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ESTUDO E PROPOSIÇÃO DE CRITÉRIOS DE PROJETO PARA IMPLANTAÇÃO DE

TÉCNICAS COMPENSATÓRIAS EM DRENAGEM URBANA PARA CONTROLE DE


ESCOAMENTOS NA FONTE

Anaí Floriano Vasconcelos

Dissertação de Mestrado apresentada ao


Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Civil, COPPE, da Universidade Federal do Rio
de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Mestre
em Engenharia Civil.

Orientadores: Marcelo Gomes Miguez


Elaine Garrido Vazquez

Rio de Janeiro
Maio de 2014
ESTUDO E PROPOSIÇÃO DE CRITÉRIOS DE PROJETO PARA IMPLANTAÇÃO DE
TÉCNICAS COMPENSATÓRIAS EM DRENAGEM URBANA PARA CONTROLE DE
ESCOAMENTOS NA FONTE

Anaí Floriano Vasconcelos

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO LUIZ


COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA (COPPE) DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM
ENGENHARIA CIVIL.

Examinada por:

______________________________________________
Prof. Marcelo Gomes Miguez, D.Sc.

______________________________________________
Prof.ª Elaine Garrido Vazquez, D.Sc.

______________________________________________
Prof. José Paulo Soares de Azevedo, D.Sc.

______________________________________________
Prof. Marcos Nicolás Gallo, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL


MAIO DE 2014
Vasconcelos, Anaí Floriano
Estudo e proposição de critérios de projeto para
implantação de técnicas compensatórias em drenagem
urbana para controle de escoamentos na fonte/ Anaí
Floriano Vasconcelos. – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE,
2014.
XV, 177 p.: il.; 29,7 cm.
Orientadores: Marcelo Gomes Miguez
Elaine Garrido Vazquez
Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de
Engenharia Civil, 2014.
Referências Bibliográficas: p. 170-177.
1. Técnicas compensatórias em drenagem urbana. 2.
Drenagem urbana sustentável. 3. Controle de escoamentos
na fonte. I. Miguez, Marcelo Gomes et al. II. Universidade
Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa de
Engenharia Civil. III. Título.

iii
AGRADECIMENTOS
À sociedade brasileira, pela oportunidade de estudar em uma universidade pública de
ótima qualidade.
Aos meus orientadores, Prof. Dr. Marcelo Gomes Miguez e Prof.ª Dr.ª Elaine Garrido
Vazquez, pelo compartilhamento de tanto conhecimento, fundamental para a
elaboração deste trabalho.
À minha família, em especial à minha mãe, por ter me disponibilizado a melhor
formação e muitas das boas oportunidades que tive até hoje. Obrigada também pelo
apoio em todas as minhas escolhas.
Ao meu companheiro, Rodrigo, pela parceria e incentivo cotidianos.
À minha sogra, Fátima, por revisar meus textos, acreditar nas técnicas compensatórias
e adotá-las na própria casa, me ajudando a acreditar que a população pode sim aderir
e operar adequadamente as estruturas, beneficiando a sociedade como um todo.
Aos amigos, Andrea Aleixo, Andrea Bogea, Carolina Santiago, Rogerio Bandeira, Tami
Schulze e Vinícius Moutinho, que compartilharam comigo diversas angústias técnicas,
me ajudaram a pesquisar parâmetros e a discutir metodologias e resultados.
À Juliana Bahiense, que defendeu sua dissertação de mestrado sobre um tema
semelhante, a qual serviu de base em muitos aspectos para o meu trabalho, e se
disponibilizou a ajudar no que fosse preciso.
Aos amigos que sempre me incentivaram, para que eu não desistisse, apesar das
dificuldades.
Aos colegas de sala, que fizeram das disciplinas uma tarefa menos pesada.
Às empresas nas quais eu trabalhei durante o processo de formação do mestrado, que
me liberaram para cumprir os créditos das disciplinas e para todas as outras atividades
acadêmicas.
Simplesmente gratidão, por poder chegar até aqui, trabalhando com assuntos nos
quais eu acredito e que me motivam a continuar acreditando no ser humano. Espero
poder contribuir, nem que seja um pouquinho, com este processo de melhoria contínua
que é a vida em sociedade.

iv
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

ESTUDO E PROPOSIÇÃO DE CRITÉRIOS DE PROJETO PARA IMPLANTAÇÃO DE


TÉCNICAS COMPENSATÓRIAS EM DRENAGEM URBANA PARA CONTROLE DE
ESCOAMENTOS NA FONTE

Anaí Floriano Vasconcelos

Maio/2014

Orientadores: Marcelo Gomes Miguez


Elaine Garrido Vazquez

Programa: Engenharia Civil

O processo de urbanização resulta em alterações no ciclo hidrológico, as quais


são, na maioria dos casos, prejudiciais à população. Para amenizar estes efeitos, as
técnicas compensatórias em drenagem urbana são um conceito que visa maior
sustentabilidade hidrológica no processo de expansão urbana. Um de seus princípios
é o controle do aumento dos escoamentos superficiais, oriundos da
impermeabilização, próximo a sua fonte geradora, de modo a preservar as
capacidades de armazenamento e infiltração naturais do terreno. Neste sentido, o
presente trabalho tem como objetivo apresentar o estado da arte de cinco técnicas
compensatórias, avaliar, através de modelagem computacional, o efeito da sua adoção
na escala de lote e da bacia hidrográfica e avançar com diferentes possibilidades de
concepção de projeto. A modelagem foi realizada para diversos cenários,
considerando a implantação das técnicas de forma isolada e combinada. Os
parâmetros propostos para as técnicas na modelagem visam verificar possibilidades
mais extremas para sua aplicação, de modo a disponibilizar dados para balizamento
de projetos reais. As chuvas avaliadas possuem variadas durações e intensidades,
facilitando, assim, a extrapolação dos resultados deste trabalho para bacias
hidrográficas de diferentes escalas. Este estudo pode, ainda, colaborar com
informações técnicas para a elaboração de políticas públicas de drenagem urbana
sustentável. Os resultados das simulações indicam potenciais benefícios na drenagem
urbana oriundos do uso de técnicas compensatórias no nível do lote, com maior
efetividade no controle dos impactos resultantes das menores chuvas de projeto.

v
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

RESEARCH AND PROPOSAL OF DESIGN CRITERIA FOR THE IMPLEMENTATION


OF COMPENSATORY TECHNIQUES ON URBAN DRAINAGE TO CONTROL ON
SOURCE URBAN STORMWATER RUNOFF

Anaí Floriano Vasconcelos

May/2014

Advisors: Marcelo Gomes Miguez


Elaine Garrido Vazquez

Department: Civil Engineering

The urbanization process results in changes in the hydrological cycle, which


are, in most cases, detrimental to the population. In order to mitigate these effects,
compensatory techniques in urban drainage aims at increasing hydrological
sustainability in urban expansion processes. One of its principles is to control the
increase in surface flows, originated by soil sealing, close to its source, in order to
preserve storage and infiltration capacities of the natural terrain. In this sense, the
present work intents to present the state of the art of five compensatory techniques
and, through computer modeling, evaluate the effect of its adoption on site scale and at
the watershed scale, as well as discuss different design concepts. The modeling was
performed for different scenarios, considering the implementation of the techniques
isolated and combined. The parameters proposed for modeling of the techniques aim
to check the extreme possibilities for their application in order to make data available
for actual projects. The rainfalls have been evaluated for different durations and
intensities, thus facilitating the extrapolation of this study results for variable watershed
scales. This study can yet collaborate with technical information for designing public
policies for sustainable urban drainage. The modeling results point to potential benefits
on the urban drainage due to the compensatory techniques adoption at the lot scale,
with the terrain owner being capable to easily control the smaller design rainfalls.

vi
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 1
2. TÉCNICAS COMPENSATÓRIAS ..................................................................... 4
2.1 Reservatórios de Lote ................................................................................. 12
2.2 Jardins Rebaixados e Jardins de Chuva ..................................................... 31
2.3 Telhados Verdes ......................................................................................... 44
2.4 Pavimentos Permeáveis ............................................................................. 59
3. METODOLOGIA ............................................................................................. 68
3.1 Caracterização dos lotes............................................................................. 68
3.2 Chuvas de projeto ....................................................................................... 72
3.3 Método chuva-vazão ................................................................................... 75
3.4 Cenários de simulação ............................................................................... 76
4. RESULTADOS DOS CENÁRIOS DE TÉCNICAS INDIVIDUAIS ..................... 77
4.1 Cenário 0 – Situação natural....................................................................... 78
4.2 Cenário 1 – Ocupação convencional........................................................... 80
4.3 Cenários 2 – Reservatório de lote ............................................................... 82
4.4 Cenários 3 – Jardim rebaixado ................................................................... 92
4.5 Cenários 4 – Telhado verde ...................................................................... 100
4.6 Cenários 5 – Pavimento permeável .......................................................... 104
4.7 Cenários 6 – Jardim de chuva .................................................................. 110
4.8 Análise das simulações com técnicas individuais...................................... 116
5. RESULTADOS DOS CENÁRIOS DE TÉCNICAS COMBINADAS ................ 123
5.1 Cenários 7 – Telhado verde e jardim rebaixado ........................................ 124
5.2 Cenários 8 – Telhado verde e reservatório de lote .................................... 134
5.3 Cenários 9 – Jardim rebaixado e reservatório de lote ............................... 140
5.4 Cenários 10 – Telhado verde, jardim rebaixado e reservatório de lote ...... 148
5.5 Cenários 11 – Jardim de chuva e pavimento permeável ........................... 151
5.6 Cenários 12 – Jardim rebaixado e pavimento permeável .......................... 155
5.7 Análise das simulações com técnicas combinadas ................................... 158
6. CONCLUSÕES ............................................................................................. 163
7. REFERÊNCIAS ............................................................................................. 170

vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Impactos da urbanização no ciclo hidrológico (VARGAS, 1999)................... 4

Figura 2 – Exemplo de minimização de vazão pluvial destinada à rede pública de


águas pluviais (ASCE, 1992). ....................................................................................... 9

Figura 3 – Reservatório para água de chuva que capta o escoamento de todo o lote
(máximo volume possível), porém sem preocupação com a qualidade da água
armazenada (WATERFALL, 2002). ............................................................................. 17

Figura 4 – Reservatório para água de chuva com gradeamento, caixa de decantação e


cloração para utilização da água para fins não potáveis diretamente do reservatório
(OLIVEIRA et al, 2012). .............................................................................................. 18

Figura 5 – Sistema de armazenamento de água de chuva com dois reservatórios:


caixa d`água para uso para fins não potáveis e reservatório vazio para detenção em
eventos chuvosos (FENDRICH, 2002). ....................................................................... 19

Figura 6 – Esquema de coleta e armazenamento de água de chuva com reservatório


de auto-limpeza (TOMAZ, 2009). ................................................................................ 21

Figura 7 – Exemplo de hidrogramas afluente e efluente de um lote com reservatório


para águas pluviais. .................................................................................................... 22

Figura 8 – Componentes básicos de um reservatório para armazenamento de águas


pluviais (HASTINGS, 2014). ....................................................................................... 24

Figura 9 – Gráfico representativo do método das chuvas para dimensionamento de


estruturas de armazenamento (Baptista et al, 2005) ................................................... 27

Figura 10 – Curva das alturas de precipitação acumuladas em um ano (BAPTISTA et


al, 2005)...................................................................................................................... 28

Figura 11 – Curvas para determinação da altura específica (BAPTISTA et al, 2005). . 28

Figura 12 – Jardim que recebe o escoamento do telhado de uma residência


(WATERFALL, 2002)................................................................................................... 32

Figura 13 – Corte sistemático de um jardim de chuva (GHERTNER, 2009). ............... 32

Figura 14 – Jardim de chuva com estratificação horizontal (FCTH & ABCP, 2013). .... 33

Figura 15 – Exemplo de jardim de chuva com dreno (DIETZ & CLAUSEN, 2005 –
adaptado). .................................................................................................................. 34

Figura 16 – Infiltrabilidade em função da umidade inicial do solo (HILLEL, 1998). ...... 37

Figura 17 – Representação da dependência do tempo para a taxa de infiltração no solo

viii
(HILLEL, 1998). .......................................................................................................... 37

Figura 18 – Representação da influência do tempo e da intensidade da chuva para a


taxa de infiltração em um solo arenoso. Os números próximos às curvas equivalem a
intensidade da chuva e a linha tracejada representa a infiltração em caso de
inundação (HILLEL, 1998). ......................................................................................... 38

Figura 19 – Camadas típicas de um telhado verde (BERNDTSSON, 2010). .............. 44

Figura 20 – Exemplo de telhado verde extensivo, em Hannover-Bothfeld – Alemanha


(MINKE, 2003). ........................................................................................................... 45

Figura 21 – Exemplo de telhado verde intensivo, em Uelzen – Alemanha. ................. 45

Figura 22 – Exemplo de hidrograma gerado de entrada e saída de um telhado verde


(BERNDTSSON, 2010). .............................................................................................. 48

Figura 23 – Perfuração por raízes de superfícies impermeabilizadas com betume e


PVC, respectivamente (MINKE, 2003). ....................................................................... 56

Figura 24 – Pavimentos Permeáveis intertravados com diferentes mecanismos de


infiltração. A esquerda, peças de concreto com aberturas específicas para infiltração
de água; no centro, a infiltração ocorre pelas juntas de assentamento; a direita, peças
de concreto poroso (MARCHIONI & SILVA, 2011). ..................................................... 61

Figura 25 – Percolação através do concreto permeável (MARCHIONI et al, 2011). .... 61

Figura 26 – Seção tipo de um pavimento permeável intertravado (MARCHIONI &


SILVA, 2011). .............................................................................................................. 62

Figura 27 – Tipos de sistemas de infiltração (MARCHIONI & SILVA, 2011). ............... 64

Figura 28 – Lotes, calçadas e estacionamento adjacentes a serem considerados nas


simulações.................................................................................................................. 71

Figura 29 – Hietograma de projeto de duração de 1 hora. .......................................... 73

Figura 30 – Hietograma de projeto de duração de 3 horas. ........................................ 74

Figura 31 – Hietograma de projeto de duração de 6 horas. ........................................ 74

Figura 32 – Hietograma de projeto de duração de 12 horas. ...................................... 75

Figura 33 – Hidrogramas efluentes do lote no Cenário 0 para TR = 10 anos. ............. 78

Figura 34 – Hidrogramas efluentes do lote no Cenário 0 para TR = 25 anos. ............. 79

Figura 35 – Hidrogramas efluentes das áreas públicas no Cenário 0 para TR = 10


anos............................................................................................................................ 79

ix
Figura 36 – Hidrogramas efluentes das áreas públicas no Cenário 0 para TR = 25
anos............................................................................................................................ 80

Figura 37 – Hidrogramas efluentes do lote no Cenário 1 para TR = 10 anos. ............. 81

Figura 38 – Hidrogramas efluentes do lote no Cenário 1 para TR = 25 anos. ............. 81

Figura 39 – Hidrogramas efluentes das áreas públicas no Cenário 1 para TR = 10


anos............................................................................................................................ 82

Figura 40 – Hidrogramas efluentes das áreas públicas no Cenário 1 para TR = 25


anos............................................................................................................................ 82

Figura 41 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 2.1, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos. ................................ 87

Figura 42 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 2.1, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos. ............................ 87

Figura 43 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 2.2, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos. ................................ 88

Figura 44 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 2.2, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos. ............................ 89

Figura 45 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 2.3, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos. ................................ 90

Figura 46 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 2.3, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos. ............................ 90

Figura 47 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 2.4, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos. ................................ 91

Figura 48 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 2.4, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos. ............................ 92

Figura 49 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 3.3, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos. ................................ 97

Figura 50 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 3.3, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos. ............................ 98

Figura 51 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 3.4, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos. ................................ 99

Figura 52 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 3.4, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos. ............................ 99

x
Figura 53 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o
Cenário 4.1, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos. .............................. 101

Figura 54 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 4.2, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos. .............................. 102

Figura 55 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 4.3, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos. .............................. 103

Figura 56 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 4.4, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos. .............................. 104

Figura 57 – Hidrogramas efluentes da área de drenagem para cenários de referência e


para o Cenário 5.1, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos. ................... 107

Figura 58 – Hidrogramas efluentes da área de drenagem para cenários de referência e


para o Cenário 5.1, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos. ............... 108

Figura 59 – Hidrogramas efluentes da área de drenagem para cenários de referência e


para o Cenário 5.2, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos. ................... 109

Figura 60 – Hidrogramas efluentes da área de drenagem para cenários de referência e


para o Cenário 5.2, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos. ............... 109

Figura 61 – Configuração dos jardins de chuva da calçada e do estacionamento. .... 111

Figura 62 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 6.3, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos. .............................. 115

Figura 63 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 6.3, para a chuva de projeto de 3 horas e TR = 10 anos. ............................ 115

Figura 64 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 6.3, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 25 anos. .............................. 116

Figura 65 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 6.3, para a chuva de projeto de 3 horas e TR = 25 anos. ............................ 116

Figura 66 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 7.1, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos. .............................. 128

Figura 67 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 7.1, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 25 anos. .............................. 128

Figura 68 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 7.1, para a chuva de projeto de 3 horas e TR = 25 anos. ............................ 129

Figura 69 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o

xi
Cenário 7.2, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos. .............................. 130

Figura 70 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 7.2, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 25 anos. .............................. 130

Figura 71 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 7.2, para a chuva de projeto de 3 horas e TR = 10 anos. ............................ 131

Figura 72 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 7.2, para a chuva de projeto de 3 horas e TR = 25 anos. ............................ 131

Figura 73 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 7.2, para a chuva de projeto de 6 horas e TR = 10 anos. ............................ 132

Figura 74 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 7.2, para a chuva de projeto de 6 horas e TR = 25 anos. ............................ 132

Figura 75 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 7.2, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 10 anos. .......................... 133

Figura 76 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 7.2, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos. .......................... 133

Figura 77 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 8.1, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos. .............................. 136

Figura 78 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 8.1, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos. .......................... 137

Figura 79 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 8.2, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos. .............................. 138

Figura 80 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 8.2, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos. .......................... 138

Figura 81 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 8.3, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos. .............................. 139

Figura 82 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 8.3, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos. .......................... 140

Figura 83 – Configuração proposta para o Cenário 9.1 ............................................. 141

Figura 84 – Configuração proposta para o Cenário 9.2. ............................................ 141

Figura 85 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 9.1, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos. .............................. 143

xii
Figura 86 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o
Cenário 9.1, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos. .......................... 144

Figura 87 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 9.2, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos. .............................. 145

Figura 88 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 9.2, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos. .......................... 146

Figura 89 – Gráfico de correlação entre a intensidade da chuva e a diferença de tempo


entre o extravasamento do jardim rebaixado no Cenário 9.2 e o pico da chuva (Tej –
Tp). ........................................................................................................................... 147

Figura 90 – Configuração proposta para o Cenário 10.1. .......................................... 148

Figura 91 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 10.1, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos. ............................ 150

Figura 92 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o


Cenário 10.1, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos. ........................ 151

Figura 93 – Configuração proposta para o Cenário 11.1. .......................................... 152

Figura 94 – Hidrogramas efluentes da área drenada para cenários de referência e para


o Cenário 11.1, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos. ......................... 154

Figura 95 – Hidrogramas efluentes da área drenada para cenários de referência e para


o Cenário 11.1, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos. ...................... 154

Figura 96 – Configuração proposta para o Cenário 12.1. .......................................... 155

Figura 97 – Hidrogramas efluentes da área drenada para cenários de referência e para


o Cenário 12.1, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos. ......................... 157

Figura 98 – Hidrogramas efluentes da área drenada para cenários de referência e para


o Cenário 12.1, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos. ..................... 158

xiii
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Estrutura organizacional das técnicas compensatórias existentes


(BAPTISTA et al, 2005). ................................................................................................ 7

Tabela 2 - Parâmetros de qualidade de água de chuva para usos restritivos não


potáveis. ..................................................................................................................... 20

Tabela 3 – Características de diferentes métodos de dimensionamento de estruturas


de armazenamento (Baptista et al, 2005) ................................................................... 26

Tabela 4 - Frequência de manutenção. ....................................................................... 29

Tabela 5 – Resumo das características dos reservatórios de lote. .............................. 30

Tabela 6 – Ordem de grandeza da condutividade hidráulica em diferentes solos (MUSY


& SOUTTER, 1991 apud BAPTISTA et al, 2005). ....................................................... 39

Tabela 7 – Valores típicos de coeficiente de permeabilidade (PINTO, 2002 apud


MARCHIONI & SILVA, 2011)....................................................................................... 39

Tabela 8 – Resumo das características dos jardins rebaixados. ................................. 42

Tabela 9 – Resumo das características dos jardins de chuva. .................................... 43

Tabela 10 – Vantagens e desvantagens de coberturas verdes intensivas e extensivas


(JOHNSTON & NEWTON, 2004). ............................................................................... 46

Tabela 11 – Valores de referência para retenção de águas pluviais de acordo com as


características da cobertura verde (FLL, 2002). .......................................................... 49

Tabela 12 – Comparação das temperaturas internas do ar e da amplitude térmica para


diferentes sistemas de cobertura (VECCHIA, 2005). .................................................. 52

Tabela 13 – Resumo das características dos telhados verdes. ................................... 58

Tabela 14 – Granulometria recomendada para camadas de assentamento e material


de rejunte para pavimentos permeáveis (MARCHIONI & SILVA, 2011). ...................... 63

Tabela 15 – Granulometria recomendada para camadas de sub-base e base de


pavimentos permeáveis (MARCHIONI & SILVA, 2011). .............................................. 63

Tabela 16 – Resumo das características dos pavimentos permeáveis. ....................... 67

Tabela 17 – Dimensões mínimas para um lote de 6ª categoria e logradouros


conectados à sua testada. .......................................................................................... 69

Tabela 18 – Dimensões de cada lote ou unidade de calçada e estacionamento. ........ 72

Tabela 19 – Coeficiente da curva IDF de Campo Grande. .......................................... 73

xiv
Tabela 20 – Coeficientes de escoamento superficial (C) do Método Racional. ........... 75

Tabela 21 – Cenários de técnicas individuais simulados para a escala de lote. .......... 77

Tabela 22 – Resultados dos cenários de número 2. .................................................... 85

Tabela 23 – Resultados dos cenários de número 3 para a taxa de infiltração de 10-7


m/s.............................................................................................................................. 94

Tabela 24 – Resultados dos cenários de número 3 para a taxa de infiltração de 10-6


m/s.............................................................................................................................. 95

Tabela 25 – Resultados dos cenários de número 5. .................................................. 106

Tabela 26 – Resultados dos cenários de número 6. .................................................. 112

Tabela 27 – Eficiência das técnicas compensatórias individuais em termos de picos de


vazão efluente. ......................................................................................................... 118

Tabela 28 – Aspectos positivos e negativos dos cenários de técnicas individuais. .... 119

Tabela 29 – Possibilidades de combinações de técnicas individuais para compor os


cenários de simulação de técnicas combinadas. ...................................................... 120

Tabela 30 – Cenários de técnicas combinadas simulados para a escala de lote....... 124

Tabela 31 – Resultados dos cenários de número 7. .................................................. 126

Tabela 32 – Resultados dos cenários de número 8. .................................................. 135

Tabela 33 – Resultados dos cenários de número 9. .................................................. 142

Tabela 34 – Relação entre tempo de extravasamento do jardim rebaixado no Cenário


9.2, intensidade da chuva neste momento e tempo de pico da chuva de projeto. ..... 147

Tabela 35 – Resultados do Cenário 10.1. ................................................................. 149

Tabela 36 – Resultados do Cenário 11.1. .................................................................. 153

Tabela 37 – Resultados do Cenário 12.1. ................................................................. 156

Tabela 38 – Eficiência das técnicas compensatórias combinadas em termos de picos


de vazão efluente. .................................................................................................... 159

Tabela 39 – Aspectos positivos e negativos dos cenários de técnicas combinadas. . 160

xv
1. INTRODUÇÃO
O processo de mudança da sociedade devido à industrialização nas últimas
décadas resultou na aglomeração da maioria da população em áreas urbanas (DIETZ
& CLAUSEN, 2007). As cidades assim constituídas, por sua vez, cresceram de forma
não planejada e as consequências de tal fato são notórias. Cidades com infraestrutura
insuficiente, ocupações informais em áreas de risco, aumento da ocorrência de
inundações e deslizamentos e da exposição da população a estes eventos, entre
outros fenômenos, são consequências diretas do aumento desordenado da
densificação urbana.
Este fenômeno implica ainda numa maior concentração das construções e
consequente diminuição das áreas permeáveis. Em termos hidrológicos, isto acarreta
em um aumento do volume que escoa superficialmente, além da diminuição dos
tempos de concentração das bacias urbanas, devido ao aumento da velocidade de
escoamento resultante da nova cobertura do solo. Isto aumenta significativamente as
vazões de pico dos hidrogramas de cheias em áreas urbanas, aumentando a
frequência de inundações (DUARTE et al, 2003). Com a ocupação descontrolada das
cidades, comumente são povoadas as planícies de inundação dos rios, o que limita
ainda mais o espaço de espraiamento das cheias e agrava as consequências do
adensamento populacional tanto para o meio ambiente, quanto para as próprias
populações que sofrem com o constante risco de enchentes.
A concentração de áreas construídas, em substituição da cobertura vegetal
original, também acarreta na formação de ilhas de calor, com o aumento das
temperaturas e a diminuição da umidade do ar (BERNDTSSON, 2010), as quais
favorecem a formação de chuvas convectivas de alta intensidade. Berndtsson (2010)
aponta ainda que, em algumas áreas, o aquecimento global pode causar o aumento
da frequência de eventos de precipitação intensa. Tais precipitações são responsáveis
por grande parte das cheias urbanas, em bacias hidrográficas onde o tempo de
concentração é baixo.
Desta forma, assim como o problema de cheias é agravado por intervenções
nas características originais do ambiente, resultantes de ações distribuídas ao longo
da bacia hidrográfica, as soluções devem ser pensadas nesta mesma escala. Neste
sentido, surge o conceito de técnicas compensatórias em drenagem urbana, as quais
têm por objetivo controlar as vazões geradas em uma bacia hidrográfica de forma
distribuída, na origem dos escoamentos, tratando a bacia como um sistema complexo
e não apenas com foco em seus canais de drenagem (MASCARENHAS et al, 2005).

1
Assim, a recuperação e a preservação de áreas vegetadas passam a ser
estratégias essenciais para a solução da drenagem em áreas urbanas. Da mesma
forma, percebe-se uma preocupação cada vez maior no meio acadêmico em tratar o
problema próximo à fonte geradora dos escoamentos, de modo a reduzir e retardar os
picos de cheia e também a permitir a recarga do lençol freático. Este conceito visa
restaurar as condições de escoamento o mais próximo possível do existente pré
urbanização (AHIABLAME et al, 2012).
É neste contexto que as técnicas compensatórias ganham espaço no ambiente
urbano, podendo compô-lo harmoniosamente e com equipamentos multifuncionais,
como no caso, por exemplo, de parques lineares que podem servir de áreas de lazer
em tempo seco. Outras tecnologias que podem ser utilizadas de forma distribuída ao
longo da bacia hidrográfica, com base nessa mesma ideia, são os pavimentos
permeáveis, os reservatórios de detenção em lote, os telhados verdes, as trincheiras
de infiltração, os reservatórios de acumulação temporários, os jardins e as ruas
arborizadas, entre outras. Tais técnicas podem ser consideradas soluções urbanísticas
ambientalmente mais adequadas para o manejo das águas pluviais em áreas
urbanizadas, que visam à redução do impacto do aumento da impermeabilização
sobre os hidrogramas de cheias (ROY et al, 2008).
As técnicas compensatórias em drenagem urbana já são amplamente
aplicadas em diversos países. No entanto, no Brasil, seus conceitos, metodologias de
implantação e operação e benefícios ainda são pouco conhecidos e difundidos,
especialmente no meio técnico. Também não existem políticas públicas
universalizadas de incentivo à sua adoção. Com foco na difusão das técnicas
compensatórias com vistas a aumentar o seu uso no Brasil, este trabalho compõe o
projeto Manejo de Águas Pluviais Urbanas, financiado pela Finep (CHAMADA
PÚBLICA MCT/MCIDADES/FINEP/Ação Transversal SANEAMENTO AMBIENTAL E
HABITAÇÃO - 7/2009), que é um projeto de pesquisa de abrangência nacional
realizado por 16 universidades simultaneamente. Um de seus objetivos finais é
compor um manual nacional de técnicas compensatórias em drenagem urbana com
base na compilação dos trabalhos de cada instituição participante do projeto,
procurando destacar critérios de projeto, procedimentos construtivos e de
manutenção.
Este estudo tem como objetivo geral apresentar o estado da arte de algumas
técnicas compensatórias em drenagem urbana contendo os processos e critérios de
dimensionamento, construção, operação, manutenção e os benefícios obtidos com
sua aplicação. As técnicas estudadas são: telhados verdes, reservatórios de lote,
jardins rebaixados, pavimentos permeáveis e jardins de chuva. Com base nos

2
resultados deste estudo é possível balizar propostas de políticas públicas relacionadas
às águas urbanas para diferentes contextos.
Para tanto, os objetivos específicos deste trabalho são:
 Determinar, com base em modelagem matemática, critérios para
dimensionamento de reservatórios de lote, telhados verdes, jardins
rebaixados, pavimentos permeáveis e jardins de chuva, individualmente,
para redução de picos do hidrograma de cheia na escala de lote;
 Propor, através de modelagem computacional, combinações otimizadas de
técnicas compensatórias individuais na escala de lote;
 Simular a aplicação das técnicas compensatórias estudadas na escala de
lote para diferentes chuvas de projeto, que variam tanto em intensidade
quanto em duração, abrangendo, assim, uma ampla gama de
possibilidades de aplicação; e
 Possibilitar, com base na abrangência das simulações, o balizamento de
parâmetros para a aplicação de técnicas compensatórias em situações
específicas.

3
2. TÉCNICAS COMPENSATÓRIAS
O desenvolvimento urbano causa o aumento da impermeabilização, que resulta
em aumento do volume de escoamento superficial, carreamento de poluentes das
áreas urbanas e diminuição dos tempos de concentração, o que ocasiona um aumento
dos picos dos hidrogramas e diminuição do tempo de sua ocorrência a partir do início
da chuva, além da piora da qualidade da água que chega aos corpos hídricos. Tais
fatos, aliados à ocupação dos leitos maiores dos rios, resultam em maior frequência de
ocorrência de inundações e aumento da vulnerabilidade da população a estas. A outra
vertente do aumento da ocupação urbana é a maior demanda por água, o que diminui
a sua disponibilidade e aumenta o volume de efluentes gerados. Tudo isto impacta
diretamente no volume e na qualidade da água dos corpos hídricos e,
consequentemente, na biodiversidade dos ecossistemas aquáticos. Esta rede de
impactos se fecha, pois a escassez de água limita as oportunidades do
desenvolvimento urbano. Vargas (1999) organizou um fluxograma bastante explicativo
a respeito dos impactos da urbanização no ciclo hidrológico, o qual é apresentado na
Figura 1.

Figura 1 – Impactos da urbanização no ciclo hidrológico (VARGAS, 1999).

Com esta problemática em foco, uma nova abordagem para tratar a questão da

4
drenagem urbana faz-se necessária, considerando os princípios do desenvolvimento
sustentável e questionando aspectos puramente técnicos, assim como as estruturas
jurídicas, organizacionais e de financiamento atualmente adotadas. Assim, a partir da
década de 1970, em especial na Europa e na América do Norte, foi desenvolvido o
conceito de “tecnologias alternativas” ou “compensatórias” de drenagem, que busca
neutralizar os efeitos da urbanização sobre os processos hidrológicos, beneficiando a
população em termos de qualidade de vida, preservação ambiental e segurança.
Durante a maior parte do século XX, nos Estados Unidos, quando havia algum
tipo de regulamentação relacionada às águas pluviais, estas tratavam apenas do
controle de volumes a jusante, para evitar inundações. Não havia a preocupação com
a degradação dos ecossistemas (ROY et al, 2008). Mas, em 1972 foi criado o Clean
Water Act (CWA), o qual previa regulamentação para os problemas existentes de
qualidade da água, como o controle das descargas pontuais de efluentes e a
adequação da qualidade dos corpos d’água de acordo com os seus usos previstos.
Com o CWA, a maioria das permissões, aplicações e monitoramento relacionados aos
recursos hídricos passaram a ser responsabilidade do governo estadual, em vez do
federal. No entanto, as ações promovidas pelo CWA, até então, não tratavam
diretamente da regulamentação das águas pluviais. Em 1987, a United States
Environmental Protection Agency (US EPA) criou o programa de águas pluviais do
National Pollution Discharge Elimination System (NPDES). Em sua primeira fase, este
programa obrigou as cidades com mais de 100.000 habitantes a separar os sistemas
de drenagem de águas pluviais e de esgotamento sanitário e tornou obrigatória a
permissão para descarte das águas pluviais nos corpos hídricos. Em 1999, o
programa estendeu sua ação sobre os municípios menores e tornou obrigatória a
adoção de medidas de manejo de águas pluviais por quem tivesse permissão de
descarte. Paralelamente ao CWA, pesquisadores começavam a dar valor ao controle
dos escoamentos oriundos das chuvas próximo a sua fonte, o que foi o início do Low
Impact Development (LID) nos Estados Unidos. Estas práticas foram aplicadas em
algumas cidades, mas a preferência ainda era por reservatórios para minimização da
ocorrência de inundações e retenção de poluentes por sedimentação (ROY et al,
2008).
Na Austrália, o reconhecimento da problemática das águas pluviais aconteceu
na década de 1960, quando começou-se a tratar do manejo das águas pluviais de
forma integrada com áreas verdes destinadas à recreação. Nos anos 1990, a
interação entre pesquisadores e o governo resultou em um aumento significativo das
pesquisas relacionadas ao tema e no aumento da prática do Water Sensitive Urban
Design (WSUD). O cenário de grandes secas na Austrália fez com que a sua

5
percepção com relação às águas pluviais mudassem, valorizando ainda mais o seu
manejo adequado e a preservação dos ecossistemas (ROY et al, 2008).
No Brasil ainda não há base regulamentar específica direcionada ao emprego
de técnicas compensatórias. Porém o assunto não é totalmente ignorado pelo poder
público. O Ministério das Cidades exige, para os projetos relacionados à drenagem
urbana apoiados pela União, que sejam atendidos os Princípios de Manejo
Sustentável das Águas Pluviais Urbanas. Tais princípios têm como fundamento o
conceito de desenvolvimento urbano de baixo impacto (MINISTÉRIO DAS CIDADES,
2012). Há também legislações nas esferas federal, estadual e municipal que podem
conduzir ao uso de técnicas compensatórias, considerando os objetivos de controle de
escoamento, redução da poluição difusa e de seu impacto sobre os meios receptores.
Uma dessas leis é a Lei Federal n° 10.257 de 2001, que apresenta o Estatuto da
Cidade e contém instrumentos de política urbana com potencial para serem usados
como controle dos impactos da urbanização sobre o ciclo hidrológico e os recursos
hídricos, como os planos de ordenação territorial, a possibilidade de instituição de
unidades de conservação ou o direito de preempção. Há também a Lei Federal n°
11.445 de 2007, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico, a qual
abre novas perspectivas institucionais para a concepção e gestão de águas pluviais.
Existem ainda leis municipais específicas que obrigam a adoção de reservatórios de
detenção de águas pluviais em determinados empreendimentos.
A integração da problemática da drenagem pluvial ao planejamento urbano é
essencial para o bom funcionamento da drenagem e para o sucesso da adoção das
técnicas compensatórias. Segundo Baptista et al (2005) todos os exemplos bem
sucedidos de implantação de técnicas compensatórias tem em comum que a questão
das águas pluviais foi considerada simultaneamente ao desenvolvimento do projeto de
urbanização. Isto também faz com que a adoção de tais medidas seja encarada como
uma oportunidade de valorização do espaço, já considerando na fase de projeto as
possíveis restrições associadas.
As tecnologias alternativas em questão se diferem das soluções clássicas para
a drenagem urbana por considerar os impactos da urbanização de forma global,
tomando a bacia hidrográfica como base de estudo, buscando compensar os efeitos
da urbanização, através de medidas distribuídas na bacia, as quais podem ser
estruturais ou não e devem ser abordadas de forma integrada e avaliadas nas escalas
de lote individual, de microdrenagem e de macrodrenagem. Esta compensação é
realizada através do controle da produção de excedentes de água decorrentes da
impermeabilização e evitando-se a sua rápida transferência para jusante. Estes
resultados podem ser obtidos através de técnicas que facilitem a infiltração de águas

6
pluviais e o aumento do tempo de trânsito, com armazenamento temporário, visando o
rearranjo temporal das vazões, diminuindo eventualmente o volume escoado
superficialmente, reduzindo a probabilidade de inundações e possibilitando a melhoria
da qualidade das águas pluviais. Baptista et al (2005) organiza as técnicas
compensatórias conforme mostrado na Tabela 1.

Tabela 1 – Estrutura organizacional das técnicas compensatórias existentes (BAPTISTA


et al, 2005).

Legislação
Técnicas
Racionalização do uso do solo urbano
compensatórias não
Educação Ambiental
estruturais
Tratamento de fundo de vale

Detenção e retenção
Bacias Infiltração
Detenção/ Retenção e Infiltração

Trincheiras
Técnicas
Valas e valetas
compensatórias Obras lineares
Revestimentos permeáveis
estruturais Pavimentos
Pavimentos reservatório

Poços de infiltração
Obras pontuais Telhados
Técnicas adaptadas à parcela

As tecnologias alternativas vêm sendo tratadas através de diferentes


abordagens mais abrangentes recentemente, que, no entanto, são perfeitamente
compatíveis com os conceitos apresentados neste estudo e entre si, e incorporam as
técnicas compensatórias. Os principais conceitos são: Sustainable Urban Drainage
Systems (SUDS), no Reino Unido; Water Sensitive Urban Design (WSUD), na
Austrália; e Low Impact Development (LID), na América do Norte. Assim, neste
trabalho, também foram utilizadas referências sobre estes três conceitos, no que tange
às técnicas compensatórias em drenagem urbana. Pode-se dizer que as chamadas
técnicas compensatórias estão presentes em todos estes conceitos, eventualmente

7
combinadas de forma diferente.
Em 2008, Pitt e Clark listaram estratégias já adotadas em diferentes partes do
mundo relacionadas ao manejo integrado das águas pluviais:
1. Na Suíça e na Alemanha a legislação proíbe a entrada de água oriunda
dos escoamentos de telhados e áreas permeáveis no sistema
combinado de drenagem urbana. Isto resultou em melhoria para a rede
de drenagem e na promoção da infiltração nas áreas de montante;
2. Em Tóquio, no Japão, foi instalado um sistema que infiltra e trata as
águas pluviais de áreas densamente povoadas. Além disso, é muito
comum, em grandes empreendimentos, o uso de águas pluviais para
descargas de vasos sanitários;
3. Nos Estados Unidos, a aplicação de LID e “better site design”
favorecem o manejo das águas pluviais, com foco principalmente em
infiltração e redução de áreas impermeáveis. Em Los Angeles, há um
hospital que utiliza água de chuva para reserva de incêndio;
4. Na Nova Zelândia, o escoamento pluvial de telhados é utilizado para
descargas de vasos sanitários e irrigação. Em áreas rurais, esta supre
todas as necessidades de água da edificação;
5. Na área rural do Texas, Estados Unidos, também é comum o uso da
água captada do telhado para suprir toda a demanda de água.
Um dos principais conceitos relacionados às técnicas de manejo integrado de
águas pluviais se baseia na ideia de minimizar as fontes de água diretamente ligadas
ao sistema de drenagem público. A Figura 2 apresenta dois sistemas de captação de
águas pluviais em um lote e sua condução para jusante. No exemplo da parte de cima
da figura, toda a água de chuva que cai sobre o lote é conduzida por calhas e
tubulações para as galerias públicas de águas pluviais. Na parte de baixo, são
mostradas algumas possibilidades simples de minimização da vazão que chega às
galerias, através de infiltração no próprio terreno e em valas drenantes ao lado das
calçadas. Este exemplo não requer grandes intervenções no lote e tem potencial para
minimizar parte dos efeitos negativos da urbanização para o escoamento pluvial.

8
Figura 2 – Exemplo de minimização de vazão pluvial destinada à rede pública de águas
pluviais (ASCE, 1992).

O manejo de águas pluviais pode ser realizado na fonte (escala de lote), nas
vias de circulação (ainda antes da captação pela microdrenagem) ou após a captação.
As técnicas compensatórias valorizam e incentivam o manejo das águas pluviais e da
poluição oriunda de seu escoamento superficial próximo as suas fontes, protegendo,
assim, os recursos hídricos deste impacto e distribuindo a responsabilidade pelo
manejo das águas pluviais. A infiltração no terreno colabora com a recarga dos
aquíferos, diminui a salinidade da água subterrânea, melhora a qualidade da água que
chega aos corpos hídricos superficiais e diminui as vazões escoadas superficialmente,
com consequente diminuição das dimensões necessárias para as galerias de águas
pluviais. O princípio básico das técnicas compensatórias é realizar a ocupação de uma
nova área mantendo as características hidrológicas o mais próximo possível do
existente antes da urbanização. Este conceito está totalmente alinhado com o de Low
Impact Development (LID), o qual propõe a preservação do ciclo hidrológico natural,
através da redução do escoamento superficial adicional gerado pelas alterações de
uso do solo urbano (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2012). Neste sentido, Ahiablame et
al (2012) apresenta os princípios do LID:
 Estratégias integradas de gestão de águas pluviais na fase de

9
planejamento da ocupação;
 Manejo das águas pluviais o mais próximo possível de sua fonte geradora
através de práticas de pequena escala;
 Promover projetos sensíveis ao meio ambiente;
 Criar uma paisagem hidrológica multifuncional, através da promoção das
características naturais da água e de suas funções hidrológicas;
 Foco na prevenção e não na remediação;
 Redução de custos na construção e manutenção da infraestrutura de
drenagem pluvial;
 Incentivar a comunidade a proteger o meio ambiente através da educação e
da participação.
Com base nesses princípios e nas práticas em si, o LID objetiva reduzir os
volumes e picos de escoamento superficial, aumentar a infiltração no solo, recarregar
o lençol freático, proteger os corpos d'água e a melhorar a qualidade da água, através
da remoção dos poluentes (AHIABLAME et al, 2012).
O avanço da urbanização aumenta a área impermeável do solo e,
consequentemente, a quantidade de água escoada superficialmente. Esta água
carrega os contaminantes presentes na superfície para os corpos d'água, sendo a
principal causa de sua degradação em locais onde há sistema de esgotamento
sanitário (DIETZ & CLAUSEN, 2007). Onde não há urbanização formal, o esgoto e o
lixo lançados diretamente na rede de drenagem se apresentam como principais
contaminantes. Segundo Ellis e Hvited-Jaconsen (1996 apud BAPTISTA et al, 2005) a
carga de poluição das águas pluviais mostra-se equivalente e, eventualmente, até
mesmo superior às cargas poluentes dos esgotos sanitários. Dietz e Clausen (2007)
realizaram um estudo durante a implantação de dois loteamentos residenciais
localizados na mesma região: um de 2 ha com técnicas tradicionais de drenagem e
outro de 1,7 ha que utilizou o conceito de LID em seu projeto. O percentual de áreas
impermeáveis para cada um dos loteamentos foi de 32% e 21%, respectivamente.
Foram realizadas medições semanais de vazão e qualidade da água efluente dos
loteamentos durante todo o período de construção, iniciando o monitoramento um ano
antes e parando um ano depois do término das obras. Como resultado, foi observado
um aumento de mais de duas ordens de grandeza nas vazões efluentes do loteamento
com drenagem tradicional. Em contrapartida, a área que utilizou técnicas de
desenvolvimento de baixo impacto não apresentou aumento na vazão efluente após a
ocupação. A qualidade da água efluente foi tão pior quanto maior o volume escoado,
indicando correlação entre volume de escoamento superficial e carreamento de
poluentes. O loteamento construído com drenagem tradicional apresentou níveis de

10
poluentes semelhantes aos efluentes de uma bacia hidrográfica urbanizada, enquanto
que a água efluente do loteamento com desenvolvimento de baixo impacto apresentou
concentrações de nitrogênio e fósforo semelhantes aos de uma bacia florestada.
Segundo Dietz (2007), técnicas como biorretenção, pavimentos permeáveis e
telhados verdes são extremamente eficientes na retenção e infiltração de volumes de
águas pluviais e de poluentes. Telhados verdes seriam capazes de reter em média
63% do volume precipitado. No entanto, apesar de estas técnicas reterem uma grande
quantidade de poluentes, é observada, para todas elas, a liberação de fósforo mesmo
após a percolação. Isto se deve, possivelmente, às grandes concentrações de fósforo
no solo, de origem natural ou devido ao uso de fertilizantes.
Há muitas demonstrações das práticas de desenvolvimento de baixo impacto;
no entanto, são poucos os casos em que estas foram aplicadas na escala da bacia.
Isto se deve às dificuldades ainda enfrentadas para a execução e operação dessas
práticas. Segundo Roy et al (2008), nos Estados Unidos e na Austrália, são sete os
principais impedimentos para a ampla expansão e uso dessas técnicas:
 Incertezas a respeito da performance, devido à falta de estudos dos
benefícios reais em escala de bacia hidrográfica, e dos custos;
 Padrões e referências de engenharia ainda insuficientes, devido à ausência
de estudos para condições específicas de diversas regiões;
 Responsabilidade fragmentada pela bacia hidrográfica;
 Falta de capacitação institucional;
 Falta de leis que obriguem a adoção de tais práticas;
 Falta de financiamento e incentivos de mercado; e
 Resistência à mudança, por parte tanto da sociedade, quanto da área
técnica.
Em estudo realizado por Hood et al (2007), foram comparados três bairros: dois
com técnicas tradicionais de drenagem e o terceiro utilizando o conceito LID. Nos
bairros com drenagem tradicional, foram implantadas ruas pavimentadas e a
drenagem dos lotes foi direcionada diretamente para a sarjeta e rede de águas
pluviais. Já o terceiro bairro, contava com pavimentos permeáveis nas áreas
pavimentadas, sistemas de biorretenção em cada um dos lotes e um grande sistema
na rotatória do final do bairro, que atendeu às áreas comuns e valas drenantes ao
longo de todas as vias de circulação, em lugar de sarjetas. Foram analisados dados de
104 eventos de precipitação selecionados entre maio de 2002 e dezembro de 2004.
Os resultados foram apresentados por item de comparação hidrológica, como tempo
de concentração, vazão de pico e volume de escoamento superficial. A vazão de pico

11
foi significativamente maior para os bairros com drenagem tradicional, tendo sido
registradas médias de 11 e 4,9 vezes a vazão de pico do bairro com técnicas de
desenvolvimento de baixo impacto. O volume de escoamento superficial também foi
maior 8,5 e 6 vezes nos bairros com drenagem tradicional do que no bairro com
técnicas de LID. O coeficiente de escoamento superficial da bacia com técnicas
compensatórias de drenagem foi 3,6 e 2,9 vezes menor do que das bacias com
drenagem tradicional. O volume de infiltração inicial médio da precipitação foi também
maior na bacia com técnicas de LID, de modo que em 19% dos eventos estudados,
esta bacia não chegou a produzir escoamento superficial, enquanto as outras
produziram. Os tempos de concentração foram muito maiores na bacia com técnicas
alternativas de drenagem para os eventos de precipitação de curta duração (menor de
4 horas) e de baixo volume precipitado (menor que 25,4 mm). No entanto, para
precipitações de maior duração e volume precipitado, esta diferença foi menor.

2.1 Reservatórios de Lote


Reservatórios de lote são “pequenos” reservatórios que agem em escala local
(no próprio lote onde são geradas as vazões), distribuindo, assim, as ações de
minimização dos impactos das cheias. O grifo na palavra pequenos é proposital, pois
estes reservatórios são, de fato, muito pequenos na escala da bacia, mas dependendo
dos critérios de projeto, podem assumir grandes proporções em relação às dimensões
do lote. Estes reservatórios podem ser implantados sobre os telhados, ou no nível do
chão, para captação das águas dos telhados, ou ainda enterrados, antes da saída da
água do lote, podendo captar os escoamentos gerados por toda a superfície do lote.
Os reservatórios sobre o telhado requerem reforço estrutural para suportar as novas
cargas exigidas pelo peso da água. Além disso, estes são capazes apenas de captar o
que precipita sobre a cobertura, diminuindo, assim, a sua área de influência. Para
captar outras áreas do terreno com um reservatório na cobertura, haveria necessidade
de um sistema auxiliar de captação e bombeamento, ou a topografia do terreno e a
localização da edificação neste devem ser muito favoráveis, de modo a possibilitar o
escoamento por gravidade da água para o reservatório. Os reservatórios em nível do
solo podem com facilidade captar a água dos telhados, sem necessidade de qualquer
reforço estrutural, e sob condições favoráveis de topografia, poderiam eventualmente
também captar águas do restante do terreno. Por outro lado, os reservatórios
enterrados no solo podem captar a água de todo o perímetro do terreno, aumentando,
assim, a sua área de influência. Estes reservatórios também podem ser usados para
abastecimento de água não potável para a edificação, aumentando, assim, o valor

12
agregado da estrutura e diminuindo a demanda por água potável do sistema de
abastecimento público.
Considerando o armazenamento de águas pluviais com fins conjuntos de
abastecimento público, irrigação e controle de enchentes, Hoyt (1942 apud
FENDRICH, 2002) relata casos conhecidos de antes do nascimento de Cristo.
Medidas de controle de enchentes foram utilizadas na antiga Babilônia, na bacia
hidrográfica do Rio Eufrates, através desvio das águas excedentes com o enchimento
das depressões no deserto Árabe. Medidas semelhantes foram utilizadas na bacia
hidrográfica do Rio Nilo, porém, neste caso, as águas desviadas retornavam ao leito
do rio, após o período das enchentes.
Da mesma forma que o controle de enchentes, o aproveitamento da água de
chuva é feito desde a antiguidade. Há inscrições no Oriente Médio datadas de 850
a.C. que já recomendavam uma cisterna para cada casa. A Fortaleza de Masada, em
Israel, tem cisternas escavadas em rocha com capacidade de 40 milhões de litros. A
Fortaleza dos Templários, em Portugal, era abastecida com água de chuva já em 1160
d.C. Na Península de Iucatã, no México, há cisternas de antes da chegada de
Cristóvão Colombo à América (TOMAZ, 1999).
No Século XV, na Alemanha, França e Rússia, o armazenamento das águas
pluviais, foi desenvolvido e empregado, em conjunto, com as melhorias realizadas nos
canais dos rios. Bacias de detenção das águas pluviais, com abertura fixa, foram
usadas no Rio Loire por volta do ano de 1711 para proteção contra enchentes na
cidade de Roanne, na França. Em Ohio, nos Estados Unidos, a experiência com a
enchente de março de 1913, no Rio Miami, conduziu a construção de vários
reservatórios do tipo bacias de detenção, destinados apenas para a proteção contra as
enchentes (FENDRICH, 2002). Tsuchiya (1981 apud Cruz, 1998) descreveu que a
mais de 35 anos a construção de reservatórios de detenção é obrigatória no Japão,
devido ao crescente aumento das cheias como consequência da urbanização. Neste
caso, cerca de 62% dos reservatórios são residenciais, representando a ordem de 1 a
2% da superfície de controle.
Tomaz (1999) aponta que na Califórnia, na Alemanha e no Japão são
oferecidos financiamentos para a construção de captação e aproveitamento de água
de chuva. Em Hamburgo, eram oferecidos à época valores entre US$ 1.550,00 e US$
2.000,00 para quem aproveitar a água de chuva e colaborar com a redução de riscos
de enchentes através de reservatórios de lote.
Considerando-se este histórico de utilização de longo prazo e consolidado, um
reservatório de lote se justifica pelos seguintes motivos (DUARTE, 2003 - adaptado):
 Os reservatórios de lote recuperam o armazenamento natural do terreno,

13
perdido com a ocupação;
 O impacto da urbanização não é transferido para jusante nas precipitações
de baixa intensidade;
 Descentralização da responsabilidade pelo controle dos efeitos adversos da
urbanização, acionando o indivíduo que se beneficia da edificação a agir
em prol da minimização dos danos causados; e
 Os controles de volume e qualidade da água são feitos na fonte, diminuindo
os investimentos públicos necessários com grandes sistemas de transporte
e tratamento de água pluvial.
Quando do planejamento da implantação de um reservatório de lote, deve-se
atentar para a sua localização na escala da bacia hidrográfica, pois, se estes se
situam na parte média da bacia, suas vazões quando liberadas podem coincidir com
os picos naturais das áreas mais a montante, potencialmente aumentando, assim, as
vazões de pico a jusante. Neste mesmo sentido, as áreas que apresentariam melhores
resultados em termos de implantação de reservatórios de lotes são, provavelmente, as
áreas de montante das bacias. No entanto, os proprietários que vivem nestas áreas,
não costumam sofrer com enchentes, não estando, assim, tão sensíveis ao problema.
Os agentes mais sensíveis à situação são os ocupantes das áreas mais baixas das
bacias hidrográficas, os quais não se encontram em uma posição estratégica para
poder colaborar com a redução dos picos de vazões através da implantação de
reservatórios de lote ou outras técnicas compensatórias que apresentem tal resultado
e, consequentemente, com a diminuição dos eventos de enchentes. Além disso, na
parte baixa da bacia, reservatórios de lote podem falhar pela sobrecarga da rede de
drenagem onde descarregam ou, em casos extremos, podem perder sua capacidade
de armazenagem, se alocados em ruas que alagam e são preenchidos de fora para
dentro do lote. Além disso, a manutenção periódica dos reservatórios é essencial para
o seu bom funcionamento e deve ser realizada pelos ocupantes dos lotes de forma
descentralizada, o que resulta em um problema de aplicabilidade e confiabilidade da
eficiência dos seus resultados na escala de bacia.
Apesar dos aspectos acima citados, em diversos locais, a implantação de
reservatórios para armazenamento de águas pluviais já é obrigatória. São encontrados
dois tipos de leis a respeito, variando no intuito do armazenamento da água de chuva,
se para aproveitamento ou para redução do volume de escoamento superficial efluente
dos lotes. As leis mais disseminadas no Brasil dizem respeito ao armazenamento das
águas pluviais para uso para fins não potáveis, reduzindo, assim, a demanda de água
potável a ser disponibilizada pelas concessionárias. É o caso das leis:
 10.785/2003, de Curitiba, que obriga novas construções de qualquer

14
tamanho a captarem a água de chuva das coberturas e armazenarem
em reservatório específico e utilizá-la para fins não potáveis. O
reservatório deve ter no mínimo 500 L de capacidade de
armazenamento. Esta lei é regulamentada pelo Decreto Municipal n°
293/2006;
 6.345/2003, em Maringá, que prevê o incentivo para a instalação de
reservatórios para armazenamento de águas pluviais para fins não
potáveis;
 4.393/2004, no estado do Rio de Janeiro, que obriga a construção de
reservatórios para armazenamento de águas pluviais para uso em fins
não potáveis em construções residenciais com mais de 50 famílias ou
comerciais com mais de 50 m² de área construída;
 14.018/2005, de São Paulo, regulamentado pelo Decreto Municipal n°
47.731/2006, que dispõe sobre a consideração nos projetos de
reformas e novas construções sobre a captação e uso das águas
pluviais. Imóveis existentes deverão se adequar em um prazo de 10
anos;
 4.181/2008, no Distrito Federal, que incentiva a instalação de
equipamentos para captação e aproveitamento da água de chuva em
edificações com mais de 200 m² de área construída;
 6.511/2009, de Guarulhos, que obriga a adoção de reservatórios para
armazenamento da água de chuva coletada das coberturas para uso
em fins não potáveis em edificações com mais de 250 m² de área de
cobertura.
Não são todas as leis acima apresentadas (ou suas regulamentações) que
especificam os critérios de dimensionamento dos reservatórios. Mas as que o fazem,
como a lei 10.785, de Curitiba, não consideram os índices pluviométricos locais como
um de seus critérios de dimensionamento, mas apenas a demanda por água não
potável da edificação, deixando clara sua vocação apenas para abastecimento de
água e não de redução de vazões efluentes do lote.
No entanto, há também alguns lugares que já legislaram obrigando a adoção
de reservatórios para águas pluviais com o objetivo específico de redução de picos de
vazão efluente do lote, entendendo-se que os benefícios compensam as dificuldades
operacionais. Conforme já citado, no Japão é relatada a obrigatoriedade de
implantação de reservatórios de detenção há mais de três décadas (Tsuchiya, 1981
apud Cruz, 1998). No Brasil, diversas grandes cidades também já contam com

15
legislação específica de reservação em lote para novos empreendimentos, como é o
caso de São Paulo e do Rio de Janeiro. No município de São Paulo, foi promulgada a
Lei Municipal nº 13.276 em 2002 – Lei das Piscininhas. Esta torna obrigatória a
construção de reservatórios para captação das águas pluviais que escoarem sobre
coberturas e pavimentos para terrenos com área impermeabilizada superior a 500 m²
em casos de novas construções ou reformas para a obtenção do Certificado de
Conclusão ou Auto de Regularização. Esta lei foi regulamentada pelo decreto
municipal nº 41.814/2002. Para o cálculo do volume do reservatório a ser construído,
é utilizada uma duração de chuva igual a uma hora e o índice pluviométrico de 60
mm/h. Esta lei também define que deve-se, preferencialmente, infiltrar a água retida ou
reutilizá-la (com o auxílio de um segundo tanque de armazenamento), em vez de
descartá-la na rede pública de águas pluviais. No município do Rio de Janeiro, a Lei nº
23.940/2004 também torna obrigatória instalação de tais reservatórios, para os
mesmos casos que a lei de São Paulo. No entanto, apesar de estas leis colaborarem
com o aumento da detenção da água em seu local de geração, elas não se mostram
muito eficientes, visto que o problema já está estabelecido na urbanização consolidada
e a lei só é aplicável para novos empreendimentos. Além disso, regiões muito
adensadas e com alta taxa de impermeabilização geralmente possuem lotes pequenos
(com menos de 500 m² de área impermeabilizada), não se enquadrando, assim, nos
requisitos de obrigatoriedade das leis supracitadas.
De forma muito diferente das outras leis apresentadas, o município de Porto
Alegre possui o decreto municipal nº 15.371 de 2006, que, em vez de definir volumes a
serem armazenados pelo lote, determina uma vazão específica máxima efluente para
quando houver impermeabilização do terreno. Este critério é mais coerente com o
objetivo de limitar os escoamentos efluentes das áreas urbanizadas às capacidades
de veiculação das estruturas hidráulicas existentes. O decreto fornece uma fórmula
para cálculo de reservatórios, se esta for a estratégia adotada pelo proprietário para
regularização das vazões, mas sugere também outras medidas compensatórias
passíveis de serem adotadas, como pavimentos permeáveis, trincheiras de infiltração
e desconexão do telhado com o sistema de drenagem, as quais reduziriam o volume a
ser armazenado. No entanto, mesmo este decreto é flexibilizado para lotes de
tamanho inferior a 600 m² e para residências unifamiliares, estando a sua
obrigatoriedade, nestes casos, a critério do Departamento de Esgotos Pluviais – DEP.
Na fase de projeto dos reservatórios de lote é importante que se valorize a
simplicidade de operação e manutenção destes, de forma a diminuir os possíveis
problemas relacionados a estes aspectos. Assim, deve-se evitar o uso de

16
equipamentos automáticos, que necessitem de manutenção periódica, ou sistemas
que requeiram operação durante a chuva. No entanto, em casos onde se pretende
aproveitar a água armazenada para uso no lote, é necessário um mínimo de operação,
se for mantida paralelamente a intenção de otimização do abatimento de picos de
vazão. Assim, haveria três possibilidades de configuração de reservatórios de lote.
Um otimiza o armazenamento das águas pluviais, para amortecer os picos de
vazões, o qual deve estar sempre vazio para receber novas chuvas. A Figura 3
apresenta um sistema com este objetivo, onde capta-se a água do escoamento
superficial de toda a área do lote, maximizando, assim, o volume reservado, sem
preocupar-se com a contaminação da água pelos pavimentos ou da água
armazenada. O volume armazenado é destinado posteriormente à infiltração ou
descarga na galeria de águas pluviais.

Figura 3 – Reservatório para água de chuva que capta o escoamento de todo o lote
(máximo volume possível), porém sem preocupação com a qualidade da água
armazenada (WATERFALL, 2002).

Outra possibilidade é a priorização do abastecimento de água para fins não


potáveis, o qual se esvazia conforme a demanda da água e não estará
necessariamente vazio quando ocorrer uma nova precipitação, não sendo possível,
portanto, contar com esta contribuição no abatimento de vazões efluentes do lote. A
Figura 4 apresenta um esquema de um sistema deste tipo, que tem também como
característica a preocupação com a qualidade da água armazenada.

17
Figura 4 – Reservatório para água de chuva com gradeamento, caixa de decantação e
cloração para utilização da água para fins não potáveis diretamente do reservatório
(OLIVEIRA et al, 2012).

E um terceiro tipo de sistema seria a combinação dos dois tipos, otimizada para
ambos os usos, o qual requer cuidadosa operação para o seu bom funcionamento,
pois ele deve suprir a demanda por água não potável do lote e, ao mesmo tempo, ter
volume disponível quando da ocorrência de uma chuva. Uma opção para facilitar a
operacionalização de um sistema de detenção de águas pluviais aliado ao de
utilização da água para fins não potáveis é a implantação de dois reservatórios
independentes: um com a função de reter o escoamento superficial do terreno e outro
para armazenar a água para uso posterior, o que torna o sistema mais oneroso. Uma
possibilidade de sistema deste tipo é apresentada na Figura 5.

18
Figura 5 – Sistema de armazenamento de água de chuva com dois reservatórios: caixa
d`água para uso para fins não potáveis e reservatório vazio para detenção em eventos
chuvosos (FENDRICH, 2002).

Segundo Duarte et al (2003), a demanda de água para usos não potáveis em


uma residência varia entre 30 e 50%. No entanto, para que este aproveitamento seja
realizado, é necessário um sistema paralelo de distribuição de água na edificação que
não tenha ligações cruzadas com a rede de abastecimento de água potável, assim
como uma segunda caixa d'água. Em novas construções, apesar de onerosa, a
implantação dessa estrutura é mais viável do que em edificações existentes. Todas as
torneiras de água não potável devem estar claramente identificadas como tal e as
tubulações devem ser diferenciadas das de água potável.
A água de chuva deve ser usada apenas para fins não potáveis, principalmente
em áreas industriais, onde a poluição atmosférica pode influenciar na qualidade da
água coletada (TOMAZ, 1999). No Brasil, o aproveitamento de água de chuva para
fins não potáveis é regido pela norma NBR 15.527:2007 – Água de chuva –
Aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis – Requisitos.
Esta norma trata apenas da captação de coberturas para aproveitamento, pois a

19
captação de superfícies onde ocorre circulação requer cuidados especiais com a
qualidade da água, que tende a ser mais contaminada. A NBR em questão sugere
uma qualidade mínima da água para aproveitamento que é apresentada na Tabela 2.

Tabela 2 - Parâmetros de qualidade de água de chuva para usos restritivos não potáveis.

Parâmetro Análise Valor


Coliformes totais Semestral Ausência em 100 mL
Coliformes termotolerantes Semestral Ausência em 100 mL
Cloro residual livre a Mensal 0,5 a 3,0 mg/L
< 2,0 uT b, para usos menos
Turbidez Mensal
restritivos < 5,0 uT
Cor aparente (caso não seja utilizado
nenhum corante, ou antes da sua Mensal < 15 uH c
utilização)
Deve prever ajuste de pH para proteção pH de 6,0 a 8,0 no caso de
das redes de distribuição, caso Mensal tubulação de aço carbono ou
necessário galvanizado
NOTA: Podem ser usados outros processos de desinfecção além do cloro, como a
aplicação de raio ultravioleta e aplicação de ozônio.
a
No caso de serem utilizados compostos de cloro para desinfecção.
b
uT é a unidade de turbidez.
c
uH é a unidade Hazen.

É também sugerido na NBR 15.527 o descarte, de forma automática, da água


do escoamento inicial. O dispositivo de descarte inicial deve ser dimensionado pelo
projetista com base nos dados específicos do projeto. Na ausência de dados, a norma
sugere o descarte dos 2 mm iniciais da chuva, que estariam mais contaminados,
devido à lavagem da superfície de captação. Uma das opções para este descarte é o
sistema apresentado na Figura 6, que conta com um reservatório de auto-limpeza para
retenção do volume inicial de chuva. No entanto, mesmo com estes cuidados, a norma
não recomenda o uso para lavagem de roupas sem um tratamento com filtragem lenta.
Outras referências bibliográficas também não indicam o uso em piscinas, sem este
tipo de tratamento (TOMAZ, 2009). A escolha da área de captação, se a água captada
em superfícies onde há circulação será aproveitada e os tipos de tratamento são
critérios de projeto sob responsabilidade do projetista e que dependem dos usos
pretendidos e das características locais. No entanto, esta água não deve, em hipótese
alguma, ser utilizada para fins potáveis (TOMAZ, 2009).

20
Figura 6 – Esquema de coleta e armazenamento de água de chuva com reservatório de
auto-limpeza (TOMAZ, 2009).

A qualidade da água de chuva varia de acordo com diversos fatores, como


localização geográfica, características do evento pluviométrico e condições
meteorológicas, presença de vegetação e poluição da região. Próximo ao oceano é
comum a presença de elementos como sódio, potássio, magnésio, cloro e cálcio na
água da chuva. No interior dos continentes, entretanto, é mais comum a presença de
elementos presentes no solo e de origem biológica, como sílica, alumínio, ferro,
nitrogênio, fósforo e enxofre. Em áreas urbanas e polos industriais, é comum a
presença de elementos oriundos da poluição do ar, como dióxido de enxofre (SO2),
óxidos de nitrogênio (NOx), chumbo e zinco (TOMAZ, 1999).
Segundo Mascarenhas et al (2005), os reservatórios de lote não melhoram
significantemente a qualidade das águas pluviais escoadas. Observa-se, sim, uma
diminuição significativa da quantidade de sólidos suspensos e das substâncias
relacionadas a estes. Para manter a qualidade da água dos reservatórios, devem ser
realizadas descargas de fundo e limpeza pelo menos uma vez ao ano, pois, junto com
a água da chuva vêm poluentes e microrganismos presentes na superfície de
captação e no ar, os quais se acumulam em uma camada no fundo do reservatório.
Além disso, deve-se evitar a entrada de luz no reservatório e o extravasor e o
dispositivo de descarga de fundo devem possuir grades, para evitar a entrada de
pequenos animais por estes acessos (TOMAZ, 1999). O autor também recomenda
que, caso haja suspeita de contaminação da água, que seja adicionada solução de

21
hipoclorito de sódio a 10%. No entanto, para águas com elevado teor de matéria
orgânica, é necessário cuidado especial na adição de compostos clorados, pois estes
reagem com os precursores (substâncias húmicas e fúlvicas) gerando compostos
organoclorados conhecidos como trialometanos (THM) e tricloraminas, os quais são
tóxicos à saúde humana. Os THM podem ser absorvidos não apenas por ingestão,
mas também por inalação e absorção dérmica e são reconhecidamente
carcinogênicos para diversas espécies animais (TOMINAGA & MIDIO, 1999).
Os reservatórios de lote, devido a suas pequenas dimensões, não são capazes
de amenizar significativamente os picos de grandes cheias. Segundo Mascarenhas et
al (2005), para precipitações frequentes, com período de recorrência menor que um
ano, a eficiência da redução de picos de vazão efluentes pode chegar a 80%. No
entanto, para eventos de precipitação mais intensa, esta diminuição cai
significativamente, havendo relatos de ser de apenas 10%. A Figura 7 apresenta um
exemplo de hidrograma de entrada e saída de um reservatório de lote, representando
o seu comportamento típico em termos de redução de vazões de pico.

Figura 7 – Exemplo de hidrogramas afluente e efluente de um lote com reservatório para


águas pluviais.

Duarte et al (2003) fizeram um experimento baseado em modelagem


matemática de células de escoamento que apontou que, para um determinado lote de
360 m² na bacia do Rio Joana, no Rio de Janeiro, que teve quase toda a sua área
impermeabilizada pela construção, o volume do reservatório de lote necessário para
restaurar a vazão de pico original seria de 12 m³, com um orifício de fundo para
esvaziamento de 3,3 cm de diâmetro. Neste estudo, foi utilizada uma chuva com o
período de recorrência de 5 anos e duração equivalente ao tempo crítico para a bacia

22
toda. O estudo apontou que, após a construção da edificação, caso não fosse
implementado o reservatório lote, a vazão de pico efluente do lote seria 3,4 vezes
maior que a observada antes da ocupação. Mascarenhas et al (2005) apresentou um
estudo que avaliou, com base em modelagem computacional, os resultados de
reservatórios de lote de 1 e 2 m³ de capacidade de armazenamento para lotes de
tamanho padrão de 360 m². Foram variados os coeficientes de impermeabilização dos
lotes e otimizados os diâmetros dos orifícios de fundo dos reservatórios. Os resultados
obtidos em termos de diminuição do pico de vazão efluente variaram de 3 a 30% de
redução para os reservatórios de 1 m³ e de 14 a 74% de redução para os reservatórios
de 2 m³, comparando-se a vazão da ocupação do lote com a vazão de pré-
urbanização, para determinado coeficiente de impermeabilização, com e sem o
reservatório. Este tipo de abordagem, com a distribuição dos reservatórios ao longo da
bacia hidrográfica, poderia resultar em significativa atenuação dos picos de vazão para
a região de jusante da bacia. Neste sentido, D'Altério (2004) avaliou o resultado para a
região de foz da bacia da distribuição de reservatórios de lote de 1 m³ na parte média
da bacia do Rio Joana, no município do Rio de Janeiro, para chuvas de projeto de 10
anos de período de recorrência. Os resultados obtidos pelo autor apontaram uma
redução de 25% na lâmina de água de inundação próximo à foz do Rio Joana.
O dimensionamento de um reservatório de águas pluviais deve considerar
fatores técnicos, econômicos e ambientais, de modo a atender aos objetivos previstos
para o reservatório. Segundo a NBR 15.527, um projeto de reservatório para
aproveitamento de águas pluviais deve considerar extravasor, dispositivo de
esgotamento, cobertura, inspeção, ventilação e segurança. Os componentes básicos
de um reservatório de águas pluviais são apresentados na Figura 8. No entanto, se o
objetivo do armazenamento for apenas de redução de vazões de pico efluentes, não
há necessidade de o reservatório ser coberto.

23
Figura 8 – Componentes básicos de um reservatório para armazenamento de águas
pluviais (HASTINGS, 2014).

O volume máximo a ser armazenado é um resultado da área de captação, do


coeficiente de escoamento superficial da superfície de captação e da chuva de projeto.
Para reservatórios de amortecimento de cheias, é importante que se armazene o
maior volume possível de água para ser descartada aos poucos, durante ou após o
evento de chuva. Considerando-se os critérios usuais para microdrenagem, pode-se
utilizar chuvas de projeto de 2 a 10 anos de período de recorrência como referência.
No entanto, este reservatório pode significar custos elevados para um lote unifamiliar,
além da necessidade de uma área possivelmente maior para sua implantação, devido
ao volume de armazenamento.
O dimensionamento das estruturas de armazenamento de águas pluviais é
realizado, geralmente, por métodos organizados em duas grandes famílias: os
métodos simplificados e os métodos fundados em modelos conceituais. A escolha da
metodologia de dimensionamento a ser adotada depende das características da
estrutura a ser dimensionada, dos recursos existentes e do uso pretendido. Em geral,
os métodos de dimensionamento com foco em aproveitamento das águas pluviais
consideram a demanda de água não potável e a disponibilidade hídrica do local,
enquanto quando o objetivo principal é a redução de vazões efluentes, prioriza-se a
maximização da reservação com base nas chuvas de projeto e área de contribuição. A

24
NBR 15.527 apresenta diversas metodologias de dimensionamento com foco em
aproveitamento da água. Com relação ao objetivo de redução de vazões de pico,
Baptista et al (2005) elaborou a Tabela 3 com as principais características de três
métodos bastante usados para este tipo de dimensionamento: os métodos
simplificados das chuvas e dos volumes e o método conceitual de Puls.

25
Tabela 3 – Características de diferentes métodos de dimensionamento de estruturas de armazenamento (Baptista et al, 2005)

Método Resultado e condição de utilização Hipóteses / Dados necessários Vantagens / Limites


Fornece:  Vazão de saída constante  Facilidade de utilização (método
 Um volume máximo de armazenamento  Coeficiente de contribuição manual)
Método  Uma estimativa dos tempos de descarga constante  Geralmente subestima volumes
das e de funcionamento  Transferência instantânea em relação ao método dos
chuvas da chuva à obra de retenção volumes para a mesma série de
Permite:
medidas
 Dimensionamento de estruturas  Necessita curvas IDF/PDF
individuais ou a associação de estruturas relativas a longos períodos
Fornece:  Vazão de saída constante  Facilidade de utilização (método
 Um volume máximo de armazenamento  Coeficiente de contribuição manual)
 Uma estimativa do tempo de descarga constante  Fornece volumes mais corretos
Método que o método das chuvas para a
dos Permite:  Transferência instantânea
da chuva à obra de retenção mesma série de medidas
volumes  Dimensionamento de estruturas
 Necessita de dados  Dificilmente utilizável para
individuais
pluviométricos de longa associação de estruturas
duração
Fornece:  Vazões de saída variáveis  Adaptado a uma grande gama
 Um ou vários hidrogramas de saída das  Necessita do acoplamento de problemas
estruturas com modelos hidrológicos  Permite a simulação da dinâmica
 A evolução dos volumes e alturas de ou hidrogramas de entrada de enchimento das estruturas e
água nas estruturas  Necessita chuvas de projeto do funcionamento das bacias
Método controladas
 Um volume máximo de armazenamento ou chuvas históricas
Puls  Dificuldades para a modelagem
Permite:
de estruturas não controladas
 Planejamento por dispositivos específicos
 Diagnóstico de um estado existente (como infiltração)
 Dimensionamento de estruturas  Dificuldades para escolha da
individuais e associação de estruturas chuva de projeto representativa
IDF: Intensidade-Duração-Frequência / PDF: Precipitação-Duração-Frequência
O método das chuvas consiste em sobrepor a curva de precipitação-duração,
para o período de recorrência escolhido para projeto, e a curva de esvaziamento. A
máxima diferença entre estas curvas multiplicada pela área de drenagem efetiva
resulta no volume de água a armazenar (Figura 9). A área de drenagem efetiva é
obtida pelo produto da área de drenagem pelo coeficiente de escoamento superficial
(variando de 0 a 1).

Figura 9 – Gráfico representativo do método das chuvas para dimensionamento de


estruturas de armazenamento (Baptista et al, 2005)

Onde:
D: duração da precipitação;
T: tempo de retorno;
P: altura de precipitação;
qs: vazão de saída do reservatório (constante);
DP: duração da precipitação que resulta em máximo volume de
armazenamento, para determinado tempo de retorno de projeto;
DPmax (qs,T): altura de precipitação a ser armazenada para determinado tempo
de retorno de projeto. Deve ser multiplicada pela área efetiva para obtenção do volume
de armazenamento.

O método dos volumes de dimensionamento utiliza a altura de água precipitada


ao longo de um ano para os cálculos. Estipula-se uma vazão de saída fixa para o
reservatório (qs) e, para cada chuva j, determina-se a DPij, que é a diferença entre a
curva das alturas de água precipitada e a curva de saída de água do reservatório,
dada por qs.D, onde D é a duração da chuva. Assim, obtém-se um gráfico semelhante
ao apresentado na Figura 10 para cada ano i.

27
Figura 10 – Curva das alturas de precipitação acumuladas em um ano (BAPTISTA et al,
2005).

Com estes resultados em mãos, realiza-se uma análise de frequências e a


construção de um segundo gráfico, semelhante ao apresentado na Figura 11, que
indica para cada período de recorrência (T) e para uma qs pré-determinada, qual é a
altura específica máxima (DPmax) observada no período analisado, a ser utilizada no
dimensionamento.

Figura 11 – Curvas para determinação da altura específica (BAPTISTA et al, 2005).

Com os valores de qs e DPmax é possível calcular, pelo método dos volumes, o


volume de armazenamento do reservatório (Smax) através da Equação 1, onde Aa é a
área efetiva de contribuição.

S max  DPmax (qs , T )  Aa Equação 1

O método de Puls é mais complexo que os métodos das chuvas e dos


volumes, de modo que é praticamente inviável o cálculo manual do volume a ser
armazenado pelo reservatório. Ele requer o emprego de métodos numéricos para a
solução do sistema, por possuir variáveis mais complexas que as dos métodos
anteriores, como hidrograma de entrada que pode assumir diversas formas e vazão de

28
saída variável. De forma prática, a solução é obtida pela resolução do sistema
composto pela equação da continuidade e pela curva cota-descarga da estrutura
projetada. No entanto, este método pode ser aplicado através de vários softwares de
simulação hidrológica, inclusive alguns de domínio público, como o IPHS, do IPH-
UFRGS, e o ABC, da USP-SP, brasileiros, e o HEC-HMS e o SWMM, dos Estados
Unidos.
Um parâmetro muito relevante a ser determinado para o dimensionamento dos
reservatórios é a vazão de saída. Esta pode ser constante, como é necessário para os
métodos simplificados apresentados, ou variável. A saída de água das estruturas de
armazenamento pode se dar por diferentes meios, como infiltração, vertedores,
orifícios ou bombeamento. Seu valor de projeto deve considerar diversos fatores,
como:
 Regulamentação de limite de vazão de saída;
 Limite de capacidade da rede de águas pluviais que receberá o
efluente;
 Tempo pretendido de esvaziamento do reservatório;
 Adoção da vazão efluente da área antes da ocupação como vazão de
saída.
Para manter a qualidade da água dos reservatórios, devem ser realizadas
descargas de fundo e limpeza pelo menos uma vez ao ano, pois, junto com a água da
chuva, vêm poluentes e microrganismos presentes na superfície de captação e no ar,
os quais se acumulam em uma camada no fundo do reservatório. Para aproveitamento
da água reservada, a NBR 15.527 sugere a frequência de manutenção das instalações
relacionadas à captação, a qual é apresentada na Tabela 4.

Tabela 4 - Frequência de manutenção.

Componente Frequência de manutenção


Inspeção mensal
Dispositivo de descarte de detritos
Limpeza trimestral
Dispositivo de descarte do escoamento inicial Limpeza mensal
Calhas, condutores verticais e horizontais Semestral
Dispositivos de desinfecção Mensal
Bombas Mensal
Reservatório Limpeza e desinfecção anual

Com o objetivo de compilar as informações apresentadas sobre os


reservatórios de lote, é apresentada a Tabela 5.

29
Tabela 5 – Resumo das características dos reservatórios de lote.

Principais características
 “Pequenos” reservatórios que agem em escala local;
 Recuperam a vazão natural do terreno, de modo a não transferir o impacto da
urbanização para jusante para chuvas menores que a de projeto;
 Realiza o controle de volume e de qualidade de água na fonte, minimizando os
investimentos públicos necessários para tal fim;
 Descentraliza a responsabilidade pelo controle dos efeitos adversos resultantes
da urbanização;
 Há legislação em diversos municípios brasileiros que obriga sua adoção;
 A melhoria da qualidade da água resultante da adoção de reservatórios de lote se
deve a retenção dos sólidos suspensos;
 As reduções de pico de vazão efluente do lote variam muito de acordo com a
chuva de projeto, havendo estudos que relatam uma amplitude de 10 a 80% de
redução;
 Há poucos estudos de seus resultados na escala de bacia hidrográfica;
 Os componentes básicos de um reservatório de lote são: extravasor, dispositivo
de esgotamento, cobertura e acesso para inspeção.
Recomendações de projeto e cuidados necessários
 Podem ser implantados sobre o telhado, ao nível do chão ou enterrados;
 Podem ser usados com fim exclusivo de controle de enchentes ou combinados
com o aproveitamento das águas pluviais para fins não potáveis;
 Os lotes de montante tendem a apresentar melhores resultados em termos de
controle de enchentes na escala da bacia hidrográfica;
 Deve-se realizar um estudo hidrológico da bacia hidrográfica, de modo a verificar
se a implantação de reservatórios de lote nas partes média e baixa da bacia não
resultam em sobreposição de picos de vazão com os volumes oriundos da parte
alta;
 A operação e a manutenção do reservatório devem ser simples, de modo que
dependam o mínimo possível da atuação do proprietário;
 Para aproveitamento da água de chuva, o volume do escoamento inicial deve ser
descartado e deve ser realizado um gradeamento na entrada da água no
reservatório;
 Deve ser realizada limpeza no reservatório ao menos uma vez ao ano;
 As entradas e saídas do reservatório devem possuir grades, para evitar a entrada
de pequenos animais;
 Pode ser adicionada solução de hipoclorito de sódio a 10% para combater a
contaminação da água armazenada para uso posterior;
 Em caso de aproveitamento da água armazenada, o reservatório deve ser
protegido contra a luz;
 Volume a ser armazenado depende da área de captação, do coeficiente de
escoamento superficial, da chuva de projeto e da área e do dinheiro disponíveis
para implantação do reservatório;
 Com foco em redução de vazões de pico, são comumente utilizados três métodos
de dimensionamento: método simplificado da chuva, método simplificado dos
volumes e método conceitual de Puls;
 A vazão de saída do reservatório deve ser determinada de acordo com diversos
fatores, como: regulamentação específica, capacidade da rede de drenagem,
tempo de esvaziamento do reservatório e recuperação da vazão natural.

30
2.2 Jardins Rebaixados e Jardins de Chuva
O conceito de jardim rebaixado nada mais é do que o aproveitamento das
áreas de jardins de um lote ou área pública para armazenar e infiltrar as águas pluviais
em um rebaixo construído propositadamente. Já nos jardins de chuva, além do
rebaixo, o solo do jardim é substituído, até uma profundidade de projeto, por uma
mistura que promova melhor infiltração e capacidade de armazenamento de água.
Estas técnicas também são conhecidas como sistemas de biorretenção (FCTH &
ABCP, 2013) e resultam em melhoria da qualidade da água. A proposta original destes
jardins foi concebida em Maryland, nos EUA, em 1990. Com o intuito de minimizar os
custos com drenagem e inspirados nos sistemas de biorretenção e fitorremediação
usados para tratamento de águas residuárias, especialistas propuseram a instalação
de um jardim de chuva em cada um dos 200 lotes de um novo loteamento. Com a
instalação destas estruturas, os projetistas estimaram uma economia de mais de
$ 300.000 com sistemas de drenagem. A partir de então, a tecnologia se difundiu por
diversas regiões dos EUA, como Seattle, Kansas, Minnesota e Wisconsin. Atualmente
há, inclusive, municípios no país que oferecem benefícios fiscais para quem possui
jardins de chuva em suas residências, como é o caso de Minneapolis e Portland
(GHERTNER, 2009).
Os resultados práticos da implantação destes tipos de jardins se assemelham
aos de um reservatório de lote comum, sendo que a saída de água preferencial é a
infiltração. Assim, os jardins rebaixados e de chuva podem ser considerados como
reservatórios de lote abertos, com saída por infiltração e com a vantagem de não
demandar área extra para sua implantação, já que aproveita a área permeável do lote,
muitas vezes garantida por lei, para armazenamento. A Figura 12 apresenta um
exemplo de aplicação de jardins para armazenamento e infiltração das águas pluviais
escoadas pela cobertura de uma residência e a Figura 13 representa o corte
sistemático de um jardim de chuva, com solo preparado para tornar mais eficiente a
infiltração e o armazenamento de água.

31
Figura 12 – Jardim que recebe o escoamento do telhado de uma residência
(WATERFALL, 2002)

Figura 13 – Corte sistemático de um jardim de chuva (GHERTNER, 2009).

O cálculo do volume a ser armazenado pode ser realizado da mesma forma


que para os reservatórios de lote comuns. Deve-se atentar, no entanto, para altura do
rebaixo, para evitar acidentes com os transeuntes. Esta altura não deve ser maior que
um degrau comum, para que o acesso ao jardim não fique dificultado. Pode-se
também, fazer o desnível do jardim através de um pequeno talude com inclinação
moderada, para evitar a mudança brusca de nível do piso.

32
No caso dos jardins de chuva, o volume de armazenamento é resultado da
combinação da capacidade superficial de armazenamento no rebaixo e do volume de
vazios do leito granular. A mistura aplicada ao leito granular deve ser apta ao
crescimento vegetal e, ao mesmo tempo, possuir o maior volume de vazios e
capacidade de infiltração possíveis. Para tanto, a literatura indica a mistura do solo
local com areia e, eventualmente, brita (DIETZ & CLAUSEN, 2005; ARAVENA &
DUSSAILLANT, 2009; JENKINS et al, 2010). Há também referências de estudos de
jardins de chuva com camadas horizontais de diferentes materiais, como no caso da
proposta apresentada por FCTH e ABCP (2013) e representada na Figura 14.

Figura 14 – Jardim de chuva com estratificação horizontal (FCTH & ABCP, 2013).

A estrutura apresentada por FCTH e ABCP (2013) considera como uma de


suas principais funções a melhoria da qualidade da água infiltrada nas áreas urbanas.
Neste sentido, o dimensionamento e as tecnologias escolhidas para uma estrutura de
técnica compensatória estão diretamente relacionados aos principais objetivos para a
sua instalação. Visando integrar de melhor forma os benefícios possíveis para uma
determinada técnica, Rosa et al (2013) apresentam uma metodologia de cálculo de
indicadores de eficiência quali-quantitativa de técnicas compensatórias. As equações
propostas pelos autores consideram a detenção de escoamento, a redução de cargas
poluidoras e a biorretenção e os ponderam conforme os objetivos pretendidos para a
estrutura, atendendo potencialmente as expectativas de qualidade e de quantidade da
água efluente.
A altura do rebaixo é definida pelo volume a ser armazenado, pela área
disponível para o jardim e pela taxa de infiltração de água. A saída de água do rebaixo
se dá por infiltração no solo do local, no caso dos jardins rebaixados, ou no leito
granular preparado, para os jardins de chuva. De forma similar, a altura do leito
granular é determinada pelo volume necessário a ser armazenado para que a chuva
de projeto infiltre, sem que haja extravasamento. Caso as dimensões de rebaixo e leito
granular sejam muito grandes ou o tempo de permanência da água até infiltrar
totalmente seja muito alto, devido aos grandes volumes de água captados ou à baixa

33
capacidade de infiltração do solo do local, pode ser necessária a complementação da
capacidade de saída de água da estrutura através de um dreno. Esta opção é
especialmente válida para os jardins de chuva, onde há escavação e a possibilidade
da preparação de um sub-leito com dreno. Para verificar se a altura do leito granular é
razoável, deve-se avaliar as interferências do entorno de instalação da estrutura, como
tubulações e fiações subterrâneas, ou mesmo a profundidade da galeria de águas
pluviais que receberá o efluente do dreno. No caso de jardins de chuva, a resistência
do leito granular não é muito relevante, pois é pressuposto desta técnica que não haja
atividades intensas sobre o jardim para evitar a sua compactação, de modo que o
jardim cumpre uma função principalmente paisagística. Devem-se avaliar também os
custos de escavação e manutenção do leito granular mais profundo versus a
instalação de um dreno. A Figura 15 apresenta um exemplo de jardim de chuva com
dreno auxiliar.

Figura 15 – Exemplo de jardim de chuva com dreno (DIETZ & CLAUSEN, 2005 –
adaptado).

O volume do leito granular de um jardim de chuva depende da quantidade de


água a ser armazenada e das características da mistura de solo e agregados utilizada.
Uma das características do substrato que influi diretamente na capacidade de
armazenamento e de infiltração é a porosidade. A porosidade se divide em macro e
microporosidade, sendo que, de forma simplificada, a macroporosidade é o espaço
entre os grãos de solo e a microporosidade o espaço dentro dos próprios grãos
(HILLEL, 1998). O mesmo autor aponta que a quantidade de água encontrada em um
solo encharcado se aproxima da saturação, mas não equivale exatamente a este valor
máximo, pois, na prática, alguns poros ficam com ar enclausurado, o que faz com que
a quantidade de água armazenada seja um pouco menor do que a saturação,
condição conhecida como saciedade. Segundo Prado (2014), após a drenagem, a
água presente nos macroporos é escoada, sendo preenchida novamente por ar, de

34
modo que permanece no solo apenas a água armazenada nos microporos. Esta
condição de umidade do solo, logo após a drenagem gravitacional dos macroporos é
chamada de capacidade de campo. A água armazenada no solo na capacidade de
campo fica disponível para as plantas. A proporção de macro e microporos é uma
característica do substrato, de modo que, em geral, quanto menor a granulometria,
maior a quantidade de microporos e menor a de macroporos, e, consequentemente,
menor a sua capacidade de armazenamento de água para liberação por gravidade,
que é a característica relevante para o armazenamento de água no leito granular do
jardim de chuva. Assim, para maximizar a capacidade de armazenamento de água do
leito granular, deve-se maximizar a proporção de material de maior granulometria na
mistura. A maior quantidade de macroporos também favorece a infiltração de água no
solo (HILLEL, 1998).
Os estudos existentes sobre jardins de chuva ainda não propõem valores de
capacidade de armazenamento de água para diferentes misturas de substratos para o
leito granular. No caso de pavimentos permeáveis, uma técnica mais amplamente
estudada, já existem na literatura valores mais consistentes de volume de vazios em
um leito granular composto por brita, que seria responsável pelo armazenamento de
água. Estes valores, para a brita, variam de 0,3 a 0,4 (BAPTISTA et al, 2005; TOMAZ,
2010). Fazendo um paralelo entre os leitos granulares dos pavimentos permeáveis e
dos jardins de chuva, e considerando a falta de informações mais específicas para o
assunto, verificou-se na literatura a macroporosidade de outros tipos de solos, para
balizar os valores possíveis de volume de vazios na mistura componente do leito
granular dos jardins de chuva. Stolf et al (2011) indica que a macroporosidade de um
solo arenoso varia de 0,1 a 0,3. Para os solos locais, foram encontradas diversas
referências sobre o latossolo vermelho, o qual, segundo estes estudos, para variadas
condições de uso, trato e compactação, tem sua macroporosidade variando de 0,07 a
0,2 (COSTA et al, 2004; GENRO JUNIOR et al, 2009; MARQUES et al, 2010;
DRESCHER et al, 2011).
A saída de água dos jardins rebaixados e dos jardins de chuva ocorre através
de infiltração no solo. Para técnicas que utilizam a infiltração como saída da água
armazenada, é necessário um cuidado especial no projeto no que tange à distância da
base da estrutura com relação à franja capilar do lençol freático. Este cuidado é
necessário para evitar a contaminação das águas subterrâneas, através da percolação
dos poluentes oriundos da lavagem do terreno, e para garantir que o solo não esteja
permanentemente saturado, o que minimizaria significativamente a capacidade de
infiltração de água. O risco de contaminação do lençol subterrâneo é especialmente
alto quando se trata de solo arenoso e de lençol freático com nível elevado, de modo

35
que a água percola rapidamente e por uma profundidade pequena até atingir a zona
saturada, não dando oportunidade aos contaminantes de se degradarem ou serem
absorvidos pelas partículas do solo. Marchioni e Silva (2011) recomendam que a base
inferior da estrutura esteja no mínimo 0,6 m acima do limite superior da camada
saturada do solo. Já Baptista et al (2005) recomenda que esta distância não seja
inferior a 1 metro, para evitar riscos de contaminação do lençol subterrâneo. No
entanto, o risco de contaminação pode ser amenizado com um pré-tratamento da água
a ser infiltrada por processos de sedimentação, o que também evita a colmatação da
estrutura e aumenta a sua vida útil (CHAHAR, GRAILLOT & GAUR, 2012).
Para avaliar a saída de água dos jardins rebaixados e jardins de chuva deve-se
considerar além da infiltração no solo, outras formas de perda de água, como a
evapotranspiração. No entanto, neste estudo será dada maior ênfase ao processo de
infiltração. Neste sentido, é importante entender um pouco da dinâmica deste
fenômeno no solo. Segundo Hillel (1998), de modo simplificado, a infiltrabilidade do
solo depende de:
 Tempo do início da chuva ou irrigação;
 Conteúdo inicial de água no solo;
 Condutividade hidráulica do solo;
 Condições da superfície do solo;
 Camadas do solo e profundidade.
Desta forma, a infiltrabilidade de água no solo decai ao longo do tempo, com a
manutenção do suprimento de água. Os valores começam mais altos e, conforme a
matriz do solo é preenchida por água, estes diminuem. No mesmo sentido, a umidade
inicial do solo influi diretamente na capacidade de infiltração. Esta variação é
representada na Figura 16. Após a saturação do solo, a taxa de infiltração tende a ser
aproximadamente constante, independentemente da condição inicial de umidade, e
bem mais baixa do que o valor inicial (HILLEL, 1998).

36
Figura 16 – Infiltrabilidade em função da umidade inicial do solo (HILLEL, 1998).

No entanto, no caso dos jardins rebaixados e jardins de chuva, a entrada de


água depende da chuva, o que aumenta a complexidade do processo. Quando a
intensidade da chuva excede a infiltrabilidade do solo, ocorre a formação de
escoamento superficial ou acúmulo no rebaixo da estrutura (HILLEL, 1998). A Figura
17 representa o comportamento típico da infiltração no solo ao longo do tempo para
condições ideais, com chuva de intensidade constante e geração do escoamento
superficial. Neste exemplo, a intensidade da chuva é menor do que a taxa de
infiltração inicial do solo, o que resulta no trecho horizontal do gráfico, mas maior do
que o seu valor final, incidindo no decaimento da curva e na geração de escoamento
superficial.

Figura 17 – Representação da dependência do tempo para a taxa de infiltração no solo


(HILLEL, 1998).

Entretanto, a intensidade da chuva real é variável, de modo que a infiltração


não se comporta da forma teórica representada pela Figura 17. A chuva pode, por

37
exemplo, exceder eventualmente a infiltrabilidade do solo, gerando escoamento
superficial, e na sequência, diminuir de intensidade, voltando a infiltrar totalmente. No
entanto, caso já exista uma lâmina d’água sobre a área de infiltração, o
comportamento do fenômeno é diferente. A Figura 18 exemplifica a interferência da
intensidade da chuva e da presença de lâmina d’água na infiltração no solo. As chuvas
foram consideradas com intensidade constante. As partes horizontais das curvas
representam a infiltração antes da formação de uma lâmina d’água acumulada
superficialmente. As curvas de infiltração são diferentes dependendo da intensidade,
apesar de a taxa de infiltração de base ser semelhante. Além disso, em casos de
inundações, a curva de infiltração é ainda outra, representada na figura pela linha
tracejada.

Figura 18 – Representação da influência do tempo e da intensidade da chuva para a taxa


de infiltração em um solo arenoso. Os números próximos às curvas equivalem a
intensidade da chuva e a linha tracejada representa a infiltração em caso de inundação
(HILLEL, 1998).

Além das variáveis já apresentadas, a infiltração no solo também pode ser


afetada pela oclusão de ar no agregado, formação de áreas com ar comprimido,
regiões com resistência na frente de molhamento ou mesmo heterogeneidade nos
perfis horizontal e vertical do solo (HILLEL, 1998).
Devido a todos estes agentes complicadores da caracterização da infiltração no
solo resultante de um evento de precipitação real, a literatura específica de técnicas
compensatórias sugere a adoção da condutividade hidráulica do solo à saturação para
dimensionamento das estruturas (BAPTISTA et al, 2005; TOMAZ, 2010; MARCHIONI
& SILVA, 2011). Esta consideração é bastante conservadora, visto que trata-se da
mínima capacidade de infiltração no solo possível para um determinado tipo de
agregado com perfil homogêneo, porém evita que seja considerada no
dimensionamento uma capacidade de infiltração maior do que pode ocorrer em campo
para determinada situação. Considerando estes aspectos, são propostas taxas de

38
infiltração mínimas e máximas para a adoção de técnicas compensatórias com saída
por infiltração e valores para seu dimensionamento.
Tomaz (2010) sugere que a taxa final de infiltração no solo deve estar entre 7,6
mm/h e 60 mm/h, ou seja, entre 2,1x10-6 m/s e 1,67x10-5 m/s, para que sejam
adotadas técnicas compensatórias de infiltração de modo a evitar a contaminação do
lençol freático pela percolação de poluentes e possibilitar a infiltração mínima para
justificar a adoção da infiltração como mecanismo de esvaziamento da estrutura. Já
Baptista et al (2005) recomenda apenas que não sejam utilizadas técnicas de
infiltração em terrenos onde a capacidade de infiltração seja inferior a 10-7 m/s. Estes
cuidados devem ser tomados para todas as técnicas compensatórias que envolvam
infiltração no solo, como o jardim rebaixado, jardim de chuva ou pavimento permeável.
Para a determinação do coeficiente de infiltração do solo para projeto, considerando
um lençol freático profundo, pode-se aproximar a capacidade de absorção ou taxa de
infiltração pela condutividade hidráulica do solo à saturação, supondo-se,
implicitamente, que o gradiente hidráulico seja igual a 1 (BAPTISTA et al, 2005) e que
o perfil do solo seja homogêneo e estruturalmente estável (HILLEL, 1998). Neste
sentido, Musy e Soutter (1991 apud BAPTISTA et al, 2005) apresentam a Tabela 6 que
correlaciona o tipo de solo do local com a condutividade hidráulica e a sua aptidão a
infiltração. Outra relação de coeficientes de permeabilidade é apresentada na Tabela 7
(PINTO, 2002 apud MARCHIONI & SILVA, 2011).

Tabela 6 – Ordem de grandeza da condutividade hidráulica em diferentes solos (MUSY &


SOUTTER, 1991 apud BAPTISTA et al, 2005).

K (m/s) 10-1 10-2 10-3 10-4 10-5 10-6 10-7 10-8 10-9 10-10 10-11
Areia muito
Areia com
Seixos sem fina, silte Argila siltosa a
Tipos de seixos, areia
areia nem grosso a argila
solos grossa a areia
elementos finos silte homogênea
fina
argiloso
Possibilidade Médias a
Excelentes Boas Baixas a nulas
de infiltração baixas

Tabela 7 – Valores típicos de coeficiente de permeabilidade (PINTO, 2002 apud


MARCHIONI & SILVA, 2011).

Argilas < 10-9 m/s


Siltes 10-6 a 10-9 m/s
Areias argilosas 10-7 m/s
Areias finas 10-5 m/s
Areia médias 10-4 m/s
Areias grossas 10-3 m/s

39
Por esta metodologia, a vazão de infiltração é determinada pelo produto da
área da superfície de infiltração e do coeficiente de permeabilidade. Existe a
possibilidade do uso de um coeficiente de segurança, o qual introduz a eventualidade
de uma colmatação ao cálculo. Este coeficiente de segurança depende do local de
instalação da estrutura, do potencial aporte de finos e do tipo de manutenção prevista.
Marchioni e Silva (2013) sugerem a adoção de um coeficiente de segurança de 0,8,
que já consideraria toda a colmatação que poderia ocorrer na estrutura. No entanto,
contrariando a tendência esperada resultante do acúmulo de finos no substrato,
Jenkins et al (2010) verificaram que não houve perda significativa de capacidade de
infiltração no solo de um jardim de chuva após 9 anos de sua construção, apesar de
ter aumentado a proporção de partículas de menor granulometria no substrato. Assim,
a vazão de infiltração é calculada através da Equação 2 (BAPTISTA et al, 2005).

Qs    qas  S Equação 2

Onde:
α = coeficiente de segurança, adimensional;
qas = capacidade de absorção de água por unidade de área de superfície
infiltrante, em m³/s/m²;
S = área de superfície de infiltração, em m².

A superfície de infiltração depende do tipo de estrutura, do seu funcionamento


e da manutenção prevista. Em estruturas com reservatórios altos e com área em
planta pequena, o fundo tende a colmatar rapidamente, sendo recomendável a
consideração da infiltração apenas pelas paredes do reservatório. Alguns locais, como
Dinamarca e Estados Unidos, recomendam ainda que os cálculos de infiltração
considerem que o fenômeno ocorre apenas em metade da altura das paredes
(BAPTISTA et al, 2005). Por outro lado, estruturas com grandes áreas e pequenas
profundidades devem considerar o fundo como superfície de infiltração, sendo as
paredes, muitas vezes, irrelevantes para tanto. Com estes parâmetros é possível
realizar o estudo do tempo de esvaziamento do jardim rebaixado, que é importante por
determinar em quanto tempo a estrutura estará livre para receber outra precipitação,
de modo que, se ela estiver cheia, a água em questão será convertida em escoamento
superficial carreando todos os contaminantes associados. Tempos elevados de
esvaziamento de rebaixos também resultam em ambientes com água acumulada, o
que pode favorecer a proliferação de vetores de doenças.
A passagem da água pelo solo através da infiltração realiza um papel de
filtragem mecânica da água, retendo, assim, as partículas em suspensão de diâmetro

40
maior que 30 µm, que representam cerca de 50% dos sólidos suspensos totais
(BAPTISTA et al, 2005). Este fenômeno pode resultar em melhoria da qualidade da
água afluente ao lençol freático, removendo as impurezas oriundas da poluição difusa,
já que grande parte da poluição carreada pelas águas escoadas superficialmente
encontra-se fixada em matéria em suspensão. Gautier (1998 apud BAPTISTA et al,
2005) aponta que 95% dos metais pesados, 75% da DBO5 e da DQO, 65% do NTK,
80% dos hidrocarbonetos totais e 79% dos hidrocarbonetos policíclicos aromáticos
estão fixados nas partículas em suspensão maiores que 0,45 µm.
Devido ao favorecimento da infiltração ocasionado pelas técnicas de jardins
rebaixados e jardins de chuva é importante verificar a distância que a estrutura será
instalada das construções, para que não haja deterioração da fundação devido ao
elevado teor de umidade do solo adjacente. Bannerman e Considine (2003)
recomendam que os jardins rebaixados e jardins de chuva sejam instalados no mínimo
há 3 m das fundações das construções. Além deste cuidado, estas estruturas não
devem ser instaladas acima de fossas sépticas e nem em áreas muito sombreadas,
para favorecer a evaporação da água.
Apesar de não possibilitar aproveitamento das águas pluviais, como no caso
dos reservatórios de lote comuns, o jardim rebaixado representa custos muito baixos
de implantação, pois é necessário apenas criar um desnível na área ajardinada do
lote. Já os jardins de chuva representam custos um pouco maiores de implantação,
devido à escavação necessária e ao preparo do substrato do leito granular. No
entanto, a manutenção de ambas as técnicas é simples. O principal ponto a ser
monitorado é a entrada de partículas finas na área do jardim, as quais podem colmatar
o substrato e diminuir os coeficientes de infiltração. Para tanto, podem ser instalados
sistemas de retenção de sedimentos nos pontos de entrada de água no jardim, como
tanques de sedimentação, ou em sua periferia. Um sistema destes simples e funcional
é uma faixa gramada na periferia de todo o jardim, a qual reteria parte dos sólidos
carreados pelo escoamento superficial (TOMAZ, 2010).
Com o objetivo de compilar as informações apresentadas sobre os jardins
rebaixados, é apresentada a Tabela 8.

41
Tabela 8 – Resumo das características dos jardins rebaixados.

Principais características
 Rebaixo de um jardim;
 Simples aplicação e manutenção;
 Funciona como um reservatório aberto, promovendo o armazenamento das
águas pluviais e a infiltração;
 Na prática, a saída de água do jardim também ocorre por evaporação,
evapotranspiração e pelo consumo das próprias plantas;
 Pode ser implantado na área de jardins do lote, não demandando, neste cenário,
área extra;
 Reduz o volume efluente da área drenada e, dependendo das características de
projeto, pode reduzir também a vazão de pico efluente;
 Melhora a qualidade da água infiltrada no solo;
 Promove a recarga dos aquíferos.
Recomendações de projeto e cuidados necessários
 Cálculo de volume pode ser realizado da mesma forma que para os reservatórios
de lote, ou seja, comumente pelos métodos: simplificado da chuva, simplificado
dos volumes e conceitual de Puls;
 A altura do rebaixo não deve ser muito grande (máximo de um degrau comum),
para evitar acidentes com os ocupantes. Pode também ser executado um talude,
para atenuar o desnível brusco;
 A base da estrutura deve estar no mínimo 0,6 m acima do limite superior do
lençol freático;
 Pode ser considerado um pré-tratamento da água antes da entrada no jardim,
para evitar a colmatação da estrutura;
 Para determinação da capacidade de infiltração no solo, pode ser usada a
condutividade hidráulica do solo a saturação;
 Pode ser adotado um coeficiente de segurança de 0,8 para a infiltrabilidade do
solo, considerando, assim, uma eventual colmatação futura, apesar de esta
necessidade não ser unânime na literatura;
 Não é recomendada a adoção de técnicas de infiltração em locais onde o solo
tenha taxa final de infiltração maior que 1,67x10-5 m/s ou menor que 10-7 m/s;
 Deve-se verificar se o tempo de esvaziamento da estrutura é razoável;
 Os jardins devem ser instalados a uma distância mínima de 3 m de fundações de
construções;
 Os jardins não devem ser instalados acima de fossas sépticas e nem em áreas
sombreadas.

Para apresentar de forma resumida as características dos jardins de chuva, foi


elaborada a Tabela 9.

42
Tabela 9 – Resumo das características dos jardins de chuva.

Principais características
 Rebaixo de um jardim e preenchimento de um leito granular com solo preparado,
com maior capacidade de armazenamento e infiltração;
 Funciona como um reservatório aberto, com saída por infiltração;
 Na prática, a saída de água do jardim também ocorre por evaporação,
evapotranspiração e pelo consumo das próprias plantas;
 Pode ser implantado na área de jardins do lote, não demandando, neste cenário,
área extra;
 Reduz o volume efluente da área drenada e, dependendo das características de
projeto, pode reduzir também a vazão de pico efluente;
 Melhora a qualidade da água infiltrada no solo;
 Promove a recarga dos aquíferos.
Recomendações de projeto e cuidados necessários
 Cálculo de volume pode ser realizado da mesma forma que para os reservatórios
de lote, ou seja, comumente pelos métodos: simplificado da chuva, simplificado
dos volumes e conceitual de Puls;
 A altura do rebaixo não deve ser muito grande (máximo de um degrau comum),
para evitar acidentes com os ocupantes. Pode também ser executado um talude,
para atenuar o desnível brusco;
 Volume de armazenamento é resultado da soma da capacidade de
armazenamento do rebaixo e do leito granular;
 Leito granular deve ser composto de uma mistura de solo, areia e,
eventualmente, brita, de modo a ser apto ao crescimento vegetal e, ao mesmo
tempo, possuir o maior volume de vazios e capacidade de infiltração possíveis;
 Leito granular também pode ser composto por camadas horizontais de diferentes
materiais, como areia e brita;
 A altura máxima do leito granular deve ser definida com base nas interferências
locais e nos custos de escavação e preparo do solo;
 Dependendo da infiltrabilidade do solo local e da altura máxima possível para o
leito granular, pode ser necessária a instalação de um dreno auxiliar;
 A base da estrutura deve estar no mínimo 0,6 m acima do limite superior do
lençol freático;
 Pode ser considerado um pré-tratamento da água antes da entrada no jardim,
para evitar a colmatação da estrutura;
 Para determinação da capacidade de infiltração no solo, pode ser usada a
condutividade hidráulica do solo a saturação;
 Pode ser adotado um coeficiente de segurança de 0,8 para a infiltrabilidade do
solo, considerando, assim, uma eventual colmatação futura, apesar de esta
necessidade não ser unânime na literatura;
 Não é recomendada a adoção de técnicas de infiltração em locais onde o solo
tenha taxa final de infiltração maior que 1,67x10-5 m/s ou menor que 10-7 m/s;
 Deve-se verificar se o tempo de esvaziamento da estrutura é razoável;
 Os jardins devem ser instalados a uma distância mínima de 3 m de fundações de
construções;
 Os jardins não devem ser instalados acima de fossas sépticas e nem em áreas
sombreadas.

43
2.3 Telhados Verdes
Telhados verdes são coberturas de edificações com vegetação. Este tipo de
cobertura já era usado em diversos países, como Islândia e Escandinávia, há alguns
séculos, devido aos seus resultados térmicos (PECK et al, 1999; LOPES, 2007). Os
Jardins Suspensos da Babilônia são a cobertura verde mais antiga de que se tem
relato, datado de aproximadamente 600 a.C. (DINSDALE et al, 2006). Outras
construções históricas, como o Mosteiro Saint-Michel (século XIII, França), Pallazzo
Piccolomini (século XV, Itália), Kremlin (Rússia) e o museu Hermitage (1764, Rússia),
também possuem coberturas verdes (GRANT et al, 2003). No entanto, o formato mais
recente de telhados verdes teve início na Alemanha na década de 1970, onde se
iniciaram pesquisas nas universidades sobre sua influência na biodiversidade, tipos de
construção do telhado, tecnologias possíveis e características do substrato
(BERNDTSSON, 2010). Nos anos 1980, o mercado de construção de telhados verdes
na Alemanha expandiu-se rapidamente, com um crescimento anual de 15 a 20%. Em
1989 o país já possuía um milhão de metros quadrados de coberturas verdes, sendo
que em 1996, este número já era de 10 milhões de m² (PECK et al, 1999).
Diferentemente de outras técnicas compensatórias, o telhado verde não requer
área extra para sua implantação. Isto é uma vantagem significativa para áreas urbanas
densamente ocupadas (BERNDTSSON, 2010). A construção de um telhado verde
deve ser prevista em projeto, pois requer reforço estrutural, devido ao peso do
substrato e das plantas. A Figura 19 apresenta as camadas típicas de um telhado
verde, que são basicamente: camada impermeabilizante, sistema de drenagem,
material filtrante, substrato (meio de crescimento da vegetação) e a vegetação
propriamente dita. Apesar de não aparecer na figura, um bom sistema de
impermeabilização sob o sistema de drenagem é essencial para o sucesso da
cobertura verde, evitando infiltrações na construção.

Figura 19 – Camadas típicas de um telhado verde (BERNDTSSON, 2010).

A espessura do substrato de um telhado verde varia, podendo ser mais finos

44
(extensivos) ou mais espessos (intensivos). A vegetação, por sua vez, pode ir de
gramíneas a árvores, dependendo dos objetivos de projeto e da espessura do
substrato adotada. A Figura 20 apresenta um exemplo de telhado verde extensivo,
com vegetação rasteira e a Figura 21 ilustra um telhado verde intensivo, com arbustos
e pequenas árvores compondo a vegetação. A Tabela 10 apresenta as vantagens e
desvantagens de coberturas verdes intensivas e extensivas.

Figura 20 – Exemplo de telhado verde extensivo, em Hannover-Bothfeld – Alemanha


(MINKE, 2003).

Figura 21 – Exemplo de telhado verde intensivo, em Uelzen – Alemanha.

45
Tabela 10 – Vantagens e desvantagens de coberturas verdes intensivas e extensivas
(JOHNSTON & NEWTON, 2004).

Intensivas Extensivas
 Proporciona grandes espaços  Baixa necessidade de
para o estabelecimento da manutenção com relação à
diversidade da fauna e da irrigação. Poda e fertilização;
flora;  Baixo peso estrutural;
Vantagens

 Possibilita a utilização do  Maior flexibilidade em relação à


jardim para recreação e para inclinação da cobertura;
plantio de alimentos.
 Construção simplificada;
 Apropriada para implantar em
edificações existentes;
 Possui custo relativamente
baixo.
 Sistema construtivo mais  Geralmente não possibilita o
Desvantagens

complexo e que necessita acesso para recreação e


mais manutenção; contemplação;
 Grande peso estrutural;  Limitação com relação à
 Alto custo de construção e escolha das espécies vegetais
manutenção. a serem adotadas.

Além de intensivos ou extensivos, os telhados verdes também podem ser


classificados em acessíveis ou inacessíveis. Os telhados inacessíveis permitem
acesso de pessoas apenas para a manutenção, enquanto os acessíveis também
podem ser utilizados para recreação, agricultura e contemplação. Para os últimos,
alguns cuidados extras devem ser tomados, como a necessidade de guarda-corpos,
de iluminação e baixa declividade (LOPES, 2007). Os telhados verdes acessíveis
aumentam a área útil da edificação e proporcionam benefícios sociais à população
com a disponibilidade de uma área verde.
Um dos principais objetivos de um telhado verde é compensar a vegetação
extraída do terreno para a construção da edificação. No entanto, as vantagens de sua
aplicação não se limitam a puramente aumentar a área verde de uma região
urbanizada. Segundo Berndtsson (2010) os benefícios associados à adoção de
coberturas verdes são:
 Reduz o escoamento superficial, minimizando os riscos de inundações e
aproximando o balanço hídrico do natural;
 Apresenta benefícios de equilíbrio térmico, reduzindo os efeitos de ilhas de
calor e os custos com ar condicionado e sistemas de aquecimento;
 Redução da poluição sonora;
 Redução da poluição atmosférica;

46
 Disponibiliza habitat, o que favorece o aumento da biodiversidade.
Além desses benefícios, destaca-se também a possibilidade de se praticar
agricultura urbana sobre a cobertura para suprimento de parte das necessidades
alimentares da população. Esta prática encontra-se atualmente em evidência, devido à
percepção por parte da população da má qualidade dos alimentos que chegam à
cidade e de sua dependência com relação ao campo, de modo que o alimento precisa
ser transportado de muito longe, gerando aumento de custos e impactos ambientais.
Niu et al (2010) faz um balanço dos custos de implantação versus benefícios
obtidos com o telhado verde. Ele inclui nos cálculos, além dos itens acima citados, a
redução da emissão de dióxido de carbono, óxidos de nitrogênio (NOx) e dióxido de
enxofre devido à minimização do uso de energia elétrica e gás natural resultante do
equilíbrio térmico. Os benefícios resultantes da adoção de um telhado verde
considerando a redução de necessidade de infraestrurura de águas pluviais, economia
de energia, necessidade de sistemas de ar condicionado menos potentes e emissões
gasosas evitadas ao longo da vida útil do telhado verde, que foi considerada de 40
anos no estudo em questão, resultariam em custos de 30 a 40% menores para a
implantação dos telhados verdes quando comparados aos convencionais. O estudo foi
realizado com base nos dados de Washington DC, nos Estados Unidos, e não
considerou os custos de manutenção dos telhados verdes.
A retenção da precipitação em um telhado verde é resultado da interceptação
vegetal, do armazenamento no próprio substrato e da evapotranspiração da
vegetação. A Figura 22 apresenta um exemplo de hidrograma de entrada e saída de
um telhado verde. Pesquisas em diferentes locais e estruturas apontam para uma
variação entre 60 e 70% de precipitação retida por telhados verdes, sendo que a
média fica em torno de 63% (DIETZ, 2007). Estas pesquisas mostram que a
espessura do substrato e a declividade do telhado não influenciam significantemente
na capacidade de retenção pluvial. Já Ahiablame et al (2012) apontam que esta
retenção pode variar de 20 a 100% e que esta se relaciona diretamente com a
espessura do substrato e com o tipo de vegetação adotada no telhado verde. Outro
aspecto que influencia diretamente na capacidade de retenção de águas pluviais pela
estrutura é o volume precipitado, de modo que uma vez que o solo atinge a sua
capacidade de retenção, o restante do volume da precipitação escoa superficialmente
(AHIABLAME et al, 2012). Assim, quanto maior o volume precipitado, menor seria o
percentual de retenção pelo telhado verde. Neste sentido, Gregoire e Clausen (2011)
falam que a quantidade de precipitação retida por um telhado verde é maior conforme
a quantidade de dias sem chuva que antecederem ao evento em questão. Uma
pequena quantidade de água precipitada, altas temperaturas e taxas de

47
evapotranspiração e um substrato com alta capacidade de retenção de água também
contribuiriam para o aumento do percentual de água retido pelo telhado verde.
Berndtsson (2010) acrescenta, a estes fatores, outros como a declividade do telhado e
sua geometria, a posição com relação ao sol, período de seca, condições de vento e
de umidade. Nagase e Dunnett (2012) verificaram que em um telhado verde extensivo,
situado no Reino Unido, as gramíneas apresentaram melhor capacidade de redução
de escoamento superficial. Este efeito estaria associado à maior área de suas folhas e
maior biomassa de raízes.

Figura 22 – Exemplo de hidrograma gerado de entrada e saída de um telhado verde


(BERNDTSSON, 2010).

FLL (2002) apresenta as referências para construção e manutenção de um


telhado verde. Elaborado com base em experimentos realizados na Alemanha, a
publicação relaciona a retenção de água pelo telhado verde ao tipo de vegetação e à
espessura do substrato. A Tabela 11 apresenta as médias anuais de retenção de água
em telhados verdes. Estes experimentos consideraram precipitações anuais totais
entre 650 e 800 mm, o que são valores baixos para a maioria das regiões do Brasil de
precipitação média anual. Neste sentido, FLL (2002) também indica que, para regiões
com alta precipitação anual, a retenção é menor. No entanto, Oliveira (2009) obteve
56% de retenção de águas pluviais em um telhado verde com substrato comercial com
espessura de 10 a 15 cm no município do Rio de Janeiro. Este valor é semelhante ao
obtido por FLL (2002) para esta configuração, o que pode indicar que a diferença
devido às condições climáticas talvez não seja tão significativa.

48
Tabela 11 – Valores de referência para retenção de águas pluviais de acordo com as
características da cobertura verde (FLL, 2002).

Tipo de
Espessura do Retenção de água –
cobertura Porte da vegetação
substrato (cm) média anual em %
verde
2a4 Sedum e forrações 40
>4a6 Sedum e forrações 45
Sedum, forrações e
> 6 a 10 50
Extensivo herbáceas
Sedum, forrações e
> 10 a 15 55
herbáceas
> 15 a 20 Forrações e herbáceas 60
15 a 25 Grama, arbustos e capão 60
> 25 a 50 Grama, arbustos e capão 70
Intensivo
Grama, arbustos, capão e
> 50 > 90
árvores

A qualidade da água que passa pelo telhado verde, em geral, está relacionada
ao tipo de telhado (espessura e composição do substrato, tipo de vegetação e tipo de
drenagem), à idade do telhado e à sua manutenção (realização periódica de
fertilização, por exemplo). As características de ocupação da região em que o telhado
está inserido também interferem na qualidade da água efluente do telhado verde.
Neste sentido, deve-se considerar se o telhado se encontra em uma área industrial,
residencial ou comercial e as fontes locais de poluição observadas, com tráfego
intenso de veículos e tecnologia utilizada para aquecimento (BERNDTSSON et al,
2006). Em termos de qualidade, Dietz (2007) aponta especial necessidade de atenção
para a liberação de fósforo e nitrogênio total, devendo-se, assim, escolher plantas que
não necessitem de fertilização, para minimizar este risco. Ahiablame et al (2012)
avaliaram estudos que comprovam o apresentado por Dietz (2007), de que a retenção
de compostos de nitrogênio e fósforo pelo telhado verde não é significativa. No
entanto, os autores também citam estudos que mostram que para solos não
fertilizados, há significativa diminuição da concentração de nitrito, nitrogênio total e
fósforo total. Um exemplo é o apresentado por Köhler et al (2002), que avalia a
concentração de fosfato efluente do telhado verde ao longo de quatro anos. Seus
resultados apontam que, do primeiro ao quarto ano, as reduções destas substâncias
foram de 26%, 61%, 64% e 80% respectivamente. Com isso, Berndtsson (2010)
conclui que a concentração efluente de fósforo de um telhado verde está relacionada à
idade do telhado e ao uso periódico de fertilizantes. Além disso, foram relatados
estudos que comprovam que a presença de solo sem vegetação ou com vegetação

49
debilitada aumenta significativamente as concentrações de nitrito no efluente do
telhado verde (AHIABLAME et al, 2012). A remoção de metais pela passagem da água
pluvial através do telhado verde também é controversa. Há estudos que verificaram
redução dessas concentrações (GREGOIRE & CLAUSEN, 2011). No entanto, há
outros estudos que apontam que, dependendo dos componentes estruturais do
telhado verde, este pode contribuir com o aumento das concentrações de metais
efluentes (ALSUP et al, 2010; BERNDTSSON et al, 2006). Dessa forma, deve-se
escolher cuidadosamente o solo a ser aplicado no telhado verde e as plantas, além de
não aplicar fertilizantes. Além disso, quando é essencial a melhoria da qualidade da
água para saída do lote, pode-se combinar o telhado verde com outras técnicas
compensatórias, como o jardim de chuva (AHIABLAME et al, 2012).
Para combater os efeitos nocivos das ilhas de calor formadas em áreas
urbanas, é necessário equilibrar melhor o balanço térmico das cidades. Para tanto,
Santamouris (2012) aponta o aumento do albedo das áreas urbanas como uma das
técnicas mais importantes. Isto pode ser obtido através do aumento das áreas verdes
nas cidades ou de áreas com maior refletância. Akbari e Rose (2008) apontam que a
média de áreas de telhados para quatro regiões metropolitanas nos EUA (Chicago,
Houston, Sacramento e Salt Lake City) está entre 19 e 25 % das áreas das cidades.
No entanto, mesmo em cidades não muito adensadas, há valores mais altos de
ocupação por coberturas. É o caso de Irati - PR, no estudo apresentado por Lechiu et
al (2012), onde foi verificado que 33% da área estudada, localizada no centro da
cidade, era ocupada por telhados. Estes valores indicam que a ocupação por telhados
em uma cidade densamente ocupada, como é o caso de cidades europeias antigas,
pode possuir valores ainda mais elevados.
Em geral não há grandes áreas disponíveis para implantação de outras
técnicas, de modo que os telhados apresentam-se como uma ótima opção para focar
na diminuição do albedo global das áreas urbanas. Para tanto, podem ser utilizadas
basicamente duas técnicas: os telhados reflexivos, os quais pretendem aumentar o
albedo das coberturas, ou os telhados verdes. Ambas as tecnologias são capazes de
diminuir as temperaturas de sua superfície e, consequentemente, diminuir o fluxo de
calor emanado para a atmosfera. No entanto, Chen et al (2009) e Ng et al (2012)
indicam que telhados verdes em prédios altos conseguem diminuir de forma irrisória a
temperatura ambiente no nível do chão. Esta capacidade estaria relacionada à
proporção da altura dos prédios com a largura das ruas, de modo que se esta razão
for maior que 1, o efeito de diminuição das temperaturas é muito pequeno (NG et al,
2012). Já Wong et al (2003) indica que este efeito é significativo apenas para telhados
verdes situados em edificações de até 10 m de altura. A diminuição de temperatura

50
verificada nestes estudos com o uso de telhados verdes variou de 0,3 a 4,2 °C.
Em termos de equilíbrio energético, telhados verdes reduzem a variação diurna
das temperaturas nos edifícios, contribuindo para a conservação de energia em seu
interior (BERNDTSSON et al, 2006). Os benefícios relacionados à conservação de
energia quando da adoção de telhados verdes dependem do clima do local, do projeto
da cobertura verde e, especialmente, das características da construção. Considerando
que os benefícios em questão são principalmente gerados devido aos processos de
calor latente, estes são maiores em locais de clima seco. Da mesma forma, a rega do
telhado também influi na liberação do calor latente e na regulagem do balanço térmico
da cobertura. Paralelamente, as características do telhado verde definem o seu
coeficiente de transferência de calor para a edificação. O tipo de vegetação define a
sombra que esta oferece e o nível de transferência de radiação através das camadas
da cobertura. Para finalizar, edificações com bom isolamento térmico estão sujeitas a
uma menor influência dos benefícios térmicos possíveis de se obter com a adoção de
um telhado verde (SANTAMOURIS, 2012).
Comparando-se com telhados convencionais, a adoção de telhados verdes
pode resultar em economia de mais de 40% de energia (ALSUP et al, 2010). Parizotto
e Lamberts (2011) realizaram um estudo em Florianópolis, cidade brasileira que possui
clima temperado, onde verificaram os ganhos e perdas de calor no interior de uma
parte da casa com telhado verde, comparando-os com áreas com telhado cerâmico e
metálico. Para o período quente estudado, foram observadas diminuições nos ganhos
de calor de 92 e 97% quando comparado com os telhados cerâmico e metálico,
respectivamente. Da mesma forma, as perdas de calor foram 49 e 20% menores neste
período. Já no período frio, o telhado verde reduziu os ganhos de calor em 70 e 84% e
as perdas em 44 e 52% em comparação com os telhados cerâmico e metálico,
respectivamente. Estes resultados apontam para benefícios gerados pelo telhado
verde para o equilíbrio térmico e a eficiência energética das edificações em regiões de
clima temperado. Com relação aos benefícios relacionados à melhoria de conforto
térmico da edificação, Vecchia (2005) avaliou a temperatura interna de casas, no
município de São Carlos, comparando diferentes tipos de coberturas: cerâmica, aço
galvanizado, fibrocimento, laje de concreto e cobertura verde leve (CVL). A Tabela 12
apresenta as temperaturas máxima, média e mínima observadas no período de
estudo, de modo que fica evidente a melhoria do conforto térmico com o uso da CVL,
já que esta é capaz de diminuir em 5 °C a temperatura máxima, com relação ao ar
exterior. Para a região estudada, as temperaturas verificadas possibilitariam, inclusive,
a eliminação da necessidade de ventilação mecânica ou sistemas de condicionamento
de ar, o que resulta em uma economia significativa de energia elétrica.

51
Tabela 12 – Comparação das temperaturas internas do ar e da amplitude térmica para
diferentes sistemas de cobertura (VECCHIA, 2005).

Temperaturas (°C)
Telha Aço Laje de Ar externo
Fibrocimento CVL
cerâmica galvanizado concreto (referência)
Máxima 30,4 45,0 31,0 34,7 28,8 34,0
Média 24,1 26,5 24,5 27,1 22,4 27,2
Mínima 15,2 11,5 14,4 14,8 16,2 12,7
Amplitude
15,2 33,4 16,5 19,9 12,6 21,4
térmica

Os telhados verdes também apresentam benefícios acústicos para as cidades,


diminuindo os níveis de som próximo aos locais de implantação da estrutura. Yang et
al (2012) aponta que este efeito é especialmente válido quando se trata de telhados
verdes ao nível do solo, como no caso de coberturas de estacionamentos
subterrâneos, onde a vegetação faz uma barreira acústica diretamente no nível onde
os ruídos de tráfego são gerados. O mesmo autor também afirma que o tipo de
vegetação plantada sobre a estrutura é determinante para otimizar os resultados
obtidos, de modo que, utilizando-se vegetação com folhas podadas, seus estudos
apontaram para uma redução de apenas 4 kHz, enquanto que se este aspecto for
otimizado, a redução pode passar de 4 dB(A).
A vegetação pode também servir como um filtro passivo para a poluição
atmosférica das cidades, de modo que sua eficiência depende da localização da
estrutura (proximidade com a fonte de poluição) e do tipo de vegetação existente, já
que a retenção de poluentes pelas plantas está diretamente relacionada à macro e
micro morfologia de sua superfície (SPEAK et al, 2012). Currie e Bass (2008) também
apontam que telhados verdes intensivos são mais eficientes para a remoção de
poluentes do ar do que os extensivos. Yang et al (2008) verificou, para a cidade de
Chicago, uma remoção de 1675 kg de poluentes atmosféricos, como O3, NO2, SO2 e
partículas menores que 10 µm de diâmetro (PM10), por 19,8 ha de telhados verdes em
um ano. Um estudo em Toronto, realizado por Currie e Bass (2008) aponta que se
todos os telhados da cidade possuíssem vegetação, estes seriam capazes de remover
58 toneladas de poluentes atmosféricos.
Segundo Johnston e Newton (2004), o sucesso de um telhado verde está
diretamente relacionado ao seu planejamento na fase de projeto, onde devem ser
considerados os seguintes aspectos, de acordo com os objetivos vislumbrados para a
estrutura:
 Capacidade da construção de suportar o peso do telhado verde;

52
 Projeto da impermeabilização e do sistema de drenagem;
 Acessibilidade ao telhado, para manutenção e facilidade de levar
materiais necessários, como solo;
 Previsão do telhado verde desde o início do projeto.
As plantas escolhidas para compor uma cobertura verde devem ser
criteriosamente selecionadas, de modo a minimizar a necessidade de manutenção
periódica. Para tanto, espécies nativas do local de implantação da estrutura são mais
indicadas, pois já são adaptadas ao clima e solo do local, evitando, assim, a
necessidade de rega e adubação em situações normais. Esta escolha também
favorece a atração da fauna da região, valorizando o telhado verde como um habitat
(JOHNSTON & NEWTON, 2004). Os mesmos autores listam algumas características
importantes a serem consideradas na seleção das espécies:
 Plantas com porte condizente com o tipo de cobertura verde projetada e
com a capacidade de sustentação da construção. Telhados verdes
extensivos comportam apenas vegetação rasteira e pequenos arbustos,
enquanto os intensivos podem suportar até pequenas árvores;
 Raízes com desenvolvimento preferencialmente horizontal e que deem
suporte ao substrato;
 Capacidade de regeneração após longos períodos de secas ou chuvas
intensas;
 Rápido crescimento;
 Tolerância a solos rasos e pobres em nutrientes;
 Resistência a insolação direta por longos períodos.
Além dos aspectos acima citados, é importante que a escolha da vegetação
leve em consideração os objetivos de projeto do telhado verde, já que diferentes
características favorecem mais alguns ou outros benefícios. São exemplos, conforme
explicitado no decorrer do texto, que plantas com folhas maiores proporcionam mais
sombra e resultam em maiores benefícios térmicos. Estas mesmas características
também beneficiariam a evapotranspiração, melhorando a retenção de água pela
cobertura, e os efeitos acústicos. Grama e suculentas são plantas comumente
utilizadas em telhados verdes no Brasil, por se enquadrarem satisfatoriamente nos
critérios acima citados.
Para a composição do substrato, é necessário que se determine uma
espessura que seja suficiente para a vegetação selecionada e que seja suportada pela
estrutura da construção. O peso do substrato depende da sua composição, de modo
que Minke (2003) recomenda que o percentual de argila na mistura não ultrapasse os

53
20%. Além disso, o autor indica um percentual de 25 a 75% de materiais leves, com
granulometria menor que 16 mm de diâmetro. De outro modo, há atualmente diversas
pesquisas sobre materiais alternativos para compor o substrato do telhado verde.
Estes variam conforme seu enfoque, que pode ser: materiais reciclados, auxiliando na
solução do problema dos resíduos sólidos; baixo custo, podendo ser reciclado ou não,
com fins de uso em habitações de baixo custo, sendo estes leves e baratos; com
enfoque na máxima retenção de água; entre outros direcionamentos possíveis.
Molineux et al (2009) fez um experimento com quatro diferentes possibilidades
de substratos para telhados verdes gerados a partir da reciclagem de resíduos sólidos.
Os materiais analisados foram: tijolo vermelho triturado; argila e lodo de esgoto
sanitário (argila descartada de escavações, cinzas de processos de combustão e lodo
de esgoto); cinzas de jornais reciclados; e pó de calcário de pedreiras. Foram
realizados diversos testes físicos nos materiais, de modo a avaliar sua aptidão para
uso em coberturas verdes. Todos os materiais estudados foram caracterizados como
leves e seus ensaios de lixiviado se enquadraram na qualidade requerida pela
legislação local para água potável. O comportamento das diferentes misturas com a
adição de matéria orgânica variou. No entanto, em todos os casos foi verificada
diminuição do pH, o que favorece o crescimento das plantas do telhado. Finalizando,
os autores concluem que estes materiais são disponibilizados a baixos custos e
regionalmente, tendo grande potencial para serem incluídos comercialmente nos
projetos de telhados verdes e sendo favoráveis financeira e ambientalmente.
Outro estudo com mídias alternativas para os telhados verdes foi realizado por
Marcolino (2012). Seu foco era o de aproveitar resíduos de outros processos e utilizar
como substrato leve para telhados verdes em habitações de interesse social. A autora
verificou o desempenho de espécies da restinga brasileira em mídias de crescimento
compostas por bagaço de cana de açúcar e por fibra de coco verde. O bagaço de
cana é oriundo das cachaçarias, que também o utilizam para queima em caldeira, mas
ainda assim sobram resíduos. A fibra de coco é um problema de resíduos sólidos na
cidade do Rio de Janeiro, devido à grande quantidade gerada pela indústria
processadora de água de coco e pelos quiosques das praias. Este material não tem
nenhuma destinação em larga escala que não os aterros sanitários. O trabalho em
questão também visou obter um telhado verde de baixo peso e custo, para ser
aplicado em habitações de interesse social. Para tanto, o substrato foi aplicado
diretamente sobre a telha de fibrocimento já existente, apenas com um filme plástico
de 150 micra de espessura aditivado contra raios UV para impermeabilização. A
espécie estudada não se desenvolveu muito bem nos substratos verificados, sob a
hipótese de estes reterem muita água e permanecerem encharcados por muito tempo,

54
característica que a espécie de restinga estudada não está habituada. Uma sugestão
da autora é verificar o desempenho de espécies de manguezais ou de áreas alagadas
para os mesmos substratos.
Abaixo do substrato é necessário que seja implementado um eficiente sistema
de drenagem. O escoamento do excesso de água do telhado verde é importante para
que as raízes das plantas não apodreçam e para que não haja sobrecarga estrutural
desnecessária. A água acumulada também pode favorecer infiltrações nas edificações,
a deterioração da estrutura do telhado e a proliferação de vetores de doenças. O
sistema de drenagem pode ser composto por materiais granulares, como brita e argila
expandida, tubos perfurados, estruturas de plástico pré-fabricadas, ou mesmo
geotêxteis, com diferentes camadas que já fazem o papel de filtragem e transporte da
água simultaneamente, como a geomanta MacDrain 2L, da marca Maccaferri, utilizada
por Lopes (2007) em seu experimento. A camada filtrante entre o substrato e o sistema
drenante é essencial para que não ocorra colmatação do sistema e perda de massa
do substrato.
Entre o substrato e a estrutura da cobertura, é necessário que haja uma
camada impermeabilizante, a qual é fundamental para que a cobertura cumpra sua
função original, que é evitar a entrada de água na edificação. Para tanto, além da
impermeabilização convencional, dependendo da vegetação a ser implantada no
telhado verde e do tipo de impermeabilização da laje (caso o próprio concreto não seja
impermeabilizado), é necessária uma camada de proteção contra raízes. Todos os
sistemas de impermeabilização ou de proteção contra raízes devem ser tratados
contra raios UV. Caso seja necessária uma camada acima da impermeabilização para
a proteção contra as raízes, deve-se incorporar também uma camada de proteção a
danos mecânicos a estas camadas. A proteção mecânica pode ser executada através
de mantas não tecidas, tábuas, material laminado, tratamento da superfície ou leitos
de drenagem (FLL, 2002). Um exemplo de danos à impermeabilização devido à ação
das raízes é relatado por Minke (2003), que apresenta pesquisas com camadas
impermeabilizantes betuminosas e de PVC que foram perfuradas por raízes de
diversas plantas, devido à atividade microbiológica. A Figura 23 retrata exemplos dos
resultados dos experimentos relatados pelo autor. No entanto, mesmo com estes
resultados, Lopes (2007) indica a membrana termoplástica de PVC como uma
alternativa comum e extensamente usada na Alemanha para impermeabilização de
telhados verdes.

55
Figura 23 – Perfuração por raízes de superfícies impermeabilizadas com betume e PVC,
respectivamente (MINKE, 2003).

Na fase de projeto de um telhado verde, um profissional qualificado deve


avaliar o suporte estrutural necessário para implantação da estrutura. Se a edificação
for nova, qualquer capacidade de suporte pode ser projetada, dependendo das
características do telhado verde e do dinheiro disponível para sua implantação. No
entanto, para construções já existentes, deve-se avaliar a capacidade de suporte da
estrutura e ajustar as características de projeto da cobertura verde a esta capacidade.
Pode-se também estudar a viabilidade de reforço estrutural para implantação da nova
cobertura. A edificação deve ser capaz de sustentar o peso do solo saturado e da
vegetação, além do peso da cobertura em si e dos responsáveis pela manutenção do
telhado ou dos visitantes, em casos de coberturas verdes acessíveis. É importante
observar a carga pontual máxima admissível, situação crítica que pode ocorrer em
casos de armazenagem de materiais, por exemplo (MINKE, 2003).
A declividade de coberturas verdes pode chegar a 40%, sendo que quanto
maior a espessura do substrato, menor a declividade possível de ser adotada. Para
altas declividades, devem ser instalados tirantes horizontais, de modo a reter possíveis
deslizamentos em eventos de precipitação intensa. Neste sentido, Minke (2003) indica
a adoção de uma declividade máxima de 3% para as coberturas verdes, o que
minimizaria os custos de implantação, evitando a necessidade de técnicas especiais
de drenagem e de contenções para evitar deslizamentos.
A manutenção necessária para os telhados verdes varia de acordo com o tipo
de sistema adotado. Assim como em um jardim comum, dependendo da vegetação e
da espessura do substrato, são necessárias irrigação e poda periódicas. Para telhados
verdes que tenham como preocupação de projeto a qualidade da água efluente, é
recomendada a adoção de plantas que não necessitem adubação, para evitar que os

56
nutrientes contaminem a água. Lopes (2007) aponta que para coberturas com baixo
peso próprio, há pouca necessidade de manutenção depois de estabelecida a
vegetação. Nestes casos, dependendo do tipo de vegetação e do clima local, não há
necessidade sequer de rega e de poda. Para combater a aparição de ervas daninhas,
Lopes (2007) recomenda a adição de maiores proporções de minerais no substrato.
Caso isto não seja suficiente, podas de uma a duas vezes ao ano se farão
necessárias. Já Minke (2003) defende que a vegetação do telhado verde não deve ser
aparada, com o intuito de preservar a umidade do solo e de evitar a perda de matéria
orgânica. Segundo o autor, em casos de corte rente da vegetação é necessária
irrigação e adubação da cobertura para manter o equilíbrio ecológico. Além dos itens
já citados, a verificação periódica do funcionamento do sistema de drenagem e a
desobstrução quando necessário é importante para evitar acúmulo excessivo de água
e erosão no substrato. Em casos de eventuais perdas de substrato por erosão ou
ocorrência de morte de vegetação, o solo perdido ou área sem vegetação devem ser
rapidamente recompostos para evitar maiores danos à estrutura (GRISWOLD, 2010).
Com o objetivo de compilar as informações apresentadas sobre os telhados
verdes, é apresentada a Tabela 13.

57
Tabela 13 – Resumo das características dos telhados verdes.

Principais características
 São coberturas de edificações com vegetação;
 Repõem parte da vegetação extraída para a ocupação do terreno;
 Não requerem área extra para implantação;
 Requerem reforço estrutural da edificação;
 Podem ser extensivos (camada de substrato mais fina) ou intensivos (camada de
substrato mais espessa);
 Podem ser acessíveis, podendo ser utilizados para recreação, ou inacessíveis;
 Reduzem o escoamento superficial, aproximando o balanço hídrico do natural;
 Podem reduzir as dimensões e custos dos sistemas de drenagem tradicional,
devido à redução da vazão efluente;
 Valores entre 20 e 100% do total precipitado podem ser retidos pelos telhados
verdes;
 A espessura do substrato, inclinação do telhado e vegetação utilizada influenciam
diretamente na capacidade de retenção da cobertura;
 Proporcionam melhor equilíbrio térmico na edificação e área de entorno,
reduzindo o consumo de energia da edificação e as ilhas de calor das áreas
urbanas;
 A diminuição do consumo de energia pela edificação pode ultrapassar 40%;
 Reduzem a poluição sonora do entorno;
 Reduzem a poluição atmosférica;
 Disponibilizam habitat, favorecendo o aumento da biodiversidade;
 Disponibilizam área para agricultura urbana;
 A qualidade da água efluente do telhado verde está relacionada às suas
características de projeto e manutenção, devendo-se evitar a utilização de
fertilizantes.
Recomendações de projeto e cuidados necessários
 Telhado verde deve ser considerado desde o início do projeto;
 A estrutura deve suportar o peso do substrato saturado e da vegetação, além da
sua própria estrutura e das cargas necessárias para uso o pretendido;
 Deve ser garantido o acesso ao telhado verde, pelo menos para manutenção;
 A impermeabilização e o sistema de drenagem do telhado devem ser
cuidadosamente projetados, para que sejam eficientes;
 Escolher plantas que necessitem de pouca manutenção, irrigação e fertilização,
além de serem resistentes a secas, insolação direta e solos rasos;
 Diversos materiais podem ser utilizados na composição do substrato, como, por
exemplo, materiais reciclados;
 Deve ser implantada uma camada filtrante entre o substrato e o sistema de
drenagem;
 Sistema de drenagem pode ser composto por materiais granulares, tubos
perfurados, estruturas de plástico pré-fabricadas, ou mesmo geotêxteis;
 Deve ser implantada uma camada de proteção contra raízes e contra danos
mecânicos, para evitar prejuízos à impermeabilização do telhado. Estas camadas
devem ser protegidas contra raios UV;
 Para minimizar os custos do telhado verde, a sua inclinação máxima deve ser de
3%;
 Para combater as ervas daninhas, podem ser adicionados minerais ao substrato.
Caso não seja suficiente, podas eventuais serão necessárias;
 A vegetação deve ser mantida íntegra, de modo a preservar a umidade do solo,
evitar a erosão e a perda de matéria orgânica.

58
2.4 Pavimentos Permeáveis
Com o intuito de aumentar a permeabilidade, e, consequentemente, a
infiltração da chuva no solo, foram desenvolvidos diversos tipos de pavimentação
alternativa, como blocos de concreto, asfalto e concreto porosos. Os pavimentos
permeáveis são dispositivos de infiltração que possuem espaços livres na sua
estrutura por onde a água e o ar podem passar. Este tipo de pavimento possui uma
camada de agregados graúdos em sua base e sub-base, que facilita a percolação da
água e permite o armazenamento de parte do volume precipitado, reduzindo, assim, o
escoamento superficial. A camada de base granular funcionaria também como um
filtro, reduzindo a poluição da água que infiltra no solo (MARCHIONI & SILVA, 2011).
Em áreas densamente ocupadas, estacionamentos e o sistema viário podem
ocupar até 30% de toda a área da bacia de drenagem (BAPTISTA et al, 2005), o que
representa uma região significativa passível de implantação de pavimentos
permeáveis. A concepção tradicional de pavimentação tem por base a
impermeabilização. No entanto, a partir dos anos 1970, na Europa e na América do
Norte, os problemas hidrológicos relacionados à intensificação da urbanização aliados
a questões de segurança na circulação viária levaram a estudos sobre pavimentos
permeáveis. O seu uso operacional, entretanto, só foi iniciado a partir da década de
1980, em áreas de estacionamento, vias de pedestres e vias locais de pequeno porte.
Atualmente, há pavimentos permeáveis sendo utilizados inclusive em vias de tráfego
intenso. A utilização deste tipo de pavimentação em vias de circulação resulta em uma
melhoria da segurança e conforto, devido à diminuição do empoçamento de água,
melhoria da aderência, redução da aquaplanagem e redução do ruído de circulação
(BAPTISTA et al, 2005). O mesmo autor alega que devido ao aumento da adoção de
pavimentos permeáveis, seus custos de implantação já se assemelham aos de
pavimentos clássicos. Há ainda a vantagem de que os pavimentos permeáveis
resultam em diminuição das dimensões dos sistemas de drenagem tradicional,
reduzindo, portanto, seus custos.
De acordo com um levantamento de estudos realizado por Dietz (2007), a
pavimentação com bloquetes aponta para um volume de escoamento superficial
significativamente menor do que com asfalto comum. O autor encontrou estudos que
apontavam para infiltração total dos volumes precipitados com este tipo de pavimento.
No entanto, foram citados também estudos que resultaram em 72% de infiltração.
Segundo Ahiablame et al (2012), a redução média de runoff devido aos pavimentos
permeáveis é de 50 a 93%. Quanto maior o volume precipitado, menor seria o
percentual de diminuição do runoff devido à capacidade limitada de armazenamento

59
do substrato. Apesar destes resultados, mesmo em precipitações de volumes maiores,
o first flush, que é a parcela mais contaminante do escoamento superficial, infiltraria,
evitando, assim, que esta água fosse diretamente para os corpos d'água superficiais, o
que representa uma melhoria na qualidade da água escoada superficialmente. Araújo
et al (1999) realizaram um estudo dos escoamentos superficiais gerados por diferentes
tipos de pavimentos, permeáveis, semipermeáveis e impermeáveis. Os pavimentos
permeáveis analisados foram blocos vazados e concreto poroso, os quais resultaram
em coeficientes de escoamento superficial de 0,03 e 0,01 respectivamente. Estes
resultados indicam percentuais de geração de escoamento superficial inferiores ao de
áreas florestadas, onde o coeficiente de runoff varia entre 0,10 e 0,25 (BAPTISTA et al,
2005). O estudo de Araújo et al (1999) aponta ainda um coeficiente de escoamento
superficial de 0,66 para solo compactado, o que é muito superior ao obtido para os
pavimentos permeáveis e explicita um possível erro de projeto, ao considerar áreas
não pavimentadas como permeáveis. Considerando estes resultados, Marchioni e
Silva (2013) indicam a adoção de um coeficiente de escoamento superficial de 0,05
para pavimentos permeáveis.
A implantação de pavimentos permeáveis também resultaria em aumento da
recarga do lençol freático e em melhoria na qualidade da água infiltrada. Segundo
Baptista et al (2005), a grande eficiência desta técnica na remoção de poluentes da
água está relacionada a retenção dos sólidos suspensos pela estrutura, já que grande
parte dos poluentes encontra-se associada a sólidos em suspensão. Ahiablame et al
(2012) observaram redução da concentração de sólidos suspensos totais e de
nitrogênio e fósforo totais variando entre 0 e 94%. No entanto, verificou-se um
aumento da concentração de nitritos após a passagem pelo pavimento permeável.
Segundo os autores, isso pode ser resultado de condições aeróbias que viabilizariam
processos de nitrificação nos substratos dos pavimentos. Já Dietz (2007) aponta que
compostos de nitrogênio e fósforo não apresentaram constância na variação de suas
concentrações, de modo que não é possível afirmar que estas substâncias seriam
retidas pelos pavimentos permeáveis. O mesmo autor afirma que a concentração de
patógenos também não é minimizada, apesar de a passagem da água pelo substrato
resultar em melhoria de sua qualidade para a maioria dos contaminantes mais
comuns. Ahiablame et al (2012) observaram atenuações de concentrações de óleos e
de coliformes fecais e E. coli após a passagem por pavimentos permeáveis. A redução
de metais pela passagem através de pavimentos permeáveis variou entre 20 e 99%,
segundo estudos compilados pelos mesmos autores. No entanto, foi relatado também
que os metais se acumulam rapidamente na camada mais superficial do substrato do
pavimento permeável, de modo a aumentar o risco de contaminação de corpos

60
hídricos nos eventos seguintes de precipitação. Dessa forma, deve-se realizar
manutenção apropriada no sistema, além de atentar para a localização de implantação
do mesmo com relação a corpos hídricos e lençol freático.
Os pavimentos permeáveis podem ser compostos de blocos de concreto
vazados ou assentados com espaço entre os blocos para permitir a infiltração da água
ou de concreto ou asfalto porosos (Figura 24). Os blocos intertravados podem facilitar
a infiltração devido ao seu formato, com aberturas específicas para a percolação da
água, ou podem ser assentados com juntas alargadas (espaçamento entre 6 e 10
mm), de modo que a água infiltre através dessas juntas. Tanto para os blocos com
juntas alargadas quanto para aqueles com aberturas específicas para a passagem da
água, a área livre de pavimentação deve ser de 5 a 15% da área total pavimentada
(MARCHIONI & SILVA, 2013). Já os pavimentos de concreto permeável são
compostos por uma variação do concreto tradicional, onde as partículas mais finas
utilizadas na mistura são excluídas do preparo (Figura 25). A norma ACI 522R-06 apud
Marchioni e Silva (2013) estabelece o coeficiente de permeabilidade de 1,4 x 10-3 m/s
como mínimo para que o concreto seja considerado permeável.

Figura 24 – Pavimentos Permeáveis intertravados com diferentes mecanismos de


infiltração. A esquerda, peças de concreto com aberturas específicas para infiltração de
água; no centro, a infiltração ocorre pelas juntas de assentamento; a direita, peças de
concreto poroso (MARCHIONI & SILVA, 2011).

Figura 25 – Percolação através do concreto permeável (MARCHIONI et al, 2011).

61
Os pavimentos permeáveis mantêm a área útil do terreno, já que a área
pavimentada com esta tecnologia pode ser usada para quaisquer fins, e reduzem a
erosão, devido à proteção do solo exposto. O município de São Paulo, inclusive, prevê
na lei 13.276/2002 que os 30% de área permeável requeridos para áreas de
estacionamento podem ser compostos por pisos drenantes. Assim, os pavimentos
permeáveis são uma técnica compensatória cada vez mais difundida, já que não
requerem áreas adicionais para sua implantação. No entanto, é necessária uma
composição especial para assentamento de pavimentos permeáveis, para facilitar a
infiltração e retenção de água. A Figura 26 apresenta a seção tipo de um pavimento
permeável intertravado.

Figura 26 – Seção tipo de um pavimento permeável intertravado (MARCHIONI & SILVA,


2011).

O pavimento deve permitir a rápida passagem da água, a qual fica


temporariamente retida nas camadas de base e sub-base. Para tanto, a camada de
assentamento, a base e a sub-base devem ser compostas de material com uma
granulometria específica, com baixo percentual de finos. Esta composição favorece a
percolação da água e minimiza a colmatação do subleito. Marchioni e Silva (2011)
apresentam uma composição granulométrica recomendada para camadas de
assentamento e material de rejunte (Tabela 14) e para camadas de sub-base e base
(Tabela 15) de pavimentos permeáveis. Os mesmos autores recomendam que a
camada de assentamento tenha 5 cm, a qual tem a função de uniformizar a superfície
para assentamento das peças de concreto. A camada de base deve ter 10 cm e a sub-
base terá como dimensão a diferença entre a altura de base granular projetada e os
10 cm da camada de base. O rejunte pode ser realizado com o mesmo agregado
utilizado na camada de assentamento, mas o material também pode ser mais fino,
para garantir o preenchimento das juntas. Devido a estas possibilidades, são

62
apresentadas duas composições granulométricas para o material de rejunte na Tabela
14, sendo a da esquerda, mais semelhante ao material do assentamento, e a da
direita, composta de material com granulometria mais fina, para juntas menores.

Tabela 14 – Granulometria recomendada para camadas de assentamento e material de


rejunte para pavimentos permeáveis (MARCHIONI & SILVA, 2011).

Camada de assentamento e
Peneira com Material de rejunte (%
material de rejunte (%
abertura de malha retida)
retida)
12,5 mm 0 0
9,5 mm 0 a 15 0 a 10 0
4,75 mm 70 a 90 45 a 80 0 a 15
2,36 mm 90 a 100 70 a 95 60 a 90
1,16 mm 95 a 100 90 a 100 90 a 100
0,30 mm 95 a 100 05 a 100

Tabela 15 – Granulometria recomendada para camadas de sub-base e base de


pavimentos permeáveis (MARCHIONI & SILVA, 2011).

Peneira com abertura de


Sub-base (% retida) Base (% retida)
malha
75 mm 0
63 mm 0 a 10
50 mm 30 a 65
37 mm 85 a 100 0
25 mm 0a5
19 mm 95 a 100
12,5 mm 40 a 75
4,75 mm 90 a 100
2,36 mm 95 a 100

Após a passagem pela base e sub-base, a água chega ao subleito, onde


ocorre de fato a infiltração no solo. Dependendo do coeficiente de permeabilidade do
solo, das características pluviométricas da região e do risco de contaminação do lençol
freático, escolhe-se o tipo de infiltração do sistema, que pode ser total, parcial ou sem
infiltração (Figura 27).

63
Figura 27 – Tipos de sistemas de infiltração (MARCHIONI & SILVA, 2011).

No sistema de infiltração total, o subleito tem capacidade de absorção de toda


a água drenada pelo pavimento. Este sistema deve ser utilizado apenas quando não
houver risco de contaminação do lençol freático pelos poluentes carreados pelo
escoamento superficial. Para evitar o risco de contaminação, os mesmos cuidados
tomados para o jardim rebaixado e os jardins de chuva devem ser considerados. Nos
sistemas de infiltração parcial ou sem infiltração é utilizada uma tubulação de
drenagem para auxiliar no esgotamento da água da sub-base. O sistema de infiltração
parcial é utilizado quando no projeto verifica-se que a base e sub-base aliadas ao
subleito não tem capacidade de retenção e infiltração suficientes para absorver a
chuva de projeto, de modo que parte da água infiltra e o restante é drenado pelos
tubos de drenagem. Já o sistema sem infiltração é recomendado quando o solo do
local apresenta permeabilidade muito baixa ou em locais poluídos, onde há risco de
contaminação do lençol freático. Quando houver risco de contaminação da água
subterrânea, deve ser instalada uma membrana impermeável na base da estrutura.
Para verificar a necessidade de tubulação de drenagem na sub-base dos pavimentos
permeáveis, Marchioni e Silva (2011) indicam a adoção de um tempo máximo de
armazenamento de água na sub-base de 72 horas, que tem por objetivo evitar a perda
de suporte do pavimento devido a saturação do solo. Considerando este critério, a
Equação 3 fornece a altura máxima da base granular passível de ser adotada no
projeto (hmáx).

Ts
hmáx  f  Equação 3
Vr

Onde:
hmáx = altura máxima da base granular permitida para evitar perda de suporte
do pavimento, em metros;
f = coeficiente de permeabilidade do solo, em m/h (apresentado no item 2.2

64
deste trabalho);
Ts = tempo máximo de armazenamento de água, recomendado de 72 h por
Marchioni e Silva (2011);
Vr = porosidade do agregado.

A altura de base granular necessária para armazenamento e infiltração de todo


o escoamento gerado pela chuva de projeto (hb) é calculado através da Equação 4.

P  R  P  f T
hb  Equação 4
Vr

Onde:
hb = altura de projeto da base granular, em metros;
R = quociente da área de contribuição e da área do pavimento permeável;
P = altura da chuva de projeto, em metros;
f = coeficiente de permeabilidade do solo, em m/h (apresentado no item 2.2
deste trabalho);
T = tempo de enchimento do reservatório, recomendado de 2 h por Marchioni e
Silva (2011);
Vr = porosidade do agregado.

Caso a altura da base granular necessária (hb) seja maior que a altura máxima
permitida (hmáx) para manter o suporte do pavimento, será necessária a adoção de
tubulação de drenagem complementar. Neste caso, a tubulação deverá ser
dimensionada para drenar o volume de água que não poderá ser armazenado pela
diferença das alturas de base granular projetada (hb) e máxima permitida (hmáx). Outro
parâmetro que pode levar à adoção de tubos de drenagem é quando a altura da base
granular projetada resultar em uma profundidade da base da estrutura no solo situada
a menos de 0,6 m do lençol freático.
Os pavimentos permeáveis requerem manutenção periódica para manter sua
eficácia na infiltração e remoção de poluentes, de modo a evitar a colmatação do
subleito. Estudos apontam que este fenômeno ocorre principalmente na camada mais
superficial do substrato (DIETZ, 2007). No entanto, mesmo com o substrato
colmatado, a capacidade de infiltração com esse tipo de pavimentação ainda é
significativamente maior do que com concreto ou asfalto comuns. Marchioni e Silva
(2013) indicam que no dimensionamento de pavimentos permeáveis seja aplicado um
fator de redução de 80% no coeficiente de permeabilidade, de modo a prever a futura
colmatação do sistema ao longo de sua vida útil. Além disso, ICPI (2008) orientam a

65
realizar inspeção, varrição e aspiração ao menos uma ou duas vezes por ano em
locais com pavimentos permeáveis, de modo a remover as partículas finas que
resultam na colmatação do sistema. No entanto, o mesmo trabalho relata casos em
que não foi feita nenhuma manutenção periódica no sistema por anos e, mesmo
assim, este manteve a capacidade de infiltração adequada. Já Baptista et al (2005)
indica o uso de jatos d`água de alta pressão ou aspiração para limpeza dos poros
superficiais apenas uma vez a cada 5 anos. O autor também afirma que grande parte
dos poluentes fica retida nos primeiros centímetros da estrutura, as quais podem ser
substituídas para restauração da capacidade de infiltração. Ele ainda cita exemplos de
aplicação de uma manta geotêxtil na superfície da base granular, de modo que esta
reteria parte dos sólidos suspensos e poderia ser trocada quando necessário, sem
afetar o corpo da estrutura. Em pavimentos intertravados, em casos de ocorrência de
derramamento acidental de grandes quantidades de partículas finas, ICPI (2008) alega
ser possível a utilização de um aspirador potente para remoção dessas partículas do
sistema. Isto não é possível em pavimentos compostos por concreto ou asfalto
permeáveis.
Com o objetivo de compilar as informações apresentadas sobre os pavimentos
permeáveis, é apresentada a Tabela 16.

66
Tabela 16 – Resumo das características dos pavimentos permeáveis.

Principais características
 Baixo coeficiente de escoamento superficial;
 Possui um leito granular, responsável pelo armazenamento temporário de água,
para promover a infiltração no solo;
 Leito granular funciona como um filtro, melhorando a qualidade da água
infiltrada;
 Pode ser implantada nas áreas pavimentadas e sistemas viários, não requerendo
área extra;
 Resulta em maior conforto e segurança quando usado em vias de circulação;
 Evita a erosão do solo;
 Os custos dos pavimentos permeáveis já se equiparam aos dos pavimentos
clássicos;
 A adoção de pavimentos permeáveis pode reduzir os custos de implantação da
drenagem tradicional, por diminuir as dimensões necessárias;
 Os pavimentos permeáveis podem ser de concreto ou asfalto porosos, ou
compostos por blocos intertravados ou vazados;
 Os concretos ou asfaltos porosos não possuem as partículas mais finas em sua
composição;
 A base da estrutura deve estar no mínimo 0,6 m acima do limite superior do
lençol freático.
Recomendações de projeto e cuidados necessários
 Coeficiente de escoamento superficial de pavimentos permeáveis varia de 0,0 a
0,28;
 Os blocos intertravados devem ter de 5 a 15% da área total pavimentada
composta por juntas ou aberturas específicas para a passagem da água;
 A camada de assentamento deve ter 5 cm de espessura e a de base, 10 cm;
 Para determinação da capacidade de infiltração no solo, pode ser usada a
condutividade hidráulica do solo a saturação;
 Pode ser adotado um coeficiente de segurança de 0,8 para a infiltrabilidade do
solo, considerando, assim, uma eventual colmatação futura, apesar de esta
necessidade não ser unânime na literatura;
 Deve ser realizada limpeza periódica da área de entorno do pavimento
permeável, de modo a evitar a entrada de partículas finas na estrutura;
 Pode ser implantada uma manta geotêxtil na superfície da base granular, para
evitar a entrada de partículas finas e facilitar a sua manutenção;
 Não é recomendada a adoção de técnicas de infiltração em locais onde o solo
tenha taxa final de infiltração maior que 1,67x10-5 m/s ou menor que 10-7 m/s;
 Sistema de infiltração do sistema pode ser total, parcial ou sem infiltração;
 O tempo máximo de armazenamento de água na sub-base deve ser de 72 horas,
para evitar a perda de suporte do pavimento.

67
3. METODOLOGIA
A parte inicial deste trabalhou contemplou uma contextualização do estado da
arte das técnicas compensatórias estudadas. Isto possibilitou a consolidação de
conceitos e direcionamento de critérios para a segunda parte do trabalho, que visa
validá-los através de simulações computacionais. Estas simulações serão divididas em
duas etapas distintas, porém complementares.
A primeira etapa das simulações pretende avaliar, em escala de lote, os
impactos de diferentes técnicas compensatórias individualmente para condições pré-
estabelecidas. Esta fase deve fornecer subsídios para a segunda etapa das
simulações, a qual pretende verificar o impacto dessas técnicas combinadas de forma
otimizada também na escala de lote. Todos os cenários foram avaliados para diversas
chuvas de projeto, variando de intensidade e duração, de modo a potencializar a
avaliação de seus resultados no âmbito da bacia hidrográfica e permitir fornecer um
leque de alternativas, para diferentes configurações físicas de bacias. Uma terceira
etapa, não prevista neste trabalho, mas importante sob o ponto de vista de avaliação
do sistema, e proposta para trabalhos futuros, se refere à simulação das medidas em
escala de lote, especializadas para o contexto da bacia.

3.1 Caracterização dos lotes


O loteamento a ser estudado é resultado de um projeto elaborado pelos alunos
Diego Alves de Melo e Juliana Martins Bahiense em seus trabalhos da disciplina de
Urbanismo, no curso de graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal do
Rio de Janeiro, e dissertação de mestrado no Programa de Engenharia Civil da
COPPE/UFRJ (BAHIENSE, 2013), respectivamente.
A área proposta para o loteamento situa-se no bairro de Guaratiba, na Área de
Planejamento n° 5 (AP-5) e na XXVI Região Administrativa (XXVI RA), zona oeste da
cidade do Rio de Janeiro. O Decreto n° 332 de 1976 define o Regulamento de
Zoneamento do Município e enquadra a área em questão na Zona Residencial do tipo
4 (ZR-4), na qual é permitido o uso da área para fins residenciais unifamiliares ou
multifamiliares. Com base nisto, foi proposto um loteamento com fins
predominantemente residenciais, mantendo os limites atuais do terreno e buscando-se
a formação de quadras regulares e com lotes o mais padronizado possível
(BAHIENSE, 2013). De acordo com o Quadro II do Regulamento de Zoneamento, que
indica a categoria correspondente às dimensões mínimas dos lotes permitidos nas

68
diversas zonas de cada Região Administrativa, os lotes existentes na ZR-4 da XXVI
RA devem se enquadrar à 6a categoria. O Regulamento de Parcelamento da Terra,
aprovado pelo Decreto “E” nº 3.800 de 1970, determina as dimensões mínimas para
os lotes segundo sua categoria, assim como para os logradouros conectados às suas
testadas, os quais são apresentados na Tabela 17 para os lotes de 6a categoria.

Tabela 17 – Dimensões mínimas para um lote de 6ª categoria e logradouros conectados


à sua testada (RIO DE JANEIRO, 1970).

Lote
Testada 9m
Área 225 m²
Logradouro
Largura total 12 m
Largura da caixa de rolamento 6m

O Regulamento de Parcelamento da Terra estabelece ainda outros critérios a


serem seguidos, entre eles de que as calçadas de ambos os lados de uma via devem
ter a mesma largura, nunca inferior a 1,5 m.
No entanto, complementarmente à legislação já apresentada, foram adotados
os parâmetros mais restritivos propostos pelo Projeto de Estruturação Urbana (PEU)
das Vargens para o projeto de loteamento, visto que ainda não há um PEU para a área
em questão e a área das Vargens e Guaratiba apresentam características
semelhantes em termos de ocupação. O PEU das Vargens, instituído pela Lei
Complementar no 104 de 2009, estabelece para uma Zona Residencial Unifamiliar
uma testada mínima de 15 m e uma área mínima de 600 m² para o lote. Esta mesma
lei define uma área permeável mínima de 30% do lote. Adicionalmente, de acordo com
o Regulamento de Zoneamento do município, modificado pelo Decreto no 5.280 de
1985, zonas residenciais da XXVI RA devem preservar uma área livre mínima de 50%
do lote. Esta área livre corresponde à área não construída do lote, não sendo,
necessariamente, permeável.
Considerando os aspectos acima apresentados e visando avaliar uma situação
mais provável (relativa a uma urbanização compatível com a que se verifica hoje na
região) e também uma situação mais desfavorável em termos de drenagem, adotou-se
um lote padrão de 600 m² de área, com 15 m de testada, sendo que, desta área, 50%
seria edificada e 30% (mínimo legal) seria mantida permeável, restando 20% da área a
ser pavimentada, mas não edificada.
Além das dimensões do lote, foram avaliadas as dimensões da calçada e das
vagas de estacionamento situadas na frente de cada lote. Para tanto, utilizou-se o

69
estabelecido pelo Regulamento de Zoneamento para dimensionamento das calçadas.
As vagas de estacionamento foram mensuradas com valores usuais de projeto. As
calçadas foram previstas com 2 m de largura, de modo que sobraria 0,5 m além do
mínimo da legislação para aplicação de alguma técnica compensatória. Na frente de
cada lote foram reservados 3 m de largura para entrada e saída de veículos. As vagas
de estacionamento foram dimensionadas com 5,7 m de comprimento por 2,4 m de
largura, o que atende a veículos de pequeno e médio portes, mais usuais em áreas
residenciais.
Estas foram as dimensões adotadas para o lote padrão e para o sistema viário
adjacente estudados neste trabalho. A Figura 28 apresenta um esquema de dois lotes
(que formam uma espécie de “unidade básica” a ser replicada), suas calçadas
adjacentes e áreas de estacionamento, objetos de aplicação das técnicas
compensatórias propostas nesse estudo.

70
Figura 28 – Lotes, calçadas e estacionamento adjacentes a serem considerados nas
simulações.

Com base nesta configuração, as dimensões de áreas com diferentes usos


para cada lote, calçada e estacionamento são as apresentadas na Tabela 18. As áreas
5 e 6 se referem a áreas “extras”, além do limite mínimo exigido pela legislação e
pelos usos previstos. Estas áreas estariam disponíveis para a implantação de técnicas

71
compensatórias que requeiram área adicional. Nos cenários onde não forem
consideradas técnicas deste tipo, estas áreas serão somadas às calçadas e
estacionamentos, respectivamente.

Tabela 18 – Dimensões de cada lote ou unidade de calçada e estacionamento.

Área 1 Edificação 300 m²


Área 2 Área impermeável do lote 120 m²
Área 3 Área permeável do lote 180 m²
Área 4 Calçada de 2 lotes 48 m²
Área 5 Calçada extra de 2 lotes 12 m²
Área 6 Área entre vagas de estacionamento de 2 lotes 2,88 m²
Área 7 Estacionamento de 2 lotes 69,12 m²

3.2 Chuvas de projeto


As chuvas de projeto utilizadas para as simulações na escala de lote
pretendem abranger uma ampla variedade de possibilidades reais de eventos
pluviométricos, avaliando-se, assim, o comportamento das técnicas compensatórias
em drenagem urbana em diversas situações, olhando também, e principalmente, para
o efeito na escala da bacia.
Neste trabalho foram estudados eventos com períodos de recorrência de 10 e
25 anos, os quais são usualmente utilizados para projetos de drenagem urbana, na
concepção de projetos de micro e macrodrenagem, respectivamente. Foram adotadas
chuvas com durações de 1, 3, 6 e 12 horas, de modo a contemplar as chuvas críticas
de bacias hidrográficas de variadas dimensões. A intensidade pluviométrica foi
calculada com base na curva de intensidade x duração x frequência (IDF) de Campo
Grande, disponibilizada pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e que tem em sua
área de influência o bairro de Guaratiba, onde situa-se o loteamento estudado. Foi
utilizado o Método dos Blocos Alternados para a distribuição temporal das chuvas de
projeto com blocos de duração de 10 minutos. A curva IDF de Campo Grande é
apresentada pela Equação 5.

aTR b
i Equação 5
(t  c) d

Onde:
i = intensidade da chuva, em mm/h;
TR = tempo de recorrência, em anos;
t = tempo de duração da precipitação, em minutos;
a, b, c, d = coeficientes definidos de acordo com o posto pluviométrico que

72
forneceu os dados para elaboração da curva. No caso do posto de Campo Grande,
estes coeficientes são os apresentados na Tabela 19.

Tabela 19 – Coeficiente da curva IDF de Campo Grande.

a b c d
891,6 0,18 14 0,689

As chuvas de projeto com duração de 1 hora para os períodos de recorrência


de 10 e 25 anos são apresentadas na Figura 29. A Figura 30 apresenta os
hietogramas de projeto para a duração de 3 horas. As chuvas de 6 horas são
apresentadas na Figura 31 e as de 12 horas na Figura 32. Independentemente da
duração das chuvas, a intensidade máxima é única para cada período de recorrência,
sendo esta de 151,08 mm/h para TR = 10 anos e de 178,17 mm/h para TR = 25 anos.

Hietograma de projeto
Duração: 1 hora
35 210
178,17 mm/h
30 180

Precipitação (mm/h)
Precipitação (mm)

25 150
151,08 mm/h
20 120
15 90
10 60
5 30
0 0
10 20 30 40 50 60
Tempo (min)

TR = 25 anos TR = 10 anos

Figura 29 – Hietograma de projeto de duração de 1 hora.

73
Hietograma de projeto
Duração: 3 horas
35 210
178,17 mm/h
30 180

Precipitação (mm/h)
Precipitação (mm)

25 150
151,08 mm/h
20 120
15 90
10 60
5 30
0 0
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180
Tempo (min)

TR = 25 anos TR = 10 anos

Figura 30 – Hietograma de projeto de duração de 3 horas.

Hietograma de projeto
Duração: 6 horas
35 210

30 178,17 mm/h 180

Precipitação (mm/h)
Precipitação (mm)

25 150
151,08 mm/h
20 120

15 90

10 60

5 30

0 0
10 30 50 70 90 110 130 150 170 190 210 230 250 270 290 310 330 350
Tempo (min)

TR = 25 anos TR = 10 anos

Figura 31 – Hietograma de projeto de duração de 6 horas.

74
Hietograma de projeto
Duração: 12 horas
35 210
178,17 mm/h
30 180

Precipitação (mm/h)
Precipitação (mm)

25 150
151,08 mm/h
20 120

15 90

10 60

5 30

0 0

610
100
130
160
190
220
250
280
310
340
370
400
430
460
490
520
550
580

640
670
700
10
40
70

Tempo (min)

TR = 25 anos TR = 10 anos

Figura 32 – Hietograma de projeto de duração de 12 horas.

A ampla gama de chuvas de projeto simuladas contempla análises de


respostas relacionadas a micro e macrodrenagens, devido à variação da intensidade e
do volume precipitados (variação a duração da chuva). A intensidade máxima da
chuva deve ser comportada pela rede de drenagem. Já o volume total precipitado,
deve se direcionar o dimensionamento da capacidade das técnicas compensatórias
que demandam armazenagem. Isto ocorre devido aos efeitos cumulativos da
drenagem de uma bacia hidrográfica.

3.3 Método chuva-vazão


As conversões de chuva em vazão foram realizadas pelo Método Racional.
Considerando-se o tipo de solo da região e os valores utilizados por Bahiense (2013)
para que os resultados destes dois trabalhos possam ser utilizados de forma
complementar, adotou-se os coeficientes de escoamento superficial (C) da Tabela 20,
para os diferentes tipos de uso do solo:

Tabela 20 – Coeficientes de escoamento superficial (C) do Método Racional (BAHIENSE,


2013).

Área verde 0,30


Área impermeável do lote 0,80
Área de rua 0,95

75
3.4 Cenários de simulação
As simulações foram realizadas em duas etapas distintas. Na primeira foram
simuladas técnicas compensatórias aplicadas individualmente aos lotes, calçadas e
estacionamentos. As técnicas avaliadas foram: reservatórios de lote, jardins
rebaixados, telhados verdes, pavimentos permeáveis e jardins de chuva. Os
parâmetros de cada técnica foram variados de modo a verificar os extremos possíveis
para sua aplicação, fornecendo balizadores para os cenários combinados e para a
utilização dos resultados deste estudo em situações reais.
A segunda etapa das simulações contempla a combinação de técnicas
compensatórias avaliadas na primeira etapa e foi planejada com base nos resultados
obtidos nas simulações das técnicas individuais. As combinações foram otimizadas
com o objetivo de fornecer parâmetros balizadores para eventuais usos futuros,
contemplando objetivos possíveis de serem atingidos na prática e combinações
viáveis de serem implantadas em lotes reais.
Todos os cenários, tanto de técnicas simuladas individualmente quando
combinadas, foram avaliados para as oito chuvas de projeto já apresentadas (TR de
10 e 25 anos, com durações de 1, 3, 6 e 12h), o que permite o uso dos resultados
deste estudo para embasar avaliações em diversas outras situações possíveis,
inclusive em bacias hidrográficas de grande porte, permitindo rapidamente avaliar
áreas e volumes preliminares necessários para o projeto. Essa compilação pretende
ser uma referência de concepção ou pré-projeto para sistemas de drenagem
sustentável, no nível do lote, mas com resultados efetivos para a escala da bacia.

76
4. RESULTADOS DOS CENÁRIOS DE TÉCNICAS
INDIVIDUAIS
As simulações deste trabalho foram realizadas para a escala de lote e
considerando as oito chuvas de projeto apresentadas nos itens anteriores. Os cenários
estudados de técnicas compensatórias aplicadas individualmente nos lotes são
apresentados na Tabela 21.

Tabela 21 – Cenários de técnicas individuais simulados para a escala de lote.

Técnica Cenário Proposta


- 0 Situação natural. Área 100% permeável.
Ocupação convencional. Lote 70% impermeável. Calçada e
- 1
estacionamento totalmente impermeabilizados.
2.1 Recuperar vazão natural.
2.2 Reservatório da legislação municipal.
Reservatório Volume da legislação com otimização do orifício de fundo, para não
2.3
de lote extravasar.
Propor percentual “ideal” de amortecimento de vazão de pico e
2.4
otimizar volume do reservatório e orifício de fundo.
Altura de rebaixo de 30% do lote necessária para que este não
3.1
contribua para a rede de drenagem.
Rebaixo de 10 cm e área permeável necessária para anular a
Jardim 3.2
contribuição do lote para a rede de drenagem.
rebaixado
3.3 Rebaixo de 10 cm em 30% do lote.
Altura de rebaixo de 30% do lote para que este libere apenas a
3.4
vazão natural.
Telhado verde ocupa 20% da área edificável do lote. Substrato
4.1
pequeno e grama.
Telhado verde ocupa 20% da área edificável do lote. Substrato
4.2
maior e arbustos.
Telhado verde
Telhado verde ocupa 50% da área edificável do lote. Substrato
4.3
pequeno e grama.
Telhado verde ocupa 50% da área edificável do lote. Substrato
4.4
maior e arbustos.
Altura de reservatório do pavimento necessário para absorver a
5.1
água que cai sobre sua própria área e liberar apenas vazão natural.
Pavimento
Altura de reservatório do pavimento necessário para absorver a
permeável
5.2 água que cai sobre sua própria área e a dos 2 lotes adjacentes sem
nenhuma outra medida aplicada, liberando apenas a vazão natural.
Calçada contribui para jardim de chuva da calçada. Altura de rebaixo
6.1
e leito granular necessários para absorver a água afluente.
Estacionamento contribui para o seu jardim de chuva. Altura de
Jardim de 6.2
rebaixo e leito granular necessários para absorver a água afluente.
chuva
Todo o lote contribui para jardim de chuva em 30% do lote com 10
6.3 cm de rebaixo e altura de leito granular necessária para anular a
contribuição do lote para a rede de drenagem.

77
4.1 Cenário 0 – Situação natural
O Cenário 0 visa representar a situação do lote e da área de calçada e
estacionamento antes de sua ocupação. Para tanto, a área foi considerada como
totalmente permeável e foram calculadas, através do Método Racional, as vazões
efluentes de cada sub-área do lote, da calçada e do estacionamento. Estas sub-áreas
foram divididas de acordo com a ocupação padrão prevista para as simulações.
Os resultados deste cenário foram divididos entre as vazões efluentes do lote e
as vazões efluentes da área pública (calçada e estacionamento). Os resultados para
as diversas chuvas de projeto das vazões efluentes do lote são apresentados nas
Figura 33 e Figura 34. Independentemente da duração total da chuva, considerando-
se o TR = 10 anos, a vazão máxima efluente do lote foi de 0,007554 m³/s. Já para o
TR = 25 anos, a vazão máxima efluente do lote foi de 0,008908 m³/s. Destaca-se que
a utilização de chuvas com diferentes durações tem relação com a verificação das
soluções de armazenagem, as quais são dependentes também do volume total
precipitado, além da própria vazão de pico. A área drenada do lote é de 600 m².

Cenário 0 - Situação natural - lote


TR de 10 anos
0,0100
0,0090
0,0080
0,0070
0,007554 m³/s
Vazão (m³/s)

0,0060
0,0050
0,0040
0,0030
0,0020
0,0010
0,0000
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750

Tempo (min)

1 hora 3 horas 6 horas 12 horas

Figura 33 – Hidrogramas efluentes do lote no Cenário 0 para TR = 10 anos.

78
Cenário 0 - Situação natural - lote
TR de 25 anos
0,0100
0,0090
0,008908 m³/s
0,0080
0,0070
Vazão (m³/s)

0,0060
0,0050
0,0040
0,0030
0,0020
0,0010
0,0000
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750

Tempo (min)

1 hora 3 horas 6 horas 12 horas

Figura 34 – Hidrogramas efluentes do lote no Cenário 0 para TR = 25 anos.

Para as áreas públicas adjacentes a dois lotes padrão, os resultados obtidos


foram de vazão máxima efluente, para TR = 10 anos, de 0,001662 m³/s e, para TR =
25 anos, de 0,001960 m³/s para todas as durações de chuva consideradas. Neste
caso, a área de drenagem é de 132 m². A Figura 35 e a Figura 36 apresentam os
gráficos equivalentes a este cenário para todas as chuvas de projeto.

Cenário 0 - Situação natural - área pública


TR de 10 anos
0,0020

0,0018
0,001662 m³/s
0,0015
Vazão (m³/s)

0,0013

0,0010

0,0008

0,0005

0,0003

0,0000
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750

Tempo (min)

1 hora 3 horas 6 horas 12 horas

Figura 35 – Hidrogramas efluentes das áreas públicas no Cenário 0 para TR = 10 anos.

79
Cenário 0 - Situação natural - área pública
TR de 25 anos
0,0020
0,001960 m³/s
0,0018

0,0015
Vazão (m³/s)

0,0013

0,0010

0,0008

0,0005

0,0003

0,0000
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750

Tempo (min)

1 hora 3 horas 6 horas 12 horas

Figura 36 – Hidrogramas efluentes das áreas públicas no Cenário 0 para TR = 25 anos.

4.2 Cenário 1 – Ocupação convencional


O Cenário 1 considerou a ocupação menos favorável possível dentro do
permitido pela legislação local. Ou seja, o lote teria 70% de sua área impermeabilizada
e as calçadas e estacionamento seriam totalmente pavimentados.
Da mesma forma que para o Cenário 0, neste cenário os resultados foram
divididos entre as vazões efluentes do lote e as vazões efluentes da área pública. Os
resultados para as diversas chuvas de projeto das vazões efluentes do lote são
apresentados nas Figura 37 e Figura 38. Para todas as durações de chuva, para o TR
= 10 anos, a vazão máxima efluente do lote foi de 0,016367 m³/s. Já para o TR = 25
anos, a vazão máxima efluente do lote foi de 0,019302 m³/s. Estes valores
representam um aumento de 2,17 vezes com relação à vazão máxima natural efluente
para a área do lote, que é de 600 m².

80
Cenário 1 - Ocupação convencional - lote
TR de 10 anos
0,0200
0,0180
0,016367 m³/s
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750

Tempo (min)

1 hora 3 horas 6 horas 12 horas

Figura 37 – Hidrogramas efluentes do lote no Cenário 1 para TR = 10 anos.

Cenário 1 - Ocupação convencional - lote


TR de 25 anos
0,0200
0,0180
0,019302 m³/s
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750

Tempo (min)

1 hora 3 horas 6 horas 12 horas

Figura 38 – Hidrogramas efluentes do lote no Cenário 1 para TR = 25 anos.

Para as áreas públicas, as vazões efluentes para as diversas chuvas de projeto


são apresentadas nas Figura 39 e Figura 40. A vazão máxima efluente das áreas
públicas para o TR = 10 anos foi de 0,004857 m³/s. Para o TR = 25 anos, a vazão
máxima efluente do lote foi de 0,005728 m³/s, o que significa um aumento de 2,92
vezes a vazão natural máxima efluente para a área total drenada, que neste caso é de
132 m².

81
Cenário 1 - Ocupação convencional - área pública
TR de 10 anos
0,0060

0,0050
0,004857 m³/s
0,0040
Vazão (m³/s)

0,0030

0,0020

0,0010

0,0000
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750

Tempo (min)

1 hora 3 horas 6 horas 12 horas

Figura 39 – Hidrogramas efluentes das áreas públicas no Cenário 1 para TR = 10 anos.

Cenário 1 - Ocupação convencional - área pública


TR de 25 anos
0,0060
0,005728 m³/s
0,0050

0,0040
Vazão (m³/s)

0,0030

0,0020

0,0010

0,0000
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750

Tempo (min)

1 hora 3 horas 6 horas 12 horas

Figura 40 – Hidrogramas efluentes das áreas públicas no Cenário 1 para TR = 25 anos.

4.3 Cenários 2 – Reservatório de lote


Os reservatórios de detenção em lote foram estudados em quatro diferentes
cenários neste trabalho, de modo a verificar seu comportamento e dimensionamento
em situações consideradas extremas e buscar sua otimização em termos de
desempenho hidráulico. A altura do reservatório foi fixada em 1 m para todos os
cenários que envolvam reservatórios de lote, variando-se apenas a sua área, para

82
ajustar o volume necessário. Esta altura é considerada aceitável para ser escavada no
terreno e, em geral, não deve inviabilizar o transporte da água do orifício de fundo por
gravidade para a rede pública de drenagem. Os reservatórios receberam a água
superficial escoada da área impermeável do lote, que totaliza 420 m².
O Cenário 2.1 propõe o dimensionamento de um reservatório de lote que
garanta, para as chuvas de projeto, uma vazão máxima efluente do lote semelhante à
existente antes da ocupação. Para isso, foram utilizadas como referência as vazões
máximas obtidas no Cenário 0 – Situação natural – para dimensionamento dos
orifícios de fundo. Os volumes dos reservatórios foram determinados de modo a
garantir que estes não extravasassem para as chuvas de projeto.
O Cenário 2.2 verifica, para as chuvas de projeto, o comportamento do
reservatório proposto pelo Decreto Municipal no 23.940 de 2004, o qual torna
obrigatório, no Município do Rio de Janeiro, a adoção de reservatórios que permitam o
retardo do escoamento das águas pluviais para a rede de drenagem em
empreendimentos com área impermeabilizada superior a 500 m². Apesar de o lote
padrão estudado ter área máxima impermeável inferior ao limite mínimo de
obrigatoriedade do decreto, o trabalho pretende estudar seu impacto em caso de
implantação do reservatório de detenção em lote de acordo com a legislação. Ou seja,
pretende-se avaliar o procedimento preconizado pelo decreto, ainda que a aplicação
do reservatório não fosse obrigatória no caso estudado. O volume do reservatório
previsto pelo decreto é dado pela Equação 6.

V  kAi h Equação 6

Onde:
V = volume do reservatório, em m³;
k = coeficiente de abatimento, correspondente a 0,15;
Ai = área impermeabilizada, em m²;
h = altura de chuva, em metros, correspondente a 0,06 m nas Áreas de
Planejamento 1, 2 e 4 e a 0,07 nas Áreas de Planejamento 3 e 5.

A descarga deste reservatório deve ocorrer através de um orifício de fundo com


a dimensão estabelecida pela Resolução Conjunta SMG/SMO/SMU no 001 de 2005 e
representada pela Equação 7.

Q
S Equação 7
C d 2 gh

Onde:

83
S = área do orifício, em m²;
Q = vazão de águas pluviais gerada no lote, anteriormente à
impermeabilização, conforme as normas de drenagem urbana da Secretaria Municipal
de Obras;
Cd = coeficiente de descarga, correspondente a 0,61;
g = aceleração da gravidade, correspondente a 9,81 m/s²;
h = carga sobre o centro do orifício, em metros.

O Cenário 2.3 verifica as vazões efluentes do reservatório, considerando a


dimensão do orifício de fundo necessária para que este não extravase, quando possuir
o volume de armazenamento proposto pela legislação municipal.
O Cenário 2.4 visa dimensionar um reservatório que otimize volume e vazão
máxima efluente. Para tanto foi estabelecido uma redução de vazão de pico efluente
da área impermeabilizada do lote em 50% quando comparada com o Cenário 1 –
Ocupação convencional. Assim, o orifício de fundo foi dimensionado, com base na
Equação 7, de modo a liberar no máximo 50% da vazão de pico da área
impermeabilizada do lote do Cenário 1. O volume do reservatório foi estipulado para,
com o diâmetro do orifício estabelecido, não extravasar para as chuvas de projeto. Os
resultados dos cenários de número 2 estão compilados na Tabela 22, de modo a
facilitar a visualização e comparação das diferentes configurações.

84
Tabela 22 – Resultados dos cenários de número 2.

CHUVA Diâm. do Vol. do Vazão Vazão máx. Vazão Vazão máx. Vazão Tempo de Tempo
CEN. TR DUR. orif. de res. afluente extrav. máx. orif. área perm. máx. efl. enchim. de esvaz.
(anos) (h) fundo (m) (m³) máx. (m³/s) (m³/s) (m³/s) lote (m³/s) lote (m³/s) (min) (min)
1 11,50 0,005185 0,007007 40 128
3 0,005210 0,002266 0,007069 100 220
10 0,050 0,014101 0
6 12,30 0,005212 0,007072 190 372
12 0,005212 0,007072 370 727
2.1
1 13,20 0,006294 0,008443 40 124
3 0,006299 0,002673 0,008491 100 216
25 0,055 0,016629 0
6 14,20 0,006302 0,008493 190 371
12 0,006302 0,008493 370 726
1 0,008898 0,005203 0,016367 30 84
3 0,008895 0,005206 0,002266 0,016367 83 187
10 0,050 4,41 0,014101
6 0,008895 0,005206 0,016367 173 364
12 0,008895 0,005206 0,016367 353 722
2.2
1 0,011425 0,005204 0,019302 30 86
3 0,011427 0,005203 0,002673 0,019302 90 189
25 0,050 4,41 0,016629
6 0,011427 0,005203 0,019302 180 365
12 0,011427 0,005203 0,019302 360 723
1 0,010682 0,012948 30 64
3 0,010684 0,002266 0,012950 90 181
10 0,072 4,41 0,014101 0
6 0,010684 0,012950 180 361
12 0,010684 0,012950 360 721
2.3
1 0,013541 0,016214 30 63
3 0,013541 0,002673 0,016214 90 181
25 0,081 4,41 0,016629 0
6 0,013541 0,016214 180 361
12 0,013541 0,016214 360 720
1 8,40 0,007040 0,009000 40 91
3 0,007031 0,002266 0,008999 100 188
10 0,058 0,014101 0
6 8,70 0,007031 0,008999 190 364
12 0,007031 0,008999 370 722
2.4
1 9,90 0,008304 0,010615 40 91
3 0,008305 0,002673 0,010629 100 188
25 0,063 0,016629 0
6 10,20 0,008305 0,010629 190 364
12 0,008305 0,010629 370 722

85
No Cenário 2.1 os orifícios de fundo dos reservatórios foram dimensionados
para liberar no máximo a vazão natural, o que ocorre quando o reservatório está cheio
e a coluna d’água incidente sobre o orifício é máxima. Para tanto, os diâmetros
calculados são os mesmos (5,0 e 5,5 cm) para todas as chuvas de um mesmo tempo
de recorrência, já que a vazão máxima afluente ao reservatório, independentemente
da duração da chuva, é a mesma. Os volumes dos reservatórios foram calculados de
modo a não ocorrer extravasamento, o que resultou em áreas elevadas para o
reservatório de um lote de 600 m², sendo 420 m² de área impermeabilizada, com
valores variando de 11,5 a 14,2 m². O tempo de enchimento do reservatório para o
Cenário 2.1 ocorreu sempre após o pico da chuva, o que indica que o reservatório foi
capaz de amortecer o momento crítico. Já o tempo de esvaziamento, que representa o
tempo necessário para o dispositivo estar pronto para receber um novo volume de
escoamento superficial a partir do início da chuva, variou significativamente, quando
comparado ao término da chuva de projeto. Para as chuvas mais curtas, o tempo de
esvaziamento após o término da chuva foi maior, chegando a 68 minutos para a chuva
de 1 hora. Enquanto que para as chuvas mais longas, o reservatório se esvaziou logo
após o término da precipitação, demorando apenas 7 minutos para a chuva de 12
horas. Os hidrogramas efluentes dos lotes com a implantação dos reservatórios
propostos neste cenário são apresentados nas Figura 41 e Figura 42. Foram ilustrados
apenas os casos extremos (chuva com duração de 1 hora e TR de 10 anos e chuva
com duração de 12 horas e TR de 25 anos), já que o comportamento das curvas é
bastante semelhante para todos eles, independentemente da duração da chuva e do
tempo de recorrência. Nos gráficos também são apresentados os hidrogramas
efluentes do lote para o Cenário 0 – Situação natural – e para o Cenário 1 – Ocupação
convencional, a título de comparação. Os gráficos apresentados reiteram a
coincidência do pico de vazão efluente no Cenário 2.1 com a vazão natural (Cenário 0)
e a liberação do volume excedente resultante da ocupação do lote ao longo do tempo,
conforme dados de tempo de esvaziamento do reservatório já apresentados. O
reservatório proposto neste cenário atenderia hidraulicamente os objetivos de um
reservatório de lote, inclusive para o controle de cheias na escala da bacia
hidrográfica. No entanto, devido à grande dimensão requerida, este oneraria
demasiadamente o proprietário do lote, tanto economicamente, quanto em área
necessária para implantação.

86
Cenário 2.1 - Reservatório de lote - recuperação da vazão
natural
Duração da chuva de 1h e TR de 10 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130

Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 2.1 (m³/s)

Figura 41 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


2.1, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos.

Cenário 2.1 - Reservatório de lote - recuperação da vazão


natural
Duração da chuva de 12h e TR de 25 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720

Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 2.1 (m³/s)

Figura 42 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


2.1, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos.

No Cenário 2.2 foi considerado o reservatório proposto pela legislação


municipal que, para a área impermeabilizada de 420 m², deveria ter volume de
armazenamento de 4,41 m³ e 5 cm de diâmetro do orifício de fundo. Este seria o

87
menor reservatório a ser implantado no lote, considerado como balizador inferior. A
legislação não estabelece a proporção entre altura e área para o reservatório, apesar
de a altura influenciar na vazão efluente pelo orifício de fundo. Neste sentido, como
nos outros cenários de reservatório de lote, foi considerada uma altura de 1 m. Para
todas as chuvas de projeto simuladas ocorreu extravasamento do reservatório, o qual
já estava cheio na metade da duração da chuva, não amortecendo em nada o pico da
vazão. Assim, este reservatório mostrou-se insuficiente até mesmo para a menor das
chuvas de projeto, com duração de 1 hora e período de recorrência de 10 anos, se
aplicado isoladamente. No entanto, a aplicação deste reservatório na prática pode ter
fins educativos para a população, ampliando a consciência da responsabilidade pela
drenagem urbana e os impactos da urbanização, além de, eventualmente, poder ser
útil para chuvas mais frequentes e de menor duração. As Figura 43 e Figura 44
apresentam os hidrogramas efluentes do lote para o Cenário 2.2 e os cenários de
referência para as chuvas de projeto extremas (duração de 1 hora e TR = 10 anos e
duração de 12 horas e TR = 25 anos), já que o comportamento das curvas para todas
as chuvas de projeto foi semelhante.

Cenário 2.2 - Reservatório de lote - legislação


Duração da chuva de 1h e TR de 10 anos

0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 2.2 (m³/s)

Figura 43 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


2.2, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos.

88
Cenário 2.2 - Reservatório de lote - legislação
Duração da chuva de 12h e TR de 25 anos

0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720

Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 2.2 (m³/s)

Figura 44 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


2.2, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos.

Buscando otimizar os resultados do reservatório proposto pela legislação, o


Cenário 2.3 otimizou o orifício de fundo para que não houvesse extravasamento. Isto
faz com que o reservatório consiga abater, mesmo que pouco, o pico de vazão
efluente, já que esta é liberada de forma mais franca pelo orifício de fundo, e não por
extravasamento de forma abrupta e descontrolada. Além disto, como o volume do
reservatório é o mínimo exigido pela legislação, não oneraria demasiadamente o
proprietário do lote. Nestas condições, foram obtidos como orifícios de fundo ideais os
diâmetros de 7,2 cm e 8,1 cm para os períodos de recorrência de 10 e 25 anos,
respectivamente. As vazões máximas efluentes do lote foram 21% menores do que as
vazões do Cenário 1 – Ocupação convencional – para o TR = 10 anos e 16% menores
para o TR = 25 anos, conforme é possível verificar nas Figura 45 e Figura 46.
Novamente, devido à semelhança das curvas para as diferentes chuvas de projeto,
foram apresentados apenas os gráficos das chuvas mais extremas dentre as
simuladas. Os tempos de esvaziamento dos reservatórios variaram muito pouco com
relação ao término da chuva de projeto, devido às grandes dimensões propostas para
o orifício de fundo.

89
Cenário 2.3 - Reservatório de lote - legislação com
otimização de orifício de fundo
Duração da chuva de 1h e TR de 10 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 10 20 30 40 50 60 70

Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 2.3 (m³/s)

Figura 45 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


2.3, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos.

Cenário 2.3 - Reservatório de lote - legislação com


otimização de orifício de fundo
Duração da chuva de 12h e TR de 25 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720

Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 2.3 (m³/s)

Figura 46 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


2.3, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos.

Buscando otimizar amortecimento de picos de vazão efluente e tamanho do


reservatório, o cenário 2.4 propôs uma redução em 50% do pico de vazão efluente da
área impermeável do lote. Este valor não equivale a 50% da vazão total do lote, pois a

90
drenagem da área permeável não foi considerada para o dimensionamento do
reservatório, já que esta permaneceria inalterada em termos de escoamento
superficial com relação à ocupação natural. Com estes objetivos, os volumes de
reservatório de lote necessários variaram de 8,40 a 10,20 m³, com orifícios de fundo
de 5,8 e 6,3 cm para os períodos de recorrência de 10 e 25 anos, respectivamente. Os
reservatórios se encheram após os picos das chuvas de projeto e demoraram mais do
que no Cenário 2.3 para esvaziar, apesar de não tanto quanto no Cenário 2.1. O
comportamento dos hidrogramas obtidos neste cenário é apresentado nas Figura 47 e
Figura 48, para as chuvas de projeto de 1 hora e TR = 10 anos e 12 horas e TR = 25
anos, respectivamente. Com o reservatório proposto neste cenário, apesar de os
volumes ainda serem relativamente grandes, obtêm-se um amortecimento de vazão
significativo, sem, no entanto, onerar demasiadamente o proprietário, como seria o
caso dos reservatórios do Cenário 2.1.

Cenário 2.4 - Reservatório de lote - 50% de redução de


pico de vazão
Duração da chuva de 1h e TR de 10 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 2.4 (m³/s)

Figura 47 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


2.4, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos.

91
Cenário 2.4 - Reservatório de lote - 50% de redução de
pico de vazão
Duração da chuva de 12h e TR de 25 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720

Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 2.4 (m³/s)

Figura 48 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


2.4, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos.

4.4 Cenários 3 – Jardim rebaixado


A proposta de rebaixar a área de jardins do lote foi avaliada nos cenários de
número 3. Neles, pretendeu-se verificar os impactos do armazenamento e infiltração
das águas drenadas de todo o lote para o jardim, variando a altura e área de jardins,
conforme os objetivos de cada cenário. A saída de água da estrutura foi simulada
considerando-se a infiltração pelo fundo do jardim, já que para a proporção de área e
altura em questão, a segunda seria desprezível. As outras formas de saída de água do
jardim, como evaporação e evapotranspiração, não foram consideradas neste estudo,
apesar de serem relevantes para o tempo de esvaziamento total. O coeficiente de
infiltração adotado para levou em consideração o tipo de solo da região de Guaratiba e
os valores mínimos recomendados para a utilização de técnicas de infiltração. O mapa
de solos do município do Rio de Janeiro, em escala 1:75.000, não disponibiliza a
informação para a área específica do loteamento, classificando-a como área urbana.
Os solos do entorno, entretanto, são argissolo vermelho-amarelo e argissolo amarelo,
com textura média/argilosa ou média/muito argilosa (EMBRAPA, 2004). Um estudo
realizado por Vicente et al (2010) para a região de Guaratiba, aponta na área a
ocorrência de um aquífero intergranular constituído por intercalações de materiais
arenosos e argilosos, tornando-se mais arenosos quanto mais se aproximam da linha
de praia. Complementarmente, um estudo hidrogeológico da bacia do rio Cabuçu

92
realizado por Campos (1996) aponta a ocorrência de lentes arenosas às margens do
rio Cabuçu, diminuindo esta ocorrência quanto mais ao sul da área estudada, onde
passam a prevalecer os sedimentos de argila orgânica. Assim, como o terreno do
loteamento, apesar de longe da praia, se situa próximo à planície de inundação de
Guaratiba e bem às margens do rio Piraquê-Cabuçu, o solo pode ser mais arenoso ou
argiloso. Como esta informação não está disponível de forma mais precisa, as
primeiras simulações de técnicas de infiltração, no caso os cenários de jardim
rebaixado, verificarão os resultados para as duas condutividades apontadas como
limites inferiores de condutividade hidráulica aceitável para a adoção de técnicas de
infiltração apresentados pela literatura, que variam entre as ordens de grandeza de
10-6 m/s (TOMAZ, 2010) e 10-7 m/s (BAPTISTA et al, 2005). Estes valores coincidem
com os apresentados por Musy e Soutter (1991 apud BAPTISTA et al, 2005) para a
condutividade hidráulica do solo à saturação para areias finas e silte argiloso,
respectivamente, que podem ser os tipos de solo existentes na área do loteamento,
em Guaratiba. O valor adotado foi considerado como constante, independentemente
da condição de umidade do solo.
O Cenário 3.1 verificou qual seria, para as diferentes chuvas de projeto, a
altura de rebaixo do jardim necessária para anular a contribuição de água do lote para
a rede de drenagem pública. Neste cenário foi considerado um jardim que ocupe 30%
da área do lote (180 m²), que é a mínima área a ser mantida permeável.
Já o Cenário 3.2 considerou um jardim rebaixado em 10 cm e verificou qual
seria a área de jardim necessária para receber todo o escoamento superficial do lote,
de modo a este não contribuir para a rede pública de drenagem pluvial.
O Cenário 3.3 verificou o impacto na vazão efluente do lote com um jardim
rebaixado em 10 cm em 30% do terreno, que é a mínima área permeável a ser
mantida pela legislação. O rebaixo de 10 cm é considerado um valor aceitável e
satisfatório para um desnível no jardim, não necessitando grandes volumes de
escavação e nem resultando em um degrau perigoso para os transeuntes. Nesse
caso, o excedente verte para atingir a rede de drenagem.
O Cenário 3.4 dimensionou a altura de rebaixo de 30% do lote necessária para
que a vazão máxima efluente do lote seja semelhante a vazão de pré-urbanização.
Os resultados dos cenários de número 3 são apresentados, de forma resumida,
na Tabela 23 e na Tabela 24, para as taxas base de infiltração de 10-7 m/s e 10-6 m/s,
respectivamente. Os tempos de esvaziamento apresentados consideram apenas a
infiltração pela taxa base, o que potencialmente aumenta significativamente o tempo
real de esvaziamento e a dimensão das estruturas, por não considerar outras formas
de saída de água do sistema, como evaporação e evapotranspiração.

93
Tabela 23 – Resultados dos cenários de número 3 para a taxa de infiltração de 10-7 m/s.

CHUVA RESULTADOS
CEN. TR Área dren. Área do Altura do Vol. do Vazão afluente Vazão máx. Vazão infiltr. Vazão máx.
DUR. (h) Tempo de enchim. (min) Tempo de esvaz. (min)
(anos) (m²) jardim (m²) rebaixo (m) res. (m³) máx. (m³/s) extrav. (m³/s) (m³/s) efl. lote (m³/s)
1 0,16 28,80 60 25114
3 0,24 43,20 180 38783
10 180,00 0,016367 0 0,000018 0,000018
6 0,30 54,00 360 49346
12 0,37 66,60 720 62019
3.1 600
1 0,18 32,40 60 29617
3 0,28 50,40 180 45737
25 180,00 0,019302 0 0,000018 0,000018
6 0,35 63,00 360 58195
12 0,44 79,20 720 73140
1 248,00 0,10 24,80 0,014940 0,000025 0,000025 60 16639
3 334,00 0,10 33,40 0,013135 0,000033 0,000033 180 16774
10 0
6 385,00 0,10 38,50 0,012065 0,000039 0,000039 360 17007
12 434,00 0,10 43,40 0,011037 0,000043 0,000043 720 17346
3.2 600
1 279,00 0,10 27,90 0,016852 0,000028 0,000028 60 16682
3 370,00 0,10 37,00 0,014600 0,000037 0,000037 180 16830
25 0
6 424,00 0,10 42,40 0,013264 0,000042 0,000042 360 16977
12 473,00 0,10 47,30 0,012051 0,000047 0,000047 720 17378
1 0,009365 0,009383 33 16706
3 84 16756
10 180,00 0,10 18,00 0,016367 0,000018
6 0,016349 0,016367 166 16833
12 319 16987
3.3 600
1 29 16713
3 81 16758
25 180,00 0,10 18,00 0,019302 0,019284 0,000018 0,019302
6 158 16828
12 299 16967
1 0,13 23,40 45 21712
3 0,17 30,60 104 28439
10 180,00 0,016367 0,005087 0,000018 0,005105
6 0,20 36,00 350 33687
12 0,24 43,20 690 40691
3.4 600
1 0,15 27,00 43 25047
3 0,20 36,00 180 33515
25 180,00 0,019302 0,006002 0,000018 0,006020
6 0,24 43,20 330 40336
12 0,28 50,40 720 47389

94
Tabela 24 – Resultados dos cenários de número 3 para a taxa de infiltração de 10-6 m/s.

CHUVA RESULTADOS
CEN. TR DUR. Área dren. Área do Altura do Vol. do Vazão afluente Vazão máx. Vazão Vazão máx.
Tempo de enchim. (min) Tempo de esvaz. (min)
(anos) (h) (m²) jardim (m²) rebaixo (m) res. (m³) máx. (m³/s) extrav. (m³/s) infiltr. (m³/s) efl. lote (m³/s)
1 0,15 27,00 60 2511
3 0,23 41,40 180 3878
10 180,00 0,016367 0 0,000180 0,000180
6 0,28 50,40 360 4935
12 0,33 59,40 720 6202
3.1 600
1 0,18 32,40 60 2962
3 0,27 48,60 180 4574
25 180,00 0,019302 0 0,000180 0,000180
6 0,33 59,40 360 5819
12 0,40 72,00 720 7314
1 242,00 0,10 24,20 0,015066 0 0,000242 0,000242 60 1719
3 314,00 0,10 31,40 0,013555 0 0,000314 0,000314 180 1841
10
6 346,00 0,10 34,60 0,012884 0 0,000346 0,000346 360 2021
12 360,00 0,10 36,00 0,012590 0 0,000360 0,000360 720 2385
3.2 600
1 273,00 0,10 27,30 0,017000 0 0,000273 0,000273 60 1720
3 350,00 0,10 35,00 0,015095 0 0,000350 0,000350 180 1840
25
6 383,00 0,10 38,30 0,014278 0 0,000383 0,000383 360 2023
12 398,00 0,10 39,80 0,013907 0 0,000398 0,000398 720 2383
1 0,009203 0,009383 34 1701
3 85 1753
10 180,00 0,10 18,00 0,016367 0,000180
6 0,016187 0,016367 170 1837
12 335 2002
3.3 600
1 29 1696
3 82 1749
25 180,00 0,10 18,00 0,019302 0,019122 0,000180 0,019302
6 162 1829
12 318 1985
1 0,12 21,60 40 2041
3 0,16 28,80 101 2768
10 180,00 0,016367 0,004925 0,000180 0,005105
6 0,19 34,20 193 3360
12 0,22 39,60 375 4041
3.4 600
1 0,15 27,00 45 2545
3 0,19 34,20 101 3268
25 180,00 0,019302 0,005840 0,000180 0,006020
6 0,23 41,40 195 4028
12 0,26 46,80 373 4706

95
O Cenário 3.1, com uma pretensão extrema de anular a contribuição do lote ao
sistema de drenagem público, chegou a alturas indesejáveis de desníveis para o
jardim de um lote. Os degraus seriam muito grandes, de modo a gerar riscos
desnecessários aos transeuntes e grandes volumes de escavação, já que as alturas
obtidas variaram de 15 a 44 cm, conforme a chuva de projeto e a taxa de infiltração.
Para viabilizar a execução de desníveis maiores no jardim, poderiam ser usados
taludes, de modo a evitar uma queda brusca de nível do solo, mas estes seriam,
eventualmente, desconfortáveis para os ocupantes. No entanto, este cenário é
importante para balizar os valores extremos de rebaixo que seriam necessários. Os
tempos de esvaziamento obtidos para a taxa de infiltração de 10-7 m/s são muito
elevados, variando de 17 a 51 dias, o que torna a adoção desta técnica, considerando
apenas a saída por infiltração para solos onde a taxa base de infiltração seja de 10-7
m/s, inviável, pois a estrutura demoraria muito tempo para ficar disponível para o
evento de precipitação seguinte e, em se tratando de um reservatório aberto, poderia
se tornar um local de proliferação de vetores de doenças. No entanto, se forem
consideradas também a variação da taxa de infiltração em um solo não saturado, um
solo local mais propício a infiltração e a evapotranspiração, estes tempos devem
diminuir. Neste sentido, considerando um solo mais propício à infiltração, os tempos de
esvaziamento com a taxa de infiltração de 10-6 m/s, considerando apenas a infiltração
como saída de água, variaram de 2 a 5 dias, valores razoáveis para a adoção da
técnica com esta configuração. Vale lembrar que, na prática, a saída de água do jardim
rebaixado também ocorre por outros fenômenos, como a evaporação e a
evapotranspiração e poderia, ainda, se necessário, ser implantado um dreno auxiliar. A
taxa de infiltração mais baixa também resultou na necessidade de estruturas maiores.
A vazão de pico efluente do lote para todas as chuvas de projeto, já que não houve
extravasamento, foi apenas a infiltração na área do jardim, equivalente a 0,00018 m³/s.
No outro extremo, o Cenário 3.2 pretendia verificar qual seria a área de jardim
necessária para anular a contribuição do lote para o sistema público de drenagem com
a altura de rebaixo fixa e igual a 10 cm. Considerando que as áreas necessárias
variaram de 242 a 473 m², os valores se mostraram muito elevados, comprometendo,
para a menor das chuvas de projeto, 40% da área do lote, o que significa 10% a mais
do que a área a ser mantida permeável pela legislação municipal. Já para a chuva de
12 horas e TR de 25 anos, a área do terreno comprometida seria de 66%, se
considerada condutividade hidráulico de 10-6 m/s, e de 79%, para a taxa de infiltração
de 10-7 m/s. O comprometimento de 66% do terreno com uma estrutura de controle de
escoamento superficial é pesado, já que limita muito o uso da área pelo proprietário. A
diferença de 13% a mais de área para a menor taxa de infiltração enfatiza o aumento

96
das dimensões de estruturas resultante da menor infiltrabilidade do solo. Além disso,
os tempos necessários para esvaziamento do jardim variaram em torno de 12 dias
para a taxa de infiltração mais baixa, considerando apenas a infiltração como forma de
saída de água da estrutura. Com a taxa de infiltração de 10-6 m/s, os tempos de
esvaziamento foram de cerca de 1,5 dia, valor mais aceitável para a disponibilização
da estrutura para chuvas consecutivas.
No Cenário 3.3 verificou-se que um jardim rebaixado em 10 cm em toda a área
permeável do lote (180 m²), quando aplicado individualmente, ajudaria o sistema de
drenagem público apenas para a chuva de projeto de 1 hora e TR de 10 anos ou
chuvas menores que esta, já que para as outras chuvas de projeto analisadas, o
jardim se encheu antes do pico da chuva, ocorrendo extravasamento de toda a vazão
máxima de escoamento superficial afluente à estrutura. Mesmo no caso da menor
chuva de projeto estudada, a vazão de extravasamento verificada foi maior do que a
vazão natural do terreno em 24%, conforme apresentado na Figura 49. A Figura 50
apresenta os hidrogramas efluentes do lote para este cenário para a chuva de projeto
de duração de 12 horas e TR = 25 anos, para a taxa base de infiltração de 10-6 m/s.
Os gráficos das outras chuvas de projeto são bastante semelhantes ao da Figura 50,
não sendo estes, portanto, aqui apresentados. Neste cenário, os tempos de
esvaziamento do jardim foram da ordem de 10 vezes maiores para a taxa de infiltração
de 10-7 m/s, quando comparados aos resultantes da taxa de infiltração de 10-6 m/s,
conforme esperado, reforçando a desvantagem apresentada nos cenários anteriores.

Cenário 3.3 - Jardim rebaixado - 10 cm e 30% do lote


Duração da chuva de 1h e TR de 10 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 10 20 30 40 50 60 70

Tempo (min)
Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 3.3 (m³/s)

Figura 49 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


3.3, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos.

97
Cenário 3.3 - Jardim rebaixado - 10 cm e 30% do lote
Duração da chuva de 12h e TR de 25 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720 760

Tempo (min)
Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 3.3 (m³/s)

Figura 50 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


3.3, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos.

Como os resultados do Cenário 3.1 foram de rebaixos muito grandes, o


Cenário 3.4 tinha uma pretensão mais razoável na prática, que era a de liberar no
máximo a vazão natural do lote, equivalente ao Cenário 0. Com esta flexibilização, os
rebaixos necessários seriam bem menores, variando de 12 a 26 cm, para a taxa de
infiltração de 10-6 m/s, e de 13 a 28 cm, para a condutividade hidráulica de 10-7 m/s,
conforme a chuva de projeto. Para as maiores chuvas de projeto, no entanto, um
pequeno talude poderia ser instalado para evitar desníveis bruscos no solo.
Novamente, neste cenário, foi verificado um tempo de esvaziamento para a taxa de
infiltração de 10-7 m/s muito elevado para o objetivo proposto. Uma vantagem
verificada nos resultados do Cenário 3.4 é o retardamento do pico de vazão efluente
do lote, o que contribuiria, potencialmente, para a macrodrenagem da região. Este
resultado pode ser observado na Figura 51 e na Figura 52, que representam os
hidrogramas efluentes do lote para as chuvas de duração de 1 hora e TR = 10 anos e
de duração de 12 horas e TR = 25 anos para a taxa base de infiltração de 10-6 m/s,
respectivamente.

98
Cenário 3.4 - Jardim rebaixado - 30% do lote
Duração da chuva de 1h e TR de 10 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 10 20 30 40 50 60 70

Tempo (min)
Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 3.4 (m³/s)

Figura 51 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


3.4, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos.

Cenário 3.4 - Jardim rebaixado - 30% do lote


Duração da chuva de 12h e TR de 25 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720 760

Tempo (min)
Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 3.4 (m³/s)

Figura 52 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


3.4, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos.

Os resultados obtidos mostram que soluções dependentes exclusivamente da


infiltração podem ser de difícil aplicação, uma vez que os tempos de esvaziamento
tendem a ser longos. Valores altos de escavação também podem ser economicamente
pesados e gerar configurações indesejáveis para os proprietários (embora esses
volumes possam e devam ser utilizados paisagisticamente dentro do próprio lote,
podendo, por exemplo, servir para elevar a cota de assentamento da edificação).

99
Neste contexto, o rebaixo de jardins se mostra mais adaptado às chuvas
menores (TR = 10 anos) e de caráter local (duração de 1 hora), mas, devido a sua
simplicidade, sob o ponto de vista de funcionamento, após sua implantação, pode ser
uma medida muito interessante e útil na combinação com outras estruturas de caráter
mais formal, para controle de chuvas maiores e de cheias na escala da bacia. É
importante, porém, considerar ainda a necessidade de educação ambiental e
conscientização dos proprietários, que precisam manter os jardins rebaixados e a
própria história e objetivo de sua implantação ao longo do tempo.
Com base em todos os resultados de tempo de esvaziamento obtidos para os
cenários de número 3, verificou-se que a condutividade hidráulica à saturação de 10-7
m/s é muito baixa para ser considerada como única via de saída de água da estrutura,
de modo a não se obter benefícios em casos de chuvas consecutivas. Com base nisto,
as próximas técnicas compensatórias de infiltração estudadas avaliarão os resultados
apenas para a taxa de infiltração de 10-6 m/s.

4.5 Cenários 4 – Telhado verde


Os telhados verdes foram avaliados de forma isolada na escala de lote em
quatro cenários de simulação. Com o intuito de se verificar o resultado da retenção de
águas pluviais nas coberturas verdes, foram descontados dos volumes precipitados o
percentual de retenção obtido na literatura para diferentes espessuras de substrato e
tipos de vegetação. FLL (2002) apresenta uma relação direta entre a espessura do
substrato, porte da vegetação e retenção de água pela cobertura verde. Apesar das
possíveis diferenças nos percentuais de retenção devido a condições climáticas entre
os países de origem dos estudos utilizados como referência e o Brasil, serão utilizados
os valores internacionais, pois ainda não há estudos suficientes no país para fornecer
parâmetros confiáveis para as simulações. No entanto, alguns resultados já obtidos no
Brasil, apontam retenções semelhantes aos valores propostos por FLL (2002), como
no caso dos estudos realizados por Oliveira (2009), já apresentados na revisão
bibliográfica. Esta semelhança fortalece a validade da hipótese assumida.
O Cenário 4.1 propõe a implantação de cobertura verde extensiva em 20% da
área edificável do lote (60 m²). Neste cenário, foi considerado um substrato com
profundidade de 5 cm e vegetação de sedum e forrageiras. Para esta configuração,
FLL (2002) indica a retenção de 45% do volume precipitado, valor que foi adotado para
este estudo. O valor de 20% foi adotado como um valor “razoável” em termos de
implantação, podendo estar associado a uma ou duas vagas de garagem coberta,
varanda, terraço ou construção secundária de apoio a uma piscina, por exemplo. Ou

100
seja, esse percentual se associa a partes secundárias da construção, de mais fácil
convencimento para a implantação do telhado verde e com possibilidades
ornamentais, evitando considerar, de forma mais otimista, a adoção do telhado
principal da construção como objeto de implantação do telhado verde. Como resultado
deste cenário, o telhado verde foi responsável pela redução em 4% da vazão máxima
efluente do lote, como pode ser visto na Figura 53. Foram apresentados os
hidrogramas de apenas uma chuva de projeto, pois todos são semelhantes, resultando
no mesmo percentual de redução de pico de vazão, independentemente da duração
da chuva ou do seu tempo de recorrência. O percentual de 20% da construção para a
implantação de um telhado verde parece um valor aceitável em termos de custos e
comprometimento da cobertura. A altura do substrato de 5 cm, proposta no Cenário
4.1, é o mínimo possível para sustentar a vegetação. Esta opção parece também
bastante válida quando se tratam de habitações de interesse social, onde os custos
com a implantação do telhado verde e reforço estrutural devem ser minimizados, ou
mesmo, quando a instalação do telhado verde for realizada em construção já
existente. Ou seja, esta alternativa, embora com resultados modestos, poderia ser
generalizada para toda a malha urbana.

Cenário 4.1 - Telhado verde extensivo- 20% da área edificável


Duração da chuva de 1h e TR de 10 anos

0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 10 20 30 40 50 60 70

Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 4.1 (m³/s)

Figura 53 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


4.1, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos.

O Cenário 4.2 avalia a implantação de um telhado verde também em 20% da


área edificável do lote. Neste cenário foi considerada uma cobertura verde intensiva
com espessura de substrato de 20 cm e vegetação de grama, arbustos e capão.
Utilizando os parâmetros de FLL (2002) como referência, foi considerada uma

101
retenção de 60% da água precipitada nas simulações. A espessura de substrato
proposta neste cenário requer um reforço estrutural maior do que no cenário anterior,
devido ao maior peso de solo, vegetação e água acumulada. Isto resulta em aumento
dos custos de implantação. Para o lote padrão proposto neste trabalho, estes custo
não devem ser limitantes, visto que se trata de um terreno relativamente grande para
uma edificação unifamiliar, o que condiz com o padrão de ocupação de média-alta
renda. As simulações do Cenário 4.2 resultaram em redução do pico de vazão efluente
do lote de 6%, para todas as chuvas de projeto, com relação aos valores do Cenário 1
– Ocupação convencional, e conforme representado na Figura 54.

Cenário 4.2 - Telhado verde intensivo- 20% da área edificável


Duração da chuva de 1h e TR de 10 anos

0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 10 20 30 40 50 60 70

Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 4.2 (m³/s)

Figura 54 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


4.2, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos.

O Cenário 4.3 é semelhante ao Cenário 4.1, porém considera um telhado verde


extensivo que ocupe 50% da área edificável do lote, ou seja, 150 m². Nesse caso, se
admite que, pelo menos, uma das águas principais da construção se soma às áreas
de aplicação do telhado verde. Para o tamanho de construção proposto neste trabalho,
a área de telhado verde pode parecer grande demais. No entanto, seus resultados são
proporcionalmente melhores do que os obtidos para o telhado verde em 20% da
cobertura (Cenário 4.1), reduzindo em 10% a vazão de pico efluente do lote. A Figura
55 representa este resultado. Assim, dependendo das possibilidades existentes no
caso específico, do tamanho da edificação e da disponibilidade de recursos, esta pode
ser uma boa opção de configuração para a implantação de um telhado verde. Vale
ressaltar que a estrutura proposta no Cenário 4.3 é extensiva, com apenas 5 cm de
profundidade do substrato, reduzindo os custos com reforço estrutural.

102
Cenário 4.3 - Telhado verde extensivo- 50% da área edificável
Duração da chuva de 1h e TR de 10 anos

0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 10 20 30 40 50 60 70

Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 4.3 (m³/s)

Figura 55 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


4.3, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos.

O Cenário 4.4 repete os parâmetros do Cenário 4.2, mas também considerando


a área de cobertura verde como sendo 50% da área edificável do lote. Com esta
configuração as simulações resultaram em uma redução de 15% da vazão de pico
efluente do lote com relação ao Cenário 1 – Ocupação convencional, conforme pode
ser visto na Figura 56. A configuração proposta no Cenário 4.4 é a mais onerosa, tanto
em termos de área comprometida de cobertura, quanto em necessidade de reforço
estrutural, dentre as alternativas estudadas para os telhados verdes. No entanto, esta
pode ser uma opção viável, dependendo da situação real e das possibilidades de
intervenção existentes.

103
Cenário 4.4 - Telhado verde intensivo- 50% da área edificável
Duração da chuva de 1h e TR de 10 anos

0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 10 20 30 40 50 60 70

Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 4.4 (m³/s)

Figura 56 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


4.4, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos.

4.6 Cenários 5 – Pavimento permeável


A implantação de pavimentos permeáveis nas calçadas foi avaliada por este
trabalho nos cenários de número 5. A unidade de simulação neste caso foi a calçada
da frente de dois lotes, com área total de 60 m². Para o cálculo do escoamento
superficial resultante do pavimento permeável, foi adotado o coeficiente de
escoamento superficial C=0,05 (MARCHIONI & SILVA, 2013). O restante da água
infiltra pelo pavimento permeável atingindo o leito granular deste, que tem capacidade
de reservação de água de 40% de seu volume total. Este valor foi obtido pela adoção
de 0,4 como volume de vazios do material granular de composição do leito,
predominantemente brita (TOMAZ, 2010). A saída de água do leito granular se deu
através de infiltração e de um tubo drenante. Foi considerada infiltração pelo fundo e
pelas paredes do leito granular, considerando o coeficiente de infiltração fixo e
equivalente a 10-6 m/s, com base nos resultados dos cenários de número 3 – Jardim
rebaixado. Diferentemente da infiltração nos jardins rebaixados, onde foi considerada
a infiltração apenas pelo fundo da estrutura, nos pavimentos permeáveis a altura do
leito granular é significativa com relação à área da estrutura, de modo a justificar que
esta superfície de infiltração não seja desprezada. A opção de considerar a infiltração
pelas paredes do leito granular desconsidera a possibilidade de rápida colmatação do
solo local adjacente à estrutura, o que se deve à valorização no projeto e manutenção
da adoção de medidas preventivas de colmatação, como a aplicação de geotêxtil entre

104
as camadas com diferentes composições granulométricas e a limpeza periódica do
entorno, evitando, assim, a entrada de partículas finas na estrutura drenante. A
hipótese adotada também é reforçada por ICPI (2008) e Jenkins et al (2010), que
relatam casos em que não foi realizada nenhuma manutenção preventiva e, mesmo
assim, não se verificou diminuição significativa da capacidade de infiltração do solo.
Além disso, o coeficiente de infiltração adotado para os cálculos é próximo ao mínimo
recomendado pela literatura para justificar a utilização de técnicas de infiltração, de
modo a simular a situação mais desfavorável possível. A outra forma de saída de água
da estrutura é através de um tubo drenante, dimensionado de modo que sua vazão
efluente somada ao escoamento superficial em um instante qualquer não supere a
máxima vazão efluente da área antes da ocupação, denominada vazão natural. O
objetivo dos cenários de número 5 é de se verificar a altura de leito granular
necessária para armazenar e infiltrar toda a água da área contribuinte, de modo a
liberar no máximo a vazão natural.
O Cenário 5.1 visa dimensionar a altura de leito granular necessária para
liberar no máximo a vazão natural da área da própria calçada, que é de 60 m².
O Cenário 5.2 propõe o recebimento do escoamento superficial oriundo dos
dois lotes adjacentes à calçada, além da precipitação sobre as próprias estruturas, o
que soma 1260 m² de área de captação, sendo 60 m² de área de pavimento
permeável. Os lotes, neste cenário, foram considerados com ocupação convencional,
equivalente à do Cenário 1, ou seja, 30% da sua área seria mantida permeável e o
restante seria impermeabilizado. Da mesma forma que no cenário anterior, este
pretende verificar a altura de leito granular necessária para armazenar e infiltrar toda a
água da calçada e lotes, de modo a liberar apenas a vazão natural equivalente a toda
a área contribuinte.
Os resultados obtidos pelas simulações para os cenários de número 5 são
apresentados de forma compilada na Tabela 25.

105
Tabela 25 – Resultados dos cenários de número 5.

CHUVA RESULTADOS
CEN. Área Área do Alt. do Diâm. Vol. de Vazão Vazão máx. Vazão máx. Vazão máx. Vazão máx. Tempo de Tempo
TR DUR. Vazão máx.
dren. pavim. leito orif. armaz. afluente efl. por esc. extrav. efl. pelo efl. da área enchim. de esvaz.
(anos) (h) infiltr. (m³/s)
(m²) (m²) (m) (m) (m³) máx. (m³/s) sup. (m³/s) (m³/s) orif. (m³/s) dren. (m³/s) (min) (min)
1 0,10 0,031 2,40 0,000609 0,000066 0,000741 50 151
3 0,000611 0,000067 0,000745 110 250
10 0,002518 0,000126 0
6 0,11 0,030 2,64 0,000612 0,000067 0,000746 200 378
12 0,000612 0,000067 0,000746 380 720
5.1 60 60,00
1 0,11 0,033 2,64 0,000741 0,000067 0,000887 50 151
3 0,000725 0,000068 0,000871 110 254
25 0,002969 0,000148 0
6 0,13 0,031 3,12 0,000726 0,000068 0,000873 200 382
12 0,000726 0,000068 0,000873 380 721
1 1,06 0,078 25,44 0,013207 0,000128 0,014346 40 116
3 0,013177 0,000132 0,014320 100 208
10 0,035252 0,001763 0
6 1,14 0,077 27,36 0,013179 0,000133 0,014322 190 368
12 0,013179 0,000133 0,014322 370 724
5.2 1260 60,00
1 1,25 0,082 30,00 0,015581 0,000140 0,016912 40 116
3 0,015562 0,000145 0,016899 100 208
25 0,041573 0,002079 0
6 1,34 0,080 32,16 0,015565 0,000145 0,016902 190 368
12 0,015565 0,000145 0,016902 370 724

106
O Cenário 5.1 se mostrou uma boa opção de aplicação, pois foram obtidas
alturas de leito granular variando de 10 a 13 cm para atender ao objetivo proposto, de
recuperar a vazão natural da área da própria calçada. Estas alturas de leito
representam um volume relativamente baixo de escavação e preparo do material
drenante, o que não representa custos elevados. Além disso, a profundidade de
instalação do dreno possibilitaria a descarga por gravidade no sistema público de
drenagem. Os tempos de enchimento ocorreram sempre após o pico da chuva,
resultando no amortecimento de vazões efluentes pretendido. Os tempos de
esvaziamento variaram de nenhum a 91 minutos após o término da precipitação, o que
significa que foram baixos o suficiente para disponibilizar rapidamente a estrutura para
um próximo evento chuvoso. Para as chuvas de menor duração, o tempo de
esvaziamento após o término da chuva foi maior, enquanto para as chuvas mais
longas, este tempo foi menor. O amortecimento e o tempo de esvaziamento da
estrutura podem ser visualizados nas Figura 57 e Figura 58. Foram apresentados
apenas estes dois gráficos por se tratarem dos eventos mais extremos estudados,
abrangendo toda a gama de possibilidades de resultados.

Cenário 5.1 - Pavimento permeável - drena própria área


Duração da chuva de 1h e TR de 10 anos
0,0030

0,0025

0,0020
Vazão (m³/s)

0,0015

0,0010

0,0005

0,0000
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170

Tempo (min)
Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)
Vazão Efl. da Área Drenada pela Estrut. - Cenário 5.1 (m³/s)

Figura 57 – Hidrogramas efluentes da área de drenagem para cenários de referência e


para o Cenário 5.1, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos.

107
Cenário 5.1 - Pavimento permeável - drena própria área
Duração da chuva de 12h e TR de 25 anos
0,0030

0,0025

0,0020
Vazão (m³/s)

0,0015

0,0010

0,0005

0,0000
1 41 81 121 161 201 241 281 321 361 401 441 481 521 561 601 641 681 721 761
Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)
Vazão Efl. da Área Drenada pela Estrut. - Cenário 5.1 (m³/s)

Figura 58 – Hidrogramas efluentes da área de drenagem para cenários de referência e


para o Cenário 5.1, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos.

As alturas de leito granular necessárias para atender aos objetivos do Cenário


5.2 variaram de 1,06 a 1,34 m, de acordo com a chuva de projeto. Com base nos
mesmos critérios adotados para justificar a validade das alturas obtidas no Cenário
5.1, estes valores são considerados muito altos para serem aplicados na prática. Além
disso, no caso de pavimentos permeáveis é necessário avaliar a capacidade de
suporte estrutural do leito granular para o uso pretendido, a qual fica prejudicada no
caso de grandes profundidades. Para a taxa de infiltração adotada (10-6 m/s) e com
base na Equação 3, a altura máxima de leito granular a ser adotada para não haver
perda de suporte estrutural é de 65 cm. Estes resultados indicam que a calçada
adjacente ao lote, sozinha, se considerada a implantação de um pavimento permeável,
não é capaz de amortecer os impactos causados pelo lote como um todo, devendo ser
dividida esta responsabilidade com o proprietário do lote. Os tempos de enchimento e
esvaziamento, no entanto, foram satisfatórios, seguindo a mesma tendência verificada
para o Cenário 5.1 e atendendo à demanda de disponibilizar a estrutura para as
chuvas seguintes. Os hidrogramas efluentes da área equivalente a dois lotes com
ocupação convencional e nenhuma outra técnica compensatória aplicada e da própria
área da calçada com pavimento permeável são apresentados nas Figura 59 e Figura
60 para as chuvas de projeto de duração de 1 hora e TR = 10 anos e duração de 12
horas e TR = 25 anos, respectivamente.

108
Cenário 5.2 - Pavimento permeável - drena própria área e
lotes adjacentes
Duração da chuva de 1h e TR de 10 anos
0,0500
0,0450
0,0400
0,0350
Vazão (m³/s)

0,0300
0,0250
0,0200
0,0150
0,0100
0,0050
0,0000
0 20 40 60 80 100 120

Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. da Área Drenada pela Estrut. - Cenário 5.2 (m³/s)

Figura 59 – Hidrogramas efluentes da área de drenagem para cenários de referência e


para o Cenário 5.2, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos.

Cenário 5.2 - Pavimento permeável - drena própria área e


lotes adjacentes
Duração da chuva de 12h e TR de 25 anos
0,0500
0,0450
0,0400
0,0350
Vazão (m³/s)

0,0300
0,0250
0,0200
0,0150
0,0100
0,0050
0,0000
1 41 81 121 161 201 241 281 321 361 401 441 481 521 561 601 641 681 721 761
Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. da Área Drenada pela Estrut. - Cenário 5.2 (m³/s)

Figura 60 – Hidrogramas efluentes da área de drenagem para cenários de referência e


para o Cenário 5.2, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos.

109
4.7 Cenários 6 – Jardim de chuva
Os cenários de número 6 consideraram a implantação de jardins de chuva nas
áreas de calçada e estacionamento. Os jardins de chuva foram considerados, para fins
de simulação, como dois reservatórios sobrepostos, sendo o de cima um rebaixo do
nível do piso e o de baixo um leito granular de uma mistura de solo, brita e areia, que
serve de substrato para a vegetação e tem alguma capacidade de armazenamento de
água. Segundo Musy e Soutter (1991 apud BAPTISTA et al, 2005) o coeficiente de
infiltração para um solo de areia com seixos, que se assemelha ao proposto para o
leito granular, é de 10-5 m/s. A saída de água do reservatório superior se deu através
da infiltração para o leito granular, considerando este valor fixo para infiltração, que foi
considerada apenas no fundo do rebaixo, como no caso dos jardins rebaixados. A
macroporosidade do leito granular adotada foi de 0,2, que seria a sua capacidade de
armazenamento de água, conforme discutido no item 2.2. Já que a granulometria do
material considerado é menor, o valor adotado para macroporosidade é mais baixo do
que o considerado para o pavimento permeável (0,4), onde o leito era composto
exclusivamente por brita, e está dentro dos limites de macroporosidade encontrados
na literatura para solo arenoso (0,1 – 0,3) (STOLF, 2011) e latossolo vermelho (0,07 –
0,2) (COSTA et al, 2004; GENRO JUNIOR et al, 2009; MARQUES et al, 2010;
DRESCHER et al, 2011). Esta hipótese foi utilizada devido à falta de dados mais
específicos de capacidade de armazenamento de água por leitos granulares de jardins
de chuva, mas é uma relação apenas com os estudos existentes e não exclui um
refinamento deste parâmetro para futuros estudos.
Da mesma forma que para os pavimentos permeáveis e para o jardim
rebaixado, a saída de água do reservatório inferior se deu por infiltração e considerou
um coeficiente de infiltração fixo e equivalente a 10-6 m/s. A infiltração, neste caso, foi
considerada através das paredes e do fundo, assim como nos pavimentos
permeáveis. Os cenários em questão visam verificar as alturas de rebaixo e de leito
granular necessárias para absorver toda a água da sua área de contribuição. A
unidade de simulação foi a calçada e o estacionamento equivalente à frente de dois
lotes.
O Cenário 6.1 considerou um jardim de chuva de 12 m² drenando uma área
total de 60 m² de calçada e do próprio jardim. A largura da calçada sem nenhuma
técnica compensatória foi considerada de 2 m. A legislação local requer uma largura
mínima de 1,5 m. Assim, o 0,5 m excedente da calçada que não fica em frente às
entradas de garagem dos lotes foram considerados como área passível de
implantação de um jardim de chuva. Esta área, para dois lotes adjacentes, é de 0,5 m

110
por 24 m (12 m²).
O Cenário 6.2 é semelhante ao 6.1, porém, neste segundo cenário, o jardim de
chuva se situa na divisão das vagas do estacionamento em frente a dois lotes e
equivale a 2,88 m². A área total a ser drenada é de 72 m² e pretende-se verificar as
alturas de rebaixo e leito granular para anular o escoamento superficial de toda a área
de estacionamento. A configuração considerada para os jardins de chuva da calçada e
do estacionamento é apresentada na Figura 61.

Figura 61 – Configuração dos jardins de chuva da calçada e do estacionamento.

O Cenário 6.3 verificou a implantação de um jardim de chuva na área


permeável do lote (30%), de modo a resgatar e aprimorar a proposta dos cenários de
número 3, que avaliaram a implantação de um jardim rebaixado na área permeável do
lote. Para tanto, foi considerado um rebaixo de 10 cm, que é considerado um desnível
aceitável no jardim, e verificada a altura do leito granular necessária para anular a
contribuição do lote para o sistema de drenagem.
Os resultados dos cenários de número 6 foram compilados na Tabela 26. Da
mesma forma que para os jardins rebaixados (cenários de número 3), os tempos de
esvaziamento para os jardins de chuva apresentados consideram apenas a infiltração
ocorrida pela taxa base de infiltração, o que aumenta consideravelmente o tempo real
de esvaziamento que possivelmente ocorreria. Se fossem considerados a variação da
taxa de infiltração em um solo mais propício a infiltração e não saturado e outros
fenômenos, como evaporação e evapotranspiração, estes tempos potencialmente
diminuiriam.

111
Tabela 26 – Resultados dos cenários de número 6.

CHUVA RESULTADOS
Área Área do Alt. do Alt. do Alt. Vol. de Vazão Vazão máx. Vazão máx. Tempo de Tempo de Tempo de
CEN. TR DUR. Vazão máx.
dren. jardim rebaixo leito total armaz. afluente extrav. efl. da área enchim. esvaz. esvaz. total
(anos) (h) infiltr. (m³/s)
(m²) (m²) (m) (m) (m) (m³) máx. (m³/s) (m³/s) dren. (m³/s) (min) rebaixo (min) (min)
1 0,25 0,16 0,41 3,38 0,000020 0,000020 60 2580 3087
3 0,34 0,40 0,74 5,04 0,000032 0,000032 180 2332 3337
10 0,002065 0
6 0,35 0,76 1,11 6,02 0,000049 0,000049 360 1782 2944
12 0,35 1,04 1,39 6,70 0,000063 0,000063 720 1832 2912
6.1 60 12,00
1 0,31 0,11 0,42 3,98 0,000017 0,000017 60 3625 3983
3 0,42 0,40 0,82 6,00 0,000032 0,000032 180 2838 3843
25 0,002435 0
6 0,45 0,76 1,21 7,22 0,000049 0,000049 360 2188 3350
12 0,45 1,12 1,57 8,09 0,000067 0,000067 720 2066 3114
1 1,58 0,12 1,70 4,62 0,000004 0,000004 60 20316 20709
3 2,38 0,42 2,80 7,10 0,000006 0,000006 180 19530 20677
10 0,002792 0
6 2,95 0,81 3,76 8,96 0,000009 0,000009 360 16613 18097
12 3,54 1,48 5,02 11,05 0,000014 0,000014 720 13273 14593
6.2 72 2,88
1 1,86 0,16 2,02 5,45 0,000004 0,000004 60 22203 22720
3 2,82 0,45 3,27 8,38 0,000006 0,000006 180 22298 23495
25 0,003293 0
6 3,51 0,84 4,35 10,59 0,000009 0,000009 360 19231 20719
12 4,25 1,49 5,74 13,10 0,000014 0,000014 720 15711 17027
1 0,12 0,22 22,32 0,004919 0,000186 0,005105 45 1653 2052
3 0,26 0,36 27,36 0,009189 0,000194 0,009383 99 1646 2504
10 0,10 0,016367
6 0,41 0,51 32,76 0,009181 0,000202 0,009383 350 1834 3167
12 0,62 0,72 40,32 0,009170 0,000213 0,009383 370 1775 3729
6.3 600 180,00
1 0,10 0,20 21,60 0,010880 0,000185 0,011065 37 1655 1988
3 0,25 0,35 27,00 0,019109 0,000194 0,019302 93 1644 2469
25 0,10 0,019302
6 0,42 0,52 33,12 0,019099 0,000203 0,019302 183 1663 3027
12 0,64 0,74 41,04 0,019088 0,000215 0,019302 362 1760 3770

112
Para o Cenário 6.1, a proporção de área de jardim de chuva com relação à
área total drenada foi de 20%, o que resultou em alturas totais para a estrutura
variando de 0,41 a 1,57 m. As alturas de rebaixo e de leito granular neste cenário
foram otimizadas, de acordo com a intensidade da chuva de projeto e com a
capacidade de esvaziamento de cada camada. A otimização das alturas de rebaixo e
leito granular se deu de modo a minimizar a altura total da estrutura, visto que as taxas
de infiltração nas diferentes camadas são variáveis e isto resulta em uma proporção
ótima específica para cada chuva de projeto. Assim, as alturas de rebaixo obtidas
foram elevadas (0,25 a 0,45 m), gerando riscos aos transeuntes. No entanto, como a
área é relativamente pequena, é possível avaliar possibilidade de instalação de uma
grade sobre o jardim, para evitar acidentes relacionados ao desnível. As alturas
necessárias para os leitos granulares também foram altas, com valores de 0,16 a 1,12
m. No caso dos jardins de chuva, diferentemente dos pavimentos permeáveis, o leito
granular não tem uma função estrutural e nem a saída por um dreno na base do leito,
não limitando a sua profundidade máxima. No entanto, as profundidades a serem
escavadas são muito grandes para o porte da obra em questão, o que faria com que
fosse difícil colocar estes projetos em prática. Outro aspecto a ser avaliado é a vazão
máxima efluente considerada para as simulações, que teve como objetivo anular o
escoamento superficial da área drenada, o que é bastante pretensioso e até mesmo
desnecessário, já que a recuperação da vazão natural da área já seria uma boa
contribuição. Com esta alteração de projeto, as profundidades do jardim de chuva
tendem a diminuir, visto que os volumes a serem armazenados seriam menores. Os
tempos de esvaziamento total da estrutura, considerando apenas a infiltração como
forma de saída de água, variaram de 2 a 2,6 dias, o que é razoável para que a
estrutura se esvazie entre uma chuva e outra. No entanto, considerando condições
mais favoráveis de infiltração, evaporação e evapotranspiração e, eventualmente, um
dreno auxiliar, esta estrutura potencialmente seria viável de ser implantada para
solução dos escoamentos gerados pelas calçadas.
No Cenário 6.2, o jardim de chuva representava apenas 4% de toda a área
drenada, o que é um valor aparentemente baixo para anular a contribuição da área
para a rede de drenagem. As alturas de rebaixo e leito granular resultantes das
simulações comprovaram esta suposição, visto que a altura total da estrutura, para as
diferentes chuvas de projeto, variou de 1,70 a 5,74 m, o que são valores totalmente
inviáveis de serem executados para o objetivo proposto. Os tempos de esvaziamento
também foram muito altos, devido às baixas áreas de superfície de infiltração quando
comparadas ao volume total a ser infiltrado, e chegaram à 16 dias no total. Com este
cenário foi possível concluir que 4% de área do total contribuinte é pouco para

113
implantação de um jardim de chuva. Entretanto, apesar dos valores exagerados, foi
possível atingir o objetivo teórico proposto e anular a contribuição do estacionamento
para o sistema de drenagem e definir os limites de operacionalidade dos jardins de
chuva.
O Cenário 6.3, diferentemente dos Cenários 6.1 e 6.2, propunha a fixação de
uma altura considerada satisfatória para o rebaixo do jardim, adotada como 10 cm. No
entanto, verificou-se que esta altura, aliada à capacidade de infiltração da água para o
leito granular adotada, não foi suficiente para armazenar o volume de chuva
necessário para que não houvesse extravasamento da estrutura. O transbordamento
ocorreu para todas as chuvas de projeto estudadas. No entanto, para as chuvas de
período de recorrência de 10 anos e para a chuva de 1 hora e TR = 25 anos, o
extravasamento ocorreu antes do pico da chuva, resultando em reduções da vazão de
pico efluente do lote com relação ao Cenário 1 – Ocupação convencional. Para a
menor das chuvas estudadas, a vazão de pico efluente do lote foi menor, inclusive, do
que a vazão natural, conforme apresentado na Figura 62. As outras chuvas que
resultaram em vazão efluente do lote menor que a vazão de pico do Cenário 1 são
representadas pela Figura 63 e pela Figura 64, onde a vazão máxima efluente é de
cerca de 0,0092 m³/s, para todas as chuvas de TR = 10 anos, e de 0,0109 m³/s, para a
chuva de TR = 25 anos. Para as chuvas de projeto de 25 anos de tempo de
recorrência e durações de 3, 6 e 12 horas o rebaixo do jardim se encheu antes do pico
da chuva, resultando em uma vazão máxima efluente do lote igual à verificada no
Cenário 1 – Ocupação convencional, conforme apresentado na Figura 65. As alturas
de leito granular necessárias variaram de 0,12 a 0,64 m, que são valores exequíveis.
Os tempos de esvaziamento do jardim de chuva variaram entre 1,4 e 2,6 dias, o que
também é um tempo razoável e, potencialmente, seria menor na prática, em função da
variação da capacidade de infiltração do solo de acordo com as condições iniciais, da
evaporação e da evapotranspiração. Assim, conclui-se, para o Cenário 6.3, que,
apesar de a estrutura ocupar 30% da área total drenada, a altura de rebaixo é
satisfatória em termos de conforto para os ocupantes do lote e a adoção da técnica
nestas configurações pode gerar benefícios, em termos de redução do impacto da
ocupação na hidrologia urbana, para grande parte das chuvas de menor intensidade,
como é o caso das chuvas de período de recorrência de 10 anos estudadas.
Entretanto, pequenos ajustes no rebaixo, ou a combinação com outras estruturas,
podem tornar esta opção efetiva para todas as chuvas consideradas.

114
Cenário 6.3 - Jardim de chuva - Lote
Duração da chuva de 1h e TR de 10 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 10 20 30 40 50 60 70

Tempo (min)
Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)
Vazão Efl. da Área Drenada pela Estrut. - Cenário 6.3 (m³/s)

Figura 62 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


6.3, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos.

Cenário 6.3 - Jardim de chuva - Lote


Duração da chuva de 3h e TR de 10 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190

Tempo (min)
Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)
Vazão Efl. da Área Drenada pela Estrut. - Cenário 6.3 (m³/s)

Figura 63 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


6.3, para a chuva de projeto de 3 horas e TR = 10 anos.

115
Cenário 6.3 - Jardim de chuva - Lote
Duração da chuva de 1h e TR de 25 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 10 20 30 40 50 60 70

Tempo (min)
Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)
Vazão Efl. da Área Drenada pela Estrut. - Cenário 6.3 (m³/s)

Figura 64 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


6.3, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 25 anos.

Cenário 6.3 - Jardim de chuva - Lote


Duração da chuva de 3h e TR de 25 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190

Tempo (min)
Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)
Vazão Efl. da Área Drenada pela Estrut. - Cenário 6.3 (m³/s)

Figura 65 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


6.3, para a chuva de projeto de 3 horas e TR = 25 anos.

4.8 Análise das simulações com técnicas individuais


As técnicas compensatórias simuladas individualmente neste trabalho
resultaram em desempenhos bastante variados com relação à redução e retardo de
picos de vazão efluente. Em alguns casos, os efeitos foram positivos para os

116
parâmetros propostos. Em outros, as estruturas não melhoraram a vazão de pico com
relação ao Cenário 1 – Ocupação convencional, o que não justifica a implantação da
técnica em questão para os parâmetros considerados. A Tabela 27 apresenta a
eficiência das técnicas compensatórias simuladas individualmente em termos de pico
de vazão com relação aos cenários de referência (Cenário 0 – Vazão natural – e
Cenário 1 – Ocupação convencional). Estas eficiências correspondem à média da
divisão da vazão de pico do cenário em questão pela vazão de pico do cenário de
referência. Entre parênteses se encontra o intervalo de valores resultantes desta
razão, quando este valor é variável.

117
Tabela 27 – Eficiência das técnicas compensatórias individuais em termos de picos de
vazão efluente.

Relação média entre vazão de pico dos cenários Proporção


simulados e cenários de referência para a unidade de área
CEN. referência considerada estrutura
Unidade de /área de
Cenário 0 Cenário 1
referência referência
0,45 (0,46 - lote; 2 lotes, calçada
0 1,00 0,37 - calçada; 0,33 e 0,00
- estacionamento) estacionamento
2,24 (2,17 - lote; 2 lotes, calçada
1 2,73 - calçada; 3,08 1,00 e 0,00
- estacionamento) estacionamento
0,019 a
2.1 0,94 (0,93 a 0,95) 0,44 (0,43 a 0,44) lote
0,024
2.2 2,17 1,00 lote 0,007
2.3 1,77 (1,71 a 1,82) 0,82 (0,79 a 0,84) lote 0,007
0,014 a
2.4 1,19 0,55 lote
0,017
3.1 0,002 0,001 lote 0,30
infiltração =
Taxa de

10-7 m/s

0,004 (0,003 a 0,002 (0,001 a


3.2 lote 0,41 a 0,79
0,006) 0,003)
3.3 1,93 (1,24 a 2,17) 0,89 (0,58 a 1) lote 0,30
3.4 0,68 0,31 lote 0,30
3.1 0,025 0,01 (0,009 a 0,011) lote 1,30
infiltração =

0,04 (0,031 a 0,019 (0,014 a


Taxa de

10-6 m/s

3.2 lote 0,4 a 0,67


0,048) 0,022)
3.3 1,93 (1,24 a 2,17) 0,89 (0,58 a 1) lote 0,30
3.4 0,68 0,31 lote 0,30
4.1 2,08 0,96 lote 0,10
4.2 2,03 0,94 lote 0,10
4.3 1,96 0,90 lote 0,25
4.4 1,83 0,85 lote 0,25
5.1 0,98 0,36 calçada 1,00
calçada e 2
5.2 0,90 0,41 0,05
lotes
6.1 0,05 (0,02 a 0,08) 0,02 (0,01 a 0,03) calçada 0,20
0,008 (0,004 a 0,003 (0,001 a
6.2 estacionamento 0,04
0,015) 0,005)
6.3 1,52 (0,68 a 2,17) 0,7 (0,31 a 1) lote 0,30
Com base em todos os resultados já apresentados, a Tabela 28 apresenta uma
compilação dos aspectos positivos e negativos apresentados para cada cenário de
técnica individual. Esta avaliação foi realizada especificamente para os parâmetros de
simulação adotados. No entanto, estes resultados não inviabilizam a adoção de
determinada técnica, pois sempre há a possibilidade de se avaliar, com as condições
específicas de um dado projeto, outras configurações das técnicas estudadas que
melhor atendam aos objetivos propostos.

118
Tabela 28 – Aspectos positivos e negativos dos cenários de técnicas individuais.

CENÁRIO ASPECTOS POSITIVOS ASPECTOS NEGATIVOS


Necessita de volume de armazenamento muito grande, o que onera o proprietário do lote em
2.1 Atende plenamente ao objetivo de recuperar as vazões naturais do lote.
termos de espaço e economicamente.
Reservatório pequeno, não onera muito o proprietário. Colabora com a conscientização da
2.2 população sobre o compartilhamento da responsabilidade dos impactos causados pela Não afeta o pico do hidrograma, pois ocorre extravasamento.
urbanização na drenagem urbana.
Não recupera a vazão natural. Libera todo o volume precipitado logo após o término da chuva, não
Reservatório pequeno, não onera muito o proprietário. Amortece de 16 a 21% a vazão
2.3 colaborando com a recuperação do tempo de concentração natural, condição favorável para a
máxima efluente do lote.
macrodrenagem.
Redução significativa (45%) da vazão de pico efluente do lote e aumento do tempo de Volumes de armazenamento grandes, onerando o proprietário do lote em termos de espaço e
2.4
liberação deste volume de água, colaborando com a micro e a macrodrenagem. economicamente.
Grandes alturas de rebaixo (risco aos ocupantes) e volumes de escavação. Tempos elevados de
3.1 Anula a contribuição do lote para a rede pública de drenagem.
esvaziamento, quando considerada apenas a infiltração pela taxa de 10-7 m/s.
Ocuparia áreas muito grandes. Tempos elevados de esvaziamento, quando considerada apenas
3.2 Anula a contribuição do lote para a rede pública de drenagem.
a infiltração pela taxa de 10-7 m/s.
Aplicado de forma isolada, não afeta o pico de vazão efluente do lote. Tempos elevados de
3.3 É uma técnica bastante simples para ser usada como técnica complementar.
esvaziamento, quando considerada apenas a infiltração pela taxa de 10-7 m/s.
Reduz a contribuição para a rede pública à vazão natural. Para as chuvas de projeto de Alturas de rebaixo que precisam de um talude auxiliar para as chuvas de projeto de maior
3.4 menor duração, os desníveis necessários são aceitáveis mesmo sem a adoção de um duração. Tempos elevados de esvaziamento, quando considerada apenas a infiltração pela taxa
talude. Resulta em atraso no pico de vazão efluente. de infiltração de 10-7 m/s.
Estrutura leve, com baixos custos de reforço estrutural. Área pequena de comprometimento Pequena eficiência de redução de pico de vazão (4%) quando aplicada sozinha para o lote como
4.1
da cobertura da edificação (20%), que pode ser de uma construção secundária. um todo.
Área pequena de comprometimento da cobertura da edificação (20%), que pode ser de Pequena eficiência de redução de pico de vazão (6%) quando aplicada sozinha para o lote como
4.2
uma construção secundária. um todo. Custos mais elevados, devido ao reforço estrutural e a maior espessura do substrato.
Estrutura leve, com baixos custos de reforço estrutural. Significativos resultados de redução
Área grande de comprometimento da cobertura (50%). Custos mais elevados devido às
4.3 de pico de vazão (10%) para o lote como um todo quando aplicada a técnica
dimensões do telhado verde.
individualmente.
Significativos resultados de redução de pico de vazão (15%) para o lote como um todo Área grande de comprometimento da cobertura (50%). Custos mais elevados devido às
4.4
quando aplicada a técnica individualmente. dimensões do telhado verde e à espessura do substrato (reforço estrutural).
Anula os efeitos hidrológicos negativos da urbanização da área com volume de escavação Ocupa toda a área urbanizada com a estrutura, apesar de permitir alguns tipos de uso
5.1
e de leito granular pequenos. concomitante.
Alturas de leito granular muito grandes para a técnica pretendida, comprometendo o deságue do
5.2 Anula o efeito da urbanização da própria calçada e dos lotes adjacentes. dreno no sistema de drenagem e a estrutura do pavimento, além de representar elevados custos
de implantação.
Anula a contribuição da área para a rede de drenagem, com intervenção em apenas 20%
dela. Utilizando outros coeficientes de infiltração e considerando outras formas de saída de Ocupa área que poderia ser utilizada para outros fins. Valores de rebaixo e altura do leito granular
6.1
água, como evapotranspiração e dreno auxiliar, esta configuração de jardim de chuva pode muito grandes.
se tornar uma boa alternativa.
Anula a contribuição da área para a rede de drenagem com intervenção em apenas 4% Ocupa área que poderia ser utilizada para outros fins. Valores de rebaixo, altura do leito granular e
6.2
dela. tempo de esvaziamento muito grandes.
Capacidade de armazenamento do rebaixo muito pequena, resultando em extravasamento e
Aproveita a área permeável do lote. Altura de rebaixo satisfatória. Redução das vazões de
6.3 equiparação das vazões de pico com relação ao Cenário 1 - Ocupação convencional para as
pico para as menores chuvas de projeto.
maiores chuvas de projeto.

119
Os resultados das simulações de técnicas individuais indicaram, em diversos
casos, dimensões muito grandes para atingir os objetivos propostos ou ineficiência da
aplicação da técnica de forma isolada. Com isso, foram estudadas as possibilidades
de combinações entre os cenários individuais com base nos resultados já
apresentados e nas possibilidades de alterações de parâmetros que otimizem as
estruturas e sua eficácia. A Tabela 29 apresenta as possibilidades de combinações
entre as técnicas compensatórias estudadas, de modo que as combinações foram
avaliadas considerando os parâmetros específicos adotados em cada cenário. Assim,
verifica-se, por exemplo, que o reservatório de lote proposto pela legislação municipal,
estudado no Cenário 2.2, poderia, potencialmente, ser combinado com o jardim
rebaixado em 10 cm em toda a área permeável do lote, avaliado no Cenário 3.3. De
forma similar, este mesmo reservatório, poderia ser combinado com o jardim rebaixado
do Cenário 3.4 ou com o telhado verde do Cenário 4.1 e, assim, sucessivamente.

Tabela 29 – Possibilidades de combinações de técnicas individuais para compor os


cenários de simulação de técnicas combinadas.

CEN. 2.1 2.2 2.3 2.4 3.1 3.2 3.3 3.4 4.1 4.2 4.3 4.4 5.1 5.2 6.1 6.2 6.3
2.1
2.2 X X X X X X X X
Reservatório de lote
2.3 X X X X X X X X
2.4 X X X X X X X X
3.1 X X X X
3.2
Jardim rebaixado
3.3 X X X X X
3.4 X X X X X
4.1 X X
4.2 X X
Telhado verde
4.3 X X
4.4 X X
5.1 Pavimento
5.2 permeável X X
6.1
Jardim de
6.2
chuva
6.3

Os reservatórios de lote poderiam ser combinados com qualquer outra técnica


individual, dependendo de suas configurações. Com os jardins rebaixados, poderiam
ser compostos volumes de armazenamento, de modo a liberar apenas a vazão natural
ou mesmo a adoção de dimensões menos onerosas ao proprietário, como o
reservatório da legislação municipal e um rebaixo no jardim de 10 cm, amortecendo,
potencialmente, a vazão de pico efluente do lote. A combinação poderia ser

120
implementada com as estruturas em paralelo ou em série. Apesar de esta parecer ser
uma combinação um pouco redundante, devido ao uso de duas técnicas de
reservação, seus mecanismos de liberação da água são diferentes. Uma parcela,
armazenada pelos jardins rebaixados, não é direcionada para a rede de drenagem,
pois infiltra. Já o reservatório de lote, tem uma vazão efluente orientada pelo orifício de
fundo, o qual deve ser dimensionado para liberar a vazão de projeto que se assuma
satisfatória, confrontando custos e benefícios das dimensões necessárias. Com isso a
combinação de reservatório de lote e jardim de chuva tem os potenciais de diminuir a
vazão de pico e o volume total de água efluente do lote, além de retardar a ocorrência
do pico de vazão, aproximando a dinâmica hidrológica do lote ocupado do natural,
para o contexto local e para a escala de bacia hidrográfica.
A combinação dos reservatórios de lote com telhados verdes tem potencial de
ser boa, pois o telhado verde diminui a quantidade de água a ser armazenada pelo
reservatório, minimizando suas dimensões, o que é útil, haja visto o conjunto individual
de simulações com reservatórios de lote. O telhado verde não exige uma área
adicional para sua implantação, não onerando o proprietário em termos de redução e
área útil do terreno. Esta combinação também diminui os picos de vazão e volumes de
água efluente do lote, além de retardar o pico de vazão. Da mesma forma que a
combinação anterior, esta aproxima a dinâmica hidrológica do lote da existente na pré-
urbanização.
Em uma combinação de técnicas adotadas em área pública conjuntamente
com a área privada, poderia ser instalado um reservatório de lote com dimensões
razoáveis ao proprietário que tivesse seu orifício de fundo direcionado para o leito
granular de um pavimento permeável na calçada. A parcela de água que não pudesse
ser retida pelo reservatório de lote, seria, assim, armazenada, infiltrada e regulada
pelo pavimento da área pública. Esta configuração depende das cotas específicas do
terreno para ser passível de implantação, já que o orifício do reservatório de lote fica
no fundo do reservatório e a entrada de água no pavimento permeável não pode ser
afogada. Como os resultados apresentados para os Cenários 5.1 e 5.2 demonstraram
que a opção de a calçada receber a água dos lotes sem nenhuma técnica auxiliar é
inviável, devido às dimensões necessárias para o leito granular da calçada, o
reservatório de lote pode amenizar este problema e a combinação em questão pode
se tornar viável e não deve ser descartada em um estudo específico.
A combinação de reservatórios de lote com jardins de chuva na área permeável
do lote se assemelha à combinação dos reservatórios com os jardins rebaixados,
sendo, entretanto, mais cara, devido ao maior volume de escavação e ao preparo do
material do leito granular. Como se tratam de duas técnicas de reservação dentro do

121
lote, apresentando poucas variáveis com relação ao jardim rebaixado, esta
combinação seria recomendada apenas em casos muito específicos onde o volume
extra de armazenamento no leito granular do jardim de chuva seja relevante a ponto
de justificar a maior complexidade do sistema.
Os jardins rebaixados usados em conjunto com os telhados verdes apresentam
um bom potencial de contribuição hidrológica. Esta combinação reduz o volume de
água liberado pelo lote, devido à retenção ocorrida no telhado verde e ao
armazenamento no jardim rebaixado, de onde a água é liberada por infiltração e
extravasamento. Nesta possibilidade de combinação é importante verificar se o
extravasamento está ocorrendo após o pico da chuva de projeto, pois, caso contrário,
haverá apenas uma redução de volume liberado, não reduzindo as vazões de pico
efluentes.
Outra combinação possível é a implantação de um jardim rebaixado na área
permeável do lote e um pavimento permeável na calçada adjacente, de modo que a
segunda estrutura absorveria o excedente extravasado da primeira, numa parceria
entre as áreas públicas e privadas. Nesta configuração, deve-se avaliar se as
dimensões do jardim rebaixado do lote não são grandes demais, causando altos
custos e riscos aos ocupantes do lote, ao mesmo tempo em que as dimensões do leito
granular do pavimento permeável não podem ser muito elevadas, causando
problemas estruturais e repassando o problema ao poder público.
O telhado verde pode ser combinado com o pavimento permeável da calçada,
o qual receberia o excedente do escoamento superficial do lote e o armazenaria,
infiltraria e controlaria a vazão efluente através de seu orifício de fundo. No entanto,
para as configurações de telhados verdes e pavimentos permeáveis utilizadas neste
trabalho, mesmo com as reduções do volume efluente do lote devido à implantação do
telhado verde, as dimensões necessárias para os pavimentos permeáveis liberarem
apenas a vazão natural da área tenderiam a ser muito elevadas, causando perda de
resistência estrutural do pavimento. Outras possibilidades de vazão de projeto efluente
e configurações de telhados verdes e pavimentos permeáveis podem, entretanto, ser
avaliadas para casos específicos, não sendo, portanto, esta combinação totalmente
descartável.
Outra combinação possível é a de telhados verdes com jardins de chuva, a
serem implantados na área permeável do lote. De forma semelhante à combinação de
telhados verdes com jardins rebaixados, os primeiros reduzem o volume de água a ser
administrado pelos jardins de chuva, diminuindo, portanto, suas dimensões requeridas
e tornando-os mais viáveis. Nesta possibilidade de combinação é importante verificar
se um eventual extravasamento do jardim de chuva ocorreria após o pico da chuva de

122
projeto, pois, caso contrário, como visto anteriormente para o jardim rebaixado, haverá
apenas uma redução de volume liberado, não reduzindo as vazões de pico efluentes
do lote como um todo.
Os pavimentos permeáveis poderiam complementar a ação dos jardins de
chuva, no caso de estes se apresentarem insuficientes para as suas áreas de
drenagem. Uma opção seria, em uma parceria de atuação pública e privada, a adoção
de jardins de chuva na área permeável do lote com dimensões razoáveis para os
ocupantes e sua vazão de extravasamento seria vertida para o pavimento permeável
da calçada adjacente. Nesta configuração os atores envolvidos na degradação da
hidrologia urbana são acionados de forma a distribuir a responsabilidade da atenuação
dos prejuízos sem, entretanto, onerar demasiadamente qualquer das partes. No
entanto, é necessário verificar se as dimensões do pavimento permeável necessárias
seriam viáveis, já que as dimensões obtidas nas simulações do Cenário 5.1, onde o
pavimento permeável drena apenas a própria área, foram consideradas satisfatórias
para adoção na prática, apesar de não estarem no limite da altura máxima possível de
ser implantada sem perder resistência estrutural do pavimento. Outra possibilidade é a
complementação do jardim de chuva da área de estacionamento, que é muito
pequeno para a área drenada para as configurações adotadas para a simulação neste
trabalho. Esta configuração incluiria o recebimento da água excedente do jardim de
chuva do estacionamento pelo leito granular do pavimento permeável da calçada. Da
mesma forma que a configuração anterior, é necessário verificar se as dimensões
requeridas para atingir os objetivos do projeto são aceitáveis.
Com base nas possibilidades de combinação das técnicas individuais
apresentadas, foram compostos alguns cenários de técnicas combinadas, a serem
avaliados através de simulações na escala de lote para as 8 chuva de projeto
estudadas. As configurações destes cenários e seus resultados são conteúdo do item
5 deste trabalho.

5. RESULTADOS DOS CENÁRIOS DE TÉCNICAS


COMBINADAS
Com base nos resultados das simulações de técnicas individuais aplicadas à
escala de lote, foram propostas combinações a serem avaliadas na segunda fase
deste trabalho. Estas combinações foram consideradas, com base nos resultados
anteriores, como potencialmente boas para serem aplicadas na prática. Da mesma
forma que na primeira fase, as simulações foram realizadas para a escala de lote, mas
também avaliando a sua atuação para a escala da bacia, considerando as oito chuvas

123
de projeto apresentadas no item 3.2. Os cenários estudados de técnicas
compensatórias combinadas são apresentados na Tabela 30.

Tabela 30 – Cenários de técnicas combinadas simulados para a escala de lote.

Técnica Cenário Proposta


CENÁRIOS COMBINADOS - LOTE
Telhado Telhado verde intensivo em 20% da área edificável do lote +
7.1
verde + jardim rebaixado em 10 cm em 30% do lote.
Jardim Telhado verde intensivo em 50% da área edificável do lote +
rebaixado 7.2
jardim rebaixado em 15 cm em 30% do lote.
Telhado verde intensivo em 20% da área edificável do lote +
8.1
Telhado reservatório de lote para sair apenas a vazão natural.
verde + Telhado verde intensivo em 50% da área edificável do lote +
8.2
Reservatório reservatório de lote para sair apenas a vazão natural.
de lote Telhado verde intensivo em 50% da área edificável do lote +
8.3
reservatório de lote da legislação municipal.
Jardim rebaixado em 10 cm em 30% do lote com saída do
9.1 excedente para reservatório de lote para sair apenas a
Jardim vazão natural.
rebaixado +
Reservatório Reservatório da legislação municipal recebe a contribuição
de lote da área impermeável do lote com saída do excedente para
9.2
jardim rebaixado com altura necessária para que saia do lote
apenas a vazão natural.
Telhado verde de 20 cm de substrato em 20% da área
Telhado
edificável do lote + reservatório da legislação municipal
verde +
recebe escoamento de 50% da área edificável do lote sem
Jardim
10.1 telhado verde e do restante da área impermeável do lote.
rebaixado +
Jardim rebaixado em 10 cm em 30% do lote recebe
Reservatório
excedente do reservatório de lote e da outra metade do
de lote
telhado.
CENÁRIOS COMBINADOS - ÁREA PÚBLICA
Toda a calçada com pavimento permeável. Estacionamento
Pavimento com pavimentação convencional e jardim de chuva com 10
permeável + cm de rebaixo e 1 m de leito granular entre as vagas.
11.1
Jardim de Excedente do jardim de chuva direcionado para o leito
chuva granular do pavimento permeável da calçada. Conjunto
libera a vazão natural.
CENÁRIOS COMBINADOS - LOTE E ÁREA PÚBLICA
Jardim
Jardim rebaixado em 10 cm em 30% do lote + pavimento
rebaixado +
12.1 permeável na calçada que recebe o excedente do lote e
Pavimento
deixa sair apenas a vazão natural.
permeável

5.1 Cenários 7 – Telhado verde e jardim rebaixado


Os cenários de número 7 verificaram a combinação de um telhado verde e um
jardim rebaixado no lote. Para todos os cenários com telhados verdes nesta segunda
fase das simulações (cenários de números 7, 8 e 10), foi considerado o telhado verde

124
intensivo, com 20 cm de substrato. Esta escolha se deve às características do lote
padrão, que, com 600 m² de área, não representa uma ocupação de baixa renda, de
modo que os custos extras referentes à maior requisição estrutural poderiam
potencialmente ser absorvidos pelo proprietário. No entanto, esta escolha não exclui a
adoção, na prática, de telhados verdes extensivos, com menor espessura de
substrato. Apesar de menos eficientes em termos de retenção de água, os telhados
verdes extensivos também apresentam resultados positivos, em especial onde não há
áreas não edificadas dentro do lote para a aplicação de outras técnicas e quando os
custos ou a própria edificação pré-existente inviabilizam a adoção de uma estrutura
mais pesada sobre a cobertura. Esta combinação de fatores representa uma típica
ocupação de baixa renda, onde o adensamento das construções é alto e a
disponibilidade de recursos é pequena. Os parâmetros de simulação adotados, como
taxa de infiltração e capacidade de retenção de água do telhado verde, são os
mesmos que para os cenários de técnicas individuais.
O Cenário 7.1 verificou o desempenho de um telhado verde intensivo (20 cm
de substrato) em 20% (60 m²) da área edificável do lote, que equivale a 50% do lote,
ou 300 m², aliado a um jardim rebaixado em 10 cm que ocuparia toda a área
permeável do lote, ou seja 30% do lote ou 180 m². A área do telhado verde adotada
neste cenário possibilita a adoção da estrutura apenas em um telhado auxiliar, como o
de um quiosque de lazer ou de uma garagem, por exemplo. Esta configuração se
mostra viável de ser colocada em prática, já que não requer grandes e onerosas áreas
de telhado verde. No mesmo sentido, o jardim rebaixado em 10 cm utiliza uma área
que deve ser mantida permeável pela legislação e não representa desconforto ou risco
aos ocupantes do lote devido a desníveis e não requer grandes volumes de
escavação. Apesar disto, o jardim representa uma capacidade de armazenamento de
18 m³ de água, volume maior do que o requerido pela legislação municipal para os
reservatórios de lote. Desta forma, o Cenário 7.1 pretendeu avaliar se a adoção de
duas técnicas relativamente pouco onerosas ao proprietário surtiria efeitos satisfatórios
em termos de redução de impacto da urbanização na hidrologia urbana.
Mais ousado, o Cenário 7.2 propõe a adoção das mesmas técnicas do cenário
anterior, porém com dimensões um pouco maiores. Neste caso, o telhado verde
ocuparia 50% da área edificável do lote, o que poderia ser uma das águas do telhado,
por exemplo, e o jardim seria rebaixado em 15 cm, valor maior que o anterior, mas que
também não deve causar desconforto ou risco aos ocupantes. Estas diferenças podem
compensar, dependendo dos benefícios obtidos.
Os principais resultados dos cenários de número 7 são apresentados na Tabela
31.

125
Tabela 31 – Resultados dos cenários de número 7.

CHUVA RESULTADOS
CEN. Área do Alt. do Área Área do Altura do Vol. de Vazão Vazão máx. Vazão máx. Tempo de Tempo de
TR DUR. Vazão máx.
telhado substrato dren. jardim rebaixo armaz. afluente extrav. efl. da área enchim. esvaz.
(anos) (h) infiltr. (m³/s)
(m²) (m) (m²) (m²) (m) (m³) máx. (m³/s) (m³/s) dren. (m³/s) (min) total (min)
1 0,008625 0,008805 36 1703
3 86 1753
10 60 0,2 180,00 0,10 18,00 0,015360 0,000180
6 0,015180 0,015360 171 1838
12 341 2007
7.1 600
1 0,010204 0,010384 31 1698
3 83 1750
25 60 0,2 180,00 0,10 18,00 0,018114 0,000180
6 0,017934 0,018114 165 1832
12 325 1992
1 0 0,000180 60 2125
3 0,002842 0,003022 113 2613
10 150 0,2 180,00 0,15 27,00 0,013849 0,000180
6 0,007759 0,007939 188 2688
12 0,013669 0,013849 360 2860
7.2 600
1 0 0,000180 60 2506
3 0,009183 0,009363 97 2598
25 150 0,2 180,00 0,15 27,00 0,016332 0,000180
6 179 2680
0,016152 0,016332
12 354 2854

126
O Cenário 7.1 verificou os resultados da adoção de duas estruturas de relativa
simplicidade de implantação dentro do lote. Com base na Tabela 31 é possível verificar
que, apesar de o telhado verde reduzir o volume de água afluente ao jardim rebaixado,
este ainda não tem capacidade de armazenamento suficiente para reduzir a vazão de
pico efluente do lote para as chuvas com mais de 1 hora de duração. O enchimento do
jardim rebaixado ocorre antes do pico da chuva de projeto nestes casos. A Figura 66
apresenta o hidrograma efluente do lote para a menor das chuvas de projeto (duração
de 1 hora e TR de 10 anos) para os cenários de referência de ocupação e para o
Cenário 3.3. A comparação com o Cenário 3.3 possibilita visualizar os efeitos
adicionais resultantes da adoção do telhado verde intensivo (com 20 cm de substrato)
em 20% da área edificável do lote, já que o jardim rebaixado proposto por este cenário
tem a mesma configuração que o do cenário ora estudado. O efeito adicional do
telhado verde foi a redução de 6% da vazão de pico efluente do lote nos casos onde
houve extravasamento antes do pico da chuva. No caso da chuva de 1 hora e TR = 25
anos, o telhado verde ainda foi responsável pelo retardamento do enchimento do
jardim rebaixado, de modo que este só extravasasse após o pico da chuva,
contribuindo enfaticamente para a redução da vazão de pico efluente do lote,
conforme apresentado na Figura 67. Os hidrogramas do Cenário 7.1 foram muito
semelhantes para todas as chuvas de projeto maiores que 1 hora, de modo que a
vazão de pico efluente do lote foi próxima à vazão de referência do Cenário 1 –
Ocupação convencional, havendo apenas o abatimento resultante do telhado verde de
diferença. A Figura 68 apresenta um hidrograma típico do Cenário 7.1 para as chuvas
maiores que 1 hora. Os tempos de esvaziamento do jardim rebaixado, considerando
apenas a infiltração pela taxa base de infiltração de 10-6 m/s, foram de pouco mais de
1 dia, o que são tempos satisfatórios para disponibilizar a estrutura para chuvas
consecutivas. Vale lembrar que, na prática, outros fenômenos colaboram com a
eliminação da água da estrutura, como a evaporação e a evapotranspiração, o que
diminui ainda mais este tempo.

127
Cenário 7.1 - Telhado verde (extensivo em 20% do telhado) +
Jardim rebaixado (10 cm em 30% do lote)
Duração da chuva de 1h e TR de 10 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 10 20 30 40 50 60 70 80

Tempo (min)
Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 7.1 (m³/s) Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 3.3 (m³/s)

Figura 66 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


7.1, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos.

Cenário 7.1 - Telhado verde (extensivo em 20% do telhado) +


Jardim rebaixado (10 cm em 30% do lote)
Duração da chuva de 1h e TR de 25 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 10 20 30 40 50 60 70 80

Tempo (min)
Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 7.1 (m³/s) Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 3.3 (m³/s)

Figura 67 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


7.1, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 25 anos.

128
Cenário 7.1 - Telhado verde (extensivo em 20% do telhado) +
Jardim rebaixado (10 cm em 30% do lote)
Duração da chuva de 3h e TR de 25 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
1 11 21 31 41 51 61 71 81 91 101 111 121 131 141 151 161 171 181 191
Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 7.1 (m³/s) Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 3.3 (m³/s)

Figura 68 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


7.1, para a chuva de projeto de 3 horas e TR = 25 anos.

O Cenário 7.2, com a alteração das dimensões das técnicas combinadas


estudadas no Cenários 7.1, obteve resultados melhores em termos de vazão efluente
do lote. A redução de volume afluente ao jardim rebaixado ocasionada pela adoção de
50% do telhado com telhado verde intensivo e o aumento em 50% da capacidade de
armazenamento de água do jardim possibilitaram que, apenas para as chuvas de
duração de 12 horas, o extravasamento do jardim ocorresse antes do pico da chuva, o
que resultou em uma redução significativa e um retardamento das vazões de pico
efluentes do lote, com relação ao Cenário 1, para as outras chuvas de projeto. Esta
redução significou, inclusive, que não foi verificado extravasamento para as chuvas de
duração de 1 hora. Além disso, para a chuva de 3 horas e TR = 10 anos, a vazão
máxima efluente do lote ainda foi menor do que a vazão natural. A chuva de 3 horas e
TR = 25 anos resultou em um hidrograma onde o extravasamento do jardim ocorreu
depois do pico da chuva e a vazão máxima efluente do lote foi maior do que a vazão
natural, mas menor do que a do Cenário 1. Já as chuvas de duração de 12 horas,
onde o extravasamento do jardim rebaixado ocorreu antes do pico da chuva, não
resultaram em redução de vazão de pico, com relação ao Cenário 1, além do abatido
pelo telhado verde. Devido à grande variedade de configurações de hidrogramas
efluentes do lote para o Cenário 7.2, serão apresentados os gráficos para todas as
chuvas de projeto (Figura 69 a Figura 76). Os tempos de esvaziamento do jardim
rebaixado, considerando apenas a saída pela taxa base de infiltração, variaram de 1,5

129
a 2 dias, o que é razoável para a sua adoção na prática.

Cenário 7.2 - Telhado verde (extensivo em 50% do


telhado) + Jardim rebaixado (15 cm em 30% do lote)
Duração da chuva de 1h e TR de 10 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
1 11 21 31 41 51 61 71 81
Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 7.2 (m³/s)

Figura 69 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


7.2, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos.

Cenário 7.2 - Telhado verde (extensivo em 50% do


telhado) + Jardim rebaixado (15 cm em 30% do lote)
Duração da chuva de 1h e TR de 25 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
1 11 21 31 41 51 61 71 81
Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 7.2 (m³/s)

Figura 70 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


7.2, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 25 anos.

130
Cenário 7.2 - Telhado verde (extensivo em 50% do
telhado) + Jardim rebaixado (15 cm em 30% do lote)
Duração da chuva de 3h e TR de 10 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190

Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 7.2 (m³/s)

Figura 71 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


7.2, para a chuva de projeto de 3 horas e TR = 10 anos.

Cenário 7.2 - Telhado verde (extensivo em 50% do


telhado) + Jardim rebaixado (15 cm em 30% do lote)
Duração da chuva de 3h e TR de 25 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190

Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 7.2 (m³/s)

Figura 72 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


7.2, para a chuva de projeto de 3 horas e TR = 25 anos.

131
Cenário 7.2 - Telhado verde (extensivo em 50% do
telhado) + Jardim rebaixado (15 cm em 30% do lote)
Duração da chuva de 6h e TR de 10 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
1 21 41 61 81 101 121 141 161 181 201 221 241 261 281 301 321 341 361 381
Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 7.2 (m³/s)

Figura 73 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


7.2, para a chuva de projeto de 6 horas e TR = 10 anos.

Cenário 7.2 - Telhado verde (extensivo em 50% do


telhado) + Jardim rebaixado (15 cm em 30% do lote)
Duração da chuva de 6h e TR de 25 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
1 21 41 61 81 101 121 141 161 181 201 221 241 261 281 301 321 341 361 381
Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 7.2 (m³/s)

Figura 74 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


7.2, para a chuva de projeto de 6 horas e TR = 25 anos.

132
Cenário 7.2 - Telhado verde (extensivo em 50% do
telhado) + Jardim rebaixado (15 cm em 30% do lote)
Duração da chuva de 12h e TR de 10 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
1 51 101 151 201 251 301 351 401 451 501 551 601 651 701 751
Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 7.2 (m³/s)

Figura 75 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


7.2, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 10 anos.

Cenário 7.2 - Telhado verde (extensivo em 50% do


telhado) + Jardim rebaixado (15 cm em 30% do lote)
Duração da chuva de 12h e TR de 25 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750

Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 7.2 (m³/s)

Figura 76 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


7.2, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos.

133
5.2 Cenários 8 – Telhado verde e reservatório de lote
Com uma configuração parecida com a dos cenários de número 7, os cenários
de número 8 propõem a adoção de um reservatório de lote, ao invés do jardim
rebaixado, combinado com o telhado verde. Com o orifício de fundo do reservatório de
lote regulando a saída de água e a manutenção de 30% do lote como área permeável,
os volumes de armazenamento necessários tendem a ser significativamente menores
do que os dos jardins rebaixados.
O Cenário 8.1 propõe a implantação de um telhado verde intensivo em 20% da
área edificável aliado à um reservatório de lote dimensionado para que a vazão
máxima efluente do lote equivalha à vazão natural.
Já o Cenário 8.2 propõe a adoção das mesmas técnicas que o Cenário 8.1,
mas considerando que o telhado verde ocuparia 50% da área edificável do lote.
Apesar da maior dificuldade de implantação e manutenção deste telhado verde,
comprometendo uma das águas do telhado, o volume do reservatório de lote
necessário tende a ser significativamente menor.
O Cenário 8.3 avalia o resultado da adoção do telhado verde intensivo em 50%
da edificação aliado ao reservatório proposto pela legislação municipal.
Os resultados dos cenários de número 8 são apresentados na Tabela 32.

134
Tabela 32 – Resultados dos cenários de número 8.

CHUVA RESULTADOS
Área do Alt. do Área Área do Altura Diâm. Vol. de Vazão Vazão máx. Vazão máx. Vazão máx. Vazão máx. Tempo de Tempo de
CEN. TR DUR.
telh. substr. dren. res. do orifício armaz. afluente extrav. orifício área perm. efl. da área enchim. esvaz.
(anos) (h)
(m²) (m) (m²) (m²) res.(m) (m) (m³) máx. (m³/s) (m³/s) (m³/s) do lote (m³/s) dren. (m³/s) (min) (min)
1 9,90 9,90 0,005273 0,007133 40 116
3 0,005283 0,002266 0,007172 100 207
10 60 0,2 1,00 0,050 0,013094 0
6 10,50 10,50 0,005284 0,007173 190 369
12 0,005284 0,007173 370 725
8.1 420
1 11,60 11,60 0,006232 0,008427 40 116
3 0,006227 0,002673 0,008455 100 207
25 60 0,2 1,00 0,055 0,015441 0
6 12,40 12,40 0,006228 0,008456 190 369
12 0,006228 0,008456 370 725
1 7,80 7,80 0,005268 0,007213 40 101
3 0,005278 0,002266 0,007240 100 194
10 150 0,2 1,00 0,050 0,011583 0
6 8,10 8,10 0,005279 0,007240 190 366
12 0,005279 0,007240 370 723
8.2 420
1 9,10 9,10 0,006234 0,008530 40 101
3 0,006235 0,002673 0,008550 100 194
25 150 0,2 1,00 0,055 0,013660 0
6 9,50 9,50 0,006236 0,008550 190 366
12 0,006236 0,008550 370 723
1 0,006381 0,005202 0,013849 30 81
3 0,006378 0,005204 0,002266 0,013849 86 186
10 150 0,2 4,41 1,00 0,050 4,41 0,011583
6 0,005204 0,013849 176 363
0,006378
12 0,005204 0,013849 356 722
8.3 420
1 0,008457 0,005203 0,016332 30 83
3 0,008455 0,005204 0,002673 0,016332 90 187
25 150 0,2 4,41 1,00 0,050 4,41 0,013660
6 0,005204 0,016332 180 364
0,008455
12 0,005204 0,016332 360 722

135
O dimensionamento dos reservatórios nos moldes propostos para o Cenário
8.1 resultou em volumes entre 9,9 e 12,4 m³, que são valores considerados ainda
elevados, onerando demasiadamente o proprietário do lote. No entanto, seus
benefícios são bastante superiores aos obtidos com o Cenário 7.1, que propõe a
reservação através do jardim rebaixado, o qual tem capacidade de armazenamento de
18 m³ e, mesmo assim, não foi capaz de reduzir as vazões efluentes do lote aos níveis
de pré-urbanização. Isto indica que o uso do amortecimento de vazões, em vez da
simples exclusão de volumes (reservação no jardim rebaixado), é mais efetivo, devido
à liberação de vazões ao longo de toda a chuva. Os resultados obtidos para o Cenário
8.1 apontaram para volumes elevados de reservatórios, porém factíveis, em caso de
necessidade extrema, e para tempos de esvaziamento compatíveis com o uso
proposto. Um fator interessante deste cenário é de que os volumes necessários para o
reservatório não aumentam com o aumento da duração da chuva, a partir de chuvas
de 3 horas. Este fato evidencia um potencial de atendimento satisfatório a uma gama
maior de eventos reais que possam ocorrer. A Figura 77 e a Figura 78 representam os
hidrogramas efluentes do lote com a adoção do telhado verde e do reservatório de lote
propostos no Cenário 8.1. Foram apresentadas apenas as duas chuvas de projeto
mais extremas, pois os gráficos são bastante semelhantes e, portanto, estas
representam toda a gama de chuvas estudadas sem perdas significativas na
apresentação dos resultados.

Cenário 8.1 - Telhado verde (extensivo em 20% do telhado) +


Reservatório de lote (recuperação da vazão natural)
Duração da chuva de 1h e TR de 10 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130

Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 8.1 (m³/s)

Figura 77 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


8.1, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos.

136
Cenário 8.1 - Telhado verde (extensivo em 20% do telhado)
+ Reservatório de lote (recuperação da vazão natural)
Duração da chuva de 12h e TR de 25 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720

Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 8.1 (m³/s)

Figura 78 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


8.1, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos.

A diferença do Cenário 8.2 com relação ao Cenário 8.1 é que o proprietário


deverá investir mais no telhado verde e menos no reservatório de lote. O aumento em
30% da área de telhado verde resultou em uma redução de 12%, em média, do
volume necessário para o reservatório. Estudos de custo-benefício específicos para
cada caso se fazem necessários para verificar a melhor configuração. A Figura 79 e a
Figura 80 representam os hidrogramas efluentes do lote com a adoção da
configuração proposta por este cenário.

137
Cenário 8.2 - Telhado verde (extensivo em 50% do telhado) +
Reservatório de lote (recuperação da vazão natural)
Duração da chuva de 1h e TR de 10 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110

Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 8.2 (m³/s)

Figura 79 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


8.2, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos.

Cenário 8.2 - Telhado verde (extensivo em 50% do telhado)


+ Reservatório de lote (recuperação da vazão natural)
Duração da chuva de 12h e TR de 25 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720

Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 8.2 (m³/s)

Figura 80 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


8.2, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos.

Para finalizar os cenários de combinação de telhados verdes e reservatórios de


lote, o Cenário 8.3 verificou o resultado de um reservatório de lote proposto pela
legislação aliado a um telhado verde intensivo sobre 50% da área edificável do lote.
Tendo como objetivo ótimo aproximar a vazão efluente do lote da vazão natural, este
cenário se mostrou pouco eficiente. Apesar dos investimentos necessários para a

138
implantação e manutenção das duas estruturas, a vazão máxima efluente do lote foi
reduzida em apenas 15% em comparação com o Cenário 1, resultado igual ao obtido
no Cenário 4.4, onde apenas o telhado verde foi implantado. Ou seja, o reservatório de
lote da legislação não melhorou em nada a eficiência do sistema. Uma possibilidade
para melhorar a eficiência dessa combinação, sem aumentar as dimensões das
estruturas seria otimizar o diâmetro do orifício de fundo do reservatório, de modo que,
mesmo com o volume proposto pela legislação, o reservatório se enchesse apenas
após o pico da chuva. A Figura 81 e a Figura 82 representam os hidrogramas efluentes
do lote com as configurações adotadas para o Cenário 8.3. Os gráficos de todas as
outras chuvas de projeto de comportaram de forma semelhante aos apresentados.

Cenário 8.3 - Telhado verde (extensivo em 50% do telhado) +


Reservatório de lote (legislação)
Duração da chuva de 1h e TR de 10 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 8.3 (m³/s)

Figura 81 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


8.3, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos.

139
Cenário 8.3 - Telhado verde (extensivo em 50% do
telhado) + Reservatório de lote (legislação)
Duração da chuva de 12h e TR de 25 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720

Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 8.3 (m³/s)

Figura 82 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


8.3, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos.

5.3 Cenários 9 – Jardim rebaixado e reservatório de lote


Os cenários de número 9 propõem a combinação de jardins rebaixados e
reservatórios de lote. Apesar de serem duas técnicas de reservação e, à primeira vista,
parecerem se sobrepor, sua adoção conjunta pode levar à uma redução de dimensões
das duas estruturas para níveis que tornem esta combinação atraente. O jardim
rebaixado é uma estrutura muito simples e com baixos custos de implantação e
manutenção e que, com pequenos rebaixos, representa uma elevada capacidade de
armazenamento para o lote. Desta forma, foram propostos dois cenários combinando
jardins rebaixados e reservatórios de lote, sempre com o objetivo de aproximar a
vazão efluente do lote à vazão natural.
O Cenário 9.1 conta com um jardim rebaixado em 10 cm em 30% do lote, que é
a área a ser mantida permeável pela legislação. Como já mencionado, estas
dimensões são consideradas satisfatórias para um jardim de chuva, não oferecendo
riscos aos ocupantes e nem onerando muito o proprietário. A proposta deste cenário é
de que toda a área drenada do lote seja direcionada para o jardim rebaixado e,
quando ocorrer extravasamento dessa estrutura, a água seja direcionada para um
reservatório auxiliar. O reservatório seria, então, dimensionado de modo a liberar no
máximo a vazão natural do lote. A Figura 83 representa esquematicamente a
configuração proposta para este cenário.

140
Figura 83 – Configuração proposta para o Cenário 9.1

No Cenário 9.2, as estruturas em questão receberiam a água na ordem inversa


com relação ao Cenário 9.1. Toda a água drenada do lote, exceto a do próprio jardim,
seria encaminhada para o reservatório de lote. O reservatório teria as dimensões
exigidas pela legislação, que são consideradas as dimensões mínimas aceitáveis.
Após o enchimento do reservatório, a água seria direcionada para o jardim rebaixado,
o qual seria dimensionado de modo a liberar, por extravasamento, no caso, no máximo
a vazão natural do lote. A Figura 84 apresenta um esquema da configuração proposta
para este cenário.

Figura 84 – Configuração proposta para o Cenário 9.2.

Os resultados dos cenários de número 9 são apresentados na Tabela 33.

141
Tabela 33 – Resultados dos cenários de número 9.

CHUVA RESULTADOS
Vol. Vol. Vazão Vazão Vazão Vazão Vazão Tempo Tempo Tempo Tempo
CEN. Área Área Alt. Área Alt. Diâm. Vazão máx.
TR DUR. arm. arm. afluente máx. máx. máx. máx. ench. esvaz. ench. esvaz.
dren. jar. reb. res. res. orifí. efl. da área
(anos) (h) jar. res. máx. extrav. jar. infiltr. jar. extrav. orifício jar. jar. res. res.
(m²) (m²) (m) (m²) (m) (m) dren. (m³/s)
(m³) (m³) (m³/s) (m³/s) (m³/s) res. (m³/s) (m³/s) (min) (min) (min) (min)
1 1,40 1,40 0,009203 0,007429 0,007609 34 1701 40 63
3 4,90 4,90 0,007537 0,007717 85 1753 100 184
10 0,060 0,016367 0,000180 0
6 8,00 8,00 0,016187 0,007551 0,007731 170 1837 190 363
12 10,10 10,10 0,007548 0,007728 335 2002 370 722
9.1 600 180 0,1 18,00 1,00
1 2,90 2,90 0,008878 0,009058 29 1696 40 66
3 8,00 8,00 0,008896 0,009076 82 1749 100 185
25 0,065 0,019302 0,019122 0,000180 0
6 11,20 11,20 0,008900 0,009080 162 1829 190 364
12 12,70 12,70 0,008887 0,009067 318 1985 370 722
1 0 0,008898 0,005203 0,005383 60 834 30 84
3 0,000206 0,008895 0,005206 0,005386 122 955 83 187
10 0,05 9,00 0,016367 0,000180
6 0,000139 0,008895 0,005206 0,005386 228 1062 173 364
12 0 0,008895 0,005206 0,005386 460 1215 353 722
9.2 600 180 4,41 1,00 0,050 4,41
1 0 0,011425 0,005204 0,005384 60 1169 30 86
3 0,000654 0,011427 0,005203 0,006031 108 1274 90 189
25 0,07 12,60 0,019302 0,000180
6 0,000654 0,011427 0,005203 0,006030 198 1365 180 365
12 0,000035 0,011427 0,005203 0,005383 453 1620 360 722

142
O Cenário 9.1 resultou em volumes de reservatório de lote entre 1,4 e 12,7 m³,
que, para as maiores chuvas de projeto, significam volumes elevados a serem
armazenados por reservatórios de lote. No Cenário 2.1, onde um reservatório de lote,
aplicado de forma individual, foi dimensionado para recuperar a vazão natural, os
volumes a serem reservados variaram de 11,5 a 14,2 m³. Isto significa que, apesar dos
18 m³ de capacidade de reservação do jardim rebaixado, este não contribui
significativamente para a redução do tamanho dos reservatórios de lote necessários
para as chuvas de projeto mais longas quando adotado em série com o reservatório
de lote. Desta forma, verificamos que o jardim rebaixado colaboraria na redução do
volume necessário para o reservatório de lote, de forma a justificar sua implantação,
apenas para as chuvas de projeto de duração igual a 1 ou 3 horas. Para as chuvas
mais longas, os volumes necessários para o reservatório no Cenário 9.1 seriam
próximos aos do Cenário 2.1, não justificando, portanto, a adoção dos jardins
rebaixados nesta configuração como técnica complementar aos reservatórios de lote.
Os tempos de esvaziamento das estruturas se mostraram satisfatórios para todas as
chuvas de projeto. De modo ilustrativo, são apresentados na Figura 85 e na Figura 86
os hidrogramas efluentes do lote para o Cenário 9.1 para as chuvas de projeto mais
extremas, dentre as estudadas.

Cenário 9.1 - Jardim rebaixado (10 cm em 30% do lote) +


Reservatório de lote (recuperação da vazão natural)
Duração da chuva de 1h e TR de 10 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 10 20 30 40 50 60 70 80

Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 9.1 (m³/s)

Figura 85 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


9.1, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos.

143
Cenário 9.1 - Jardim rebaixado (10 cm em 30% do lote) +
Reservatório de lote (recuperação da vazão natural)
Duração da chuva de 12h e TR de 25 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720

Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 9.1 (m³/s)

Figura 86 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


9.1, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos.

Diferentemente das dimensões obtidas para o Cenário 9.1, o Cenário 9.2


resultou em valores mais razoáveis de serem colocados em prática. O reservatório de
lote, dimensionado com base na legislação, teria a capacidade de 4,41 m³. Para
complementar a necessidade de armazenamento de água no lote, o jardim precisaria
de um rebaixo com altura que variou entre 5 e 7 cm, valores inferiores aos 10 cm
considerados satisfatórios para outros cenários deste estudo. Apesar de esta
combinação resultar em uma necessidade de capacidade de armazenamento maior do
que as verificadas para o Cenário 2.1, devido à divisão do armazenamento em duas
estruturas distintas de menores dimensões, esta alternativa se mostra mais viável.
Vale ressaltar que o aproveitamento da área de jardim para armazenamento de água
se mostra bastante vantajoso em termos de custos e simplicidade de implantação e
operação. Em contrapartida, os valores de rebaixo obtidos no Cenário 3.4 (12 a 26 cm,
para a taxa de infiltração de 10-6 m/s, equivalente à adotada neste cenário), onde
verificou-se a altura de rebaixo do jardim necessária para o lote liberar no máximo a
vazão natural, são significativamente maiores do que os resultantes da combinação
estudada no Cenário 9.2, alturas estas mais complicadas de serem adotadas, devido a
segurança dos ocupantes do lote e a necessidade de um talude auxiliar. Esta
constatação reforça a importância do reservatório de lote combinado, em paralelo, com
o jardim rebaixado neste cenário. A Figura 87 e a Figura 88 apresentam os
hidrogramas típicos efluentes do lote no Cenário 9.2 para as chuvas de projeto
extremas. Nestes gráficos verifica-se um abaulamento maior da curva do Cenário 9.2

144
quando comparada ao Cenário 9.1, ocorrendo, eventualmente, dois picos de vazão em
momentos distintos: o primeiro referente ao enchimento do reservatório de lote,
quando a vazão efluente pelo orifício de fundo é máxima, e o segundo relativo ao
extravasamento do jardim rebaixado. Esta característica define mais uma vantagem da
configuração proposta no Cenário 9.2 com relação ao Cenário 9.1, que é a liberação
da vazão efluente de forma mais homogênea no tempo, desde o início da chuva
através do orifício de fundo do reservatório, reduzindo, consequentemente, a
necessidade de armazenamento de volumes adicionais de água.

Cenário 9.2 - Jardim rebaixado (30% do lote) + Reservatório


de lote (legislação)
Duração da chuva de 1h e TR de 10 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 9.2 (m³/s)

Figura 87 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


9.2, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos.

145
Cenário 9.2 - Jardim rebaixado (30% do lote) + Reservatório
de lote (legislação)
Duração da chuva de 12h e TR de 25 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720

Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 9.2 (m³/s)

Figura 88 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


9.2, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos.

A liberação contínua de água pelo orifício do reservatório também resulta em


vazões de pico de extravasamento do jardim decrescentes, em relação à chuvas de
menor duração. Ou seja, quanto mais longa a chuva, menor a vazão de
extravasamento, a partir das chuvas de 3 horas de duração. Esta característica parece
contrária ao comportamento esperado, que seria o incremento da vazão de
extravasamento com o aumento da duração da chuva, já que chuvas mais longas têm
maior volume precipitado. No entanto, isto se justifica se for avaliado o momento de
extravasamento do jardim rebaixado: quanto mais distante, para depois, do pico da
chuva de projeto ocorrer o enchimento e extravasamento do jardim rebaixado, menor a
vazão vertida, como pode ser observado na coluna de vazão máxima de
extravasamento do jardim da Tabela 33. Isto se deve às características de distribuição
temporal das chuvas de projeto adotadas, que podem ser visualizadas nas Figura 29 a
Figura 32. A partir da Tabela 33 é possível calcular que, conforme aumenta a duração
da chuva, mais se distancia o momento de ocorrência do extravasamento do jardim
rebaixado do pico da chuva. A diferença de tempo entre o pico da chuva e o
extravasamento do jardim é apresentada na Tabela 34. Nesta mesma tabela são
apresentadas as intensidades de chuva no momento de extravasamento do jardim.
Vale ressaltar que não ocorre extravasamento do jardim rebaixado para as chuvas de
1 hora de duração. A Figura 89 apresenta o gráfico referente a Tabela 34, onde é
possível verificar que, quanto maior o valor da diferença entre o tempo de
extravasamento do jardim e o tempo de pico da chuva (Tej - Tp), menor a intensidade

146
da chuva incidente. Assim, se a intensidade da chuva no momento do extravasamento
do jardim é menor, justifica-se que a vazão efluente por extravasamento seja
decrescente com o aumento da duração da chuva.

Tabela 34 – Relação entre tempo de extravasamento do jardim rebaixado no Cenário 9.2,


intensidade da chuva neste momento e tempo de pico da chuva de projeto.

Tempo de Tempo de extrav. Intensidade da


TR da chuva Duração da Tej - Tp
pico da chuva do jardim - Tej - chuva no Tej
(anos) chuva (h) (min)
- Tp (min) (min) (mm/h)

1 30 não ocorre extrav. - -


3 90 122 32,96 32
10
6 180 228 25,71 48
12 360 460 12,15 100
1 30 não ocorre extrav. - -
3 90 108 102,14 18
25
6 180 198 102,14 18
12 360 453 15,17 93

Intensidade da chuva no tempo de


extravasamento do jardim
120
Intensidade (mm/h)

100

80
TR = 25 anos
60

40

20
TR = 10 anos
0
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110

Tej - Tp (min)

Figura 89 – Gráfico de correlação entre a intensidade da chuva e a diferença de tempo


entre o extravasamento do jardim rebaixado no Cenário 9.2 e o pico da chuva (Tej – Tp).

147
5.4 Cenários 10 – Telhado verde, jardim rebaixado e
reservatório de lote
O Cenário 10.1, único cenário proposto com a combinação de telhado verde,
jardim rebaixado e reservatório de lote, propõe a adoção destas três técnicas com as
dimensões mínimas cabíveis de forma conjunta. Desta forma, o cenário pretende
verificar o impacto das três técnicas estudadas para o interior do lote se adotadas em
suas dimensões mínimas, não resultando em grandes estruturas e apostando na
diversidade das técnicas. O telhado verde seria intensivo (coerente com o padrão dos
lotes e dos benefícios adicionais resultantes desta escolha, conforme já apresentado
nos resultados do Cenário 4.2) e ocuparia 20% da área edificável do lote. O
reservatório de lote teria as dimensões exigidas pela legislação e receberia o
escoamento superficial da metade do telhado sem cobertura verde (150 m²) e do
restante da área impermeabilizada do lote (120 m²). De forma complementar ao
reservatório de lote, haveria ainda um jardim rebaixado em 10 cm em toda a área
obrigatória de ser mantida como permeável (30% da área total do lote, ou seja, 180
m²). O jardim rebaixado receberia o escoamento superficial efluente do telhado verde
e dos 30% restantes do telhado convencional, além do volume resultante de eventual
extravasamento do reservatório de lote. A configuração proposta para este cenário é
apresentada na Figura 90.

Figura 90 – Configuração proposta para o Cenário 10.1.

Os resultados do Cenário 10.1 são apresentados na Tabela 35.

148
Tabela 35 – Resultados do Cenário 10.1.

CHUVA RESULTADOS
Vazão Vazão Vazão Vazão
Vol. Vazão Vazão Tempo Tempo Tempo
CEN. TR DUR. Área Área Alt. do Área Alt. Área Alt. Diâm.
arm. afluente
máx. máx. máx.
máx.
máx. efl. Tempo
esvaz. ench. esvaz.
dren. telh. substrato jar. reb. res. res. orifí. extrav. infiltr. extrav. da área ench. jar.
(anos) (h) res. máx. orifício jar. res. res.
(m²) (m²) (m) (m²) (m) (m²) (m) (m) jar. jar. res. dren. (min)
(m³) (m³/s) (m³/s) (min) (min) (min)
(m³/s) (m³/s) (m³/s) (m³/s)
1 0 0 0,005129 0,005309 60 966 40 79
3 0 0 0,005146 0,005326 180 1492 100 184
10 0,015360 0,000180
6 0 0 0,005146 0,005326 360 1898 190 362
12 0 0 0,005146 0,005326 666 2324 370 721
10.1 600 60 0,2 180 0,1 4,41 1,00 0,050 4,41
1 0 0,005486 0,005204 0,005384 60 1275 27 81
3 0,000613 0,005489 0,005201 0,005381 180 1847 90 185
25 0,018114 0,000180
6 0,001083 0,005489 0,005201 0,005381 360 2027 180 363
12 0,002136 0,005489 0,005201 0,006933 660 2327 360 722

149
A configuração proposta para o Cenário 10.1 resultou em uma boa alternativa
quando houver a possibilidade de construção das três estruturas simultaneamente. O
reservatório de lote não extravasou para nenhuma das chuvas de projeto de TR = 10
anos. O jardim rebaixado também suportou todas as chuvas de projeto de TR = 10
anos e a chuva de 1 hora de TR = 25 anos sem extravasar. Mesmo para as chuvas
onde houve extravasamento do jardim rebaixado, este ocorreu próximo ao término da
chuva, de modo a não coincidir com a vazão máxima efluente pelo orifício de fundo do
reservatório e, portanto, resultando em uma vazão máxima efluente do lote ainda
inferior à vazão natural. Estes resultados são representados pela Figura 91 e pela
Figura 92 que são os hidrogramas efluentes do lote para as chuvas de projeto mais
extremas dentre as estudadas. Os tempos de esvaziamento das estruturas também se
mostraram satisfatórios, de modo a disponibilizá-las rapidamente para eventuais
chuvas consecutivas.

Cenário 10.1 - Telhado verde (extensivo em 20% do


telhado) + Jardim rebaixado (10 cm em 30% do lote) +
Reservatório de lote (legislação)
Duração da chuva de 1h e TR de 10 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 10 20 30 40 50 60 70 80

Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 10.1 (m³/s)

Figura 91 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


10.1, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos.

150
Cenário 10.1 - Telhado verde (extensivo em 20% do telhado)
+ Jardim rebaixado (10 cm em 30% do lote) + Reservatório
de lote (legislação)
Duração da chuva de 12h e TR de 25 anos
0,0200
0,0180
0,0160
0,0140
Vazão (m³/s)

0,0120
0,0100
0,0080
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720

Tempo (min)
Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. do Lote com Estrut. - Cenário 10.1 (m³/s)

Figura 92 – Hidrogramas efluentes do lote para cenários de referência e para o Cenário


10.1, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos.

5.5 Cenários 11 – Jardim de chuva e pavimento permeável


Com base nos resultados obtidos nos cenários de números 5 e 6, o Cenário
11.1 propõe a integração dos jardins de chuva e pavimentos permeáveis, de modo que
as calçadas e estacionamentos associados liberem apenas a vazão natural. As
dimensões obtidas no Cenário 5.1 (calçadas permeáveis que recebem apenas a
precipitação sobre sua própria área) foram relativamente baixas e conseguiram atingir
o objetivo de controlar satisfatoriamente a vazão efluente das calçadas. Por outro lado,
a adoção do jardim de chuva entre as vagas de estacionamento (Cenário 6.2) levou a
dimensões impraticáveis para atingir os objetivos propostos, devido à pequena área da
estrutura em comparação com a área drenada. Desta forma, o Cenário 11.1 propõe a
adoção de um jardim de chuva com dimensões aceitáveis entre as vagas de
estacionamento. As dimensões propostas são 10 cm de rebaixo e 1 m de profundidade
do leito granular. A complementação da necessidade de armazenamento da água
drenada do estacionamento seria realizada pelo leito granular do pavimento
permeável. A configuração proposta para este cenário é apresentada na Figura 93.

151
Figura 93 – Configuração proposta para o Cenário 11.1.

A área total drenada pela combinação de estruturas é de 132 m², sendo 2,88
m² de jardim de chuva, 69,12 m² de estacionamento com pavimentação convencional
e 60 m² de calçada com pavimento permeável. A capacidade de armazenamento de
água do jardim de chuva é de 0,86 m³, considerando 10 cm de rebaixo e 1 m de leito
granular com volume de vazios de 0,2. As alturas de leito granular do pavimento
permeável necessárias, assim como os outros resultados relevantes do cenário, são
apresentados na Tabela 36.

152
Tabela 36 – Resultados do Cenário 11.1.

CHUVA RESULTADOS
Vazão Vazão Vazão Vazão Tempo Tempo
Área Vol. Vazão Vazão Vazão Vazão Tempo Tempo Tempo
CEN. Área Área Alt. Diâm. máx. efl. máx. máx. máx. efl. esvaz. esvaz.
TR DUR. do arm. afluente máx. máx. máx. ench. ench. esvaz.
dren. pav. pav. orifí. por esc. infiltr. extrav. da área rebaixo total
(anos) (h) jardim pav. máx. infiltr. extrav. orifício jar. pav. pav.
(m²) (m²) (m) (m) sup. pav. pav. dren. jar. jar.
(m²) (m³) (m³/s) jar. (m³/s) jar. (m³/s) (m³/s) (min) (min) (min)
(m³/s) (m³/s) (m³/s) (m³/s) (min) (min)
1 0,19 0,0411 4,56 0,000007 0,002789 0,001510 0,000072 0,001656 60 536 2018 50 141
3 0,000009 0,002788 0,001526 0,000073 0,001676 180 656 2138 100 238
10 0,005310 0,000126 0
6 0,21 0,0401 5,04 0,002786 0,001530 0,000073 0,001682 360 836 2318 191 372
0,000010
12 0,002783 0,001531 0,000073 0,001685 434 910 2392 370 723
11.1 132 2,88 60,00
1 0,22 0,0430 5,28 0,000007 0,003289 0,001802 0,000074 0,001965 60 536 2018 50 142
3 0,000009 0,003288 0,001801 0,000076 0,001966 180 656 2137 110 241
25 0,006262 0,000148 0
6 0,25 0,0417 6,00 0,003287 0,001806 0,000076 0,001973 360 836 2318 190 374
0,000010
12 0,003284 0,001806 0,000076 0,001976 434 910 2392 371 723

153
As alturas de leito granular do pavimento permeável necessárias para que saia
da área drenada apenas a vazão natural variaram de 19 a 25 cm, que são valores
bastante razoáveis de serem executados na prática e que não comprometem
estruturalmente pavimento. Os tempos de esvaziamento das estruturas foram bons,
disponibilizando-as para chuvas consecutivas. A Figura 94 e a Figura 95 apresentam o
hidrograma efluente típico obtido neste cenário de simulação, abrangendo toda a
gama de chuvas de projeto estudadas, já que são apresentadas as mais extremas.

Cenário 11.1 - Jardim de chuva (estacionamento) +


Pavimento permeável (calçada)
0,0060
Duração da chuva de 1h e TR de 10 anos
0,0050

0,0040
Vazão (m³/s)

0,0030

0,0020

0,0010

0,0000
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170

Tempo (min)
Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. da Área Drenada pela Estrut. - Cenário 11.1 (m³/s)

Figura 94 – Hidrogramas efluentes da área drenada para cenários de referência e para o


Cenário 11.1, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos.

Cenário 11.1 - Jardim de chuva (estacionamento) + Pavimento


permeável (calçada)
Duração da chuva de 12h e TR de 25 anos
0,0060

0,0050

0,0040
Vazão (m³/s)

0,0030

0,0020

0,0010

0,0000
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720 760

Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. da Área Drenada pela Estrut. - Cenário 11.1 (m³/s)

Figura 95 – Hidrogramas efluentes da área drenada para cenários de referência e para o


Cenário 11.1, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos.

154
5.6 Cenários 12 – Jardim rebaixado e pavimento permeável
Com base nos resultados obtidos nos cenários de número 3 e 5, o Cenário
12.1 propõe a integração dos jardins rebaixados dentro do lote e dos pavimentos
permeáveis na calçada, de modo que a área drenada pelas estruturas libere apenas a
vazão natural. As dimensões obtidas no Cenário 5.1 (calçadas permeáveis que
recebem apenas a precipitação sobre sua própria área) foram relativamente baixas e
conseguiram atingir o objetivo de controlar satisfatoriamente a vazão efluente das
calçadas. Por outro lado, a adoção do jardim rebaixado com alturas aceitáveis na área
permeável do lote não foi suficiente para atingir os objetivos propostos. Desta forma, o
Cenário 12.1 propõe a adoção de um jardim rebaixado em 10 cm na área permeável
do lote e a complementação da necessidade de armazenamento da água drenada do
lote seria realizada pelo leito granular do pavimento permeável da calçada adjacente.
A Figura 96 apresenta um esquema da configuração proposta para o Cenário 12.1.

Figura 96 – Configuração proposta para o Cenário 12.1.

Com base nesta configuração, a Tabela 37 apresenta os resultados obtidos


para o Cenário 12.1.

155
Tabela 37 – Resultados do Cenário 12.1.

CHUVA RESULTADOS
Vazão Vazão Vazão Vazão
Área Vol. Vol. Vazão Vazão Vazão Tempo Tempo Tempo Tempo
CEN. Área Alt. Área Alt. Diâm. máx. máx. máx. máx. efl.
TR DUR. do arm. arm. afluente máx. máx. ench. esvaz. ench. esvaz.
dren. rebaixo pav. pav. orifí. infiltr. infiltr. extrav. da área
(anos) (h) jardim jar. pav. máx. extrav. orifício jar. jar. pav. pav.
(m²) jar. (m) (m²) (m) (m) jar. pav. pav. dren.
(m²) (m³) (m³) (m³/s) jar. (m³/s) (m³/s) (min) (min) (min) (min)
(m³/s) (m³/s) (m³/s) (m³/s)
1 0,15 0,1279 3,60 0,018406 0,013053 0,000069 0,014295 34 1701 40 65
3 0,51 0,0942 12,24 0,013157 0,000092 0,014422 85 1753 100 186
10 0,035252 0,000360 0
6 0,79 0,0844 18,96 0,032374 0,013185 0,000110 0,014468 170 1837 190 364
12 1,00 0,0796 24,00 0,013186 0,000124 0,014483 335 2002 370 722
12.1 1260 360,00 0,10 36,00 60,00
1 0,32 0,1149 7,68 0,015537 0,000080 0,016971 29 1696 40 71
3 0,80 0,0914 19,20 0,015559 0,000111 0,017024 82 1749 100 189
25 0,041573 0,038243 0,000360 0
6 1,10 0,0844 26,40 0,015561 0,000130 0,017045 162 1829 190 365
12 1,27 0,0814 30,48 0,015549 0,000141 0,017044 318 1985 370 723

156
As alturas de leito granular do pavimento permeável necessárias para atingir os
objetivos propostos pelo Cenário 12.1 variaram de 0,15 a 1,27 m. Conforme já
apresentado nos resultados dos cenários de número 5, a máxima altura de leito
granular passível de ser adotada, para os parâmetros considerados, sem comprometer
a resistência estrutural do pavimento é de 0,65 m. Com base neste limite, apenas as
chuvas de projeto de duração de 1 hora e a chuva de duração de 3 horas e período de
recorrência de 10 anos seriam satisfatoriamente manejadas pelo pavimento
permeável. Para as outras chuvas de projeto estudadas, ocorreria extravasamento do
leito granular. No entanto, se os parâmetros de projeto, como taxa base de infiltração e
porosidade do leito granular, forem diferentes dos adotados neste estudo, as
dimensões do leito granular podem ser maiores, de acordo com a Equação 3, a qual
correlaciona a altura máxima permitida para o leito granular para evitar perda de
suporte do pavimento com o coeficiente de permeabilidade do solo, tempo de
armazenamento de água no leito granular e a porosidade do agregado utilizado no
leito granular. Os tempos de esvaziamento das estruturas se mostraram satisfatórios,
de modo a liberá-las rapidamente para um evento chuvoso seguinte. A Figura 97 e a
Figura 98 apresentam os hidrogramas efluentes da área drenada pelas estruturas para
as chuvas de projeto mais extremas. Os hidrogramas das outras chuvas de projeto,
para as alturas hipotéticas de leito granular calculadas, são semelhantes aos
apresentados.

Cenário 12.1 - Jardim rebaixado (10 cm em 30% do lote) +


Pavimento permeável (calçada)
Duração da chuva de 1h e TR de 10 anos
0,0500
0,0450
0,0400
0,0350
Vazão (m³/s)

0,0300
0,0250
0,0200
0,0150
0,0100
0,0050
0,0000
0 10 20 30 40 50 60 70 80

Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. da Área Drenada pela Estrut. - Cenário 12.1 (m³/s)

Figura 97 – Hidrogramas efluentes da área drenada para cenários de referência e para o


Cenário 12.1, para a chuva de projeto de 1 hora e TR = 10 anos.

157
Cenário 12.1 - Jardim rebaixado (10 cm em 30% do lote) +
Pavimento permeável (calçada)
Duração da chuva de 12h e TR de 25 anos
0,0500
0,0450
0,0400
0,0350
Vazão (m³/s)

0,0300
0,0250
0,0200
0,0150
0,0100
0,0050
0,0000
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750

Tempo (min)

Esc. Sup. Natural - Cenário 0 (m³/s) Esc. Sup. Urbanização Trad. - Cenário 1 (m³/s)

Vazão Efl. da Área Drenada pela Estrut. - Cenário 12.1 (m³/s)

Figura 98 – Hidrogramas efluentes da área drenada para cenários de referência e para o


Cenário 12.1, para a chuva de projeto de 12 horas e TR = 25 anos.

5.7 Análise das simulações com técnicas combinadas


As técnicas compensatórias simuladas de forma combinada neste trabalho
resultaram em desempenhos variados com relação à redução e retardo de picos de
vazão efluente; no entanto, em geral, benéficos para a drenagem urbana. Este
resultado era esperado, já que as combinações foram propostas com base na
otimização dos resultados das simulações individuais. Apesar disso, algumas das
combinações não se justificam, já que investimentos menores e resultados
semelhantes foram obtidos com a adoção de técnicas individualizadas. A Tabela 38
apresenta a eficiência das técnicas compensatórias combinadas em termos de pico de
vazão com relação aos cenários de referência (Cenário 0 – Vazão natural – e Cenário
1 – Ocupação convencional). Estas eficiências correspondem à média da divisão da
vazão de pico do cenário em questão pela vazão de pico do cenário de referência.
Entre parênteses se encontra o intervalo de valores resultantes desta vazão, quando
este valor é variável.

158
Tabela 38 – Eficiência das técnicas compensatórias combinadas em termos de picos de
vazão efluente.

Relação média entre vazão de pico dos cenários Proporção


simulados e cenários de referência para a unidade de área
CENÁRIO referência considerada estrutura
Unidade de /área de
Cenário 0 Cenário 1
referência referência
0,45 (0,46 - lote; 2 lotes, calçada
0 1,00 0,37 - calçada; 0,33 e 0,00
- estacionamento) estacionamento
2,24 (2,17 - lote; 2 lotes, calçada
1 2,73 - calçada; 3,08 1,00 e 0,00
- estacionamento) estacionamento
7.1 1,60 (1,17 a 2,03) 0,74 (0,54 a 0,94) lote 0,40
7.2 0,90 (0,02 a 1,83) 0,41 (0,009 a 0,85) lote 0,55
8.1 0,95 0,44 lote 0,12
8.2 0,96 0,44 lote 0,26
8.3 1,83 0,85 lote 0,26
9.1 1,02 0,47 lote 0,31
9.2 0,68 (0,60 a 0,71) 0,31 (0,28 a 0,33) lote 0,31
10.1 0,67 (0,60 a 0,78) 0,31 (0,28 a 0,33) lote 0,41
calçada e
11.1 1,00 0,34 0,48
estacionamento
calçada e 2
12.1 0,91 0,41 0,33
lotes

Com base em todos os resultados já apresentados, a Tabela 39 apresenta uma


compilação dos aspectos positivos e negativos apresentados para cada cenário de
técnica combinada. Esta avaliação foi realizada especificamente para os parâmetros
de simulação e combinações adotados. No entanto, estes resultados não inviabilizam
a adoção de determinada combinação de técnicas em casos específicos, pois sempre
há a possibilidade de se avaliar, com as condições de um dado projeto, outras
configurações das técnicas estudadas que melhor atendam aos objetivos propostos.
Um exemplo de alteração simples de configuração, e que já poderia trazer algumas
diferenças importantes, seria a revisão do rebaixo de 10 cm no jardim, considerado
como confortável, para um valor de 15 ou 17 cm, equivalente à um degrau
convencional, e que já aumentaria significativamente a capacidade de armazenamento
deste dispositivo.

159
Tabela 39 – Aspectos positivos e negativos dos cenários de técnicas combinadas.

CENÁRIO ASPECTOS POSITIVOS ASPECTOS NEGATIVOS


Técnicas relativamente simples de serem implantadas e que Reduz em apenas 6% a vazão máxima efluente do lote para chuvas
7.1 não requerem área adicional. Redução satisfatória de vazões de projeto mais longas que 1 hora. Necessidade de reforço
de pico efluentes do lote para as chuvas de projeto de 1 hora. estrutural no telhado.
Técnicas relativamente simples de serem implantadas e que
não requerem área adicional. Redução significativa de vazões
de pico para as chuvas de até 6 horas de duração. Para as Comprometimento de uma das águas do telhado com o telhado
7.2
chuvas de 6 horas e TR = 25 anos e as de 12 horas, foi verde e necessidade de reforço estrutural.
reduzido apenas 15% da vazão efluente do lote (volume retido
pelo telhado verde).
Recupera a vazão natural do lote. Telhado verde pode ser Volumes de armazenamento grandes, onerando o proprietário do
8.1
instalado em uma construção auxiliar. lote em termos de espaço e economicamente.
Volumes de armazenamento grandes, onerando o proprietário do
lote em termos de espaço e economicamente. Comprometimento de
8.2 Recupera a vazão natural do lote.
uma das águas do telhado com o telhado verde e necessidade de
reforço estrutural.
Comprometimento de uma das águas do telhado com o telhado
verde e necessidade de reforço estrutural. Redução de apenas 15%
8.3 Reservatório de lote relativamente pequeno.
da vazão de pico efluente do lote, apesar dos investimentos nas
duas estruturas.
Reservatórios de lote grandes para as maiores chuvas de projeto
9.1 Recupera a vazão natural do lote. (quase do mesmo tamanho que no Cenário 2.1, não justificando a
adoção desta configuração para atender às chuvas maiores).
Reservatório de lote relativamente pequeno e baixos desníveis
9.2
no jardim. Recupera a vazão natural do lote.

Recupera a vazão natural do lote com a adoção de diferentes Investimentos e manutenção relativamente altos, com a implantação
10.1
técnicas com suas dimensões mínimas. de três estruturas distintas.

Necessita de pequenas profundidades de leito granular para o


11.1 pavimento permeável. Recupera a vazão natural da área Ocupa área que poderia ser utilizada para outros fins
drenada.
Divisão da responsabilidade pela gestão das águas pluviais
entre os setores público e privado. Recupera a vazão natural Grandes profundidades de leito granular para o pavimento
12.1
da área drenada. Execução e manutenção do jardim rebaixado permeável, caso se pretenda atender às maiores chuvas de projeto.
são pouco onerosas para o proprietário do lote.

160
Ao mesmo tempo em que as técnicas combinadas têm a vantagem de distribuir
a responsabilidade pelo manejo das águas pluviais em mais de uma estrutura, o que
resulta em menores prejuízos hidráulicos em caso de falha de alguma delas, as
combinações são, em geral, mais onerosas ao proprietário, pois requerem a
construção e manutenção de duas ou mais estruturas. Nos casos de parceria
público/privada, esta responsabilidade é distribuída entre o proprietário do lote e o
setor público, sendo essencial que cada parte cuide do correto funcionamento das
estruturas sob sua gestão para que estas não colapsem o sistema como um todo.
De modo geral, há diversas combinações razoáveis para as chuvas de projeto
de 1 e 3 horas de duração. No entanto, conforme aumentam as durações e o período
de recorrência, as dimensões das estruturas para recuperar a vazão natural, ou
mesmo para conseguir um resultado significativo, se tornariam muito onerosas ao
proprietário do lote ou com dimensões impraticáveis. Nos cenários de técnicas
combinadas só foi verificado retardo do pico da vazão efluente da área drenada para
as menores chuvas de projeto e apenas para algumas combinações de técnicas, como
foi o caso dos cenários 7.1, 7.2, 9.1 e 12.1.
Os reservatórios de lote, adotados individualmente, resultaram em volumes
muito grandes para obter resultados satisfatórios. No entanto, com a combinação de
técnicas compensatórias dentro do lote, os cenários 9.1, 9.2 e 10.1 resultaram em
opções exequíveis, sendo que o Cenário 9.1 só indicou dimensões razoáveis para as
menores chuvas de projeto.
Os jardins rebaixados, quando adotados individualmente no lote, para
colaborar significativamente com a redução do impacto hidrológico gerado pela
ocupação, precisariam de profundidades relativamente grandes, o que gera algum
risco aos ocupantes do terreno e a necessidade de cuidados especiais na
implementação do projeto, como a adoção de um talude suave, para amenizar a
diferença brusca de nível do solo. Nas combinações de técnicas analisadas, os jardins
rebaixados obtiveram bons resultados para todas as chuvas de projeto para os
cenários 9.2 e 10.1. No entanto, resultados satisfatórios para as menores chuvas de
projeto também foram verificados com a adoção de jardins rebaixados para os
cenários 7.1, 7.2, 9.1 e 12.1.
Os telhados verdes obtiveram resultados semelhantes nos cenários de técnicas
individuais e combinadas, já que eles retêm apenas uma pequena parte da
precipitação total que cai sobre o lote e, com isso, reduzem de forma modesta a vazão
de pico efluente do lote, proporcionalmente à área de telhado verde e às suas
características. No entanto, quando implantados juntamente com uma estrutura de
reservação, os telhados verdes tendem a melhorar a eficiência do reservatório, já que

161
este recebe menor volume de água para manejar. Esta situação foi verificada nos
cenários 7.1, 7.2, 8.1, 8.2, 8.3 e 10.1.
O jardim de chuva adotado entre as vagas de estacionamento de forma isolada
não possuiria dimensões exequíveis na prática. No entanto, quando combinado com o
pavimento permeável da calçada adjacente, as estruturas juntas são capazes, de com
dimensões bastante satisfatórias, reduzir as vazões efluentes da área ao nível de pré-
urbanização, conforme verificado no Cenário 11.1.
Os pavimentos permeáveis demonstraram, no Cenário 5.1, conseguir manejar
a água precipitada sobre sua própria área com um leito granular relativamente
pequeno. No entanto, ele não é capaz de manejar toda a água dos lotes adjacentes,
sem que estes adotem também medidas compensatórias, conforme observado no
Cenário 5.2. Desta forma, verificou-se, no Cenário 12.1, o resultado da combinação de
uma estrutura simples dentro do lote, no caso um jardim rebaixado em 10 cm, com o
pavimento permeável na calçada adjacente. Esta combinação se mostrou aplicável
para as menores chuvas de projeto estudadas, porém, devido à limitação de altura do
leito granular do pavimento permeável para manutenção da sua resistência estrutural,
ocorreria extravasamento para as maiores chuvas de projeto. As menores chuvas
analisadas neste estudo são comumente o objeto de contemplação da
microdrenagem. Assim, o Cenário 12.1 pode ser uma boa combinação entre a
responsabilidade a ser assumida pelos poderes público e privado, de modo que, caso
necessário, para atender as chuvas de maior duração ou período de recorrência,
poderiam ser executadas estruturas auxiliares maiores, em áreas públicas. As técnicas
compensatórias em áreas públicas poderiam ser implantadas através de estruturas
concentradas, como reservatórios em áreas como parques e praças. No entanto, esta
configuração não diminui o impacto da urbanização para a microdrenagem, a qual
deverá suportar toda vazão efluente das novas áreas impermeabilizadas para chuvas
de maior intensidade.
Com isso, verifica-se como uma boa opção a orientação de que o lote deve ser
responsável por manejar sua própria vazão excedente, resultante da sua ocupação,
para as chuvas de menor intensidade e duração. Isto significaria que o proprietário
deveria assumir o ônus da ocupação, mas de forma viável, não onerando-o
demasiadamente, mas também não isentando-o de responsabilidade. Para as chuvas
maiores, mesmo as áreas públicas adjacentes aos lotes não seriam capazes de
manejar estes excedentes, sendo, para estes casos, necessárias estruturas
complementares, que poderiam ser instaladas em paisagens multifuncionais, já que
seriam utilizadas apenas eventualmente.

162
6. CONCLUSÕES
Este trabalho compõe o projeto Manejo de Águas Pluviais Urbanas, financiado
pela Finep (CHAMADA PÚBLICA MCT/MCIDADES/FINEP/Ação Transversal
SANEAMENTO AMBIENTAL E HABITAÇÃO - 7/2009). Neste contexto, um de seus
objetivos é o de apresentar uma ampla gama de informações de alternativas de
projeto relacionadas às técnicas compensatórias aplicadas em nível de lote, de modo
a divulgar e expandir o seu uso no Brasil.
Com o intuito de apresentar o estado da arte das técnicas compensatórias em
drenagem urbana e avaliar, através de simulações computacionais, as consequências
de sua adoção na escala de lote, foram estudadas as seguintes técnicas: reservatório
de lote, jardim rebaixado, telhado verde, pavimento permeável e jardim de chuva, tanto
de forma individual como em combinações destas. As configurações de técnicas
avaliadas nos cenários de simulação foram apresentadas na Tabela 21 e na Tabela 30,
para as técnicas adotadas de forma individual e combinada, respectivamente.
A revisão bibliográfica é unânime em relatar benefícios relacionados à adoção
de técnicas compensatórias, em especial na fase de planejamento da urbanização. No
entanto, ainda há muito campo de pesquisa nesta área, especialmente no Brasil, de
modo a definir critérios de projeto e procedimentos de manutenção das estruturas,
além dos benefícios associados de forma mais específica para o país.
Os resultados das simulações deixaram claros os benefícios da adoção das
técnicas compensatórias em escala de lote no sentido de recuperar a capacidade de
armazenamento e infiltração naturais do terreno, minimizando, assim, os impactos da
urbanização no ciclo hidrológico. Cada uma das técnicas estudadas apresentou
vantagens e desvantagens em diferentes configurações de aplicação, de modo que é
necessário avaliar, caso a caso, quando da elaboração do projeto de implantação. É
importante ressaltar que os parâmetros adotados nas simulações são empíricos,
oriundos da literatura corrente disponível, de modo que é desejável que sejam
validados em campo para as condições locais. A compilação das vantagens e
desvantagens de cada uma das configurações estudadas pelos diferentes cenários é
apresentada na Tabela 28, para os cenários de técnicas individuais, e na Tabela 39,
para os cenários de técnicas combinadas.
Os reservatórios de lote se mostraram, em algumas configurações, uma boa
opção a ser adotada. Se adotado individualmente com o objetivo de recuperar a vazão
natural do lote, conforme avaliado no Cenário 2.1, este seria muito grande, de forma a
tornar-se inviável. No outro extremo, o reservatório proposto pela legislação municipal,
simulado no Cenário 2.2, mostrou-se totalmente ineficiente para as chuvas de projeto

163
adotadas neste estudo quando adotado isoladamente no lote. Esta configuração de
reservatório teria apenas alguma função educacional, no sentido de conscientizar a
população de sua responsabilidade pela sustentabilidade da drenagem urbana. A
otimização do orifício de fundo do reservatório e do volume para chegar a vazões
efluentes satisfatórias, configurações estudadas nos cenários 2.3 e 2.4, também são
opções viáveis de serem adotadas em alguns casos, onde não haja a necessidade de
se recuperar a vazão natural. Outras dimensões, neste mesmo sentido, são totalmente
possíveis, dependendo das exigências de cada projeto. A combinação dos
reservatórios de lote com outras estruturas se mostrou benéfica na maioria dos
cenários estudados. Nos cenários de número 8, a combinação com o telhado verde
resultou em uma pequena redução dos volumes a serem armazenados pelo
reservatório, o que não justificaria a adoção desta combinação se considerados
apenas benefícios hidráulicos. A combinação com os jardins rebaixados, avaliada nos
cenários de número 9, indicou um resultado interessante. O Cenário 9.1, que avaliou o
recebimento de toda a água do lote por um jardim rebaixado e seu extravasamento
seria direcionado para um reservatório de lote (estruturas em série), não se mostrou
uma boa opção, devido às grandes dimensões necessárias. No entanto, com as
mesmas estruturas, mas com uma configuração diferente, o Cenário 9.2, que avaliou a
adoção do reservatório de lote proposto pela legislação municipal em paralelo com um
jardim rebaixado, obteve ótimos resultados com investimentos relativamente baixos
pelo proprietário. Neste cenário foi possível recuperar a vazão natural do lote para
todas as chuvas de projeto com um jardim rebaixado em, no máximo, 7 cm e com o
reservatório de lote obrigatório de acordo com a legislação. O Cenário 9.2 apresentou
como característica peculiar a questão de que, quanto mais longa a chuva, menor a
vazão de pico efluente do jardim rebaixado por extravasamento e as alturas
necessárias de rebaixo seriam iguais para cada período de recorrência das chuvas de
projeto, independentemente da duração da chuva. Este comportamento está
diretamente relacionado ao momento em que ocorre o extravasamento do jardim,
conforme explicado no item 5.3. Finalizando os cenários de avaliação dos
reservatórios de lote, o Cenário 10.1, que avaliou a adoção conjunta de três estruturas
em suas dimensões mínimas estudadas (reservatório de lote, telhado verde e jardim
rebaixado) também apresentou bons resultados, sendo capaz de recuperar a vazão
natural do lote, apesar dos elevados custos de implantação e manutenção relativos às
três diferentes técnicas. Uma característica interessante verificada nos resultados dos
cenários de números 2 e 8 do presente estudo é que, apesar do aumento do dos
volumes a serem manejados pelos reservatórios, as chuvas de maior duração (3, 6 e
12 horas) necessitariam de reservatórios com as mesmas dimensões para obter os

164
mesmos resultados. Mascarenhas et al (2005) e Duarte et al (2003) indicaram que o
reservatório de lote seria maior quando maior a área impermeabilizada do lote. Ou
seja, o tipo de ocupação do lote influenciaria diretamente nas dimensões das
estruturas, mas estas seriam capazes de atender à uma ampla gama de chuvas, para
uma mesma condição de impermeabilização.
Devido à saída de água exclusivamente por infiltração nos jardins rebaixados,
eles não apresentaram bons resultados para recuperação da vazão natural, quando
aplicados isoladamente (cenários de número 3). Os volumes de armazenamento
necessários, neste caso, seriam muito maiores do que os de reservatórios de lote para
os mesmos benefícios, o que deixa clara a vantagem da existência do orifício de fundo
do reservatório, o qual libera, ao longo de toda a chuva, uma vazão de base,
diminuindo a necessidade de armazenamento de água. No entanto, devido à
simplicidade de implantação e operação dos jardins rebaixados, estes não devem ser
desconsiderados para a adoção em conjunto com outras técnicas. É o caso dos
jardins rebaixados adotados em conjunto com reservatórios de lote (cenários de
número 9) e com reservatórios de lote e telhados verdes (Cenário 10.1), que,
conforme apresentado no parágrafo anterior, se mostraram boas combinações. A
simples adoção conjunta de jardins rebaixados com telhados verdes (cenários de
número 7) apresentou bons resultados para as menores chuvas de projeto estudadas.
Com fins de combinar estruturas nas áreas públicas e privadas, o Cenário 12.1
verificou que a adoção conjunta de um jardim rebaixado em 10 cm no lote,
complementado por um pavimento permeável na calçada, resultou em dimensões
viáveis de leito granular do pavimento apenas para as menores chuvas de projeto
estudadas. Vale ressaltar que os rebaixos de jardim poderiam ser maiores do que os
10 cm considerados como satisfatórios neste trabalho, já que 17 cm é a medida usual
para um degrau comum e, desta forma, não traria grandes desconfortos aos
ocupantes do lote. Entretanto, essa alternativa não foi simulada na série de testes
dessa dissertação.
A adoção dos telhados verdes tem uma relação direta com o volume de água a
ser manejado pela rede de drenagem. Além dos benefícios apresentados pela
literatura, como equilíbrio térmico, os telhados verdes retêm parte da água precipitada
sobre suas áreas. Quando aplicado de forma isolada (cenários de número 4), os seus
resultados em termos de redução das vazões efluentes do lote são modestos. Cabe
destacar, porém, que os testes conduzidos nesta dissertação não consideraram os
telhados verdes em toda a cobertura disponível, tentando tratar de forma factível uma
alternativa de projeto. No entanto, quando adotado conjuntamente com outras
técnicas, como nos cenários de números 7, 8 e 10, ele pode ser importante na

165
melhoria da eficiência da outra estrutura. É o caso da combinação dos telhados verdes
com jardins rebaixados, em que a primeira estrutura faz com que a combinação seja
eficiente para as menores chuvas de projeto estudadas.
Os pavimentos permeáveis se mostraram uma ótima opção para anular o efeito
da ocupação de sua própria área (Cenário 5.1). No entanto, para amenizar o impacto
de áreas adjacentes (cenários 5.2 e 12.1), ele se mostrou limitado, devido à máxima
altura do leito granular possível de ser adotada para que o pavimento não perca
suporte estrutural. É verdade que neste caso de estudo, a área de calçada é muito
menor que a do lote, o que dificulta (ou impede) o recebimento destas contribuições.
No caso do Cenário 12.1, onde o pavimento receberia a vazão efluente do lote,
resultante do extravasamento de um jardim rebaixado, as menores chuvas poderiam
ser absorvidas, recuperando a vazão natural de toda a área drenada. A combinação
dos pavimentos permeáveis e do jardim de chuva nas áreas de calçada e
estacionamento (Cenário 11.1) se mostrou também uma boa opção, sendo capaz de
recuperar a vazão natural da área para as chuvas de projeto estudadas.
Para finalizar as conclusões relativas às técnicas estudadas, verificou-se que
os jardins de chuva, com os parâmetros estudados, não se mostraram uma boa
alternativa para serem adotados de forma isolada. Para os cenários 6.1 e 6.2, onde
estes jardins foram considerados em parte da calçada e do estacionamento,
respectivamente, as dimensões necessárias para anular a contribuição da área para a
rede de drenagem seriam inviáveis. No entanto, com outras configurações de saída de
água, esta técnica pode se mostrar mais factível. O Cenário 6.3, que verificou o
impacto de um jardim de chuva na área permeável do lote apresentou bons resultados
para as menores chuvas de projeto. Existe a possibilidade de aumentar o rebaixo do
jardim de chuva do lote para otimizar a sua eficiência. O jardim de chuva do
estacionamento também foi combinado com o pavimento permeável da calçada
(Cenário 11.1) e apresentou resultados satisfatórios, conforme apresentado nos
parágrafos anteriores.
As características do local, como tipo de solo e clima, também interferem
significativamente no dimensionamento e escolha das estruturas. Os resultados dos
cenários de número 3, que avaliaram as consequências da adoção de jardins
rebaixados no lote, para a taxa base de infiltração de 10-7 m/s indicaram que, em
locais onde o solo possuir esta característica, não devem ser adotadas técnicas com
saída exclusivamente por infiltração, pois os tempos de esvaziamento das estruturas
seriam muito elevados, não disponibilizando-as para chuvas consecutivas. Já para a
condutividade hidráulica a saturação de 10-6 m/s, os resultados de tempo de
esvaziamento da estrutura se mostraram satisfatórios e melhorariam ainda mais para

166
solos mais permeáveis. No entanto, para solos muito permeáveis, com infiltrabilidade
acima de 10-5 m/s, deve-se atentar para o risco de contaminação do lençol freático
devido à percolação de poluentes carreados pelas águas drenadas. Vale ressaltar que
a avaliação do tempo de esvaziamento foi realizada considerando apenas a infiltração
como saída de água e, na prática, ocorrem outros fenômenos relevantes para o
esvaziamento da estrutura, como a evaporação e a evapotranspiração. Estes
fenômenos devem ser considerados no detalhamento de projeto e em estudos futuros.
É importante o confronto dos resultados das simulações com estudos de campo, para
calibração dos parâmetros de simulação para condições locais reais.
A ampla variedade de estruturas e configurações analisadas através da
modelagem, conforme discriminado na Tabela 21 e na Tabela 30, possibilita o
balizamento de parâmetros e a orientação de combinações possíveis para maior
assertividade e simplicidade na elaboração de projetos reais. As chuvas de projeto
estudadas, que variaram em sua duração (1, 3, 6 e 12 horas) e intensidade (TR de 10
e 25 anos), também disponibilizam dados para a extrapolação dos resultados deste
trabalho para bacias hidrográficas de diferentes escalas. Assim, é possível orientar,
para um caso real, as melhores técnicas e dimensões a serem adotadas para um
terreno com determinadas características e situado em uma dada bacia hidrográfica.
Estas informações também podem ser úteis para embasar a proposição de políticas
públicas de drenagem urbana sustentável, conforme previsto nos objetivos deste
trabalho.
De modo geral, as estruturas estudadas se mostraram eficientes, em especial,
para as chuvas de menores volumes precipitados (menores durações), onde os
investimentos do proprietário do lote também não precisariam ser muito altos. Além
dos benefícios hidráulicos da adoção das técnicas compensatórias nos lotes, sua
regulamentação e implementação têm uma função educacional importante, que é a
conscientização e acionamento da população com relação à responsabilidade pelos
impactos hidrológicos resultantes da ocupação do solo.
Para as chuvas mais longas (de maior volume) o trabalho propõe a atuação
conjunta dos poderes público e privado, de modo a não onerar demasiadamente o
proprietário do lote e, ao mesmo tempo, controlar os impactos hidrológicos do
crescimento urbano. Neste sentido, adicionalmente ao tema especificamente tratado
nesta dissertação, áreas públicas, como parques e praças, poderiam ser utilizadas
como paisagens multifuncionais.
Para o bom funcionamento das medidas estudadas neste trabalho, é essencial
o envolvimento da população, assumindo a responsabilidade pelas técnicas
compensatórias implantadas nas áreas privadas. No entanto, o poder público também

167
é fundamental na função de legislar e fiscalizar o desempenho das medidas adotadas
em áreas privadas e deve, ainda, dispor e operar satisfatoriamente as estruturas
existentes em áreas públicas. O sucesso da implementação destas medidas também
só será completo se toda a bacia hidrográfica for contemplada, o que requer políticas
públicas e planejamento neste sentido. Assim, uma recomendação para trabalhos
futuros implica no estudo de mecanismos de incentivo e viabilização de uso destas
medidas, de forma efetiva. A proposição de descontos no IPTU, por exemplo, pode ser
uma alternativa. Esta não é uma tarefa fácil e ainda há um longo caminho a ser
percorrido.
O tema de drenagem urbana é muito amplo, de modo que diversas lacunas
foram deixadas ao longo deste trabalho. Uma delas é a questão da qualidade da água
efluente das estruturas de técnicas compensatórias. Diversos estudos apontam para a
melhoria da qualidade da água efluente das estruturas; no entanto, este aspecto não
foi analisado neste trabalho e é uma sugestão para os próximos.
Outra sugestão é a incorporação dos custos de implantação e manutenção nas
análises de viabilidade de adoção das técnicas compensatórias estudadas. No mesmo
sentido, podem ser realizados estudos comparativos de custos de implantação da
drenagem urbana com e sem técnicas compensatórias.
Os processos de infiltração de água no solo são bastante complexos, de modo
a justificarem estudos experimentais de técnicas compensatórias de infiltração, com o
objetivo de caracterizá-los melhor. Ainda relacionado com as ciências do solo, a
capacidade de armazenamento dos leitos granulares, em especial os compostos por
misturas de diferentes materiais, como é o caso dos jardins de chuva considerados
neste trabalho, também merece estudos mais aprofundados.
Existem outras técnicas compensatórias e outras condições de operação além
das avaliadas neste estudo. Desta forma, sugere-se que as técnicas sejam estudadas
com outros parâmetros de operação e outras combinações entre elas, dando
continuidade a este trabalho. Uma possibilidade seria, por exemplo, a adoção de
rebaixos para o jardim maiores do que os confortáveis 10 cm adotados neste estudo.
Valores de rebaixo de 15 ou 17 cm, por exemplo, equivalem a um degrau comum e
poderiam ser adotados, aumentando significativamente a capacidade de
armazenamento da estrutura e podendo, portanto, trazer mais benefícios à
comunidade. Para otimizar estes novos estudos, uma etapa muito importante a ser
realizada é a calibração e validação dos resultados das simulações com experimentos
de campo.
Para finalizar, é importante que os resultados da adoção de técnicas
compensatórias sejam avaliados para a escala da bacia hidrográfica, verificando

168
também os impactos na macrodrenagem, validando as expectativas obtidas a partir
dos estudos em escala local, tomando o lote por referência, nas configurações que
receberam a chuva de projeto da bacia. A avaliação das combinações espaciais de
efeitos é importante na análise dos resultados efetivos para controle de cheias na
escala da bacia hidrográfica.

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Região Administrativa (Pavuna e Guaratiba), modifica a denominação e a
delimitação das Regiões Administrativas constantes do Decreto n.° 3157, de
23.7.81, altera a codificação e a delimitação dos bairros constantes do Decreto n.°
3158, de 23.7.81, o Regulamento de Parcelamento da Terra aprovado pelo
Decreto “E” n.° 3800, de 20.4.70, e o Regulamento de Zoneamento aprovado pelo
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Unidades Espaciais de Planejamento números 46, 47, 40 e 45 e dá outras
providências.

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13.276, de 4 de janeiro de 2002, que torna obrigatória a execução de reservatório
para as águas coletadas por coberturas e pavimentos nos lotes, edificados ou
não, que tenham área impermeabilizada superior a 500m².

SÃO PAULO. Lei Municipal n° 14.018, de 28 de junho de 2005. Institui o Programa


Municipal de Conservação e Uso Racional da Água em Edificações e dá outras
providências.

SÃO PAULO. Lei Municipal nº 13.276, de 04 de janeiro de 2002. Torna obrigatória a


execução de reservatório para as águas coletadas por coberturas e pavimentos
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