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por Patrick Correa Pereira

JOJOJO

Os Três Jô
JoJoJo – Os Três Jô
Patrick Correa Pereira
2.007
Sumário

O Primeiro Jô...............................................5
Jó ............................................................................6
O Segundo Jô.............................................18
Jonas .....................................................................19
O Terceiro Jô .............................................37
João Batista ..........................................................38
Bibliografia ..................................................................44
O Primeiro Jô

Jó o homem mais rico do mundo de sua era. Um homem


respeitado por sua prosperidade financeira, tanto quanto
por sua vida espiritual e a sabedoria que manifestava
quando falava em público. Homem filantropo por
excelência jamais deixou de socorrer um órfão ou uma
viúva, sempre deu amparo ao aflito.

Sua esposa, a primeira dama de um grande homem.


Mulher virtuosa e elegante era convidada com
freqüência para as melhoras festas e recepções
realizadas. Número um na lista de convidados de
qualquer rendêz vouz, não obstante concedia as
melhores e maiores festas de toda a Ur.

Seus filhos, os jovens mais desejados e cobiçados para o


matrimônio, viviam em harmonia. Revezavam festas
um na casa do outro e as mesmas estavam sempre
repletas do que havia de melhor na sociedade jovem
servindo o que havia de melhor na mesa para a ceia.

Jó gozava do favor de DEUS, de tal forma que não


havia servo igual a ele em todo o mundo. Jó era seu
melhor servo, seu melhor soldado espiritual, o seu
valente número um.

Então DEUS um dia se viu numa barganha


intergaláctica com Satanás, a justiça de DEUS mais uma
vez era posta a prova. O combate sugerido seria um
vislumbre do que o Salvador, filho de DEUS viveria
quando o verbo se fizesse carne, habitasse entre os
homens e jazesse na cruz do calvário.

A barganha não era inédita, mais o desafio era


grandioso. Não podia ser executado por qualquer
pessoa, ou um servo titubeante. Fazia-se necessário o
melhor, o melhor soldado é sempre o escolhido para a
pior batalha, não obstante é uma honra para o soldado
escolhido o cumprimento de tal missão, ainda que o fim
seja a morte.

E assim foi decidido, mais um combate a desenrolar-se


no grande palco chamado Terra. Diante de espectadores
intergalácticos que testemunhariam mais uma vez a
justiça de DEUS sendo colocada a prova.

E num dia como outro qualquer, quando Jó contemplava


o horizonte após ter passado as primeiras horas daquela
manhã em comunhão com o Divino Pai. Percebeu o pó
se levantar com pressa da terra e a distância de três
estádios seu coração tremeu.

“Boas notícias ou más notícias trarão aqueles pés


apressados que parecem cortar a terra em duas. Se
boas notícias o que haveria de ser se já clamei aos céus
que o Senhor DEUS já tem me dado mais do que tudo
que desejei e dos homens sou o mais afortunado de
todos, uma esposa maravilhosa que amo, os melhores
filhos que poderia desejar o rebanho mais próspero.
Mas quem sabe traga boas novas, quem sabe algum dos
meus será pai e minha descendência se multiplicará,
boa notícia essa será.”

O pó se aproximava com a pressa do vento, a apenas um


estádio de distância Jó percebia que não parecia ser um
mensageiro de boas novas, suas roupas pareciam
rasgadas, ele cambaleava e tombava enquanto corria,
levantava-se novamente e corria com maior desespero
ainda. E Jó não pode evitar, sua alma se fez aflita em
profundas trevas e ele pensou no pior.

“Meus filhos, Oh Senhor, poupai meus filhos o bem


mais precioso que tenho nesta vida. Louvado seja o
Senhor por mo concede-los, não permita que o mau
alcance a nenhum deles.”

Neste instante Jó percebeu uma segunda nuvem de pó


levantar-se no horizonte tal qual a anterior e pensou
consigo.
“Mais um correndo assim tal qual o outro. Quem sabe
seja fugitivos de um combate buscando abrigo em
minha casa, pois sabem que sou homem temente a
DEUS que não nega o pão e abrigo ao aflito.”

Logo a ansiedade de Jó deu lugar a expectativa, o


primeiro homem chegou e apesar de seu estado Jó
percebera que era um dos seus servos. Pelo semblante, o
olhar aflito estampado na face Jó sabia no seu intimo
que boas novas não lhe aguardavam e calou em seu
coração tão somente que não fosse o pior.

E então o homem em meio à fadiga, em muita aflição


comunicou a Jó sua mensagem em um só fôlego.

“Os bois lavravam, e as jumentas pasciam junto a eles,


e deram sobre eles os sabeus e os tomaram...Só restou
eu...”
Jó em silêncio agradeceu, obrigado Senhor, poupaste o
meu bem maior. Entretanto não tardou e o segundo
mensageiro chegou e numa soçobra de dor pronunciou.

“Fogo de DEUS desceu do céu e queimou as ovelhas e


os servos...Só restou eu...”.

Como se as mazelas não quisessem cessar seus


infortúnios sobre Jó um terceiro servo chegou e antes
que o outro findasse sua má nova este arrancava de Jó
mais um prova.

“Dividindo-se os caldeus em três bandos, deram sobre


os camelos, e os tomaram...Só restou eu...”.

Mais uma vez Jó agradeceu em seu coração ao Todo


Poderoso, obrigado Senhor poupaste o que eu mais
amo. Sua esposa companheira de todas as horas nesta
hora estava ao lado de Jó descobrindo a miséria que
assolara seu viver tão intrepidamente, mas apesar de
todo o infortúnio buscava confortar e dar forças ao seu
amado esposo.

Infelizmente o infortúnio de Jó não encontrava fim e


quase sem poder levantar a cabeça, tentando digerir
todo o infortúnio que o assolara visou um outro
mensageiro aproximando-se e tremeu com se a morte o
envolvesse em seus braços e clamou em seu coração.

“Não Senhor, não Senhor, meus filhos não. Não, não a


herança de me deste. Tende misericórdia Senhor,
tragai-me com Tua mão e jaze meu corpo nas
profundezas da terra mais poupai meus filhos.”

O mensageiro aproximou e como se trouxesse consigo


uma sentença de morte, uma sentença da própria morte,
desferiu o golpe fatal no espírito de Jó e pronunciou seu
veredicto. Tornando o maior pesadelo e temor de Jó em
realidade.

“Teus filhos e tuas filhas...”.


Era o veredicto que Jó não podia suportar.

“O que eu temia me sobreveio, o que receava me


aconteceu.”

O mundo de Jó desabou sobre sua cabeça, a pobreza por


si só não o assustava tanto assim, mas aquela notícia foi
como uma adaga estocada lentamente em seu coração, a
qual não lhe matava, mas lhe causava um dor sem fim.
Sua esposa ao seu lado não mais suportou, suportava a
idéia da pobreza, a idéia de não poder mais dar grandes
festas, a idéia de não ser mais convidada para os
celebres eventos da cidade. Mas a idéia de ficar órfã dos
seus amados filhos, ser tomada de todos os amores que
carregara em seu ventre todos aqueles dias, os quais
amamentou um a um em seu seio, cada fruto que ela
ensinara a andar no caminho do Senhor desde de
pequenino e os vira crescer e tornarem-se homens e
mulheres de valor agora lhes eram tirados todos de uma
só vez. Não haveria na terra uma mãe de tão grande
infortúnio assim. A esposa de Jó não suportou a dor da
sentença que pareceu cair sobre ela como um alfanje
dividindo sua alma em pedaços, não mais foi capaz de
amparar seu amado, agora ela mais que ninguém
necessitava de consolo.

Nos momentos mais difíceis, nas maiores adversidades


da vida é que mostramos nosso verdadeiro valor e neste
momento tão difícil para um pai de uma grande família
próspera e feliz Jó revelou seu valor, mostrou ao mundo
quem ele era.

“Nu vim ao mundo, nu tornarei. O Senhor deu o Senhor


tirou. Bendito seja o nome Senhor.”

Sim este era Jó, o servo fiel, o melhor sobre toda a terra
o melhor soldado para a pior missão o número um.

Mas o inimigo era engenhoso, não cessaria assim sua


sanha elaborada para tentar colocar em xeque a justiça
divina e trouxe chagas sobre Jó, privou-o da saúde de
ferro que gozara sua vida toda. E o corpo de Jó padecia
em tumores, Jó sentava-se sobre cinzas e raspava-se
com cacos de telhas, uma visão deplorável para os
mundos, de alguém que fora o maior diante dos homens.
Um escândalo de dar pena, daquele que outrora fora
repleto de majestade em sua vida.

E quando o inimigo pensava obter êxito em sua intriga


contra o divino, conseguindo aproveitar um momento
de fraqueza daquela que tudo perdera e contemplava a
desgraça de seu marido. Num momento de fraqueza
daquela grande e fiel esposa, o inimigo sussurrou em
seu ouvido o veneno que acreditava provaria a injustiça
divina. E neste momento de fraqueza a esposa de Jó
destilou o veneno que recebera, lançando-o a Jó.

“Ainda Conservas tua integridade? Amaldiçoa a


DEUS, e morre.”

Jó servo fiel, segundo o coração de DEUS. Homem


irrepreensível, virtuoso, um valente, o melhor soldado
espiritual de DEUS, resistiu a picada mortal daquele
veneno e o repeliu com o santo antídoto.

“Louca. Não recebemos o bem de DEUS, por ventura


não receberíamos o mal”.

Em momentos como estes eu me sento em meu leito e


penso, quão pequeno sou. Quão fraco e miserável.
Como tombo diante de provações muito menores. Que
fortaleza um homem assim como Jó, que exemplo de
fidelidade. Seu viver constrange o meu, homem como
eu, porém fiel a toda prova, fiel a toda prova.

O inimigo desfalecera quando vira seu maior engodo


falhar, então decidiu usar os amigos de Jó para quem
sabe persuadi-lo incessantemente até que Jó falhasse e
fosse pego em suas próprias palavras.
Cansado das falácias de seus amigos, Jó com uma
sentença mostrou sua fidelidade ao Senhor DEUS, a
despeito de toda sua miséria.
“Ainda que me mates Senhor, em Ti esperarei”. Jó
13:15

Sim, sim, DEUS é justo, mais uma vez a história provou


isso apesar dos incessantes esforços do engenhoso
inimigo. A sanha que corrompeu um terço da corte
celestial, tombou diante do servo de valor.
O Segundo Jô
Jonas

Nínive era a famosa capital do antigo Império Assírio,


estava localizada a 450 quilômetros ao norte de
Babilônia, sobre a margem oriental do Tigre e do outro
lado do rio da moderna Mossul. Era chamada a “cidade
dos ladrões”, porque seus moradores invadiam e
despojavam outras regiões para enriquecer-se. Nínive
teve uma história cheia de colorido, ainda que trágica,
especialmente desde o nono século a.C., até a época de
sua destruição final diante do ataque de uma união de
forças encabeçada pelos medos e os babilônios em 612
a.C.

Os assírios eram conhecidos por suas barbáries, um


povo extremamente rude, dado a guerras. Um
verdadeiro rolo compressor, pilharam muitos povos
durante sua trajetória incluindo o povo de Israel sob a
mão do rei assírio, Senaqueribe, onde arqueólogos
descobriam inscrições de Senaqueribe referentes ao rei
Ezequias dizendo “e o prendi como um pássaro”.

“E DEUS preparou um grande peixe para engolir


Jonas’”

O livro de Jonas é um dos menores livros da Bíblia,


todavia em que profundezas da alma esse pequeno livro
de Jonas mergulha. Que sugestiva lição nos é esse
profeta. Que nobre coisa é esse cântico nas entranhas do
peixe.

Enquanto homens pecadores, é uma lição para todos


nós, porque é a história do pecado, da dureza de
coração, dos medos subitamente despertos, do pronto
castigo, do arrependimento, das preces e finalmente da
libertação e alegria de Jonas.
O pecado de Jonas consistiu na natureza de todos os
pecados. Desobedecer a DEUS.
“Pecado é a desobediência da lei. Transgressão da lei
de DEUS”.

Sempre o desejo de DEUS para conosco nos parece ser


uma tarefa difícil. E, se obedecemos a DEUS, devemos
desobedecer a nós mesmos; e nessa desobediência a nós
mesmos é que consiste a dificuldade de obedecer a
DEUS.

Tendo em si o pecado da desobediência, Jonas além dos


mais escarneceu de DEUS, procurando fugir-lhe. Julgou
que um navio feito por homens o transportaria para
terras onde DEUS não reinasse, mas apenas capitães
deste mundo.

Jonas fugiu para o porto de Jope, procurando um navio


com destino a Társis. Aqui talvez se oculte um sentido
até agora despercebido. De acordo com a opinião geral,
Társis não pode ter sido cidade diversa da moderna
Cádis. É a opinião dos eruditos. E onde se situa Cádis,
se não na nossa moderna Espanha. O mais distante de
Jope que Jonas poderia alcançar por água naqueles dias
antigos em que o Atlântico era um oceano quase
desconhecido. Pois Jope, a moderna Jafa, fica na costa
mais oriental do Mediterrâneo, a Síria; e Társis, ou
Cádis, mais de duas mil milhas a oeste, exatamente na
saída do estreito de Gibraltar. Tudo indica que Jonas
procurava ir até o “fim do mundo” para fugir de DEUS.

<<Figura Mapa>>

Cara de fugitivo. Apreensivo. Sem bagagem. Sem


amigos.
Jonas chega ao porto em busca de um navio para Társis.
Chega sem bagagem, sem amigos ou familiares para
despedir-se de um querido que iria para além mar em
águas perigosas. Jonas está por certo apreensivo,
incapaz de esconder seu semblante de fugitivo.
Seguramente os marinheiros experimentos, notam
aquela figura incomum, em busca de um navio para
embarcar para seu remoto destino. A fonte bíblica nos
diz:
“Desceu a Jope, onde achou um navio que ia para
Társis.”

Achou e não pegou. Foi difícil achar um navio. Era um


roteiro difícil, raro. Somente realizado por capitães
experientes. Poucos deviam ser os que se aventuravam
naquela longa viajem até o fim do mundo.

Finalmente Jonas encontrou um navio com destino


rumo a sua fuga, uma onda de ansiedade deve ter corado
no rosto de Jonas, e por certo todos os marinheiros o
olharam com certa afetação. Encabulado Jonas limitou-
se a perguntar onde encontraria o capitão e sob uma
resposta curta e grossa típica de homens experimentados
do mar, Jonas seguiu rumo ao camarote do capitão que
por certo preparava os últimos detalhes para sua longa
viagem.

Jonas aproxima-se do camarote capitão identificado


com uma placa de bronze já um tanto oxidado pela
maresia e o tempo. E demonstrando sua educação bate-
lhe a porta.
Quem está aí? Indaga o capitão. Oh como essa simples
pergunta lacera o coração de Jonas. Quem é ele se não
um desertor da missão divina.
O que deseja? Procuro passagem neste navio para
Társis. Quando sairemos?
Com a maré. Jonas em sua aflição, ansioso pela fuga
pergunta inquieto ao capitão. Não antes?
O capitão por certo era um dos poucos capitães que
viajava com sua nau até os confins do mundo até então
conhecido. Seguramente um homem experimentado, de
experiência. Percebendo o comportamento de Jonas,
responde. Já é bastante cedo para qualquer homem
honesto que viaje como passageiro.
Jonas engole a seco a resposta e informa “Vou viajar
com o Senhor. Qual o preço da passagem?”.

“Pagou a sua passagem, e embarcou nele, a fim de ir


com eles para Társis, para longe da presença do
Senhor.”
Essa pequena informação é muito significativa, a Bíblia
nos informa que Jonas pagou sua passagem adiantado,
dado o contexto isso é muito significativo. Jonas queria
fazer valer o peso do ouro em sua fuga.
O capitão homem cujo o discernimento descobre o
crime em qualquer um, mas cuja a cupidez só revela o
dos desendinheirados.

Desta forma o capitão decide experimenta-lo e decide


cobrar o triplo do preço habitual da passagem. Jonas
paga-lhe sem titubear ou contender barganha no preço e
manda-lhe pesar o ouro. O capitão percebe claramente
que Jonas é um fugitivo, entretanto resolve ajudar uma
fuga que deixa atrás de si um calçamento de ouro.

“Neste mundo, o pecado que paga seu percurso pode


viajar livremente, mesmo sem passaporte; enquanto a
virtude, como uma pobre, é detida em todas as
fronteiras.”
Exausto, perturbado e aflito vai deitar-se. Seguramente
solicita seu camarote, uma vez que pagara sua passagem
adiantada. O capitão cheio da mais rude cortesia que sua
própria natureza lhe permite, dirigi-o até seu camarote.
Entretanto seu camarote nada mais é que um pequeno
porão escuro, abafado e apertado como um caixão. Um
prelúdio de sua sepultura no ventre do peixe.

“Jonas porém, descera ao porão, onde se deitou e


dormia um profundo sono.”

Tenta dormir, mas sua consciência sangra e não há nada


que a estanque. A aflição que sente é maior que o
cansaço e não lhe permite dormir. O aguardo lhe acusa
duramente e o faz conhecer toda sua miséria. Roga a
DEUS que lhe dê paz, ainda que seja a morte, pois o
terror que lhe acomete é pior que o sono profundo da
morte. Luta em seu leito contra si mesmo, tentando
encontrar no sono uma fuga de si mesmo. O desespero
lhe enfada tanto que por fim lhe tomba um sono
embriagador como o tombar d’um bêbado.
Aquele navio foi o primeiro dos contrabandistas de que
se há registro. O contrabando “Jonas”. Porém o mar se
revolte, não quer levar a carga perversa. A tempestade é
tamanha que parece que a embarcação irá fazer-se em
mim pedaços.

“Vão esforços humanos”, tentam resolver a situação.


Sob a ordem do contramestre lançam as caixas no mar e
tentam se livrar de todo o peso para aliviar a
embarcação. Nada adianta.

Todo o trovejar, o som de caixas se quebrando, o vento


castigando a embarcação, o correr desenfreado e
desesperado da tripulação. Toda a gritaria se dá bem
acima da cabeça de Jonas, mesmo assim Jonas dorme.
Dorme como se dormisse um sono narcótico, que o
impede de acordar. Porém seu torpor era maior do que o
de qualquer droga que a nossa farmacologia moderna
possa conhecer, o seu torpor é o torpor da culpa. Nesse
momento Jonas não vê o céu escuro a trovejar, gritando
com a fúria dos séculos e o sacudir do mar. Não vê o
desespero nos olhos de experientes homens do mar que
parecem saudar a morte a lhes rondar. Tão pouco prevê
o que lhe aguarda. Um enorme peixe preparado por
DEUS que nesse momento corta as profundezas do mar,
vindo em sua direção para recebê-lo num encontro
marcado.
Jonas desperta de seu sono torpe, assustado com o grito
do capitão “Louco estamos a caminho da morte e tu
dormes!”.
Agora as perguntas outrora caladas ao capitão a peso de
ouro, são agora acometidas a Jonas num interrogatório
desesperador.
- Quem és tu?
- De onde vens?
- Que fazes?
- Qual teu crime?

Não só obtém a resposta a estas questões como uma


resposta não solicitada tirada à força de Jonas pela mão
de DEUS que pesa sobre ele.
“Sou hebreu. Temo ao Senhor DEUS do Céu que fez o
mar e a terra enxuta.”

O fugitivo de DEUS é descoberto. Submetendo a


questão aos altos céus lançam sorte para saber por causa
de quem sobrevinha este mal. A sorte recai sobre Jonas.

“Levantai-me e lançai-me ao mar, e o mar se


aquietará.”

Incessante Jonas faz uma confissão total. Diante dela os


marinheiros mostram-se mais e mais atemorizados, mas
também se compadecem. Pois quando Jonas, não
suplicando ainda misericórdia a DEUS, já que conhecia
muitíssimo bem o negror de seus deméritos; o mísero
Jonas lhes clama que o agarrem e atirem ao mar, dando-
lhes a solução para o mal que lhes acometia, pois sabia
que por sua causa a procela caíra sobre eles, os
marinheiros com dó, não mais furiosos e já penalizados,
se afastam dele e procuram salvar o navio por outros
meios. Todos os esforços são em vão, pois a furiosa
intempérie brame ainda mais alta. Então, ao invocar
DEUS levantando uma das mãos, com a outra mão, não
sem relutância, agarram Jonas.

Jonas não mais temia a morte, de certa forma ansiava


por ela. Pois o peso do seu pecado lhe consumia, lhe
dava mais aflição que sua sepultura nas profundezas de
um mar sem pátria.

Agora o contemplar Jonas erguido como uma âncora é o


mesmo atirado ao mar. No mesmo instante a paz reina
sobre a fúria da tempestade, deixando atrás águas
serenas.
Jonas tomba sobre o mar. Sequer tenta nadar para se
salvar, deixa-se afundar e consola a si mesmo dizendo
“acabou, acabou” e mal percebe o momento em que cai
nas mandíbulas escancaradas que o esperam.
O que Jonas esperava ser o fim, tornou-se o início. O
início do seu concerto com DEUS. Hora de fazer as
pazes e por fim a sua rebeldia desenfreada.
Jonas navegou no primeiro submarino do mundo. Foi o
primeiro homem a descer na imensidão azul. Rompeu as
profundezas do abismo onde a escuridão sufocante só
abria espaço para o arrastar assombroso das cadeias do
profundo oceano. Feche os olhos e imagine-se num
lugar apertado, úmido e coberto das mais negras trevas.
O som latente a sua volta, algas sobre sua cabeça. Sons
inimagináveis, dos quais jamais ouvira em todo sua vida
rondam agora a sua volta. O craquear ensurdecedor do
leviatã, o tremor das profundezas, o peso dos sete mares
e sabor salobro no ar, a putrefação encarnada, o bater
medonho do coração do peixe que lhe abriga que insiste
em não cessar.

Então Jonas rogou a DEUS, de dentro das entranhas do


peixe.
Mas observai sua prece, e aprendei uma lição de peso.
Pois, pecador como é, Jonas não chora tão pouco se
lamenta pedindo imediata libertação. Sabe que seu
castigo é justo.
Entrega sua libertação a DEUS, e contenta-se com isto,
a despeito de todas as suas dores e aflições, olhará
sempre para Seu santo templo.

Meditemos na oração de Jonas:

“Quando desfalecia em mim a minha alma, eu me


lembrei de ti, ó Senhor, e subiu a Ti a minha oração, no
Teu santo templo.”

“Mas eu, com um cântico de ações de graça, oferecer-


te-ei sacrifício. O que votei pagarei.”

E aqui há verdadeiro e fiel arrependimento, que não


clama por perdão, mas agradece o castigo. E a que
ponto DEUS se agradou do comportamento de Jonas,
mostra-o sua libertação final do mar e da baleia.
Não deve-se tomar Jonas para ser imitado no pecado.
Não obstante Jonas é um exemplo de arrependimento.
Melhor é que não peques, mas, se pecardes, estai atento
para arrepender-vos como Jonas.
Outra lição Jonas nos dá. A lição a todos os que são
chamados para levar as boas novas a outros e não o
fazem.

“Para o mal triunfar basta que os bons nada


façam”M.L.K. Jr.

“Deixar de fazer o bem é fazer o mal”. Apóstolo Paulo

Jonas apavorado com a hostilidade que iria suscitar,


evadiu-se de sua missão e procurou fugir ao dever e a
seu DEUS, tomando um navio em Jope! Mas DEUS
está em toda à parte, e Jonas jamais chegou a Társis.
DEUS o alcançou com um grande peixe e fê-lo ser
tragado pelos vivos turbilhões da perdição. Arrastou-o
em quedas rápidas para “o meio dos mares”, onde os
redemoinhantes abismos o sorveram para dez mil braças
abaixo, e “as algas se enrolaram em sua cabeça” e todo
aquele mundo de desgraça, aquoso, rolava acima dele.
Mas mesmo além do alcance de qualquer sonda, “do
ventre do inferno”, quando o peixe descansou sobre os
maiores ossos do oceano, então DEUS ouviu o profeta
engolido e arrependido quando ele clamou. Então
DEUS falou ao peixe, e do frio tiritante e do negror do
mar, o grande peixe subiu rabeando rumo ao sol quente
e agradável e todas as delícias do ar e da terra, e
“vomitou Jonas na terra enxuta”.
A palavra do Senhor veio pela segunda vez, e Jonas,
moído e exausto – seus ouvidos, como duas conchas,
ainda ressoavam como o rumor do oceano,
multitudinosamente.
Então Jonas respirou fundo e cumpriu a ordem do
Senhor! Pregar a verdade!

Esta é outra lição, ai do piloto do DEUS vivo que a


desconsidere. Ai daquele que este mundo desvie do
cumprimento do Evangelho! Ai daquele que procura
derramar óleo sobre as águas quando DEUS as tornar
em tempestade! Ai daquele que antes procure agradar
do que atemorizar! Ai daquele que negligencie seu lar
ao serviço do Senhor! Ai daquele para quem o bom
nome signifique mais do que a virtude! Ai daquele que,
neste mundo, não corteje o desfavor! Ai daquele que
não queira ser verdadeiro. Mesmo quando na falsidade
esteja a salvação de sua vida! Sim, ai daquele que, como
afirma o grande piloto Paulo, enquanto prega aos outros
é substancialmente um réprobo!
Ma oh servos de DEUS. De cada aflição é certo que
existe um regozijo. E é mais alto o ápice desse regozijo
do que baixo o fundo da aflição. O regozijo destina-se
àquele que contra os soberbos deste mundo, sustenta sua
própria personalidade. O regozijo destina-se àquele
cujos fortes braços ainda o agüentam, quando o navio
deste mundo vil e traiçoeiro se veio a pique embaixo
dele. O regozijo destina-se àquele que tendo a verdade,
não dá quartel e mata, queima e destrói todo pecado,
embora o arranque de sob as togas de senadores e
juízes. O regozijo, elevado e santo, destina-se àquele
que não reconhece lei ou senhor, a não ser o Senhor seu
DEUS, e só é patriota com referência ao paraíso. O
eterno regozijo e delicias destinadas tão somente àquele
que ao divisar os laços da morte a lhe trazerem repouso,
possa dizer como último alento: “Ò Pai! Reconheço
antes de tudo por Teu poder, mortal ou imortal, aqui
estou morrendo. Esforcei-me por pertencer-Te, mais do
que a este mundo ou a mim mesmo. Isso, contudo, nada
é: deixo a eternidade para Ti, pois que é homem, para
que viva tanto como seu DEUS?”
O Terceiro Jô
João Batista

Todo homem tem um sonho, tem desejos, tem


ambições. Ao longo de toda a história temos registro de
homens que lutaram e trabalharam pelo amor de uma
mulher. Lembramos de Jacó que trabalhou 14 anos pelo
amor de sua amada Raquel. E muitos são os homens que
buscam as delícias do amor no braço da amada. Pois
somos um ser solitário e incompleto a vagar em busca
da amada, para que ela nos complete e assim nos
tornemos uma só carne.

Não obstante nossos desejos não cessam e possuímos a


enorme vontade de constituir uma família e ver a casa
repleta de alegria com nossos pequenos filhos. A alegria
maior de uma vida que renasce na esperança de um ser
pequenino e frágil que desperta os mais nobres
sentimentos no coração do mais bruto dos homens, o
sentimento de um pai.
Agora desejamos mais do que nunca conforto para
família, condições para uma boa educação dos filhos. E
assim trabalhamos dobrado para conquistar tudo que
acreditamos que nossa família merece. Lhes desejamos
os melhores livros, o melhor alimento, as melhores
escolas as melhores roupas. Desejamos recursos para
férias em família, planejamos longas viagens para
conhecer novos lugares. E quando contemplamos
nossos frutos crescerem cheio de vida e alegria,
começamos a nos sentir realizados na vida de nossos
pequenos.

Mas um homem foi privado de todo esse sentido na


vida. Salomão foi repleto de riquezas, viveu sua vida em
palácios, possuía vestimentas luxuosas, uma mesa farta
e todo o conforto que o dinheiro podia adquirir. Este
homem vestia-se com pêlo de cabra e vivia no deserto,
alimentava-se com mel selvagem e gafanhotos.
Abrão foi o pai de uma grande nação, veio a ser
próspero e viu sua promessa ser cumprida em seu filho
Isaque. Este homem jamais foi pai, jamais soube o que
era ter em seus braços uma parte de si e ver num
pequenino ser indefeso em seus braços o renovar da
esperança d’uma nova vida.

Isaque amanhou sua Rebeca em paz, teve filhos,


constituiu família e prosperou. Este homem jamais
conheceu as delícias de reclinar sua cabeça cansada no
colo de sua amada e sentir os braços dela confortá-lo.
Seu conforto sempre foi à solidão do deserto.

E muitos somos os que vivemos preocupados em saciar


nossos próprios desejos, sem jamais perguntar “qual o
plano de DEUS para minha vida?”.

JESUS certa vez pronunciou que não há homem maior


do que este nascido de mulher. O mais privado, também
veio a ser o maior. Este o homem...
João Batista!

João Batista foi escolhido no ventre de sua mãe. Ainda


não nascido já tinha recebido sua missão. Como um
guerreiro espartano a ser treinado desde a tenra infância
para o combate. João Batista como um guerreiro,
escolhido para grande missão de preparar o caminho de
JESUS CRISTO, preparava-se para sua grande missão.
João Batista não era uma criança normal, era uma
criança com uma missão especial. Assim João Batista
era privado de uma infância como das demais crianças
ele possuía um objetivo elevado e santo e precisava
estar pronto para obter sucesso em sua grande missão.
A voz que clama no deserto. Não, não, João Batista não
ia até as multidões para pregar sua mensagem, mas as
multidões iam até ele para ouvir-lhe a palavra. Através
do Espírito de DEUS João Batista atraía multidões ao
deserto e assim dava início ao cumprimento da missão
que lhe fora designada.
João Batista cumprira sua missão o caminho fora
preparado. JESUS fora batizado pelo próprio João e
quando JESUS começou a brilhar, João disse:
Importa que ele cresça e eu diminua.

A abnegação do servo a serviço do Senhor. Missão


cumprida, o prêmio, sua cabeça decapitada numa salva
de prata. Triste fim para alguém que cumprira sua
missão, a missão de uma vida abnegada, negando o eu
em prol de um objetivo elevado e santo. Faz parte da
sina dos mártires, o trágico na vida de um mártir é que
se deve morrer como um, e sua morte sempre é digna de
um relato histórico. A morte de João Batista parece
trágica, mas não o é. João Batista vivera toda sua vida
por um propósito maior, com os olhos no cumprimento
celeste. Uma vez cumprida esta missão o que lhe
restava nesse mundo se não somente a morte uma vez
que os céus lhe estavam reservados, e cumprira seu
propósito nesta terra o que mais lhe restaria se não a paz
do leito de morte?!
Saulo de Tarso, o então renovado Apóstolo Paulo gozou
desta mesma certeza no final de sua vida e ansiava pelo
descanso da morte dizendo:
“A morte para mim é lucro”.

Morreram com os olhos nos céus e nada mais nesse


mundo lhes prendia. Morreram livres.

João Batista, Pedro, Paulo, John Huss, Jerônimo,


Estevão.

Todos morreram livres, como cidadãos do céu.

Mas e eu, e você? Como vivemos? Como morreremos?


Bibliografia

• Livro de Jó
• Livro de Jonas
• Moby Dick – Herman Meville (Capítulo IX – O
Sermão)
• Evangelho de Mateus
• Evangelho de Marcos
• Evangelho de Lucas
• Evangelho de João

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