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ROBÓTICA

Cleiton Silvano Goulart


Eletricidade básica I
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Identificar resistores e potenciômetros.


„„ Relacionar as grandezas corrente, tensão e resistência.
„„ Aplicar a Lei de Ohm em circuitos resistivos.

Introdução
Neste capítulo, você vai estudar os principais tipos de resistores e de po-
tenciômetros, além de ver para qual situação cada um é mais apropriado.
Também aprenderá sobre a Lei de Ohm — a qual se relaciona diretamente
à corrente elétrica —, a tensão e a resistência elétrica, conhecimentos
aplicados aos resistores. Por fim, você verá algumas formas de aplicar a
Lei de Ohm para circuitos resistivos.

Resistores e potenciômetros
Os resistores elétricos são componentes vastamente empregados em circuitos
elétricos e eletrônicos, com a finalidade fundamental de oferecer certa resis-
tência para a corrente elétrica (GUSSOW, 2009). São componentes simples
e muito versáteis, muitas vezes indispensáveis para o funcionamento desses
circuitos. Apesar de simples, estão disponíveis em uma grande variedade,
cada um voltado a uma aplicação e situação específicas.
Nesta seção, veremos os principais tipos de resistores, suas características,
aplicações e limitações. Também veremos os potenciômetros e os reostatos,
que nada mais são do que resistores cujo valor nominal pode ser alterado de
forma mecânica (movimentando um cursor, por exemplo) dentro de uma faixa
de valores. Por fim, discutiremos brevemente os resistores cujo valor nominal
pode ser alterado por meio da luz incidente e da variação de temperatura.
2 Eletricidade básica I

Resistores fixos
Os principais tipos de resistores fixos são os seguintes:

„„ resistor fixo de uso geral;


„„ resistor fixo de precisão;
„„ resistor fixo de potência;
„„ resistor fixo de superfície — SMD.

Os resistores fixos de uso geral, os de precisão e os de superfície são


empregados em circuitos eletrônicos diversos; já os de potência geralmente
são empregados em circuitos de grande porte e costumam ser montados em
radiadores de calor.
Os resistores de uso geral (Figura 1) são os mais comuns para uso em
eletrônica. Eles geralmente são fabricados com fio de carbono ou com filme
metálico, mas existem outras composições menos usuais. Além disso, estão
disponíveis em vários valores nominais de resistência elétrica. O valor nominal
desses resistores é indicado pelo código de cores que será descrito mais adiante.
É possível encontrar resistores de uso geral e até de precisão com capacidade
de dissipar até 5W de potência elétrica (RESISTOR GUIDE, 2019).

Figura 1. Resistores fixos de uso geral.


Fonte: Nor Gal/Shutterstock.com.
Eletricidade básica I 3

Os resistores de potência possuem valores diversos, que não foram padro-


nizados — é possível, inclusive, encontrar empresas que fabricam esse tipo
de resistor com valores sob encomenda. Seu valor nominal geralmente vem
escrito na sua carcaça. Os resistores de superfície são muito utilizados em
placas eletrônicas nas quais o espaço disponível é crítico; nesse caso, dizemos
que a densidade de componentes é um fator crítico. Em geral, essas placas são
fabricadas em série por meio de robôs. Placas de computadores, por exemplo,
normalmente são compostas por inúmeros desses resistores.
Na Figura 2 você pode ver a simbologia utilizada para resistores fixos e
variáveis.

(a) (b)

Figura 2. (a) Símbolos utilizados para resistores fixos; (b) símbolos utilizados para resistores
variáveis.
Fonte: Adaptada de Gussow (2009).

Potenciômetros e reostatos
Os potenciômetros e os reostatos são resistores com capacidade de alterar
seu valor de resistência de forma mecânica. Em outras palavras, tratam-se de
resistores variáveis, que se comportam como um divisor de tensão — veja
na Figura 2b os símbolos utilizados para representar os resistores variáveis.
4 Eletricidade básica I

Os potenciômetros podem ser rotativos ou lineares; podem ser de volta


simples (aproximadamente 270º) ou multivoltas (10, 15, ou 20 voltas); podem
ainda ter a resistência variável em intervalos lineares ou em intervalos loga-
rítmicos. A Figura 3 apresenta potenciômetros de uso geral.

Figura 3. Resistores variáveis mecanicamente: poten-


ciômetros de uso geral.
Fonte: Dmitry S. Gordienko/Shutterstock.com

O reostato é um potenciômetro geralmente utilizado para o trabalho com


grandes correntes elétricas. É fabricado com um fio resistor enrolado em
um material isolante e com um cursor metálico que desliza sobre esse fio
(RESISTOR GUIDE, 2019).
Existem ainda os trimpots, que são resistores em escala miniatura uti-
lizados diretamente em placas de circuito impresso, comumente usados
para o ajuste fino de algum circuito eletrônico. Os trimpots também estão
disponíveis em modelos de volta simples e modelos multivoltas (Figura 4).
Os modelos multivoltas são empregados em situações na qual é necessário
um ajuste fino e preciso da resistência — por exemplo, na calibração de um
circuito eletrônico.
Eletricidade básica I 5

Figura 4. Resistores em miniatura variáveis


mecanicamente: trimpot multivoltas.
Fonte: musofoto/Shutterstock.com.

Outros resistores
Além dos resistores fixos e dos resistores variáveis, existem ainda os resis-
tores que são variáveis mediante algum fenômeno físico. Os fotorresistores
(Figura 5), também conhecidos como LDR (light dependent resistor ou
resistor dependente de luz), têm uma resistência elétrica que depende
da intensidade de luz incidente sobre eles. Existem modelos sensíveis a
vários comprimentos de onda. Esse tipo de resistor é muito empregado em
fotocélulas, como as que fazem as lâmpadas dos postes acenderem quando
anoitece, por exemplo.
6 Eletricidade básica I

Figura 5. Resistores variáveis conforme fenô-


menos físicos: fotorresistor.
Fonte: Awe Inspiring Images/Shutterstock.com.

Já os termistores têm valor nominal dependente da temperatura em que se


encontram. Eles são utilizados para monitoramento de temperatura nos mais
diversos equipamentos eletrônicos. Eles possuem duas naturezas distintas:
os NTCs e os PTCs.
Os termistores tipo NTC (negative temperature coeficient ou coeficiente
de temperatura negativa) são modelos que apresentam um decréscimo da
resistência conforme ocorre o aumento da temperatura. Os termistores tipo
PTC (positive temperature coeficient ou coeficiente de temperatura positiva)
apresentam um comportamento contrário.

Valor nominal dos resistores


O valor nominal de um resistor é a sua resistência elétrica, que é dada a partir
do código de cores inscrito nas faixas de seu corpo. Tanto o valor nominal
quanto o código de cores para identificação do valor nominal do resistor são
padronizados internacionalmente pelo IEC (International Electrotechnical
Commission ou Comissão Eletrotécnica Internacional), por meio das normas
IEC 60062, para o código de cores, e IEC 60063, para os valores padrão
adotados pelos fabricantes desses componentes.
Eletricidade básica I 7

Os valores padrão dos resistores são divididos em 6 categorias, sendo as


séries E6, E12 e E24 normalmente indicadas como resistores de uso geral e as
séries E48, E96 e E192 normalmente indicadas para os resistores de precisão.
Veja no Quadro 1 a relação completa de valores padronizados para cada
série de valores. Ele apresenta apenas o valor nominal para década inicial de
valores, isto é, somente os valores que são multiplicados por 100. Entretanto,
é possível obter os valores para as outras décadas multiplicando por potências
de 10x onde x representa um número inteiro da década desejada, isto é, 0 para a
década inicial (resistências de 0 Ohms até 10 Ohms); 1 para a primeira década
(valores entre 10 Ohms e 1000 Ohms); e assim sucessivamente.

Quadro 1. Valores nominais de resistores padronizados pela norma IEC 60063

Série Tolerância Valores nominais

E6 20% 10, 15, 22, 33, 47, 68

E12 10% 10, 12, 15, 18, 22, 27, 33, 39, 47, 56, 68, 82

E24 1% 10, 11, 12, 13, 15, 16, 18, 20, 22, 24, 27, 30, 33,
5% 36, 39, 43, 47, 51, 56, 62, 68, 75, 82, 91

E48 2% 100, 105, 110, 115, 121, 127, 133, 140, 147, 154,
162, 169, 178, 187, 196, 205, 215, 226, 237, 249,
261, 274, 287, 301, 316, 332, 348, 365, 383, 402,
422, 442, 464, 487, 511, 536, 562, 590, 619,
649, 681, 715, 750, 787, 825, 866, 909, 953

E96 1% 100, 102, 105, 107, 110, 113, 115, 118, 121, 124, 127,
130, 133, 137, 140, 143, 147, 150, 154, 158, 162, 165,
169, 174, 178, 182, 187, 191, 196, 200, 205, 210, 215,
221, 226, 232, 237, 243, 249, 255, 261, 267, 274, 280,
287, 294, 301, 309, 316, 324, 332, 340, 348, 357, 365,
374, 383, 392, 402, 412, 422, 432, 442, 453, 464,
475, 487, 499, 511, 523, 536, 549, 562, 576, 590, 604,
619, 634, 649, 665, 681, 698, 715, 732, 750, 768,
787, 806, 825, 845, 866, 887, 909, 931, 953, 976
(Continua)
8 Eletricidade básica I

(Continuação)

Quadro 1. Valores nominais de resistores padronizados pela norma IEC 60063

Série Tolerância Valores nominais

E192 0,1% 100, 101, 102, 104, 105, 106, 107, 109, 110, 111, 113,
0,25% 114, 115, 117, 118, 120, 121, 123, 124, 126, 127, 129,
0,5% 130, 132, 133, 135, 137, 138, 140, 142, 143, 145, 147,
149, 150, 152, 154, 156, 158, 160, 162, 164, 165, 167,
169, 172, 174, 176, 178, 180, 182, 184, 187, 189, 191,
193, 196, 198, 200, 203, 205, 208, 210, 213, 215, 218,
221, 223, 226, 229, 232, 234, 237, 240, 243, 246,
249, 252, 255, 258, 261, 264, 267, 271, 274, 277, 280,
284, 287, 291, 294, 298, 301, 305, 309, 312, 316,
320, 324, 328, 332, 336, 340, 344, 348, 352, 357,
361, 365, 370, 374, 379, 383, 388, 392, 397, 402, 407,
412, 417, 422, 427, 432, 437, 442, 448, 453, 459, 464,
470, 475, 481, 487, 493, 499, 505, 511, 517, 523, 530,
536, 542, 549, 556, 562, 569, 576, 583, 590, 597,
604, 612, 619, 626, 634, 642, 649, 657, 665, 673, 681,
690, 698, 706, 715, 723, 732, 741, 750, 759, 768, 777,
787, 796, 806, 816, 825, 835, 845, 856, 866, 876,
887, 898, 909, 920, 931, 942, 953, 965, 976, 988

Fonte: Adaptado de Resistor Guide (2019).

Os resistores para uso geral e para precisão têm um código de cores que
indica seu valor nominal e sua tolerância para o valor nominal. Para as séries
E6, E12 e E24, esse código de cor tem quatro faixas (ou três em regime op-
cional para a série E6). Já para as séries E48, E96 e E192, os resistores têm
cinco ou seis faixas.
Nesse código, quando o resistor for indicado por até quatro faixas, as três
primeiras serão separadas da quarta faixa por um espaço, para indicar a ordem
de leitura. A última faixa a ser lida deve ser a que está separada pelo espaço.
Quando o resistor for indicado por cinco ou seis faixas, o espaço separa a
quarta da quinta faixa.
O valor nominal, conforme o padrão do Quadro 1, é indicado pelas duas
primeiras faixas, quando o resistor pertencer às séries E6, E12 e E24, e pelas
três primeiras faixas, quando ele for das outras séries. A faixa subsequente é
dita faixa multiplicadora, que representa a década de valor à qual o resistor
Eletricidade básica I 9

pertence. A última faixa, para resistores de até 5 faixas, indica a tolerância do


valor nominal — por exemplo, se o resistor for de 10 Ohms com uma tolerância
de 5% isso significa que seu valor deverá estar entre 10 Ohms 5%. A sexta
faixa, quando presente, faz com que a faixa de tolerância seja a quinta faixa,
para que a sexta faixa indique o coeficiente de temperatura do resistor, isto é,
a proporção na qual sua resistência irá variar em função da temperatura. Veja
no Quadro 2, qual o valor numérico que cada cor representa.

Quadro 2. Código de cores padronizado pela norma IEC 60063

Coef. de
Tolerância
Cor Valor Multiplicador temp.
(%)
(ppp/K)

Preto 0 ×100 — ×1 100

Marrom 1 ×10 — ×10


1
1 50

Vermelho 2 ×102 — ×100 2 15

Laranja 3 ×103 — ×1.000 25

Amarelo 4 ×104 — ×10.000

Verde 5 ×105 — ×100.000 0,5

Azul 6 ×10 — ×1.000.000


6
0,25 10

Violeta 7 ×107 — ×10.000.000 0,1 5

Cinza 8 ×10 — ×100.000.000


8
0,05

Branco 9 ×109 — ×1.000.000.000

Dourado ×10 −1 — ×0,1 5

Prateado ×10 −2 — ×0,01 10

Cor ausente 20

Fonte: Adaptado de Resistor Guide (2019).

Vejamos alguns exemplos.


10 Eletricidade básica I

Um resistor de quatro faixas nas seguintes cores: vermelho, amarelo,


marrom, dourado. Esse é um resistor de 240Ω ± 5% padronizado pela série
E24. Nesse caso, o vermelho e o amarelo indicam juntos 24, já o marrom
indica que esse valor deve ser multiplicado por 10, dando 240Ω. O dourado,
na última faixa, indica que o resistor deve ter uma tolerância de 5%, sendo
então o valor nominal de 240Ω ± 5%.
Um resistor de cinco faixas, cujo valor é de 2,49kΩ ± 1%, deve ser indicado
por vermelho, amarelo, branco, marrom, preto. O vermelho, o amarelo e o
branco indicam 249 no código de cores do Quadro 2. Já o marrom indica que
esse valor deve ser multiplicado por 10, resultando em 2490 Ohms, ou 2,49kΩ.
O preto, na última faixa, indica uma tolerância de 1%. Esse resistor pertence
à série E96 e já deve ser considerado um resistor de precisão.
Um resistor de seis faixas com as cores verde, azul, branco, prateado,
violeta e vermelho indica um resistor de 5,69Ω ± 0,1% 15ppm/K pertencente
à série de precisão E192. Nesse caso, a leitura do resistor deve ser feita na
ordem das cores. Como ele tem seis faixas, as três primeiras irão indicar o
valor nominal não multiplicado, isto é, as cores verde, azul e branco indicam,
respectivamente, 569Ω. Com a faixa multiplicadora (quarta faixa) temos a cor
prateada, que indica multiplicação por 0,01, resultando em um valor nominal
de 5,69Ω. Com a quinta faixa lemos a tolerância que, no caso da cor violeta,
deve ser 0,1%. Por último, temos a cor vermelha, que indica o coeficiente de
temperatura de 15ppp/K.

Resistores de superfície — SMD seguem um código de identificação diferente, porém


análogo ao código de cores. Se quiser conhecer mais sobre o código padrão de identi-
ficação desses resistores ou ainda encontrar mais informações sobre esse componente
essencial para a eletrônica, acesse a página (em inglês) disponível no link a seguir.

https://goo.gl/kqWMb9
Eletricidade básica I 11

Uma característica importante do resistor é a sua capacidade de dissipação


de potência, que geralmente não é inscrita em resistores identificados pelos
códigos demonstrados. Nesse caso, deve-se observar o tamanho e a especifi-
cação do fabricante do componente.

Outros modelos de resistores, quando seu valor nominal não é indicado pelo código
de cores, têm seu valor inscrito de alguma forma em seu corpo.

Corrente, tensão e resistência


A Figura 6 apresenta um circuito elétrico fechado. Nesse circuito, é possível
observar que uma fonte produz uma corrente elétrica que passa pelos condu-
tores, pelo resistor e pela chave de controle do circuito.

V R

Figura 6. Circuito elétrico fechado.


Fonte: Adaptado de Gussow (2009).
12 Eletricidade básica I

A corrente elétrica, a tensão medida sobre o resistor e a resistência elétrica


estão diretamente relacionadas pela Lei de Ohm, que pode ser expressa de três
formas diferentes, conforme as Equações 1, 2 e 3 (GUSSOW, 2009).

V = R · I (1)

V
I= (2)
R

V
R= (3)
I

Onde:
R = resistência elétrica do resistor
V = tensão medida diretamente sobre o resistor
I = corrente elétrica que passa pelo resistor

A Lei de Ohm ainda permite expressar a potência elétrica por meio da


relação expressa nas Equações 4, 5 e 6.

P = V · I (4)

V2
P= (5)
R

P = R · I2 (6)

Onde:
R = resistência elétrica do resistor
V = tensão medida diretamente sobre o resistor
I = corrente elétrica que passa pelo resistor
P = potência elétrica do resistor
Eletricidade básica I 13

Para que um resistor não venha a queimar a sua capacidade de dissipação


de potência, ele deve ser pelo menos o dobro da sua potência elétrica. Por
exemplo, se a potência calculada for 0,5W, então, o resistor deve ser capaz
de dissipar pelo menos 1W para que não venha a queimar (GUSSOW, 2009).
Quando temos um resistor em um circuito elétrico como o mostrado na
Figura 6, ele assume o papel de limitador de corrente. Conforme a Lei de
Ohm — reveja a Equação 2 —, a corrente elétrica desse circuito será tanto
menor quanto maior for a resistência aplicada. Esse tipo de circuito é muito
importante quando determinado elemento, como um LED, por exemplo, não
suporta uma corrente muito alta.

Aplicação a Lei de Ohm em circuitos resistivos


Aplicar a Lei de Ohm em um circuito resistivo se resume, na maioria das
vezes, a aplicar as Equações 1, 2, 3, 4, 5 e 6. Entretanto, quando temos
resistores associados em série, em paralelo, ou mesmo associações mistas,
devemos primeiro determinar um resistor equivalente para depois aplicar
a Lei de Ohm.
Vejamos agora um exemplo de como aplicar a Lei de Ohm quando temos
apenas um resistor no circuito resistivo.
Um chuveiro elétrico aquecido por resistência elétrica de fio tem uma
resistência elétrica de 24 Ohms. Se a instalação elétrica desse chuveiro for
com uma tensão de 220V, qual deve ser a corrente elétrica que passa pela
resistência e qual é a potência elétrica dessa resistência?
Aplicando a Lei de Ohm utilizando a Equação 2, temos que a corrente
elétrica que passa pela resistência é

V
I=
R
220V
≅ 9,17A
24Ω
14 Eletricidade básica I

Para determinar a potência, vamos usar a Lei de Ohm para potência, con-
forme as Equações 4, 5 ou 6 — aqui utilizaremos a Equação 5, em que

V2
P=
R
220V 2
≅ 2016W ≅ 2kW
24Ω

Resistores em série
Quando temos dois ou mais resistores ligados, conforme a Figura 7, dizemos
que eles estão associados em série. Nesse caso, a corrente elétrica que circula
por R1 é a mesma que circula por R2 e, por isso, para podermos aplicar a Lei de
Ohm nesse circuito, devemos primeiro imaginar que os dois resistores serão
substituídos por um resistor equivalente, cuja resistência total será Req = R1 +
R2. Ao fazermos essa substituição imaginária, o circuito da Figura 7 se torna
idêntico ao circuito da Figura 6, e a aplicação da Lei de Ohm se torna possível
conforme já foi demonstrado. A resistência equivalente para circuitos desse
tipo deve ser determinada de forma genérica conforme a Equação 7, na qual a
resistência equivalente é dada pelo somatório de cada resistência Rn em série
(GUSSOW, 2009).

Req = ∑ Rn (7)

R1 R2

Figura 7. Circuito elétrico fechado com resistores em série.


Fonte: Adaptada de Gussow (2009).
Eletricidade básica I 15

Considerando dois resistores em série, conforme ilustrado na Figura 7, conectados a


uma pilha de 6V e sabendo que R1 = 50Ω e que R2 = 750Ω, qual deve ser a corrente
elétrica que circula por esses resistores?
Para aplicarmos a Lei de Ohm nesse caso, devemos primeiro substituir os resistores R1
e R2 por um resistor equivalente Req, de forma que o circuito da Figura 7 fique idêntico
ao circuito da Figura 6. Para isso, vamos usar a Equação 7:

Req = ∑Rn

R1 + R2 = 50Ω + 750Ω

800 Ω

Sabendo que a resistência equivalente do circuito é 800Ω, podemos agora aplicar


a Lei de Ohm para determinar a corrente elétrica por meio da Equação 2:

V
I=
R

6V 6V
=
Req 800Ω

0,0075 A = 7,5mA

Quando temos apenas dois resistores em série, temos um circuito denomi-


nado divisor de tensão, na qual a tensão encontrada entre os dois resistores
é dada por

R2
V2 = V1
R1 + R2

conforme ilustrado pela Figura 8. Esse circuito é particularmente útil


quando se quer reduzir um nível de tensão utilizando componentes simples
e baratos. Ele representa o funcionamento do potenciômetro de 3 terminais,
o qual, internamente, comporta-se como um divisor de tensões, cuja razão
16 Eletricidade básica I

de divisão é alterada dinamicamente com o movimento mecânico do mesmo.


Conforme ilustra a Figura 9, um potenciômetro com 3 terminais é equivalente
em termos elétricos a dois resistores em série ligados como divisor de tensão
(GUSSOW, 2009).

R1

V1

R2 V2

Figura 8. Circuito divisor de tensão.


Fonte: Adaptado de Gussow (2009).

a b c b
Ra Rb
a c

Figura 9. Equivalência de potenciômetro como resistências em série.


Eletricidade básica I 17

Resistores em paralelo
Uma associação de resistores em paralelo ocorre quando a corrente elétrica que
passa por eles precisa se dividir, como a bifurcação de um caminho, conforme
ilustrado na Figura 10. Nesse caso, a grandeza que é comum aos resistores em
paralelo é a queda de tensão entre cada um deles.

V R1 R2

Figura 10. Exemplo de circuito com resistores associados em paralelo.


Fonte: Adaptado de Gussow (2009).

Para podermos aplicar a Lei de Ohm, devemos usar a mesma abordagem


empregada para ligações em série, porém aqui a resistência equivalente é
calculada de acordo com a Equação 8, na qual o inverso da resistência equi-
valente é igual ao somatório do inverso de cada uma das resistências Rn que
estiverem em paralelo (GUSSOW, 2009).

1 1
= ∑ (8)
Req Rn

Para o caso da Figura 9, podemos simplificar a Equação 8, obtendo assim


a Equação 9, que pode ser usada sempre que tivermos apenas dois resistores
em paralelo — essa relação é conhecida como regra do produto pela soma. Já
quando tivermos n resistores em paralelo com valores nominais iguais, pode-
mos simplificar a Equação 8 obtendo assim a Equação 10, onde R representa
18 Eletricidade básica I

o valor nominal das resistências em paralelo e n o número de componentes


conectados (GUSSOW, 2009).
R1 · R2
Req = (9)
R1 + R2

R
Req = n (10)

Se um circuito com dois resistores for associado conforme ilustrado na Figura 10, em
que R1 = R2 = 100Ω está ligado a uma bateria de 12V, qual deve ser a corrente que a
bateria terá de disponibilizar para os resistores?
Para solucionar esse problema, devemos substituir os resistores que estão em paralelo
por um resistor equivalente. A forma genérica de determinar o resistor equivalente
é por meio da Equação 8, porém, como temos apenas dois resistores em paralelo,
podemos usar também a regra do produto pela soma, conforme a Equação 9. Mas
os resistores são todos iguais, o que também permite que utilizemos a Equação 10.
Vamos conferir se as três equações fornecem o mesmo resultado:
A resistência equivalente Req segundo a equação genérica 8:

1 =∑ 1
Req Rn

1 1 1 1
+ = +
R1 R2 100Ω 100Ω

1
0,01 + 0,01 → Req = Ω = 50Ω
0,02

A resistência equivalente Req segundo a regra do produto pela soma, conforme


Equação 9:

R1 · R2
Req =
R1 + R2

100Ω · 100Ω
100Ω + 100Ω
10000Ω
= 50Ω
200Ω
Eletricidade básica I 19

A resistência equivalente Req segundo a regra simplificada para resistores iguais da


Equação 10:

R
Req =
n

100Ω
= 50Ω
2

Como foi demonstrado, cada uma das relações, forneceram a mesma Req = 50Ω.
Agora podemos aplicar a Lei de Ohm por meio da relação descrita na Equação 7
para obter a corrente elétrica que a bateria irá fornecer:

V
I=
R
12V 12V
=
Req 50Ω

0,24 A = 240 mA

Quando em um circuito elétrico aparecerem circuitos com resistores em série e em


paralelo ao mesmo tempo, vá substituindo cada associação por resistores equivalentes
até obter a corrente total do circuito.

GUSSOW, M. Eletricidade básica. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. (Coleção Schaum).
RESISTOR GUIDE. [S. l.], 2019. Disponível em: http://www.resistorguide.com/. Acesso
em: 5 abr. 2019.

Leituras recomendadas
BALBINOT, A.; BRUSAMARELLO, V. J. Instrumentação e fundamentos de medidas. 2. ed.
Rio de Janeiro: LTC, 2010. v. 1.
20 Eletricidade básica I

BALBINOT, A.; BRUSAMARELLO, V. J. Instrumentação e fundamentos de medidas. 2. ed.


Rio de Janeiro: LTC, 2010. v. 2.
BOLTON, W. Mecatrônica. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010.
FOWLER, R. Fundamentos de eletricidade: corrente contínua e magnetismo. 7. ed. Porto
Alegre: Bookman, 2013. (Série Tekne). v. 1.

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