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TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS

TUTELA CAUTELAR ANTECEDENTE (12134) - 0602012-68.2020.6.13.0000 -


Teófilo Otoni - MINAS GERAIS

REQUERENTE: DANIEL BATISTA SUCUPIRA


Advogado do(a) REQUERENTE: EDILENE LOBO - MG0074557

REQUERIDO: JUÍZO DA 269ª ZONA ELEITORAL DE TEÓFILO OTONI MG,


COLIGAÇÃO A CIDADE QUE QUEREMOS SÓ DEPENDE DE NÓS
Advogado do(a) REQUERIDO:
Advogado do(a) REQUERIDO:

RELATORA: JUÍZA CLAUDIA APARECIDA COIMBRA ALVES

DECISÃO

DANIEL BATISTA SUCUPIRA, Prefeito reeleito de Teófilo Otoni, apresenta tutela


incidental de urgência, com pretensão de atribuir efeito suspensivo ao recurso
eleitoral interposto nos autos da Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE)
0601013-84.2020.6.13.0269.

Afirma que se cuida de AIJE, com pedido liminar, por suposto abuso de poder
político, consistente na aparente realização de publicidade institucional do Município
por meio das redes sociais do Prefeito, além de "imaginada" contratação excessiva
de servidores no ano eleitoral, o que configuraria "compra de votos", como narrado
pela coligação adversária, na petição inicial.

Informa que o juiz a quo julgou parcialmente procedente os pedidos contidos na


petição inicial, com este dispositivo:

"Isso posto e por tudo o mais que dos autos constam, com arrimo
no art. 41-A e 73, V da lei 9504/97 c/c art. 22, XIV da LC 64/90,
JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO para
CASSAR os registros das candidaturas de DANIEL BATISTA
SUCUPIRA e EDER DETREZ SILVA; bem como declarar

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inelegível o Sr. DANIEL BATISTA SUCUPIRA, cominando-lhe a
sanção de inelegibilidade para as eleições a se realizarem nos
oito anos subsequentes ao pleito de 2020

Deixo de declarar a inelegibilidade do Sr. EDER DETREZ SILVA,


uma vez que o mesmo não concorreu para a prática dos atos
alusivos ao abuso de poder político. CONDENO-OS ainda, a
pagarem, solidariamente, multa, que fixo em cinquenta mil reais.
Comunique-se à Câmara Municipal de Teófilo Otoni. Remeta-se
cópia integral dos autos ao Ministério Público Eleitoral, nos termos
da parte final do inciso XIV do art.22 da LC 64/90."

Narra que o requerente e o candidato a vice opuseram embargos de declaração


contra a sentença proferida, mas que os mesmos teriam sido rejeitados, em decisão
publicada no Diário de Justiça Eletrônico (DJE) de 9/12/2020.

Por conseguinte, informa que ofertou regular recurso eleitoral em face da decisão de
primeiro grau. Defende que a peça recursal é tempestiva, porquanto protocolizada
em 8/12/2020, isto é, antes mesmo da publicação da decisão que rejeitou os
embargos de declaração.

Ressalta, também, que teria sido publicado, corretamente, o Edital de Proclamação


dos Eleitos referentes ao Município de Teófilo Otoni, no mesmo DJE em que consta
a sentença a quo, com o seguinte texto:

"EDITAL Nº 103/2020 - PROCLAMAÇÃO DOS


ELEITOS/DIPLOMAÇÃO

EDITAL DE PROCLAMAÇÃO DOS ELEITOS Nº 103/2020

O Doutor GERALDO RODRIGUES DE OLIVEIRA, M.M. Juiz


Eleitoral da 269ª Zona Eleitoral de Teófilo Otoni do Estado de
Minas Gerais, no uso de suas atribuições e em cumprimento ao
disposto no artigo 215 da Resolução 23.611/2019/TSE, publica o
edital de Proclamação dos Eleitos nos Municípios de TEÓFILO
OTONI, NOVO ORIENTE DE MINAS e FREI GASPAR, haja vista
que não houve reclamações ou impugnações ao resultado das
eleições no prazo legal, e marca a data da Diplomação dos
eleitos para o dia 18/12/2020, às 10 horas, de forma VIRTUAL,
sem cerimônia presencial, com a disponibilização dos diplomas
dos eleitos e suplentes, até a primeira colocação de cada partido
que tenha eleito vereador através de agendamento com hora
marcada no Cartório Eleitoral. MUNICÍPIO DE TEÓFILO OTONI
Nome do Candidato eleito ao cargo de Prefeito: DANIEL BATISTA
SUCUPIRA Nome do Candidato eleito ao cargo de Vice-Prefeito:
EDER DETREZ SILVA (g.)"

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Aponta, contudo, que, em 10/12/2020, o mesmo juízo que prolatou a sentença
recorrida, “em novo error in judicando”, teria retificado o citado edital e, de forma
arbitrária, negado efeito jurídico de disposição expressa da lei, ao determinar a não
diplomação do Requerente e seu vice, conforme se verificaria no novo Edital
publicado, in verbis:

EDITAL

RETIFICAÇÃO DE EDITAL DE DIPLOMAÇÃO DE ELEITOS


EDITAL Nº 105/2020

RETIFICAÇÃO DE EDITAL DE DIPLOMAÇÃO DE ELEITOS

O Doutor GERALDO RODRIGUES DE OLIVEIRA, M.M. Juiz


Eleitoral da 269ª Zona Eleitoral de Teófilo Otoni do Estado de
Minas Gerais, no uso de suas atribuições e em cumprimento ao
disposto no artigo 215 da Resolução 23.611/2019/TSE, publica o
presente edital para fins de retificar o Edital nº 103/2020,
excluindo da relação dos eleitos e diplomandos o nome dos
candidatos abaixo relacionados, tendo em vista que a decisão
proferida nos autos nº 0601013-84.2020.6.13.0269 que
determinou a cassação do registro dos mesmos, não sofreu
qualquer modificação em face de interposição de recurso junto ao
TRE/MG.

Nome do Candidato eleito ao cargo de Prefeito: DANIEL BATISTA


SUCUPIRA

Nome do Candidato eleito ao cargo de Vice-Prefeito: EDER


DETREZ SILVAE, para conhecimento de todos, publica-se o
presente Edital no Diário da Justiça Eletrônico do TRE/MG além
de ser afixado no quadro de avisos deste Cartório. Teófilo Otoni,
09 de dezembro de 2020.

GERALDO RODRIGUES DE OLIVEIRA Juiz Eleitoral (g.)"

Nesse viés, alega que, além de não constar qualquer ordem para execução imediata
da decisão recorrida da AIJE, o Juízo local teria ignorado que ainda flui o prazo
recursal das partes, bem como, com base no art. 257, §2º, do Código Eleitoral, o
recurso interposto pelo ora requerente deve ser recebido em seu efeito suspensivo
automático.

Acrescenta, também, que, embora já tenha interposto seu apelo, o Vice-Prefeito não
o teria feito, mas que seu prazo ainda estaria transcorrendo, o que revelaria ofensa à
ampla defesa e ao contraditório das partes.

Menciona decisão liminar do Juiz Luiz Carlos Rezende, desta Corte, nos autos do
RE 0600204-61.2020.6.13.0183, que estaria em consonância com o entendimento

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exposto, bem como do juiz Ricardo Torres Oliveira, também deste Tribunal, nos
autos da Ação Cautelar 77842, publicada no DJe de 23/1/2017.

Argumenta, ademais, que a matéria de mérito nos autos originários não sustentaria
cassação, tendo o magistrado de primeira instância ignorado a situação local de
emergência e calamidade, ocasionada pelas chuvas e pela pandemia de COVID-19,
que teria exigido contratações temporárias da Administração local, sem, contudo,
desbordar do quanto já se contratara nos exercícios anteriores.

Sustenta que, apesar de constar na sentença a ausência de processo seletivo prévio


para a realização das contratações questionadas, teria se comprovado nos autos o
fato alegado. Defende, ainda, que as contratações combatidas teriam sido realizadas
para atender à emergência que a pandemia impôs.

Salienta, assim, que teria ficado claro a inexistência de contratação desmesurada,


bem como o rigoroso cumprimento do Plano de Enfrentamento da COVID-19, no
Município, executado por Comitê Gestor constituído para esse fim, sem desvio ou "
desbordamento".

Nesse sentido, argumenta que "a sentença alheou-se da prova constante dos autos,
que afasta qualquer excesso, restando desfundamentada ao presumir dano à
igualdade no pleito; excesso ao cumular todas as penas legais, quando a conduta
totalmente atípica sindicada não comportava sequer multa no grau mínimo; colisão
com jurisprudência pacífica e tranquila dessa Corte e da Superior por falta de prova
para a cassação, ainda mais quando aplica o art. 41-A da Lei 9.504/97".

Defende, portanto, que as provas constantes na AIJE e replicadas nesta petição


demonstrariam a plausibilidade do recurso e sua inequívoca necessidade para
restabelecer o primado da lei e a soberania popular, afastados, sem qualquer
respeito.

No que tange a urgência do pedido, sustenta que essa estaria comprovada em


virtude de a diplomação estar marcada para a próxima semana, podendo tornar o
dano irreparável.

Ao final, pede:

"a) a imediata e urgente concessão de tutela incidental de


urgência para conferir efeito suspensivo ao recurso eleitoral já
interposto, e, no mesmo ato, suspender os efeitos da sentença,
inclusive os efeitos da publicação de retificação do Edital
publicado no DJe de 10/12/2020, permitindo-se, com isso, a
diplomação e posse do recorrente e de seu vice, Éder;

b) a citação da Coligação "A cidade que queremos só depende de


nós", bem como do candidato a Vice Prefeito Eleito Eder Detrez
Silva para, caso queiram, integrar a lide, ambos devidamente
qualificados na inicial da AIJE em anexo;

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c) a procedência do pedido para, tornando definitiva a liminar
incidental no recurso eleitoral até o julgamento definitivo do mérito
do feito principal."

Requer, ainda, prazo para juntada de procuração, ante a urgência que o caso
comporta.

Junta documentos.

É o relatório. Decido.

DANIEL BATISTA SUCUPIRA, Prefeito reeleito de Teófilo Otoni, apresenta tutela


incidental de urgência, com pretensão de atribuir efeito suspensivo ao recurso
eleitoral interposto nos autos da Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE)
0601013-84.2020.6.13.0269.

O requerente foi reeleito Prefeito em Teófilo Otoni e seria diplomado em 18/12/2020,


conforme Edital n. 103/2020 do Juiz da 269ª Zona Eleitoral, acima mencionado.

Contudo, o magistrado a quo determinou a retificação do Edital citado “excluindo da


relação dos eleitos e diplomandos o nome dos candidatos abaixo relacionados,
tendo em vista que a decisão proferida nos autos nº 0601013-84.2020.6.13.0269 que
determinou a cassação do registro dos mesmos, não sofreu qualquer modificação
em face de interposição de recurso junto ao TRE/MG. Nome do Candidato eleito ao
cargo de Prefeito: DANIEL BATISTA SUCUPIRA. Nome do Candidato eleito ao
cargo de Vice-Prefeito: EDER DETREZ SILVAE”, nos termos do Edital 105/2020 da
Zona Eleitoral retro indicada.

Nesse viés, o requerente interpôs a presente demanda pugnado “a imediata e


urgente concessão de tutela incidental de urgência para conferir efeito suspensivo ao
recurso eleitoral já interposto, e, no mesmo ato, suspender os efeitos da sentença,
inclusive os efeitos da publicação de retificação do Edital publicada no DJe de
10/12/2020 permitindo-se, com isso, a diplomação e posse do Recorrente e de seu
Vice Éder”.

Afirma que a AIJE referida trata de suposto abuso de poder político, consistente na
aparente realização de publicidade institucional do Município por meio das redes
sociais do Prefeito, além de "imaginada" contratação excessiva de servidores no ano
eleitoral, o que configuraria "compra de votos", como narrado pela coligação
adversária, na petição inicial.

Acrescenta que o juiz de primeira instância teria julgado parcialmente procedente a


AIJE em questão, cassando os registros de candidatura de DANIEL BATISTA
SUCUPIRA e EDER DETREZ SILVA, e declarando o primeiro inelegível pelo prazo
de oito anos subsequentes ao pleito de 2020.

Inicialmente, ressalto que, embora sejam passíveis de verificação, os requisitos do


perigo do dano ou risco ao resultado útil ao processo e da plausibilidade do direito

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são dispensáveis neste caso, haja vista o efeito suspensivo requerido decorrer de
norma expressa em lei.

O artigo 257 do Código Eleitoral, em especial com as alterações trazidas pela Lei
13.165/2015, Lei da Ficha Limpa, assim determina acerca dos efeitos dos recursos
eleitorais:

Art. 257. Os recursos eleitorais não terão efeito suspensivo.

§ 1º A execução de qualquer acórdão será feita imediatamente,


através de comunicação por ofício, telegrama, ou, em casos
especiais, a critério do presidente do Tribunal, através de cópia
do acórdão.

§ 2º O recurso ordinário interposto contra decisão proferida


por juiz eleitoral ou por Tribunal Regional Eleitoral que
resulte em cassação de registro, afastamento do titular ou
perda de mandato eletivo será recebido pelo Tribunal
competente com efeito suspensivo. (g.n.)

Extraio que os ditames dessa norma são aplicáveis ao caso em apreço, em virtude
de o ora requerente ter interposto recurso eleitoral em face da sentença proferida na
AIJE 0601013-84.2020.6.13.0269, na qual foi determinada a cassação do seu
registro de candidatura referente ao pleito de 2020.

Ademais, o dispositivo em tela é categórico, não havendo espaço para a


discricionariedade, haja vista que a imposição de efeito suspensivo recursal no caso
previsto no artigo 257, §2º, do Código Eleitoral, decorre de lei, isto é, é automático.

Este Tribunal já se posicionou acerca do tema ao julgar agravo interno interposto no


processo 0600085-29.2020.613.0045, como se observa abaixo:

Agravo interno. Recurso. Impugnação a pedido de registro de


candidatura. Prefeito. Eleições 2020. Alegada inelegibilidade
decorrente de condenação em AIJE. Art. 1º, I, “j” da LC 64/90.
Decisão que suspendeu a execução do julgado até o julgamento
dos primeiros embargos declaratórios, ainda pendentes.
Impugnação julgada improcedente. Registro deferido.

Os embargos de declaração integram o acórdão e, por isso, a


execução do julgado deve aguardar sua apreciação, inclusive a
incidência da inelegibilidade. Princípio da Segurança Jurídica.
Respeito à decisão deste e. Colegiado. Efeito suspensivo do §2º
do art. 257 do Código Eleitoral. Inelegibilidade não verificada no
momento atual. Eventual inelegibilidade superveniente poderá ser
analisada em momento oportuno pelas vias próprias. Manutenção
do deferimento do pedido de registro da candidatura do agravado.
Agravo a que se nega provimento. Deferimento do registro.

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(RECURSO ELEITORAL n 060008529, ACÓRDÃO de
09/11/2020, Relator(a) LUIZ CARLOS REZENDE E SANTOS,
Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data 09/11/2020)

No mesmo sentido, segue a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE),


como exemplifica o seguinte julgado:

TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL

ACÓRDÃO

MANDADO DE SEGURANÇA No 0600169-31.2020.6.00.0000 –


MACAPÁ – AMAPÁ

Relator: Ministro Og Fernandes

Impetrante: José Tupinambá Pereira de Sousa

Advogados: Eduardo dos Santos Tavares – OAB: 27421/DF e


outra

Autoridade coatora: Tribunal Regional Eleitoral do Amapá

ELEIÇÕES 2018. MANDADO DE SEGURANÇA. AUTORIDADE


COATORA. TRE/AP. EXECUÇÃO IMEDIATA DE ACÓRDÃO
REGIONAL QUE CASSOU O DIPLOMA DE DEPUTADO
ESTADUAL POR CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO. OFENSA
AO ART. 257, § 2º, DO CE E À JURISPRUDÊNCIA DO TSE.
LIMINAR DEFERIDA. JUÍZO PERFUNCTÓRIO. SUBMISSÃO AO
PLENÁRIO. SESSÃO DE JULGAMENTO VIRTUAL. MEDIDA
LIMINAR REFERENDADA.

1. Trata-se de mandado de segurança, com pedido de medida


liminar, impetrado contra ato do TRE/AP que determinou o
cumprimento imediato do acórdão que cassou o diploma do
impetrante, eleito deputado estadual no pleito de 2018, devido à
prática de captação ilícita de sufrágio – art. 41-A da Lei nº
9.504/1997.

2. Na espécie, verifico, em juízo preliminar, que a concessão


da tutela de urgência requerida pelo impetrante para
suspender a execução imediata do acórdão regional se
justifica pela desobediência do TRE/AP à expressa previsão
legal constante do § 2º do art. 257 do CE, conforme o qual “o
recurso ordinário interposto contra decisão proferida por juiz
eleitoral ou por Tribunal Regional Eleitoral que resulte em

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cassação de registro, afastamento do titular ou perda de
mandato eletivo será recebido pelo Tribunal competente com
efeito suspensivo”.

3. 3. Este Tribunal Superior entende que o § 2º do art. 257


veicula hipótese de efeito suspensivo recursal ope legis, que
decorre automaticamente da previsão normativa, não
havendo discricionariedade por parte do julgador ou
qualquer pressuposto para a concessão do referido efeito.
Precedentes.

4. A plausibilidade do direito do impetrante é evidente e está


evidenciado, também, o perigo da demora, tendo em vista que,
conforme o resumo do julgamento, que consta da certidão
apresentada, a publicação do acórdão regional ensejará o
cumprimento imediato de seus termos.

5. Medida liminar referendada. (g.n.)

Verifico, assim, que o citado recurso deve ser recebido com efeito suspensivo, nos
termos do artigo 257, §2º, do Código Eleitoral, supramencionado, razão pela qual
entendo que a sentença proferida na AIJE 0601013-84.2020.6.13.0269 não possui
execução imediata, não sendo passível de impedir a diplomação do requerente.

Com essas considerações, DEFIRO a tutela incidental de urgência requerida,


conferindo efeito suspensivo ao recurso eleitoral já interposto, permitindo-se, com
isso, a diplomação do Recorrente e de seu Vice.

Dê-se ciência dessa decisão ao Relator.

P.I.

Belo Horizonte, 12 de dezembro de 2020.

JUÍZA CLAUDIA COIMBRA

PLANTONISTA

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