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UNIVERSIDADE POLITÉCNICA - A POLITÉCNICA

Instituto Superior de Humanidades, Ciência e Tecnologia

Curso: Engenharia Civil


2º Ano 3º Semestre

Donald Teodósio de Jesus


Faira Cacilda de A. R. Mema
Roberto Valentino Segredo
Yuran João de Carvalho

Quelimane
2021
Donald Teodósio de Jesus
Faira Cacilda de A. R. Mema
Roberto Valentino Segredo
Yuran João de Carvalho

Tema: Fabrico do betão; Tratamento e aplicação do betão.

Projecto de Pesquisa a ser avaliado na


disciplina de Tecnologia de Betão como
requisito parcial para a obtenção do Grau de
Licenciado em Engenharia Civil

Docente: Chadul Cassimo

Quelimane
2021
ÍNDICE
1. Objectivo geral...........................................................................................................5

2. Introdução..................................................................................................................6

3. Betão..........................................................................................................................7

4. Fabrico do betão.........................................................................................................7

4.1. Componentes para o fabrico do betão.................................................................7

4.1.1. Cimento.......................................................................................................7

4.1.2. Agregados....................................................................................................9

4.1.3. Água..........................................................................................................10

4.1.4. Adições......................................................................................................10

4.1.5. Adjuvantes.................................................................................................11

4.2. Processo de fabricação do betão.......................................................................11

4.2.1. Mistura ou amassadura..............................................................................11

4.2.2. Transporte..................................................................................................13

4.2.3. Lançamento...............................................................................................13

4.2.4. Adensamento.............................................................................................14

4.2.5. Cura...........................................................................................................14

4.3. Ensaios do betão...............................................................................................15

4.3.1. Ensaio do betão fresco...............................................................................15

4.3.2. Ensaio de betão endurecido.......................................................................18

5. Aplicações do betão.................................................................................................19

5.1. Principais tipos de betão utilizados na construção civil e suas aplicações.......20

5.1.1. Betão convencional...................................................................................20

5.1.2. Betão bombeável.......................................................................................20

5.1.3. Betão leve..................................................................................................21

5.1.4. Betão pesado..............................................................................................21

5.1.5. Betão autoadensável..................................................................................21


5.1.6. Betão submerso.........................................................................................22

5.1.7. Betão armado.............................................................................................22

5.1.8. Betão pretendido........................................................................................23

5.1.9. Betão de alta resistência............................................................................23

5.1.10. Betão rolado...............................................................................................23

5.1.11. Betão de alto desempenho.........................................................................24

5.1.12. Betão celular..............................................................................................24


1. Objectivo Geral

Neste presente trabalho, te como objectivo geral apresentar um dos materiais mais
utilizados e úteis a engenharia civil, o betão.

Objectivo Especifico
No trabalho, será dada a devida definição do que seria betão, quais os seus
componentes, modo de fabrico, transporte, adensamento, cura, aplicações, etc.

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2. INTRODUÇÃO

O betão é um material de grande importância da humanidade, devido a sua


grande área de aplicação, as casas, barragens, escolas, mansões, prédios,
universidades, etc., são estruturas muito seguras que não desabam facilmente,
devido ao betão, isso claro quando é devidamente estudada a sua composição e
fabricação. E neste trabalho falaremos um pouco acerca do betão, mas antes vamos
a sua definição: O betão é um material formado pela mistura de cimento, de
agregados grossos e finos e de água, resultante do endurecimento da pasta de
cimento. Para além destes componentes básicos, pode também conter adjuvantes e
adições. Caso a máxima dimensão do agregado seja igual ou inferior a 4mm, o
material resultante é denominado argamassa.

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3. BETÃO

Como dito anteriormente, o betão é uma mistura homogénea devidamente


proporcional de agregado grosso (brita), agregado fino (areia), um ligante hidráulico
(cimento), e água. Caso a máxima dimensão do agregado seja igual ou inferior a
4mm, o material resultante é denominado argamassa.

Além destes requisitos de composição, para que o material possa ser


considerado betão é necessário que seja convenientemente colocado e compactado.
Assim deve apresentar, depois da compactação, uma estrutura fechada, i.e., o teor
em ar em volume não deve exceder 3% quando a máxima dimensão dos agregados é
maior ou igual 16mm e 4% quando a máxima dimensão dos agregados é menor que
16mm. Este teor limite de ar não inclui ar introduzido nem os poros dos agregados,
i.e., trata-se apenas de ar aprisionado que não foi expulso em resultado da
compactação.

O betão com estas características pode ser utilizado no projecto e execução


de estruturas de betão simples, betão armado e betão pré-esforçado.

4. FABRICO DO BETÃO

4.1. Componentes para o fabrico do betão

Antes de abordarmos a cerca do seu fabrico vamos falar um pouco dos


constituintes do betão:

4.1.1. Cimento

O cimento (ligante hidráulico) é um material inorgânico finamente moído


que, quando misturado com água, forma uma pasta que faz presa e endurece em
virtude das reacções e processos de hidratação e que, depois de endurecer, mantém a
sua resistência e estabilidade mesmo debaixo de água. O cimento é obtido pela
cozedura, a temperaturas da ordem de 1450ºC, de uma mistura devidamente
proporcionadas de calcário e argila.(COSTA; APPLETON. 2002)

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O ligante assim obtido é designado correntemente por cimento Portland. No
processo de cozedura destas matérias-primas (calcário e argila) são originadas
diversas reacções químicas, formando-se novos compostos que, ao arrefecerem,
aglomeram-se em pedaços com dimensões variáveis (2 a 20mm) designados por
clínquer.

Após o arrefecimento, o clínquer é moído juntamente com adjuvantes, para


facilitar a moagem, e gesso para regular o tempo de presa. Nesta fase, podem ser
juntadas à mistura adições (pozolanas, cinzas volantes, escórias de alto forno, etc.)
para lhe modificar as propriedades. Podem, ainda, ser juntadas adições inertes em
quantidades que não excedam 15%, de modo a não prejudicarem as propriedades do
cimento.

Quando o cimento é misturado com água ocorrem reacções de hidratação


que formam compostos estáveis que cristalizam com forma fibrosa interligando-se,
conferindo ao conjunto uma elevada resistência. A designação de ligante deve-se à
propriedade que de poder aglomerar uma proporção elevada de materiais inertes
(areias, britas, …) conferindo ao conjunto uma elevada coesão e resistência, o que o
torna apropriado para o fabrico do betão.

As propriedades do cimento, nomeadamente o seu comportamento


mecânico, dependem da sua composição química e da finura obtida na moagem.
Dado que só a superfície dos grãos de cimento participa nas reacções de hidratação,
quanto maior a finura do cimento, maior é a quantidade de componentes hidratados
e, assim, maior a resistência da pasta de cimento.

Os cimentos de classe de resistência mais elevada apresentam maior


quantidade de silicatos tricálcico e maior finura relativamente aos cimentos menos
resistentes. Refira-se que esses cimentos desenvolvem maiores resistências iniciais,
embora exibam menor crescimento das resistências a longo prazo.

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Resistência a compressão (MPa)
Classes Resistência aos primeiros dias Resistência de
Referencia
2 Dias 7 Dias 28 Dias
32.5 - ≥ 16 ≥ 32.5
32.5 R ≥ 10 -
e
≤ 52.5
42.5 ≥ 10 - ≥ 42.5
42.5 R ≥ 20 -
e
≤ 62.5
52.5 ≥ 20 - ≥ 52.5
52.5 R ≥ 30 -

Tabela 1: Resistência a compressão do cimento

4.1.2. Agregados

Os agregados são constituídos por elementos naturais ou artificiais, britados


ou não, com partículas de tamanho e forma adequadas para o fabrico de betão.
(COSTA; APPLETON. 2002)

Os agregados podem classificar-se segundo vários aspectos: petrográfico, massa


volúmica, modo de obtenção e dimensão das partículas.

Quanto à petrografia classificam-se de acordo com as rochas de onde são


originários: sedimentares, metamórficos e ígneos. No que se refere à massa volúmica,
classificam-se em agregados leves (γ <2000kg/m3); agregados normais (2000≤ γ
≤3000kg/m3) e agregados muito densos (γ > 3000kg/m3). Quanto ao modo de obtenção
classificam-se em naturais e britados.

Relativamente às dimensões classificam-se em areias e agregados grossos. A areia é


um agregado com máxima dimensão inferior a 5mm, designando-se por areia rolada quando
é natural e areia britada quando obtida por fractura artificial. Os agregados grossos
apresentam dimensões superiores a 5mm, designando-se por godos quando são de origem
natural e por britas, quando são obtidos por fractura artificial . (COSTA; APPLETON.
2002)

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A forma dos grãos e a textura de superfície dos agregados tem influência
significativa em algumas propriedades do betão. Sob este aspecto, os agregados
arredondados e lisos conferem maior trabalhabilidade ao betão e os agregados
britados aumentam a sua resistência à tracção.

A resistência do betão à compressão pode ser influenciada significativamente


pelos agregados através da composição granulometria, da sua resistência e da
resistência da ligação pasta de cimento-agregado. A granulometria e a resistência
são as propriedades mais importantes dos agregados. A granulometria condiciona a
compacidade do betão e, desta forma, as suas propriedades no estado fresco e
endurecido.

4.1.3. Água

Esse é o componente do betão mais conhecido, afinal nos deparamos com a


água todos os dias, pois dependemos dela para a nossa sobrevivência. Mas também
a água é fundamental na produção do betão.

Para que a água seja adequada ao fabrico do betão é necessário que não
contenha matérias prejudiciais. As águas potáveis e outras que não apresentem
cheiro nem sabor podem ser utilizadas no fabrico do betão.

Não devem ser utilizadas águas com pH inferior a 4 nem as que contenham
óleos, gorduras, hidratos de carbono e sais prejudiciais. Quando as águas apresentam
resíduos em suspensão deve limitar-se a sua utilização, dado que estas matérias
prejudicam a ligação pasta de cimento-agregados.

4.1.4. Adições

As adições são materiais inorgânicos, finamente divididos que podem ser


adicionados ao betão com a finalidade de melhorar certas propriedades ou para
adquirir propriedades especiais.

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4.1.5. Adjuvantes

Os adjuvantes são produtos que são adicionados em pequenas quantidades


referidas à massa de cimento (< 5%), antes ou durante a amassadura, provocando as
modificações requeridas das propriedades normais do betão fresco ou endurecido.

Existem actualmente uma grande variedade de produtos com a finalidade de


modificar as propriedades tecnológicas do betão, tornando difícil a sua classificação.
Sob o ponto de vista prático, o que tem maior interesse são os efeitos que se
procuram alcançar com a utilização de adjuvantes, sendo os principais os seguintes:
melhorar a trabalhabilidade, retardar a presa, acelerar a presa, acelerar o
endurecimento nas primeiras idades, aumentar a resistência aos ciclos gelo-desgelo,
diminuir a permeabilidade, criar uma ligeira expansão, ajudar a bombagem, inibir a
corrosão de armaduras.

4.2. Processo de fabricação do betão

As fases para a fabricação do betão são:

 Mistura/amassadura;
 Transporte;
 Lançamento;
 Adensamento;
 Cura;

4.2.1. Mistura ou amassadura

Tem por intuito dar homogeneidade ao betão, isto é, fazer com que ele
apresente a mesma composição em qualquer ponto de sua massa. Pode ser manual,
quando realizada no masseiro com o auxílio de pás e enxadas ou mecanizada
quando realizada com o auxílio de uma betoneira ou camião betoneira.

Betoneira é um equipamento utilizado para mistura de materiais, na qual se


adicionam cargas de pedra, areia e cimento mais água, na proporção e textura
devida, de acordo com o tipo de obra. Como já referido acima, a quantidade de cada

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componente vai de acordo com o tipo de obra em execução, e também ao critério do
arquitecto, engenheiro civil ou o mestre da obra.

Durante a mistura, deve se ter muito cuidado com a dosagem da água. A


água de amassadura desempenha dois papéis importantes na massa fresca e na fase
de endurecimento do betão. No betão fresco, a água confere à massa a
trabalhabilidade adequada para permitir uma boa colocação e compactação. Na fase
de endurecimento a água participa nas reacções de hidratação do cimento que
conferem a resistência necessária ao betão.

Todavia, deve-se limitar ao mínimo a quantidade de água utilizada no


fabrico de betão, pois a água em excesso evapora-se criando no betão uma rede de
poros capilares que prejudicam a sua resistência e durabilidade. Assim, a quantidade
de água a utilizar deverá ser a indispensável para se obter a trabalhabilidade
pretendida. Refira-se que com o desenvolvimento dos adjuvantes plastificantes com
elevado desempenho é actualmente possível utilizar quantidades muito pequenas de
água no fabrico do betão sem prejudicar a trabalhabilidade.

Quanto maior é a máxima dimensão do agregado, menores são as


quantidades necessárias de cimento e água. Todavia a máxima dimensão do
agregado é limitada pela dimensão das peças a betonar e pelo afastamento entre os
varões da armadura.

No que se refere à resistência mecânica dos agregados, verifica-se tratar-se


de uma propriedade importante, nomeadamente no caso de betões de alta
resistência. Para betões correntes, e dado que a resistência das rochas utilizadas
como agregados é superior a valores da ordem de 60MPa, a resistência do betão
depende essencialmente da resistência da pasta de cimento. Quando a pasta do
ligante apresenta uma resistência elevada (obtida através de reduzidas razões A/C e
utilização de adições activas) a resistência do betão é condicionada pela resistência
dos agregados. Assim, o fabrico de betão de alta resistência requer, para além de
outros factores, a utilização de agregados seleccionados com resistências elevadas.

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4.2.2. Transporte

Depois de misturado, o betão é transportado até o local de aplicação,


geralmente feito através de camiões betoneiras. O camião betoneira é um tipo de
veículo que é responsável por receber o betão usinado da central doseadora e
transportar até o local de aplicação nas obras. Entretanto, a função do caminhão
betoneira não é única e exclusiva de transportar o betão, além disso, os caminhões
betoneira, também são os responsáveis por misturar os materiais (água, pedra, areia,
cimento, areia e aditivos) para transforma-los no betão usinado. Logo, é
responsabilidade do caminhão realizar essa mistura e transportar o material até o
local de aplicação, dentro do prazo de 3 horas para garantir qualidade e resistência
do mesmo, afinal, o betão é perecível.

Fig. 1: Caminhão betoneira

4.2.3. Lançamento

É a colocação do betão no local de aplicação, em geral, nas formas. Começa


a endurecer após quatro horas da adição da água.

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4.2.4. Adensamento

Pela constituição do betão armado (com armaduras de ferro em seu interior),


há chances de ficarem vazios na estrutura. O adensamento é feito normalmente com
o uso de um vibrador.

O vibrador é um equipamento utilizado para compactar o concreto ainda


fresco, com o objectivo de retirar as bolhas que prejudicam a resistência e
durabilidade, e evitam problemas futuros como rachaduras, aumentando a
resistência ao tempo e ambiente externo.

Fig. 2: Vibrador

Ou seja, se a sua obra tem concreto envolvido, o vibrador de concreto é


extremamente essencial. Isso porque, segundo especialistas, a remoção de 1% do ar
já aumenta em até 3% a 5% da resistência do concreto. Essa informação reforça a
importância do equipamento ao se manusear concreto em obras, evitando
complicações futuras na estrutura do projecto.

Esse equipamento pode ser utilizado na confecção de vários elementos com


concreto da construção civil, como lajes, pisos, colunas, vigas, sapatas e outros.

4.2.5. Cura

A cura é a fase de secagem do betão. Ela é importantíssima: se não for feita


de modo correto, este não terá a resistência e a durabilidade desejadas. Ao contrário

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do que se possa pensar, para uma boa cura não basta deixar o betão simplesmente
secar ao tempo, já que o sol e o vento o secam imediatamente. É um processo
mediante o qual se mantém um teor de humidade satisfatório, evitando a evaporação
de água da mistura, garantindo ainda, uma temperatura favorável ao betão durante o
processo de hidratação dos materiais aglomerantes, de modo que se possam
desenvolver as propriedades desejadas.

Desde a fabricação até à fase em que desempenha funções estruturais, o


betão passa por dois estados diferentes: betão fresco e betão endurecido. O primeiro
é definido como betão ainda no estado plástico e capaz de ser compactado por
métodos normais. O segundo é definido como betão que endureceu e desenvolveu
uma certa resistência. O endurecimento do betão começa poucas horas após o seu
fabrico e atinge aos 28 dias de idade cerca de 60 a 90% da sua resistência final,
dependendo do tipo cimento e do tipo de cura utilizado.

4.3. Ensaios do betão

Depois do fabrico do betão são realizados ensaios para garantir a sua


segurança antes e depois da aplicação na obra. Portanto são realizados ensaios
laboratoriais de betões plásticos e após o endurecimento é realizado o ensaio do
betão endurecido.

4.3.1. Ensaio do betão fresco

Ensaio de abaixamento: cada betão produzido deve ser ensaiado, no seu


estado fresco, ao abaixamento, através do Cone de Abrams, para determinar a sua
consistência e fluidez. Este ensaio é adequado a mudanças de consistência do betão
correspondentes a abaixamento entre 10 mm e 210 mm e deve obedecer ao exposto
na NP EN 12350-2.

A metodologia de ensaio consiste em encher com betão fresco um molde


metálico de forma tronco cónica e dimensões normalizadas (com 30 cm de altura, 20
cm de diâmetro na base e 10 cm de diâmetro no topo), em 3 camadas compactadas
com 25 pancadas cada uma (pancadas executadas com barra de compactação de

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dimensões normalizadas) e seguidamente esvaziar o molde (subindo-o), medindo-se
o abaixamento do betão com uma régua de escala igualmente normalizada.

Fig. 3: Ensaio feito no cone de Abrams

O ensaio só é válido se o abaixamento for verdadeiro, ou seja, se o


abaixamento não deformar (ver Figura 1). Caso se sucedam dois ou mais
abaixamentos deformados, tal indica que o betão não possui a plasticidade e coesão
adequadas para efectuar o ensaio, devendo realizar-se uma nova amassadura.

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Fig. 4: Ao lado esquerdo esta um betão ensaiado não deformado e ao lado direito esta um deformado

O resultado de cada ensaio de abaixamento deve encontrar-se dentro dos


limites de consistência estabelecidos, que fazem corresponder diferentes classes a
intervalos de diferentes valores de abaixamento, como indicado na tabela.

Classe Abaixamento Tolerância


(mm) (mm)
S1 10 – 40 ± 10
S2 50 – 90 ± 20
S3 100 – 150 ± 30
S4 160 – 210 ± 30
S5 ≥ 220 ± 30

Tabela 2: Classes de abaixamento do betão

Ensaio de mesa de espalhamento: Por vezes, o betão produzido foi


ensaiado, no seu estado fresco, ao espalhamento, numa mesa plana, através de
pancadas, para determinar a sua consistência e fluidez. Este ensaio deve seguir as
considerações estipuladas pela NP EN 12350-5.

A metodologia de ensaio consiste em encher com betão fresco um molde


metálico de forma tronco cónica e dimensões normalizadas (cone de Abrams), em
duas camadas iguais, compactando cada camada com 10 pancadas executadas com a
barra de compactação (utensílio normalizado). De seguida, coloca-se o molde sobre

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a mesa de espalhamento e acciona-se um ciclo de elevação e queda, que se repete
por 15 vezes. Com uma régua de escala normalizada mede-se o espalhamento do
betão segundo duas direcções ortogonais, paralelas às arestas da mesa.

Fig. 5: Mesa de espalhamento, cone de Abrams e barra de compactação do lado direito e

ao lado esquerdo, as medições do espalhamento do betão.

Deve ainda verificar-se, por observação visual, se o espalhamento origina


segregação do betão, ou seja, separação dos agregados e da água.

Determinação da massa volúmica: Por cada betão que foi produzido, deve
ser determinada a sua massa volúmica, de acordo com a NP EN 12350-6.

A metodologia de ensaio consiste em compactar o betão fresco num


recipiente metálico estanque, de volume e massas conhecidos e dimensões
normalizadas, que será posteriormente pesado numa balança devidamente calibrada.

A massa volúmica do betão fresco é determinada a partir da expressão


abaixo, em que: m1 corresponde à massa do recipiente vazio, em quilogramas [kg];
m2 corresponde à massa do recipiente cheio de betão compactado, em quilogramas
[kg]; V corresponde ao volume do recipiente em metros cúbicos [m3].

m 2−m1 3
ρ= [kg/m ]
V

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4.3.2. Ensaio de betão endurecido

Ensaio de resistência a compressão: Os provetes dos betões produzidos no


laboratório foram submetidos a ensaios de resistência à compressão numa prensa
totalmente automático, a uma velocidade constante de 13,5 kN/s, registando-se
criteriosamente a massa volúmica aparente e a carga de rotura de cada provete, de
acordo com a NP EN 12390-3.

Fig. 6: Betão endurecido sendo ensaiado numa prensa hidráulica

A metodologia de ensaio consiste em posicionar o provete na superfície de


ensaio (certificando-se de que esta se encontra limpa e seca), de modo a que a carga
seja aplicada perpendicularmente à direcção da moldagem. Seleccionando-se a
velocidade de aplicação da carga (13,5 kN/s, como referido anteriormente), passa-se
à aplicação contínua e gradual de carga, aumentando-a até não ser possível aplicar
uma carga maior (quando o provete atinge a rotura) e registando-se a carga máxima
indicada (em kN).

A resistência à compressão (fc) é obtida a partir da equação abaixo, em que F


é a carga máxima à rotura [N] e Ac é área da secção transversal do provete na qual é
aplicada a força de compressão [mm2].

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F
fc= [kN /mm2 ]
AC

5. APLICAÇÕES DO BETÃO

O betão apresenta diversas áreas de aplicação, sendo elas:

 Estruturas de casas e edifícios;


 Estruturas de pontes e viadutos;
 Obras de betão pretendido
 Obras hidráulicas;
 Pisos de alta resistência;
 Pisos de rodovias;
 Recuperação de estruturas;
 Etc.

5.1. Principais tipos de betão utilizados na construção civil e


suas aplicações

Baseado nas variedades de materiais e suas quantidades utilizadas, é possível


obter inúmeros tipos de betão que podem ser usados na construção civil, alterando
método de aplicação, custo, resistência e outras características. Se seguem os
principais tipos de betão:

5.1.1. Betão convencional

Como o próprio nome sugere, trata-se do tipo de betão mais utilizado nas
obras. É aquele lançado nas formas por método convencional, utilizando carrinho de
mão, grua, balde, entre outros. O betão convencional pode ser usinado ou feito na
própria construção com ajuda de uma betoneira. É utilizado em obras civis,
industriais e em peças pré-moldadas.
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5.1.2. Betão bombeável

Assim como o convencional, o betão bombeável é muito utilizado em obras


civis, além de possuir também características semelhantes e as mesmas vantagens
em sua utilização. Sua diferença é a maior fluidez, justamente para que seja possível
o seu bombeamento. Além de alcançar distâncias maiores em sua aplicação.

Para atingir esta fluidez, aumenta-se a quantidade de água ou a incorporação


de aditivos químicos que promovam a maior trabalhabilidade e diminui-se a
granulometria do agregado graúdo.

5.1.3. Betão leve

Como o próprio nome sugere, o betão leve tem densidade menor que o
convencional. Isso ocorre devido a substituição dos agregados convencionais por
agregados leves, como argila expandida, vermiculita, isopor ou EVA. Ou ainda pela
incorporação de bolhas de ar no betão.

Existem, basicamente, dois tipos de betão leve. Um deles é o estrutural, em


que a brita é substituída por argila expandida. O outro vem com ar incorporado,
usado para preenchimentos e para vedação de paredes, painéis e divisórias. Suas
vantagens são: redução de peso próprio e isolante termo-acústico.

5.1.4. Betão pesado

A característica principal desse tipo de betão é a sua alta densidade, obtida


com a utilização de agregados especiais, como a hematita, a magnetita e a barrita.
Isso faz com que tal tipo de mistura ganhe maior resistência mecânica, durabilidade
e protecção contra radiações.

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Suas aplicações mais frequentes são em contrapesos de estruturas pesadas,
como gasodutos, por exemplo. Além de salas de raio X, hospitais e usinas que
tenham algum tipo de radiação.

5.1.5. Betão Autoadensável

Apontado como a principal inovação tecnológica do século passado, o betão


auto adensável tem como características a fluidez e a resistência à segregação,
diferenciando-se de outros materiais que queiram imitá-lo. Outra propriedade
importante do produto é a habilidade passante. No auto adensável, mesmo muito
fluido os agregados e a pasta de cimento não segregam.

Um betão auto adensável típico possui espalhamento mínimo de 550 mm,


podendo ser lançado e adensado sem vibração. Ele é muito utilizado em betonagens
submersas e fábricas de pré-moldados.

5.1.6. Betão submerso

Este tipo de betão é aplicado na presença de água, como alguns tubulões,


barragens, estruturas submersas no mar ou em água doce, estruturas de contenção ou
em meio à lama bentonítica (lama bentonítica, é um fluido composto basicamente de
água e bentonita, nome genérico da argila composta de mineral silicato hidratado de
alumínio.), como é o caso das paredes diafragma (Parede diafragma é um método
revolucionário da Engenharia de Fundações. Conhecida como uma das mais
importantes formas de contenção de terrenos em escavações de obras que envolvem
subsolo, a parede diafragma é a responsável por estabilizar as paredes da cavidade
da obra e equilibrar o empuxo causado pelo lençol freático.).

No ambiente marinho, ele deve estar preparado para sofrer uma série de
agressões ao longo do seu tempo de vida. O uso de sílica activa é uma saída
importante, cujo objectivo é diminuir a permeabilidade do material.

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5.1.7. Betão armado

Essa é a variação de betão mais comum nas obras actuais, pois é a união do
betão com as barras de aço, unindo a resistência à compressão com a resistência à
tracção. Por esse motivo, é possível reduzir as dimensões das estruturas, melhorando
a relação custo-benefício.

Pode ser usinado ou feito na própria obra. Como derivou do betão


convencional, também não apresenta aditivos em sua composição. Apresenta
resistências similares ao concreto convencional

5.1.8. Betão pretendido

Quando o sistema é submetido a elevados esforços de flexão, grandes vãos


livres, reforços estruturais e construção ou reforma de ambientes agressivos, como
fábricas e indústrias, é indicado o uso da protensão. Essa técnica consiste na
colocação de cabos de aço com elevada resistência que podem ser traccionados
antes ou após a betonagem, tornando a estrutura resistente às cargas previstas.

Fig. 7: Tirantes de protensão em uma estrutura

5.1.9. Betão de alta resistência

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Como o próprio nome diz, o betão de alta resistência inicial possui
resistência superior ao convencional à compressão como, por exemplo, de 149 MPa
aos 28 dias.

É importante ressaltar a importância do agregado para a rigidez e resistência


do betão, pois a redução da dimensão do agregado graúdo ocasiona o ganho de
resistência devido ao fortalecimento da zona de transição (área de contacto entre
pasta e agregado). Dessa forma, quanto mais alta a resistência a ser alcançada,
menor deve ser a dimensão máxima do agregado graúdo. Ao que se refere ao
agregado miúdo, a preferência, para a fabricação desse tipo de concreto, é de um
módulo de finura elevado.

Um dos pontos negativos do betão de alta resistência inicial que devem ser
observados é a tendência de grande retracção por secagem e fluência devido o
consumo de cimento, que normalmente é amenizado com a adição de pozolana.

Sua utilização se destina principalmente em fundações, lajes de piso, pilares


e vigas de edifícios altos, porém devido suas características de baixa fluência e alta
deformação por retracção, tende a fissurar na presença de águas agressivas,
aquecimento e resfriamento e congelamento e degelo.

5.1.10. Betão rolado

O betão rolado é utilizado principalmente como sub-base em pavimentações


urbanas, pisos de estacionamentos e em barragens de grande porte. Sua aplicação se
dá por meio de sua compactação com rolos compressores devido ao seu baixo
consumo de cimento e baixa trabalhabilidade.

Os materiais componentes são os mesmos utilizados no betão convencional


e, em geral, não é gerado um grande custo de transporte já que se consegue ter uma
boa dosagem com materiais geralmente empregados na dosagem do betão.

Se a superfície que será aplicado o betão rolado receber uma placa de betão,
é indicado a execução de uma pintura com emulsão asfáltica ou betuminosa que irá
permitir uma boa cura e dispensa o uso de lona plástica, além de garantir uma boa
impermeabilização para a estrutura.

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Fig. 8: Concreto rolado sendo aplicado em uma estrada

5.1.11. Betão de alto desempenho

De acordo com o U.S. Federal Highway Administration (FHWA): “o betão


de alto desempenho (CAD) é um betão projectado para ser mais durável e, se
necessário, mais resistente do que o concreto convencional. Misturas de betão de
alto desempenho são compostas essencialmente pelos mesmos materiais que as
misturas de concretos convencionais. Mas as proporções são projectadas ou
planejadas para fornecer a resistência e durabilidade necessárias para atender os
requisitos ambientais e estruturais do projecto.”

Portanto, podemos considerar um betão de alto desempenho como aquele


que possui um conjunto de características que o tornam superior ao convencional
para determinados fins específicos. Como exemplo, podemos citar: Adensamento
sem segregação; Permeabilidade; Calor de hidratação; Resistência nas primeiras
idades.

5.1.12. Betão celular

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O betão celular é um tipo de betão leve de massa específica aparente abaixo
de 1850 kg/m³ e acima de 300 kg/m³. Diferentemente do betão leve que utiliza
agregados de massa específica reduzida, é adicionada uma espécie de espuma
especial.

Sua aplicabilidade se relaciona em: paredes, divisórias, nivelamento de


pisos, painéis pré-fabricados e pré-moldados.

6. CONCLUSÃO

O betão de facto se mostra indispensável para a engenharia civil, devido a


suas características, nos possibilitam construir de maneira segura, prática e fácil.
Como mencionado ao longo do trabalho, o betão nada mais é que uma mistura de
certos materiais como o cimento, areia, brita e água. Na qual pode ser utilizados
usando pás, betoneiras ou ainda caminhões betoneiras quando o processo de mistura
não é realizado no local da aplicação.

O betão não se limite apena no uso de cimento, mas também pode ser
utilizado outros aterias como ligante hidráulico, nesse caso o betume é um deles,
originando um betão betuminoso.

As nossas estruturas, são o que são hoje, seguras, devido ao betão, mas
certamente tal segurança só é alcançada quando se tem um estudo prévio de cada
componente a usar no fabrico do betão, por isso, recomendasse a presença de um
engenheiro de construção civil, arquitecto ou mestre-de-obras para obtermos uma
boa amassadura do betão.
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7. Referências bibliográficas

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