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O filme comercial hollywoodiano Saber Humano n.

2 | Junho 2012

O filme comercial hollywoodiano como


fonte para a História

Eduardo José Afonso


Faculdades Oswaldo Cruz-SP
Universidade de São Paulo (USP)
tchorla@gmail.com

Resumo: Interessa-nos, neste trabalho, tomar o cinema comercial norte-americano,


aquele produzido em série por Hollywood, como elemento primordial no
desempenho da função, daquilo que alguns teóricos conceituam como “aparelho
ideológico de Estado”. São esses filmes que denunciam, cada um em seu momento
histórico, como a indústria cultural norte-americana vende, não só o american way of
life, mas uma política oficial estadunidense para o mundo. A análise da estrutura dos
filmes “O Advogado do Diabo” e “Avatar” nos dá subsídios para encontrar
elementos como fontes para a História do pensamento norte-americano e para avaliar
como esse pensamento influencia a visão de mundo de outras nações.
Palavras-chave: filme comercial hollywoodiano; alienação; american way of live;
ideologia; política externa norte-americana. 60
Abstract: This work aim to show how the comercial Hollywoodian films are
connected with, what the schollars named as “Ideologic State Apparatus”. These
films, in each historical period, show us how the american cultural industry, sell us
not only the american way of life but an official American polititic to the world. The
analysis of the structure of these films “The Devil`s Advocate” and “Avatar” give us
keys to find elements as sources to understand the histoy of the american way of
thinking and to evaluate how this way of thinking influence the other countries in
the world.
Keywords: comercial hollywoodian films; alienation; american way of life;
ideology; american foreign policy.

Trabalho apresentado anteriormente no XXVI Simpósio Nacional de História-ANPUH – 50


anos, São Paulo-SP, 17 a 22 de julho de 2011, Universidade de São Paulo (USP), Cidade
Universitária. Seminário temático – 024, área temática “Cinema-história e razão sensível –
Problematizar fidedignidade, verossimilhança, objetividade e transdisciplinaridade”. Website:
http://www.snh2011.anpuh.org/simposio/programacao?ID_SIMPOSIO=522

1 Introdução comportamento social de uma dada ordem


socioeconômica.
Desde a Antiguidade os contos, Mesmo antes da indústria cultural
lendas e fábulas ilustram o imaginário estar estabelecida os “contos de fadas” já
popular. Das fábulas de Esopo aos contos faziam parte, principalmente, das noites
dos Irmãos Grimm, essas estórias – ou das crianças. Eram bem propedêuticos. A
histórias? – cumprem uma função social, Vovó contava as histórias edificantes,
referendando os valores e o como nos mostra Paulo Leminsky:

AFONSO, Eduardo José. O filme comercial hollywoodiano como fonte para a História. Revista Saber
Humano, Recanto Maestro, n. 2, p. 60-70, 2012.
O filme comercial hollywoodiano Saber Humano n. 2 | Junho 2012

Narrando e interpretando aquelas o mapa do mecanismo de manutenção -,


historinhas inverossímeis, vovó estava gostaria de iniciar este artigo fazendo
realizando um trabalho social de
primeiríssima importância, no quadro da
referências a reflexões de teóricos e
sua sociedade. Está passando os valores estudiosos do assunto como Louis
daquela sociedade. Legitimando as Althusser, José de Souza Martins, Michel
divisões de papéis‚ explicando-as e Foucault, Marc Ferro, Ariel Dorfmann,
justificando miticamente as Umberto Eco entre outros.
desigualdades. Vovó e suas historinhas é
um aparelho ideológico do Estado,
Quando se parte para uma análise
encarregada, sem saber, de estruturar a atenta do discurso presente,
cabeça das crianças do jeito que convém a subliminarmente, em um filme, por
uma sociedade dada31. exemplo, sempre surge o espanto. Então,
eles pensaram tudo isto para fazer o filme?
Com o advento da indústria cultural Minha resposta, quando trabalho este tema
vovó perdeu sua função. Esta foi com meus alunos, é sempre a mesma:
substituída pelos meios de comunicação. Estamos diante do modo capitalista de
Primeiro os jornais e revistas, depois o pensar. O autor de uma história como a do
rádio e o cinema. Ultimamente a TV e a “super homem”, por exemplo, nunca pensa
internet. na estrutura e na forma de atingir seus
Interessa-nos, neste trabalho, tomar espectadores de maneira a levá-los à
o cinema comercial norte-americano, alienação e a negação de sua função crítica
aquele produzido em série por Hollywood, diante dos fatos. Ele escreve e insere os
como elemento primordial de análise no ingredientes na história porque o universo
desempenho da função que Leminsky em que vive permite a reprodução desta
chamou de “aparelho ideológico de receita.
Estado”32. São esses filmes que 61
Como destaca o Prof. José de
denunciam – cada um em seu momento Souza Martins “o modo capitalista de
histórico – como a indústria cultural norte- pensar, enquanto modo de produção de
americana vende, não só o american way idéias marca tanto o senso comum quanto
of life, mas uma política oficial o conhecimento científico (...), não se
estadunidense para o mundo. refere estritamente ao modo como pensa o
Tomaremos como base de capitalista, mas o modo de pensar
apreciação dois filmes comerciais33 da necessário à reprodução do capitalismo, à
“fábrica de sonhos” de Hollywood. O reelaboração das suas bases de sustentação
primeiro “Advogado do Diabo” do ano de – ideológicas e sociais” (MARTINS, 1980,
1997 e o segundo “Avatar” de 2009. Antes p. XI). Acrescenta, ainda, que o modo
do exame crítico dos filmes, da apreciação capitalista de pensar é a mediação entre
de seu discurso – onde pretendo levantar as produção e reprodução da alienação, que
unidades ideo-pedagógicas34 para construir submete o não capitalista “invertendo o
sentido do mundo e dando uma direção
31 conservadora e reacionária à ação que
Artigo Folha de São Paulo, LEMINSKY, Paulo.
“Pelos poderes de Greyscull” Especial para a FSP deveria construir a sociedade
07/09/1986. transformada, desvinculando e
32
ALTHUSSER, Louis. Aparelhos Ideológicos de contrapondo entre si o saber e a prática”
Estado. Rio de Janeiro: Graal, 1976. (MARTINS, 1980, p. XII).
33
De onde se pode extrair o que chamaria de Umberto Eco em seu trabalho
mecanismo de manutenção da hegemonia norte-
americana no Hemisfério Ocidental. Apocalípticos e Integrados ilustra esta
34
Segundo Paulo Leminsky uma unidade ideo- relação destacada por Martins em sua
pedagógica é composta por um conjunto de
“detalhes de uma fábula que passam um valor, comportamento desejável e conveniente a uma
legitimam uma estrutura existente, referendam um dada ordem social”.

AFONSO, Eduardo José. O filme comercial hollywoodiano como fonte para a História. Revista Saber
Humano, Recanto Maestro, n. 2, p. 60-70, 2012.
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análise das histórias em quadrinhos do Por que os homens desconhecem


Super Homem. Em o Mito do Superman, que são os criadores da sociedade, da
Eco destaca: política, da cultura e agentes da História?
Justamente porque desconhecem a práxis
Uma imagem simbólica de particular que é a ação sociopolítica e histórica. O
interesse é a do Superman. O herói desconhecimento da práxis se dá devido ao
provido de poderes superiores aos do
homem comum é uma constante da
trabalho alienado.
imaginação popular. (...) Freqüentemente, Como a condição humana de
a virtude do herói se humaniza, e os seus pensar e por em prática seu pensamento
poderes, mais que sobrenaturais, são a alta através da ação foi roubada dele, pela
realização de um poder natural, a astúcia, divisão do trabalho e pela produção em
a velocidade, a habilidade bélica, e
mesmo a inteligência silogisticizante e o
linha de montagem, este perdeu a
puro espírito de observação, como consciência de si e não reconhece sua
acontece em Sherlock Holmes. Mas numa relação com os outros homens e o
sociedade particularmente nivelada, em resultado dessa relação. O homem tornou-
que as perturbações psicológicas, as se um ser fendido, um ser que não se
frustrações, os complexos de inferioridade
estão na ordem do dia; numa sociedade
reconhece no que faz, porque somente
industrial, onde o homem se torna número executa, não pensa para executar. A
no âmbito de uma organização que decide sociedade assim organizada, de acordo
por ele, onde a força individual, se não com o interesse do capital, separa os que
exercitada na atividade esportiva, pensam dos que executam. Muito
permanece humilhada diante da força da
máquina que age pelo homem e determina
eficientemente gera alienação, porque os
os movimentos mesmos do homem – que pensam não executam e os que
numa sociedade de tal tipo, o herói executam não pensam.
positivo deve encarnar, além de todo 62
Dentro deste contexto
limite pensável, as exigências de poder encontraremos, então, elementos como o
que o cidadão comum nutre e não pode
satisfazer (...) O Superman é o mito típico
Rádio, o Cinema, a TV e a Internet, sem
de tal gênero de leitores (ECO, 2001, p. falar num sem números de outras conexões
246-47). que surgem neste mundo globalizado da
informação, que cumprem uma função
Como deixa claro Eco, ao buscar importante dentro da dinâmica da
fora de si explicações para a sua realidade reprodução do capital.
o leitor35 “educado” se identifica com um Estas questões teóricas, no entanto,
ser superior dotado de todas as qualidades somente ganham sentido como defende
que julga as melhores: inteligência, Martins, quando se “submete o
vontade livre, bondade, justiça, beleza. conhecimento a uma crítica fecunda. E só a
Esta ação é típica de uma sociedade História tem condições de fecundá-lo. Só o
alienada. Alienus, do latim significa compromisso com a transformação da
“outro”. Na medida em que procuro no sociedade pode revolucionar o
outro uma capacidade que se realizaria em conhecimento” (MARTINS, 1980, p.
mim como sujeito de transformação estou XIII). Para tanto a reflexão crítica recoloca
diante de uma condição apontada por em seu lugar aquele que cumprindo um
Feuerbach e que ganhou em Marx36 razões papel de “hospedeiro-objeto”37, de coisa
mais claras, ou seja, estou diante da passiva, retoma sua condição de sujeito.
alienação social.
37
Conceito desenvolvido por Martins em seu
35
Ou no nosso caso o espectador do filme. artigo 1o. “Tio Patinhas no centro do Universo” no
36
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. L’Ideologie livro MARTINS, José de Souza. Sobre o Modo
Allemande. Theses sur Feuerbach. Paris: Editions Capitalista de Pensar. 2. ed. Série Linha de
Sociales,1968. Frente. São Paulo: Hucitec, 1980.

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Humano, Recanto Maestro, n. 2, p. 60-70, 2012.
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2 O Filme como História Cumprindo aquilo que Ferro aponta


como a segunda tarefa do historiador, ou
Como destaca Marc Ferro “assim seja, o confronto de diferentes discursos da
como todo produto cultural, toda ação História, a fim de descobrir uma realidade
política, toda indústria, todo filme tem uma não visível – e desnudando o uso do
história que é História” (FERRO, 1992, p. cinema pelo poder político como aparelho
17). Esta afirmação corrobora o que já ideológico de estado -, tomo as duas
defendi na introdução deste artigo. fontes-filmes para fazer cumprir esta
Estaremos, se tomarmos o filme como função.
elemento de análise, se o A festa do Oscar, não deve ser vista
problematizarmos como fonte, cumprindo como a festa do cinema e sim como a do
o primeiro dever do historiador, nas capital. Apesar dos quesitos analisados em
palavras de Ferro, ou seja, “restituindo à cada filme como melhor diretor, melhor
sociedade a História da qual os aparelhos fotografia, melhor trilha sonora, melhor
institucionais a despossuíram (...), ator coadjuvantes, etc. O que se julga
ajudando a sociedade a tomar consciência mesmo é a mensagem que se quer
dessa mistificação” (FERRO, 1992, p. 76- transmitir num determinado momento
77). político/econômico e o quanto isto vai
Como sabemos o cinema quase render à indústria cinematográfica38.
imediatamente após sua invenção, devido a Portanto, parto deste pressuposto para
seu grande potencial de comunicação, tem analisar essas duas produções
servido ao poder em determinadas hollywoodianas, “O Advogado do Diabo”
sociedades como um instrumento que e “Avatar”. Comecemos pelo filme “O
desempenha função primordial a seus Advogado do Diabo”.
63
serviços. Vimos entre os soviéticos, com O filme mostra a história de um
Eisenstein, no Período Stalinista, com Leni advogado Kevin Lomax (Keanu Reeves)
Riefensthal, na Alemanha Nazista, e com que é um promissor profissional do
Walt Disney, na política da Boa- Direito, de uma cidade americana na
Vizinhança de Roosevelt. “As autoridades, Flórida e que está no ponto mais alto de
sejam as representativas do Capital, dos sua carreira. É querido pelos amigos e
Sovietes ou da Burocracia, desejam tornar amado pela esposa Mary Ann (Charlize
submisso o cinema” (FERRO, 1992, p. Theron). É um exemplo perfeito, um ícone
14). do American Way of Life.
Mesmo entre aqueles cineastas que Kevin, como bom profissional que
tentam uma certa liberdade de ação em é, uma vez contratado para defender um
Hollywood, por exemplo, ainda assim, cliente, cumpre sua função, sem levar
sabemos que consciente ou muito em conta a veracidade das provas
inconscientemente deixam transparecer apresentadas39. Como quase nunca perde
seu compromisso com uma causa ou uma uma causa, sua atuação o leva a receber
ideologia. E não é só isto, como afirma convites quando festeja causas ganhas.
Ferro o filme tem uma história e é História. Durante uma dessas festas nosso
O compromisso não se dá apenas ao nível protagonista recebe um convite para
ideológico, existem outros níveis que
38
pesam sobre a produção cinematográfica. Sabemos que o cinema, ainda ocupa uma
O econômico, o político e o hierárquico, posição de destaque dentro da economia norte-
americana, apesar do papel da China hoje no
por exemplo. mundo, em termos econômicos, quando se diz que
este país já ultrapassou os Estados Unidos como
grande produtor industrial.
39
O primeiro julgamento do filme mostra Kevin
defendendo um professor de matemática pedófilo.

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Humano, Recanto Maestro, n. 2, p. 60-70, 2012.
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trabalhar em Nova York na empresa preço é a entrega da alma a Satanás. São as


“Milton Shadwick Waters’” de Jonh chamadas “barganhas com Satã”.
Milton (Al Pacino), um poderoso Ainda segundo a opinião de
advogado da Big Apple. O convite parece comentaristas – por ocasião da estreia do
tentador o que faz Kevin mudar-se para a filme – quando este chegasse ao final o
grande cidade, onde passa a viver com a espectador teria a impressão que
esposa num mundo de glamour, fama e presenciou uma aula sobre a natureza
riqueza. A vida desse advogado da Flórida humana. E perceberia que realmente é
muda radicalmente. Mora em um impossível ficar indiferente ao filme. E
apartamento espaçoso e confortável, é isso já seria, com certeza, um bom motivo
convidado para festas da sociedade nova- para assisti-lo.
iorquina e tem-nos mais ricos clientes, Muitas cenas do filme fazem alusão
grandes empresários de Manhattan. Nosso a passagens da Bíblia40 e de maneiras
personagem logo descobre que está diferentes apresentam sempre a luta do
entrando num mundo de corrupção e que bem contra o mal, do caminho correto
seus casos, no novo escritório, exigem dele versus o incorreto. Questões sobre retidão
que defenda a pior escória da humanidade. da Justiça e do Direito, da Ética e da Moral
Reconhece, também, que seu chefe é o compõem o enredo do filme de maneira
mais diabólico dos advogados do país. magistral e reproduzem o ideal do
Enquanto Kevin mergulha em seu Calvinismo. Nem todos terão a salvação
trabalho, tentando provar que é um bom da alma, somente os predestinados que
profissional, mesmo defendendo um serão reconhecidos por terem gerado, com
assassino, sua vida particular entra em seu trabalho honesto, riqueza e bem estar.
colapso. Sua esposa passa a ter visões Tomemos como base, então,
64
demoníacas, sozinha no grande alguns parâmetros que nos poderão ajudar
apartamento. Nas festas em que comparece a problematizar questões apresentadas no
com o esposo não recebe a atenção devida filme e inseri-las no momento histórico em
de seu par o que a leva a apresentar surtos que o mesmo foi lançado, a fim de
psicóticos e a abominar toda aquela vida. caracterizarmos esta fonte/filme como um
Sua mãe, uma protestante radical, visita-o elemento dos “Aparelhos Ideológicos de
na cidade e aponta desvios em sua carreira Estado”.
ligados a sua má conduta. Alerta-o sobre Como sabemos, apesar de existirem
os perigos do mal. muitos partidos nos Estados Unidos, a
Sua ganância e soberbia o leva a maioria deles quase não tem
perder a esposa – que se suicida – e sua representatividade porque o cenário
carreira – que termina, também, com seu político é dominado pelas duas históricas
suicídio – diante da tentação da figura de agremiações partidárias: O Partido
seu chefe que personifica o diabo. Republicano e o Democrata. Se o jogo
O filme é tenso, é eletrizante eleitoral é baseado em regras democráticas,
assustador e prende o espectador. Segundo é preciso, entender, também que essas
comentaristas da época é um filme regras estão ligadas a determinados
reflexivo. Evoca discussões antigas do interesses econômicos num determinado
caráter do ser humano como livre arbítrio, tempo. Isto é primordial para que
vaidade, cobiça e desonestidade. É um
filme que choca, faz o espectador parar
para pensar no que acabou de ver. Mostra 40
Como aquela em que Kevin vai ao escritório de
que na vida onde o luxo, volúpias e John Milton e ele lhe mostra todo o mundo
prazeres são conquistados com muita fazendo alusão à tentação de Cristo dos
facilidade o preço costuma ser alto. Este evangelhos. “Tudo isto te darei se prostrado me
adorares”.

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Humano, Recanto Maestro, n. 2, p. 60-70, 2012.
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entendamos os caminhos da política pelo presidente levava-o a um processo de


estadunidense. impeachment.
O governo Reagan41 - Ronaldo Como já tivemos oportunidade de
Reagan era Republicano – que apontar, o cinema, em muitas ocasiões,
caracterizou-se pela “luta contra o cumpriu e cumpre o papel de defesa de
comunismo” e apoio ao neo-liberalismo, alguns interesses. É nesse contexto, nesse
não foi suficientemente eficaz para fazer mesmo momento, em que Clinton
com que os Estados Unidos recuperasse o desafiava a justiça norte-americana
seu prestígio no mundo depois da derrota mentindo sobre sua relação com Monica,
na guerra do Vietnã. Sua política que foi que estreia o filme “O Advogado do
completada por George H.W. Bush que Diabo”. Filme que discute a retidão da
deixou para os norte-americanos uma Justiça – o Direito pode levar você a
herança a reganomics, caracterizada pelo qualquer lugar, desde que você saiba para
aumento do desemprego e a concentração onde está indo42 - e os caminhos do Bem e
de renda para atender as parcelas mais do Mal. Colocava-se em discussão, através
ricas da sociedade americana, além da de um filme, um assunto que interessava
desmontagem do Welfare State. evidenciar naquele momento.
O Partido Democrata, diante do Não temos subsídios para afirmar
desgaste do plano Reagan, conseguiu que tanto o escândalo – Monica Lewinsky
eleger o sucessor de Bush em 1993, Bill – quanto à coincidência da estreia do filme
Clinton. Começava, aí, um novo modelo estariam relacionados necessariamente a
político, que seria copiado pelo mundo e um esquema onde o cinema teria seu lugar
que passaria a interessar ao neo- na derrubada de Clinton. Estratégia usada
liberalismo, a reeleição. Ocorre que esse para que outro grupo político pudesse
65
modelo foi combatido pelos grupos assumir seu posto. O que sabemos é que
políticos que estavam preocupados, como outro grupo tinha um projeto diferente para
no segundo império brasileiro, com o “salvar” a economia norte-americana.
revezamento do cargo de presidente da O que se seguiu ao escândalo
República Americana. Monica Lewinsky foi a continuidade do
No final do primeiro mandato de governo Clinton e a não realização do
Clinton – que foi bem recebido pela impeachment. O que vimos, no entanto, é
população norte-americana, pois este que no final de seu segundo mandato, seu
conseguiu só no seu primeiro ano de vice-presidente Al Gore, que defendia a
governo fazer com que a economia mesma política de Clinton, aquela baseada
crescesse 4%, aumentando a expectativa de na “coexistência pacífica” com
emprego, controlando a inflação e preservação do meio ambiente, não
contendo gastos públicos – sua posição conseguiu vencer as eleições. Fato,
como presidente dos EUA foi colocada em inclusive, discutido pela imprensa mundial,
cheque. O final de 1997 foi um ano quando da recontagem dos votos em
conturbado para Clinton, pois a imprensa estados norte-americanos que acabaram
norte-americana noticiava com muito dando vitória a George W. Bush, cuja
alarde o depoimento de Monica Lewinsky, política era a da beligerância e que também
estagiária da Casa Branca que admitia, em não salvou a economia norte-americana.
juízo, ter mantido relações sexuais com o Apesar de não ter sido um filme de
presidente, não por uma, mas por várias grande bilheteria nos EUA, ele cumpriu
vezes. Esse escândalo, que foi desmentido seu papel. O de procurar mostrar, tanto ao
cidadão norte-americano, quanto ao do
41
Primeiro presidente, depois de Franklin Delano
42
Roosevelt, a ser reeleito por dois mandatos Mensagem do dialogo final entre o Diabo (Al
consecutivos. Governou os EUA de 1981 a 1989. Pacino) e Kevin (Keanu Reeves).

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resto do mundo, que nos EUA – seja qual Esses símbolos assim como o filme
fosse o destino de Clinton – a justiça é em si, representam papel importante em
correta, está do lado do bem, apesar termos ideológicos, dentro daquele
daqueles que trilham caminhos escusos ou contexto histórico.
errados, como o personagem do filme. O levantamento desses elementos
Como sempre há uma esperança de apresentados no filme e que fazem sentido
que o bem vença o mal – o arrependimento dentro daquele período histórico, nos
é um instrumento de salvação dentro da comprovam que o filme, mesmo aquele
cultura Judaico-cristã – o final do filme que nos parece menos inofensivo, se
mostra que o advogado em seu primeiro apresenta para nós, sempre, como uma
julgamento – do professor de matemática – fonte histórica importante.
quando pede ao juiz um intervalo e vai ao Tomemos, como mais um exemplo,
banheiro, esteve lá sempre pensando em do filme como fonte, a película “Avatar”.
seu ato – e teria sonhado tudo, ou renegado Apresento, aqui, sinopse do filme
seu caminho “errado” – e resolveu ficar de acordo com as versões apresentadas na
com o bem e com o amor, do lado correto internet, para depois, analisar, tanto a
da Justiça, afastando-se do caso. construção do discurso dessa sinopse
A ideia da retidão da Justiça é quanto dos elementos presentes no filme.
referendada pelo quadro que aparece no “No ano 2154 d.C., a corporativa
primeiro julgamento feito na cidade de humana RDA explora minério em Pandora,
Nova York, no filme. Uma justiça que não uma das luas de Polifemo, um dos três
precisa de vendas e que sustenta a balança gigantes gasosos fictícios orbitando Alpha
e o globo com a cruz – que representa o Centauri, a 4,4 anos-luz da Terra. Os
poder temporal abençoado por Deus – humanos têm o objetivo de explorar em
66
ladeada por dois querubins ou crianças, Pandora as reservas de um precioso
que representam, também, a pureza e que minério chamado Unobtainium. Parker
seguram, de um lado a espada e do outro a Selfridge (Giovanni Ribisi), chefe da
venda dos olhos. É importante que operação mineradora, emprega ex-soldados
reparemos que a justiça, além de estar e ex-fuzileiros como mercenários.
trajada com uma túnica branca – sinal de Pandora é habitado por uma espécie
pureza – tem sobre seus ombros a bandeira de humanóides chamada Na’vi. Medindo
dos EUA. quase 3 metros de altura, com cauda, ossos
Outro quadro que aparece na naturalmente reforçados com fibra de
mesma cena é o das “Moiras”, as três carbono e pelo bioluminescente, os Na’vi
irmãs que determinavam o destino dos vivem em harmonia com a natureza e são
humanos. Essas três mulheres, descritas considerados primitivos pelos humanos.
pelos poetas como feias e de unhas Eles veneram uma deusa chamada Eywa.
grandes, eram responsáveis por fabricar, Os humanos não são capazes de respirar na
tecer e cortar aquilo que seria o fio da vida atmosfera de Pandora, que é rica em
de todos os indivíduos. Segundo a dióxido de carbono, metano e amônia.
mitologia grega, durante seu trabalho, as Além disso, não têm uma convivência
moiras fazem uso da Roda da Fortuna, pacífica com os Na’vi por não entenderem
instrumento utilizado para tecer os fios. sua cultura de venerar a natureza.
As voltas da roda podem distribuir o fio – Os pesquisadores humanos
que representa a vida do indivíduo – em coordenados por Dra. Grace Augustine
sua parte mais privilegiada (o topo) ou em (Sigourney Weaver) criaram o Programa
sua parte menos desejável (o fundo). Isto, Avatar, híbridos humano-Na’vi
para os gregos explicaria os altos e baixos geneticamente modificados. Um humano
da vida de cada um. que compartilhe material genético com um

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Avatar é mentalmente ligado e pode se Trudy Chacon (Michelle Rodriguez),


conectar através de conexões neurais que revoltada com as ações recentes, os liberta.
permitem o controle do corpo do Avatar. Na fuga, Grace é baleada por Quaritch.
Jake Sully (Sam Worthington) é um ex- Com Grace morrendo, Jake resolve pedir
fuzileiro paraplégico, que vai para Pandora ajuda aos Omaticaya. Após domar o
querendo dinheiro para uma operação que Toruk, uma besta que só cinco Na’vi
o curaria da paralisia. (...) Quando Jake conseguiram montar, Jake voa até a Árvore
está servindo de escolta para Grace e o das Almas, onde os Omaticaya se
biólogo Norm Spellman (Joel David refugiaram, e pede a ajuda deles para
Moore) em forma de Avatar, é atacado por salvar Grace. Há uma tentativa de
uma criatura local e se perde do resto do transferir a alma de Grace para seu Avatar,
grupo. Na selva, é salvo por uma Na’vi mas os ferimentos da cientista são graves
fêmea, Neytiri (Zoë Saldaña). Neytiri demais e ela morre.
inicialmente quer deixar Jake, mas após ele Jake e Tsu'Tey (Laz Alonso), o
ser coberto por sementes da Árvore da novo líder Omaticaya, usam o Toruk para
Vida, decide levá-lo para a Casa da voar até os diferentes clãs Na’vi e
Árvore, onde mora seu clã, os Omaticaya. convencê-los a se juntar em sua luta.
Quando o Coronel Miles Quaritch Depois, Jake ora para Eywa, pedindo sua
(Stephen Lang) ouve sobre a ligação ajuda – as tropas de Quaritch planejam
próxima de Jake aos Na’vi, que está sendo destruir a Árvore das Almas. Na batalha
ensinado sobre Pandora por Neytiri, que segue, muitos Na’vi morrem,
promete-lhe pernas funcionais em troca de incluindo Tsu'Tey e Trudy, e a derrota
convencer os Omaticaya a saírem da Casa parece próxima, mas então, a fauna de
da Árvore, que fica sobre uma imensa Pandora ataca e tira a vantagem da RDA.
67
reserva de Unobtainium. Em três meses, Jake destrói um bombardeiro, e Quaritch
Jake começa a preferir o modo de vida dos retalia atacando o prédio onde está a
Na’vi, se une aos Omaticaya e inicia um cápsula de controlar avatares com o corpo
relacionamento com Neytiri. Sua mudança de Jake. Jake é exposto à atmosfera e
de lealdade é demonstrada quando Jake quase morre, mas é salvo por Neytiri após
ataca máquinas da RDA que vieram esta matar Quaritch.
destruir a Casa da Árvore. Ao ver o Selfridge e os militares são
acontecimento, Quaritch desliga Jake de expulsos de Pandora, mas os Na’vi deixam
seu Avatar, e descobre um video-diário em os cientistas permanecerem. Os Omaticaya
que Jake diz que os Na’vi jamais deixarão tomam posse da fortaleza humana para eles
a região. Isso faz Quaritch ordenar a e a tornam sua nova casa. Jake se torna
destruição da Árvore, e Grace discorda, líder dos Omaticaya, e tem sua alma
dizendo que afetaria a rede neural bio- transferida permanentemente para seu
botânica de Pandora. Parker Selfridge dá a Avatar por meio da Árvore das Almas”43.
Grace e Jake uma hora para eles Como pudemos observar a
convencerem os Na’vi a abandonarem a descrição da história do filme reproduz um
área. vocabulário desenvolvido pelo escritor,
Porém, ao revelarem a missão, os James Cameron que é reproduzido sem
Omaticaya consideram Jake e Grace mudanças e se repete em mais de 30 sítios
traidores, e os aprisionam. Quaritch ataca a visitados. Isto nos leva a crer que – como
Casa da Árvore, matando muitos vimos na Wikipédia – ela é a reprodução
Omaticaya, inclusive Eytucan (Wes Studi) de um enredo que foi exportado para todo
chefe do clã e pai de Neytiri. Jake e Grace o mundo pelos produtores do filme e como
são desconectados dos Avatares e
aprisionados junto com Norm. A piloto 43
http://pt.wikipedia.org/wiki/Avatar (filme)

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que uma marca registrada não pode ser investimento só seria possível se seus
mudado. Não há diferença, por exemplo, gastos com armas e guerras fossem
na descrição da história na Wikipédia em menores. Como o grupo a que Clinton
alemão, francês, inglês, italiano, espanhol, representava foi derrotado nas urnas e o
etc. Mesmo, em pesquisas de jornais e que se viu foi uma ressurreição de uma
revistas da época do lançamento do filme política beligerante (invasão do Iraque,
as palavras se repetem quase seguindo o invasão do Afeganistão), o projeto de
mesmo discurso. Não se espera que a Cameron foi engavetado45.
sinopse apresente muitas diferenças, A eleição de Barack Obama – pela
mesmo porque a história é uma só. O que primeira vez um negro na presidência dos
apontamos, aqui, é que os substantivos e, EUA – foi muito significativa, porque
principalmente, os adjetivos não mudam, representou uma nova esperança para os
simplesmente, repetem-se numa visão norte-americanos. Convivência pacífica,
onde o ser humano é, ainda, colocado igualdades reais de direitos entre brancos e
como o centro do universo, o que não negros e política externa pautada pela
permite ao espectador colocar em dúvida a diplomacia e não pela guerra. O que se viu
ação do homem no planeta, desde que ele com o discurso de posse de Obama foi,
represente o bem. Novamente estamos, uma reedição da coexistência pacífica, do
como sempre, sendo enredados pelo final da década de 1950 e começo da de
discurso a aceitar uma certa moral da 1960. Naquela ocasião URSS e EUA, não
história em que o ingrediente principal é a seriam mais inimigas em guerras e sim
luta do bem contra o mal. competidoras no desenvolvimento de
Com relação ao filme, é muito clara tecnologias. Para aquele momento esta
a alusão que se faz entre dois grupos estratégia parecia muito interessante, tanto
68
antagônicos. Aqueles “gananciosos” e para a URSS – que desejava investir no
“maus”, que só pensam em explorar, desenvolvimento de seu mercado interno –
usando, para seu intuito o serviço de que não queria gastar suas reservas em
mercenários44 e defendem suas ambições armas e bombas, quanto para os EUA, que
com a guerra contra os bons e inteligentes precisava, também, de fôlego para a
que “precisam” da matéria-prima, de aceleração de sua economia interna.
outras nações, ou planetas, mas que só O filme mostra uma crítica leve à
querem o bem de todos, ajudando com o situação econômica deixada pelo governo
auxílio da ciência aqueles que ainda não a Bush e uma fala de Jake denuncia isto.
possuem. “Podem consertar sua coluna, se tiver o
Sabemos que o enredo deste filme dinheiro. Mas não com minha pensão de
começou a ser gestado no ano de 1994 ou veterano, não nessa economia”. Apesar de
1995, como o próprio James Cameron a história estar ambientada no século XXII,
afirmou. Este era o ano de governo de Bill a fala refere-se bem ao momento em que o
Clinton – Democrata – e que representava filme está sendo transmitido.
os interesses de um grupo dentro dos EUA A mensagem principal que se quer
que tinha como projeto o desenvolvimento transmitir com o filme é a de que, vivemos,
da economia interna. Para este grupo isto hoje, um momento decisivo. Ou
só seria viável, com investimento. Este
45
James Cameron afirma em entrevista que teve de
44
Nova visão sobre o papel dos Mariners nos EUA engavetar o projeto porque não havia tecnologia
leva o escritor a criticar ao papel dos “Mariners”, suficiente para desenvolver o filme. Até este
norte-americanos – que é referendada pelas depoimento faz sentido naquilo que se quis
palavras de Jake logo no início do filme – “não mostrar nessa nova era, a Era Obama, trocamos a
existe esse negócio de ‘ex-fuzileiro naval’. Pode-se guerra pela tecnologia. Estamos diante de uma
largar a Marinha, mas a atitude não muda”. nova “coexistência pacífica”?

AFONSO, Eduardo José. O filme comercial hollywoodiano como fonte para a História. Revista Saber
Humano, Recanto Maestro, n. 2, p. 60-70, 2012.
O filme comercial hollywoodiano Saber Humano n. 2 | Junho 2012

preservamos nosso planeta e respeitamos ideológicos de Estado” e que nos forneçam


as culturas diferentes e outros povos – sinais de mecanismos que nos conduzem à
plano de governo de Obama, “coexistência alienação48. É essa crítica que desejo
pacífica” – ou todos vamos perecer. evidenciar, ela nos serve como elemento
Cartada final para os EUA? esclarecedor para que retomemos o senso
Como, mais uma vez, já crítico e instrumentos que nos permitam
destacamos, o mote é a luta do bem contra estarmos conscientes para aquilo que Marx
o mal. Vimos que o bem vence no final. chamou de práxis.
Alguns são os ingredientes que
denunciam, também, o interesse dos norte-
americanos por regiões de grande potencial Referências
como o Brasil46. Tanto é assim que em
muitas ocasiões o Planeta, ou satélite ALTHUSSER, Louis. Aparelhos ideológicos de
Estado. Rio de Janeiro: Graal, 1976.
Pandora – que representa de acordo com a
mitologia grega a lenda de pandora onde o BETTELHEIM, Bruno. A Psicanálise dos contos
que restou foi a esperança – se apresenta de fadas. 17. ed. São Paulo:Paz e Terra, 2003.
com características nítidas de uma floresta
tropical. Mais ainda, de maneira DORFMAN, Ariel e MATTERLART, Armand.
Para ler o Pato Donald. 5. ed. São Paulo: Paz e
subliminar, em algumas cenas onde o bem Terra, 2002.
vence o mal – através da resistência com
guerras (guerra santa?) – as penas das ECO, Umberto. Apocalípticos e integrados. 6.
flechas atiradas pelos Na’vi contra os ed. Série debates. São Paulo: Perspectiva, 2001.
humanos maus são “verde-amarelas”.
FERRO, Marc. Cinema e História. São Paulo:
Cores reconhecidamente como símbolos Paz e Terra. 1992. 69
do Brasil pelo mundo todo, cores de nossa
bandeira. FERRO, Marc. O filme: uma contra-análise da
O filme, de qualquer maneira, deixa sociedade? In: LE GOFF, J. NORA, P. História:
um recado no final. São os Avatares47 que novos objetos. 4. ed. Rio de Janeiro: Francisco
Alves, 1995.
salvarão o planeta, é este o caminho
correto! O respeito pelo meio ambiente e FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. 6.
pelas diferenças. É preciso lembrar, no ed. Rio de Janeiro: Graal, 1986.
entanto, que o líder dos Avatares, aquele
que os salvou do mal, no filme, é um GINSZBURG, Carlo. Mitos, emblemas, sinais.
Morfologia e História. São Paulo: Cia das Letras,
norte-americano. Ou seja, a saída está 2003.
ainda com eles. Confie neles e o mundo
será melhor. MARTINS, José de Souza. Sobre o modo
Considero este meu pequeno artigo capitalista de pensar. 2. ed. Série Linha de
um argumento para que este tema, que ora Frente. São Paulo: Hucitec. 1980.
apresento, sirva para discussões mais MESZAROS, István. A Teoria da alienação em
profundas e profícuas. Filmes comerciais Marx. São Paulo: Boitempo, 2009.
hollywoodianos como fontes para a
história, como elementos dos “aparelhos MESZAROS, István. O Poder da ideologia. São
Paulo: Boitempo, 2007.

46
Que além de grande fonte de matérias-primas,
tem grande reserva de água, o futuro “petróleo” do
planeta.
47
Segundo a tradição religiosa do hinduísmo os
Avatares são encarnações de deuses que voltam à
terra para salvar os homens do Mml e dirigi-los ao
48
caminho correto. Como já definimos acima.

AFONSO, Eduardo José. O filme comercial hollywoodiano como fonte para a História. Revista Saber
Humano, Recanto Maestro, n. 2, p. 60-70, 2012.
O filme comercial hollywoodiano Saber Humano n. 2 | Junho 2012

Autor:

Eduardo José Afonso: Doutor em História Social


pela Universidade de São Paulo-USP (2011);
Mestre em História Social pela Universidade de
São Paulo-USP (2004). Possui graduação em
Comunicação Social Publicidade e Propaganda
pela Fundação Armando Álvares Penteado (1980);
graduação em Curso de História pela Universidade
de São Paulo (1984); graduação em Curso de
Licenciatura pela Universidade de São Paulo
(1984). Atualmente é professor colaborador
Faculdades Oswaldo Cruz. Tem experiência na
área de Antropologia, com ênfase em Teoria
Antropológica. Atua no campo da História Social,
História da Arte e História do Brasil
contemporâneo.

Submetido em: 31/07/2011


Aceito em: 09/09/2011

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AFONSO, Eduardo José. O filme comercial hollywoodiano como fonte para a História. Revista Saber
Humano, Recanto Maestro, n. 2, p. 60-70, 2012.

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