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Direito Administrativo II (Pixie)
Direito Administrativo II (Pixie)
01/08/17 – Aula 1
PROCESSO ADMINISTRATIVO
08/08/17 – Aula 2
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No Processo Civil, a verdade é formal, ou seja, se retém no alegado pelas partes.
Participante (art. 31, § 2°) tem status distinto do interessado
(art. 9°). O participante tem direitos, que o professor
consideram ser: direito de acesso aos laudos; direito de
participação efetiva (ex. poder falar); direito à consideração (a
autoridade não está vinculada, mas deve considerar a
manifestação popular no processo); direito de resposta (ex.
pode ser uma resposta padrão se a dúvida for a mesma para
muitas pessoas).
3) Decisão: pelo art. 48 e 49, a Administração tem o dever de decidir, com prazo
geral de 30 dias2 caso não haja norma específica. O silêncio administrativo é um
problema grave, pois impede que o interessado recorra ao judiciário. A lei
federal não trata do silêncio administrativo, mas a lei do estado de São Paulo
cria uma presunção de indeferimento, ou seja, se a autoridade administrativa
não decide no prazo, presume-se o indeferimento do pedido.
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Alguns teóricos afirmam que esse prazo é impróprio, ou seja, pode ser ignorado. Marrara considera
essa teoria inconstitucional, pois o Estado de Direito é para todos e as regras devem ser observadas por
todos. Se o cidadão deve cumprir as regras, as autoridades também devem cumpri-las.
4) Recursos: apresenta algumas regras gerais. Os recursos, em regra, têm efeito
devolutivo, isto é, devolvem o processo à discussão. O efeito suspensivo,
contudo, deve ser solicitado por ser excepcional, de modo que se suspenda os
efeitos da decisão quando devolvido à discussão (art. 61). Também deve ter por
característica a gratuidade, conforme art. 56, § 1° e há limitação de instância
(no máximo 3 instâncias), de acordo com o artigo 57.
LICITAÇÕES
Previsão constitucional:
Art. 37, XXI: dever de licitar
Art. 175: execução de serviços públicos de forma direta (próprio
Estado, pelos seus servidores) ou indireta (transferência da execução a
um particular, sempre através de licitação).
A OMC possui um tratado sobre contratações públicas que
busca evitar a corrupção, mas o Brasil não é signatário.
Art. 173, § 1°, inciso III: trata das empresas estatais, afirmando que as
empresas estatais, embora estejam em um regime mais privado,
também devem fazer licitações. Às empresas estatais não se aplica a
Lei 8666/93 (Lei de Licitações), mas a Lei 13303/16 (Estatuto das
Empresas Estatais), que é mais rígido.
A Lei 13303 aplica-se tanto às empresas que prestam atividade
econômica monopolizada como para as que prestam serviços
públicos.
Outras Leis:
Lei 8666/93 – Lei de Licitações (geral)
Lei 10520/02 – Lei de Licitações (pregão)
Lei 8987/95 – Lei de Concessões
Lei 11079/04 – Licitação para as parcerias público-privadas
Lei 13303/16 – Estatuto das Empresas Estatais
Objetivos centrais:
A licitação é um procedimento que visa a garantia da isonomia, pela
livre concorrência.
A licitação também busca a vantajosidade, ou seja, a celebração do
contrato mais vantajoso. Isso nem sempre ocorre, porque a lei impõe
que se busque o menor preço, o que pode levar a contratação de um
serviço de menor qualidade e sem durabilidade. O administrador
público pode contornar essa exigência do menor preço pela
determinação do objeto (ex. ao invés de especificar que a USP quer
comprar 1000 rolos de papel higiênico, pode especificar que deseja
comprar 1000 rolos de papel higiênico de folha tripla, evitando que as
empresas ofereçam o de folha simples, que é mais barato, mas de
menor qualidade).
O desenvolvimento nacional sustentável, hoje, tem sido considerado
um objetivo, de modo a atender a necessidade do Estado e incentivar o
mercado a preservar pelo ambiente. Isso pode ter grandes efeitos se
tomados por vários órgãos e entidades, além de se considerar que o
Estado, muitas vezes, é o único consumidor (ex. o Estado pode
determinar apenas a compra de papel sulfite reciclado).
Lei 123/06 - Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa
de Pequeno Porte: são técnicas que busca as “licitações verdes”
e as “licitações sociais”, buscando incentivar as microempresas
e as EPPs.
Competências:
Executória: todos os entes da federação, seja de administração direta
ou indireta, pessoa jurídica de direito público ou privado.
Legislativa (art. 22, inciso XXVII, CF): competência privativa do
Congresso Nacional para editar normas gerais, mas os estados e
municípios podem legislar sobre normas específicas. Na prática, é
muito parecido com uma competência concorrente. Alguns
doutrinadores entendem que é um erro do legislador, pois a
competência de legislar sobre licitações não deveria ser entendida
como competência privativa, devendo estar no art. 24.
Com base nisso, o Congresso editou a principal lei, que é a
8666/93. Algumas leis diferem normas gerais de normas
federais (só valeriam para a União). A lei de licitações não faz
essa diferenciação, gerando confusões, pois estados e
municípios entendem que uma norma é geral e pode ser
complementada, quando na verdade não poderiam. Outra
crítica À lei 8666 é que ela entra em muitos detalhes, o que não
deveria fazer, por ser uma lei geral. O STF, muitas vezes, deve
aplicar interpretação conforme a constituição para resolver
conflitos envolvendo essa questão.
Contratação direta:
O artigo 37, XXI, CF prevê situações em que a licitação não precisa ser feita. São
duas situações:
22/08/17 – Aula 4
Modalidades
Modalidade é o procedimento. Tipo indica o critério de julgamento. As
modalidades do artigo 22 da Lei 8666 servem para:
Contratos de fornecimento de bens (ex. administração pública compra
papel, lápis, retroprojetor, etc.);
Contratos de prestação de serviços (ex. contratação de serviço de
limpeza, de informática, de segurança. A administração contrata
serviço particular e é usuária do serviço. Isso é diferente de delegação,
quando a administração delega o serviço ao particular para o particular
prestar a sociedade, em que se aplica a Lei de Concessão);
Contratos de obras (ex. a União tem uma rodovia e quer ampliá-la, de
modo que cabe um contrato de obra. Difere da concessão para
administração da rodovia para um particular, que deve reparar,
garantir segurança, etc.);
Contratos que envolvam alienação e alguns mecanismos de outorga de
uso (ex. a administração tem um conjunto patrimonial de que precisa
se desfazer, de modo que se utiliza da Lei de Licitações. A outorga de
uso difere da alienação, pois o bem público continua sendo da
administração. A cantina do Ivan é um caso de permissão de uso de
bem público, ao qual coube a licitação na escolha).
1) Concorrência
Pode ser utilizada para todo e qualquer tipo de contrato. É um modelo mais
complexo/rígido/longo, pois o legislador entendia que o procedimento mais
burocrático seria essencial para garantir o combate a corrupção, e por isso
esse procedimento se aplicaria a todos os contratos.
É a única possível para obras de valor superior a R$1,5 milhões e para
serviços e compras de mais de R$650 mil.
A Lei de Concessões também se vale da modalidade de concorrência.
2) Tomada de Preços
O procedimento é mais simples e há uma prévia dos interessados, por meio
de um instrumento chamado certificado de registro cadastral - CRC
(atualizado a cada 1 ano e emitido pela própria entidade contratante). Aplica-
se o artigo 32, § 3° e 34 da Lei de Licitações. Geralmente, para que se possa
contratar com o Estado, os interessados devem comprovar uma série de
aspectos de licitude, como tributos em dia, pagamento de previdência
correta, etc., e demonstrar técnica. Por essa razão, diferente da
Concorrência, em que ocorre a fase de habilitação em cada abertura de
concorrência, na tomada de preço esta fase se resume no próprio
procedimento, pois as empresas com CRC já devem estar habilitadas. Outros
licitantes não cadastrados podem participar, desde que comprovem sua
documentação até 3 dias antes da realização da licitação.
É um procedimento que pode ser utilizado para compras e serviços de no
máximo até R$650 mil e obras de até R$1,5 milhão. A partir desse valor só se
pode usar Concorrência.
3) Convite
É a modalidade mais simples. No convite, tem-se uma licitação com empresas
convidadas pela administração. Como regra, deve-se convidar pelo menos 3
empresas, e a cada licitação, deve haver um rodízio (pelo menos uma das
empresas deve ser nova). Se não há 3 empresas, deve-se convidar 2 ou, se só
existir 1, há inexigibilidade. O convite não fecha a possibilidade de outros
concorrentes entrarem na competição, ou seja, ainda que a administração
convide as empresas, outras podem participar, desde que junte a
documentação que demonstre sua regularidade em até 1 dia (24h) antes da
licitação.
O convite é válido para obras de até R$130 mil e para compras e serviços de
até 80 mil.
O convite pode ser um instrumento de corrupção (aumentar o valor do
contrato para obter uma parte, contratar empresas de fachada, escolher
empresas para beneficiá-las, etc.).
4) Concurso
É uma modalidade de licitação para contratação de trabalho técnico, artístico
e científico, sem importar o valor contratual. O concurso tem várias
vantagens, como ser julgado por uma comissão especial de especialistas
externos. É a única possibilidade de haver pessoas externas julgando qual
empresa ou que pessoa será contratada. O edital deve ser liberado com no
mínimo 45 dias e o pagamento pode ser em dinheiro ou prêmio. O ganhador
vai ceder os direitos patrimoniais da criação.
A administração não é obrigada a contratar o ganhador.
OBS: não confundir com o concurso para contratação de cargos estatutários.
5) Leilão
Sempre será oferecido a quem der o maior lance. Será conduzido por um
leiloeiro interno ou oficial. Serve, basicamente, para alienação de bens
inservíveis, apreendidos ou penhorados, mas pode ser usado para imóveis
derivados de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento, desde que
efetuada a avaliação e comprovada a necessidade/utilidade da alienação.
29/08/17 – Aula 5
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proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a
menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos
administração pode sanar dúvidas sobre a documentação exigida por
meio de diligências. A administração pode fazer diligência (pedido de
esclarecimento de dúvidas) mas não pode permitir que o competidor
junte documentos no decorrer do processo. Também pode entrar com
recurso administrativo contra a inabilitação (art. 109).
2.3 Classificação: tipos licitatórios indicam critérios de julgamento (difere de
modalidade, em que se estabelece procedimentos). Os critérios de
julgamento estão no artigo 45, sendo estes: menor preço (é questionável,
uma vez que pode levar a baixa qualidade, pouca durabilidade, etc.),
melhor técnica, técnica e preço (usada para situações excepcionais,
previstas no artigo 46) e melhor lance. Na melhor técnica, a
administração estabelece os requisitos técnicos e através destes faz a
classificação. As empresas de melhores técnicas passam por uma etapa
de preços, em que a empresa com melhor técnica é convidada para dar o
melhor preço. Se a empresa não cobrir o preço, quem será contratada é a
empresa de melhor preço, ainda que com a pior técnica (se oferece por
ordem de técnica, mas se contrata por preço). Na melhor técnica e preço,
ocorre ponderação das notas, fazendo uma média destas para se
contratar com base nesta. No melhor lance, a administração é que vende
os bens ou outorga o bem público. O administrador e leis estaduais e
municipais não podem criar outros critérios. A empresa pode ser
habilitada, mas desclassificada, por isso também há possibilidade de
recurso.
Em caso de empate, o critério é sorteio. Hoje, conforme artigo 45, § 2°,
pode haver sorteio, mas há algumas técnicas de discriminação (art. 45, §
3°), havendo margem de preferência com uma série de critérios. A LC 123
das Micro e Pequena Empresas, nos artigos 44 e 45 prevê benefícios para
as micro e pequenas empresas nesse processo. Isso é chamado de
empate ficto: mesmo que a empresa pequena tenha tido preços mais
altos, acaba por vencer a licitação por receber mecanismos de ação
afirmativa que permitem que seu preço seja revisto.
No pregão, as fases são diferentes: ocorre abertura, prazo de propostas
reduzido (máximo 8 dias), fase de classificação das propostas, depois
segue-se os lances (empresas com menor preço, com mínimo de 3
empresas proponentes, levando em conta que se não houver 3,
desconsidera-se a regra dos 10% e chama quem estiver fora da margem).
A empresa que ganhar a fase de lances passa por processo de negociação
e depois ocorre a habilitação e recurso concentrado. Nota-se que a
classificação ocorre antes da habilitação e há fase de lance, em busca do
menor preço, havendo ainda a possibilidade de discutir-se o preço,
negociá-lo. Se a empresa que ganhou é inabilitada, passa-se para a
segundo colocado e assim por diante. Libera-se a declaração do
vencedor. No recurso, há 3 dias para apresentar o recurso escrito, desde
que na hora do comunicado o licitante deve apresentar sua vontade de
recorrer. Os concorrentes têm mais 3 dias para apresentar contrarrazões.
2.4 Homologação / adjucação: se tudo estiver correto, ocorre homologação
(declara-se que tudo foi feito corretamente) e adjudica (atribuir o objeto
licitado a empresa vencedora). Se a empresa vencedora não comparece,
a administração chama o segundo, e pune o primeiro (art. 64, caput). A
administração pode desistir do contrato, mas não a empresa. O próximo
tem que fazer o preço de quem ganhou. A administração pode anular ou
revogar a licitação, nestes casos. A anulação está prevista no artigo 49,
caput (ocorre em caso de ilegalidade), e a revogação no 64, § 2°
(administração não consegue celebrar contrato com o vencedor ou
quando surge um fato superveniente). Se a licitação for deserta, ou faz-se
uma licitação nova, ou pode-se fazer uma dispensa.
12/09/17 – Aula 6
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Módulos Instrumentais:
Estão definidos nos artigos 6°, inciso I, II e III, da Lei de Licitações, que definem
contratos de prestação de serviço, obras e compras, respectivamente. Estes contratos
precisam ser planejados, baseados em um plano básico (o que vai fazer) e um plano
executivo (como vai fazer).
São marcados pela vinculação a finalidade pública, ou seja, devem atender
alguma necessidade da administração. Possuem um regime próprio, mais ou menos
marcados pelo regime próprio de direito público (Lei 8666/93 - Licitações). É um
regime mais verticalizado, isto é, em relação às obrigações existentes, existem poderes
exorbitantes, pois a administração detém poderes que não existem no direito privado
em relação ao contratado, devido a finalidade pública. Na prática, a administração
pode alterar o contrato sem que a outra parte concorde. O contratado tem que ser
compensado pela existência destes poderes exorbitantes, que são objetos de crítica de
parte da doutrina, haja vista que quanto maior o risco do contrato, maior o preço.
Também é marcado pelo caráter de adesão, isto é, esses contratos não são
negociáveis com os particulares, porque deve ser feita licitação, de modo que a
Administração tem que estipular, de antemão, quais são as regras da contratação. A
minuta do contrato deve ser elaborada anteriormente a abertura da disputa, pois é
parte do ato convocatório.
Deve seguir a lógica da transparência, não pode ser sigiloso. Assim, garante-se o
direito a impugnação (ao cidadão em até 5 dias antes da licitação, e às empresas, até 2
dias antes), bem como o direito de acesso aos contratos (art. 61, § único).
São marcados também pela formalidade. Os contratos, no geral, são contratos
escritos. Há uma vinculação ao instrumento convocatório (art. 41), o contrato a ser
celebrado é o previsto no ato convocatório. Esses contratos, necessariamente, devem
ter prazo determinado, que, em regra, é anual, haja vista que devem estar vinculados a
programação orçamentária (pode ser outro prazo, conforme previsão legal). Assim,
também é característica a vinculação orçamentária (arts. 15 e 16 da Lei de
Responsabilidade Fiscal), bem como a obrigatoriedade de licitação (só não é exigida
em caso de dispensa ou inexigibilidade).
Por fim, estes contratos têm natureza personalíssima (art. 78 da Lei de Licitação),
intuito personae, porque deve seguir a licitação. Ou seja, não se pode modificar quem
é o contratante, por lógica, tanto em relação ao projeto mais vantajoso, bem como
pela habilitação, porque a licitação impede a substituição. Em decorrência disso,
também se impede a subcontratação, salvo em casos autorizados. Existe um controle
das transformações e operações societárias da empresa contratada. Se essas normas
forem descumpridas, a empresa pode ser sancionada.
OBS: a Lei Complementar 123 prevê a possibilidade de obrigar a empresa
ganhadora subcontratar uma empresa de pequeno porte ou microempresa para
fornecimentos, por exemplo.
19/09/17 – Aula 7
OBS: todas essas normas não valem mais para os contratos das empresas
estatais, que não regidas pelo Estatuto das Empresas Estatais.
Exigência de garantia: a lei estabelece limites para estabelecer garantias e aponta tipos
de garantias (art. 56, § 1°). Muitas servem para satisfazer créditos (quando o devedor
não paga) ou como forma de sanção. Ou seja, serve para reparar a administração e
satisfazer seu crédito, bem como para que se faça o pagamento da sanção aplicada à
empresa em caso de inadimplemento. Essa medida é uma medida autoexecutória.
OBS - Riscos contratuais: na execução dos contratos, são riscos o caso fortuito e a força
maior. Para cada tipo de risco, há um responsável por assumir o risco. Muitas vezes, se
o risco se concretiza, o prejuízo decorrente do evento deverá ser assumido por
alguém. Alguns riscos são básicos e tratado pela Teoria das Áleas. O caso fortuito é
marcado pela imprevisibilidade. Se fosse previsível, poderia ser controlado (ex. greve).
Os particulares não respondem por caso fortuito ou força maior. A força maior é
marcada pela irresistibilidade (é possível prever, mas as forças humanas não
conseguem controlar os efeitos nocivos em relação ao contrato).
Álea ordinária ou empresarial: são naturais do negócio, da empresa contratada
pela administração. Os riscos são assumidos pelo próprio empresário (ex. o
engenheiro responsável pela construção da ponte pede demissão; a empresa e
o fornecedor tiveram problemas, etc).
A empresa responde nesses casos.
Álea econômica: é aquilo que conhecemos como rebus sic stant bus (Teoria da
Imprevisão). É todo acontecimento externo ao contrato, estranho a vontade
das partes, imprevisível e inevitável, que causa um desequilíbrio muito grande,
tornando a execução do contrato excessivamente onerosa ao contratado.
Contratos de execução continuada podem sofrer influências de fatores
econômicos que dificultam o cumprimento da obrigação. Os empresários não
são responsabilizados por isso.
Áleas administrativas: cabe aqui o conceito de fato do príncipe, que é um fato
imputado ao Estado, e que repercute diretamente na execução do contrato. Ex.
um novo tributo, modificação de norma regulatória, etc. De modo geral, o fato
do príncipe e seus impactos são assumidos pelo Estado, ou seja, outra entidade
estatal que não a contratante, mas a doutrina diz que o Estado só vai assumir
aquilo que aconteceu em seu âmbito de atuação. Em outras palavras, o fato do
príncipe só se aplica se a autoridade responsável for da mesma esfera de
governo em que se celebrou o contrato (União, estados e municípios). O fato
da administração não é praticado por autoridade parte do contrato, mas é
imputável a entidade contratante, que é quem assume os impactos. Nem o fato
do príncipe nem o fato da administração podem ser imputados ao contratado.
26/09/17 – Aula 8
Sanções
Em regra, a administração aplica, em ordem de gravidade:
Sanção de advertência;
Multa (sanção pecuniária que pode ser combinada com outras);
Sanção de suspensão de participação em licitação;
Sanção de declaração de inidoneidade (é mais grave, porque a empresa
não pode participar de licitação em nenhuma entidade do país todo).
Estão previstas no artigo 87 da Lei 8.666, e podem ser aplicadas em caso de
inexecução total ou parcial do contrato. A Lei estabelece diferença entre administração
e administração pública. A administração pública envolve os entes – União, estados e
municípios. A administração são os entes e órgãos pelo qual a Administração Pública
opera concretamente.
Existe também a possibilidade de se desconsiderar a personalidade jurídica afim
de atingir a figura do sócio, pois este pode apenas criar uma nova pessoa jurídica nova
para continuar participando de contratos licitatórios. Em alguns setores, também é
permitida a responsabilização dos administradores.
Módulos concessórios:
Previsão legal
Deveres do concessionário = art. 29 da Lei de Concessões
Concessionário = art. 31
Direitos do Usuário = art. 7° + Lei 3460/17
Fornecedores e Trabalhadores = art. 31 § único
03/10/17 – Aula 9
A lei exige que o contrato de concessões tenha algumas cláusulas essenciais, que
estão no artigo 23. Dentre as cláusulas essenciais, se fala de bens reversíveis e
também, no artigo 23-A, do emprego de mecanismos privados de resolução de
controvérsias. Bens reversíveis são os bens reversíveis nas concessões, aqueles
essenciais no fornecimento do serviço público e que se revertem para o Estado.
Decorre do princípio da continuidade.
Um bem reversível pode ser um bem público (um bem público transferido ao
particular, ex. rodovia), um bem particular (ex. os veículos que a concessionária
compra para prestar o serviço nas rodovias – esses bens vão para o Estado no fim do
contrato, a fim de garantir a continuidade) e bens de terceiros (ex. veículos alugados –
o entendimento doutrinário é de que o Estado se sub-roga no contrato, de modo que
não transfere propriedade, mas o uso).
A lei de concessões passou a prever a arbitragem como meio alternativo de
resolução de controvérsias em 2005. Há discussão sobre o Estado poder utilizar esses
mecanismos enquanto administração pública. Deve ser feita em língua portuguesa e
no Brasil. Ainda hoje, a Lei 8666 não prevê arbitragem, mas a Lei de Arbitragem foi
alterada em 2015 e passou a prever que qualquer conflito envolvendo a administração
pública pode ser resolvido por arbitragem, desde que envolva direito patrimonial
disponível e que seja feita de acordo com a legalidade e o princípio da transparência.
Subcontratação e subconcessão
A empresa contratada pode subcontratar outros serviços desde que o edital e o
contrato permitam (art. 25). O artigo 26 cuida da subconcessão. Neste caso, o direito
de exploração é passado para outrem. A lei permite a subconcessão, nos termos do
contrato e do edital, desde que permitida pelo poder concedente. Além disso, deve
haver uma licitação.
Tarifação
Na Lei 8987, fala-se de contratos de concessão e permissão, em que a receita
deriva dos usuários. A tarifa é o valor cobrado dos usuários, que pode sofrer reajuste
(reajuste serve para cobrir depreciação inflacionária) e revisão (por fatores outros que
se incidem no contrato, ex. fato do príncipe, força maior, alteração contratual. Pode
ser ordinária – previamente estabelecida – ou extraordinária). São mecanismos que
visam a manutenção do equilíbrio econômico e financeiro do contrato.
É possível fazer discriminação tarifária, conforme artigo 13. A técnica
discriminatória deve seguir pré-requisitos, não pode ser uma forma de garantir
privilégio, mas deve ser uma ação afirmativa, por exemplo, que busque atingir valores
constitucionais.
Mesmo quando a tarifa não for diferenciada, ela terá que ser módica (princípio
da modicidade). Para isso, a legislação permite que se utilize algumas técnicas. Uma
delas é a das receitas alternativas (art. 11). No caso do serviço de transporte coletivo,
um exemplo é publicidade nos vidros dos ônibus, lanchonetes nos pontos de ônibus,
etc. A lei prevê as receitas alternativas, mas diz que essas receitas devem ser
revertidas para a modicidade. Na prática, não é isso que acontece.
10/10/17 – Aula 10
PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS
Ademais, toda vez que se faz uma PPP, é obrigatório que a empresa que ganha a
licitação crie uma SPE – Sociedade de Propósito Específico, para cuidar da PPP. O
objetivo é de que cada contrato se ligue a uma SPE, de modo que essa sociedade tem
por objetivo apenas cuidar daquele contrato, a fim de gerenciar da melhor forma, bem
como para o Estado poder controlar melhor a PPP.
PROVA:
Lei 9784/99 (LPA);
Lei 8666/93 (licitações);
Lei 10520/02 (pregão);
Lei 8987/95 (concessões);
Lei 11079/04 (PPP);
Lei 13460/17 (usuários);
Arts. 37 § 6°, § 4° (responsabilidade);
Lei 8429/92 (improbidade);
Lei 12846/13 (anticorrupção).
17/10/17 – Aula 11
CONTROLE
Quanto ao momento:
Prévio
Concomitante
Posterior
Controle Prévio: típico do modelo de Estado burocrático, visando evitar
irregularidades. A licitação é um procedimento de controle, em última instância. Visa
respeitar os princípios da administração pública. O Concurso público também é um
controle, para evitar que, ao selecionar as pessoas, elas desviem os objetivos do
Estado. Evita que a administração se desvie da legalidade e dos outros princípios.
OBS: Excesso de controle prévio impede celeridade, e autores dizem que não
impede a corrupção e etc. Dizem até que, por vezes, os instrumentos de controle são
usados no intuito de vender facilidades.
5
Objetiva coibir ações estatais que representem afronta a liberdade de locomoção.
6
Busca coibir violação de direito líquido e certo, isto é, que se prova de plano, sem necessidade de
aprofundamento instrutório. Não se aplica a relações comerciais. Existe mandado de segurança
individual e o coletivo.
7
Visa assegurar direito de informação, em especial registro de bancos e órgãos públicos. Também é
usado para retificar dados e inserção de informações em banco de dados públicos. O indivíduo só pode
usar o habeas data se já tiver esgotado os remédios administrativos, o que é questionado enquanto
violação da Constituição.
8
Usado em caso de inexistência de norma reguladora, o que inviabiliza um direito. Em 2007, o STF
adotou uma posição concretista sobre o mandado de injunção.
Os efeitos negativos da judicialização são vários, como o custo, a elitização do
Judiciário, etc.
24/10/2017 – Aula 12
RESPONSABILIDADE
OBS: É preciso cuidado com o art. 43, CC, que também trata de responsabilidade
do Estado, mas é mais restrito, pois não fala da responsabilidade de pessoas que agem
em nome do Estado.
1. Comportamento:
2. Dano:
Pode ser material ou moral. A pessoa jurídica também pode ser afetada por
direito moral. Dano material é o dano financeiro, pode ser traduzido economicamente;
o moral é questão espiritual, dor, sofrimento, não facilmente quantificado.
3. Nexo Causal:
Existem várias teorias sobre nexo causal. Em geral, é um comportamento
gerando o dano.
4. Excludentes:
Podem mitigar a responsabilidade ou excluir completamente. Divide-se em:
Caso Fortuito – imprevisibilidade
Força Maior – inevitabilidade
Culpa exclusiva da vítima ou culpa de terceiro.