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A Região Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro, da qual Itaboraí faz parte, reúne 19

municípios fluminenses. A área geográfica, também conhecida como Grande Rio, foi instituída pela
Lei Complementar nº20, de 1º de julho de 1974, após a fusão dos antigos estados do Rio de Janeiro
e da Guanabara, unindo as então regiões metropolitanas do Grande Rio Fluminense e da Grande
Niterói. Com 11.812.482 habitantes, segundo o Senso de 2008, é a segunda maior área
metropolitana do Brasil, a terceira da América do Sul e a 20ª maior do mundo.

A Região Metropolitana do Rio de Janeiro, segundo o IBGE, ostenta um PIB de mais de R$ 170
bilhões, constituindo o segundo maior pólo de riqueza nacional. Concentra 70% da força econômica
do estado e 8,04% de todos os bens e serviços produzidos no país. Há muitos anos, congrega o
segundo maior pólo industrial do Brasil, contando com refinarias de petróleo, indústrias naval,
metalúrgicas, petroquímicas, gás-químicas, siderúrgicas, têxteis, gráficas, editoriais, farmacêuticas,
de bebidas, cimenteiras e moveleiras. No entanto, as últimas décadas atestaram uma nítida
transformação em seu perfil econômico, que vem adquirindo, cada vez mais, matizes de um grande
pólo nacional de serviços e negócios.

A área reúne os principais grupos nacionais e internacionais do setor naval e os maiores estaleiros
do país e do estado, com cerca de 90% da produção de navios e de equipamentos offshore no Brasil.
No setor de petróleo, verifica-se um arranjo de mais de 700 empresas, dentre as quais as maiores do
Brasil. A maioria mantém centros de pesquisa espalhados por todo o estado e, juntas, produzem
mais de 4/5 do petróleo e dos combustíveis distribuídos nos postos de serviço do território nacional.

Itaboraí fica na região metropolitana do Rio de Janeiro, em área de baixada litorânea, às margens da
Baía de Guanabara, a 45 km de distância da capital. O município faz divisa com Guapimirim, São
Gonçalo, Cachoeiras de Macacu, Tanguá e Maricá.

A economia do município gira em torno da manufatura cerâmica (decorativa e utilitária),


fruticultura, apicultura, pecuária extensiva, comércio e serviços. Itaboraí apresenta um relevo
variado. Suas maiores altitudes são encontradas nas serras do Barbosão, à leste, na divisa com
Tanguá, e do Lagarto e de Cassorotiba do Sul, na fronteira com Maricá. Nas demais localidades
predominam as planícies, onde se concentram os rios que convergem para a Baía de Guanabara.
Entre as planícies e as serras, observa-se um relevo suavemente ondulado, com morros que
raramente ultrapassam 50 metros de altitude.

Parte de seu território é voltada para a Baía de Guanabara, compondo, com os municípios de Magé
e Guapimirim, a APA de Guapimirim, uma Unidade de Conservação de uso sustentável voltada para
a preservação e conservação de remanescentes dos manguezais.

A vegetação do município é composta principalmente por pastagens, mata de encosta, mangues e


brejos. Os remanescentes de matas são observados nos setores mais íngremes e elevados nas serras
do Barbosão e do Lagarto.

São matas tipicamente secundárias, resultantes da regeneração natural após muita exploração de
madeira para a obtenção de carvão e lenha no passado. No restante do município, as matas se
encontram muito fragmentadas e aparecem em locais isolados.

Em Itaboraí encontra-se o mais antigo e importante sítio paleontológico do Brasil, às margens do


Lago São José, onde foram encontrados, em 1986, os fósseis de uma preguiça gigante pré-histórica
– um autêntico tesouro da arqueologia brasileira. A preguiça, que pesava várias toneladas e media
cerca de 7 metros de comprimento, viveu há cerca de 5 milhões de anos, sendo contemporânea do
homem primitivo. Outras preciosidades arqueológicas da região são os cemitérios indígenas de
Itambi e Visconde, e os sambaquis de Sambaetiba.

Itaboraí tem rico patrimônio histórico e acervo arquitetônico, em que se destaca o conjunto das
ruínas do Convento de São Boa Ventura – tombado pelo Iphan –, que começou a ser construído em
1660. Suas ruínas são consideradas um dos mais belos e impor tantes conjuntos arquitetônicos
religiosos do período colonial. O convento foi a quinta construção da Ordem Franciscana no Brasil.

A manufatura cerâmica é uma importante atividade econômica e foco de conf litos ambientais. É a
maior fonte de arrecadação e de geração de empregos locais e, ao mesmo tempo, responsável por
um passivo ambiental ligado à degradação dos solos onde existem jazidas de argila, ao
assoreamento dos rios e à poluição atmosférica provocada pela fumaça lançada das chaminés.

Os moradores de Itaboraí se orgulham de sua história, dos patrimônios culturais e artísticos e do


poder de suas comunidades, pois as associações de moradores locais são atuantes e têm grande
poder de mobilização.

"É por isto e por muito mais, é porque foi meu berço, e berço daqueles a quem mais amei e amo, é
porque no seu seio tenho sepulturas queridas, é porque me guarda em seus lares amigos dedicados,
é porque desejo ter em seus campos um abrigo na minha velhice que começa, e no seu cemitério um
leito para dormir o último sono, é enfim por todos esses laços da vida e da morte que a Vila de
Itaboraí me é tão querida."

Joaquim Manoel de Macedo


O Rio do Quarto, 1869 _ Cap 01: Para se ler ou não ler.
Escritor Itaboraiense, maior romancista do século XIX
Autor do clássico "A Moreninha"

Itaboraí, cidade histórica do Estado do Rio de Janeiro, localizada na região metropolitana, é o


resultado da união de três importantes vilas do passado colonial e imperial do Brasil: Santo Antônio
de Sá, São João de Itaboraí e São José Del Rey. A maior delas, a Vila de Santo Antônio de Sá,
segunda formação do Rio de Janeiro no recôncavo da Guanabara; A Vila de São João de Itaboraí,
inicialmente uma parada de tropeiros, que mais tarde se tornaria o maior produtor açucareiro da
região e principal entreposto comercial ligando o norte fluminense a capital da província; e a Vila
de São José Del Rey (conhecida como São Barnabé, ou Itambi), cuja região fora uma importante
Missão Jesuítica entre os índios Maromomis e Tamoios que por aqui habitavam.

Para conhecer a história de Itaboraí, é importante compreender como se deu o povoamento de toda
a região, e que a ocupação territorial foi condicionada a diversas variáveis, como a proximidade de
rios navegáveis, situação do sertão do Macacu, ou de fins catequistas, caso dos Jesuítas na região de
Cabuçú e Itambi, ou mesmo de localizações estratégicas em rotas de tropeiros, situação de Itaboraí,
o que também acabou beneficiando o desenvolvimento econômico com os grandes engenhos, dentre
outras razões.

A antiga Vila de Santo Antônio de Sá

É no século XVI que se dá a ocupação dos “sertões do Rio Macacu” pelos colonizadores
portugueses, pois em 1567 o fidalgo português Miguel de Moura recebeu uma sesmaria (grande
extensão de terras) na planície do Rio Macacu (José Matoso Maia Forte – 1937). Entretanto, apesar
da abertura de fazendas e engenhos de cana-de-açúcar na região*, o primeiro povoamento no
Recôncavo da Guanabara foi a Vila de Santo Antônio de Sá, fundada em 1697, às margens do Rio
Macacu (Na mesma região que hoje abriga o Comperj).
*O ato de criação da vila de Santo Antônio de Sá seria uma mera curiosidade histórica não fosse o
fato de que a descrição da solenidade constitui uma fonte rica de informações sobre a estrutura
social que estava sendo criada no sertão do Macacu. Não só a maior parte das terras pertencia a um
grupo muito pequeno de indivíduos, como os laços familiares entre eles garantiam o controle das
terras, fosse por casamento ou herança. Assim estavam presentes naquela solenidade membros das
famílias dos Duque Estrada, dos Sardinha, dos Silva, dos Costa Soares, dos Pacheco e dos Azevedo
Coutinho (às vezes escrito Azeredo Coutinho). Cada família era associada a uma parcela do
território: por exemplo, os Azevedo Coutinho e os Sardinha eram donos de terras e engenhos em
Itapacorá; os Sardinha também eram proprietários em Macacu e Guaxindiba, e assim por diante
(Forte,1984).

A Vila de Santo Antônio de Sá, com suas freguesias e povoados, experimentou um grande
desenvolvimento econômico, parte disto em razão de sua localização, tendo em toda a região
entrepostos comerciais que recebiam, via escoamento fluvial, a sua produção e a da região serrana e
interior fluminense, através de seus rios como o Macacu, Casseribu e Aldeia. Porém, anos de
desmatamento desordenado, tornaram as áreas aráveis em charcos, e o consequente assoreamento
dos rios não só foi destruindo o potencial produtivo, mas também cooperou na proliferação de
mosquitos, vetores de doenças como a febre amarela e a malária, o que resultou, a partir de 1829 no
início da extinção da Vila (então a mais atingida pelas doenças). As chamadas “Febres do Macacu”
foram tão marcantes que nos anos que se seguiram as pessoas evitavam retornar ao lugar devido ao
medo que se instalou (Num ofício ao Marquês de Caravelas, que era Ministro e Secretário dos
Negócios do Império, em 25 de agosto de 1830, Francisco José Alves Carneiro, Juiz de Fora da Vila
de Sto Antônio de Sá, fazia saber sobre a Vila já se encontrar quase deserta, contando talvez, com
meia dúzia de homens, levando-se em conta que a Vila chegou a ter uma população de
aproximadamente 19.000 “almas”.

Seu maior destaque foi o Convento Franciscano de São Boaventura, inaugurado em 04 de fevereiro
de 1670, após dez anos de construção. Hoje, são as suas ruínas que ostentam a outrora história de
importância da antiga Vila no desbravamento do que os antigos chamavam de os "Sertões do
Macacu".

A Vila de São José Del Rey

A Freguesia de Nossa Senhora do Desterro de Itamby, cujo território foi desmembrado da Vila de
Sto. Antônio de Sá, é nomeada Vila de São José Del Rey por força de Alvará em 1772, sendo assim
denominada para solenizar o aniversário do Príncipe Dom José de Portugal, pelo então Vice-Rei e
Governador do Brasil Dom Luiz de Vasconcelos e Souza, o Marquês do Lavradio. Contudo,
somente onze anos depois houve a instalação da Justiça e da Câmara naquela que seria uma das
mais importantes vilas do recôncavo da Guanabara, por estar situada a pouco mais de dois
quilômetros da foz do rio Macacu, próximo de Itambi, hoje 3º distrito de Itaboraí.

Inicialmente, a região de Itambí era apenas uma terra de índígenas, até a chegada dos colonizadores,
que lá se estabeleceram e deram o nome àquela região pertencente ao recôncavo do Rio de Janeiro,
mantendo o topônimo indígena de origem tupi que, segundo Teodoro Sampaio, significa Ita =
pedra, e Mbi = alto, erguida, alçada, ou seja, “Pedra em Pé”, denominação esta, dada a toda área
que hoje compreende o município de Itaboraí, e que guarda ainda, em suas origens, as mais belas
raízes da história do município, com ascendência em todos os antigos povoados do Brasil. Seus
colonizadores, principalmente os Jesuítas que tinham a função sagrada de ensinar a língua e a
religião Católica aos nativos, não desprezavam os nomes indígenas.
O aldeamento de São Barnabé fazia parte de uma estratégia de segurança dos colonizadores
portugueses que junto com os aldeamentos de Itaguaí, São Lourenço (Niterói), São Pedro (São
Pedro D’aldeia) e Macaé contra possíveis invasões de nações inimigas (Franceses, Holandeses)
estes povoamentos serviam para guardar a costa em torno do Rio de Janeiro e também como locais
de produção de mão de obra, principalmente no período da União Ibérica, quando o controle do
mercado escravo ficou um bom tempo com a Holanda.

Assim como aconteceu em outras vilas, há registros de que os índios que ali existiam foram levados
a participar do processo de desmatamento das áreas circunvizinhas a Baía da Guanabara, para que
se realizasse o plantio da cana de açúcar e a construção de engenhos. Estes teriam sucumbido diante
do trabalho pesado, uma das razões pelas quais podem ser encontrados inúmeros enterramentos
indígenas na região, sendo imediatamente substituídos pelos escravos provenientes do continente
africano.

"Em determinado momento do processo de colonização no séc. XVII, mais ou menos em 1628, por
causa da presença dos franceses e holandeses, o colonizador português usou a mão-de-obra indígena
que era numerosíssima em Itambi – era a maior população indígena, 3500 selvagens, segundo
Fernão Candim – utilizou essa mão-de-obra para construir fortificações no Rio de Janeiro, na Baía
de Guanabara."

Adamastor Camará Ribeiro – Historiador,


na primeira jornada de cultura local, realizada em Itaboraí, em 1984

"É essa força de trabalho de São Barnabé, juntamente com o escravo negro, que fez o vigor
canavieiro de Itaboraí."

Complementa Adamastor Camará Ribeiro

O Marquês do Lavradio relata em carta datada de 1773 a seu tio, Reverendo Principal de Almeida,
que havia retirado da Aldeia de São Barnabé da Vila de São José Del Rei “muitas índias que
estavam em perigo”, na faixa etária de oito a doze anos, para o Rio de Janeiro, a fim de que se
educassem e pudessem ter sentimento, tornando famílias com homens brancos, já que os indígenas
desta então vila tiveram suas terras roubadas e eles, escravizados. Querendo dar encaminhamento
diverso ao dos jesuítas em relação à população local, o Marquês toma decisões muito definitivas,
destinando os homens que podem trabalhar as fazendas e aos cinco engenhos, que produziam por
safra 60 toneladas de açúcar e 140 mil litros de aguardente, e os jovens da mesma idade das
meninas, eram destinados ao aprendizado de ofícios mecânicos no Rio de Janeiro. Diante de sua
política, pouco sobrou do aldeamento considerado por ele como sendo um dos mais civilizados.

A Vila de São José Del Rey teve uma curta vida de autonomia administrativa, pois já em 1833 foi
anexada a então Vila de São João de Itaboraí.

Milagres de Anchieta

A Freguesia de Nossa Senhora do Desterro de Itamby, cujo território foi desmembrado da Vila de
Sto. Antônio de Sá, é nomeada Vila de São José Del Rey por força de Alvará em 1772, sendo assim
denominada para solenizar o aniversário do Príncipe Dom José de Portugal, pelo então Vice-Rei e
Governador do Brasil Dom Luiz de Vasconcelos e Souza, o Marquês do Lavradio. Contudo,
somente onze anos depois houve a instalação da Justiça e da Câmara naquela que seria uma das
mais importantes vilas do recôncavo da Guanabara, por estar situada a pouco mais de dois
quilômetros da foz do rio Macacu, próximo de Itambi, hoje 3º distrito de Itaboraí.
Inicialmente, a região de Itambí era apenas uma terra de índígenas, até a chegada dos colonizadores,
que lá se estabeleceram e deram o nome àquela região pertencente ao recôncavo do Rio de Janeiro,
mantendo o topônimo indígena de origem tupi que, segundo Teodoro Sampaio, significa Ita =
pedra, e Mbi = alto, erguida, alçada, ou seja, “Pedra em Pé”, denominação esta, dada a toda área
que hoje compreende o município de Itaboraí, e que guarda ainda, em suas origens, as mais belas
raízes da história do município, com ascendência em todos os antigos povoados do Brasil. Seus
colonizadores, principalmente os Jesuítas que tinham a função sagrada de ensinar a língua e a
religião Católica aos nativos, não desprezavam os nomes indígenas.

O aldeamento de São Barnabé fazia parte de uma estratégia de segurança dos colonizadores
portugueses que junto com os aldeamentos de Itaguaí, São Lourenço (Niterói), São Pedro (São
Pedro D’aldeia) e Macaé contra possíveis invasões de nações inimigas (Franceses, Holandeses)
estes povoamentos serviam para guardar a costa em torno do Rio de Janeiro e também como locais
de produção de mão de obra, principalmente no período da União Ibérica, quando o controle do
mercado escravo ficou um bom tempo com a Holanda.

Assim como aconteceu em outras vilas, há registros de que os índios que ali existiam foram levados
a participar do processo de desmatamento das áreas circunvizinhas a Baía da Guanabara, para que
se realizasse o plantio da cana de açúcar e a construção de engenhos. Estes teriam sucumbido diante
do trabalho pesado, uma das razões pelas quais podem ser encontrados inúmeros enterramentos
indígenas na região, sendo imediatamente substituídos pelos escravos provenientes do continente
africano.

"Em determinado momento do processo de colonização no séc. XVII, mais ou menos em 1628, por
causa da presença dos franceses e holandeses, o colonizador português usou a mão-de-obra indígena
que era numerosíssima em Itambi – era a maior população indígena, 3500 selvagens, segundo
Fernão Candim – utilizou essa mão-de-obra para construir fortificações no Rio de Janeiro, na Baía
de Guanabara."

Adamastor Camará Ribeiro – Historiador,


na primeira jornada de cultura local, realizada em Itaboraí, em 1984

"É essa força de trabalho de São Barnabé, juntamente com o escravo negro, que fez o vigor
canavieiro de Itaboraí."

Complementa Adamastor Camará Ribeiro

O Marquês do Lavradio relata em carta datada de 1773 a seu tio, Reverendo Principal de Almeida,
que havia retirado da Aldeia de São Barnabé da Vila de São José Del Rei "muitas índias que
estavam em perigo", na faixa etária de oito a doze anos, para o Rio de Janeiro, a fim de que se
educassem e pudessem ter sentimento, tornando famílias com homens brancos, já que os indígenas
desta então vila tiveram suas terras roubadas e eles, escravizados. Querendo dar encaminhamento
diverso ao dos jesuítas em relação à população local, o Marquês toma decisões muito definitivas,
destinando os homens que podem trabalhar as fazendas e aos cinco engenhos, que produziam por
safra 60 toneladas de açúcar e 140 mil litros de aguardente, e os jovens da mesma idade das
meninas, eram destinados ao aprendizado de ofícios mecânicos no Rio de Janeiro. Diante de sua
política, pouco sobrou do aldeamento considerado por ele como sendo um dos mais civilizados.

A Vila de São José Del Rey teve uma curta vida de autonomia administrativa, pois já em 1833 foi
anexada a então Vila de São João de Itaboraí.

Milagres de Anchieta
A ação evangelizadora dos jesuítas no Brasil iniciou-se em 1549, por determinação de D. João III,
rei de Portugal.

Na Capitania do Rio de Janeiro, os jesuítas organizaram cinco aldeias indígenas: São Lourenço
(Niterói), Itingá (Itaguaí), São Pedro (Cabo Frio), São Barnabé (Itambi) e Guaratiba (Ilha do
Governador)

O apóstolo do Brasil, Padre José de Anchieta, que chegou na Bahia no dia 13/07/1553, e que
prestou relevantes serviços a Mem de Sá, na conquista e na fundação do Rio de Janeiro, diversas
vezes, esteve na aldeia de São Barnabé, onde, de acordo com o historiador jesuíta Simão de
Vasconcelos, realizou dois pequenos milagres: Fez "deslizar para o mar pesadíssima canoa, com que
os índios não podiam, e, dias depois, abrigou um bando de guarazes a dar sombra a ele e aos índios
que conduziam a canoa sob um sol muito forte".

A Vila de São João de Itaboraí.

Com relação ao povoamento de Itaboraí, ou Itapacorá, como a região era conhecida nas crônicas
“Reminiscências de Itaboraí”, do escritor e acadêmico Salvador de Mendonça, e publicadas no
jornal "O Brasil, de 1907", o autor fala o seguinte sobre Itaboraí:

"No século XVII, o governador Salvador Corrêa de Sá mandou abrir a estrada de Campos dos
Goytacases a Niterói. Essa estrada passava pela colina de Itaboraí, caminho de Vila Nova e São
Gonçalo. No alto da colina, à beira dessa estrada, havia uma fonte sob um bosque frondoso. Tornou-
se esse lugar um ponto de parada para as tropas que por ali transitavam. Levantaram-se ranchos ao
lado oposto da fonte, esses ranchos foram as primeiras casas itaboraienses. A fonte dera o nome ao
lugar – ITABORAÍ, que quer dizer “Pedra Bonita escondida na água”, e essa denominação nascera
de haver, no fundo da fonte, metido na pedra, um pedaço de quartzo que despertara a atenção dos
índios do lugar."

Defende-se que o altar-mor da igreja Matriz de São João Batista fica exatamente sobre essa fonte,
cujas águas foram canalizadas pelo subterrâneo, colina abaixo, até desembocar na "Fonte da
Carioca".

O surgimento do povoado se dá em razão da existência da parada de tropeiros na colina de Itaboraí,


junto à fonte, e é pela iniciativa destes e de João Vaz Pereira que, em 1670, realizou-se a construção
de uma nova capela, em substituição a antiga que era utilizada como “curato” na fazenda do Iguá,
erguida por João Pereira da Silva em 1627, tendo, inclusive, recebido dela parte dos seus retábulos.
Em alvará de 18 de janeiro de 1696 é elevada a categoria de paróquia coletiva com o título de São
João de Itaboraí, tornando-se S. João, o orago da freguesia.

Os engenhos de açúcar que já existiam pela região, conforme descrito anteriormente sobre a
fundação da Vila de Santo Antônio de Sá. Foram os responsáveis pelo desenvolvimento econômico
de Itaboraí, sendo a principal atividade econômica do vale do Macacu-Caceribu durante todo o
período colonial, perpetuando até o séc. XX.

É preciso lembrar que o açúcar foi durante séculos um dos produtos tropicais mais valorizados no
mercado estrangeiro. Por isso tornou-se o principal produto de exportação das pequenas colônias
luso-brasileiras que foram sendo implantadas na costa atlântica, logo que os primeiros
colonizadores verificaram a aptidão de algumas terras ao seu plantio.
Outra região que se destacou muito foi o povoado de Porto das Caixas, surgido no início do século
XVIII e que estava então ligado a Santo Antônio de Sá. Seu nome vem do fato de ter se tornado um
importante entreposto comercial, responsável por todo o escoamento da produção agrícola de nossa
região e do interior fluminense que chegava pelo rio Aldeia ao seu porto, tendo a produção
encaixotada para transporte até a Bahia da Guanabara e de lá seguir rumo à Europa. Com o seu
crescimento, o povoado chegou a ter uma ativa vida cultural, contando com dois teatros e um
comércio muito bem estabelecido. Contudo, com a decadência do transporte fluvial e a posterior
inauguração da Estrada de Ferro ligando P. Caixas a Cantagalo em 1860, e a da Carril Niteroiense,
em 1874, ligando Niterói (então capital da Província do Rio de Janeiro) diretamente ao interior
fluminense, viabilizando o escoamento mais vantajoso da produção cafeeira da região serrana, o
antigo entreposto de Porto das Caixas da Vila de São João de Itaboraí entrou em declínio. Outro
fator preponderante foi a decadência do transporte fluvial.

"Ao entrar na pequena vila, senti pedras sob a relva brava da estrada, onde meu passo incerto
contou com o ritmo de geração e aquelas Lages contaram-me que aquilo fora uma rua onde
faiscaram cascos, de cavalo de estirpe, conduzindo grandes senhores, de numerosa escravatura e
barcos…"

Guilherme de Almeida – Cronista, descrevendo uma visita a Porto das Caixas em 1927.

Por outro lado, enquanto os portos fluviais entravam em decadência, a chegada da estrada de ferro à
então vila de Itaboraí deu um certo alento ao comercio e à industria das olarias e cerâmica,
permitindo o crescimento urbano e sua transformação de vila em cidade.

No século XX, depois de um período de declínio, surge uma nova economia agrícola, a laranja,
perdurando dos anos 20 até a década de 80. Cabe ressaltar que Itaboraí se tornou o maior produtor
dessa cultura no Rio de Janeiro, e o segundo no Brasil, chegando a ser conhecida como “Terra da
Laranja”. Já a arte em cerâmica esteve sempre presente na cultura e na economia do município,
sendo encontrados registros entre os nossos índios, e nos próprios engenhos, que possuíam
pequenas olarias para confecção em argila dos invólucros para transporte de açúcar, cuja tradição se
perpetuou pelo século XX, ampliada pela indústria ceramista, primeiramente com a chegada de
novos colonos portugueses entre 1897 e 1912 e na chegada de novas tecnologias na década de 40,
mecanizando a produção.

Após experimentar um período de destaque na produção de laranja durante boa parte do século XX,
Itaboraí vê-se mais uma vez numa situação de declínio, pois as terras já não mais produziam frutos
de boa qualidade (O motivo não era o fato das terras estarem cansadas e sim os erros na técnica de
plantio, no transporte e na colheita e na falta de adubação, mostrando o caráter especulativo do
empreendimento), e a indústria ceramista, antes aquecida, não buscou novas tecnologias que fossem
mais eficazes, ou menos poluentes, perdendo mercado para outras regiões e estados do Brasil.
Porém, ao contrário da laranja, a produção cerâmica não se extinguiu, mas, de grande empregador
em meados do século XX, resume-se hoje a umas poucas unidades, sendo que algumas buscaram se
aprimorar nos últimos anos.

O fato que ora descrevemos e a construção da ponte Rio-Niterói aceleraram o processo de


urbanização em Itaboraí, que se tornara uma “cidade-dormitório”, a partir da década de 70,
estimulando uma especulação imobiliária que criou novos problemas ambientais na região, pois as
antigas áreas de plantações de laranja foram convertidas em loteamentos, sem nenhuma
infraestrutura urbana, em praticamente todos os distritos (cabe lembrar que não haviam políticas
públicas organizadas, ou definidas de zoneamento urbano, e nem leis muito claras, à época), e isso
trouxe sérios problemas para o município, que hoje assume todo o ônus daquele processo, inclusive
chegando a ser considerado uma região de baixo IDH – Índice de Desenvolvimento Humano –
como um dos municípios mais pobres do estado. Ainda hoje, Itaboraí tem boa parte de sua
população empregada na capital, na região metropolitana e em alguns municípios da Baixada
Fluminense, mas vivemos uma inversão econômica com novos empreendimentos, transformando
Itaboraí de satélite (quando da implantação da primeira Estação Terrena da Embratel, no Brasil, em
Tanguá – na época 5º distrito do município), ou de dormitório, numa cidade polo para, pelo menos
12 municípios circunvizinhos, constituindo uma nova geografia socioeconômica na região.

Prof. Cláudio Rogério S. Dutra


Secretário Presidente
FCI – Fundação cultural de Itaboraí

PRÉDIOS HISTÓRICOS

Construída no ponto mais alto do outeiro onde foi implantada a Vila de Itaboraí, a igreja Matriz de
São João batista tinha sua torre como principal destaque. À época de sua construção a sua parte
mais alta podia ser observada de longe, marcando sua presença na região. O tipo de construção era
próprio do Brasil colônia, sendo a organização espacial das obras nesta época caracterizadas por um
grande terreiro onde se destaca a construção da igreja e o desenvolvimento em seu entorno de um
casario baixo, deixando ainda mais imponente a edificação sacra, principal característica das
construções nesse momento histórico.

Sua constituição é feita em pedra cal de grossos muros e os elementos externos são de cantaria com
telhas capa e canal e equilibrada concepção arquitetônica oitocentista de uma só porta de entrada e
suas duas janelas do coro. Os vãos laterais são requadrados em cantaria de granito arrematados por
arco abatido e a sua torre (única) mantém ainda o corpo totalmente maciço. Dos seus suis altares
laterais, três conservam restos de retábulos setecentistas (anteriores a construção da igreja) que
provavelmente pertenciam à capela de N. S da Conceição.

De acordo com o cronista Monsenhor Pizarro e Araújo, estando a Capela de N.S da Conceição
localizada na fazenda de João Correia da Silva em Iguá já em ruínas o pequeno templo foi mudado
para Itaboraí com a mesma invocação no ano de 1627.

Os três da direita conjugam formas barrocas com elementos do neoclássico. Todos os altares laterais
apresentam belas talhas de madeira.

De acordo com as informações contidas no inventário do INEPAC, no histórico arquitetônico da


igreja consta o início das obras em 1725, sendo inaugurados altar-mor e nave principal em 1742.
Período de 1767-1782 foi mandado construir a sacristia, o consistório e o evangelho. Essa nova
intervenção propiciou uma solução arquitetônica pouco comum à sua cobertura que resultou numa
volumetria singular ao conjunto.

De acordo com João Matoso Maia Fortes, em Vilas Fluminenses Desaparecidas, a origem da Igreja
Matriz de Itaboraí data de 1672, ano em que João de Vaz Pereira funda uma capela sob a invocação
de São João Batista. O mesmo fundador constrói outro templo em 1684, o qual torna-se
independente da jurisdição Vigário Paroquial de Santo Antônio de Sá.

Em 1725, são iniciadas as obras de reconstrução da Igreja, sendo concluídas somente em 1742,
quando são inaugurados o altar-mor e a nave principal. De acordo com o inventário da FUNDREM,
no período de 1767 a 1782, foram à sacristia, o consistório e o evangelho.
Em 1955, foram feitas reformas no telhado, substituindo as telhas originais (feita nas coxas dos
escravos) por telhas canal industrializadas. Também o forro de madeira foi substituído por uma laje
de concreto. Em 1969, as diversas sepulturas que ocupam o piso da nave e da capela, originalmente
cobertas de madeira, são substituídas por marmorite.

Recentemente foram restauradas as imagens sacras e iniciada a restauração dos seis belos altares
laterais, cujas talhas representam importante exemplo do mais puro barroco brasileiro. No entanto, a
restauração não foi concluída.

Tombadas como Patrimônio Nacional em 18 de março de 1970, a igreja de São João Batista, que
impressiona por sua beleza arquitetônica, necessita urgentes reformas, a fim de que se acabe com as
infiltrações que ameaçam todo a acervo iconográfico da igreja.

Palacete (Visconde de Itaboraí)

A casa antiga mais expressiva de Itaboraí é um solar assobradado, de arquitetura neoclássica com
feições coloniais, dotado de mirante e erguida na atual Praça Marechal Floriano Peixoto, à época
Largo da Matriz, para servir de residência da família Rodrigues Torres.

Em sua fachada principal pode-se observar maior presença de vazios em detrimento de cheios,
apresentando simetria bem marcada principalmente pelo sótão que se torna um elemento da fachada
substituindo o frontão.

O prédio conserva, apesar das alterações sofridas, características de um sobrado típico de final do
séc XVIII e inicio do XIX. Sua presença no conjunto da praça é marcada pelo resultado de uma
arquitetura harmoniosa e bem proporcionada, comuns às residências apalacetadas deste período.
Numa apreciação mais cuidadosa do prédio, são nítidas as intervenções realizadas, desde um novo
programa de planta à aberturas de vão de janelas, escadas, acabamentos e cobertura.

O histórico da propriedade descrito no inventário do INEPAC tem seu primeiro registro em 1803. O
período de 1803/10 é a época provável de sua construção.

Com a decadência econômica e o declínio como localização estratégica (inauguração da estrada de


ferro Niterói-Cantagalo e conseqüente abandono do Porto das Caixas como entreposto comercial –
interior/capital) somados a isso o fim da monarquia e do trabalho escravo – questões que marcavam
a administração do próprio visconde de Itaboraí – e queda na produção agrícola da região, diminuiu
a importância do palacete.

Já em declínio, torna-se, em fins do século XIX sede da casa de Caridade São João Batista, e só
após a segunda metade do século XX tem reconhecida a sua importância histórica e, em 1964, o
sobrado é tombado pelo IPHAN e já em 1966, desapropriado e considerado de utilidade pública
pela prefeitura; em 1968 ocorre o incêndio que quase destrói totalmente o prédio; em 1969 é doado
ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, que resolve então reconstruí-la, respeitando as formas e a
arquitetura original para abrigar o Fórum de Itaboraí a partir de 1974. Com a transferência das
funções jurídicas para o novo Fórum no bairro de Nancilandia, em 2000 o solar passou a abrigar a
Prefeitura Municipal de Itaboraí, quando merecidamente recebeu o título de palacete Visconde de
Itaboraí, em homenagem ao grande estadista, Joaquim José Rodrigues Torres, que foi o primeiro
presidente da província do Rio de Janeiro e um dos componentes do gabinete imperial (Trindade
Saquarema), e um dos grandes dirigentes do partido conservador durante o segundo reinado.
O palacete original era na verdade um conjunto, pois, além do prédio reconstruído existiam casas
baixas ao seu redor que faziam parte do complexo, o visconde de Itaboraí morador do palacete era
um político importante durante o segundo Império.

Joaquim José Rodrigues Torres, o visconde de Itaboraí, foi uma personalidade tão importante no
Segundo Império que transformou-se num dos maiores nomes da política do país nessa época
principal líder do partido conservador, que dava sustentação ao governo de D Pedro II, foi ministro
de Estado por uma dezena de vezes, além de ter sido o primeiro presidente de província do Rio de
Janeiro. Com certeza, constituiu-se no itaboraiense de maior destaque na política nacional de todos
os tempos.[1]

O solar era local onde o visconde recebia políticos e personalidades importantes, a constituição
original do palacete tinha condição de receber seus convidados e toda a sua comitiva que
provavelmente se acomodavam nas casas baixas a volta do palacete, ficando assim o solar e seus
aposentos para as personalidades, provavelmente local onde a família real pousava quando passava
por aqui.

O palacete tem a sua história ligada diretamente a história do Brasil Império, em seus aposentos
grandes decisões políticas foram tomadas. A conservação deste maravilhoso patrimônio histórico é
importantíssima para a preservação da história de Itaboraí e para a história do Brasil.

Teatro João Caetano de Itaboraí

Construído pelo Cel João Hilário de Menezes Drummond em 1827 o teatro de Itaboraí foi o
primeiro a receber, em 1863, o nome do dramaturgo João Caetano dos Santos, célebre itaboraiense
(nascido em 1808). E isso não foi ao acaso, pois foi nesse local, com apresentação de Caetano da
peça “O Carpinteiro da Livônia”, em 24 de abril, que se iniciou, o que se tornaria o marco para a
fundação da Arte dramática no Brasil, e da autonomização de um teatro verdadeiramente brasileiro,
com repercussão até fora da colônia. Dentre várias ações, ele fundou a Companhia Nacional João
Caetano e, além de atuar em muitas peças, tanto no Rio como nas províncias, João Caetano
publicou dois livros sobre a arte de representar: "Reflexões Dramáticas", de 1837 e “Lições
Dramáticas”, de 1862. Dono absoluto da cena brasileira de sua época, morreu a 24 de agosto de
1863, no Rio de Janeiro, deixando um grande legado ao teatro brasileiro. E mesmo hoje, podemos
encontrar diversas homenagens por todo o Brasil, inclusive a sua titularidade a vários outros teatros.

Quanto ao teatro Municipal João Caetano de Itaboraí , depois de uso nobre, com o recebimento de
grandes artistas, visitantes ilustres, e membros da família imperial durante o seu período áureo (séc
XIX), sofreu algumas mudanças e adaptações, primeiramente em 1924, no seu interior, e de fachada
em diversas outras ocasiões passando, também, a ser palco de grandes eventos de gala, como os
concursos de misses e os célebres bailes de carnaval, em uma época em que a economia de Itaboraí
se baseava na cultura da laranja. Porém, em 1974, após períodos de abandono e descaso ao seu
inestimável valor histórico, e já em ruínas, teve o restante de suas paredes demolidas, ao invés de
promoção de sua salvaguarda.

Em 1985 o então prefeito João Baptista Caffaro promove a sua reconstrução com uma nova
fachada, que permanece em nossos dias. O senão fica pelo fato de que nunca teve sua conclusão
definitiva, pois ainda faltam os equipamentos adequados, tratamento acústico, climatização, além de
alguns aspectos arquitetônicos até hoje indefinidos. E mesmo com toda a precariedade, e sem
grandes investimentos, o Teatro João Caetano recebe pequenas turnês, apresentações de grupos
locais, alguns shows de humor, dança e de música, e esporadicamente oferece oficinas de teatro
amador e de dança, o que já justificaria a sua conclusão.
Mesmo assim, já recebeu grandes artistas como Chico Anysio e Giulia Gam, dentre outros, mas
nada que lembre a beleza, valor e orgulho que representava para o povo itaboraiense no séc. XIX.

O Teatro Municipal João Caetano de Itaboraí é parte do conjunto memorial arquitetônico do Centro
Histórico de Itaboraí que é reconhecido pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, como um dos mais importantes do Brasil por sua importância histórica e pela relevância
de seus principais personagens além do dramaturgo, como Joaquim José Rodrigues Torres – O
Visconde de Itaboraí; o escritor Romancista Joaquim M. de Macedo, autor de "A Moreninha", o
sociólogo e político Alberto Torres e Salvador de Mendonça que fundou a ABL – Academia
Brasileira de Letras com Machado de Assis.

Prof. Cláudio Rogério S. Dutra


Texto e Pesquisas

Casa Heloisa Alberto Torres

A Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres está localizada na Praça Marechal Floriano Peixoto, 303 –
Centro – Itaboraí/RJ, e tem em seus arquivos, exemplares documentais da memória de Itaboraí, do
Brasil, além dos acervos pessoais da antropóloga e diretora do Museu Nacional, Heloísa A. Torres e
de seu pai, o político, escritor e jornalista Alberto Torres, que foi presidente da província do Rio de
janeiro.

Criada através de uma ação visionária da antropóloga Heloísa Alberto Torres, que, com sua irmã,
Maria “Marieta” Alberto Torres buscavam em 1963, em Itaboraí, um repouso às memórias do pai,
Alberto Torres, percebeu que o município, à época, já havia esquecido o seu passado de
prosperidade e importância histórica, e até mesmo – além de seu pai – os seus cidadãos mais ilustres
como o maior dramaturgo do século XIX, João Caetano dos Santos, o escritor Joaquim Manoel de
Macedo (o mais lido de sua época), de Salvador de Mendonça, que fundou a Academia Brasileira de
Letras com Machado de Assis; do pintor José Leandro – retratista real, e de um dos políticos mais
importantes de seu tempo: Joaquim José Rodrigues Torres – O Visconde de Itaboraí. E é em razão
da realidade encontrada, que resolve procurar o poder público local e propor diversas ações de
resgate histórico, salvaguarda do patrimônio material, e valorização da Cultura local, incentivando,
inclusive, a criação de uma academia de Artes, ciências e letras na região, além de projetos para o
Teatro Municipal, biblioteca, instalação de um hotel, e revitalização do Centro Histórico.

Iniciam, então, uma ampla reforma de restauro e adequação do imóvel, para servir como sua
residência e espaço museal.

Após o falecimento de Heloísa em 1977 e de sua irmã, Marieta, em 1985, conforme desejo em
testamento, o sobrado é doado ao IPHAN, com objetivo de instalação de um museu. E isso ocorre
em 1995 com a instalação da casa de Cultura Heloísa Alberto Torres com apoio do IPHAN, através
de um Termo de Cooperação Técnica com a prefeitura de Itaboraí.

Hoje, a parceria com o IPHAN, continua sendo importante. O apoio do Superintendente Carlos
Fernando, do IPHAN RJ, e do presidente do IPHAN, Luiz Fernando, conforme vislumbra o
presidente da FAC – Fundação de Arte e Cultura de Itaboraí, Sergio Espírito Santo, foi um dos
fatores que permitiu a inclusão de Itaboraí no circuito cultural e histórico nacional. Esse apoio tem
colaborado em diversas de nossas ações. E Cabe lembrar, que em 2009, recebemos do IPHAN RJ,
um contrato para tratamento de acervo com trabalho técnico de uma museóloga; custeio para obras
emergências na Casa de Cultura,no valor de R$ 62.500,00 e na Igreja Matriz de S.João Batista, num
valor de R$ 87.000,00, para o telhado e descupinização, que será complementado em 2010 com
nova verba no valor de R$ 400.000,00. E só o PAC- Histórico, exclusivo para cidades históricas,
tem previsto para os próximos anos no Plano de Ação para Itaboraí, uma proposta de investimentos
em R$ 14.790.000,00 para projetos como a criação da casa do Oleiro, do Centro de Memória de
Arte Popular; estudos de tombamento pelo município; revitalização da praça Marechal Floriano
Peixoto; urbanização do entorno do Centro Histórico e a criação do Museu Ferroviário e de um
centro cultural no distrito de Visconde de Itaboraí.

Porém, a principal notícia para a Casa de Cultura no ano de seu bicentenário é o início das obras de
restauro, reforma e revitalização do sobrado, em verba do Ministério da Cultura, com início previsto
para Nov/2010, num custeio de mais de R$ 500.000,00, que dará as condições necessárias para
manutenção do acervo, abertura do andar superior para visitação, adequação do salão de exposições
nos moldes dos melhores espaços do país, e um atendimento mais adequado a pesquisadores,
artistas, turistas e toda a sociedade.

Outra importante obra para a Casa de Cultura foi a reforma dos Jardins da Casa de Cultura,
proporcionada pelo Ministério do Meio Ambiente, atendendo um pedido da presidência da FAC –
Fundação de Arte e Cultura de Itaboraí, cujo projeto e execução ficou a cargo da Fundação Jardim
Botânico, em parceria com a prefeitura de Itaboraí. Esse projeto foi especial, pois proporcionou o
retorno da beleza do jardim pertencente às irmãs Torres.

Para o futuro, já apresentamos na Superintendência de Museus do Estado do RJ, um projeto para a


criação do Museu da Vila de Santo Antônio de Sá, que prestigiará não só Itaboraí, mas toda a região
que forma hoje o CONLESTE. Outra proposta que temos atenção especial, trata-se da revitalização
do Centro Histórico de Itambi – projeto S. José Del Rey, e do Ecomuseu, que ligará todos os
equipamentos culturais, históricos e ambientais e, com a criação do Centro de Memória de Arte
Popular, proporcionar intercâmbios de nossos artistas com outras regiões.

Casa de Câmara e Cadeia

A Freguesia de São João de Itaborahy foi elevada a categoria de vila pelo decreto regencial de 15 de
janeiro de 1833. A Câmara de Vereadores da referida vila foi instalada em 22 de maio do mesmo
ano, e não se sabe em qual local, mas há três possibilidades: a primeira seria o Teatro da nova vila
que era dirigido pelo grande teatrólogo João Caetano dos Santos; a segunda seria a Igreja Matriz de
São João Batista; e a última, ao contrário das outras, que eram lugares públicos, seria uma casa
alugada[2], mais isso, como eu mesmo já mencionei não passam de possibilidades, pois a Ata de
instalação da câmara e seu arquivo não existem mais, foram perdidos com o tempo.

O prédio da casa da Câmara só começaria a ser construído em 1836, por solicitação do ano anterior,
da referida casa legislativa ao presidente da Província do Rio de Janeiro, o Sr Joaquim Rodrigues
Torres, também nativo da região de "Itaborahy" e futuro Visconde, como grandeza de Itaborahy.

"A vista das representações das Câmaras Municipaes das Villas de São João de Itaborahy e Marica,
tenho determinado mandar-lhes prestar para edificar as respectivas casas da câmara e cadeia e de
jurados, consignações mensais sejam suficientes para concluírem as obras até o fim do anno
seguinte"[3]

Conforme Ornellas Ramos[4] o projeto da câmara foi elaborado pelo engenheiro militar alemão
Major Júlio Frederico Koller, que também foi autor do plano urbanístico de Petrópolis em 1843 e o
projeto do Paço Imperial da Concórdia. A obra só seria concluída em 1840, abrigando assim, no
pavimento térreo a cadeia pública e no pavimento superior o plenário e demais salas para fins
legislativos.
Forma eleitos para o cargo de vereadores: O barão de Itapacorá, Manoel Antônio Álvares de
Azevedo como presidente da Casa; Severino de Macedo Carvalho, pai do ilustríssimo literário e
historiador Joaquim Manoel de Macedo; Padre Manoel de Freitas Carvalho Magalhães, vigário da
Matriz de São João Batista; José Augusto César de Menezes e José Barbosa Velho, possuindo assim
a câmara cinco vereadores.

Pelo mesmo decreto de 15 de janeiro de 1833, criava também seis comarcas na Província do Rio de
Janeiro, dentre elas a de Itaborahy.

Art. 1.º Haverá na Província do Rio de Janeiro, seis comarcas, a saber: a da Ilha Grande, a de
Rezende, a de Catagallo, a de Campos, a de S. João de Itaborahy, e a de Rio de Janeiro.
Art. 2.º (…) a de S. João de Itaborahy compreenderá os termos das villas de S. João de Itaborahy, de
Magé, de Santo Antônio de Sá de Macacu, de Marica (…)

A PRIMEIRA LOJA MAÇÔNICA NO BRASIL

Um fato histórico sem documentos que comprovem sua veracidade, deixa de ser um fato para ser
uma possibilidade ou, o que é pior, uma invencionice que, de histórica, não tem nada. Não se faz
História por ouvir dizer ou imaginando fatos. "A História", segundo Langlois e Seignobos, “nos
ensina a relatividade de todas as coisas e a transformação incessante das crenças, das formas, das
instituições”. Por aí se vê quão difícil é a missão daqueles que se debruçam sobre os mapas da vida
para narrar o que para trás ficou. Ouve-se amiúde a expressão “a História é a mestra da vida”. Esta
expressão está incompleta. A definição de História é ampla e abarca um círculo bem maior de
verdades, ei-la: História vero testis temporum, lux veritatis, vita memorae, magistra vitae, nuntia
vetustatis est (A História é verdadeiramente a testemunha dos tempos, a luz da verdade, a vida da
memória, a mestra da vida, a mensageira dos tempos antigos). A História de nossa Instituição
merece respeito. Deixemos, portanto, aos verdadeiros historiadores a missão de relatá-la. Nós
outros, que historiadores não somos, devemos ter sempre diante dos olhos que a História é, antes de
mais nada, a luz da verdade. Há muito tempo se discute qual teria sido a primeira Loja Maçônica
instalada em nossa Pátria. As opiniões divergem, deixando aqueles que não são ligados às coisas da
História em palpos de aranha. Em quem acreditar? Hoje, mercê da criação das Lojas de Pesquisas,
das Academias, dos jornais, boletins e das revistas maçônicas, algumas de altíssimo quilate, já se
pode vislumbrar nos longes do horizonte maçônico uma luz que se torna cada vez mais forte.
Alguns escritores, talvez por ufanismo, apontam brasileiros ilustres como tendo sido Maçons, sem
que haja a mais mínima prova que estabeleça a veracidade da afirmativa. Outros, por ouvir dizer,
ensinam coisas que absolutamente não podem provar. Só para exemplificar e sem citar nomes,
temos debaixo dos olhos um publicação que, a par de belos artigos, traz um, naturalmente baseado
em alguma coisa que o autor, talvez até bem intencionado, tenha tido conhecimento e tenha dado
crédito à informação: Segundo os mais antigos registros, 1786 foi o ano do surgimento da
Maçonaria no Brasil, com a volta do Irmão José Alves Maciel da Europa, formado em Coimbra
onde Iniciou-se (sic), indo depois para a Inglaterra e França e lá freqüentava as Lojas Maçônicas.
De volta ao Brasil, traz a mensagem da Maçonaria francesa, a Maçonaria inglesa defendia o sistema
monárquico parlamentar constitucional e a Maçonaria francesa o sistema republicano. Funda Lojas
em Vila Rica e Tijuco com propósitos políticos, organizando a revolução emancipacionista, que se
chamou Inconfidência. É possível que o articulista tenha tomado conhecimento das informações
dadas por Joaquim Felício dos Santos que, sem aduzir quaisquer provas, afirmou que a
Inconfidência houvera sido dirigida por Maçons. Felício dos Santos, ainda sem apontar onde
buscara tal afirmativa, afirmou que Tiradentes e quase todos os conjurados eram pedreiros livres.
Esta é a informação que nos é fornecida pelo historiador maçônico Frederico Guilherme Costa em
“Questões Controvertidas da Arte Real”, vol. 3: Ao que tudo indica, o responsável por uma
extravagante idéia de uma conjuração maçônica com a conseqüente liderança do Maçom (sic)
Tiradentes foi Joaquim Felício do Santos… Rigoroso na pesquisa do documento possuía, porém, o
gosto pelo romântico, que o levou ao devaneio de suas declarações sobre a Maçonaria na obra
intitulada Memórias do Distrito Diamantino, infelizmente tão copiada e repetida pelos apaixonados
pela tese altamente suspeita da Maçonaria que não houve na vida do protomártir da Nação
brasileira. Não faz muito tempo, ouvimos um Irm:. de Loja afirmar que a primeira Loja brasileira
era o Areópago de Itambé, sem que aduzisse coisa que lhe atestasse a verdade da afirmação. Bons
historiadores maçônicos, nos dias que correm, negam tal assertiva, apesar da existência de outros
que confirmam a opinião do meu Irmão de Loja. Mário Name, em artigo inserto no Caderno de
Pesquisas Maçônicas 11, edição da “A TROLHA”, março de 1996, às páginas 18, escreve: Todos
nós sabemos que ao apagar das luzes do século XVIII, mais precisamente em 1796, o frade
carmelita Arruda Câmara fundou em Pernambuco, na divisa com o Estado da Paraíba, o famoso
Areópago de Itambé cuja finalidade, até hoje um pouco nebulosa, deu margem a muita especulação,
especialmente entre os ufanistas escritores brasileiros. Marcelo Linhares, no seu livro História da
Maçonaria, Ed. “A TROLHA”, Londrina 1992, transcreve excerto de Mário Melo, tirado da obra
“Livro do Centenário Maçônico”, capítulo “A Maçonaria no Brasil” e que diz o seguinte:
Desprezando a tradição, podemos afirmar, baseados em documentos, que a primeira Loja Maçônica
associação secreta, movida pela liturgia, com fins político-sociais, fundada no Brasil, foi o
Areópago de Itambé (Pernambuco). Instalou-o o botânico Arruda Câmara, ex-frade carmelita,
médico pela Faculdade de Montpellier, no último quartel do século XVIII, em 1796. Linhares não
aceita o que afirma Mário Melo: Apesar das opiniões mais que abalizadas de Mário Melo e Oliveira
Lima, este considerando uma sociedade secreta, política e maçônica no seu espírito, senão no Rito
que lhe teria sido posterior, o Areópago de Itambé se nos parece mais uma entidade cultural, onde se
podia conspirar, que propriamente um Organismo Maçônico. Entretanto, foi lá onde se abeberaram
os líderes dos futuros movimentos emancipacionistas republicanos, salientando-se dentre eles
Antônio Carlos Ribeiro de Andrade e Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque, Cavalheiro da
Ordem de Cristo e pois Barão de Suassuma. O saudoso Irm:. Marcos Santiago, no seu livro
Maçonaria, História e Atualidade refere-se ao Areópago da seguinte maneira: Em 1796 foi fundado
o Areópago de Itambé em Pernambuco, uma sociedade política secreta, que objetivava fazer de
Pernambuco uma república, e da qual faziam parte Maçons e padres da igreja católica. Frederico
Guilherme Costa, em uma de suas obras, assinala: Sabemos que antes da Cavaleiros da Luz, foi o
Areópago de ltambé instalado pelo botânico Arruda Câmara, ex-frade carmelita, médico pela
faculdade de Montpellier em 1796. M. L. Machado (Introdução à Historia da Revolução de 1817, 2ª
Ed.). Citado por Mário Melo, descreve o Areópago: Era o Areópago uma sociedade política, secreta,
intencionalmente colocada na raia das províncias de Pernambuco e Paraíba, freqüentada por pessoas
salientes de uma e outra parte e donde saíam, como de um centro para a periferia, sem assaltos nem
arruídos, as doutrinas ensinadas. Tinha por fim tornar conhecidos o estado geral da Europa, os
estremecimentos e destroços dos governos absolutos, sob o influxo das idéias democráticas (Breves
Ensaios sobre a História da Maçonaria Brasileira, Ed. “A TROLHA”, Londrina, 1993). José
Castellani, na excelente obra “Do Pó dos Arquivos”, Ed. “A TROLHA”, Londrina, 1995, ao fazer
um estudo sobre a primeira Loja fundada no Brasil, preceitua: O Areópago, embora considerado o
marco inicial das organizações maçônicas no Brasil, não era uma verdadeira Loja, tanto que o Padre
João Ribeiro, que pertencera a ele, teve que ser Iniciado em Lisboa, o que, evidentemente, leva a
crer que, na época, não existia Loja regular naquela região. Contudo, é bom observar que Castellani,
com o peso de sua autoridade de historiador de primeira água, afirma que o Areópago é considerado
o marco inicial das organizações maçônicas no Brasil. Se há os que negam tenha sido o Areópago
uma Loja Maçônica, há os que afirmam o contrário. Além de Mário Melo, como já vimos antes, o
Irm:. Antônio do Carmo Ferreira, atual Grão-Mestre do GOIPE, Maçom de invejável cultura e
grande estudioso das coisas da Maçonaria, não aceita que o Areópago não tenha sido Loja. É o que
se deduz ao ler um artigo de sua lavra, publicado em fevereiro de 1994, in Cadernos de Pesquisas
Maçônicas 6, Ed. “A TROLHA”, Londrina. Após discorrer sobre a fundação do Areópago e citar
vários nomes de participantes da instituição, informa que a casa onde funcionou o Areópago, na
Rua Videira de Melo (Itambé), foi derrubada na década dos anos 40 e, no seu lugar, em 1951, foi
levantado um obelisco, perpetuando o fato. Ao terminar o artigo, aliás muito bem lançado, Antônio
do Carmo afirma, com todos os rr e ss que o Areópago de Itambé foi uma Loja Maçônica, senão
vejamos: Em 30 de agosto de 1980, o Grande Oriente Independente de Pernambuco retomava o
curso da História, ao reinstalar (o grifo é nosso) o Areópago de Itambé, inaugurando uma Loja
Maçônica Simbólica com aquele nome distintivo. Realmente, o ato consistiu em grave
responsabilidade, não somente para os Maçons daquele Oriente, mas também e sobretudo para a
Potência que passou a ter em seu seio a Oficina Berço da Maçonaria Brasileira (o grifo é nosso). E é
preciso ser digno disto. Já alguns historiadores de renome no mundo maçônico – José Castellani,
Frederico Guilherme Costa, Ricardo Mário Gonçalves, entre outros – escreveram que a primeira
Loja fundada no Brasil foi a “Cavaleiros da Luz”. Para tanto, eles se baseavam em escrito de F.
Borges de Barros, publicado no Volume XV dos Anais do Arquivo Público da Bahia, intitulado
Primórdios das Sociedades Secretas da Bahia, onde se afirma que tendo aportado a Salvador a
fragata francesa “La Preneuse”, comandada pelo Capitão Larcher, logo se tornou alvo de visitas dos
homens mais esclarecidos da terra e que dessas visitas, que se converteram em reuniões, surgiu a 14
de julho de 1797 a Loja Maçônica “Cavaleiros da Luz”. O escrito de Borges de Barros é de 1928.
José Castellani, em artigo publicado na Revista Acácia, nº 33, de Porto Alegre, diz das razões por
que a fonte de informação era respeitável: Borges de Barros, que era Diretor do Arquivo Público da
Bahia e Grão-Mestre da Grande Loja da Bahia – a
primeira a ser fundada no Brasil, quando da cisão de 1927 – publicou, em 1928, no volume XV dos
Anais do Arquivo, às paginas 44 e 45, a história da “Cavaleiros da Luz”, informando que as
reuniões preparatórias teriam sido realizadas a bordo da fragata “La Preneuse”, sob liderança do
comandante Larcher. A posição de Borges de Barros e sua intimidade com os arquivos tornavam
fidedigna essa informação. E mesmo com contestações, não pode ser descartada a existência da
“Cavaleiros da Luz”, sem profundo exame da questão. Tinha-se, pois, como certo que a primeira
Loja Maçônica fundada no Brasil fora a “Cavaleiros da Luz”, fato que teria ocorrido na povoação
da Barra aos 14 de julho de 1797. Essas observações de Castellani eram necessárias, porque
surgiram sérias dúvidas sobre a veracidade das informações dadas por Borges de Barros, depois que
apareceram documentos que negavam a presença da fragata “La Preneuse” em águas territoriais
baianas. Quando exercíamos o Veneralato de nossa Loja “Ponto no Espaço 279″ (94/95),
convidamos nosso Irm:. e historiador, professor da USP, Ricardo Mário Gonçalves para uma
palestra sobre a primeira Loja Maçônica do Brasil e fomos surpreendidos ao ouvirmos daquele
nosso ilustre Irm:. que a fragata “La Preneuse” jamais estivera no Brasil. O palestrante dizia que
fazia tal afirmação escudado em trabalho publicado pelo historiador Luiz Henrique Dias Tavares
que, por sua vez, fundamentava sua assertiva, baseado em pesquisa feita pela historiadora Kátia de
Queirós Mattoso nos arquivos Nacional e da Marinha, em Paris. Além de “La Preneuse” jamais ter
estado no Brasil, Larcher, quando esteve em Salvador, desembarcou do navio “Boa Viagem”, em
novembro de 1796, tendo embarcado de regresso à França em 2 de janeiro de 1797. E o ilustre
palestrante argumentou: Se a “Cavaleiros da Luz” foi inaugurada em julho de 1797 e Larcher havia
embarcado em janeiro daquele ano, como poderia aquele oficial da marinha francesa ter participado
da fundação da Loja, conforme se apregoa? Por aí se vê que é necessário muito estudo, pesquisas e
mais pesquisas para que, com base em fontes fidedignas, se possa afirmar que isto ou aquilo é
realmente um fato histórico digno de fé. Nós, que não somos historiadores e que dependemos das
informações que eles nos fornecem, precisamos meditar e meditar fundo nas palavras do historiador
maçônico Frederico Guilherme Costa, autor de “Questões Controvertidas da Arte Real”, vol. 3, Ed.
“A TROLHA”, Londrina, 1997, que depois de fazer um estudo sobre a temática que acabamos de
expor, afirma: De tudo o que foi exposto conclui-se que a verdadeira função do historiador, que tem
vida curta, consiste em rever permanentemente as informações que possui e que estão sendo sempre
enriquecidas com novas fontes, partam elas de pesquisas de terceiros ou da sua própria, mas sempre
tendo em mira a boa forma e o bom conteúdo, jamais a ironia. A questão da nossa historiografia é
uma disputa do significante, pois a escrita só cumpre o seu papel quanto mais se aproxima da
palavra. Ela é sempre relativa. É da ordem do corpo e não do sentido, da cultura e não da natureza.
Mas, afinal, qual a primeira Loja Maçônica Regular fundada no Brasil? Mário Name, no artigo retro
citado, diz que a primeira Loja Maçônica fundada no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, no ano de
1800, recebeu o nome de “União”, e que um ano depois, devido ao grande número de Irmãos que a
ela aderiram, sofreu restruturação e passou a denominar-se “Reunião”. José Castellani informa que
é possível tenha existido a “União”, porém como não existe documento algum que comprove a sua
fundação, acredita que a primeira Loja Maçônica fundada no Brasil foi a “Reunião”, em 1801, isto
se ficar provado que a “Cavaleiros da Luz” não existiu. Sobre o assunto vejamos o que escreve
Frederico Guilherme Costa em “Breves Ensaios sobre a História da Maçonaria Brasileira, Ed. “A
TROLHA”, Londrina, 1993, após ter discorrido sobre o Areópago e sobre a “Cavaleiros da Luz”:
Mas segundo o manifesto de José Bonifácio publicado em 1832, a primeira Loja Simbólica regular
no Brasil foi instalada em 1801, debaixo do título de REUNIÃO, filiada ao Oriente da Ilha de
França, e nomeado para seu representante o cavaleiro Laurent, que a fortuna fez aportar às formosas
praias da Bahia de Niterói e que presidira a sua instalação. Na mesma página, o autor informa: Em
1801 a Loja “Reunião” é regulamentada instalada sob o reconhecimento do Oriente da Ilha de
França, seguindo-se as Lojas “Constância” e “Filantropia”, subordinadas ao Grande Oriente
Lusitano. Se a Cavaleiros da Luz foi a primeira Loja Maçônica no Brasil e o Areópago o primeiro
núcleo secreto revolucionário, a Loja “Reunião”, à luz dos documentos, respeitadas as leis e
tradições maçônicas foi a PRIMEIRA LOJA MAÇÔNICA REGULAR NO BRASIL. Mário
Verçosa, past Grão-Mestre da Grande Loja do Estado do Amazonas, relaciona as 16 primeiras Lojas
do Brasil, como vem exposto por Marcelo Linhares, na obra citada: 1. “Cavaleiros da Luz”, em
Salvador, BA – 1797 2. “Reunião”, no Rio de Janeiro, RJ – 1801 3. “Virtude e Razão”, em
Salvador, BA – 1802 4. “Constância”, no Rio de Janeiro, RJ – 1803 5. “Filantropia”, no Rio de
Janeiro, RJ – 1803 6. “Emancipação”, no Rio de Janeiro, RJ – 1803 7. “Beneficência”, no Rio de
Janeiro, RJ – 1803 8. “Distintiva”, em Niterói, RJ – 1812 9. “Comércio e Artes”, no Rio de Janeiro,
RJ – 1815 10. “Pernambuco Oriente”, em Recife, PE – 1817 11. “Pernambuco Ocidente”, em
Recife, PE – 1817 12. “Revolução Pernambucana”, em Recife, PE – 1817 13. “União e
Tranqüilidade”, no Rio de Janeiro, RJ – 1817 14. “Esperança de Niterói”, em Niterói, RJ – 1821 15.
“Conciliação de Pernambuco”, em Recife, PE – 1822 16. “Nove de Janeiro”, no Rio de Janeiro, RJ
– 1822.

BIBLIOGRAFIA 1. BANDECCHI, Brasil. “A Bucha, a Maçonaria e o Espírito Liberal”, Parma:


São Paulo, 1982. 2. CASTELLANI, José. “Do Pó dos Arquivos”, “A TROLHA”: Londrina, 1995.
3. ___________. “Conjuração Mineira e a Maçonaria que não Houve” (co-autoria com Frederico
Guilherme Costa) Gazeta Maçônica: São Paulo, 1992. 4. ____________. “A Polêmica em Torno da
Primeira Loja Maçônica do Brasil – uma Novidade Bastante Antiga”, in Revista Acácia, nº 33,
Porto Alegre, 1995. 5. COSTA, Frederico Guilherme. “Breves Ensaios sobre a História da
Maçonaria no Brasil”. “A TROLHA”: Londrina, 1993. 6. “Questões Controvertidas da Arte Real”,
vol. 3. “A TROLHA”: Londrina, 1997. 7. DONIDA, Odilon Carlos Nunes. “Datas e Fatos que
Fizeram a História da Maçonaria no Rio Grande do Norte e no G.O.L.E.R.N”, in Cadernos de
Pesquisas Maçônicas, nº 10. “A TROLHA”: Londrina, 1995. 8. FERREIRA, Antônio do Carmo.
“Nossa Gente”, in Cadernos de Pesquisas Maçônicas, nº 6. “A TROLHA”: Londrina, 1994. 9.
LINHARES, Marcelo. “História da Maçonaria”. “A TROLHA”: Londrina, 1994. 10. NAME,
Mário. “Tiradentes em Lisboa” – in Cadernos de Pesquisas Maçônicas, nº 11. “A TROLHA”:
Londrina, 1996. 11. SANTIAGO, Marcos. Maçonaria – história e atualidade”. “A TROLHA”:
Londrina, 1992. 12. VIEIRA, Júlio Doin. “Maçonaria, um Estudo Completo”. “A TROLHA”:
Londrina, 1997.

[1] Personalidades históricas de Itaboraí III, Visconde de Itaboraí: Série Patrimônio cultural

[3] RAMOS, César Augusto Ornellas. História da Câmara Municipal de Itaboraí.Disponível em:
www.itaborai.rj.gov.br

Criado pela lei nº 182 de maio de 1966, o Brasão de Armas de Itaboraí é o símbolo do Município,
cujas cores são; escudo português em azul com uma pedra de sua cor sustentando uma águia
estendida de prata, ladeada por uma flexa a direita e uma espada posta em pala, tudo em ouro;
assente num contrachefe cosido de vermelho, carregado de um pergaminho encimado por uma pena
posta em barra, também de ouro; bordado de prata carregada de seis estrelas azuis. Coroa mural de
cinco torres de prata como apoio, duas hastes de cana, desfolhadas, passando em aspas e colocadas
sob escudo, e dois galhos de laranjeiras frutados, dois potes de cerâmica, tudo natural, listel de azul
com a inscrição "1696 ITABORAÍ 1833" de ouro, e é de uso obrigatório em todos os papéis oficiais
da municipalidade.

Como justificativa do Brasão, tem-se que “o escudo de forma que melhor indica a origem de nosso
povo e por isso mesmo em inúmeros brasões de cidade e estados brasileiros, presta-se para
recomendar os primórdios de nossa civilização: a cor azul, que é a cor emblemática do zelo,
caridade e lealdade, traduz virtudes que Itaboraí sempre testemunhou no império e na república,
derivando-se o topônimo de Itaboraí, da língua tupi, que significa “Ita=pedra, boraí=bonita” ou
Pedra Bonita Escondida na Água. Baseados nos pronunciamentos de historiadores e indianistas
sobre a concepção do topônimo foi acrescentada ao brasão a pedra”, pois “Terra de Pedra Bonita”
era a qualificativo dado pelos indígenas à região. A água, representa a realeza, veio traduzir a
condição de Itaboraí como membro de destaque e de suporte da comunidade fluminense; a flecha
recorda os primitivos donos e habitantes de nossa terra; a espada, simboliza São João Batista, pois
Itaboraí também foi chamada de São João de Itaboraí; o contrachefe de vermelho, significa de modo
genérico, que todos os brasileiros devem seu sangue à Pátria e particularmente, os primeiros
itaboraiense que se sacrificaram em defesa de terra e engrandecimento da região. A bordadura de
prata com oito estrelas identificam a municipalidade, identificando os oito distritos. A haste em cana
e os galhos mostram riquezas agrícolas e os potes de cerâmica, a principal atividade industrial, ou
seja, a dos artefatos de cerâmica.

A Bandeira

A Bandeira Municipal foi criada pela mesma lei. Sua forma é quadrangular, com 20 módulos no
comprimento horizontal e 14 no comprimento vertical. É um retângulo terciado em pal, sendo o
primeiro em azul, o segundo em prata carregada do Brasão de Armas e o terceiro, alaranjado.

O uso da Bandeira Municipal é obrigatório em todas as solenidades civis do município, como


também, diariamente, no paço Municipal.

A lei nº 182 que oficializou o brasão e a Bandeira Municipal foi criada exatamente a 18 de maio de
1966, pelo então e saudoso Prefeito, João Batista Cáffaro.

Jornal a Folha de Itaboraí, 01 de junho de 1995 – Pesquisa e adaptação: equipe sala de Memória –
Fundação Cultural de Itaboraí.

Hino de Itaboraí - Hino de Itaboraí

Letra por Belizário,Paulinho Rezende e Haroldo Campos

Pedra Bonita, foi assim que te chamaram


Certa vez em Guarani
Terra bendita, é assim que hoje te
chamo minha Itaboraí

Tens uma porta aberta para o mar


És a janela do nosso país
Quem vem de longe aprende a te amar
Quem nasce aqui é a tua raíz

Com a argila do teu solo


O calor do teu colo
E o suor do teu povo

Vamos seguir com firmeza


E ajudar com certeza
A construir um mundo novo

És um eterno poema
Que tem como tema a felicidade
Escrito pelo criador, que te transformou nesta bela cidade (Bis)

Teus laranjais, teus imortais


A tua história é um hino de amor
És a própria paz, porque sempre estás nas mãos de nosso senhor (Bis)

Itaboraí, Itaboraí!

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