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A dupla inseparável:

o Espírito Santo e a pregação


Rodney Antony

“Portanto, o que Deus uniu, ninguém o separe”

(Mateus 19:6, NVI).

O poder do Espírito Santo é indispensável ao

elaborar e entregar sermões eficazes. Minimizar

Seu papel na pregação cria uma falsa dicotomia

entre a disciplina da homilética e a doutrina da

pneumatologia. O Espírito Santo desempenha

sete papéis importantes na vida do pregador, na

preparação de um sermão, no momento da

pregação e na vida dos ouvintes.

SEM O ESPÍRITO SANTO,


NÃO HAVERIA... BÍBLIA

Ao discutir o papel do Espírito na pregação, a

primeira coisa a ressaltar é que, sem o Espírito

Santo, não teríamos nenhuma Bíblia para pregar.

A Bíblia declara que toda a Escritura se originou

“inspirada por Deus” (2Tm 3:16, NKJV) e que os

profetas bíblicos foram “movidos pelo Espírito

Santo” (2Pe 1:21, NKJV).

As palavras da Escritura não são “ensinadas pela sabedoria humana, mas

ensinadas pelo Espírito” (1 Co 2:13, ARA) Isso indica que, por meio da

influência do Espírito Santo, Deus revelou Seu pensamento aos autores

bíblicos, que, por sua vez, utilizaram as melhores palavras de seu próprio

vocabulário para transmitir as mensagens divinas.

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Portanto, “não são as palavras da Bíblia que são

inspiradas, mas os homens que foram inspirados. A

inspiração atua não nas palavras do homemou em

suas expressões, mas no próprio homem, que, sob

a influência do Espírito Santo, está imbuído de

pensamentos. Mas as palavras recebem a

impressão da mente individual. A mente divina

está difusa. A mente e a vontade divinas

combinam-se com a mente e a vontade humanas;

assim, as declarações do homem são a palavra de

Deus”.

Além de inspirar as Escrituras, é também o Espírito Santo, como diz

James Forbes, “quem tem pastoreado a palavra por meio da

compilação, tradução, canonização e transmissão até o tempo

presente”.

SEM O ESPÍRITO SANTO, NÃO HAVERIA...


PREGAÇÃO

Mesmo além da Bíblia, o Espírito Santo também

concede o dom espiritual de pregar com base

nas Escrituras. Embora as epístolas paulinas

não se refiram diretamente à pregação como

um dom espiritual, podemos inferir que sim,

com base na descrição de Paulo do dom de

profecia. Sam Chan postula que “Paulo usa

principalmente o termo 'profetas' e 'profetizar'

para descrever pessoas que proclamam -

anunciam - a palavra de Deus. [...] É sobre tal

proclamação revelada pelo Espírito (Ef 3: 5)

que a igreja é edificada (Ef 2:20). [...]

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“Nesse caso, é difícil ver como a pregação pode ser essencialmente

diferente do entendimento primário de Paulo sobre a profecia. Embora

'profecia' não se restrinja a 'pregação', ela denota principalmente

'pregação'”.

A pregação, então, é um dom espiritual que o Espírito Santo concede com

o propósito de proclamar e celebrar as boas-novas de Jesus Cristo.

SEM O ESPÍRITO SANTO, NÃO HAVERIA...


PREGADOR

Ao conceder o dom espiritual da pregação, o

Espírito Santo determina quem recebe o chamado

para ser um pregador.Greg Heisler afirma essa

noção quando declara: “A pregação guiada pelo

Espírito só pode ser realizada por um pregador

chamado pelo Espírito. Primeiro, deve haver um

chamado divino para pregar que esteja

firmemente baseado na iniciativa soberana de

Deus, e que venha por meio da inspiração interior

do Espírito”.

Foi realmente a inspiração do Espírito Santo na

vida de Jeremias e Paulo que resultou em sua

declaração: “[...] é como se um fogo ardesse em

meu coração, um fogo dentro de mim. Estou

exausto tentando contê-lo; já não posso mais”(Jr

20:9, NVI) e “[...] pois me é imposta a

necessidade de pregar. Ai de mim se não pregar

o evangelho!” (1Co 9:16,NVI).

Além de serem “chamados a pregar”, aqueles que o Espírito seleciona

também são “enviados” para representar Deus publicamente (ver

Romanos 10:14 , 15 , NRSV). Para Paulo, o pregador é um porta-vozde

outro – e não como alguém com sua própria mensagem autorizada por

ele mesmo.

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Portanto, é “impossível pregar verdadeiramente o

evangelho e não ser chamado, comissionado,

capacitado, dotado e enviado” pelo Espírito

Santo. 7 Como Jesus, todo pregador deve declarar

com confiança que “'o Espírito do Senhor está

sobre mim, porque ele me ungiu para pregar [...]'”

(Lc 4:18, NVI).

SEM O ESPÍRITO SANTO,NÃO


HAVERIA... ENTENDIMENTO

Visto que a Bíblia é o produto da mente de Deus

revelada por meio do Espírito (1 Co 2:12, 13),

podemos compreender tanto o significado

original quanto sua aplicação presente somente

por meio da assistência do Espírito de Deus (v.

13, 14; 2Co 3:14-18; cf. Jo 6:45; 16:13).

Reconhecendo a necessidade do Espírito Santo

para obter uma compreensão adequada das

Escrituras, Lutero declara: “Ninguém que não tem

o Espírito de Deus vê um jota do que está nas

Escrituras. Todos os homens têm seus corações

escurecidos, de forma que, mesmo quando podem

discutir e citar tudo o que está nas Escrituras,

eles não entendem ou realmente sabem de nada.

[...] O espírito é necessário para a compreensão

de todas as Escrituras e de cada parte das

Escrituras”.

É por meio da oração que os pregadores convidam o Espírito Santo a

tocar seus corações e "impressionar a mente com ideias calculadas

para atender aos casos daqueles que precisam de ajuda".

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O Espírito Santo também revela ao pregador o que

a congregação precisa ouvir. É por meio da

oração que os pregadores convidam o Espírito

Santo a tocar seus corações e "impressionar a

mente com ideias calculadas para atender aos

casos daqueles que precisam de ajuda".

Tomé também sugere que, se o Espírito Santo vai

transformar a vida das pessoas, “o Espírito deve

estar envolvido no ponto em que começamos a

preparação do sermão”.

Por outro lado, o pregador nunca deve usar o

Espírito Santo como desculpa para não gastar

tempo de qualidade na elaboração de um

sermão. Tal negligência claramente ignora o

conselho de Paulo de “ser diligente em

apresentar-se a Deus aprovado, um obreiro que

não precisa se envergonhar, que maneja bem a

palavra da verdade” (2Tm 2:15, NKJV).

Ressaltando o ponto de que a preguiça aborrece

o Espírito Santo, Spurgeon declara: “Não consigo

imaginar o Espírito esperando à porta de um

preguiçoso e suprindo as deficiências criadas

pela indolência”.

Os pregadores devem confiar no Espírito Santo ao empregar os

princípios da hermenêutica e homilética. Eles devem buscar a direção

do Espírito Santo ao selecionar e estudar apassagem, descobrindo o

conceito exegético, formulando a ideia homilética, determinando o

propósito do sermão, escolhendo uma ilustração e delineando e

escrevendo o próprio sermão.

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SEM O ESPÍRITO SANTO, NÃO
HAVERIA... PODER

Tendo recebido uma interpretação

adequada da passagem e da mensagem a

proclamar, o pregador, durante o sermão,

também deve demonstrar uma "forte

confiança na presença e poder do Espírito

Santo". Spurgeon declara que “era melhor

falar seis palavras no poder do Espírito

Santo... do que pregar setenta anos de

sermões sem o Espírito”.

Em última análise, o Espírito Santo capacita a pregação trabalhando

dentro e ao lado das palavras do indivíduo para dar testemunho de Jesus

Cristo – e não pela pessoa ou habilidade retórica do pregador. Pregar

sem o poder do Espírito Santo nunca resultará em vidas transformadas.

Precisamos especialmente do poder

doEspírito Santo em um mundo pós-

moderno no qual muitas vezes é

intimidante pregar a verdade aos cínicos,

céticos e julgadores de qualquer coisa

queenfrente o pecado, clame ao

arrependimento e desafie o status quo.

Pregar com poder exige abertura para o

mover do Espírito Santo. Durante a

apresentação do sermão, o Espírito Santo

pode trazer novos insights à mente do

pregador. Em outras ocasiões, o Espírito

pode orientar o orador a substituir ou

mesmoomitir uma ilustração planejada de

um sermão, a citar uma referência bíblica

não incluída originalmente ou a mudar uma

palavra ou frase para expressar um

pensamento mais claramente. Spurgeon

sugere que os pregadores não devem ficar

tão presos a seus manuscritos a ponto de

extinguirem a liderança do Espírito durante

seus sermões:

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“Não vejo onde é dada a oportunidade ao

Espírito de Deus paranos ajudar na pregação,

se cada jotae til for decidido de antemão.

Deixe sua confiança em Deus ser livre para

mover mãos e pés. Enquanto você estiver

pregando, creia que Deus, o Espírito Santo,

pode lhe dar, na mesma hora, o que você deve

falar;e pode fazer você dizer o que não havia

pensado anteriormente; sim, e faça com que

esta declaração recém-dada seja a própria

ponta deflecha do discurso, que atingirá mais

profundamente o coração do que qualquer

coisa que você tenha preparado”.

SEM O ESPÍRITO SANTO,NÃO


HAVERIA... PROCLAMAÇÃO DE CRISTO

O Espírito Santo também revela a Palavra pessoal

de Deus, Jesus (João 1: 1 , 14 ; 15:26 ; 16:14). Para

o Vessel Kerr, “é o Espírito, o Grande

Comunicador, que tira o Cristo ressuscitado do

reino das meras ideias e da história e O torna

uma realidade presente para a consciência do

crente”.

Totalmente convencido de que o Espírito Santo

cumpriu e continua a cumprira predição de Jesus,

HMS Richards escreve: “O Espírito Santo disse

mais sobre Jesus do que sobre si mesmo. O

Espírito Santo não fala muito sobre si mesmo. [...]

Ele fala sobre Jesus”.

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SEM O ESPÍRITO SANTO,NÃO HAVERIA...
CONVICÇÃO E CONVERSÃO

Independentemente de quão bem

pesquisado seja um sermão ou quão

eloquente seja o orador, ninguém será

convertido a menos que o Espírito Santo

opere no coração dos ouvintes. Como Ellen

White tão apropriadamente declara:

“Embora devamos pregar a Palavra, não

podemos comunicar o poder que vivificará a

alma e fará brotar justiça e louvor.

Na pregação da Palavra precisa haver a operação de um agente que

supera as forças humanas. Somente pelo Espírito divino será a Palavra

viva e poderosa para renovar o caráter para a vida eterna. Isso é o que

Cristo buscava incutir em Seus discípulos. Ensinava que nada que

possuíam em si mesmos podia dar êxito a seus esforços, mas o

miraculoso poder de Deus é que torna eficaz Sua Palavra”.

Muitos pregadores usam a culpa e o medo

para coagir as pessoas a entregar suas

vidas a Jesus. Mas isso coloca a

manipulação humana acima da operação

do Espírito Santo, reduzindo a pregação a

pouco mais do que uma apresentação

teatral. Podemos superar essa impotência

homilética quando reconhecemos que

“somente o Espírito pode fazer com que

nossos ouvintes nasçam novamente para

ver o reino (Jo 3:3), e somente pelo Espírito

nossos ouvintes podem amadurecer (Gl

3:3)”.

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INDISPENSÁVEL

O Espírito Santo é indispensável para uma pregação eficaz. Os

pregadores devem recuperar e manter a convicção de que “se a

qualidade da pregação grandemente melhorada for experimentada em

nosso tempo, ela resultará do poder renovador e da presença do Espírito

Santo”.

Reconhecendo a necessidade de confiança constante no Espírito Santo

durante o processo de preparação e entregado sermão, e para a

resposta dos ouvintes à mensagem, a oração de todo pregador deve ser:

“Espírito do Deus vivo, desça novamente sobre mim. Derreta-me,

molde-me, preencha-me, use-me”.

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