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CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO À GEOMETRIA

1.1 GEOMETRIA PARA QUE? A GEOMETRIA NA EVOLUÇÃO DA HUMANIDADE.

Na pré-história, antes da humanidade se organizar em civilização, ela vivia em


pequenos grupos nômades. A capacidade desses primeiros representantes da nossa
espécie em contar deu grande vantagem a eles, na natureza. Era possível contar
dias, prever as estações do ano, era possível antecipar a coleta de frutas para se
preparar para o inverno, onde havia escassez de alimentos, mas também era possível
prever migrações de animais, o que era vantajoso na hora da caça. Nossos
antepassados foram selecionados por causa da matemática e desenvolver mais esta
capacidade significava maiores chances de sobrevivência.

1.1.1 A GEOMETRIA DA PRÉ-HISTÓRIA À ALVORADA DA CIVILIZAÇÃO.

Embora não seja oficial, podemos imaginar que esses povos também tinham a
necessidade de controlar seu território. Pode ter sido assim que as primeiras noções
de geometria devem ter surgido. Talvez o território era medido de uma montanha
para outra, ou de um rio para uma floresta, sem escalas muito precisas. Então 6
mil anos atrás surgiu a agricultura.

A agricultura foi uma vantagem, pois nossos ancestrais não mais precisariam
vagar e correr riscos por grandes territórios. Era possível cultivar a própria comida.
Contar os dias do ano ajudou no planejamento desses grupos de agricultores, pois
eles sabiam a melhor época para plantar e a melhor época para colher. Medir as
distâncias deve ter sido muito importante para controlar a área das plantações e
pode ter sido aí que começamos a usar medidas de distâncias mais precisas. E eles
usavam as partes do corpo para medir essas distâncias. Ainda hoje usamos estas
medidas, quem nunca ouviu “polegadas”, ou “pés” na medida de distâncias. Não
são medidas muito precisas, uma vez que raramente temos pessoas com “pés” de
tamanhos iguais, mas era melhor do que usar referências geográficas.

Figura 1: O início da agricultura. Medir distâncias era importante, pois os agricultores precisavam
conhecer a extensão do território de cada cultura e dividir as áreas de agricultura e de pecuária.
Com o surgimento da civilização e com as pessoas separadas em classes, a
geometria foi além de medir terras para agricultura e controle territorial. Ter
terra significava ter riqueza. Além de medir distâncias, foi necessário criar novos
conceitos como área e volume para tratar de questões de economia, embora essa
palavra seja bem mais recente, mas quando temos uma expansão na população,
temos um grande problema para dar atenção: o desejo das pessoas que só aumenta,
mas com recursos limitados. A terra tinha que ser repartida e os mais ricos tinham
as maiores terras e pagavam impostos proporcionais a área de suas posses.

Figura 2: Aplicação da geometria no desenvolvimento da agricultura, da pecuária e do sistema de


irrigação e abastecimento de água.

Para as medidas ficarem mais precisas, foram criados instrumentos como


referências para unidades de distâncias, tal como varetas. Elas eram uma espécie
de gabarito para as distâncias. Construir equipamentos para melhorar a precisão
das medidas de distância acabou sendo uma solução para a construção civil. Podemos
dizer que a engenharia é o resultado da evolução desse processo, ou seja, a
engenharia surgiu da geometria aplicada na construção e na produção de
instrumentos e ferramentas. Já era possível imaginar a altura de uma construção
e calcular quantas pedras seriam necessárias para a obra.
Figura 3: Exemplos de ferramentas e instrumentos de medição usados no antigo Egito. Nas
construções era muito importante obter ângulos retos (de 90°). Era bastante claro o interesse da
civilização egípcia nos triângulos. Nas construções era importante trabalhar as pedras, deixando elas
mais lisas e no tamanho adequado para aplica-las na obra.

1.1.2 A GEOMETRIA NA GRÉCIA ANTIGA.

Dando um salto de alguns milhares de anos acabamos na Grécia antiga. Muito


do que estudamos hoje é tomado como referência em filósofos e matemáticos
gregos, contudo muito do que foi desenvolvido lá já havia sido descoberto centenas
de anos em outras regiões, como Índia e Oriente Médio. Mas em muitas regiões a
política e a religião limitavam a difusão de certos conhecimentos, no entanto, em
alguns portos gregos havia grande diversidade de povos. Diferentes culturas criavam
choques de ideias, tornando-se necessário buscar respostas que não estivessem
relacionadas a alguma divindade. A diversidade nestes portos contribuiu para uma
maior difusão das ideias vindas dos 3 continentes conhecidos.

Mas a maior contribuição dos gregos na geometria está mais no sentimento.


Foram criadas regras para estudar e desenvolver a geometria. Não só era
importante aplicar o conhecimento, mas também era importante entender o
motivo das coisas serem daquele jeito. Milhares de anos antes, os egípcios usavam
triângulos chamados pelos gregos de pitagóricos, e isso se dava pela garantia de se
obter um ângulo de 90°. Esses triângulos eram importantíssimos nas construções
do antigo Egito, mas a relação conhecida como o Teorema de Pitágoras, entre os
lados desses triângulos retângulos não era conhecida.
Cateto B (b)
ℎ2 = 𝑎2 + 𝑏²
Teorema de Pitágoras
90°

Cateto A (a)

Triângulo retângulo

Apesar do teorema não ser conhecido, os egípcios e outras civilizações fizeram


tabelas com várias medidas para os lados dos triângulos que resultavam em um
triângulo retângulo. Embora isso fosse o suficiente para um grupo de pessoas que
só desejam a aplicação, para os gregos da antiguidade a tabela não era o suficiente.
O importante era entender o motivo das medidas resultarem em triângulos
retângulos. Então era importante demonstrar! Nessa busca por construir a
geometria com teoremas que eram demonstrados resultou no livro mais importante
da história da geometria: Os Elementos. Esta obra foi escrita por Euclides, um
grande nome da geometria, que viveu em Alexandria 300 a.C. e demonstrou vários
teoremas, sendo um livro de referência para o estudo da disciplina até os dias de
hoje.

Esta paixão grega pela geometria pela geometria elevou a disciplina a um patamar
divino. A explicação da natureza da matéria estaria na geometria. Proporções
geométricas eram obtidas e usadas na arte, na arquitetura. A geometria era
cultural. Saber trabalhar os problemas de geometria era uma característica
indispensável para um grande rei, pois se ele tinha paciência e soubesse aplicar a
lógica para resolver problemas de geometria, ele poderia usar essas habilidades para
tomar decisões mais sábias.

Embora a geometria na Grécia tivesse essa importância na cultura e na


arquitetura, o grande desenvolvimento dela na Grécia contribuiu para grandes feitos
da engenharia. Eles aplicavam seus conhecimentos para fazerem desenhos de seus
projetos, em escalas. Esse planejamento levava a grandes feitos.
Figura 4.a: Teatro grego de Epidauro. Figura 4.b: Desenho do Teatro

A geometria era indispensável para grandes projetos.

1.1.3 O USO DA GEOMETRIA NOS DIAS ATUAIS.

Sem ficar enrolando muito, vamos ver a geometria nos dias mais atuais. É
evidente que a geometria é usada na decoração e na estética, mas ela vai mais
além: a geometria dá movimento ao mundo.

Vamos pensar na construção de um galpão onde será instalada uma indústria.

Figura 5: Planta de um galpão industrial. Temos um exemplo de vista de cima, vista lateral, vista
frontal e vista traseira.

O projeto de um galpão é um pouco mais complexo que isso, mas neste exemplo
podemos ter uma certa noção do emprego da geometria. O telhado é feito de
uma estrutura metálica chamada treliça. Essa estrutura é montada por serralheiros,
que cortam, soldam e montam essa estrutura. Imagina se existe um erro em
algumas dessas medidas?
Que tal vermos a planta de uma casa?

Figura 6: Planta de uma casa. Planta com o projeto de instalações elétricas da casa.

O desenho de uma casa pode ajudar no arranjo dos móveis, mas vai muito mais
além. No exemplo da Figura 6 a instalação elétrica necessita de informações
geométricas como área e perímetro dos cômodos para instalação da iluminação e
tomadas de forma adequadas, seguindo normas. Além disso, um bom desenho pode
nos dar uma noção da quantidade de material que necessitamos comprar para fazer
a instalação, tal como quantos metros de eletrodutos (por onde os fios passam
dentro de uma parede, ou teto, ou chão) precisamos, quantos metros de cabos,
ou fios elétricos precisamos. Isso pode ser muito importante para calcularmos o
custo de uma obra. Algo parecido também é feito para uma planta hidráulica,
onde projetamos toda a tubulação de água e esgoto de uma residência.

Em projetos hidráulicos e elétricos é recomendado contratar engenheiros para


fazerem os projetos, no entanto, em pequenas obras como a de uma casa, é muito
comum um profissional fazer o projeto. Mesmo que o profissional tenha limitações,
apenas conhecendo as normas e com muita responsabilidade, é possível projetar. É
importante saber fazer as contas para que o material que precisará ser usado na
instalação esteja de acordo com as normas e com as necessidades do cliente.

Outra situação importante numa obra é a pintura. Uma situação muito ruim é
verificar que a tinta comprada não está em quantidade suficiente. No caso de um
pintor que calcula errado a quantidade de tinta, isso significa passar um valor para
o cliente e depois este ter mais um gasto com uma quantidade maior de tinta.
Claro, comprar tintas em quantidades muito maiores do que se precisa também é
ruim, pois o cliente não quer gastar demais e quando ele percebe que comprou
latas de tinta que não foram usadas, essa não é uma situação muito confortável
para o pintor. Então se uma lata com 18 litros de tinta pode pintar 140m² em
uma única demão e sabendo o número de demãos que vai ser preciso para pintar
uma casa, basta saber calcular a área das paredes que serão pintadas e calcular a
quantidade de latas que deverão ser compradas.

Figura 7: Ao pintar o cômodo, deve-se calcular a área da superfície que será pintada para que a
quantidade de tinta que deverá ser comprada seja adequada.

Fazer a planta de uma casa, planejar instalações elétricas, planejar instalações


hidráulicas e pintura são atividades que não necessitam de um ensino superior,
obviamente, considerando pequenas obras. Mas um profissional responsável deve
ter consciência da necessidade de usar a calculadora e colocar suas ideias no papel,
antes de executar um serviço.

A geometria também é importante na hora de projetar máquinas. As máquinas


são feitas de elementos, que são muitos. Tem elementos de fixação como parafusos
e porcas, de transmissão como engrenagens. Cada elemento deve ser desenhado.
Cada peça deve ser desenhada. Estes elementos poderão ser comprados, ou
fabricadas, mas estes elementos funcionam em conjunto, devem se encaixar, do
contrário a máquina não vai funcionar de forma adequada. Um décimo de
centímetro pode trazer muitos prejuízos.
Figura 7.a: Desenho técnico de um eixo. Figura 7b: Eixo de um motor elétrico.

Um elemento como este eixo deve se encaixar a outros elementos, como por
exemplo um ventilador (ventoinha) de um motor elétrico.

Figura 8: Ventoinha de um motor elétrico.

Embora o motor de uma determinada marca tem a ventoinha própria dependendo


do modelo do motor, em algumas situações onde não tem como encontrar a
ventoinha própria, é necessário adaptar a ventoinha de outra marca. O eixo deve
ser encaixado no furo da ventoinha.

Existem uma grande quantidade de elementos que podem ser desenhados.


Figura 9.a: Desenho simplificado de uma engrenagem. Figura 9.b: Engrenagem.

Na maioria das vezes para projetarmos uma máquina, é necessário desenhar


muitas peças e dependendo da complexidade da máquina podemos ter muitas
pessoas trabalhando no desenho. Apesar de alguns desenharem usando lápis, papel
e prancheta, juntamente com outros recursos para este tipo de desenho, na
maioria destes projetos são usados softwares próprios.

Figura 10: Desenho da carcaça de um motor elétrico.

Lógico que poderíamos passar muito tempo falando de projetos onde usamos
desenhos e geometria, mas com o que foi apresentado já dar para termos uma
noção que em algumas áreas a geometria é indispensável.

1.2 CONCEITOS BÁSICOS DA GEOMETRIA.

Precisamos apresentar alguns conceitos elementares para conseguirmos iniciar os


estudos em geometria. São partindo destes conceitos que vamos construir nossas
figuras.

Alguns destes conceitos não tem uma definição clara, seu entendimento é mais
intuitivo, então estes serão os conceitos primitivos. Quando começarmos a explicar
outros conceitos, usando estes conceitos primitivos, então estes conceitos são
derivados. Os conceitos primitivos são três.
1. Ponto; Todos entendemos o que é um ponto e na matemática ele é um
elemento geométrico. Ele não possui dimensão, ou seja, não tem medida.
Ele é tão pequeno quanto podemos desenhar. Muitas vezes é conveniente
darmos nomes aos pontos usando letras maiúsculas.
Exemplo:

B
A

2. Espaço, Plano, Curva, Reta; Estes são conjuntos geométricos. São onde os
pontos podem estar, ou não. Quando falamos em Espaço, imaginamos uma
região tridimensional. Um Plano é um conjunto bidimensional, como se fosse
uma folha de papel de tamanho infinito. Costumamos dar nomes para estes
conjuntos usando letras minúsculas.
Exemplo:
r

Reta Plano

Curva

3. Relações de Pertinência; São relações que vão informar se um ponto vai


pertencer a um conjunto geométrico, ou não. Normalmente estão em
formas de funções, ou em outras relações algébricas.
Exemplo:

 𝑦 = 2𝑥 + 1: Relação algébrica de uma reta;


 𝑦 = 𝑥 2 − 4: Relação algébrica de uma curva em forma de parábola;
𝑥² 𝑦²
 4
+9 = 1: Relação algébrica de uma curva em forma de elipse.

Estas relações algébricas são estudadas em funções e em geometria analítica.


Nós temos conceitos importantes que vão nos ajudar no entendimento de
geometria.

 Segmento de Reta: É uma parte de uma reta, limitada por dois pontos.
Exemplo:

A
O segmento de reta que parte do ponto A para o ponto B é chamado de
segmento AB. Seria a mesma coisa se ele partisse de B para A, isto é, segmento
BA, pois neste caso, o segmento não tem nenhuma orientação.

 Vértice: É um ponto onde duas retas se encontram.


Exemplo: V

 Ângulo: Toda vez que temos um vértice, entre as duas retas vamos ter
uma medida associada, que chamamos de ângulo. Esta medida em graus
vai de 0° (zero grau) à 360° (trezentos e sessenta graus)
Exemplo:

32°
V

V
87° 32°

1.3 MEDIDAS DA GEOMETRIA.

Quando falamos em medir peças que serão fabricadas, ou sobre levantar um


muro, ou sobre percorrer distâncias, acabamos associando uma unidade de medida.
Temos várias! Na antiguidade se usava partes do corpo humano, mas ninguém tem
as mesmas proporções e essas medidas se tornavam imprecisas. Imagina você pagar
por uma obra e o pedreiro cobrar um alto valor para levantar um muro com 16
pés de altura e fica todo feliz, mas o pé do pedreiro ser do tamanho do pé de
uma criança de 5 anos... esse muro sai baixo, não é?!

Com esses problemas, surgiram umas medidas padronizadas. Para a distância de


1 pé não se usava qualquer pé. Era usado o pé de algum rei. Claro que seria um
problema o rei ter que ir nos lugares para as pessoas medirem, então se criou as
réguas. Podia ser um pedaço de madeira que era cortada no tamanho do pé do rei
e deste pedaço de madeira, eram cortados outros do mesmo tamanho. A
padronização numa medida causou um grande avanço. Imagina um trabalhador
precisando cortar uma rocha na medida de 5 pés para encaixar com outras rochas,
que também eram preparadas por outros trabalhadores e cada um medindo com o
próprio pé. Na hora de encaixar as pedras dá para imaginar que não daria certo.
As pirâmides seriam todas tortas!

Essas réguas padronizadas tornaram as construções mais rápidas. Mas temos um


outro problema nesses padrões. Imagina um porto grego da antiguidade recebendo
barcos da Ásia, do Oriente Médio, da África e do norte da Europa. Imagina esses
centros de comércio com cada comprador precisando carregar várias réguas, pois
cada reino deveria usar um pé, ou uma polegada diferente. As medidas deveriam
ser padronizadas internacionalmente. Surge o Sistema Internacional, conhecido
como S.I.

1.3.1 MEDINDO DISTÂNCIAS.

Para medir a distância foi definido a unidade metro (𝑚) como unidade padrão
do sistema internacional. A definição de metro é um pouco estranha:

“1 metro corresponde ao espaço linear percorrido pela luz no vácuo durante um


de segundo.”
1
intervalo de tempo correspondente a
299 792 458

Lembrando que a velocidade da luz no vácuo é de 299.792.458 m/s.

Apesar desta definição estranha, nós já estamos muito familiarizados com essa
medida.

Apesar de termos uma unidade internacional de medida, nem tudo são flores.
Vamos imaginar que precisamos comprar uma chapa de aço. Ao passarmos a
espessura da chapa, falamos: precisamos de uma chapa de 0,003 metros. Ou que
tal uma viagem de carro, ninguém fala que andou 250 mil metros. Dependendo
da necessidade, gostamos de usar frações, ou múltiplos do metro. Vamos entender
alguns destes múltiplos.

 Decâmetro (𝑑𝑎𝑚); 1 decâmetro corresponde a 10 metros, no entanto,


não costumamos usar esta unidade.
 Hectômetro (ℎ𝑚); 1 hectômetro corresponde a 100 metros, no
entanto, não costumamos usar esta unidade.
 Quilômetro (𝑘𝑚); 1 quilômetro corresponde a 1000 metros, sendo esta
unidade muito usada para medir grandes distâncias na escala planetária.

A cada vez que multiplicamos por 10 na unidade, obtemos uma nova, então
temos outras além dessas três, tal como megametro, gigametro, terametro,
petametro e outras.

Ainda tomando como referência o metro, podemos dividir ele. Vamos conhecer
as frações do metro.

 Decímetro (𝑑𝑚); 10 decímetros correspondem a 1 metro, ou seja, 1


decímetro é a décima parte do metro (seria 1 metro dividido em 10 partes
iguais e uma delas corresponde a 1 decímetro), sendo esta unidade pouco
usada.
 Centímetro (𝑐𝑚); 100 centímetros correspondem a 1 metro, ou seja, 1
centímetro é a centésima parte do metro (seria 1 metro dividido em 100
partes iguais e uma delas corresponde a 1 centímetro), sendo esta unidade
muito usada no dia a dia das pessoas.
 Milímetro (𝑚𝑚); 1000 milímetros correspondem a 1 metro, ou seja, 1
milímetro é a milésima parte do metro (seria 1 metro dividido em 1000
partes iguais e uma delas corresponde a 1 milímetro), sendo esta unidade
muito usada por serralheiros e marceneiros, além disso, é uma unidade
muito usada em medida de peças, ferragens e ferramentas (porcas,
parafusos, arruelas, etc).

Cada vez que dividimos uma unidade por 10 encontramos uma nova. Além dessas
3 unidades que formam as frações do metro, existem outras. Podemos destacar
duas unidades pelo seu uso.

 Micrometro (μm); 1.000.000 de micrômetros correspondem a 1 metro,


ou seja, 1 micrômetro é a milionésima parte do metro (seria 1 metro
dividido em 1 milhão de partes iguais e uma dessas seria 1 micrômetro).
Essa é a escala de tolerância de peças. Mesmo elas sendo produzidas por
máquinas, dificilmente duas peças terão exatamente o mesmo tamanho.
Muitas vezes o olho não enxerga a diferença nesses tamanhos, podendo
estes fugirem até das escalas das réguas. Existem equipamentos de medição
muito precisos que podem mostrar a diferença entre duas peças fabricadas
na mesma máquina. Uma peça com um acabamento “grosseiro” pode ser
diferente de uma outra em 10 micrômetros. Peças de melhores acabamentos
podem diferenciar entre si em até 1 micrômetro. Uma peça fabricada de
forma errada que fuja dessas tolerâncias pode funcionar mal, pode ser que
não se encaixem a outras peças, ou que se encaixem com muita folga.
Materiais eletrônicos também podem estar nessa escala.
 Nanometro (𝑛𝑚); 1.000.000.000 nanometros correspondem a 1 metro,
ou seja, 1 nanometro é a bilionésima parte do metro (seria 1 metro dividido
em 1 bilhão de partes iguais e uma delas corresponde a 1 nanometro). Uma
célula possui essa medida. Existem materiais em eletrônica com tamanhos
nessa escala.

Essas são as principais escalas de distância. Precisamos entender como converter


as escalas. Vamos seguir o nosso exercício resolvido.

E.R. 1.1 - Você é um atendente de uma loja que vende ferragens, ferramentas e
outros materiais do tipo. Um comprador chega na loja e faz os seguintes pedidos:

 60 parafusos sextavados de 8mm de diâmetro e 15cm de comprimento;

Figura 11: Desenho de um parafuso sextavado. A letra L corresponde ao seu comprimento, o d ao


seu diâmetro, o h é o comprimento da cabeça do parafuso e o S é a distância entre as faces da
cabeça (a chave de boca adequada é escolhida seguindo esse comprimento).

 250 cm de corrente;
 20 fitas crepe com aproximadamente 2cm de espessura.
Na hora de consultar os produtos no sistema, você percebeu que o comprimento
dos parafusos estava em milímetros, que a corrente é vendida por metro e que
haviam fitas com espessuras de 19mm de espessura, 25 milímetros de espessura
e 48 milímetros de espessura.

Converta as unidades para que as medidas fiquem adequadas com o sistema da


loja.

Solução

O comprimento do parafuso informado pelo cliente é 15cm e precisamos saber


o quanto isso corresponde em milímetros. Sabemos que 100cm corresponde a 1m
e 1000mm corresponde a 1m, logo, podemos aplicar uma regra de 3 para
encontrarmos 15cm em metros e em seguida outra regra de 3 para encontrar o
valor em milímetros.

100𝑐𝑚 − − − − − − − − − − − − 1𝑚

15cm − − − − − − − − − − − − − x

100𝑐𝑚 × 𝑥 = 1𝑚 × 15𝑐𝑚

1𝑚 × 15𝑐𝑚
𝑥=
100𝑐𝑚

Nesta fração temos o fator 𝑐𝑚 em comum no numerador e no denominador.


Podemos simplificar.

1𝑚 × 15𝑐𝑚
𝑥=
100𝑐𝑚

1𝑚 × 15 15
𝑥= = 𝑚
100 100

A fração não foi desenvolvida pela possibilidade de simplificação na próxima conta.


Vamos fazer uma nova regra de 3 para acharmos o valor em milímetros

1000𝑚𝑚 − − − − − − − − − − − − 1𝑚

15
L− − − − − − − − − − − − − − 100 𝑚
15
𝐿 × 1𝑚 = 1000𝑚𝑚 × 𝑚
100
De cara podemos simplificar

𝐿 × 1𝑚 = 10𝑚𝑚 × 15𝑚

10𝑚𝑚 × 15𝑚
𝐿=
1𝑚
𝐿 = 150𝑚𝑚.

O comprimento L do parafuso é 150mm.

O cliente precisa de 250cm de corrente, que é vendida pelo metro. Basta fazer
a regra de 3

100𝑐𝑚 − − − − − − − − − − − − 1𝑚

250cm − − − − − − − − − − − − − y

𝑦 × 100𝑐𝑚 = 1𝑚 × 250𝑐𝑚

1𝑚 × 250𝑐𝑚 25
𝑦 = 𝑚
100𝑐𝑚 10
𝑦 = 2,5𝑚.
Isto é, são 2,5m de corrente.

O cliente pediu fita crepe com espessura de aproximadamente 2cm. Mas este
produto é vendido com a espessura em milímetros. Vimos no caso do parafuso que
para passar uma unidade de centímetro para milímetro, basta multiplicar por 10,
ou seja, a fita crepe que o cliente precisa é de aproximadamente 20mm. A mais
próxima desse valor é a fita com 19mm.

Alguns pontos são importantes neste exercício e precisam ser destacados. A


primeira é que muitas vezes precisamos converter uma unidade diferente do metro
para outra diferente do metro. Para o comprimento do parafuso, mudamos de
centímetro para o metro e em seguida passamos para milímetro, mas poderíamos
ter feito a conta diretamente, apenas multiplicando por 10.

Podemos usar o recurso da rampa para convertermos as unidades mais usadas.


Figura 12: A rampa na parte mais baixa começamos com o milímetro e vamos subindo até o
quilômetro. Para atravessar de um trecho para outro, devemos multiplicar, ou dividir por 10. Subir
a rampa dá mais trabalho, então dividimos por 10. Descer dá menos trabalho, então multiplicamos
por 10.

Outro ponto que precisa ser destacado foi a simplificação das unidades. Em
operações de multiplicação, ou divisão, podemos operar com grandezas e unidades
diferentes e acabamos formando novas unidades, então elas participam das
operações. Mas precisamos prestar atenção nas operações de soma e subtração.
Nunca somamos, ou subtraímos números em sistema de unidades diferentes. Vamos
olhar o exercício resolvido.

E.R. 1.2 – Uma máquina industrial faz 6.480 furos de 15mm de diâmetro em
chapas de aço, nas 9 horas de trabalho. Esta medida do furo é chamada de medida
nominal. Nestes furos serão colocados pinos, que deverão ter o mesmo diâmetro
do furo. Usando um aparelho de medida bastante preciso, foi verificado que alguns
furos estavam com o diâmetro de 18μm a 11μm menores que o tamanho do
diâmetro nominal. Devemos saber que 1000μm equivale a 1mm.

O diâmetro 𝐷𝑀𝑎𝑖𝑜𝑟 é o diâmetro maior furo, também chamado de afastamento


superior. O diâmetro 𝐷𝑀𝑒𝑛𝑜𝑟 é o diâmetro do menor furo, também chamado de
afastamento inferior. A tolerância 𝑇 do furo será a diferença desses dois diâmetros,
isto é, 𝑇 = 𝐷𝑀𝑎𝑖𝑜𝑟 − 𝐷𝑀𝑒𝑛𝑜𝑟 . Encontre este diâmetro máximo, o mínimo e a
tolerância.

Solução

Temos que a medida nominal do furo é 15mm, no entanto a máquina faz furos
entre 18μm e 11μm menores. O maior furo vai ter diâmetro de 15mm retirando
11μm e o menor furo vai ter diâmetro de 15mm retirando 18μm. Precisamos fazer
uma conversão nas unidades passando tudo para milímetro.

18
18μm = 𝑚𝑚 = 0,018𝑚𝑚;
1000

11
11μm = 𝑚𝑚 = 0,011𝑚𝑚.
1000

Agora podemos encontrar os diâmetros.

𝐷𝑀𝑎𝑖𝑜𝑟 = 15𝑚𝑚 − 0,011𝑚𝑚.

O valor de 15mm pode ser escrito na forma de 15,000mm.

𝐷𝑀𝑎𝑖𝑜𝑟 = 15,000𝑚𝑚 − 0,011𝑚𝑚 = 14,989𝑚𝑚.

Para o furo menor podemos fazer a conta parecida.

𝐷𝑀𝑒𝑛𝑜𝑟 = 15,000𝑚𝑚 − 0,018𝑚𝑚 = 14,982𝑚𝑚.

A tolerância será

𝑇 = 𝐷𝑀𝑎𝑖𝑜𝑟 − 𝐷𝑀𝑒𝑛𝑜𝑟 = 14,989𝑚𝑚 − 14,982𝑚𝑚 = 0,007𝑚𝑚.

Como vimos neste exercício, NÃO PODEMOS SOMAR, OU SUBTRAIR NÚMEROS


COM UNIDADES DIFERENTES. O mesmo vale para grandezas diferentes, como
somar distância com tempo, ou velocidade com força. Soma e subtração só podem
ser feitas entre números com mesmas grandezas e unidades.

1.3.2 MEDINDO ÁREAS.

Uma vez que falamos bastante sobre distâncias, as áreas passam por algo
parecido. A área mais simples de calcular é a do retângulo e ela surge da
multiplicação de suas dimensões. O que é dimensão? Vamos olhar o retângulo abaixo
que vai representar um azulejo. Partindo dele, vamos entender o conceito de
dimensão na geometria.
y

40cm
22cm x

Nesse azulejo destacamos duas medidas: largura e comprimento. Cada direção das
setas x e y representa uma dimensão. Neste caso, temos duas dimensões, elas
definem um plano. Qual é a área deste azulejo? Basta multiplicar as medidas de
suas dimensões.

𝐴𝑟𝑒𝑎 = 22𝑐𝑚 × 40𝑐𝑚 = 22 × 40 × 𝑐𝑚 × 𝑐𝑚 = 880𝑐𝑚2 .

Como já foi dito, podemos multiplicar, ou dividir unidades e grandezas para


formar novas. Percebemos que cm² (centímetro quadrado) é a unidade de área
que surgiu da multiplicação 𝑐𝑚 × 𝑐𝑚. Como temos múltiplos e frações da unidade
metro, então percebemos que temos o mesmo para a área.
Claro, temos uma unidade padrão para a área, tal como a distância. Se para a
distância era o metro, então para a área teremos o metro quadrado (m²) que
surge da multiplicação 𝑚 × 𝑚.

As unidades de área são parecidas com as unidades de distâncias, mas


acrescentamos o “quadrado” por conta da multiplicação das duas dimensões. A
rampa para a conversão fica parecida, mudando apenas um detalhe.

Figura 13: A rampa é muito parecida, mas ao invés de multiplicar, ou dividir por 10, multiplicamos,
ou dividimos por 100.

E.R. 1.3 – Ao medir as dimensões do chão do quarto, você anotou os seguintes


valores:
 3,2m;
 2,8m.

Você decidiu comprar pisos para colocar neste quarto e decidiu colocar
porcelanato. No site onde você procurou este produto, você viu as seguintes
informações:
 Dimensões da peça 60x60cm²;
 Compra mínima caixa 1,44m².

Com essas informações, você consegue responder quantas peças de porcelanato


vem em uma caixa e quantas caixas você vai precisar?

Solução

Para sabermos quantas peças tem em uma caixa, basta acharmos a área de cada
peça (𝐴𝑝𝑒ç𝑎 ) e comparar com a área que vem em uma caixa.

𝐴𝑝𝑒ç𝑎 = 60 × 60𝑐𝑚2 = 3600𝑐𝑚2 .


Para compararmos esse valor com 1,44m² precisamos converter o valor calculado
em cm² para m². Usando a rampa, devemos dividir por 100 para converter para
decímetros quadrados e depois dividir por 100 outra vez para passar para metros
quadrados.

3600
𝐴𝑝𝑒ç𝑎 = 𝑚2 = 0,36𝑚2 .
100 × 100

Se na caixa temos 1,44m² em porcelanato e cada uma dessas peças possui 0,36m²,
então o número n de peças na caixa pode ser obtido da seguinte forma
1,44𝑚²
𝑛= =4
0,36𝑚²
Então cada caixa contém 4 peças.

Para sabermos quantas caixas precisamos comprar, temos que calcular a área do
chão do quarto (𝐴𝑐ℎã𝑜 ).

𝐴𝑐ℎã𝑜 = 3,2𝑚 × 2,8𝑚 = 8,96𝑚2 .

Para calcular o número de caixas que precisamos comprar 𝑁, usamos a área do


chão do quarto e comparamos com a área de porcelanato que vem na caixa.
8,96𝑚²
𝑁= ≈ 6,22.
1,44𝑚²

Não podemos comprar 6,22 caixas, então compramos 7 caixas.

1.4 EXERCÍCIOS PROPOSTOS

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