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Curso: Direito

Unidade: Ceilândia
Disciplina: Filosofia EAD
Professor supervisor: Leonardo Arêba Pinto
Tutor: Renan Lisboa
Aluno: Ulisses N O Silva
Matrícula: 201821182

A Teoria de Argumentação Jurídica de Robert Alexy e sua


contribuição sobre a discussão do aborto no Brasil.

Brasília/DF
A Teoria de Argumentação Jurídica de Robert Alexy e sua
contribuição sobre a discussão do aborto no Brasil.

Introdução:

A princípio vale ressaltar a importância do estudo da Teoria da Argumentação


Jurídica, tendo em vista suas consequências concomitantes aos princípios constantes
da Carta Magna, que são de igual hierarquia entre si, não podendo ser justapostos
um sobre os outros de qualquer maneira, havendo a necessidade de ponderação.

A Teoria da Argumentação Jurídica é explicada pelo jurídico filósofo Robert Alexy


em sua obra “A Teoria da Argumentação Jurídica”, e que de acordo com ele, o
discurso jurídico deve ser racional, sendo fundamental para que o Direito não seja
mero instrumento de poder, mas tornando sim, instrumento da vontade de uma
sociedade. Ademais, Alexy afirma que o Direito não é apenas um conjunto de normas
postas pelo Estado e seguido pela sociedade, mas é necessariamente a expressão
do que essa população entende como justo ou correto.

Ainda falando sobre a obra Teoria da Argumentação Jurídica, Alexy aponta


quatro motivos pelos quais a aplicação das normas não constitui um raciocínio
dedutivo. São elas: imprecisão da linguagem; à possibilidade de conflitos entre
as normas; a possibilidade de haver casos que requeiram uma regulamentação
jurídica, uma vez que não cabem em nenhuma norma válida existente e a
possibilidade, em casos especiais, de uma decisão contrária à literalidade da
norma.

O que é a Teoria da Argumentação de Robert Alexy?

Alexy, em sua teoria da Argumentação, busca a racionalização teórica para os


direitos fundamentais, tendo por finalidade a elaboração de uma metodologia capaz
de possibilitar o julgamento da fundamentação de uma decisão jurídica quanto à
racionalidade. Nesta teoria, Alexy, vem a oferecer uma teoria normativa da
argumentação, cuja composição se baseia em uma série de regras que definem o
procedimento que uma argumentação deve seguir para chegar a racionalização.
Essas regras devem ser aplicadas não apenas aos discursos jurídicos, mas também
aos práticos, como forma de servir como parâmetro de aferição da racionalidade.
Robert Alexy defende em sua teoria que as regras criadas da racionalidade teriam
validade objetiva e universal. Ele cria o que seria “uma sinopse e uma formulação
explícita de todas as regras e formas de argumentação prática racional”, onde formula
uma série de regras que definiriam o discurso racional prático. Abaixo tem-se quatro
delas:

 Nenhum orador pode se contradizer


 Todo orador só pode afirmar aquilo em crê.
 Todo orador que aplique um predicado F a um objeto A, tem de estar preparado
para aplicar F a todo outro objeto que seja semelhante a A em todos os
aspectos importantes
 Diferentes oradores não podem usar a mesma expressão com diferentes
significados.

As regras acima mencionadas definem que um discurso racional precisa ser


sempre sincero, baseado em uma linguagem que admita apenas uma interpretação e
pautado por uma consistência lógica.

Aplicação da Teoria da Argumentação de Alexy à discussão do


Aborto no Brasil

Robert Alexy reconhece em sua doutrina que a proporcionalidade não deve ser
entendida como um princípio, mas sim aplicada como uma regra, assim sendo, a
proporcionalidade deve ser sempre aplicada e seus elementos parciais devem sempre
ser satisfeitos, tendo sua não satisfação a consequência da ilegalidade.

Desta forma, por meio do princípio da proporcionalidade, é possível se indicar


qual o direito que na situação concreta está mais ameaçado de sofrer uma lesão mais
grave caso venha ceder frente a outro, devendo por isso prevalecer. Alexy, utiliza sua
teoria para criar uma suposta equação com intuito de avaliar os dois personagens da
situação do aborto, onde de um lado está a mulher que pode vir a perder seu direito
de autodeterminação e do outro o feto que perde seu direito a vida.
Nesse caso, ele atribuiu um valor a cada um dos elementos da sua equação e o
resultado foi favorável a prática do aborto.

Segundo Alexy, “A proibição completa do aborto seria uma interferência muito


maior e agressiva no princípio de autodeterminação da mulher do que permitir o aborto
até determinado período — na Alemanha é até a 12ª semana de gestação”.

A intensidade da interferência no princípio, explica Alexy, é em geral o elemento


da equação que define seu resultado.

O uso de ponderação é admitido por Alexy, com intuito de encontrar o melhor


resultado, comparando os princípios que estão em choque. Em relação ao aborto no
Brasil, é importante fazer uma observação sobre a autonomia feminina, para que se
logre segurança jurídica. É inevitável, garantir às mulheres brasileiras o direito à sua
sexualidade e reprodução, fazendo-se necessário a atualização da legislação em
relação a interrupção da gravidez.

Referências:

NADER, Paulo. Filosofia do Direito. 25ª edição. Rio de Janeiro: Ed. Forense, 2017 p.
249

A teoria da Argumentação de Alexy. Arcos. Disponível


em:<http://www.arcos.org.br/livros/hermeneutica-juridica/capitulo-viii-da-teoria-da-
interpretacao-a-teoria-da-argumentacao/7-a-teoria-da-argumentacao-de-
alexy>Acesso em: 11/03/2021

ALEXY, Robert. Teoria da argumentação jurídica. Tradução de Zilda Hutchinson


Schild Silva. 2. Ed. São Paulo: Landy, 2005, p. 280

Análise da decisão do STF relativa ao aborto de anencéfalo à luz das teorias do


direito. Ambito Jurídico. Disponível em:
<https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-constitucional/analise-da-decisao-do-
stf-relativa-ao-aborto-de-anencefalo-a-luz-das-teorias-do-direito/>. Acesso em:
13/03/2021
Robert Alexy explica método de resolver conflito entre princípios. Conjur.
Disponível em:<https://www.conjur.com.br/2016-jul-02/robert-alexy-explica-metodo-
resolver-conflito-entre-
principios#:~:text=Alexy%20aponta%20que%20no%20aborto,favor%C3%A1vel%20
a%20pr%C3%A1tica%20do%20aborto> Acesso em: 16/03/2021

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