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NOME: Leonardo Almeida de Campos Ra: 93907

O tratamento de lodos gerados nos processos de tratamento de esgoto é


regulado por legislação específica
Permitindo que, uma vez devidamente tratado, seja utilizado no setor agrícola como
fertilizante. Assim, a qualidade do lodo varia de acordo com a composição do esgoto
de partida.

Tratamento de lodo
Após a caracterização do lodo a ser tratado, através de vários sistemas de análise,
entre os quais: cromatografia, espectroscopia de raios-X fluorescentes, análise
bacteriológica, os valores dos seguintes parâmetros são estabelecidos, para
determinar os processos de tratamento de lodo mais apropriados com base no seu
destino.

Figura 1.0: fluxograma de tratamento


Especificamente, os parâmetros que afetam principalmente a adequação dos lodos
para uso agrícola e que, portanto, devem ser analisados antes e após o tratamento
dos mesmos são:
a) Metais pesados: Cd, Cr, Ni, Hg, Pb, Zn e Cu
Os metais pesados são um dos parâmetros, a serem levados em conta para a
caracterização do lodo. Desde a década 70, tem havido uma redução significativa em
seu conteúdo no lodo de esgoto.
As principais razões para essa drástica redução, foram as diferentes legislações que
vêm surgindo em diferentes países, a fim de regular e limitar esse tipo de elementos
devido aos seus efeitos nocivos ao meio ambiente.
Isso levou a indústria e as diferentes administrações envolvidas a desenvolver e
otimizar seus sistemas de gerenciamento que permitiram a redução dos níveis de
metais pesados emitidos para o meio ambiente. Os dois processos que mais
contribuíram para esse fato foram:

 Reciclagem
 Substituição

Graças ao desenvolvimento de tecnologias cada vez mais otimizadas e de processos


alternativos ligados a ambos os pontos, uma redução muito significativa foi
alcançada, nas emissões de metais como o cádmio, que nos últimos 30 ou 40 anos se
reduziram drasticamente a sua emissão para o meio ambiente.
b) Microrganismos patogênicos: Salmonella spp, Escherichia colli
c) Agronômico: pH, condutividade H, MO, NT, org NH3, P, Ca, Mg, K e Fe
d) Contaminantes orgânicos: compostos organo-halogenados adsorvíveis ou haletos
orgânicos adsorvíveis (AOX), sulfonato de alquilbenzeno linear (LAS), Ftalatos,
Nonilfenóis, Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, bifenilos policlorados, Dioxinas e
furanos, éteres difenílicos polibromados.
Assim, tendo em conta a linha de lodos podemos diferenciar 3 grandes etapas de
tratamento, nos quais encontramos diferentes processos associados:

Espessamento
Os processos de tratamento de lodos que representam esta etapa, permitem uma
redução no volume do lodo a ser tratado, eliminando a água e aumentando assim a
concentração em sólidos. O objetivo principal é o aumento da eficiência e a otimização
econômica dos processos subsequentes.
Os principais processos de espessamento são:

 Espessamento por gravidade: emprega a força da gravidade. A alimentação é


produzida pela zona central, na parte inferior o lodo espessado é coletado e o
sobrenadante permanece na parte superior. Este sistema é usado em lodos
primários, físico-químicos e mistos que decanta bem por gravidade. Os lodos
biológicos decantam lentamente.
 Espessamento por flotação: o lodo é concentrado na parte superior, pela união
de microbolhas, geralmente ar, aos sólidos em suspensão, que acabam sendo
menos densos do que a água. Este tipo de sistema é indicado para o
espessado de lodo biológico espessado devido à sua baixa capacidade de
sedimentação.
 Espessamento mecânico: a concentração de lodo é realizada aumentando as
forças gravitacionais

– Centrifugação: aplica-se uma força centrífuga que permite a separação. É usado


principalmente em lodos biológicos. Geralmente são equipamentos caros que exigem
medidas de manutenção adequadas.
– Tambor rotativo: separação por filtração, através do tambor rotativo. É usado em
caso de lodos biológicos. Os custos de intervenção não são altos, requerem pouco
espaço e não produzem odores.
– Mesas de espessamento: a separação é produzida drenando a água através de uma
fita porosa horizontal em movimento. Eles são indicados para lodo ativo ou digerido.
Não é adequado no caso de lodos físico-químicos.

Estabilização
Qualquer um dos 3 processos principais usados na estabilização do lodo, permite uma
redução do material orgânico presente neles, a fim de:
a) Reduzir patógenos
b) Eliminar odores
c) Reduzir ou eliminar a capacidade de putrefação de matéria orgânica
Os processos de estabilização são divididos em:
2.1. Estabilização biológica
2.1.1 Estabilização Aeróbica
Processo biológico no qual, por ação microbiológica, se oxida a matéria orgânica, por
meio de um aporte de oxigênio nos digestores abertos. Desta forma, a massa final de
lodo é reduzida, modificando-a para adaptá-la aos processos posteriores.
É utilizado como tratamento secundário de uma ETE sem tratamento primário.
Também pode ser usado para lodos mistos com um aporte maior de oxigênio. Os
fatores que afetam esse processo são:

 Tempo de retenção
 Temperatura
 Necessidades de oxigênio e mistura

2.1.2 Estabilização aeróbia termófíla


É uma digestão aeróbia autotérmica termófíla desenvolvida para cumprir os
regulamentos mais rigorosos. Baseia-se na conservação da energia térmica gerada na
digestão aeróbia da matéria orgânica do lodo, para atingir e manter temperaturas
termófílas (50-70 ºC).
2.1.3 Compostagem
É um processo de decomposição biológica e estabilização da matéria orgânica em
condições controladas e aeróbias, desenvolvendo temperaturas termófilas, produto do
calor gerado biologicamente. O resultado é um produto estável e livre de patógenos. A
matéria orgânica se decompõe em CO2, água, minerais e material orgânico
estabilizado.
Pode ser realizado com lodo ou misturado com agentes estruturantes que facilitam as
condições aeróbias. As principais etapas são:

 Misto
 Fermentação ou compostagem
 Maturação
 Refino

É eficaz na descontaminação de poluentes orgânicos, tais como: hidrocarbonetos de


petróleo, compostos monoaromáticos, explosivos, clorofenóis, alguns pesticidas e
compostos aromáticos policíclicos.
Os microrganismos podem agir mineralizando ou transformando parcialmente.
No caso de metais contaminantes não são removidos significativamente durante o
processo. São produzidas reações de oxidação e redução que influenciam na
solubilidade, reduzindo sua disponibilidade e toxicidade na fração sólida.
É necessário um controle adequado dos parâmetros críticos (pH, aeração, umidade,
relação de C / N) para evitar condições anaeróbias na massa de compostagem que
causem um aumento de odores.
2.1.4 Estabilização anaeróbia
É um dos métodos mais comuns para estabilizar o lodo. Consiste na degradação da
matéria orgânica, pela ação da ausência de oxigênio, liberando energia, metano (CH4),
dióxido de carbono (CO2) e água (H2O), graças à ação de alguns tipos de bactérias.
É produzido em 4 estágios: Hidrólise, Acidogênese, Acetogênese e Metanogênese.
Estes sistemas são classificados em: baixa carga, alta carga, contato anaeróbico e
com separação de gases. Neste processo deve ser controlado:

 pH
 Temperatura
 Alimentação de lama
 Tempo de retenção
 Produção de gás

2.2 Estabilização química


É uma alternativa à estabilização biológica para o tratamento de lodo. O objetivo deste
tipo de estabilização é reduzir ou minimizar os patógenos e reduzir substancialmente
os microrganismos capazes de produzir odores.
2.2.1 Estabilização com cal
O principal produto aplicado é a cal. É adicionado ao lodo na dose apropriada para
manter o pH em 12 por um tempo suficiente (mínimo de 2 h) para eliminar ou reduzir
os microrganismos patogênicos e os responsáveis pelos odores. Este sistema é
geralmente usado:

 Pequenas estações de tratamento de esgoto com a incorporação de lodos em


terrenos naturais ou armazenadas antes do transporte
 Estações de tratamento com necessidade de estabilização adicional
 Sistema de estabilização complementar durante os períodos em que outros
sistemas estão fora de serviço

Geralmente é incorporado antes da secagem do lodo, embora também possa ser


usado posteriormente, usando pequenas quantidades de cal. A dosagem de cal
depende de:

 Tipo de lodo
 Composição química do lodo (incluindo matéria orgânica)
 Concentração de lodo

Durante o processo de tratamento de lodo usando cal é necessário manter o pH acima


de 12, por um tempo mínimo de 2 horas, para garantir a destruição dos patógenos e
fornecer a alcalinidade residual suficiente para que o pH não caia abaixo 11.
Permitindo, portanto, tempo suficiente para o armazenamento ou descarte do lodo
estabilizado. A quantidade de cal necessária para estabilizar o lodo é determinada
pelo tempo do mesmo, sua composição química e a concentração de sólidos. Em
termos gerais, o intervalo vai de 6 a 51%. Levando em conta que os lodos primários
requerem menor quantidade e os lodos ativados maior quantidade de cal.
2.2.2 Oxidação com cloro
Uma alta dose de cloro é adicionada no lodo a ser tratado. É realizado em reatores
fechados e necessitam de curtos períodos de retenção. Por enquanto, esse sistema
não é estendido a nível industrial.
2.3 Condicionamento
O lodo gelatinoso pode dificultar as operações de secagem. Nestes casos, um
condicionamento prévio é realizado para melhorar as características do lodo para a
sua desidratação. Os métodos mais comuns são:
2.3.1 Condicionamento químico
Resulta na coagulação dos sólidos e na liberação da água absorvida, sendo utilizada
antes de qualquer processo de secagem. Os produtos químicos utilizados são:

 Cloreto férrico
 Cal
 Sulfato de alumínio
 Polímeros orgânicos

Os 3 primeiros fornecem desinfecção e estabilização do lodo. Os polímeros não


causam desinfecção, mas são mais fáceis de alimentar e tendem a ser mais baratos.
O objetivo deste tipo de estabilização é reduzir ou minimizar os patógenos e reduzir
substancialmente os microrganismos capazes de produzir odores.
2.3.2 Condicionamento térmico
O aquecimento do lodo é realizado em temperaturas que variam de 160-210 ° C, por
curtos períodos sob pressão. Isso causa uma coagulação dos sólidos e uma mudança
na estrutura, reduzindo a afinidade da água pelos sólidos do lodo.
O lodo é esterilizado, praticamente desodorizado e aumentando significativamente a
sua capacidade de desidratação.

Desidratação 
É uma operação física (natural ou mecânica) usada para reduzir o teor de umidade da
lama e seu volume. Seus principais objetivos são:

 Aumentar o conteúdo de matéria seca de apenas 3-40%


 Diminua os custos de transporte devido à redução de volume
 Melhorar o manuseio e transporte de lodo
 Evite odores
 Aumentar o poder calorífico diminuindo a umidade

Os sistemas mais difundidos são os mecânicos à frente dos naturais. Do ponto de


vista econômico, as tecnologias de desidratação prevalecem em ordem decrescente:

 Centrífugas
 Filtros prensa de correia
 Filtros prensa
3.1 Sistemas mecânicos
3.1.1 Centrífugas
Consistem em um tambor cilíndrico de eixo horizontal cilíndrico cônico que é baseado
na força centrífuga para a separação da fase sólida da água. Existem dois tipos de
centrifugação na desidratação do lodo:
a) Centrifugação contracorrente: os sólidos e o líquido circulam na direção oposta
dentro do cilindro.
b) centrifugação co-corrente: as frações sólida e líquida correm na mesma direção.
3.1.2 Filtro Prensa
Os filtros prensa consistem em uma série de placas verticais retangulares dispostas
uma atrás da outra em uma armação. Nas faces dessas placas, são colocados telas
de filtração, geralmente de tecidos sintéticos. O espaço entre duas placas, em sua
parte central oca, é a espessura que a torta resultante irá adquirir. Essa espessura
pode variar entre 15 a 30 mm.
A superfície dos filtros prensa pode ser de até 400 m² e a superfície das placas de 2
m². Esses filtros geralmente consistem em mais de 100 placas. O processo de filtração
varia entre 25 horas, dependendo da duração dos diferentes estágios que
enumeramos abaixo:

 Enchimento
 Filtração
 Descarga
 Limpeza

Este processo de tratamento de lodos obtém-se uma estanqueidade de 35-45%,


segundo as características do lodo a ser tratado. É necessário pessoal especializado e
qualificado para a sua manutenção e exploração.
3.1.3 Filtro banda
É um sistema contínuo de alimentação de lodo, onde o condicionamento químico
também é realizado, geralmente com polieletrólitos.
No filtro banda a drenagem por gravidade é produzida e, em seguida, é passada para
o lodo por uma aplicação mecânica de pressão para que a desidratação ocorra,
graças à ação de um pano poroso.
É um método barato, uma vez que não necessita de grande investimento inicial, os
custos de manutenção e operação são baixos e a instalação representa um baixo
consumo de energia.
Leito de secagem
3.2 Sistemas Naturais
3.2.1 Leito de secagem
O lodo é passado sobre essas camadas de cascalho ou areia, produzindo filtração e
desidratação do lodo por evaporação. Essa evaporação dependerá das condições
climáticas da área, dos dias de exposição e das características do lodo.
O material de drenagem é geralmente formado por camadas de 10 cm de areia em
uma camada de cascalho de 10-20 cm, colocando uma rede de tubos na parte inferior
para coletar a água que será tratada novamente na ETE. A camada de areia deve ser
substituída periodicamente, pois a areia é perdida no processo de filtração e coleta do
lodo.
A desvantagem desse processo é a grande área de terra necessária.
Ideia de tratamento usual

 Wetland:

O wetland para tratamento de lodo é uma solução indicada para desaguar e

mineralizar os lodos gerados no processo de tratamento de esgoto (ETE) e nas fossas

sépticas, por meio de processos naturais da degradação. O sistema oferece capacidade

para os lodos permanecerem 10 anos sem nenhuma necessidade de manipulação nem de

adição de produtos químicos.

Durante este tempo, ocorre a desidratação e a mineralização da matéria orgânica dos

lodos, devido a processos que promovem uma redução acelerada de volume do produto e

devido as características agronômicas pode ser considerado como biossólido, ou terra

fértil.

Figura 2.0: diagrama de uma Wetland

Os canteiros são dimensionados para manter o lodo durante mais de 10 anos.

Quando o primeiro leito encher deve descansar durante 1 ano para completar o processo

da mineralização. Depois do descanso o produto seco, o biossólido, deve ser retirado junto

com o material vegetal e logo o leito voltará a ser operado.


Se as plantas não se manterem pelas raízes, a vegetação deve ser completada com novas

mudas, assim garantindo funcionamento na continuação.

Figura 3.0: Wetland sendo recuperada

Referências Bibliográficas:
http://www.cadmium.org/environment/cadmium-emissions, Consultado em 15/04/2019;
http://brasil.rotaria.net/produtos/tratamento-de-lodos/, Consultado em 15/04/2019;
https://www.wetlands.com.br/single-post/2017/06/23/Lodos-de-esgoto-tecnologias-de-
tratamento-e-formas-de-destina%C3%A7%C3%A3o, Consultado em 15/04/2019;

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