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DO DIREITO

A Constituição, em seu Art. 5º, tratou de estabelecer dentre as garantias da


pessoa humana o direito à vida. Este direito fundamental compreende não só o direito de
continuar vivo, mas de ter uma vida digna.

Por esta razão, o direito à vida deve ser entendido em consonância com o
princípio da dignidade da pessoa humana, conforme assevera o Art. 1º, inc. III da CF,
seguido do Art. 196.

“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união


indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:

III - a dignidade da pessoa humana;

Art. 196. “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido


mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação.”

Trata-se de garantia que só pode ser suprida com o amplo atendimento à


saúde, devendo ser resguardada pelo Estado, conforme entendimento jurisprudencial
sobre o tema:

- AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE


FAZER - DEFERIMENTO DA TUTELA PROVISÓRIA DE
URGÊNCIA - PRESENÇA DOS REQUISITOS - FORNECIMENTO
DE MEDICAMENTO EVIDENCIADO POR LAUDO MÉDICO -
IMPOSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO POR FÁRMACO DO
SUS - OBRIGAÇÃO CONSTITUCIONAL - ART. 196 DA CF -
PREQUESTIONAMENTO - RECURSO PROVIDO. Consoante
dispõe o artigo 300 do Novo Código de Processo Civil: "A tutela de

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urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo". Assim, presente tais requisitos, impõe-se a reforma da
decisão agravada para conceder a antecipação dos efeitos da tutela de
urgência e obrigar o agravado ao fornecimento do
tratamento/aparelho indicado. (TJMS. Agravo de Instrumento n.
1403499-70.2018.8.12.0000, Naviraí, 3ª Câmara Cível, Relator (a):
Des. Eduardo Machado Rocha, j: 15/05/2018, p: 16/05/2018)

Ou seja, o Estado assume papel principal no atendimento às necessidades


básicas de cada cidadão, devendo cumprir suas obrigações legais, mesmo quando de
titularidade privada, a natureza jurídica dos serviços de saúde é pública, pois decorrente
do Estado

O princípio da legalidade é a base de todos os demais princípios, uma vez


que instrui, limita e vincula as atividades administrativas, conforme refere Hely Lopes
Meirelles:

"A legalidade, como princípio de administração (CF, art.37,


caput), significa que o administrador público está, em toda a sua
atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às
exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar,
sob pena de praticar ato inválido e expor-se a responsabilidade
disciplinar, civil e criminal, conforme o caso.

A eficácia de toda atividade administrativa está condicionada ao


atendimento da Lei e do Direito. É o que diz o inc. I do parágrafo
único do art. 2º da lei9.784/99. Com isso, fica evidente que, além
da atuação conforme à lei, a legalidade significa, igualmente, a
observância dos princípios administrativos.

Na Administração Pública não há liberdade nem vontade


pessoal. Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo
que a lei não proíbe, na Administração Pública só é permitido
fazer o que a lei autoriza. A lei para o particular significa ‘poder
fazer assim’; para o administrador público significa ‘deve fazer

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assim’."(in Direito Administrativo Brasileiro, Editora Malheiros,
27ª ed., p. 86),

No mesmo sentido, leciona Diógenes Gasparini:

"O Princípio da legalidade significa estar a Administração


Pública, em toda sua atividade, presa aos mandamentos da lei,
deles não se podendo afastar, sob pena de invalidade do ato e
responsabilidade do seu autor. Qualquer ação estatal sem o
correspondente calço legal ou que exceda o âmbito demarcado
pela lei, é injurídica e expõe à anulação. Seu campo de ação,
como se vê, é bem menor que o do particular. De fato, este pode
fazer tudo que a lei permite e tudo o que a lei não proíbe; aquela
só pode fazer o que a lei autoriza e, ainda assim, quando e como
autoriza. Vale dizer, se a lei nada dispuser, não pode a
Administração Pública agir, salvo em situação excepcional
(grande perturbação da ordem, guerra)" (in GASPARINI,
Diógenes, Direito Administrativo, Ed. Saraiva, SP, 1989, p.06)

Portanto, uma vez demonstrado o descumprimento ao princípio da


legalidade, tem-se por inequívoca a necessária intervenção estatal com a determinação da
cobertura do tratamento médico aqui pleiteado.

DA TUTELA DE URGÊNCIA

Nos termos do Art. 300 do CPC/15, “A tutela de urgência será concedida


quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano
ou o risco ao resultado útil do processo.”

No presente caso tais requisitos são perfeitamente caracterizados, ao qual


cita-se:

DA PROBABILIDADE DO DIREITO: Como ficou perfeitamente


demonstrado, o direto do Autor é caracterizado pelo dever do Estado em garantir as
condições mínimas de dignidade, devendo garantir o acesso ao único meio de garantir

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uma vida digna.

Assim, conforme destaca a doutrina, não há razão lógica para aguardar o


desfecho do processo, quando diante de direito inequívoco:

"Se o fato constitutivo é incontroverso não há racionalidade em


obrigar o autor a esperar o tempo necessário à produção das
provas dos fatos impeditivos, modificativos ou extintivos, uma vez
que o autor já se desincumbiu do ônus da prova e a demora
inerente à prova dos fatos, cuja prova incumbe ao réu certamente
o beneficia." (MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela de Urgência
e Tutela da Evidência. Editora RT, 2017. p.284)

DO RISCO DA DEMORA: Trata-se de grave risco de vida ao Autor à


espera do trâmite normal do processo, ou seja, o requerente precisa dispor da instalação
de equipamentos médico-hospitalares, como cama hospitalar, suporte para soro, torpedo
de oxigênio, dieta enteral, colchão pneumático, bem como a contratação de equipe
multidisciplinar (médico de cuidados paliativos, fisioterapêutica, fonoaudiólogo,
nutricionista e técnico de enfermagem 24h), considerada a forte prova documental juntada
aos autos a comprovar os padecimentos das moléstias e a recomendação dos
medicamentos, conforme leciona Humberto Theodoro Júnior:

"um risco que corre o processo principal de não ser útil ao


interesse demonstrado pela parte", em razão do "periculum in
mora", risco esse que deve ser objetivamente apurável, sendo que
é a plausibilidade do direito substancial consubstancia-se no
direito "invocado por quem pretenda segurança, ou seja, o
"fumus boni iuris" (in Curso de Direito Processual Civil, 2016. I.
p. 366).

Diante de tais circunstâncias, é inegável a existência de fundado receio de


dano irreparável, sendo imprescindível a determinação imediata de liberação de
atendimento Home Care, nos termos do Art. 300 do CPC.

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