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O espelho quebrado

Article · August 1997


DOI: 10.11606/issn.2316-9125.v0i9p75-77

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Gutemberg Armando Diniz Guerra


Federal University of Pará
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O ESPELHO QUEBRADO

Gutemberg Guerra

PAES LOUREIRO, João de Jesus. Cultura Amazônica. Uma poética


do imaginário. Belém, CEJUP, 1995. 448 p.

As folhas do livro foram devoradas celeremente nos caminhos de

Salvador à Marabá. Para descansar os olhos das formigas inteligentes que bailavam

nas páginas, recorria ao verde da folhagem que se transmutava em tonalidades sempre

muito bem recebidas pela visão. Ora era o poeta falando do imaginário que

esparrama-se em sua poesia que se deita sobre os mitos e as realidades da Amazônia.

Ora a natureza assumia o seu papel de ator principal na construção dos mitos que

estavam sendo desnudados na obra. Foi assim que li Cultura Amazônia, uma

poética do imaginário, de Paes Loureiro.

O livro é dividido em cinco grandes partes em que a teoria vai se

expressando sobre uma empiria farta e muito concreta mesmo para quem ainda não

percorreu nenhum trecho da cultura da região Norte. Faz uma espécie de anatomia de

manifestações religiosas como o Sayré, o Marambiré e o Círio de Oriximiná,

combinando a análise e a passagem dos momentos estéticos para os da representação

religiosa. Baseia-se em cinco mitos da Amazônia (o Boto, a Boiúna, o Poromina-

minare, a Iara, o Tambatajá) mostrando a originalidade da expressão amazônica.

Analisa manifestações lúdicas como o Boi Tinga, o Pássaro Junino e o Boi de

Parintins demonstrando como fogem do conceito frio e cristalizado de folclore para

serem expressão viva da história atual, com os recursos cênicos e mediáticos do

mundo moderno. Detem-se nos brinquedos fabricados com a cortiça de miriti,

palmeira bastante difundida no Baixo Amazonas, e descreve a arte que ali se encerra,

com a mais pura e vigorosa capacidade de elaboração de seus fabricantes.


Elabora o conceito de conversão semiótica em que consolida o conceito

de dominante e outros que compartilham da mesma linha de pensamento sobre a

matéria (página 36). Faz esse conceito aparecer na obra a cada momento em que uma

determinada manifestação assume funções diferentes, seja ela estética, religiosa ou de

outra natureza.

No último capítulo, de considerações finais, demonstra como o

imaginário é inspirado no concreto e como a lenda amazônica expressa fartamente a

relação do homem com a natureza, as contingências socio-econômicas e políticas.

É uma obra densa de conteúdo mas de leveza quase lírica na sua

expressão escrita. Percorre-se as linhas como se encantado pelos mitos, círios, danças

ou folguedos da região. Para quem conhece, é como viajar pelos encantados povoados

e matas da região.

Suaviza o pré-conceito que costuma-se ter dos pós-modernos. Propõe

uma leitura da cultura que brota de manifestações coletivas de significado

profundamente arraigado em costumes, incorporando porém novos elementos críticos

ou de caráter atual.

O poeta João de Jesus Paes Loureiro nasceu em Abaetetuba, Pará tendo

feito o curso de Direito na Universidade Federal daquele mesmo estado. Possui ampla

atividade política em seu currículo onde pode contar ter sido Secretário de Cultura do

Município de Belém e Secretário de Cultura no Estado. Hoje ocupa a pasta da

Educação no governo Almir Gabriel, do PSDB.

De vasta obra poética, considerado um dos dez melhores autores do

país na década de 80 pela Associação dos Críticos Literários de São Paulo, vem sendo

editado também em japonês, italiano, alemão e francês.

Destacamos para referência as seguintes obras:

Poesia: TAREFA, Belém, Falângola Editora, 1964; CANTIGAS DE


AMOR, DE AMAR E DE PAZ, Belém, Falângola Editora, 1966; EPÍSTOLAS E

BALADAS, Belém, Grafisa, 1968; HEU (Três poemas visuais). Exposição na X

Bienal Internacional de Artes Plásticas de São Paulo - Parceria com Paulo Chaves,

2
1975; REMO MÁGICO, Belém, Ed. Sagrada Família, 1975; PORANTIN, Rio de

Janeiro, 1979; DESLENDÁRIO, Rio de Janeiro, Ed. Civilização Brasileira, 1981;

ALTAR EM CHAMAS, Rio de Janeiro, Ed. Civilização Brasileira, 1983;

PENTACANTOS, São Paulo, Roswita Kempf Editora, 1984; CANTARES

AMAZÔNICOS, São Paulo, Roswita Kempf Editora, 1985; ROMANCE DAS

TRÊS FLAUTAS, São Paulo, Roswita Kempf Editora (Em português e alemão),

1987; ILUMINAÇÕES/ILUMINURAS, São Paulo, Roswita Kempf (Em português

e japonês), 1988; ALTAR EM CHAMAS E OUTROS POEMAS, Belém, CEJUP,

1989; CANTARES AMAZÔNICOS, Belém/Itália, Falângola Editora/L'Aquila (Em

português e italiano), 1990; CANTARES AMAZÔNICOS, Berlim, Ed. Diá (Em

português e alemão), 1991; ERLEUCHTUNGEN/MALEREIEN

(Iluminações/Iluminuras), Munique (Traduzido em Alemão por Michael v. Kilischh-

Horn), 1990; UN COMPLAINTE POUR CHICO MENDES. Trad; Lyne Strouc.

Foire international "Terres de l'Avenir", Paris, CCFD, 1992.

Teatro: ILHA DA IRA, Rio de Janeiro, INACEN/MEC, Rio de

Janeiro, 1976; A PROCISSÃO DO SAYRÊ, Rio de Janeiro, 1977.

Estética: Elementos de Estética, Belém, CEJUP, 1989.

Tradução: A poesia de Wong Way. Tradução conjunta com Sun Chin.

São Paulo, Roswita Kempf Editora (Em português e chinês), 1987.

Discos: ATÉ A AMAZÔNIA. Músicas com o Quinteto Violado. Rio

de Janeiro, Phonogran, 1975; ROSTOS DA AMAZÔNIA, Poesia com Sebastião

Tapajós ao violão. Rio de Janeiro, Phonogran, 1985.

Com o título de Doutor defendido na Universidade de Paris V,

Sorbonne, em 1994, sob a orientação do professor Dr. Michel Maffesoli, João de

Jesus Paes Loureiro tem apresentado a sua tese convertida em livro em vários estados

do país.
É obra que vale a pena ser lida por todos os que pretendem ter um nível

de conhecimento mais aprofundado sobre nossos mitos nascidos na Amazônia.

3
PAES LOUREIRO, João de Jesus. Cultura Amazônica. Uma poética

do imaginário. Belém, CEJUP, 1995. 448 p.

ERRATA

Pág/Linha Onde se lê Leia-se


22 / 31 cupação ocupação
25 / 32 dirigirem dirigiram
36 / 17 também falar que fato o estético ?
36 / 29 e de dominante o de dominante
36 / 31 com base da ampla com base na ampla
37 / 28 rierarquizado hierarquizado
39 / 23 conceitos chave conceitos chaves
41 / 10 visa a aprender visa a apreender
43 / 4 insasiable cotejar com pag. 112
51 / 5 conceita conceito
56 / 27 mutuações mutações
57 / 34 habituaram-se e a apreender habituaram-se a apreender
61 / 13 participar de numa participar de uma
68 / 26 e 27 mancial manancial
69 / 32 lengendária legendária
70 / 06 la permaneciam lá permaneciam
70 / 11 Estes, entretanto, de uma lado Estes, entretanto, de um lado
82 / 31 afã estatico afã estático
83 / 16 é está comunhão com é esta comunhão com
89 / 1 e 2 aistesis ?
89 / 8 especialmente artística o evidencia ?
97 / 12 adejetivos ?
97 / 27 envólucro ?
98 / 6 imedível ?
111/ MEFFESOLI MAFFESOLI
146 / 5 Jesus Manino Jesus Menino
149 / 15 avitaram evitaram
150 / 4 da tio da tia ( do tio)?
150 / 23 difinitivo definitivo
150 / 32 verbete município de Alenquer ?
154 / 30 cotejo cortejo

4
159 / 29 mesmos igarapés mesmo igarapés
171 / 30 A que ?
177 / 17 herarquicamente hierarquicamente
180 / 01 nítica nítida
194 / 32 afeito efeito
196 / 25 e problème le problème
197 / 17 Galton Gaston
204 / 33 baíra Baíra
205 / 16 mlher mulher
205 / 33 essa simiólogo esse semiólogo
205 / 37 intradutíveis intraduzíveis (?)
212 / 33 no caso não conseguir no caso de não conseguir
213 / 35 contelação constelação
216 / 19 conversação conversão
216 / 22 que sua forma que é sua forma
216 / 33 cabeça erotizado cabeça erotizada
217 / 37 um olho de botos um olho de boto
220 / 12 Eu seu Moronguetá Em seu Moronguetá
221 / 12 A fantasia curiosa faz com elas A fantasia curiosa faz com que elas
225 / 30 marcarada mascarada
227 / 19 luz do mundo luz no mundo
227 / 21 caós caos
227 / 37 averno ?
230 / 21 barancos barrancos
232 Refere-se a Heraldo Maués e não o ?
referencia nas notas bibliográficas.
238 / 11 A sombra À sombra
240 / 12 ele mesma ele mesmo
244 / 16 Portomina Poromina
253 / 33 pasicanalítico psicanalítico
254 / 1 as três "reflexos dominantes" ?
257 / 9 Jupará não é benfeitor de Poramina- ?
Minare
259 / 3 esquee esquece
279 / 6 enterserção interseção
279 / 16 segunda pessoa primeira pessoa
300 / 18 e 19 não depende a Não depende da

5
400 / 1 cpacité capacité
310 / 14 ciomme comme
312 / 2 Em algum da Em algum lugar da
312 / 6 esparços esparsos
312 / 19 ver Como ver como
314 / 28 repostas respostas
318 / 22 inciativas iniciativas
320 / 11 da vestimentas das vestimentas
320 / 12 das surpresa das surpresas
321 / 9 costumavam a costumavam incluir
321 / 10 pe. José de Anchieta Pe. José de Anchieta,
323 / 8 materiaz matéria
327 / 2 custuma-se costuma-se
328 / 9 com afeito com efeito
329 / 0 O cordão de passa em roda O cordão se passa em roda
330 / 37 que se relaiona que se relaciona
333 / 3 conseguir esse intenso conseguir esse intento
338 / 10 Lourival Ponte Lourival Pontes
341 / 19 4a. parece quarta parede
350/ 3 ecepção brachiana acepção brechtiana
369 / 9 expemlo exemplo
369 / 11 toda toada
370 / 14 ampatia empatia
373 / 28 duas todas duas toadas
374 / 31 certros objetos certos objetos
375 / 1 apifania epifania
375 / 13 imaginário mas imaginário mais
376 / 10 Roberto Matta Roberto da Matta
377 / 28 semítica semiótica
377 / 34 e 35 enfemizadas eufemizadas
378 / 6 Pede-se Pode-se
378 / 31 ocorre ocorrem
382 / 15 em me sinto eu me sinto
382 / 17 coloridos coloridas
387 / 10 afetivação efetivação
387 / 14 tranferido transferida
387 / 26 jarumã Jarumã

6
388 / 21 operataivo operativo
389 / 7 testmunhado testemunhado
390 / 10 conversação conversão
391 / 32 possbilidades possibilidades
392 / 13 compreender-se compreender
392 / 21 A "montaria" que é A "montaria" é
393 / 34 e 35 sai a ponta de um cordão que se unem saem as pontas de um cordão que se
unem
394 / 29 O brinquedos Os brinquedos
395 / 1 e 2 que se alternam ou substituem como que se alterna ou substitui como
dominantes dominante
409 / 6 e com a natureza e a natureza
409 / 26 e ela inerente a ela inerente
412 / 5 indinstinção indistinção
420 / 19 Em puco tempo Em pouco tempo
421 / 10 estacar estancar
423 / 14 e. Ele induz Ele induz
425 / 3 expressões naifs expressões ingênuas (o têrmo naif fez
perder a força da idéia em português)
428 / 15 de 1410 ?
429 / 30 o mundo do mundo
430 / 5 fonte e recursos fonte de recursos
443 MAFFERSOLI MAFFESOLI

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