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a) BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Direito e processo: influência do direito material
sobre o processo. São Paulo: Malheiros, 2003, p. 9-26 e p. 49-75.
d) DEZAN, Sandro Lúcio; CARMONA, Paulo Afonso Cavichioli. A ilusória amorfia do processo
administrativo sancionador: o princípio da instrumentalidade das formas vs. as finalidades
do processo, sob o amparo da ética, da moral e da complexidade. Direito, Estado e
Sociedade, n. 50 p. 208-232 jan./jun., 2017.
a) BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Direito e processo: influência do direito material
sobre o processo. São Paulo: Malheiros, 2003, p. 9-26 e p. 49-75.
“O desrespeito a uma norma criada pelo Estado acarreta sempre uma sanção, que será mais
ou menos severa, de acordo com a natureza da norma violada e do bem por ela tutelado”
“Pode-se dizer, pois, que o direito processual é ciência que tem por escopo a construção de
um método adequado à verificação sobre a existência de um direito afirmado, para conferir
tutela jurisdicional àquelas situações da vida efetivamente amparadas pelo ordenamento
material”
“À luz da natureza instrumental das normas processuais, conclui-se não terem elas um fim
em si mesmas. Estão, pois, a serviço das regras substanciais, sendo esta a única razão de ser
do direito processual. Se assim é, não se pode aceitar um sistema processual não sintonizado
com seu objeto.”
“É preciso conciliar a técnica processual com seu escopo. Não se pretende nem o tecnicismo
exagerado, nem o abandono total da técnica. Virtuoso é o processualista que consegue
harmonizar esses dois aspectos, o que implicará a construção de um sistema processual
apto a alcançar seus escopos, de maneira adequada.”
“Tudo isso visa a proporcionar acesso efetivo e eficiente à ordem jurídica, para proteção de
novo direito substanciais. Aliás, de nada adiantaria o reconhecimento da titularidade de es
direitos em que houvesse mecanismos apropriados para sua efetivação.”
“Tudo isso quer dizer que as questões eminentemente processuais devem ser reduzidas ao
máximo. Apenas se justifica sua prevalência sobre aquelas relativas ao objeto litigioso do
processo quando se tratar de exigência que vise à tutela de princípios maiores...”
“Processo é instrumento para realização do direito material, nas situações em que tal não
se deu espontaneamente Seu escopo é atuar o direito e pacificar. Não obstante distinto de
seu objeto, a ele se liga or intenso nexo de finalidade”
“Em suma: 0 instrumento precisa ser eficaz. E isto somente ocorre se ele for adequado ao
fim pretendido. A utilidade do ordenamento jurídico material está intimamente relacionada
com a eficácia do processo que constitui o meio para garantir a atuação do Direito, nas
hipóteses de ausência de cooperação espontânea dos destinatários”
“Colhe-se da Teoria Geral do Direito Público a ideia de que o processo é o modo normal de
agir do modelo democrático de Estado de Direito. Como revela Carlos Ari Sundfeld, o poder
jurídico de o indivíduo produzir atos, decorrendo do valor liberdade, é um valor em si
mesmo, ou seja, ‘não se justifica por qualquer finalidade de agir’”
“Acrescenta Sundfeld que a exigência de que os atos estatais sejam frutos de processo
advém do fato de que os agentes públicos exercitam poder em nome de finalidade que lhe é
estranha. Em outras palavras: o agente público desempenha função. E função é o poder
outorgado a alguém para o obrigatório atingimento de bem jurídico disposto na norma”
“...essa mudança de paradigma [o ato administrativo passa a perder espaço para o processo
administrativo] é uma decorrência lógica da alteração da forma de atuação do Estado na
consecução das suas missões, cada vez mais desapegada de uma visão autoritária e
verticalizada da Administração Pública em relação aos particulares, própria do período
compreendido desde fins do séc. XIX e a primeira metade do séc. XX”
“El procedimiento sirve pata dar uma estructura a los multiples contactos que se producen
entre la Administración y los ciudadanos o entre distintas unidades administrativas, al
integrarlos en un sistema de actuación.”
“En las últimas tres décadas: la evolución del Derecho administrativo en Alemania se ha
caracterizado por una fuerte orientación hacia el procedimiento. Distintas ideas, como la de
que el modo de administrar propio de nuestro tempo es un conversar con el ciudadano o la
‘Administracion cooperativa’, o el engranaje entre la dirección ejercida desde el Estato y la
iniciativa y libertad desde la sociedad, conducen a una procedimentalización del Derecho
administrativo.”
“El alcance que el procedimiento tiene para la protección de los derechos fundamentales,
que es conocido desde hace mucho tempo, se há visto subrayado por ciertas decisiones del
Tribunal Constitucional Federal, relativas primero ao procedimiento judicial y después al
administrativo.”
“Los procedimientos deben procurar un trato adecuado e igual a los distintos interesados y
facilitar la eficácia de la acción administrativa.”
“Al Derecho alemán. que se basa en que la. Administración desarrolle una intensa actividad
de contrai sobre multiples acttvidades y asuma consecuentemen!e. la responsabilidad sobre
el desarrollo de las mismas no le resulta facil adaptarse a estas nuevas formas de
mtervención akirustrativa a través dei procedimiento. Se hacen necessários cambies en los
fundamentos sistemáticos. Así, se han formulado propuestas en el sentido de exigir en el
futuro sólo una autorización genérica a las empresas y dejar el resto de las cuestiones para
que las resuelvan las propias empresas en el marco de la auditoria ecológica, em lo que
puede ser una línea de evolución”
“El Derecho del procedimiento administrativo, lo mismo que cualquier otra institución
juridica debe estructurar los fenômenos de la vida social mediante su divisiónon analítica y
la introducción de distinciones que les den forma. Sin embargo, el procedimiento se
caracteriza por que sus distintos elementos y esquemas solo pueden actuar de manera
conjunta. Toda la doctrina juridica del procedimiento debe estar marcada por ese pensar en
el conjunto”
d) DEZAN, Sandro Lúcio; CARMONA, Paulo Afonso Cavichioli. A ilusória amorfia do processo
administrativo sancionador: o princípio da instrumentalidade das formas vs. as finalidades
do processo, sob o amparo da ética, da moral e da complexidade. Direito, Estado e
Sociedade, n. 50 p. 208-232 jan./jun., 2017.
1. Introdução
“O presente estudo busca a análise dessa inter-relação entre funções e finalidades do
processo administrativo a envolver a persecução de controle interno da disciplina no
serviço público e os mecanismos pseudonormativos de gestão das “ilegalidades”
processuais, mormente o princípio da instrumentalidade das formas ou do formalismo
moderado, empregado pela jurisprudência – e, não obstante, assim defendido pela doutrina
–, para a manutenção dos efeitos de atos administrativos processuais ilegais diante da
consideração de ele ter alcançado a finalidade que será obtida com a produção do ato
próprio, legalmente previsto.”
“O ato complexo, sob esse escopo, “pode ser definido como todo ato administrativo que só
se concretiza com a manifestação de vontade, concomitante ou sucessiva, de mais de um
órgão do Estado”, cuja extinção, por força do paralelismo das formas, somente acontece,
“pela ação conjugada dos mesmos órgãos que lhe deram existência e validade”
“O processo é o instrumento que garante ao homem que a justiça pelas próprias mãos não
precisa ser feita, porque ela será aperfeiçoada pelo Estado em forma processada segundo
paradigmas jurídicos bem definidos e previamente estabelecidos e conhecidos”
“Por tudo, todavia, cumpre esclarecer que não estamos aqui a defender um formalismo
exacerbado, ou “a forma como um fim em si mesma”, como culto a teorias desarraigadas das
necessidades de tutelas de direitos fundamentais, mas, no âmbito do processo disciplinar,
sem a coerente deferência às formalidades de essência das teorias das nulidades dos atos
administrativos e das nulidades processuais, em um sentido lato, o processo “pode ser a
certeza do governante antidemocrático da insegurança constituída sob formas que
deveriam conduzir ao objetivo contrário, qual seja, a segurança que somente o direito
democrático pode oferecer”
“A substância do Direito deve ser regrada à forma do Direito – e a forma à substância, em
uma inter-relação verdadeiramente complexa –, se o que não se há de sustentar a
democracia e o Estado de Direto, frente ao arbítrio que se pode instalar com a aplicação
normativa desprovida de sua essência formal a garantir segurança jurídica ao sistema
regulatório”
“Por meio do processo é possível moldar o direito material e extrair desse aporte
substancial os conceitos valorativos ético-jurídicos e moral-jurídicos. O substancialismo e o
formalismo devem-se inter-relacionar de modo equitativo, harmonicamente funcional e
interdependente, para a operacionalização do Direito, material e processual, como
expressão de justiça”
“O equilíbrio entre direito material e direito processual e estes regrados pelas teorias das
nulidades materiais e processuais provenientes da teoria geral do Direito não deve ser
sumariamente afastado sob o argumento do formalismo moderado dos procedimentos e
processo e da instrumentalidade das formas, haja vista que o alcance instrumental das
formas equivocadas e alijadas das prescrições normativas deve ser cabalmente aferido a
ponto de aclarar a ausência de todo e qualquer prejuízo ao jurisdicionado e, no caso do
processo disciplinar, ao administrado, sob pena de patenteamento da aplicação do direito
material, por meio de um devido processo legal apenas fictício, simulado, irreal”
“Diante do Estado como parte autora no processo sancionador – no caso em que nos
detemos, o processo administrativo disciplinar –, sem embargo dos demais processos
punitivos estatais a exemplo do processo penal, do processo fiscal ou do processo tributário,
nitidamente se há de aferir que o formalismo moderado e a instrumentalidade das formas
são, deveras, medidas que beneficiam o órgão punitivo responsável pela persecução, uma
vez que a lei comumente se encarrega de estipular as formalidades e o conteúdo, elementos
e pressupostos dos atos processuais, cujas prescrições se tornam inúteis e ‘letras mortas”
ao olhar do julgador ou do administrador, que busca o fim do processo – e a punição do
suposto agente infrator –, sem a aplicação dos direitos e garantias processuais a que faz jus
o acusado”