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Embora não seja oficial, podemos imaginar que esses povos também tinham a
necessidade de controlar seu território. Pode ter sido assim que as primeiras noções
de geometria devem ter surgido. Talvez o território era medido de uma montanha
para outra, ou de um rio para uma floresta, sem escalas muito precisas. Então 6
mil anos atrás surgiu a agricultura.
A agricultura foi uma vantagem, pois nossos ancestrais não mais precisariam
vagar e correr riscos por grandes territórios. Era possível cultivar a própria comida.
Contar os dias do ano ajudou no planejamento desses grupos de agricultores, pois
eles sabiam a melhor época para plantar e a melhor época para colher. Medir as
distâncias deve ter sido muito importante para controlar a área das plantações e
pode ter sido aí que começamos a usar medidas de distâncias mais precisas. E eles
usavam as partes do corpo para medir essas distâncias. Ainda hoje usamos estas
medidas, quem nunca ouviu “polegadas”, ou “pés” na medida de distâncias. Não
são medidas muito precisas, uma vez que raramente temos pessoas com “pés” de
tamanhos iguais, mas era melhor do que usar referências geográficas.
Figura 1: O início da agricultura. Medir distâncias era importante, pois os agricultores precisavam
conhecer a extensão do território de cada cultura e dividir as áreas de agricultura e de pecuária.
Com o surgimento da civilização e com as pessoas separadas em classes, a
geometria foi além de medir terras para agricultura e controle territorial. Ter
terra significava ter riqueza. Além de medir distâncias, foi necessário criar novos
conceitos como área e volume para tratar de questões de economia, embora essa
palavra seja bem mais recente, mas quando temos uma expansão na população,
temos um grande problema para dar atenção: o desejo das pessoas que só aumenta,
mas com recursos limitados. A terra tinha que ser repartida e os mais ricos tinham
as maiores terras e pagavam impostos proporcionais a área de suas posses.
Cateto A (a)
Triângulo retângulo
Esta paixão grega pela geometria pela geometria elevou a disciplina a um patamar
divino. A explicação da natureza da matéria estaria na geometria. Proporções
geométricas eram obtidas e usadas na arte, na arquitetura. A geometria era
cultural. Saber trabalhar os problemas de geometria era uma característica
indispensável para um grande rei, pois se ele tinha paciência e soubesse aplicar a
lógica para resolver problemas de geometria, ele poderia usar essas habilidades para
tomar decisões mais sábias.
Sem ficar enrolando muito, vamos ver a geometria nos dias mais atuais. É
evidente que a geometria é usada na decoração e na estética, mas ela vai mais
além: a geometria dá movimento ao mundo.
Figura 5: Planta de um galpão industrial. Temos um exemplo de vista de cima, vista lateral, vista
frontal e vista traseira.
O projeto de um galpão é um pouco mais complexo que isso, mas neste exemplo
podemos ter uma certa noção do emprego da geometria. O telhado é feito de
uma estrutura metálica chamada treliça. Essa estrutura é montada por serralheiros,
que cortam, soldam e montam essa estrutura. Imagina se existe um erro em
algumas dessas medidas?
Que tal vermos a planta de uma casa?
Figura 6: Planta de uma casa. Planta com o projeto de instalações elétricas da casa.
O desenho de uma casa pode ajudar no arranjo dos móveis, mas vai muito mais
além. No exemplo da Figura 6 a instalação elétrica necessita de informações
geométricas como área e perímetro dos cômodos para instalação da iluminação e
tomadas de forma adequadas, seguindo normas. Além disso, um bom desenho pode
nos dar uma noção da quantidade de material que necessitamos comprar para fazer
a instalação, tal como quantos metros de eletrodutos (por onde os fios passam
dentro de uma parede, ou teto, ou chão) precisamos, quantos metros de cabos,
ou fios elétricos precisamos. Isso pode ser muito importante para calcularmos o
custo de uma obra. Algo parecido também é feito para uma planta hidráulica,
onde projetamos toda a tubulação de água e esgoto de uma residência.
Outra situação importante numa obra é a pintura. Uma situação muito ruim é
verificar que a tinta comprada não está em quantidade suficiente. No caso de um
pintor que calcula errado a quantidade de tinta, isso significa passar um valor para
o cliente e depois este ter mais um gasto com uma quantidade maior de tinta.
Claro, comprar tintas em quantidades muito maiores do que se precisa também é
ruim, pois o cliente não quer gastar demais e quando ele percebe que comprou
latas de tinta que não foram usadas, essa não é uma situação muito confortável
para o pintor. Então se uma lata com 18 litros de tinta pode pintar 140m² em
uma única demão e sabendo o número de demãos que vai ser preciso para pintar
uma casa, basta saber calcular a área das paredes que serão pintadas e calcular a
quantidade de latas que deverão ser compradas.
Figura 7: Ao pintar o cômodo, deve-se calcular a área da superfície que será pintada para que a
quantidade de tinta que deverá ser comprada seja adequada.
Um elemento como este eixo deve se encaixar a outros elementos, como por
exemplo um ventilador (ventoinha) de um motor elétrico.
Lógico que poderíamos passar muito tempo falando de projetos onde usamos
desenhos e geometria, mas com o que foi apresentado já dar para termos uma
noção que em algumas áreas a geometria é indispensável.
Alguns destes conceitos não tem uma definição clara, seu entendimento é mais
intuitivo, então estes serão os conceitos primitivos. Quando começarmos a explicar
outros conceitos, usando estes conceitos primitivos, então estes conceitos são
derivados. Os conceitos primitivos são três.
1. Ponto; Todos entendemos o que é um ponto e na matemática ele é um
elemento geométrico. Ele não possui dimensão, ou seja, não tem medida.
Ele é tão pequeno quanto podemos desenhar. Muitas vezes é conveniente
darmos nomes aos pontos usando letras maiúsculas.
Exemplo:
B
A
2. Espaço, Plano, Curva, Reta; Estes são conjuntos geométricos. São onde os
pontos podem estar, ou não. Quando falamos em Espaço, imaginamos uma
região tridimensional. Um Plano é um conjunto bidimensional, como se fosse
uma folha de papel de tamanho infinito. Costumamos dar nomes para estes
conjuntos usando letras minúsculas.
Exemplo:
r
Reta Plano
Curva
Segmento de Reta: É uma parte de uma reta, limitada por dois pontos.
Exemplo:
A
O segmento de reta que parte do ponto A para o ponto B é chamado de
segmento AB. Seria a mesma coisa se ele partisse de B para A, isto é, segmento
BA, pois neste caso, o segmento não tem nenhuma orientação.
Ângulo: Toda vez que temos um vértice, entre as duas retas vamos ter
uma medida associada, que chamamos de ângulo. Esta medida em graus
vai de 0° (zero grau) à 360° (trezentos e sessenta graus)
Exemplo:
32°
V
V
87° 32°
Para medir a distância foi definido a unidade metro (𝑚) como unidade padrão
do sistema internacional. A definição de metro é um pouco estranha:
Apesar desta definição estranha, nós já estamos muito familiarizados com essa
medida.
Apesar de termos uma unidade internacional de medida, nem tudo são flores.
Vamos imaginar que precisamos comprar uma chapa de aço. Ao passarmos a
espessura da chapa, falamos: precisamos de uma chapa de 0,003 metros. Ou que
tal uma viagem de carro, ninguém fala que andou 250 mil metros. Dependendo
da necessidade, gostamos de usar frações, ou múltiplos do metro. Vamos entender
alguns destes múltiplos.
A cada vez que multiplicamos por 10 na unidade, obtemos uma nova, então
temos outras além dessas três, tal como megametro, gigametro, terametro,
petametro e outras.
Ainda tomando como referência o metro, podemos dividir ele. Vamos conhecer
as frações do metro.
Cada vez que dividimos uma unidade por 10 encontramos uma nova. Além dessas
3 unidades que formam as frações do metro, existem outras. Podemos destacar
duas unidades pelo seu uso.
E.R. 1.1 - Você é um atendente de uma loja que vende ferragens, ferramentas e
outros materiais do tipo. Um comprador chega na loja e faz os seguintes pedidos:
250 cm de corrente;
20 fitas crepe com aproximadamente 2cm de espessura.
Na hora de consultar os produtos no sistema, você percebeu que o comprimento
dos parafusos estava em milímetros, que a corrente é vendida por metro e que
haviam fitas com espessuras de 19mm de espessura, 25 milímetros de espessura
e 48 milímetros de espessura.
Solução
100𝑐𝑚 − − − − − − − − − − − − 1𝑚
15cm − − − − − − − − − − − − − x
100𝑐𝑚 × 𝑥 = 1𝑚 × 15𝑐𝑚
1𝑚 × 15𝑐𝑚
𝑥=
100𝑐𝑚
1𝑚 × 15𝑐𝑚
𝑥=
100𝑐𝑚
1𝑚 × 15 15
𝑥= = 𝑚
100 100
1000𝑚𝑚 − − − − − − − − − − − − 1𝑚
15
L− − − − − − − − − − − − − − 100 𝑚
15
𝐿 × 1𝑚 = 1000𝑚𝑚 × 𝑚
100
De cara podemos simplificar
𝐿 × 1𝑚 = 10𝑚𝑚 × 15𝑚
10𝑚𝑚 × 15𝑚
𝐿=
1𝑚
𝐿 = 150𝑚𝑚.
O cliente precisa de 250cm de corrente, que é vendida pelo metro. Basta fazer
a regra de 3
100𝑐𝑚 − − − − − − − − − − − − 1𝑚
250cm − − − − − − − − − − − − − y
𝑦 × 100𝑐𝑚 = 1𝑚 × 250𝑐𝑚
1𝑚 × 250𝑐𝑚 25
𝑦 = 𝑚
100𝑐𝑚 10
𝑦 = 2,5𝑚.
Isto é, são 2,5m de corrente.
O cliente pediu fita crepe com espessura de aproximadamente 2cm. Mas este
produto é vendido com a espessura em milímetros. Vimos no caso do parafuso que
para passar uma unidade de centímetro para milímetro, basta multiplicar por 10,
ou seja, a fita crepe que o cliente precisa é de aproximadamente 20mm. A mais
próxima desse valor é a fita com 19mm.
Outro ponto que precisa ser destacado foi a simplificação das unidades. Em
operações de multiplicação, ou divisão, podemos operar com grandezas e unidades
diferentes e acabamos formando novas unidades, então elas participam das
operações. Mas precisamos prestar atenção nas operações de soma e subtração.
Nunca somamos, ou subtraímos números em sistema de unidades diferentes. Vamos
olhar o exercício resolvido.
E.R. 1.2 – Uma máquina industrial faz 6.480 furos de 15mm de diâmetro em
chapas de aço, nas 9 horas de trabalho. Esta medida do furo é chamada de medida
nominal. Nestes furos serão colocados pinos, que deverão ter o mesmo diâmetro
do furo. Usando um aparelho de medida bastante preciso, foi verificado que alguns
furos estavam com o diâmetro de 18μm a 11μm menores que o tamanho do
diâmetro nominal. Devemos saber que 1000μm equivale a 1mm.
Solução
Temos que a medida nominal do furo é 15mm, no entanto a máquina faz furos
entre 18μm e 11μm menores. O maior furo vai ter diâmetro de 15mm retirando
11μm e o menor furo vai ter diâmetro de 15mm retirando 18μm. Precisamos fazer
uma conversão nas unidades passando tudo para milímetro.
18
18μm = 𝑚𝑚 = 0,018𝑚𝑚;
1000
11
11μm = 𝑚𝑚 = 0,011𝑚𝑚.
1000
A tolerância será
Uma vez que falamos bastante sobre distâncias, as áreas passam por algo
parecido. A área mais simples de calcular é a do retângulo e ela surge da
multiplicação de suas dimensões. O que é dimensão? Vamos olhar o retângulo abaixo
que vai representar um azulejo. Partindo dele, vamos entender o conceito de
dimensão na geometria.
y
40cm
22cm x
Nesse azulejo destacamos duas medidas: largura e comprimento. Cada direção das
setas x e y representa uma dimensão. Neste caso, temos duas dimensões, elas
definem um plano. Qual é a área deste azulejo? Basta multiplicar as medidas de
suas dimensões.
Figura 13: A rampa é muito parecida, mas ao invés de multiplicar, ou dividir por 10, multiplicamos,
ou dividimos por 100.
Você decidiu comprar pisos para colocar neste quarto e decidiu colocar
porcelanato. No site onde você procurou este produto, você viu as seguintes
informações:
Dimensões da peça 60x60cm²;
Compra mínima caixa 1,44m².
Solução
Para sabermos quantas peças tem em uma caixa, basta acharmos a área de cada
peça (𝐴𝑝𝑒ç𝑎 ) e comparar com a área que vem em uma caixa.
3600
𝐴𝑝𝑒ç𝑎 = 𝑚2 = 0,36𝑚2 .
100 × 100
Se na caixa temos 1,44m² em porcelanato e cada uma dessas peças possui 0,36m²,
então o número n de peças na caixa pode ser obtido da seguinte forma
1,44𝑚²
𝑛= =4
0,36𝑚²
Então cada caixa contém 4 peças.
Para sabermos quantas caixas precisamos comprar, temos que calcular a área do
chão do quarto (𝐴𝑐ℎã𝑜 ).