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EDIÇÃO 1014/2021

30 DE ABRIL DE 2021
EDIÇÃO 1014/2021

30 DE ABRIL DE 2021

DADOS DO
INFORMATIVO
Secretaria-Geral da Presidência
Pedro Felipe de Oliveira Santos

Gabinete da Presidência
Patrícia Andrade Neves Pertence

Assessoria Especial da Presidência


Gabriel Campos Soares da Fonseca

Diretoria-Geral
Edmundo Veras dos Santos Filho

Secretaria de Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação


Alexandre Reis Siqueira Freire

Coordenadoria de Difusão da Informação


Thiago Gontijo Vieira

Equipe Técnica
Jean Francisco Corrêa Minuzzi
Anna Daniela de Araújo M. dos Santos
Diego Oliveira de Andrade Soares
Izabella Christina Carolino de Souza
João de Souza Nascimento Neto
Luiz Carlos Gomes de Freitas Júnior
Mariana Bontempo Bastos
Ricardo Henrique Pontes
Tays Renata Lemos Nogueira

Capa e projeto gráfico


Flávia Carvalho Coelho Arlant

Diagramação
Gabriela Alves Coimbra

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Supremo Tribunal Federal — Biblioteca Ministro Victor Nunes Leal)

Informativo STF [recurso eletrônico] / Supremo Tribunal Federal. N. 1, (1995) - . Brasília : STF, 1995- .
Semanal.
O Informativo STF, periódico semanal do Supremo Tribunal Federal, apresenta, de forma objetiva e concisa, resumos das teses e
conclusões dos principais julgamentos realizados pelos órgãos colegiados – Plenário e Turmas –, em ambiente presencial e virtual.
http://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=informativoSTF
ISSN: 2675-8210.
1. Tribunal supremo, jurisprudência, Brasil. 2. Tribunal supremo, periódico, Brasil. I. Brasil. Supremo Tribunal Federal (STF). Secretaria de
Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação.
CDDir 340.6

Permite-se a reprodução desta publicação, no todo ou em parte, sem alteração do conteúdo, desde
que citada a fonte.
ISSN: 2675-8210
INFORMATIVO STF. Brasília: Supremo Tribunal Federal, Secretaria de Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da
Informação, n. 1014/2021. Disponível em: http://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=informativoSTF.
Data de divulgação: 30 de abril de 2021.
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SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

MINISTRO
LUIZ FUX
Presidente [3.3.2011]

MINISTRA
ROSA MARIA PIRES WEBER
Vice-presidente [19.12.2011]

MINISTRO
MARCO AURÉLIO MENDES DE FARIAS MELLO
Decano [13.6.1990]

MINISTRO
GILMAR FERREIRA MENDES
[20.6.2002]

MINISTRO
ENRIQUE RICARDO LEWANDOWSKI
[16.3.2006]

MINISTRA
CÁRMEN LÚCIA ANTUNES ROCHA
[21.6.2006]

MINISTRO
JOSÉ ANTONIO DIAS TOFFOLI
[23.10.2009]

MINISTRO
LUÍS ROBERTO BARROSO
[26.6.2013]

MINISTRO
LUIZ EDSON FACHIN
[16.6.2015]

MINISTRO
ALEXANDRE DE MORAES
[22.3.2017]

MINISTRO
KASSIO NUNES MARQUES
[5.11.2020]

SUMÁRIO
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INFOGRÁFICO

1 INFORMATIVO

O Informativo STF, periódico semanal de jurisprudência do Supremo Tribunal Federal


(STF), apresenta, de forma objetiva e concisa, resumos das teses e conclusões dos
Nota
principais julgamentos realizados pelos órgãos colegiados – Plenário e Turmas
–, em ambiente presencial e virtual. A seleção dos processos noticiados leva em
Explicativa
consideração critérios de relevância, novidade e contemporaneidade da temática
objeto de julgamento.

Colegiado
1.1 PLENÁRIO

Ramo do Direito
DIREITO CONSTITUCIONAL – ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
Objetivo de
Desenvolvimento
Sustentável
Título do resumo Prerrogativa de foro: defensor público e procurador com o qual
de Estado o processo
se relaciona
AMICUS ÁUDIO
CURIAE DO TEXTO

Tese oficial
TESE FIXADA
Nos termos do artigo 102, I, r, da Constituição Federal (CF) (1), é competência exclusiva
do Supremo Tribunal Federal (STF) processar e julgar, originariamente, todas as ações
ajuizadas contra decisões do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Conselho
Nacional do Ministério Público (CNMP) proferidas no exercício de suas competências
constitucionais, respectivamente, previstas nos artigos 103-B, § 4º, e 130-A, § 2º, da CF (2).

RESUMO
Resumo Possui plausibilidade e verossimilhança a alegação de que constituição estadual Notícia do
em síntese não pode atribuir foro por prerrogativa de função a autoridades diversas daquelas julgamento
arroladas na Constituição Federal (CF).
com ênfase nas
As normas que estabelecem hipóteses de foro por prerrogativa de função são conclusões e
excepcionais e, como tais, devem ser interpretadas restritivamente (ADI 2.553) (1). nos principais
fundamentos

LEITURAS AUDIÊNCIA AMICUS VÍDEO DO ÁUDIO


EM PAUTA PÚBLICA CURIAE JULGAMENTO DO TEXTO

Estudo Indica Indica Vídeo da sessão Áudio


bibliográfico a realização a participação de julgamento da notícia
relacionado de audiência de “amigos
ao processo pública no STF da Corte”

SUMÁRIO
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SUMÁRIO

1 INFORMATIVO

1.1 PLENÁRIO

Direito Administrativo

» Empresa Pública

• Bloqueio judicial de verbas públicas e empresa prestadora de serviço público


essencial prestado em regime não concorrencial - ADPF 588/PB

Direito Ambiental

» Licenciamento Ambiental

• Princípio da precaução e dispensa e simplificação de licenciamento ambiental


- ADI 6650/SC

Direito Constitucional

» Controle de Constitucionalidade

• Destinação de parcela da arrecadação de emolumentos extrajudiciais para


financiamento de fundos públicos – ADI 3704/RJ

» Competência Legislativa

• Lei municipal que limita a instalação de equipamento de telecomunicação e


competência legislativa - ADPF 732/SP

» Intervenção

• Constituição estadual: intervenção em municípios e taxatividade do art. 35


da CF – ADI 6616/AC

SUMÁRIO
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» Ordem Social

• Programa Renda Básica de Cidadania e combate à pobreza – MI 7300/DF

Direito Processual Penal

» Nulidade

• “Operação Lava Jato”: ausência de conexão e nulidade de atos decisórios


- HC 193726 AgR/PR e HC 193726 AgR-AgR/PR

2 PLENÁRIO VIRTUAL EM EVIDÊNCIA

2.1 EVOLUÇÃO DO AMBIENTE VIRTUAL

2.2 PASSO A PASSO DAS SESSÕES VIRTUAIS

2.3 PROCESSOS SELECIONADOS

• Incidência de IPI sobre operação de industrialização de embalagens destinadas


ao acondicionamento de água mineral - RE 606314/PE (Tema 501 RG)

• Aplicação de diferencial de alíquota de ICMS à empresa optante pelo Simples


Nacional - RE 970821/RS (Tema 517 RG)

• Constitucionalidade de emenda da Constituição Estadual que limitou atuação


dos procuradores do estado - ADI 6433/PR

• Celebração de contrato de empréstimo com aposentados e pensionistas, por


ligação telefônica - ADI 6727/PR 

• Abastecimento de veículos em local diverso do posto de combustível -


ADI 6580/RJ   

SUMÁRIO
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• Competência do Procurador-Geral de Justiça - ADI 5281/RO e ADI 5324/RO

• Programa estadual de asfaltamento e utilização de massa asfáltica produzida


com borrachas de pneumáticos inservíveis - ADI 6018/RJ

• Súmula do TST e pagamento de férias em dobro - ADPF 501/SC

• Lei estadual e suspensão do direito de dirigir - ADI 6612/MT

• Provimento de serviços de notas e de registro - ADI 2146/SP

• Assembleias legislativas e reeleições sucessivas - ADI 6720 MC-Ref/AL, ADI 6721


MC-Ref/RJ e ADI 6722 MC-Ref/RO

SUMÁRIO
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1 INFORMATIVO

O Informativo, periódico semanal de jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF),


apresenta, de forma objetiva e concisa, resumos das teses e conclusões dos principais
julgamentos realizados pelos órgãos colegiados – Plenário e Turmas –, em ambiente
presencial e virtual. A seleção dos processos noticiados leva em consideração critérios
de relevância, novidade e contemporaneidade da temática objeto de julgamento.

1.1 PLENÁRIO

DIREITO ADMINISTRATIVO – EMPRESA PÚBLICA


DIREITO CONSTITUCIONAL – PRECATÓRIO

Bloqueio judicial de verbas públicas e empresa


prestadora de serviço público essencial prestado
em regime não concorrencial - ADPF 588/PB

AMICUS ÁUDIO
CURIAE DO TEXTO

TESE FIXADA:

“Os recursos públicos vinculados ao orçamento de estatais prestadoras de serviço


público essencial, em regime não concorrencial e sem intuito lucrativo primário
não podem ser bloqueados ou sequestrados por decisão judicial para pagamento
de verbas trabalhistas, em virtude do disposto no art. 100 da CF/1988, e dos prin-
cípios da legalidade orçamentária (art. 167, VI, da CF), da separação dos pode-
res (arts. 2º, 60, § 4º, III, da CF) e da eficiência da administração pública (art. 37,
‘caput’, da CF)”.

SUMÁRIO
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RESUMO:

São inconstitucionais atos de constrição do patrimônio de estatal prestadora de


serviço público essencial prestado em regime não concorrencial e sem finalidade
lucrativa.

O bloqueio e a penhora dos recursos dessas empresas violam o sistema constitucio-


nal de precatórios (1) e os princípios da legalidade orçamentária, da separação dos
Poderes e da eficiência administrativa.

A Constituição veda a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos


de uma programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização
legislativa. Trata-se de balizas constitucionais para alocação e utilização de recursos
públicos. Por isso, o uso de verbas já alocadas para a execução de finalidades diver-
sas, como a solvência de dívidas trabalhistas, não observa as normas constitucionais
concernentes à legalidade orçamentária (CF, art. 167, VI).

Ademais, o princípio da legalidade orçamentária está estreitamente vinculado ao


princípio da separação dos Poderes (arts. 2º e 60, § 4°, III, da CF). A exigência de lei
para a modificação da destinação orçamentária de recursos públicos tem por fina-
lidade resguardar o planejamento chancelado pelos Poderes Executivo e Legislativo
no momento de aprovação da lei orçamentária anual. É nessa ocasião que se defi-
nem as prioridades de atuação da Administração, isto é, que se apontam as políticas
e os serviços públicos que deverão ser implementados ou aprimorados no exercício
financeiro respectivo. A ordem constitucional rechaça a interferência do Judiciário na
organização orçamentária dos projetos da Administração Pública, salvo, excepcional-
mente, como fiscalizador.

Entende-se, por fim, que, no caso, os atos jurisdicionais impugnados, ao bloquearem


verbas orçamentárias para o pagamento de indenizações trabalhistas, atuaram como
obstáculos ao exercício eficiente da gestão pública, subvertendo o planejamento e a
ordem de prioridades na execução de projetos sociais do Poder Executivo local, o que
caracteriza desrespeito ao princípio da eficiência da Administração Pública (art. 37,
caput, da CF).

Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, julgou procedente o pedido
formulado em arguição de descumprimento de preceito fundamental para (i) suspen-
der decisões judiciais nas quais se promoveram constrições patrimoniais por bloqueio,
penhora, arresto, sequestro; (ii) determinar a sujeição da empresa estatal ao regime
constitucional de precatórios; e (iii) determinar a imediata devolução das verbas sub-
traídas dos cofres públicos — e ainda em poder do Judiciário —, para as respectivas
contas de que foram retiradas.

(1) Precedentes: ADPF 556/RN, relatora Min. Cármen Lúcia (DJe de 17.9.2020) e ADPF 485/AP, relator Min. Roberto
Barroso (DJe de 4.2.2021).

ADPF 588/PB, relator Min. Roberto Barroso, julgamento virtual finalizado em 26.4.2021 (segun-
da-feira), às 23:59

SUMÁRIO
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DIREITO AMBIENTAL – LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Princípio da precaução e dispensa e


simplificação de licenciamento
ambiental - ADI 6650/SC  

ÁUDIO
DO TEXTO

RESUMO:

É inconstitucional norma estadual que estabelece hipóteses de dispensa e sim-


plificação do licenciamento ambiental para atividades de lavra a céu aberto por
invadir a competência legislativa da União para editar normas gerais sobre prote-
ção do meio ambiente, nos termos previstos no art. 24, §§ 1º e 2º, da Constituição
Federal (CF) (1).

A dispensa e simplificação de licenciamento ambiental — implementadas por legislação


estadual para as atividades de mineração — esvazia o procedimento de licenciamento
ambiental estabelecido na legislação nacional.

Não é lícito ao legislador estadual dissentir da sistemática definida em normas gerais


pela União, dispensando e adotando licenças simplificadas que, de forma inequívoca,
tornarão mais frágeis e ineficazes a fiscalização e o controle da Administração Pública
sobre empreendimentos e atividades potencialmente danosos ao meio ambiente.

O estabelecimento de procedimento de licenciamento ambiental estadual que torne


menos eficiente a proteção do meio ambiente equilibrado quanto às atividades de
mineração afronta, ainda, o caput do art. 225 da CF (2) por não observar o princí-
pio da prevenção, preceito inerente ao dever de proteção imposto ao Poder Público.

Com base nesse entendimento o Plenário declarou inconstitucionais os §§ 1º, 2º e 3º


do art. 29 da Lei 14.675/2009 do estado de Santa Catarina (3).

(1) CF/1988: “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
(…) VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais,
proteção do meio ambiente e controle da poluição; VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico,
turístico e paisagístico; VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos
de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. (...) § 1º No âmbito da legislação concorrente, a
competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. § 2º A competência da União para legislar
sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.”

SUMÁRIO
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(2) CF/1988: “Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”

(3) Lei 14.675/2009: “Art. 29. (…) § 1º As atividades de lavra a céu aberto por escavação de cascalheiras, com
produção anual inferior a 12.000 m³ (doze mil metros cúbicos), ficam dispensadas de licenciamento ambiental,
desde que não possuam finalidade comercial. § 2º As atividades de lavra a céu aberto de mineral típico
para uso na construção civil, excetuada a hipótese descrita no § 1º, passam a ser licenciadas: a) por meio de
Autorização Ambiental (AuA), quando a exploração anual for inferior a 12.000 m³ (doze mil metros cúbicos);
b) por meio de Relatório Ambiental Preliminar (RAP), quando a exploração anual fique compreendida entre
12.000 m³ (doze mil metros cúbicos) e 24.000 m³ (vinte e quatro mil metros cúbicos); e c) por meio de Estudo
Ambiental Simplificado (EAS), quando a exploração anual foi superior a 24.000 m³ (vinte e quatro mil metros
cúbicos). § 3º Em até 90 (noventa) dias, anteriores ao encerramento da atividade de mineração prevista nos
§§ 1º e 2º, o responsável pela exploração deverá apresentar o competente projeto de recuperação ambiental
para fins de aprovação no órgão ambiental licenciador.”

ADI 6650/SC, relatora Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em 26.4.2021 (segunda-fei-
ra), às 23:59

DIREITO CONSTITUCIONAL – CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

Destinação de parcela da arrecadação de


emolumentos extrajudiciais para financiamento
de fundos públicos – ADI 3704/RJ

ÁUDIO
DO TEXTO

RESUMO:

É constitucional lei estadual que destine parcela da arrecadação de emolumentos


extrajudiciais a fundos dedicados ao financiamento da estrutura do Poder Judiciário
ou de órgãos e funções essenciais à Justiça (1).

Com efeito, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) acena positivamente


para leis estaduais que destacam percentual dos emolumentos cobrados pelos regis-
tradores e notários em benefício de órgãos ou fundos públicos. Isso porque a Corte
enxerga, na hipótese, puro e simples desconto dos valores devidos ao estado-membro
a título de taxa em razão do exercício regular de poder de polícia, e não propriamente
uma distribuição automática e linear, em benefício de órgãos estatais, das receitas
arrecadadas com a cobrança de emolumentos extrajudiciais. Por se tratar de taxa de
poder de polícia, não incide a vedação da vinculação de impostos a qualquer órgão,
fundo ou despesa pública, prevista no art. 167, IV, da Constituição Federal (CF) (2).

SUMÁRIO
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Decorre da própria CF a qualificação da Advocacia Pública como função essencial à


Justiça. Dessa forma, atende aos desígnios constitucionais de universalização e aper-
feiçoamento da própria jurisdição como atividade básica do Estado o fornecimento de
recursos suficientes e adequados ao aparelhamento da Advocacia Pública, cujos mem-
bros exercem relevante múnus constitucional de defesa dos interesses titularizados pelas
pessoas jurídicas de direito público. No caso, considerada a nota de essencialidade
que traduz as atribuições exercidas pela Advocacia Pública, nada justifica a imposição
de tratamento desigual e mais restritivo à Procuradoria do estado do Rio de Janeiro,
privando-lhe de recursos que, de acordo com jurisprudência pacífica do STF, podem
ser reservados, por lei, às instituições que desempenham funções essenciais à Justiça.

Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada contra o inciso III do artigo


31 da Lei Complementar 111/2006 do estado do Rio de Janeiro que destina ao Fundo
Especial da Procuradoria-Geral estadual (FUNPERJ) percentual das receitas arrecada-
das com recolhimento de custas e emolumentos extrajudiciais.

Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, julgou improcedente o pedido
formulado. Vencidos os ministros Marco Aurélio (relator), Edson Fachin e Rosa Weber
que julgaram o pleito procedente.

(1) Precedentes citados: ADI 3.151/MT, relator Min. Ayres Britto (DJ de 28.4.2006); ADI 2.069/DF, relator Min.
Eros Grau (DJ de 9.6.2006); ADI 2.129/MS, relator Min. Eros Grau (DJ de 16.6.2006); ADI 3.643/RJ, relator
Min. Ayres Britto (DJ de 16.2.2007); ADI 3.028/RN, relator Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Ayres
Britto (DJ de 30.6.2010).

(2) CF: “Art. 167. São vedados: (...) IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa,
ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a
destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento
do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente,
pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de
receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo:”

ADI 3704/RJ, relator Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgamento
virtual finalizado em 26.4.2021 (segunda-feira), às 23:59

DIREITO CONSTITUCIONAL – COMPETÊNCIA LEGISLATIVA

Lei municipal que limita a instalação


de equipamento de telecomunicação e
competência legislativa - ADPF 732/SP

ÁUDIO
DO TEXTO

SUMÁRIO
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RESUMO:

É inconstitucional lei municipal que estabeleça limitações à instalação de sistemas


transmissores de telecomunicações por afronta à competência privativa da União
para legislar sobre telecomunicações, nos termos dos arts. 21, XI (1), e 22, IV (2),
da Constituição Federal (CF).

Isso porque, no conceito de telecomunicação, conforme art. 60 da Lei 9.472/1997 (3),


estão incluídos os equipamentos e os meios necessários para transmissão dos sinais
eletromagnéticos, tais como as antenas de telefonia celular.

Ademais, a competência atribuída aos municípios em matéria de defesa e proteção


da saúde não pode se sobrepor ao interesse mais amplo da União no tocante à for-
mulação de uma política de âmbito nacional para o estabelecimento de regras uni-
formes, em todo o território nacional, com a finalidade de proteger a saúde de toda
população brasileira.

Desse modo, ainda que a questão envolva matéria relacionada à proteção de saúde, a
regulamentação deve ser feita de forma homogênea no território brasileiro de acordo
com os valores fixados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e pela
Organização Mundial da Saúde (OMS), os quais são obtidos por meio de embasamento
científico com a finalidade de proteger a população em geral e viabilizar a operação
dos sistemas de telefonia celulares com limites considerados seguros.

Assim, diante do aumento da expansão dos serviços de telefonia móvel no País, da


multiplicação na instalação de antenas para possibilitar a execução dos serviços e do
fato de não haver estudos conclusivos acerca de malefícios causados à saúde pela
emissão de radiação por essas antenas, a necessidade de se garantir a defesa e a
proteção da saúde de todos constitui uma das atribuições da União, cujo enfoque há
de ser necessariamente nacional.

No caso, a norma municipal impugnada prevê que os sistemas transmissores de tele-


fonia não poderão ser instalados em áreas localizadas até 100 metros de residências,
praças, parques, jardins, imóveis integrantes do patrimônio histórico cultural, áreas de
preservação permanente, áreas verdes ou áreas destinadas à implantação de sis-
tema de lazer.

Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, julgou procedente o pedido
formulado em arguição de descumprimento de preceito fundamental para declarar a
inconstitucionalidade do art. 2° da Lei 5.683/2018, do município de Valinhos.

(1) CF: “Art. 21. Compete à União: (...) XI – explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou
permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços,
a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais.”

(2) CF: “Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: (...) IV – águas, energia, informática,
telecomunicações e radiodifusão.”

SUMÁRIO
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(3) Lei 9.472/1997: “Art. 60. Serviço de telecomunicações é o conjunto de atividades que possibilita a oferta
de telecomunicação. § 1° Telecomunicação é a transmissão, emissão ou recepção, por fio, radioeletricidade,
meios ópticos ou qualquer outro processo eletromagnético, de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens,
sons ou informações de qualquer natureza. § 2° Estação de telecomunicações é o conjunto de equipamentos
ou aparelhos, dispositivos e demais meios necessários à realização de telecomunicação, seus acessórios e
periféricos, e, quando for o caso, as instalações que os abrigam e complementam, inclusive terminais portáteis.”

ADPF 732/SP, relator Min. Ricardo Lewandowski, julgamento virtual finalizado em 26.4.2021 (se-
gunda-feira), às 23:59

DIREITO CONSTITUCIONAL – INTERVENÇÃO


DIREITO CONSTITUCIONAL – ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-
ADMINISTRATIVA; ESTADOS FEDERADOS; MUNICÍPIOS

Constituição estadual: intervenção em municípios


e taxatividade do art. 35 da CF – ADI 6616/AC

ÁUDIO
DO TEXTO

RESUMO:

É inconstitucional norma constitucional estadual pela qual se prevê hipótese de


intervenção estadual em municípios não contemplada no art. 35 da Constituição
Federal (CF) (1).

Por extrapolarem as bases de incidência do mecanismo da intervenção estadual elen-


cadas no art. 35 da CF, são inconstitucionais os incisos IV e V do art. 25 da Constituição
do estado do Acre, que possibilitam a intervenção estadual em municípios acreanos
quando se verificar, sem justo motivo, impontualidade no pagamento de empréstimo
garantido pelo estado ou quando forem praticados, na Administração municipal, atos
de corrupção devidamente comprovados.

Seja federal ou estadual, a intervenção é mecanismo essencial e excepcional para o


complexo equilíbrio federativo. Ela consiste em procedimento que somente deve ser
adotado nas hipóteses e condições taxativamente estabelecidas na CF, pelo seu papel
limitador da atuação dos entes federados.

No tocante à intervenção estadual, salienta-se que as disposições do art. 35 da CF


consubstanciam preceitos de observância compulsória por parte dos estados-membros.
As hipóteses excepcionais — pelas quais permitida a supressão da autonomia municipal

SUMÁRIO
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INFORMATIVO STF Edição 1014/2021 |

e autorizada a intervenção — estão taxativamente nele previstas, sem possibilidade de


alteração pelo legislador constituinte estadual, para ampliá-las ou reduzi-las.

O Plenário julgou procedente pedido formulado em ação direta para declarar a incons-
titucionalidade dos incisos IV e V do art. 25 da Constituição do estado do Acre (CES/
AC) (2).

(1) CF/1988: “Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados
em Território Federal, exceto quando: I – deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos
consecutivos, a dívida fundada; II – não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; III – não tiver sido
aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações
e serviços públicos de saúde; IV – o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a
observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem
ou de decisão judicial.”

(2) CES/AC: “Art. 25. O Estado não intervirá no Município, salvo quando: IV – se verificar, sem justo motivo,
impontualidade no pagamento de empréstimo garantido pelo Estado; V – forem praticados, na administração
municipal, atos de corrupção devidamente comprovados; e”

ADI 6616/AC, relatora Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em 26.4.2021 (segunda-
feira), às 23:59

DIREITO CONSTITUCIONAL – ORDEM SOCIAL


DIREITO CONSTITUCIONAL – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS; DIREITOS
SOCIAIS

Programa Renda Básica de


Cidadania e combate à
pobreza – MI 7300/DF  

ÁUDIO
DO TEXTO

RESUMO:

Cabe mandado de injunção em face da ausência de fixação do valor da renda


básica de cidadania, instituída pela Lei 10.835/2004, cuja omissão é atribuída ao
Presidente da República.

A ausência de fixação do valor é forma de esvaziar o mandamento constitucional de


combate à pobreza, além de fazer letra morta ao disposto no referido diploma legal.
Compete ao Supremo Tribunal Federal (STF) processar e julgar mandado de injunção

SUMÁRIO
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INFORMATIVO STF Edição 1014/2021 |

quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da


República [Constituição Federal (CF), art. 102, I, q].

A falta de norma disciplinadora dá ensejo ao conhecimento do mandado de injun-


ção apenas quanto à implementação do referido benefício assistencial para pes-
soas em situação de vulnerabilidade socioeconômica.

Um dos objetivos da República brasileira é “erradicar a pobreza e a marginalização


e reduzir as desigualdades sociais e regionais” (CF, art. 3º, III), cuja determinação é
repassada a todos os níveis da Federação [CF, art. 23, X (1)], com auxílio da sociedade.
Na forma da CF e do ordenamento jurídico, a assistência aos desamparados é direito
social básico [CF, art. 6º (2)].

Com a Lei 10.835/2004, adveio uma das formas de concretização do mandamento


constitucional. Contudo, não se considera que decorra omissão inconstitucional para
as demais hipóteses previstas na lei “não importando sua condição socioeconômica”
[art. 1º, caput (3)]. O Estado não pode ser segurador universal e distribuir renda a todos
os brasileiros, independentemente de critério socioeconômico. Na CF, não há qualquer
determinação de atuação estatal nesse sentido.

Constata-se existir proteção insuficiente de combate à pobreza, a recomendar a


correção de rumos.

Não se desconhece que a Lei 10.836/2004 estabeleceu o Programa Bolsa Família como
um conjunto de “ações de transferência de renda com condicionalidade” e que, dentre
seus objetivos básicos, está o de “combater a pobreza” (Decreto 5.209/2004, art. 5º, IV).
Entretanto, há tutela insuficiente quanto ao combate à pobreza e à extrema pobreza. A
respeito, registra-se que os direitos fundamentais também podem ser traduzidos como
proibições de proteção insuficiente ou imperativos de tutela.

Conforme o Decreto 5.209/2004, caracteriza-se renda familiar mensal em situação de


pobreza e de extrema pobreza o valor per capita de até R$ 178,00 (cento e setenta e
oito reais) e de até R$ 89,00 (oitenta e nove reais), respectivamente (Decreto 5.209/2004).
Nas atualizações ao longo do tempo, houve indiretamente diminuição real do valor
limite para fins de enquadramento na linha de corte. Milhões de pessoas foram exclu-
ídas dele, embora estivessem abaixo da linha da pobreza, segundo critérios socioeco-
nômicos mundiais. Como se não fosse o bastante, houve perda significativa do poder
de compra em si dos benefícios – básico e variáveis – concedidos.

Diante de distorções verificadas, é caso de fazer-se apelo aos Poderes Legislativo e


Executivo a fim de que reformulem os programas sociais de transferência de renda em
vigor e atualizem as quantias do Programa Bolsa Família.

Presente estado de mora inconstitucional, deve ser fixado o valor da renda básica
de cidadania para o estrato da população brasileira em condição de vulnera-
bilidade socioeconômica — pobreza e extrema pobreza — a ser efetivado, pelo

SUMÁRIO
17
INFORMATIVO STF Edição 1014/2021 |

Presidente da República, no exercício fiscal seguinte ao da conclusão do julga-


mento de mérito (2022).

A inércia do Poder Executivo em implementar a renda básica ocasiona efeitos deletérios


ao sistema de proteção social instituído pela CF. Não obstante a clareza da determi-
nação legal, passados mais de dezessete anos da promulgação da Lei 10.835/2004,
o Programa Renda Básica de Cidadania remanesce desprovido de qualquer regula-
mentação. Programas sociais de transferência de renda servem, fundamentalmente,
para reduzir o fosso de desigualdade. A lacuna deve ser colmatada com o objetivo de
atender à camada da população que necessita do auxílio estatal e não possui meios
de autossubsistência.

A atuação do STF foi voltada à realidade econômica e social, na quadra atual viven-
ciada e agravada pelas consequências da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
No mais, a essencialidade do sistema de proteção social não afasta o dever de consi-
deração das possibilidades materiais e financeiras do Estado. Agrega-se a isso que o
diploma legislativo impõe a necessidade de observância das condições econômicas do
País e da Lei de Responsabilidade Fiscal. É preciso reconhecer que, em determinados
casos, a implementação de políticas públicas unilateralmente pelo Poder Judiciário, em
substituição ao crivo político dos representantes eleitos, pode conduzir a um estado de
coisas ainda mais inconstitucional que a falta de norma regulamentadora. Evidentemente,
eventual concessão da tutela invocada pelo impetrante, mediante fixação arbitrária dos
valores da renda básica de cidadania e dos critérios de elegibilidade das primeiras
etapas, fatalmente levaria ao desarranjo das contas públicas e, no limite, à desordem
do sistema de proteção social brasileiro.

Afinal, a fixação de prazo razoável para a elaboração da norma regulamentadora


encontra amparo na legislação do mandado de injunção e se revela providência capaz
de realizar a vocação constitucional do writ e de preservar as bases da democracia
representativa. Com a determinação do prazo estabelecido, objetiva-se preservar o
exercício fiscal em andamento.

Na espécie, trata-se de ação constitucional em que requerida a colmatação de omissão


administrativa do Poder Executivo Federal em implementar renda básica de cidada-
nia instituída pela Lei 10.835/2004, consistente, em suma, no pagamento de benefício
de igual valor a todos brasileiros residentes no País e estrangeiros residente há pelo
menos cinco anos, independentemente da condição socioeconômica. Dentre outros
pedidos, foi postulado o deferimento da renda básica ao autor, adotando-se como
valor o montante de, ao menos, um salário mínimo mensal ou, subsidiariamente, meio
salário, enquanto não suprida a lacuna.

O Plenário, por maioria, concedeu parcialmente a ordem em mandado de injunção,


para: (i) determinar ao Presidente da República que, nos termos do art. 8º, I, da Lei
13.300/2016 (4), implemente, no exercício fiscal seguinte ao da conclusão do julga-
mento do mérito (2022), a fixação do valor disposto no art. 2º da Lei 10.835/2004 (5)
para o estrato da população brasileira em situação de vulnerabilidade socioeconô-

SUMÁRIO
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INFORMATIVO STF Edição 1014/2021 |

mica (extrema pobreza e pobreza — renda per capita inferior a R$ 89,00 e R$ 178,00,
respectivamente — Decreto 5.209/2004), devendo adotar todas as medidas legais
cabíveis, inclusive alterando o Plano Plurianual, além de previsão na Lei de Diretrizes
Orçamentárias e na Lei Orçamentária Anual de 2022; e (ii) realizar apelo aos Poderes
Legislativo e Executivo para que adotem as medidas administrativas e/ou legislativas
necessárias à atualização dos valores dos benefícios básico e variáveis do Programa
Bolsa Família (Lei 10.836/2004), isolada ou conjuntamente, e, ainda, para que aprimorem
os programas sociais de transferência de renda atualmente em vigor, mormente a Lei
10.835/2004, unificando-os, se possível. Vencidos os ministros Marco Aurélio (relator),
Edson Fachin, Rosa Weber e Ricardo Lewandowski.

(1) CF/1988: “Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: (...)
X – combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos
setores desfavorecidos;”

(2) CF/1988: “Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o
transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência
aos desamparados, na forma desta Constituição.”

(3) Lei 10.835/2004: “Art. 1º É instituída, a partir de 2005, a renda básica de cidadania, que se constituirá
no direito de todos os brasileiros residentes no País e estrangeiros residentes há pelo menos 5 (cinco) anos
no Brasil, não importando sua condição socioeconômica, receberem, anualmente, um benefício monetário.”

(4) Lei 13.300/2016: “Art. 8º Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para: I –
determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora;”

(5) Lei 10.835/2004: “Art. 2º Caberá ao Poder Executivo definir o valor do benefício, em estrita observância ao
disposto nos arts. 16 e 17 da Lei Complementar 101, de 4 de maio de 2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal.”

MI 7300/DF, relator Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgamento vir-
tual finalizado em 26.4.2021 (segunda-feira), às 23:59

DIREITO PROCESSUAL PENAL – NULIDADE

“Operação Lava Jato”: ausência de conexão


e nulidade de atos decisórios - HC 193726
AgR/PR e HC 193726 AgR-AgR/PR

ÁUDIO VÍDEO DO VÍDEO DO VÍDEO DO


DO TEXTO JULGAMENTO JULGAMENTO JULGAMENTO
     
Parte 1 Parte 2 Parte 3

SUMÁRIO
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RESUMO:

A afetação de feitos a julgamento pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal é


atribuição discricionária do relator (1).

Com efeito, essa afetação é possível por força do que dispõem os arts. 21, I, e 22,
ambos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal (RISTF), pronunciamento que,
a teor do art. 305 do RISTF, afigura-se irrecorrível.

Pela afetação, o julgamento do feito é submetido à deliberação do Tribunal Pleno, ao


qual a Constituição Federal (CF) atribui legitimidade à prestação jurisdicional sobre
quaisquer causas inseridas na competência do Supremo Tribunal Federal (STF).

Especificamente no que concerne ao habeas corpus, tal proceder também é autori-


zado a partir da inteligência dos arts. 6º, II, c e 21, XI, do RISTF (2).

O Ministério Público Federal, quando atua perante o STF, por intermédio da


Procuradoria-Geral da República, mesmo na qualidade de “custos legis”, detém
legitimidade para a interposição de agravo regimental contra decisões monocrá-
ticas proferidas pelos ministros relatores.

Nos termos do caput do art. 127 da CF (3), incumbe ao Ministério Público, como institui-
ção permanente e essencial à jurisdição, a defesa da ordem jurídica, encontrando-se
na legislação infraconstitucional, interpretada de forma sistemática, os fundamentos
de sua legitimidade recursal. Com efeito, o art. 179, II, do Código de Processo Civil (CPC)
(4), aplicável à hipótese pela norma integrativa que se extrai do art. 3º do Código de
Processo Penal (CPP) (5), estabelece que o Ministério Público, quando intervém nos
autos na qualidade de fiscal da ordem jurídica, “poderá produzir provas, requerer as
medidas processuais pertinentes e recorrer”. Ademais, essa legitimidade é reforçada
no art. 996 do mesmo diploma legal (6).

Não obstante o art. 317 do RISTF (7) faça alusão às partes, a interpretação restritiva
não encontra amparo em inúmeros precedentes do Corte (8), nos quais, em sede de
habeas corpus, o Ministério Público foi considerado parte legítima à interposição de
agravo regimental contra decisões monocráticas.

No âmbito da “Operação Lava Jato”, a competência da 13ª Vara Federal da Subseção


Judiciária de Curitiba é restrita aos crimes praticados de forma direta em detri-
mento apenas da Petrobras S/A.

Nesse sentido tem se firmado a jurisprudência do STF (9). Na hipótese, restou demons-
trado que as condutas atribuídas ao paciente não foram diretamente direcionadas a
contratos específicos celebrados entre o Grupo OAS e a Petrobras S/A, constatação
que, em cotejo com precedentes do Plenário e da Segunda Turma do STF, permite a
conclusão pela não configuração da conexão que autorizaria, no caso concreto, a
modificação da competência jurisdicional.

SUMÁRIO
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INFORMATIVO STF Edição 1014/2021 |

O caso, portanto, não se amolda ao que se tem decidido, majoritariamente, no âmbito


do Plenário e da Segunda Turma, a partir de 2015, a respeito da competência da
13ª Vara Federal de Curitiba, delimitada exclusivamente aos ilícitos praticados em detri-
mento da Petrobras S/A.

As mesmas circunstâncias fáticas, ou seja, a ausência de condutas praticadas de


forma direta em detrimento da Petrobras S/A, são encontradas nas demais ações
penais deflagradas em desfavor do paciente perante a 13ª Vara Federal da Subseção
Judiciária de Curitiba, tornando-se imperiosa a extensão da ordem concedida, nos
termos do art. 654, § 2º, do CPP (10).

A superveniência de circunstâncias fáticas aptas a alterar a competência da auto-


ridade judicial, até então desconhecidas, autoriza a preservação dos atos prati-
cados por juízo aparentemente competente em razão do quadro fático subjacente
no momento em que requerida a prestação jurisdicional.

No caso, no entanto, à época do ajuizamento da denúncia, datada de 14.9.2016, já


era do conhecimento do Ministério Público Federal, bem como do Juízo da 13ª Vara
Federal da Subseção Judiciária de Curitiba, que os fatos denunciados não diziam res-
peito a delitos praticados direta e exclusivamente em detrimento da Petrobras S/A,
sendo certo que o primeiro precedente a reduzir a competência daquele juízo foi pro-
ferido em 23.9.2015 (Inq 4.130 QO), motivo pelo qual a “teoria do juízo aparente” não
se aplica à hipótese.

Nada obstante a Procuradoria-Geral da República pugne pela aplicação ao caso da


norma extraída do art. 64, § 4º, do CPC (11), é certo que o Direito Processual Penal vem
dotado de regra própria que estabelece a sanção de nulidade aos atos decisórios
praticados por juízo incompetente, nos termos do art. 567 do CPP (12), em plena vigên-
cia no ordenamento jurídico pátrio.

Trata-se de agravos regimentais interpostos contra decisão monocrática do relator


de habeas corpus que: a) assentou a incompetência do Juízo da 13ª Vara Federal da
Subseção Judiciária de Curitiba e anulou os atos decisórios praticados nas ações penais
ali julgadas contra o ex-Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva; e b) afetou
os referidos recursos ao Plenário.

Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, negou provimento ao agravo
regimental em agravo regimental em habeas corpus, relativo à afetação, pelo rela-
tor, do julgamento dos recursos interpostos ao Plenário. Vencidos os ministros Ricardo
Lewandowski e Marco Aurélio.

O Plenário, também, por maioria, em complemento ao julgamento da sessão do dia


15.4.2021, negou provimento ao agravo regimental em habeas corpus, concernente à
competência do juízo, para assentar a competência da Justiça Federal do Distrito Federal
para julgamento das ações penais. Vencidos, parcialmente, os ministros Alexandre
de Moraes e Ricardo Lewandowski, que entendiam ser competente a Justiça Federal

SUMÁRIO
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INFORMATIVO STF Edição 1014/2021 |

de São Paulo, e, integralmente, os ministros Nunes Marques, Marco Aurélio e Luiz Fux
(Presidente), que davam provimento ao recurso.

(1) Precedentes citados: HC 143.333/PR, relator Min. Edson Fachin (DJe de 21.3.2019); Ext 1.574 ED/DF, relatora
Min. Cármen Lúcia (DJe de 21.11.2019).

(2) RISTF: “Art. 6º Também compete ao Plenário: (...) II - julgar: (...) c) os habeas corpus remetidos ao seu
julgamento pelo Relator; (...) Art. 21. São atribuições do Relator: (...) XI - remeter habeas corpus ou recurso
de habeas corpus ao julgamento do Plenário;”

(3) CF: “Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais
indisponíveis.”

(4) CPC: “Art. 179. Nos casos de intervenção como fiscal da ordem jurídica, o Ministério Público: (...) II - poderá
produzir provas, requerer as medidas processuais pertinentes e recorrer.”

(5) CPP: “Art. 3º A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o
suplemento dos princípios gerais de direito.”

(6) CPC: “Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério
Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica.”

(7) RISTF: “Art. 317. Ressalvadas as exceções previstas neste Regimento, caberá agravo regimental, no prazo
de cinco dias de decisão do Presidente do Tribunal, de Presidente de Turma ou do Relator, que causar prejuízo
ao direito da parte.”

(8) Precedentes citados: HC 195.367 AgR/SP, relatora Min. Cármen Lúcia (DJe de 26.2.2021); HC 192.532 AgR/
GO, relator Min. Gilmar Mendes (DJe de 2.3.2021); HC 195.681 AgR/SP, relator Min. Ricardo Lewandowski (DJe
de 3.3.2021); RHC 145.417 AgR/SP, relator Min. Dias Toffoli (DJe de 30.7.2020); HC 190.851 AgR/SP , relator Min.
Edson Fachin (DJe de 24.2.2021); HC 193.398 AgR/RS, relator Min. Alexandre de Moraes (DJe de 12.1.2021); RHC
170.533 AgR/MS , relatora Min. Rosa Weber (DJe de 7.12.2020); HC 183.620 AgR/MG, relator Min. Roberto
Barroso (DJe de 26.8.2020); RHC 124.137 AgR/BA, relator Min. Luiz Fux (DJe de 1.6.2016).

(9) Precedentes citados: Inq 4.130 QO/PR, relatora Min. Cármen Lúcia (DJe de 3.2.2016); Inq 4.327 AgR-
Segundo/DF, relator Min. Edson Fachin (DJe de 5.3.2018); Inq 4.483 AgR-Segundo/DF, relator Min. Edson
Fachin (DJe de 5.3.2018); Pet 7.790 AgR/DF, relator Min. Edson Fachin (DJe de 23.11.2018); Pet 7.792 AgR/DF,
relator Min. Edson Fachin (DJe de 23.11.2018); Inq 3.989 AgR-Terceiro/DF (DJe de 4.10.2018); Pet 8.144 AgR/DF,
relator Min. Edson Fachin (DJe de 1.8.2019); Pet 6.780 AgR-Quarto-ED/DF, relator Min., Edson Fachin, redator
do acórdão Min. Dias Toffoli (DJe de 20.6.2018); Pet 6.664 AgR-AgR/DF, relator Min., Edson Fachin, redator
do acórdão Min. Dias Toffoli (DJe de 4.12.2018); Pet 6.820 AgR-ED/DF, relator Min. Edson Fachin, redator do
acórdão Min. Ricardo Lewandowski (DJe de 26.3.2018); Inq 4.435 AgR-Quarto/DF, relator Min. Marco Aurélio
(DJe de 21.8.2019); Inq 4.428 QO/DF, relator Min. Gilmar Mendes (DJe de 12.8.2018); Pet 7.832 AgR/DF, relator
Min. Edson Fachin (DJe de 28.3.2019); Pet 8.054 AgR/DF, relator Min. Edson Fachin (DJe de 27.9.2019); Pet
8.090 AgR/DF, relator Min. Edson Fachin (DJe de 11.12.2020).

(10) CPP: “Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem,
bem como pelo Ministério Público.(...) § 2º Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício
ordem de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência
de sofrer coação ilegal.”

(11) CPC: “Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de contestação.
(...) § 4º Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão proferida pelo juízo
incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente.”

(12) CPP: “Art. 567. A incompetência do juízo anula somente os atos decisórios, devendo o processo, quando
for declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente.”

HC 193726 AgR-AgR/PR, relator Min. Edson Fachin, julgamento em 14.4.2021

HC 193726 AgR/PR, relator Min. Edson Fachin, julgamento em 22.4.2021

SUMÁRIO
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2 PLENÁRIO VIRTUAL EM EVIDÊNCIA

O Plenário Virtual em Evidência consiste na seleção e divulgação dos principais


processos liberados para julgamento pelos colegiados do STF em ambiente virtual,
com destaque especial para as ações de controle de constitucionalidade e processos
submetidos à sistemática da Repercussão Geral.

O serviço amplia a transparência das sessões virtuais do Supremo Tribunal Federal


(STF) por meio da difusão de informações sobre os processos que foram apresentados
para julgamento nesse ambiente eletrônico.

As informações e referências apresentadas nesta edição têm caráter meramente


informativo e foram elaboradas a partir das pautas e calendários de julgamento
divulgados pela Assessoria do Plenário, de modo que poderão sofrer alterações
posteriores. Essa circunstância poderá gerar dissonância entre os processos divulgados
nesta publicação e aqueles que vierem a ser efetivamente julgados pela Corte

SUMÁRIO
23
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2.1 EVOLUÇÃO DO AMBIENTE VIRTUAL

2007
CRIAÇÃO DO PLENÁRIO VIRTUAL (PV)
PARA APRECIAÇÃO SOBRE A EXISTÊNCIA
DE REPERCUSSÃO GERAL (RG)

• Permitiu aos ministros do STF


deliberarem se determinada
matéria apresenta ou não RG;

• Requisito introduzido pela Emenda


Constitucional (EC) 45/2004
(Reforma do Judiciário) para
admissibilidade de Recurso
Extraordinário (RE);

• Celeridade na análise de
temas de RG: o Plenário Virtual
funciona 24 horas por dia e
é possível que os ministros o
acessem de forma remota,

2010
permitindo a votação mesmo
estando fora de seus gabinetes;

• Inicialmente, apenas os ministros


e os tribunais cadastrados tinham Emenda Regimental 42
acesso ao sistema. (2/12/2010)�

O MÉRITO DE TEMAS DE REPERCUSSÃO


GERAL PASSOU A SER JULGADO NO
PLENÁRIO VIRTUAL

• Requisito: manifestação do
relator pela reafirmação de
jurisprudência dominante da
Corte;

• Aumento da celeridade no
julgamento de mérito de temas
de RG.

1 Art. 323-a. O julgamento de mérito de questões com repercussão


geral, nos casos de reafirmação de jurisprudência dominante da
Corte, também poderá ser realizado por meio eletrônico. (Incluído
pela Emenda Regimental n. 42, de 2 de dezembro de 2010)

SUMÁRIO
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2016
2019
Emenda Regimental 51
(22/06/2016)2

Resolução 587
(29/07/2016)3 Emenda Regimental 52
(14/06/2019)
SESSÕES VIRTUAIS
Criação do ambiente eletrônico de Resolução 642
julgamento em Plenário e Turmas (14/06/2019)

Competência: apreciação de agravos • Dispôs sobre o julgamento de


internos e embargos de declaração. processos em listas, virtuais ou
presenciais;
• Definiu-se que as sessões virtuais
serão realizadas semanalmente,
2 Art. 21-b. O Relator poderá liberar para julgamento listas de
processos em ambiente presencial ou eletrônico. (Incluído pela
com início, em regra, às sextas-
Emenda Regimental n. 52, de 14 de junho de 2019) Parágrafo único. feiras, com o lançamento no
A critério do Relator, poderão ser submetidos a julgamento em sistema, pelo relator, de ementa,
ambiente eletrônico, observadas as respectivas competências
das Turmas ou do Plenário, os seguintes processos: relatório e voto;
I – agravos internos, regimentais e embargos de declaração;
II – medidas cautelares em ações de controle concentrado; • Iniciado o julgamento, os demais
V – demais classes processuais cuja matéria discutida tenha ministros têm até cinco dias úteis
jurisprudência dominante no âmbito do STF.
para se manifestar, com quatro
3 Art. 1º Os agravos internos e embargos de declaração opções de voto, possibilitando
poderão, a critério do relator, ser submetidos a julgamento em que acompanhem o relator,
ambiente eletrônico, por meio de sessões virtuais, observadas
as respectivas competências das Turmas ou do Plenário. (...)
acompanhem com ressalva
de entendimento, divirjam do
relator ou acompanhem a
divergência. Caso o ministro não
se manifeste, considera-se que
acompanhou o relator;
• A partir da emenda, medidas
cautelares em ações de controle
concentrado, referendo de
medidas cautelares e de tutelas
provisórias e demais classes
processuais cuja matéria discutida
tenha jurisprudência dominante
na corte puderam ser submetidos
a julgamento virtual no STF;
• O objetivo da ampliação do rol
de processos que podem ser
analisados em ambiente virtual é
otimizar a pauta e assegurar a
duração razoável do trâmite.

SUMÁRIO
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INFORMATIVO STF Edição 1014/2021 |

2020
Emenda Regimental 53
(18/03/2020)

SESSÕES VIRTUAIS Resolução 675


Ampliação das hipóteses de julgamento (22/04/2020)
e das medidas de transparência
• Atualização do sistema
• Todos os processos de implementada em maio de
competência do tribunal passam 2020 permitiu que o relatório
a ser passíveis de julgamento no e os votos dos ministros
ambiente virtual4; sejam disponibilizados no sítio
eletrônico do stf durante a
• Envio de sustentações orais sessão de julgamento;
e esclarecimento de questão • A íntegra do voto do relator
de fato por meio eletrônico, ficará disponível assim que
para julgamentos em ambiente este for lançado no sistema. O
virtual5; acesso à íntegra dos votos e
• Assim como os votos dos ao placar, inclusive parcial, de
ministros, as sustentações orais determinado julgamento pode ser
ficarão disponíveis publicamente feito por meio da aba “sessão
na aba sessão virtual do virtual”, disponível na página de
acompanhamento processual acompanhamento processual dos
feitos que estiverem em pauta;
do portal, desde o início do
julgamento até 48 horas úteis • Possibilitou-se aos representantes
após o encerramento. das partes, durante a sessão
virtual, a realização de
esclarecimentos sobre matéria
PAINEL COVID de fato, por meio do sistema
de peticionamento eletrônico
do stf (automaticamente
disponibilizados no sistema de
PAINEL JULGAMENTOS VIRTUAIS
votação dos ministros).
4 Art. 21-b. Todos os processos de competência do Tribunal
poderão, a critério do relator ou do ministro vistor com a
concordância do relator, ser submetidos a julgamento em Resolução 684
listas de processos em ambiente presencial ou eletrônico, (21/05/2020)
observadas as respectivas competências das Turmas ou do
Plenário. (Redação dada pela Emenda Regimental 53, de 18
de março de 2020) • As sessões em ambiente virtual
do Supremo Tribunal Federal
5 Art. 21-B, § 2º Nas hipóteses de cabimento de sustentação oral
previstas neste regimento interno, fica facultado à Procuradoria-
(STF) passaram a ter duração de
Geral da República, à Advocacia-Geral da União, à Defensoria 6 dias úteis.
Pública da União, aos advogados e demais habilitados nos autos
encaminhar as respectivas sustentações por meio eletrônico
após a publicação da pauta e até 48 horas antes de iniciado o Início: sexta-feira, à 0h;
julgamento em ambiente virtual. (Redação dada pela Emenda Término: sexta-feira seguinte, às
Regimental 53, de 18 de março de 2020)
23h59.

SUMÁRIO
26
INFORMATIVO STF Edição 1014/2021 |

2.2 PASSO A PASSO DAS SESSÕES VIRTUAIS

No âmbito do Supremo Tribunal Federal, o sistema colegiado de julgamento em


ambiente eletrônico ocorre por meio de sessões de julgamento realizadas em tempo
real, por videoconferência e sessões de julgamento inteiramente realizadas em ambiente
eletrônico (sessões virtuais).

As inovações reforçaram as medidas adotadas pelo STF para reduzir a circulação interna
de pessoas e o deslocamento laboral como forma de prevenção ao novo coronavírus.

INCLUSÃO EM PAUTA PARA


1 JULGAMENTO VIRTUAL

O ministro relator pode submeter a


julgamento em sessão no ambiente
virtual qualquer classe e incidente PUBLICAÇÃO DA PAUTA E DO
processual, a seu critério. CALENDÁRIO DE JULGAMENTO
2
As listas dos processos liberados para
julgamento são divulgadas no site do
STF, e a pauta é publicada no Diário
de Justiça Eletrônico (DJe), respeitado
o prazo de 5 dias úteis entre a data
da publicação da pauta e o início do

3
julgamento (art. 935 do CPC).
SUSTENTAÇÃO ORAL

Após a publicação da pauta e até 48


horas antes do início do julgamento,
os advogados, os procuradores e
demais habilitados podem encaminhar
sustentação oral.
O envio das mídias é feito pelo Sistema
de Peticionamento Eletrônico, que gera
um protocolo de recebimento e registro RELATOR: INCLUSÃO
no andamento processual.
Além disso, os arquivos são
DO RELATÓRIO E VOTO

O relator insere, no sistema virtual,


4
disponibilizados imediatamente aos
gabinetes dos ministros. relatório e voto, que são disponibilizados
no site do STF durante toda a sessão de
julgamento virtual.

SUMÁRIO
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INFORMATIVO STF Edição 1014/2021 |

5
INÍCIO DA SESSÃO VIRTUAL:
VOTAÇÃO

Iniciado o julgamento virtual, os demais


ministros têm até 6 dias úteis para
votar. As possibilidades de manifestação
são: acompanhar o relator, com ou sem
ressalva de entendimento; divergir do
relator; ou acompanhar a divergência,
com ou sem ressalvas.
Assim como no Plenário físico, não
há qualquer impedimento para que
um ministro modifique seu voto até QUESTÕES DE FATO E

6
o fim da sessão. Caso um ministro MEMORIAIS
modifique seu voto, a alteração
aparecerá em vermelho, indicando
Os advogados, os procuradores e
novo posicionamento.
demais habilitados podem realizar
As partes, os advogados e toda a esclarecimentos sobre matéria de
sociedade podem acompanhar, em fato e apresentar memoriais durante
tempo real, a sessão de julgamento a sessão de julgamento, que serão
e visualizar os votos dos ministros automaticamente disponibilizados no
e demais manifestações, que ficam sistema de votação dos ministros.
disponíveis no site do STF durante toda
a sessão de julgamento virtual (on-line
e em tempo real).

7 PEDIDO DE VISTA

Os ministros podem ainda pedir vista


ou destaque para julgamento no
ambiente presencial.
DESTAQUE PARA JULGAMENTO
As devoluções de vistas de processos
iniciados em sessão presencial, a
critério do ministro vistor e com a
NO AMBIENTE PRESENCIAL
8
No caso de pedido de destaque feito por
concordância do relator, também
qualquer ministro, o relator encaminhará
podem ter seu julgamento continuado
o processo ao órgão colegiado
em ambiente virtual.
competente para julgamento presencial,
com a publicação de nova pauta e
reinício do julgamento, desconsiderando-
se os votos já proferidos.

SUMÁRIO
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INFORMATIVO STF Edição 1014/2021 |

9 QUÓRUM

No Plenário, não alcançado o quórum


de votação mínimo de seis votos,
ou havendo empate na votação, o
julgamento será suspenso e incluído
na sessão virtual imediatamente
subsequente, a fim de que sejam
colhidos os votos dos ministros ausentes.
No julgamento de habeas corpus ou de
recurso de habeas corpus, proclamar-
se-á, na hipótese de empate, será
proclamada a decisão mais favorável
ao paciente.
A declaração de constitucionalidade
ou inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo deverá ser pronunciada por

10
maioria qualificada de 6 votos em um
mesmo sentido. AUSÊNCIA DE MANIFESTAÇÃO

O ministro que não se pronunciar no prazo


regimental terá sua não participação
registrada na ata do julgamento.

11 PLACAR DE VOTOS

O acesso ao placar, inclusive parcial,


de determinado julgamento pode
ser feito por meio da aba “Sessão
Virtual”, disponível na página de
acompanhamento processual dos
processos que estiverem em pauta.
CONCLUSÃO DO JULGAMENTO

Finalizado o julgamento virtual e


12
alcançados os quóruns regimentais, o
resultado será computado às 23h59 do
dia previsto para o término da sessão.
A decisão de julgamento será divulgada
no andamento processual, e o respectivo
acórdão publicado no DJe.

SUMÁRIO
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INFORMATIVO STF Edição 1014/2021 |

2.3 PROCESSOS SELECIONADOS

RE 606314/PE
Relator(a): ROBERTO BARROSO REPERCUSSÃO
GERAL
JULGAMENTO VIRTUAL EM 30/04/2021 a 07/05/2021 

Incidência de IPI sobre operação de industrialização de embalagens


destinadas ao acondicionamento de água mineral (Tema 501 RG)

Trata-se de repercussão geral reconhecida quanto ao tema relativo à alíquota do


IPI sobre o processo de industrialização de embalagens para acondicionamento
de água mineral, considerado o princípio da seletividade em função da
essencialidade do produto (CF, art. 153, § 3º, I).

RE 970821/RS   
Relator(a): EDSON FACHIN REPERCUSSÃO
GERAL
JULGAMENTO VIRTUAL EM 30/04/2021 a 07/05/2021 

Aplicação de diferencial de alíquota de ICMS à empresa optante pelo


Simples Nacional (Tema 517 RG)

Discute-se a constitucionalidade da cobrança da diferença de alíquota de


ICMS por empresas optantes do Simples Nacional nas compras interestaduais.

ADI 6433/PR
Relator(a): GILMAR MENDES
JULGAMENTO VIRTUAL EM 30/04/2021 a 07/05/2021

Constitucionalidade de emenda da Constituição Estadual que limitou


atuação dos procuradores do estado

Questiona-se a constitucionalidade de dispositivos da Emenda Constitucional


44/2019 do estado do Paraná, que trata da atuação da Procuradoria da
Assembleia Legislativa e da Consultoria Jurídica do Tribunal de Justiça do
Estado do Paraná.
Jurisprudência: ADI 1557; ADI 5024.

SUMÁRIO
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INFORMATIVO STF Edição 1014/2021 |

ADI 6727/PR   
Relator(a): CÁRMEN LÚCIA
JULGAMENTO VIRTUAL EM 30/04/2021 a 07/05/2021

Celebração de contrato de empréstimo com aposentados e pensionistas,


por ligação telefônica

Análise da constitucionalidade de lei estadual que veda a oferta e a celebração


de contrato de empréstimo bancário com aposentados e pensionistas por
meio de ligação telefônica.

ADI 6580/RJ   
Relator(a): CÁRMEN LÚCIA
JULGAMENTO VIRTUAL EM 30/04/2021 a 07/05/2021

Abastecimento de veículos em local diverso do posto de combustível

Questiona-se a constitucionalidade de lei estadual que veda o abastecimento


de veículos em local diverso do posto de combustível, com previsão de sanções
pecuniárias e cancelamento da inscrição estadual do infrator.
Jurisprudência: ADI 2396-MC e ADI 3645.

ADI 5281/RO e ADI 5324/RO


Relator(a): CÁRMEN LÚCIA
JULGAMENTO VIRTUAL EM 30/04/2021 a 07/05/2021

Competência do Procurador-Geral de Justiça

Análise da constitucionalidade da Emenda Constitucional 94/2015, que acrescentou


o parágrafo único ao art. 99 da Constituição do estado de Rondônia, segundo
o qual “compete, exclusivamente, ao Procurador-Geral de Justiça promover
o inquérito civil público e a ação civil pública para a proteção do patrimônio
público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos
quando praticados pelo governador do Estado, pelos membros do Legislativo,
Judiciário, Tribunal de Contas, Ministério Público e da Defensoria Pública”.
Jurisprudência: ADI 776 MC e ADI 5087 MC.

SUMÁRIO
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ADI 6018/RJ
Relator(a): EDSON FACHIN
JULGAMENTO VIRTUAL EM 30/04/2021 a 07/05/2021 

Programa estadual de asfaltamento e utilização de massa asfáltica


produzida com borrachas de pneumáticos inservíveis

Análise da constitucionalidade de lei estadual que determina, nos programas de


asfaltamento e recapeamento de rodovias estaduais, a utilização preferencial
de massa asfáltica produzida com borrachas de pneumáticos inservíveis
provenientes de reciclagem.

ADPF 501/SC  
Relator(a): ALEXANDRE DE MORAES
JULGAMENTO VIRTUAL EM 30/04/2021 a 07/05/2021

Súmula do TST e pagamento de férias em dobro

Questionamentos acerca da Súmula 450, do Tribunal Superior do Trabalho,


que prevê que o trabalhador receberá as férias em dobro em caso de atraso
no pagamento.

ADI 6612/MT 
Relator(a): ROSA WEBER
JULGAMENTO VIRTUAL EM 30/04/2021 a 07/05/2021

Lei estadual e suspensão do direito de dirigir

Análise da constitucionalidade da Lei estadual 11.038/2019 do estado do Mato


Grosso, que estabelece procedimentos ao órgão de trânsito responsável
pela suspensão do direito de dirigir e pela cassação da Carteira Nacional de
Habilitação - CNH.

SUMÁRIO
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ADI 2146/SP
Relator(a): MARCO AURELIO
JULGAMENTO VIRTUAL EM 30/04/2021 a 07/05/2021

Provimento de serviços de notas e de registro

Questiona-se a constitucionalidade de vários dispositivos da Lei 10.340/1999,


do estado de São Paulo, que dispõe “sobre o provimento dos serviços notariais
e de registros”.

ADI 6720 MC-Ref/AL, ADI 6721 MC-Ref/RJ e ADI 6722 MC-Ref/RO


Relator(a): ROBERTO BARROSO
JULGAMENTO VIRTUAL EM 30/04/2021 a 07/05/2021

Assembleias legislativas e reeleições sucessivas

Medida cautelar, ad referendum do Plenário, para fixar interpretação conforme


a CF no sentido de permitir apenas uma reeleição dos membros das Mesas
Diretoras de Assembleias Legislativas estaduais para mandatos consecutivos.

ACESSE A PÁGINA DA
LEGISLAÇÃO ANOTADA

codi@stf.jus.br
61 3217.4493/4781
Praça dos Três Poderes – Anexo I – Térreo

SUMÁRIO
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Foto: Nelson Jr./SCO/STF

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – STF


Secretaria de Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação – SAE
Coordenadoria de Difusão da Informação – CODI
codi@stf.jus.br

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