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30 DE ABRIL DE 2021
EDIÇÃO 1014/2021
30 DE ABRIL DE 2021
DADOS DO
INFORMATIVO
Secretaria-Geral da Presidência
Pedro Felipe de Oliveira Santos
Gabinete da Presidência
Patrícia Andrade Neves Pertence
Diretoria-Geral
Edmundo Veras dos Santos Filho
Equipe Técnica
Jean Francisco Corrêa Minuzzi
Anna Daniela de Araújo M. dos Santos
Diego Oliveira de Andrade Soares
Izabella Christina Carolino de Souza
João de Souza Nascimento Neto
Luiz Carlos Gomes de Freitas Júnior
Mariana Bontempo Bastos
Ricardo Henrique Pontes
Tays Renata Lemos Nogueira
Diagramação
Gabriela Alves Coimbra
Informativo STF [recurso eletrônico] / Supremo Tribunal Federal. N. 1, (1995) - . Brasília : STF, 1995- .
Semanal.
O Informativo STF, periódico semanal do Supremo Tribunal Federal, apresenta, de forma objetiva e concisa, resumos das teses e
conclusões dos principais julgamentos realizados pelos órgãos colegiados – Plenário e Turmas –, em ambiente presencial e virtual.
http://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=informativoSTF
ISSN: 2675-8210.
1. Tribunal supremo, jurisprudência, Brasil. 2. Tribunal supremo, periódico, Brasil. I. Brasil. Supremo Tribunal Federal (STF). Secretaria de
Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação.
CDDir 340.6
Permite-se a reprodução desta publicação, no todo ou em parte, sem alteração do conteúdo, desde
que citada a fonte.
ISSN: 2675-8210
INFORMATIVO STF. Brasília: Supremo Tribunal Federal, Secretaria de Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da
Informação, n. 1014/2021. Disponível em: http://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=informativoSTF.
Data de divulgação: 30 de abril de 2021.
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MINISTRO
LUIZ FUX
Presidente [3.3.2011]
MINISTRA
ROSA MARIA PIRES WEBER
Vice-presidente [19.12.2011]
MINISTRO
MARCO AURÉLIO MENDES DE FARIAS MELLO
Decano [13.6.1990]
MINISTRO
GILMAR FERREIRA MENDES
[20.6.2002]
MINISTRO
ENRIQUE RICARDO LEWANDOWSKI
[16.3.2006]
MINISTRA
CÁRMEN LÚCIA ANTUNES ROCHA
[21.6.2006]
MINISTRO
JOSÉ ANTONIO DIAS TOFFOLI
[23.10.2009]
MINISTRO
LUÍS ROBERTO BARROSO
[26.6.2013]
MINISTRO
LUIZ EDSON FACHIN
[16.6.2015]
MINISTRO
ALEXANDRE DE MORAES
[22.3.2017]
MINISTRO
KASSIO NUNES MARQUES
[5.11.2020]
SUMÁRIO
4
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INFOGRÁFICO
1 INFORMATIVO
Colegiado
1.1 PLENÁRIO
Ramo do Direito
DIREITO CONSTITUCIONAL – ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
Objetivo de
Desenvolvimento
Sustentável
Título do resumo Prerrogativa de foro: defensor público e procurador com o qual
de Estado o processo
se relaciona
AMICUS ÁUDIO
CURIAE DO TEXTO
Tese oficial
TESE FIXADA
Nos termos do artigo 102, I, r, da Constituição Federal (CF) (1), é competência exclusiva
do Supremo Tribunal Federal (STF) processar e julgar, originariamente, todas as ações
ajuizadas contra decisões do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Conselho
Nacional do Ministério Público (CNMP) proferidas no exercício de suas competências
constitucionais, respectivamente, previstas nos artigos 103-B, § 4º, e 130-A, § 2º, da CF (2).
RESUMO
Resumo Possui plausibilidade e verossimilhança a alegação de que constituição estadual Notícia do
em síntese não pode atribuir foro por prerrogativa de função a autoridades diversas daquelas julgamento
arroladas na Constituição Federal (CF).
com ênfase nas
As normas que estabelecem hipóteses de foro por prerrogativa de função são conclusões e
excepcionais e, como tais, devem ser interpretadas restritivamente (ADI 2.553) (1). nos principais
fundamentos
SUMÁRIO
5
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SUMÁRIO
1 INFORMATIVO
1.1 PLENÁRIO
Direito Administrativo
» Empresa Pública
Direito Ambiental
» Licenciamento Ambiental
Direito Constitucional
» Controle de Constitucionalidade
» Competência Legislativa
» Intervenção
SUMÁRIO
6
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» Ordem Social
» Nulidade
SUMÁRIO
7
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SUMÁRIO
8
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1 INFORMATIVO
1.1 PLENÁRIO
AMICUS ÁUDIO
CURIAE DO TEXTO
TESE FIXADA:
SUMÁRIO
9
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RESUMO:
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, julgou procedente o pedido
formulado em arguição de descumprimento de preceito fundamental para (i) suspen-
der decisões judiciais nas quais se promoveram constrições patrimoniais por bloqueio,
penhora, arresto, sequestro; (ii) determinar a sujeição da empresa estatal ao regime
constitucional de precatórios; e (iii) determinar a imediata devolução das verbas sub-
traídas dos cofres públicos — e ainda em poder do Judiciário —, para as respectivas
contas de que foram retiradas.
(1) Precedentes: ADPF 556/RN, relatora Min. Cármen Lúcia (DJe de 17.9.2020) e ADPF 485/AP, relator Min. Roberto
Barroso (DJe de 4.2.2021).
ADPF 588/PB, relator Min. Roberto Barroso, julgamento virtual finalizado em 26.4.2021 (segun-
da-feira), às 23:59
SUMÁRIO
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ÁUDIO
DO TEXTO
RESUMO:
(1) CF/1988: “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
(…) VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais,
proteção do meio ambiente e controle da poluição; VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico,
turístico e paisagístico; VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos
de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. (...) § 1º No âmbito da legislação concorrente, a
competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. § 2º A competência da União para legislar
sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.”
SUMÁRIO
11
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(2) CF/1988: “Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”
(3) Lei 14.675/2009: “Art. 29. (…) § 1º As atividades de lavra a céu aberto por escavação de cascalheiras, com
produção anual inferior a 12.000 m³ (doze mil metros cúbicos), ficam dispensadas de licenciamento ambiental,
desde que não possuam finalidade comercial. § 2º As atividades de lavra a céu aberto de mineral típico
para uso na construção civil, excetuada a hipótese descrita no § 1º, passam a ser licenciadas: a) por meio de
Autorização Ambiental (AuA), quando a exploração anual for inferior a 12.000 m³ (doze mil metros cúbicos);
b) por meio de Relatório Ambiental Preliminar (RAP), quando a exploração anual fique compreendida entre
12.000 m³ (doze mil metros cúbicos) e 24.000 m³ (vinte e quatro mil metros cúbicos); e c) por meio de Estudo
Ambiental Simplificado (EAS), quando a exploração anual foi superior a 24.000 m³ (vinte e quatro mil metros
cúbicos). § 3º Em até 90 (noventa) dias, anteriores ao encerramento da atividade de mineração prevista nos
§§ 1º e 2º, o responsável pela exploração deverá apresentar o competente projeto de recuperação ambiental
para fins de aprovação no órgão ambiental licenciador.”
ADI 6650/SC, relatora Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em 26.4.2021 (segunda-fei-
ra), às 23:59
ÁUDIO
DO TEXTO
RESUMO:
SUMÁRIO
12
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Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, julgou improcedente o pedido
formulado. Vencidos os ministros Marco Aurélio (relator), Edson Fachin e Rosa Weber
que julgaram o pleito procedente.
(1) Precedentes citados: ADI 3.151/MT, relator Min. Ayres Britto (DJ de 28.4.2006); ADI 2.069/DF, relator Min.
Eros Grau (DJ de 9.6.2006); ADI 2.129/MS, relator Min. Eros Grau (DJ de 16.6.2006); ADI 3.643/RJ, relator
Min. Ayres Britto (DJ de 16.2.2007); ADI 3.028/RN, relator Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Ayres
Britto (DJ de 30.6.2010).
(2) CF: “Art. 167. São vedados: (...) IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa,
ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a
destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento
do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente,
pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de
receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo:”
ADI 3704/RJ, relator Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgamento
virtual finalizado em 26.4.2021 (segunda-feira), às 23:59
ÁUDIO
DO TEXTO
SUMÁRIO
13
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RESUMO:
Desse modo, ainda que a questão envolva matéria relacionada à proteção de saúde, a
regulamentação deve ser feita de forma homogênea no território brasileiro de acordo
com os valores fixados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e pela
Organização Mundial da Saúde (OMS), os quais são obtidos por meio de embasamento
científico com a finalidade de proteger a população em geral e viabilizar a operação
dos sistemas de telefonia celulares com limites considerados seguros.
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, julgou procedente o pedido
formulado em arguição de descumprimento de preceito fundamental para declarar a
inconstitucionalidade do art. 2° da Lei 5.683/2018, do município de Valinhos.
(1) CF: “Art. 21. Compete à União: (...) XI – explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou
permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços,
a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais.”
(2) CF: “Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: (...) IV – águas, energia, informática,
telecomunicações e radiodifusão.”
SUMÁRIO
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INFORMATIVO STF Edição 1014/2021 |
(3) Lei 9.472/1997: “Art. 60. Serviço de telecomunicações é o conjunto de atividades que possibilita a oferta
de telecomunicação. § 1° Telecomunicação é a transmissão, emissão ou recepção, por fio, radioeletricidade,
meios ópticos ou qualquer outro processo eletromagnético, de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens,
sons ou informações de qualquer natureza. § 2° Estação de telecomunicações é o conjunto de equipamentos
ou aparelhos, dispositivos e demais meios necessários à realização de telecomunicação, seus acessórios e
periféricos, e, quando for o caso, as instalações que os abrigam e complementam, inclusive terminais portáteis.”
ADPF 732/SP, relator Min. Ricardo Lewandowski, julgamento virtual finalizado em 26.4.2021 (se-
gunda-feira), às 23:59
ÁUDIO
DO TEXTO
RESUMO:
SUMÁRIO
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INFORMATIVO STF Edição 1014/2021 |
O Plenário julgou procedente pedido formulado em ação direta para declarar a incons-
titucionalidade dos incisos IV e V do art. 25 da Constituição do estado do Acre (CES/
AC) (2).
(1) CF/1988: “Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados
em Território Federal, exceto quando: I – deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos
consecutivos, a dívida fundada; II – não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; III – não tiver sido
aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações
e serviços públicos de saúde; IV – o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a
observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem
ou de decisão judicial.”
(2) CES/AC: “Art. 25. O Estado não intervirá no Município, salvo quando: IV – se verificar, sem justo motivo,
impontualidade no pagamento de empréstimo garantido pelo Estado; V – forem praticados, na administração
municipal, atos de corrupção devidamente comprovados; e”
ADI 6616/AC, relatora Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em 26.4.2021 (segunda-
feira), às 23:59
ÁUDIO
DO TEXTO
RESUMO:
SUMÁRIO
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Não se desconhece que a Lei 10.836/2004 estabeleceu o Programa Bolsa Família como
um conjunto de “ações de transferência de renda com condicionalidade” e que, dentre
seus objetivos básicos, está o de “combater a pobreza” (Decreto 5.209/2004, art. 5º, IV).
Entretanto, há tutela insuficiente quanto ao combate à pobreza e à extrema pobreza. A
respeito, registra-se que os direitos fundamentais também podem ser traduzidos como
proibições de proteção insuficiente ou imperativos de tutela.
Presente estado de mora inconstitucional, deve ser fixado o valor da renda básica
de cidadania para o estrato da população brasileira em condição de vulnera-
bilidade socioeconômica — pobreza e extrema pobreza — a ser efetivado, pelo
SUMÁRIO
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INFORMATIVO STF Edição 1014/2021 |
A atuação do STF foi voltada à realidade econômica e social, na quadra atual viven-
ciada e agravada pelas consequências da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
No mais, a essencialidade do sistema de proteção social não afasta o dever de consi-
deração das possibilidades materiais e financeiras do Estado. Agrega-se a isso que o
diploma legislativo impõe a necessidade de observância das condições econômicas do
País e da Lei de Responsabilidade Fiscal. É preciso reconhecer que, em determinados
casos, a implementação de políticas públicas unilateralmente pelo Poder Judiciário, em
substituição ao crivo político dos representantes eleitos, pode conduzir a um estado de
coisas ainda mais inconstitucional que a falta de norma regulamentadora. Evidentemente,
eventual concessão da tutela invocada pelo impetrante, mediante fixação arbitrária dos
valores da renda básica de cidadania e dos critérios de elegibilidade das primeiras
etapas, fatalmente levaria ao desarranjo das contas públicas e, no limite, à desordem
do sistema de proteção social brasileiro.
SUMÁRIO
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INFORMATIVO STF Edição 1014/2021 |
mica (extrema pobreza e pobreza — renda per capita inferior a R$ 89,00 e R$ 178,00,
respectivamente — Decreto 5.209/2004), devendo adotar todas as medidas legais
cabíveis, inclusive alterando o Plano Plurianual, além de previsão na Lei de Diretrizes
Orçamentárias e na Lei Orçamentária Anual de 2022; e (ii) realizar apelo aos Poderes
Legislativo e Executivo para que adotem as medidas administrativas e/ou legislativas
necessárias à atualização dos valores dos benefícios básico e variáveis do Programa
Bolsa Família (Lei 10.836/2004), isolada ou conjuntamente, e, ainda, para que aprimorem
os programas sociais de transferência de renda atualmente em vigor, mormente a Lei
10.835/2004, unificando-os, se possível. Vencidos os ministros Marco Aurélio (relator),
Edson Fachin, Rosa Weber e Ricardo Lewandowski.
(1) CF/1988: “Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: (...)
X – combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos
setores desfavorecidos;”
(2) CF/1988: “Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o
transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência
aos desamparados, na forma desta Constituição.”
(3) Lei 10.835/2004: “Art. 1º É instituída, a partir de 2005, a renda básica de cidadania, que se constituirá
no direito de todos os brasileiros residentes no País e estrangeiros residentes há pelo menos 5 (cinco) anos
no Brasil, não importando sua condição socioeconômica, receberem, anualmente, um benefício monetário.”
(4) Lei 13.300/2016: “Art. 8º Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para: I –
determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora;”
(5) Lei 10.835/2004: “Art. 2º Caberá ao Poder Executivo definir o valor do benefício, em estrita observância ao
disposto nos arts. 16 e 17 da Lei Complementar 101, de 4 de maio de 2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal.”
MI 7300/DF, relator Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgamento vir-
tual finalizado em 26.4.2021 (segunda-feira), às 23:59
SUMÁRIO
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RESUMO:
Com efeito, essa afetação é possível por força do que dispõem os arts. 21, I, e 22,
ambos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal (RISTF), pronunciamento que,
a teor do art. 305 do RISTF, afigura-se irrecorrível.
Nos termos do caput do art. 127 da CF (3), incumbe ao Ministério Público, como institui-
ção permanente e essencial à jurisdição, a defesa da ordem jurídica, encontrando-se
na legislação infraconstitucional, interpretada de forma sistemática, os fundamentos
de sua legitimidade recursal. Com efeito, o art. 179, II, do Código de Processo Civil (CPC)
(4), aplicável à hipótese pela norma integrativa que se extrai do art. 3º do Código de
Processo Penal (CPP) (5), estabelece que o Ministério Público, quando intervém nos
autos na qualidade de fiscal da ordem jurídica, “poderá produzir provas, requerer as
medidas processuais pertinentes e recorrer”. Ademais, essa legitimidade é reforçada
no art. 996 do mesmo diploma legal (6).
Não obstante o art. 317 do RISTF (7) faça alusão às partes, a interpretação restritiva
não encontra amparo em inúmeros precedentes do Corte (8), nos quais, em sede de
habeas corpus, o Ministério Público foi considerado parte legítima à interposição de
agravo regimental contra decisões monocráticas.
Nesse sentido tem se firmado a jurisprudência do STF (9). Na hipótese, restou demons-
trado que as condutas atribuídas ao paciente não foram diretamente direcionadas a
contratos específicos celebrados entre o Grupo OAS e a Petrobras S/A, constatação
que, em cotejo com precedentes do Plenário e da Segunda Turma do STF, permite a
conclusão pela não configuração da conexão que autorizaria, no caso concreto, a
modificação da competência jurisdicional.
SUMÁRIO
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INFORMATIVO STF Edição 1014/2021 |
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, negou provimento ao agravo
regimental em agravo regimental em habeas corpus, relativo à afetação, pelo rela-
tor, do julgamento dos recursos interpostos ao Plenário. Vencidos os ministros Ricardo
Lewandowski e Marco Aurélio.
SUMÁRIO
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INFORMATIVO STF Edição 1014/2021 |
de São Paulo, e, integralmente, os ministros Nunes Marques, Marco Aurélio e Luiz Fux
(Presidente), que davam provimento ao recurso.
(1) Precedentes citados: HC 143.333/PR, relator Min. Edson Fachin (DJe de 21.3.2019); Ext 1.574 ED/DF, relatora
Min. Cármen Lúcia (DJe de 21.11.2019).
(2) RISTF: “Art. 6º Também compete ao Plenário: (...) II - julgar: (...) c) os habeas corpus remetidos ao seu
julgamento pelo Relator; (...) Art. 21. São atribuições do Relator: (...) XI - remeter habeas corpus ou recurso
de habeas corpus ao julgamento do Plenário;”
(3) CF: “Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais
indisponíveis.”
(4) CPC: “Art. 179. Nos casos de intervenção como fiscal da ordem jurídica, o Ministério Público: (...) II - poderá
produzir provas, requerer as medidas processuais pertinentes e recorrer.”
(5) CPP: “Art. 3º A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o
suplemento dos princípios gerais de direito.”
(6) CPC: “Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério
Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica.”
(7) RISTF: “Art. 317. Ressalvadas as exceções previstas neste Regimento, caberá agravo regimental, no prazo
de cinco dias de decisão do Presidente do Tribunal, de Presidente de Turma ou do Relator, que causar prejuízo
ao direito da parte.”
(8) Precedentes citados: HC 195.367 AgR/SP, relatora Min. Cármen Lúcia (DJe de 26.2.2021); HC 192.532 AgR/
GO, relator Min. Gilmar Mendes (DJe de 2.3.2021); HC 195.681 AgR/SP, relator Min. Ricardo Lewandowski (DJe
de 3.3.2021); RHC 145.417 AgR/SP, relator Min. Dias Toffoli (DJe de 30.7.2020); HC 190.851 AgR/SP , relator Min.
Edson Fachin (DJe de 24.2.2021); HC 193.398 AgR/RS, relator Min. Alexandre de Moraes (DJe de 12.1.2021); RHC
170.533 AgR/MS , relatora Min. Rosa Weber (DJe de 7.12.2020); HC 183.620 AgR/MG, relator Min. Roberto
Barroso (DJe de 26.8.2020); RHC 124.137 AgR/BA, relator Min. Luiz Fux (DJe de 1.6.2016).
(9) Precedentes citados: Inq 4.130 QO/PR, relatora Min. Cármen Lúcia (DJe de 3.2.2016); Inq 4.327 AgR-
Segundo/DF, relator Min. Edson Fachin (DJe de 5.3.2018); Inq 4.483 AgR-Segundo/DF, relator Min. Edson
Fachin (DJe de 5.3.2018); Pet 7.790 AgR/DF, relator Min. Edson Fachin (DJe de 23.11.2018); Pet 7.792 AgR/DF,
relator Min. Edson Fachin (DJe de 23.11.2018); Inq 3.989 AgR-Terceiro/DF (DJe de 4.10.2018); Pet 8.144 AgR/DF,
relator Min. Edson Fachin (DJe de 1.8.2019); Pet 6.780 AgR-Quarto-ED/DF, relator Min., Edson Fachin, redator
do acórdão Min. Dias Toffoli (DJe de 20.6.2018); Pet 6.664 AgR-AgR/DF, relator Min., Edson Fachin, redator
do acórdão Min. Dias Toffoli (DJe de 4.12.2018); Pet 6.820 AgR-ED/DF, relator Min. Edson Fachin, redator do
acórdão Min. Ricardo Lewandowski (DJe de 26.3.2018); Inq 4.435 AgR-Quarto/DF, relator Min. Marco Aurélio
(DJe de 21.8.2019); Inq 4.428 QO/DF, relator Min. Gilmar Mendes (DJe de 12.8.2018); Pet 7.832 AgR/DF, relator
Min. Edson Fachin (DJe de 28.3.2019); Pet 8.054 AgR/DF, relator Min. Edson Fachin (DJe de 27.9.2019); Pet
8.090 AgR/DF, relator Min. Edson Fachin (DJe de 11.12.2020).
(10) CPP: “Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem,
bem como pelo Ministério Público.(...) § 2º Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício
ordem de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência
de sofrer coação ilegal.”
(11) CPC: “Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de contestação.
(...) § 4º Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão proferida pelo juízo
incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente.”
(12) CPP: “Art. 567. A incompetência do juízo anula somente os atos decisórios, devendo o processo, quando
for declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente.”
SUMÁRIO
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INFORMATIVO STF Edição 1014/2021 |
SUMÁRIO
23
INFORMATIVO STF Edição 1014/2021 |
2007
CRIAÇÃO DO PLENÁRIO VIRTUAL (PV)
PARA APRECIAÇÃO SOBRE A EXISTÊNCIA
DE REPERCUSSÃO GERAL (RG)
• Celeridade na análise de
temas de RG: o Plenário Virtual
funciona 24 horas por dia e
é possível que os ministros o
acessem de forma remota,
2010
permitindo a votação mesmo
estando fora de seus gabinetes;
• Requisito: manifestação do
relator pela reafirmação de
jurisprudência dominante da
Corte;
• Aumento da celeridade no
julgamento de mérito de temas
de RG.
SUMÁRIO
24
INFORMATIVO STF Edição 1014/2021 |
2016
2019
Emenda Regimental 51
(22/06/2016)2
Resolução 587
(29/07/2016)3 Emenda Regimental 52
(14/06/2019)
SESSÕES VIRTUAIS
Criação do ambiente eletrônico de Resolução 642
julgamento em Plenário e Turmas (14/06/2019)
SUMÁRIO
25
INFORMATIVO STF Edição 1014/2021 |
2020
Emenda Regimental 53
(18/03/2020)
SUMÁRIO
26
INFORMATIVO STF Edição 1014/2021 |
As inovações reforçaram as medidas adotadas pelo STF para reduzir a circulação interna
de pessoas e o deslocamento laboral como forma de prevenção ao novo coronavírus.
3
julgamento (art. 935 do CPC).
SUSTENTAÇÃO ORAL
SUMÁRIO
27
INFORMATIVO STF Edição 1014/2021 |
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INÍCIO DA SESSÃO VIRTUAL:
VOTAÇÃO
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o fim da sessão. Caso um ministro MEMORIAIS
modifique seu voto, a alteração
aparecerá em vermelho, indicando
Os advogados, os procuradores e
novo posicionamento.
demais habilitados podem realizar
As partes, os advogados e toda a esclarecimentos sobre matéria de
sociedade podem acompanhar, em fato e apresentar memoriais durante
tempo real, a sessão de julgamento a sessão de julgamento, que serão
e visualizar os votos dos ministros automaticamente disponibilizados no
e demais manifestações, que ficam sistema de votação dos ministros.
disponíveis no site do STF durante toda
a sessão de julgamento virtual (on-line
e em tempo real).
7 PEDIDO DE VISTA
SUMÁRIO
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9 QUÓRUM
10
maioria qualificada de 6 votos em um
mesmo sentido. AUSÊNCIA DE MANIFESTAÇÃO
11 PLACAR DE VOTOS
SUMÁRIO
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RE 606314/PE
Relator(a): ROBERTO BARROSO REPERCUSSÃO
GERAL
JULGAMENTO VIRTUAL EM 30/04/2021 a 07/05/2021
RE 970821/RS
Relator(a): EDSON FACHIN REPERCUSSÃO
GERAL
JULGAMENTO VIRTUAL EM 30/04/2021 a 07/05/2021
ADI 6433/PR
Relator(a): GILMAR MENDES
JULGAMENTO VIRTUAL EM 30/04/2021 a 07/05/2021
SUMÁRIO
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ADI 6727/PR
Relator(a): CÁRMEN LÚCIA
JULGAMENTO VIRTUAL EM 30/04/2021 a 07/05/2021
ADI 6580/RJ
Relator(a): CÁRMEN LÚCIA
JULGAMENTO VIRTUAL EM 30/04/2021 a 07/05/2021
SUMÁRIO
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ADI 6018/RJ
Relator(a): EDSON FACHIN
JULGAMENTO VIRTUAL EM 30/04/2021 a 07/05/2021
ADPF 501/SC
Relator(a): ALEXANDRE DE MORAES
JULGAMENTO VIRTUAL EM 30/04/2021 a 07/05/2021
ADI 6612/MT
Relator(a): ROSA WEBER
JULGAMENTO VIRTUAL EM 30/04/2021 a 07/05/2021
SUMÁRIO
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ADI 2146/SP
Relator(a): MARCO AURELIO
JULGAMENTO VIRTUAL EM 30/04/2021 a 07/05/2021
ACESSE A PÁGINA DA
LEGISLAÇÃO ANOTADA
codi@stf.jus.br
61 3217.4493/4781
Praça dos Três Poderes – Anexo I – Térreo
SUMÁRIO
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Foto: Nelson Jr./SCO/STF