
ele, pois, a glória eternamente. Amém”. Deus não é somente nosso benfeitor, mas a fonte da qual
viemos, como os rios que provêm do mar e esvaziam seus prateados cursos d’água no mar
novamente.
2. Porque Deus fez todas as coisas para sua glória. “O SENHOR fez todas as coisas para
determinados fins...” (Pv 16.4), isto é, para sua glória. Assim como um rei tem direito de se
apropriar de qualquer produção feita em seu reino, Deus também se glorificará em todas as
coisas. Ele se glorificará nos ímpios; e caso eles não o glorifiquem, Deus se glorificará sobre eles.
“... serei glorificado em Faraó...” (Êx 14.17).
Porém, Deus criou especialmente os fiéis para sua glória. Eles são instrumentos vivos de seu
louvor: “... ao povo que formei para mim, para celebrar o meu louvor” (Is 43.21). É verdade que
eles não podem acrescentar nada à sua glória, mas podem exaltá-lo. Também não podem levantá-
lo ao céu, mas podem levantá-lo na estima de outros sobre a terra. Deus adotou os santos em sua
família e os fez um sacerdócio real, a fim de proclamarem as virtudes daquele que os chamou (1Pe
2.9).
3. Porque a glória de Deus é valiosa e sublime. A glória de Deus tem seu valor intrínseco e
excelso. Ela transcende os pensamentos dos homens e as línguas dos anjos. A glória de Deus é seu

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tesouro, todas as suas riquezas residem nela, como disse Mica: “Como, pois, me perguntais: Que é
o que tens?” (Jz 18.24). A glória de Deus é mais valiosa que o céu e mais valiosa que a salvação da
alma de todos os homens. É melhor que os reinos sejam derrubados, os homens e os anjos sejam
aniquilados, do que Deus perder uma joia de sua coroa, um raio de luz de sua glória.
4. Porque todas as criaturas glorificam a Deus. Todas as criaturas inferiores e superiores aos
homens glorificam a Deus. Diante disso, como podemos ficar imóveis? Toda criação glorificará a
Deus, exceto o homem? Se for assim, é uma pena que o homem tenha sido criado.
As criaturas inferiores ao homem glorificam a Deus, isto é, as criaturas inanimadas e os céus
glorificam a Deus: “Os céus proclamam a glória de Deus” (Sl 19.1). A minuciosa construção do céu
manifesta a glória de seu Criador. É manifesta no belo firmamento, pintado de azul e tons de azul,
no qual o poder e a sabedoria de Deus podem ser vistos claramente. “Os céus proclamam...”, no
qual podemos ver a glória de Deus resplandecendo no Sol e cintilando nas estrelas. Observe a
atmosfera e os pássaros que gorjeiam suas músicas entoando hinos de louvor a Deus. Cada uma
das feras glorifica a Deus: “Os animais do campo me glorificarão” (Is 43.20).
As criaturas superiores aos homens glorificam a Deus. Os anjos “são espíritos ministradores”
(Hb 1.14). Eles permanecem diante do trono de Deus e apresentam riquezas gloriosas ao tesouro
do céu. Certamente, o homem deveria ser muito mais diligente quanto à glória de Deus do que os
anjos, pois Deus o honrou acima deles, haja vista que Cristo tomou sobre si a natureza humana e
não a dos anjos. Embora, quanto à criação, Deus o tenha feito menor que os anjos (Hb 2.7),
quanto à redenção, Deus colocou os homens acima dos anjos. Deus casou o homem consigo
mesmo, porém os anjos são amigos de Cristo, não a sua esposa. Cobriu-nos com uma túnica
púrpura de retidão, que é uma retidão superior à dos anjos (2Co 5.21). Por isso, visto que os anjos
glorificam a Deus, muito mais nós, que somos dignificados com honra superior aos espíritos
angelicais.
5. Porque todas as nossas esperanças dependem dele. Devemos dar glória a Deus porque
todas as nossas esperanças dependem dele. O salmista afirma: “Tu és a minha esperança” (Sl 39.7)
e “... porque dele vem a minha esperança” (Sl 62.5). Esperamos um reino da parte dele. Uma
criança que é de boa natureza honrará seus pais ao esperar tudo o que necessita deles: “Todas as
minhas fontes são em ti” (Sl 87.7). As fontes prateadas da graça e as fontes douradas da glória
estão nele.

A Fé Cristã – Estudos no Breve Catecismo de Westminster, de Thomas Watson, Editora Cultura Cristã

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LIÇÃO 5 – GLORIFICANDO A DEUS PELA SALVAÇÃO


A certeza da salvação
Texto básico: Filipenses 1.6

A PERSEVERANÇA E A PRESERVAÇÃO DOS SANTOS


Posso perder minha salvação?

Em geral, a teologia reformada usa os termos perseverança e preservação dos santos


quando trata da questão da segurança eterna em Cristo dos verdadeiros cristãos. Esses termos
representam uma abordagem equilibrada da doutrina bíblica segundo qual a perseverança na fé
cristã é necessária para receber a recompensa final da salvação eterna, sendo, porém, garantida
pelo fato de que Deus preserva todos aqueles que creram verdadeiramente em Cristo. Os cristãos
perseveram pela persistência em meio ao desanimo e pressão contrária, mas só são capazes de
fazê-lo porque Jesus Cristo, por meio do Espírito Santo, garante que todo cristão verdadeiro se
manterá firme até o fim.
Várias outras tradições cristãs divergem da teologia reformada tomando um de dois rumos.
Por um lado, há quem ensine a possibilidade de pessoas que exercitaram fé salvadora e foram
genuinamente regeneradas em Cristo perderem a salvação. Para isso, lançam mão de passagens
das Escrituras que advertem acerca da apostasia e exigem a obediência a fim de receber a
recompensa da salvação eterna (p. ex., Sl 69.28; Mt 24.13; Lc 9.62; Jo 2.23-24; 15.6; 1Co 9.27; 2Co
13.5; Hb 3.6; 6.1-8; 10.26-31; 12.14; 2Pe 2.21-22; Ap 2.7,11,17; 22.19). A teologia reformada
reconhece que essas e outras passagens semelhantes exigem perseverança e indicam que uma
pessoa pode exercitar certa medida de fé e receber muitas bênçãos de Deus, mas sofrer
posteriormente o julgamento eterno por apostasia. A pergunta é: Que tipo de fé e que tipo de
bênçãos essas pessoas têm?
Por outro lado, alguns ramos da igreja ensinam que a única coisa necessária para a salvação
eterna é uma profissão de fé sincera, uma decisão de receber a Cristo como Salvador. Para isso, se
valem de passagens que enfatizam a justificação somente pela fé e a salvação como dom gratuito
que não pode ser perdido (p. ex., Jo 3.16; 6.37; At 16.31; Rm 3.28; 8.38-39; Gl 2.16). As versões
extremas dessa abordagem são chamadas, por vezes, de decisionismo ou fé fácil, indicando que o
único requisito para a salvação é a pessoa ter professado com sinceridade a fé em Cristo como
Salvador, mas não necessariamente como Senhor. Os adeptos desse ponto de vista — que
raramente fazem distinção entre a fé salvadora e a fé sem poder de salvar, ou entre os
verdadeiros cristãos e aqueles que apenas professam a fé — afirmam que, embora seja possível
que uma pessoa perca as bênçãos temporais devido a um pecado flagrante e habitual, nenhuma
pessoa sincera precisa temer o julgamento eterno de Deus. Alguns chegam a afirmar que até
mesmo se uma pessoa repudiar uma confissão anterior de fé e rejeitar a Cristo, ela será salva.
A teologia reformada busca o equilíbrio entre essas duas posições, adotando alguns dos
aspectos de ambas e rejeitando outros. Reconhece, por um lado, a necessidade de perseverança.
Por certo, somos justificados só pela fé, mas a fé salvadora nunca está só. Como Tiago afirma, “a
fé, se não tiver obras, por si só está morta” (Tg 2.17). Assim, Paulo exorta os cristãos filipenses:
“desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor” (Fp 2.12), pois durante a vida do cristão, sua
fé é testada para verificar se ele está verdadeiramente em Cristo (2Co 13.5). Nesse sentido, os

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teólogos reformados costumam fazer distinção entre a fé salvadora e a fé aparentemente sincera,


porém temporária, que conduz à hipocrisia e apostasia.
Como a parábola do semeador indica (Mt 13.18-23), existem tipos diferentes de fé, mas a
única fé que produz como fruto uma vida santa é a fé salvadora. Por isso, o escritor de Hebreus
afirma: “sem a [santificação] ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14). Aqueles que possuem uma fé
temporária podem experimentar várias bênçãos de Deus devido à sua relação próxima com os
fiéis (Hb 6.1-6; 2Pe 2.21-22), mas perderão essas bênçãos quando abandonarem Cristo e, um dia
sofrerão o julgamento eterno (Hb 10.26-31). Muitos que dizem “Senhor, Senhor!” não serão
reconhecidos (Mt 7.21-23). Somente aqueles que se mostram regenerados ao buscar a santidade
ao longo da vida neste mundo têm o direito de se considerar seguros em Cristo. O caminho para a
glória consiste em perseverar na fé e no arrependimento, e não apenas no formalismo cristão.
Não obstante, a teologia reformada também enfatiza que a preservação pela graça de Deus
é essencial para que os verdadeiros cristãos permaneçam fiéis em Cristo. Os cristãos não
começam somente pela fé a andar com Cristo para depois se estribarem nos seus próprios
esforços (Gl 3.3). Paulo exorta os filipenses dizendo “desenvolvei a vossa salvação” (Fp 2.12), mas
acrescenta, “porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua
boa vontade” (Fp 2.13). Paulo também os encoraja declarando que “aquele que começou boa
obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus” (Fp 1.6). O próprio Jesus enfatiza sua
preservação dos verdadeiros cristãos ao dizer que eles “jamais perecerão, e ninguém [os]
arrebatará da minha mão” (Jo 10.28).
Por vezes, cristãos verdadeiramente regenerados apostatam e caem em pecados graves.
Mas, ao fazê-lo, agem de modo contrário ao seu novo caráter e natureza e experimentam uma
tristeza tão profunda que, mais cedo ou mais tarde, buscam e encontram a restauração. Quando
pessoas regeneradas agem conforme a sua nova natureza, manifestam um desejo humilde e grato
de agradar ao Deus que as salvou e, sabendo que ele prometeu guardá-las em segurança para
sempre, desejam ainda mais ser fiéis ao seu Senhor. Veja Confissão de Fé de Westminster 17;
Confissão Belga 24,25; Catecismo de Heildelberg 86; Cânones de Dort V.

Bíblia de Estudo de Genebra

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