Você está na página 1de 5

Centro Estadual de Ensino Profissional em Saúde – CEEPS

Escola Técnica do SUS - ETSUS

Capacitação saúde do idoso na estratégia saúde da família

Ulceras de pressão

Picos - PI, MARÇO DE 2011


Introdução

As úlceras de decúbito (úlceras de pressão, úlceras cutâneas) são


lesões cutâneas decorrentes de uma insuficiência do fluxo sangüíneo e da
irritação da pele localizada sobre uma proeminência óssea , nas zonas onde a
pele foi pressionada por uma cama, por uma cadeira de rodas, por um aparelho
gessado, por uma tala ou por outro objeto rígido durante um período
prolongado.

Causas

A pele possui um suprimento sangüíneo abundante que fornece oxigênio


a todas as suas camadas. Quando este suprimento sangüíneo é interrompido
por mais de 2 ou 3 horas, a pele morre, começando por sua camada mais
externa (a epiderme). Uma causa comum de redução do fluxo sangüíneo para
a pele é a pressão. O movimento normal faz a pressão variar e, dessa forma, a
circulação sangüínea não é interrompida durante um longo período. Uma
camada de gordura subcutânea, especialmente sobre as proeminências
ósseas, atua como um coxim para a pele e evita que os vasos sangüíneos
sejam comprimidos e obstruídos. Os indivíduos que não podem se mover
apresentam um risco maior de apresentar úlceras de decúbito. Esse grupo é
formado por indivíduos com paralisia, muito fracos ou submetidos a alguma
forma de contenção.

Também apresentam risco os indivíduos incapazes de sentir desconforto


ou dor, sinais que normalmente motivam os indivíduos a se moverem. As
lesões nervosas (devidas a uma lesão, a um acidente vascular cerebral, ao
diabetes ou a outras causas) diminuem a capacidade de sentir dor. O coma
também pode diminuir essa capacidade de percepção. Os indivíduos
desnutridos não possuem a camada protetora de gordura e a sua pele não
cicatriza adequadamente porque não possui os nutrientes essenciais. Esses
indivíduos também apresentam um maior risco de úlceras de decúbito.
Quando a pressão interrompe o fluxo sangüíneo, a área da pele privada
de oxigênio inicialmente torna- se vermelha e inflamada e, a seguir, ulcera.
Mesmo quando o fluxo sangüíneo encontra-se apenas parcialmente
interrompido, a fricção e outros tipos de lesão da camada externa da pele
podem causar a formação de úlceras. As vestimentas inadequadas, as roupas
de cama enrugadas ou o atrito dos calçados contra a pele podem contribuir
para a lesão cutânea. A exposição prolongada à umidade (freqüentemente
transpiração, urina ou fezes) pode lesar a superfície cutânea e possibilitar a
formação de úlceras de decúbito.

Sintomas

Na maioria dos indivíduos, as úlceras de decúbito causam alguma dor e


prurido. Nos indivíduos com a sensibilidade afetada, mesmos as úlceras
profundas e graves podem ser indolores. As úlceras de decúbito são
categorizadas por estágios. No estágio 1, ainda não existe a formação de uma
úlcera, a pele íntegra apresenta apenas hiperemia. No estágio 2, a pele
encontra-se hiperemiada e inflamada (freqüentemente com bolhas) e as
camadas superiores da pele começam a morrer.
No estágio 3, ocorre a formação da úlcera com exposição das camadas
mais profundas da pele. No estágio 4, a úlcera aprofunda se através da pele e
da camada de gordura, atingindo o tecido muscular. No estágio 5, o tecido
muscular em si é destruído. No estágio 6, o estágio mais profundo de uma
úlcera de decúbito, ocorre a exposição óssea, com o osso apresentando lesões
e, algumas vezes, infecção. Uma vez ocorrida a ruptura da pele, a infecção
torna-se um problema. A infecção retarda a cicatrização das úlceras rasas e
pode ser letal nas úlceras mais profundas.

Prevenção

As úlceras de decúbito são dolorosas e potencialmente letais. Elas


prolongam o tempo de internação em hospitais, asilos ou casas de repouso e
aumentam os custos do tratamento. A prevenção é prioridade máxima e as
úlceras de decúbito profundas quase sempre podem ser prevenidas com um
cuidado intensivo do paciente. A prevenção das úlceras de decúbito
freqüentemente envolve a participação de auxiliares de enfermagem e de
membros da família, além dos enfermeiros. Uma inspeção meticulosa diária da
pele de um indivíduo confinado ao leito pode detectar precocemente a
hiperemia.

Qualquer sinal de hiperemia indica a necessidade de uma ação imediata


para se evitar que ocorra a ruptura da pele. As proeminências ósseas podem
ser protegidas com materiais macios (p.ex., algodão e lã fofa). As camas, as
cadeiras e as cadeiras de rodas podem ser acolchoadas para reduzir a
pressão. Os indivíduos que não conseguem se mover devem ser mudados de
posição freqüentemente. A recomendação usual é a mudança de posição a
cada 2 horas e a manutenção da pele limpa e seca. Os indivíduos que passam
muito tempo ao leito podem utilizar colchões especiais (colchões de água ou de
ar). Para os indivíduos que já apresentam úlceras de decúbito em vários locais
do corpo, os colchões de ar ou os colchões de espuma do tipo caixa de ovos
podem diminuir a pressão e prover um maior alívio. Para aqueles que
apresentam úlceras de decúbito profundas, pode ser necessária a utilização de
um colchão com suspensão de ar.
Tratamento

O tratamento de uma úlcera de decúbito é muito mais difícil que a sua


prevenção. Felizmente, nos estágios iniciais, as úlceras de decúbito geralmente
cicatrizam por si após a pressão ser removida. A melhoria do estado geral de
saúde através da administração de suplementos protéicos e calóricos pode
ajudar a acelerar a cicatrização. Quando a pele se rompe, a proteção da
mesma com um curativo de gaze pode ajudar na cicatrização. A gaze revestida
de Teflon ou impregnada de vaselina apresenta a vantagem de não grudar na
lesão em processo de cicatrização. Para as úlceras mais profundas, curativos
especiais contendo um material gelatinoso podem favorecer o crescimento de
pele nova.

Quando a úlcera parece estar infectada ou é exsudativa, a lavagem


delicada com sabão ou o uso de desinfetantes (p.ex., povidona-iodo) pode
remover o material morto e infectado. No entanto, uma lavagem muito enérgica
retarda a cicatrização. Algumas vezes, o médico precisa remover (debridar) o
material morto com o auxílio de um bisturi. Alternativamente, podem ser
utilizados agentes químicos, mas o resultado produzido por eles geralmente
não é tão bom quanto o do debridamento com bisturi.

As úlceras de decúbito profundas são de difícil tratamento. Algumas


vezes, elas exigem o transplante de pele saudável para a zona lesada.
Infelizmente, esse tipo de cirurgia nem sempre é possível, sobretudo nos
indivíduos idosos, frágeis e desnutridos. Freqüentemente, quando ocorrem
infecções mais profundas em uma úlcera, antibióticos são administrados.
Quando os ossos localizados abaixo de uma úlcera são infectados, a
osteomielite (infecção óssea) é extremamente difícil de ser curada e pode
disseminar-se através da corrente sangüínea, exigindo muitas semanas de
tratamento com um antibiótico.

Você também pode gostar