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FACULDADE DE DIREITO DE FRANCA

MARÍLIA MUSA GARCIA JOVERNO

DIREITO AMBIENTAL
(Prof. Dr. José Roberto Marques)

FRANCA
2020
PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL

Princípios Estruturais x Princípios Funcionais/Instrumentais

1. Classificação dos Princípios Estruturais (permitem a compreensão de questões éticas


e ecológicas):

1.1. Globalidade: a tendência de globalização da poluição exige decisões globais para a


efetiva proteção do meio ambiente.
1.2. Horizontalidade/Ubiquidade: políticas públicas e privadas, e produção legislativa
devem sempre considerar a proteção ao meio ambiente.
1.3. Sustentabilidade: necessidade de se limitar qualitativamente o crescimento
econômico, mantendo-se o equilíbrio ecológico – qualidade de vida das atuais e futuras
gerações.
1.4. Solidariedade: necessidade de assegurar às presentes e futuras (solidariedade
intergeracional) gerações um meio ambiente que proporcione a sadia qualidade de vida.

2. Classificação dos Princípios Funcionais/Instrumentais (aplicação na atuação jurídica,


com previsão legislativa – de forma implícita ou explícita):

2.1. Princípio da Prevenção: a aplicação permite evitar a degradação ou minimizá-la; não


há previsão literal, mas está inserido, implicitamente, em toda a legislação.
Ex.: art. 225, parágrafo 1º, IV, CF: EPIA – estudo prévio do impacto ambiental
(significativa degradação ambiental). É inerente à revisão de conceitos científicos,
permitindo a novos conhecimentos.
Entre os instrumentos previstos é o estudo prévio do impacto ambiental
(custeado para quem desenvolverá a atividade ou construirá uma determinada obra).
Em síntese, deve-se prevenir a ocorrência à degradação ambiental como forma
de assegurar o equilíbrio ecológico, bem como a qualidade de vida ambiental, a qual é
necessária para a sadia qualidade de vida para o homem – tal qual visto no caput do art.
225, da CF.

2.2. Princípio da Precaução (princípio da prevenção qualificado): é qualificado pela (1)


existência de uma ameaça a danos graves ou irreversíveis, bem como pela (2)
desnecessidade de certeza científica absoluta.
É o princípio da prevenção, mas tendo em vista essas duas circunstâncias, impõe-
se a inversão do ônus da prova como forma de aplicação do princípio da precaução.
Quando se fala na ausência de certeza científica absoluta, faz-se com que o
benefício da dúvida seja aplicado para a proteção do meio ambiente.
Não existe na legislação brasileira uma definição do princípio da precaução;
entretanto, ele vem enunciado no princípio 15, da Declaração do Rio (ECO 92), bem
como na Lei nº 6.938/81, arts. 2º e 4º, VI (como a lei é anterior à CF, tais artigos apenas
dão uma noção do princípio da precaução).
Referência – princípio 15, da Declaração do Rio: “Com o fim de proteger o meio
ambiente, os Estados deverão aplicar amplamente o critério de precaução conforme
suas capacidades. Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência
de certeza científica absoluta não deverá ser utilizada como razão para se adiar a adoção
de medidas eficazes em função dos custos para impedir a degradação do meio
ambiente”.
Diferença entre os princípios da precaução e da prevenção: se houver danos
graves ou irreversíveis, aplica-se o princípio da precaução (que é uma forma de
prevenção também).
Sua diferença, entretanto, encontra-se na aplicação: o princípio da precaução é
aplicado com inversão do ônus da prova (ou seja, se houver, naquela atividade/obra,
ameaça a danos graves ou irreversíveis, o interessado em desenvolver aquela
atividade/obra deverá desenvolver estudos que demonstrem que a sua atividade/obra
não causará danos graves ou irreversíveis).
Aplica-se o princípio da prevenção para todas as hipóteses. Porém, se houver
ameaça a danos graves ou irreversíveis, aplica-se o princípio da precaução, pois há
inversão do ônus da prova (o interessado na obra/atividade terá que desenvolver
estudos que demonstrem que aquela obra/atividade não causará danos graves ao meio
ambiente). A ausência de certeza científica sobre tais danos graves ao meio ambiente
não deverá ser utilizada como razão para se adiar a adoção de medidas, conforme
princípio 15, da Declaração do Rio, desde que haja razoabilidade.
Havendo razoabilidade, o Poder Público pode, diante da ameaça de ocorrência
de danos graves ou irreversíveis, exigir que novos estudos sejam realizados e que
demonstrem que esses danos não ocorrerão.
APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO: mediante inversão do ônus da prova.
JURISPRUDÊNCIA: STF, STJ E TJSP (2 câmaras reservadas de Direito Ambiental).

OBS: o meio ambiente é da coletividade, portanto, é de natureza difusa, e não pública,


pois não pertence ao Estado. Entretanto, é o Estado que o administra.
2.3. Princípio do Poluidor Pagador: é o mais utilizado na prática. Remete à ideia de
responsabilidade (“aquele que polui, paga”). Atribui ao poluidor a obrigação de reparar
o dano.
Quando se fala em poluidor, refere-se a degradador; a todas as formas de
degradação.

§3º, ART. 225, CF: As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio


ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais
e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.

Verifica-se, então, que a pessoa jurídica pode ser responsabilizada


criminalmente apenas no que trata a crimes ambientais; é a única hipótese em que
pode se ter a responsabilização penal da pessoa jurídica.
Ainda, trata-se de uma tríplice indenização: penal, administrativa e civil, de tal
forma que podem ser cumulativas.
Portanto, é possível responsabilizar penalmente? Sim, desde que haja um tipo
penal para a degradação cometida. Mesma coisa para a sanção administrativa: pune-se
administrativamente desde que haja uma infração administrativa que corresponda
àquela administração.
EM SUMA: tanto a responsabilização penal, quanto a administrativa, dependerão da
existência de uma legislação que preveja aquele crime ou aquela infração
administrativa.
Entretanto, em todas as hipóteses haverá responsabilidade civil
(“independentemente da obrigação de reparar os danos causados”); e ela será
cumulativa com a responsabilidade penal e/ou administrativa quando existirem leis
prevendo crimes e infrações administrativas que correspondam àquela forma de
degradar.

§1º, ART. 14, DA LEI 6.938/81 (disciplina sobre a política nacional de meio
ambiente): Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o
poluidor obrigado, (1) independentemente da existência de culpa, a (2) indenizar
ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua
atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para
propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio
ambiente.
Observa-se neste dispositivo a consagração da responsabilidade objetiva; ou
seja, a responsabilidade sem culpa (não é necessário demonstrar a culpa para se exigir
a responsabilização civil). Necessita-se, no entanto, demonstrar o nexo causal (ou seja,
demonstrar que determinada ação gerou determinado resultado, o qual deve estar
vinculado a uma situação anterior).

(1) exemplo da não responsabilização civil: caso de força maior (decorrente de


fenômenos naturais).
(2) indenização ou reparação de danos causados: o sujeito é obrigado a indenizar os
danos causados quando a reparação desses danos for impossível; a reparação deve ser
obrigatória ainda que seja difícil. Só não se reparará o dano causado quando a reparação
for impossível.
Por outro lado, há indenização pelo dano causado anteriormente e reparação
pelos danos causados dali para frente. A legislação permite a indenização apenas nos
casos em que for impossível a reparação (a reparação é a regra). Ou seja, há indenização
em 2 hipóteses:
- quando a reparação do dano for impossível;
- indenização cumulativamente com reparação do dano quando a indenização
se referir ao dano passado que definitivamente ser recomposto.

REPARAÇÃO DO DANO: é sempre uma tentativa de reparar o dano, pois não se sabe qual
foi a extensão dele (é uma incerteza). Ou seja, na realidade o que se busca é uma
tentativa da reparação do dano, pois nunca poderá saber, ao certo, sua extensão.
Degradação tem caráter transfronteiriço, ou seja, ela ultrapassa o limite que ocorreu.
Não se pode dimensionar a extensão completa do dano.
INDENIZAÇÃO DO DANO: apenas quando for isolada (ou seja, quando for impossível a
reparação, e não difícil reparação) ou cumulativamente (é possível uma condenação de
obrigação de fazer – ex.: reparação específica do dano –, e/ou de obrigação de não fazer
– ex.: proibição da continuidade daquela atividade – e/ou uma indenização). Ex.:
reflorestamento.
NATUREZA DA OBRIGAÇÃO: propter rem (acompanha a coisa).
(não é admitida) TEORIA DO FATO CONSUMADO: o STJ possui entendimento de que essa
teoria não é admitida no Direito Ambiental, pois se trata de interesses indisponíveis,
interesses e bens da coletividade, e não do particular (ex.: construção em APP). REsp nº
1.638.798 (Min. Francisco Falcão).
DIREITO ADQUIRIDO DE POLUIR: não há. Não é porque o cidadão conseguiu uma licença
que ele poderá poluir ilimitadamente; se a administração verificar que aquela atividade
gera um tipo de degradação antes não prevista, o cidadão não poderá alegar o direito
adquirido de poluir (REsp nº 948.921, Min. Herman Benjamin).
SOLIDARIEDADE ENTRE OS DEGRADADORES: existe; inclusive, com relação ao Poder
Público (quando a omissão no dever de fiscalizar for determinante para a concretização
ou agravamento do dano). Pode haver solidariedade entre o particular e o Poder
Público? Sim, (1) quando os dois conjuntamente causarem o dano ou (2) quando o
particular causou o dano e houve uma omissão do Poder Público, sendo que essa
omissão seria determinante para a concretização ou agravamento do dano ambiental.
Na fase de execução no processo, permanece a solidariedade entre ambos; no
entanto, a responsabilidade do Poder Público na fase de execução é subsidiária (ou seja,
esgota-se primeiro o patrimônio do particular, o que faltar, poderá ser cobrado do
patrimônio do Poder Público).
REPARAÇÃO/INDENIZAÇÃO DO DANO AMBIENTAL: imprescritibilidade, pois se trata de
interesses indisponíveis. Ou seja, no que se refere a dano ambiental, é imprescritível.
Exceção: reparação/indenização do dano do patrimônio de terceiros, decorrente de
dano ambiental.
REPARAÇÃO/INDENIZAÇÃO DO DANO DO PATRIMÔNIO DE TERCEIROS, DECORRENTE DE
DANO AMBIENTAL: prescritibilidade, pois se trata de direitos disponíveis. A prescrição,
então, corre nos termos do Direito Civil. Apenas é possível quando se refere ao dano do
patrimônio do particular quando esse dano decorreu de um dano ao meio ambiente em
outro imóvel (v.g.), se ocorreu no seu imóvel não será possível; se for no do vizinho,
poderá ser cobrado.

≠ Princípio do Usuário Pagador: pessoa que utiliza um bem em suas atividades e em seu
benefício deve pagar por esse uso (é lícito).

RESUMO:
PRINCÍPIOS DA PREVENÇÃO, DA PRECAUÇÃO E DO POLUIDOR PAGADOR:
Qual o marco divisor entre os três princípios? O dano.
Nos princípios da prevenção e da precaução, aplica-se antes de ocorrer o dano,
justamente para que ele não ocorra. Ocorreu o dano, aplica-se o princípio do poluidor
pagador, buscando-se a reparação.
Em suma: os princípios da prevenção e precaução se referem à possibilidade de
ocorrer o dano e a busca de comportamentos de condutas e atividades para evitar que
esse dano ocorra.

PRINCÍPIO DO USUÁRIO PAGADOR:


Tal princípio não se refere a dano, refere-se a uso de um recurso ambiental. Ou
seja, aqueles que se utilizarem dos recursos ambientais, devem remunerar.
Contrapartida financeira pelo uso de recurso natural. O uso é legal, mas, por ser
bem difuso (pertencente à coletividade), deve ser pago, de forma que haja retorno
(benefício) para os demais titulares.
Não se confunde com o Princípio do Poluidor Pagador, porque este se refere à
obrigação de reparar um dano. Enquanto que o Princípio do Usuário Pagador se refere
a um uso lícito de determinado recurso ambiental.
A lei deve regulamentar, então, a utilização desse recurso ambiental.
EM SUMA: é o pagamento pelo uso de um recurso ambiental que pertence à
coletividade. Se uma pessoa utiliza aquele bem em benefício próprio, é justo que os
demais membros da comunidade obtenham um benefício. Tal benefício, por sua vez,
não tem um caráter financeiro; este pagamento deve ser destinado a algo relativo ao
meio ambiente.

FUNDAMENTAÇÃO LEGAL DO PRINCÍPIO NA LEGISLAÇÃO: Lei nº 6.938/81 (Lei da Política


Nacional do Meio Ambiente)

Art. 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:


VII – à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou
indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos
ambientais com fins econômicos.

POLUIÇÃO
Art. 3º (Lei nº 6.938/81) - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de
ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas
formas;
II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa (desfavorável) das
características do meio ambiente;
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que
direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;


c) afetem desfavoravelmente a biota (camada da Terra que tem vida);
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos; conceito adotado pela ecologia.
IV – poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,
responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação
ambiental.
V – recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e
subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera,
a fauna e a flora.
EM SUMA: os recursos ambientais são o ar, a água, o solo, a fauna e a flora.

CONCEITO ECOLÓGICO DE POLUIÇÃO:


“Mudança indesejável no ambiente, geralmente a introdução de concentrações
exageradamente altas de substâncias prejudiciais ou perigosas, calor ou ruído”.
Tal conceito ecológico se enquadra no conceito da alínea “e”, inciso III, art. 3º,
da Lei nº 6.938/81. Ou seja, o que as ciências naturais (ecologia) entendem como
poluição é apenas uma das cinco hipóteses em que a lei fala que é poluição.
O conceito jurídico de poluição, de acordo com o art. 3º, da Lei nº 6.938/81, é
muito mais amplo que o conceito ecológico, não se limitando às emissões de substâncias
perigosas, calor e ruído, em desacordo com normas estabelecidas.
Poluição: emissão de matéria, ruído (poluição sonora) ou calor – definição
contida na alínea “e”, do art. 3º.
Entretanto, existem 3 tipos de poluição as quais não emitem matéria, ruído ou
calor, quais sejam:
- poluição eletromagnética;
- poluição visual;
- poluição luminosa.

CARACTERÍSTICAS DAS POLUIÇÕES SONORA, ELETROMAGNÉTICA, VISUAL E LUMINOSA:


- esses 4 tipos de poluição são produtos da evolução tecnológica;
- não há consumo de recursos ambientais;
- não alteram a qualidade do ar, da água e do solo. Via de regra, o combate a
essas formas de polução não implica melhoria no meio ambiente natural;
- não deixam resíduo;
- não podem ser avaliadas depois de interrompidas.

I – POLUIÇÃO SONORA
Ecologicamente, a poluição sonora é conceituada como a adulteração do meio
ambiente, causada por ruídos (diferenciam-se dos sons por serem intensivos e nocivos),
que podem ocasionar neuroses, além de uma progressiva diminuição da capacidade
auditiva.
Se o ruído ultrapassar o limite estabelecido na alínea “e”, do art. 3º, configura-
se poluição. Se não ultrapassou o padrão estabelecido, ainda sim pode ser que configure
poluição, desde que consiga se enquadrar essa hipótese em uma daquelas previstas nas
alíneas “a” a “d”, do inciso III, do art. 3º.

CARACTERÍSTICAS DA POLUIÇÃO SONORA:


- não deixa resíduo no ambiente;
- não pode ser avaliada depois de interrompida;
- geralmente é notada apenas quando se está próximo da fonte emissora.

EFEITOS:
- nível tolerado pelo ser humano: 50 a 55 decibéis.
- declínio auditivo que se iniciava a partir dos 60 anos, hoje já se observa aos 50.
- ruídos produzidos (em decibéis): avião (140); bateria musical (120); danceteria
(120); metrô (105); tráfego intenso (100); centrífuga (89); secador de cabelo (85);
liquidificador (85); aspirador de pó (80) e máquina de lavar roupa (70).
- nem sempre são imediatos, exceto o incômodo. Gera perda gradativa da
audição.
- pode causar alterações: físicas, mentais e emocionais, como alteração do
humor; no rendimento de trabalho (execução de tarefas); na interferência na
comunicação entre as pessoas; na fauna (muito ruído: acentuada presença de ratos e
baratas) e na flora (redução do crescimento).

COSEQUÊNCIAS JURÍDICAS, ECONÔMICAS E PESSOAIS DECORRENTES DA POLUIÇÃO


SONORA:
a) responsabilidade ambiental (objetiva - civil) nas esferas civil, penal e administrativa.
Ou seja, o poluidor é obrigado a reparar os danos causados ao meio ambiente e
a terceiros independentemente de culpa;

b) responsabilidade civil do empregador;

c) perda auditiva
Resultante do ambiente de trabalho – consequência: responsabilidade civil do
empregador;

d) danos morais (questão muito subjetiva, depende do caso concreto);


E a administração pública também está sujeita à responsabilização por dano
moral? Se estiver ocorrendo uma emissão fora do padrão, sim (hipótese de poluição da
alínea “e”, III, art. 3º, Lei 6.938/81). A adm. pública também pode ser responsabilizada
pela falta de fiscalização do estabelecimento.

e) responsabilidade do Estado (benefícios acidentários);


O trabalhador tem direito a benefícios acidentários (no caso, a perda da audição).
Desse modo, tem-se o Estado (poder público) pagando ao trabalhador que teve perda
auditiva. Não se confunde com a responsabilidade civil do empregador, pois, neste caso,
a perda da audição é um benefício que a lei dá ao trabalhador, sendo o poder público
que paga.

f) desvalorização imobiliária.
Um imóvel não tem o mesmo valor situado ao seu lado um bar que produz ruídos
ou que tem uma movimentação grande de pessoas.

LEGITIMIDADE DO MP PARA TRABALHAR COM POLUIÇÃO SONORA (RESPONSABILIDADE


AMBIENTAL):
O STJ entende atualmente que o MP tem legitimidade para atuar nos casos de
poluição sonora. Entretanto, a poluição deve se estender a um número significativo de
pessoas (interesse difuso ou coletivo); se for uma questão meramente entre vizinhos, o
MP não terá legitimidade (direito de vizinhança).
EM SUMA: existindo direito difuso e coletivo, há legitimidade do MP para intervir nos
casos de poluição sonora.
Quando se fala em direitos difusos, trata-se de pessoas indeterminadas. No caso
da poluição sonora, são pessoas determinadas; mas nesse caso de poder se determinar
as vítimas ou de pelo menos isso ser determinável, não tira a atribuição (legitimidade)
do MP e não retira o foco da ação civil pública.

30.06.2020 - 2º BIM

 RESPONSABILIDADE AMBIENTAL (POLUIÇÃO SONORA)


A pretensão de indenização/reparação do dano/obrigação de fazer, no que se
refere ao meio ambiente, pode ser veiculada judicialmente por meio da ação civil
pública (prevista na Lei nº 7.347/85) e pela ação popular.

O QUE CABE DE RESPONSABILIZAÇÃO QUANDO SE REFERIDO À POLUIÇÃO SONORA?


É possível ter indenização pelo dano causado (o caso concreto é que determinará
se o juiz dará a procedência ou não da ação), bem como o dano moral causado à
coletividade (por meio da ação civil pública).
Dessa forma, além dos danos materiais ao meio ambiente (o caso concreto que
irá determinar a viabilidade ou não), tem-se a questão relativa ao dano moral.
Também é possível uma condenação em obrigação de fazer/não fazer.
Dependendo do caso, é possível a cumulação das 4 hipóteses: indenização por
dano moral, indenização por dano material, obrigação de fazer e obrigação de não fazer.
EM SUMA: quando se trata de responsabilidade sonora, a extensão do dano
pode se dar através da cumulação das 4 hipóteses acima.

 RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR:


O empregador tem responsabilidade pela poluição sonora causada no ambiente
de trabalho? SIM.
Afastamento das disposições da SÚMULA 22/STF (a indenização acidentária não
exclui a do direito comum, em caso de dolo ou culpa grave do empregador).
O que vigora, hoje, é a responsabilização do empregador independentemente do grau
de culpa (basta a culpa leve).
É irrelevante se o empregador não forneceu o equipamento, ou se forneceu de
maneira tardia, ou se não fiscalizou a utilização. Pouco importa, pois ele possui
responsabilidade da mesma forma (o grau de fiscalização é que será apurado na ação).
Dano moral: empregado que continuou trabalhando com audição reduzida.

 RESPONSABILIDADE DO ESTADO: benefício previdenciário


O trabalhador pode ter direito a um benefício previdenciário sem prejuízo da
responsabilidade civil do empregador.
Dessa forma, o Estado deve conceder o benefício caso o trabalhador tenha
perdido sua audição no ambiente de trabalho. A par disso, é possível a responsabilização
civil do empregador.

ENQUADRAMENTO LEGAL DA POLUIÇÃO SONORA:


Prejuízo a saúde e o bem-estar da população.
Passou do padrão permitido (50 dB): é poluição.
Não passou do padrão permitido: pode ser poluição, caso se enquadre em uma
das hipóteses das alíneas “a” a “d”, da Lei nº 6.938/81.
EM SUMA: pode ser poluição mesmo estando dentro do padrão (lembrando que
ruído é uma forma de energia).

COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR: competência concorrente - art. 24, CF


Competência da União, Estados e DF para legislar sobre poluição sonora.
O STF entende que o Município também pode legislar sobre meio ambiente, para
combater a poluição, como forma de desenvolver sua competência administrativa.
Entretanto, tal competência se justifica tendo em vista o interesse local (só pode legislar
sobre aquilo que diz respeito àquele interesse local).
EM SUMA: o Município pode legislar, tendo em vista a competência
administrativa. Não há uma legislação expressa autorizando.
Competência do Município: pode legislar com base na competência
administrativa para combater a poluição em qualquer de suas formas, podendo
suplementar/complementar legislação estadual e federal no que couber (art. 30, I e II,
CF).
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL:
- Lei nº 4.737 (Código Eleitoral);
- Lei nº Lei nº 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro);
- Código Civil (direito de vizinhança);
- CONAMA: resoluções nºs 1/90, referindo-se às NBRs/ABNT 10.151 (avaliação do ruído
em áreas habitadas) e 10.152 (níveis de ruído); 2/90 (Programa de Educação e Controle
da Poluição Sonora – Silêncio) e 418/09 (controle de poluição veicular);
- Legislação municipal.

CC/02 – DIREITO DE VIZINHANÇA


Art. 1.277, CC: O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer
cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o
habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha.
- Subjetividade.

CTB – CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO


Escapamentos furados ou enferrujados, alterações no silencioso ou cano de
descarga, alterações no motor, acelerações e freadas bruscas e uso excessivo da buzina.

Art. 227, CTB: Usar a buzina:


I – em situação que não a de simples toque breve como advertência ao pedestre
ou a condutores de outros veículos;
II – prolongada e sucessivamente a qualquer pretexto;
III – entre as 22h e as 6h;
IV – em locais e horários proibidos pela sinalização;
V – em desacordo com os padrões e frequências estabelecidas pelo CONTRAN:
Infração: leve
Penalidade: multa

Art. 230, CTB: Conduzir o veículo:


XI – com descarga livre ou silenciador de motor de explosão defeituoso,
deficiente ou inoperante.
Infração grave, com pena de multa e medida administrativa de retenção de
veículo para regularização.
07.07.2020
 RESPONSABILIDADE PENAL

Art. 54, da Lei nº 9.505/98 (LEI DE CRIMES AMBIENTAIS): Causar poluição de


qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde
humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da
flora (...).
Art. 59, da Lei 9.505/98: Produzir sons, ruídos ou vibrações em desacordo com
as prescrições legais ou regulamentares, ou desrespeitando as normas sobre emissão e
imissão de ruídos e vibrações resultantes de quaisquer atividades.

Dessa forma, tem-se o art. 54 dispondo sobre crime de poluição em geral, e o


art. 59 que dispõe sobre crime de poluição sonora (específico), o qual foi vetado pelo
Presidente da República - FHC.
Antes da lei específica de crimes ambientais (Lei nº 9.505/98), não existia um tipo
específico que se poderia enquadrar a conduta de poluição. Dessa forma, a poluição
sonora era punida com base no art. 42, do DC 3.688/41 (novo código penal).

Art. 42, Lei de Contravenções Penais (Decreto-Lei 3.688/41): Perturbar alguém,


o trabalho ou o sossego alheios:
I - com gritaria ou algazarra;
II - exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em desacordo com as prescrições
legais;
III - abusando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos;
IV - provocando ou não procurado impedir barulho produzido por animal de que
tem a guarda.

Deste modo, no momento em que o FHC vetou o art. 59, ele afastou o crime de
poluição sonora, remanescendo o art. 42, da LCP.
Portanto, hoje: se puder se enquadrar a poluição sonora no art. 42, será punida;
se não puder se enquadrar, não existirá punição criminal.
- art. 59: específico para poluição sonora
- art. 54: para poluição em geral (ou seja, trata de todos os tipos de poluição, exceto a
sonora, que se encontra no art. 59)
- art. 42: como o FHC vetou o art. 59, sobra o art. 42 para se enquadrar a poluição sonora,
desde que preenchidos algum dos incisos.

II – POLUIÇÃO VISUAL
É a ultrapassagem do limite da visão para reconhecimento das características
naturais do meio, a partir da inserção de novas imagens ou deterioração da paisagem já
existente.

CARACTERÍSTICAS:
- Típica do meio ambiente urbano. Entretanto, a poluição visual não se restringe
a ele.
- Imagens dominam o cenário urbano, ocultando o remanescente de flora e as
construções, muitas delas que integram o patrimônio cultural.
- Disputa pelo espaço que está no campo visual das pessoas (consumo, marcas,
publicidade).
- Efeito quebra-cabeça (peças misturadas).
- Não envolve energia.

14.07.2020

ENQUADRAMENTO LEGAL:
Prejudica o bem-estar (conforto ambiental) e afeta as condições estéticas do
meio ambiente.

COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR:


Art. 30, I, CF: (interesse local) e VIII (ordenamento territorial, mediante
planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano), e
Art. 23, VI, CF: combate à poluição, em qualquer de suas formas (refere-se à
competência administrativa).
O doutor entende que o inciso VIII não se refere à competência para legislar em
matéria de poluição visual. Por ele, restaria apenas o inciso I.
Entretanto, são dispositivos indicados na ADI 146.794-0/TJSP/2008 como
fundamento para o Município legislar em matéria de poluição visual.
Apreciação da Lei nº 14.223/2006 – Município de São Paulo. Constitucionalidade
(votação unânime).

LEGISLAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SP:


Lei nº 14.223/2006, do município de São Paulo (Lei “Cidade Limpa”).
Proteção da paisagem urbana diante da apropriação indevida do espaço público.
Um dos objetivos é o combate à poluição visual (art. 3º, III).
Constitucionalidade (TJ/SP): ap. 776.666, 3ª.C.D. Público TJSP (2008); ap.
681.040, 3ª.C.D.Público TJSP (2009), e ap. 746.521, 6ª.C.D.Público TJSP (2009).
ADI 146.794-0/TJSP/2008: improcedente.
“É legítima a atividade normativa do Município disciplinando a colocação de
anúncios de propaganda objetivando conter a poluição visual ambiental e preservar a
segurança nas vias públicas”.
Fundamento do acórdão: arts. 30, I e VIII; 23, VI, e 24, VI, da Constituição Federal.
Fundamento do pedido: impedimento ao livre exercício de profissão.

JULGADO:
“O Ministério Público tem legitimidade para pleitear remoção de anúncios em
painéis, instalados de maneira irregular e que implicam em dano estético ao ambiente
onde se encontram instalados a propaganda ou o anúncio, sem autorização prévia para
tanto”.

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL:
Decreto-lei nº 25/1937 (organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico
nacional).
Art. 18. Sem prévia autorização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, não se poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe
impeça ou reduza a visibilidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser
mandada destruir a obra ou retirar o objeto, impondo-se neste caso a multa de
cinquenta por cento do valor do mesmo objeto.
Legislação municipal.

CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO:


Art. 81, CTB – Nas vias públicas e nos imóveis é proibido colocar cartazes,
publicidade, inscrições, vegetação e mobiliário que possam gerar confusão, interferir na
visibilidade da sinalização e comprometer a segurança do trânsito.

CÓDIGO ELEITORAL:
Art. 243. Não será tolerada propaganda:
VIII. que prejudique a higiene e estética urbana ou contravenha a posturas
municipais ou a outra qualquer restrição de direito.

21.07.2020

RESPONSABILIDADE PENAL NA POLUIÇÃO VISUAL:


Art. 65, Lei 9.605/98: Pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar (sujar,
manchar) edificação ou monumento urbano:
Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.
Parágrafo único. Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em
virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de seis meses a um
ano de detenção, e multa.

Pela lei supra, de 1998, grafitar era crime.


Dessa forma, a Lei 12.408/11 alterou a redação do caput, retirando o termo
“grafitar”.

Art. 65, §2º: Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de
valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, desde que
consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou arrendatário do bem
privado e, no caso de bem público, com a autorização do órgão competente e a
observância das posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos
governamentais responsáveis pela preservação e conservação do patrimônio histórico
e artístico nacional (incluído pela Lei nº 12.408/11).

28.07.2020
III – POLUIÇÃO ELETROMAGNÉTICA
É o excesso de ondas eletromagnéticas emitidas por equipamentos elétricos e
eletrônicos (radiação não-ionizante: que não forma átomos eletricamente carregados),
capaz de influenciar o comportamento celular do organismo humano, danificar
aparelhos elétricos e até desorientar o voo de algumas aves (atravessa qualquer tipo de
matéria viva ou inorgânica).

CARACTERÍSTICAS:
- imperceptível
- silenciosa
- invisível
- inodora

EFEITOS:
Efeito térmico do excesso de radiação: queimaduras e parada cardíaca.
Corpo humano também irradia ondas eletromagnéticas em frequências muito
baixas de infravermelho, que são produzidas pelo calor do próprio corpo. É a vibração
dessas células que permite a realização de exames, como a tomografia.

COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR:


- Competência privativa da União (art. 22, IV, CF) legislar sobre telecomunicação
e radiodifusão.
- Competência do Município (art. 30, VIII, CF) promover, no que couber,
adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do
parcelamento e da ocupação do solo urbano – regras para ocupação do solo.
- Lei nº 9.472/97: atribuição da ANATEL.
- Lei nº 11.934/09: limites à exposição da população em geral a campos elétricos,
magnéticos e eletromagnéticos, e de trabalhadores, em razão de seu trabalho.
- Lei Estadual nº 10.995/2001: distância da base em relação ao imóvel vizinho.
- CDC.

LEI 9.472/97: ANATEL (art. 19)


Competência para expedir normas e padrões a serem cumpridos pelas
prestadoras de serviços de telecomunicações quanto aos equipamentos que utilizarem
(art. 19, XII, da Lei nº 9.472/1997).
XI – expedir e extinguir autorização para prestação de serviço no regime privado,
fiscalizando e aplicando sanções;
XII – expedir normas e padrões a serem cumpridos pelas prestadoras de serviços
de telecomunicações quanto aos equipamentos que utilizarem.

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR:


Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:
III – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com
especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço,
bem como sobre os riscos que apresentem.

Art. 9º. O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou


perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a
respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras
medidas cabíveis em cada caso concreto.

LEI 11.934/09: dispõe sobre limites à exposição humana a campos eletromagnéticos


Art. 1º. Esta lei estabelece limites à exposição humana a campos elétricos,
magnéticos e eletromagnéticos, associados ao funcionamento de estações
transmissoras de radiocomunicação, de terminais de usuário e de sistemas de energia
elétrica nas faixas de frequências até 300 Ghz, visando a garantir a proteção da saúde e
do meio ambiente.

LEI ESTADUAL 10.995/01:


Objeto: instalação de antenas transmissores de telefonia celular.

Art. 4º. O ponto de emissão de radiação da antena transmissora deverá estar, no


mínimo, a 30 metros de distância da divisa do imóvel onde estiver instalada.

TJSP: prevalência da Lei Estadual nº 10.995/2001 sobre a norma da ANATEL.


ADI 3.110 – proposta pela PGR (invade competência da União, que tem
competência privativa para legislar sobre telecomunicações: art. 22, IV, da CF). Sem
liminar e sem julgamento de mérito.

Art. 13. As prestadoras de serviços que utilizem estações transmissoras de


radiocomunicação deverão, em intervalos máximos de 5 anos, realizar medições dos
níveis de campo elétrico, magnético e eletromagnético de radiofrequência,
provenientes de todas as suas estações transmissoras de radiocomunicação.

Esta lei foi julgada inconstitucional, pois no que se refere a ondas


eletromagnéticas, a competência é privativa da União.

PAISAGEM:
Telefonia móvel: alterou sensivelmente as paisagens rural e urbana dos
municípios.
Torres: danos à paisagem.

POSSÍVEIS EFEITOS CAUSADOS PELA POLUIÇÃO ELETROMAGNÉTICA:


Efeitos que não possuem concordância no meio científico.
1) Depressão psíquica, sensação de cansaço, mudanças de comportamento;
2) Redução dos glóbulos vermelhos e aumento dos glóbulos brancos, favorecendo
surgimento de câncer;
3) Danos ao cérebro, afetando a memória recente e provocando dores de cabeça;
4) LER-lesão por esforço repetitivo (ondas emitidas pelo computador);
5) Desorientação de aves (é comum encontrar pombos-correios “perdidos” próximo da
Av. Paulista);
São Paulo é considerada a cidade que tem mais regiões com concentração de
campos eletromagnéticos na América do Sul.
6) Alarmes dos veículos disparam sozinhos em locais de muita propagação;
7) Mal de Parkinson e mal de Alzheimer;
8) Queimaduras, catarata, má-formação fetal, parada cardíaca e derrame.
EFEITOS DA POLUIÇÃO ELETROMAGNÉTICA:
Efeitos de concordância entre a comunidade científica.
Concordância entre os especialistas: excesso de ondas pode alterar o
funcionamento de equipamentos eletrônicos quando muito próximos uns dos outros.
Influência no funcionamento de alguns sistemas eletrônicos (por isso é proibido
o uso de celulares a bordo de aeronaves). Interfere em marca-passos e válvulas
cardíacas a rádio.

DECISÃO DA UE (abril/2009):
“O parlamento europeu votou em massa a favor de uma lei que criará distâncias
mínimas entre antenas de celular e núcleos populacionais. [...] As autoridades europeias
argumentam que enquanto não houver consenso sobre a segurança ou não da radiação
emitida por essas estações, elas devem ficar longe de habitações humanas”.
Na opinião do Doutor, neste caso seria a aplicação do princípio da precaução.
Exige-se uma demonstração científica de que aquela atividade não causará problema
algum ao meio ambiente ou à saúde humana.

ENQUADRAMENTO LEGAL:
Se prejudica a saúde, a segurança e o bem-estar da população, afeta
desfavoravelmente a fauna ou se há lançamento de energia em desacordo com os
padrões ambientais estabelecidos, é POLUIÇÃO (art. 3º., III, a, c, e, da Lei nº 6.938/81).

RESPONSABILIDADE PENAL DA POLUIÇÃO ELETROMAGNÉTICA:


Art. 54, da Lei nº 9.503/98: Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais
que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a
mortandade de animais ou a destruição significativa da flora (...).

04.08.2020

IV – POLUIÇÃO LUMINOSA

CONCEITO:
“É qualquer efeito adverso causado ao meio ambiente pela luz artificial excessiva
ou mal direcionada” (Roberto F. Silvestre, astrônomo).
Luiz intrusa: “quando ultrapassa os limites da área a ser iluminada”.

ASPECTOS DA POLUIÇÃO LUMINOSA:


- Econômico: consumo excessivo de combustíveis fósseis, energia e recursos
naturais, além do que é necessário.
- Social: luz intrusa (a que ultrapassa os limites da área a ser iluminada) pode
causar fadiga, insônia e stress, comprometendo o sossego público. Luz veicular pode
causar cegueira temporária, comprometendo a segurança no trânsito.
- Ambiental: desorientação de animais; influencia equilíbrio natural dos animais
de vida noturna, afetando reprodução, atraindo animais; diminuindo insetos (alterando
a polinização das plantas) etc.

POLUIÇÃO LUMINOSA x POLUIÇÃO VISUAL


A poluição visual é causada por imagem, enquanto que a poluição luminosa, por
excesso de luz/por seu mau direcionamento.

ENQUANDRAMENTO LEGAL:
Prejudica a saúde e o bem-estar da população, afetando desfavoravelmente a
fauna.
Portanto, é poluição (cf. art. 3º, III, a, c, Lei nº 6.938/81).

COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR:


- Constituição Federal: art. 24, V.
União, Estados e DF: legislação concorrente sobre consumo.

- Constituição Federal: Art. 23, VI.


União, Estados e DF e Municípios: competência comum para proteger o meio
ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas (inclusive a poluição
luminosa).
É o art. mais importante quanto à poluição luminosa.
- Constituição Federal: art. 30, I e II.
Municípios: legislar sobre assuntos de interesse local e suplementar a legislação
federal e estadual no que couber.

PROTEÇÃO DAS TARTARUGAS MARINHAS:


Portaria Ibama nº 11/1995;
Lei Estadual (BA) nº 7.034/1997.
Locais de notificação de tartarugas marinhas: luminárias especialmente
desenhadas para que a luz não incida diretamente sobre a praia, ou seja, para que a
iluminação não atraia as tartarugas marinhas ao nascerem, permitindo que elas se
dirijam ao mar (sul da BA – entre Prado e Ponto do Corumbau: área “Zero Lux”) – não é
permitida a iluminação artificial justamente para proteger as tartarugas marinhas.

RESPONSABILIDADE PENAL:
Art. 54, Lei nº 9.605/98: Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que
resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a
mortandade de animais ou a destruição significativa da flora: (...).
Dificilmente este dispositivo é aplicado. Quando o é, na maioria das vezes se
trata das tartarugas marinhas.

ASPECTOS DO MEIO AMBIENTE – 25.08.2020 – 3º BIM


A primeira CF a se referir, especificamente, ao meio ambiente foi a CF/88.

Art. 225, CF/88: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente


equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-
se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.

Existem 4 aspectos do meio ambiente, que são essenciais para o equilíbrio


ecológico e para a sadia qualidade de vida.
Sadia qualidade de vida depende de ambiente ecologicamente equilibrado.
Os 4 aspectos são:
1) aspecto natural;
2) aspecto urbano;
3) aspecto cultural;
4) aspecto do trabalho.

A soma desses 4 aspectos resulta no meio ambiente que, em boas condições,


proporcionam uma sadia qualidade de vida.

MEIO AMBIENTE NATURAL:


Refere-se aos recursos ambientais tratados no art. 3º, Lei 6.938/81: água, ar,
solo, fauna e flora.
Entretanto, pode-se extrair bastante do meio ambiente natural no art. 225, CF.
O meio ambiente natural também é conhecido como “meio ambiente físico”.

MEIO AMBIENTE URBANO: arts. 182 e 183, CF


Refere-se às cidades construídas.
Alguns autores chamam o meio ambiente urbano de meio ambiente artificial. O
Doutor entende que tal classificação é incorreta.

Art. 182, CF: A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder


Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o
pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus
habitantes.
§2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências
fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.

Art. 183, CF: Aquele que possuir como sua área urbana de até 250m², por 5 anos,
ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família,
adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou
rural.

A ordenação na cidade é extremamente importante para a qualidade de vida das


pessoas.
Construções, iluminação pública, trânsito, equipamentos urbanos (serviço de
água, coleta de lixo etc).

MEIO AMBIENTE NO TRABALHO:


A sadia qualidade de vida das pessoas também depende da qualidade do local
onde trabalham.
As normas do trabalho são importantes, pois visam a proteger o trabalhador,
especialmente sua saúde e sua qualidade de vida.
Não há, na CF/88, nenhum artigo expresso que trate do meio ambiente no
trabalho.
Entretanto, ele é lembrado/tem referência expressa no art. 200, VIII, CF.

Art. 200, CF: Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições,
nos termos da lei:
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do
trabalho.

MEIO AMBIENTE CULTURAL: arts. 215 e 216, CF


Valores históricos, arquitetônicos, paisagísticos, usos e costumes etc, tudo que
possa ser útil para a qualidade de vida das pessoas de forma sadia.

Art. 216, CF: Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza


material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de
referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da
sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às
manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico,
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
CONCEITO LEGAL DE MEIO AMBIENTE – 01.09.2020

Meio ambiente é tudo o que nos cerca. Entretanto, as coisas que refletem na
qualidade de vida, proporcionando uma sadia qualidade de vida, nos termos do caput
do art. 225, CF, é que são protegidas pelas leis ambientais.
Quando a Lei nº 6.938/81 conceituou o meio ambiente, ela tratou desses 4
aspectos (meio ambiente natural, urbano, cultural e do trabalho)?
Art. 3º, Lei nº 6.938/81: Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: (...)
Art. 2º: (...) preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental
propícia à vida.
Art. 225, CF: meio ambiente ecologicamente equilibrado (...) essencial à sadia
qualidade de vida.
Ou seja, os fins que estão previstos em lei são a preservação, a melhoria e a
recuperação da qualidade ambiental propícia à vida (art. 2º, Lei nº 6.938/81), bem como
aquilo que é essencial à sadia qualidade de vida (art. 225, CF).

Art. 3º, Lei nº 6.938/81: Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis (da natureza), influências e
interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em
todas as suas formas.

Este é o conceito legal de meio ambiente.


Entretanto, não é um conceito completo, pois não estão previstos os 4 aspectos
do meio ambiente.
Deve-se, portanto, fazer uma interpretação conjunta: incisos I + III, ambos do art.
3º, da Lei nº 6.938/81.

III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que


direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos.

FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE – 08.09.2020

EVOLUÇÃO CONSTITUCIONAL DO DIREITO DE PROPRIEDADE NO BRASIL


- CF 1824: dava um caráter individualista da propriedade, sem restrições ou
limitações, exceto desapropriação por necessidade ou utilidade social.
Em suma, não havia limitação ou restrição. Havia, apenas, desapropriação pelo
Estado por necessidade ou utilidade social.
- CF 1891: deu o mesmo tratamento pela CF de 1824.
- CF 1934: o direito de propriedade não poderia ser exercido contra interesse
social ou coletivo (nasce a ideia de função social).
É possível se exercer o direito de propriedade, entretanto, com a ressalva de que
ela não pode prejudicar interesses social ou coletivo.
- CF 1937: assegurou o direito de propriedade; contudo, remeteu à lei ordinária
o estabelecimento do seu conteúdo e limite desse direito de propriedade.
Em termos constitucionais, houve um retrocesso. Enquanto a CF de 1937 apenas
assegurou o direito de propriedade – que a CF de 1934 também fazia –, ela não
estabeleceu limite algum ao direito de propriedade (função social – respeitar os direitos
coletivos).
- CF 1946: reconheceu o caráter supra individual da propriedade, introduzindo a
noção de função social ao condicionar o direito de propriedade ao bem-estar social.
O bem-estar social deveria ser observado quando do exercício de direito de
propriedade. Caminhavam juntos o direito de propriedade e o bem-estar social, não
podendo dissociá-los.
Regulamentada em 1962, por lei que tratava da desapropriação por interesse
social. Em 1964, adveio o Estatuto da Terra, que não definiu função social da
propriedade, mas indicou seus requisitos essenciais.
Na verdade, atribuiu ao direito à propriedade social a função social mais ampla
em relação ao tratamento dado pelas CFs de 1934 e 1937.
- CF 1967: repetiu a CF de 1946, introduzindo a função social da propriedade
como princípio da ordem econômica (art. 157).
- CF/EC 1969: garantiu o direito à propriedade, prevendo que a ordem
econômica e social estava subordinada ao atendimento do princípio da função social da
propriedade (art. 160).
Dessa forma, houve uma evolução no tratamento, casando-se os conceitos de
propriedade com a função social. Perdeu-se a visão individualista.
- CF 1988: traz um conceito mais amplo.
Prevê no art. 5º, caput, a inviolabilidade da propriedade.
XXII – é garantido o direito de propriedade;
XXIII – a propriedade atenderá a sua função social.

CFs anteriores à de 1988 não conceituaram função social da propriedade.


O Estatuto da Terra (Lei nº 4.504/64) também não a conceituou, mas estabeleceu
requisitos a serem atendidos simultaneamente.
A CF/88 repetiu a metodologia do Estatuto da Terra, que estabeleceu quais eram
os requisitos para que fosse possível entender que aquela propriedade atende à sua
função social.

Art. 186, CF: A função social é cumprida quando a propriedade rural atende,
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos
seguintes requisitos:
I – aproveitamento racional adequado;
II – utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio
ambiente;
III – observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV – exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

Código Civil: não conceitua o que é a função social da propriedade. Entretanto,


dispõe:
Art. 1.228, §1º, CC: O direito de propriedade deve ser exercido em consonância
com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de
conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais,
o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição
do ar e das águas.
Art. 5º, CF: ao se referir à propriedade, inclui a rural e a urbana, ambas com o
ônus de observância da função social.
Art. 182, §2º, CF: refere-se à função social da propriedade urbana.
Art. 186, CF: refere-se à função social da propriedade rural.
Dessa forma, no art. 5º, CF tem-se a generalidade, sendo que nos arts. 182, §2º
e 186, tem-se uma referência à função social da propriedade.

PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE:


A obrigação de reparar o meio ambiente é propter rem (por causa da coisa;
obrigação segue o direito).
Reserva legal e áreas de preservação permanente: obrigação propter rem.
Desmatamento anterior: obrigação propter rem (dever de reparar e indenizar).

DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA:
Criação de área de preservação ambiental que impossibilite a exploração
econômica lícita: indenização devida (STJ).
Quando o poder público cria uma área de preservação ambiental, não é mais
possível utilizar aquela área economicamente de forma lícita. Tal impossibilidade é
chamada de desapropriação indireta. Nesse caso, o STJ tem o entendimento de que cabe
indenização por desapropriação indireta.

§2º, art. 182, CF: A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende
às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.
A CF remete o atendimento da função social da propriedade ao plano diretor.
Quando a CF trata da propriedade urbana, não especifica quais são os requisitos, ela
apenas prevê que a propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às
exigências do plano diretor, que é uma lei municipal.

SANÇÃO PARA O NÃO ATENDIMENTO DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE:


a) Propriedade rural: desapropriação por interesse social, para fins de reforma agrária,
pela União (art. 184, CF).
Art. 184, CF: Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de
reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante
prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do
valor real, resgatáveis no prazo de até 20 anos, a partir do segundo ano de sua emissão,
e cuja utilização será definida em lei.

b) Propriedade urbana: desapropriação pelo Município (Estatuto da Cidade: Lei nº


10.257/2001):
Art. 2º: A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das
funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes
gerais (...).
Art. 4º: Para os fins desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos: (...)
“a”: desapropriação.

EM SUMA: a desapropriação é um dos instrumentos utilizados como sanção para


aquelas propriedades que não cumprem a sua função social.
Desapropriação de propriedade rural: feita pela União.
Desapropriação de propriedade urbana: feita pelo Município.

O Estatuto da Cidade ainda prevê outra sanção para o não atendimento da


função social da propriedade urbana, a fim de se assegurar o cumprimento da função
social: progressividade das alíquotas para o IPTU.

SÚMULA 668/STF: É inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da


Emenda Constitucional 29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada
a assegurar o cumprimento da função social da propriedade urbana.
Dessa forma, antes da EC 29/2000, era possível a alíquota progressiva para IPTU
apenas para assegurar o cumprimento da função social da propriedade. Após essa data,
outras hipóteses podem ser criadas.

PROPRIEDADE PRIVADA:
Exercício de direito de propriedade: respeito aos direitos da coletividade (que
são indisponíveis).
Entre os direitos da coletividade, está aquele relativo ao meio ambiente, que
decorre do texto do art. 225, CF.
Art. 225, CF: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.
Art. 5º, CF: direito à vida. Interpretação conjunta do texto do art. 225, CF.

PRINCÍPIO OU REGRA DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE?


Princípio da função social da propriedade: Édis Milaré.
Não o enumeram como princípio: Paulo Affonso Leme Machado e Maria Luiza
Machado Granziera.
Toshio Mukai: inexistência de uma principiologia de Direito Ambiental.

Dr. entende que é princípio do direito civil, mas não do direito ambiental.
Embora seja um princípio e relevante para o meio ambiente, pois vincula a
função social da propriedade à necessidade e respeito ao meio ambiente, não é
específico do direito ambiental.

Art. 170, CF: A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e


na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames
da justiça social, observados os seguintes princípios:
III - função social da propriedade.

JUSTIFICATIVA PARA A INTERVENÇÃO NO DIREITO DE PROPRIEDADE, SOB A ÓTICA


AMBIENTAL:
2ª Lei da Termodinâmica: tendência da globalização da poluição (exemplo:
queimadas em lavouras de cana-de-açúcar).
Podem ser incluídas no raciocínio algumas outras formas de degradação.
Poluição transfronteiriça internacional: inexistência de poder de coação
(exemplo: contaminação da água na nascente do Rio Amazonas).
Entre defender o valor individual e defender o valor social, o direito brasileiro fez
uma opção clara: defendeu o valor social (AI 598.360.402, TJRS, 1998). O direito de
posse e propriedade existem e devem ser garantidos. Contudo, somente quando é
atendida a função social merecerão a garantia e a proteção.
CONCLUSÃO:
O direito à propriedade foi relativizado pela imposição do dever de usá-la
segundo os interesses do titular, mas sem que isso ofenda os da comunidade.
A função social é a compatibilização da propriedade privada com o interesse da
comunidade.
A proteção do meio ambiente ecologicamente equilibrado é dever, também, da
coletividade, e os seus membros deverão usar as suas propriedades com observância da
legislação ambiental, pois o meio ambiente é uno.

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