Você está na página 1de 13

LIVRAMENTO CONDICIONAL

1. CONCEITO - Benefício que permite ao condenado à pena privativa de liberdade superior a 2


(dois) anos a liberdade antecipada, condicional e precária, desde que cumprida parte da reprimenda
imposta e sejam observados os demais requisitos legais.

LIVRAMENTO CONDICIONAL SURSIS

Pontos em comum Diferenças

Destinatários: condenados à PPL; Execução da pena: não tem início no sursis; para o livramento
condicional é necessário o cumprimento de parte da pena
Existência de requisitos legais;
imposta;

Sujeitam-se ao cumprimento de
Duração do período de prova: 2 a 4 anos, em regra, no sursis;
condições;
o restante da pena, no livramento condicional;

Período de prova: inicia-se com a


Momento da concessão: o sursis, na sentença ou acórdão; o
realização da audiência admonitória; e
livramento condicional, durante a execução da pena;
Finalidade: evitar a execução da PPL,
Recurso: apelação no sursis; agravo em execução no
total ou parcialmente.
livramento condicional.

2. NATUREZA JURÍDICA - Para a doutrina e para a jurisprudência constitui-se em benefício


conferido pela lei ao condenado que preenche os requisitos legais, configurando, portanto, direito
subjetivo do apenado. E, nada obstante seja concedido durante a execução da PPL, não pode ser tratado
como um de seus incidentes, pois não encontra previsão na LEP.

3. JUÍZO COMPETENTE - Normalmente, já existe trânsito em julgado da condenação, inclusive com


cumprimento da pena, razão pela qual é competente o juízo da execução (LEP, art. 66, III, "e"). Todavia,
o Supremo Tribunal Federal tem admitido a concessão do livramento condicional em sede de execução
provisória, isto é, com o trânsito em julgado da condenação apenas para a acusação.
ATENÇÃO!

Egresso: nomenclatura dispensada pela LEP ao condenado beneficiado pelo livramento condicional,
durante o período de prova.

4. REQUISITOS

4.1 Objetivos

Espécie da pena: PPL (reclusão, detenção ou prisão simples).

Quantidade da pena: igual ou superior a 2 (dois) anos

Art. 84, CP: "As penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para efeito do
livramento".

Entretanto, em conformidade com o STJ, não há que somar a pena aplicada em sentença ainda não
transitada em julgado.

Parcela da pena já cumprida

 Não for reincidente em crime doloso e apresentar bons antecedentes: mais de um terço da pena
(CP, art. 83, I) = livramento condicional simples;

 Reincidente em crime culposo (posições):

a) encaixa-se na regra prevista no art. 83, I, do Código Penal; e

b) esse tratamento a ele não se aplica, pois um reincidente em crime culposo não pode ser
considerado possuidor de bons antecedentes.

 Reincidente em crime doloso: mais de metade da pena (CP, art. 83, II) = livramento condicional
qualificado. Diversos crimes: mais da metade do total das penas unificadas.

 Não reincidente em crime doloso, mas portador de maus antecedentes (posições):

a) deve receber igual tratamento dispensado ao reincidente em crime doloso;

b) em face da ausência de expressa previsão legal, deve ser adotada a posição mais favorável ao
condenado (art. 83, I). É a posição do STJ.

 Prática de crime hediondo ou equiparado: mais de dois terços da pena, desde que não seja

Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/


reincidente específico em crimes dessa natureza = livramento condicional específico.

 ATENÇÃO! Não é permitida a concessão de livramento condicional a condenados reincidentes


específicos em crimes hediondos ou equiparados. Com o advento da Lei 13.964/2019 (Pacote
Anticrime), também foi vedada a concessão do livramento ao réu primário condenado pela
pratica de crime hediondo ou equiparado com resultado morte (art.112, VI, “a”, LEP).

Art. 83, V, CP, c/c art. 44, parágrafo único, Lei de Drogas: proibição do livramento condicional
para o reincidente específico em crime hediondo ou equiparado.

a) execução conjunta de penas por crime hediondo (ou equiparado) e crime comum: a concessão
do livramento condicional deve ser analisada separadamente, computando-se por primeiro o
percentual de 2/3 referente à condenação pelo delito hediondo (ou equiparado) e, em
segundamente o percentual de 1/3 concernente ao delito comum.

b) reincidente específico em delitos hediondos ou equiparados, também condenado por delitos


não hediondos: concessão condicionada ao cumprimento integral das penas referentes àqueles
delitos.

Para fins de livramento condicional, o que se entende por reincidente específico?

a) aquele que, condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, pratica novamente qualquer
um desses delitos, ainda que tipificados por dispositivos distintos. Dominante.

b) agente que, depois de condenado por crime hediondo ou equiparado, comete idêntico delito.

Reparação do dano

Dispensa-se esse requisito quando:

- Comprovada a efetiva impossibilidade do condenado em atendê-lo (CP, art. 83, IV);

- A vítima não for encontrada para ser indenizada;

- A vítima renunciar a dívida ou mostrar-se desinteressada em ser ressarcida.

Não cometimento de falta grave nos últimos doze meses

Requisito acrescentado pela Lei 13.964/2019 (Pacote Anticrime). É irretroativo, uma vez que
limita a obtenção de um benefício que reflete diretamente no cumprimento da pena. O art.50 da LEP

Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/


estabelece rol taxativo de hipóteses de falta grave: I - incitar ou participar de movimento para subverter
a ordem ou a disciplina; II - fugir; III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a
integridade física de outrem; IV - provocar acidente de trabalho; V - descumprir, no regime aberto, as
condições impostas; VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei;
VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a
comunicação com outros presos ou com o ambiente externo; VIII - recusar submeter-se ao
procedimento de identificação do perfil genético. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019).

Obs: Não obstante o cometimento de falta grave interrompa o prazo para a progressão de regime,
conforme enuncia a súmula 534 do STJ, não o faz para fins de concessão do livramento condicional,
pois não há previsão legal nesse sentido. A Súmula 441 do STJ proclama que “a falta grave não
interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional”, e esse entendimento é compatível com
o novo requisito introduzido pela Lei 13.964/2019. Assim, embora o condenado não possa obter o
livramento condicional se houver cometido falta grave nos últimos dozes meses anteriores à sua
pretensão, o prazo para o benefício não volta a correr do início quando cometida a falta grave. Praticada
infração dessa natureza, nos 12 meses seguintes o reeducando não pode ser beneficiado com o
livramento condicional, ainda que preencha o requisito temporal. O prazo de doze meses coincide,
inclusive, com o prazo da reabilitação da falta grave, hoje previsto em boa parte dos regimentos
internos das unidades prisionais dos estados brasileiros.

4.2 Subjetivos

Bom comportamento durante a execução da pena

Esse requisito deve ser comprovado pelo diretor do estabelecimento prisional.

Súmula 441 STJ: "A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional".

No caso concreto, entretanto, a prática de falta grave pode inviabilizar o benefício, em face da ausência
de um dos seus requisitos subjetivos.

Bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído

O preso não é forçado a trabalhar (proibição do trabalho forçado - CF, art. 5.º, XLVII, "c"), mas se
não o fizer será vedado o benefício da liberdade antecipada.

Esse requisito deve ser desprezado quando, em face de problemas do estabelecimento prisional,
nenhum trabalho foi atribuído ao condenado.

Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/


Aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto

Exige-se unicamente prova da aptidão, e não de emprego certo e garantido após a saída da prisão.

Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa:
constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir
(art. 83, p. ún, CP)

Deve ser constatado pela Comissão Técnica de Classificação, responsável pela elaboração e
fiscalização do programa de individualização da execução penal (LEP, arts. 5.º a 9.º). Faz-se um juízo
de prognose, direcionado ao futuro.

Esse requisito é facultativo para delitos não cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa.

Pode ser inclusive realizado exame criminológico para elaboração desse prognóstico. Esse
procedimento, entretanto, encontra resistência em parte da jurisprudência, em face da ausência de
previsão legal.

5. RITO - O pedido de livramento condicional deve ser endereçado ao juízo da execução (LEP, arts.
66, III, "e", e 131) e não precisa ser subscrito por advogado:

Art. 712, caput, CPP: O livramento condicional poderá ser concedido mediante requerimento do
sentenciado, de seu cônjuge ou de parente em linha reta, ou por proposta do diretor do estabelecimento
penal, ou por iniciativa do Conselho Penitenciário.

Antes de sua decisão, o juiz deve ouvir o MP, sob pena de nulidade (LEP, arts. 67 e 131).

ATENÇÃO!!! Entre as incumbências do Conselho Penitenciário não mais se inclui emitir parecer sobre
livramento condicional, eliminada do art. 70, I, LEP pela Lei 10.792/03. Entretanto, essa mesma lei não
modificou o art. 131 LEP, que reclama a oitiva. Afinal, prescinde-se ou não do parecer do Conselho
Penitenciário?

1ª posição: é necessário, uma vez que remanesce no art. 131 da LEP a necessidade dessa manifestação
no procedimento da liberdade antecipada.

2ª posição: com a edição da Lei 10.792/2003, dispensa-se o parecer do Conselho Penitenciário, ficando
à discricionariedade do juiz, se reputar necessário, determinar sua realização. ASSIM ENTENDE O
STF. Ressalte-se, porém, qualquer que seja a posição adotada, que a manifestação do Conselho
Penitenciário, tipicamente de índole administrativa, não vincula o juízo da execução:

Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/


Art. 713 CPP: "As condições de admissibilidade, conveniência e oportunidade da concessão do
livramento serão verificadas pelo Conselho Penitenciário, a cujo parecer não ficará, entretanto, adstrito
o juiz".

Concedido o benefício, será expedida carta de livramento com cópia integral da decisão judicial em duas
vias, remetendo-se uma à autoridade administrativa incumbida da sua execução e outra ao Conselho
Penitenciário (LEP, art. 136). Após, em dia marcado pelo presidente do Conselho Penitenciário será
realizada audiência admonitória, consistente em cerimônia solene no estabelecimento onde o condenado
cumpre a PPL observando-se o seguinte procedimento:

Art. 137 da LEP: (...)

I- a sentença será lida ao liberando, na presença dos demais condenados, pelo presidente do Conselho
Penitenciário ou membro por ele designado, ou, na falta, pelo Juiz;

II - a autoridade administrativa chamará a atenção do liberando para as condições impostas na sentença


de livramento; e

III o liberando declarará se aceita as condições.

Se aceitar as condições, o liberado, ao sair do estabelecimento penal, receberá uma caderneta, que exibirá
à autoridade judiciária ou administrativa sempre que lhe for exigida (LEP, art. 138, caput). Da concessão
ou denegação do livramento condicional cabe agravo (LEP, art. 197).

6. CONDIÇÕES (art. 132, LEP)

§ 1º Serão sempre impostas ao liberado condicional as obrigações seguintes:

LEGAIS a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto para o
trabalho;
(rol taxativo)
obrigatórias b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação;

c) não mudar do território da comarca do Juízo da execução, sem prévia


autorização deste.

§ 2° Poderão ainda ser impostas ao liberado condicional, entre outras


obrigações, as seguintes:

a) não mudar de residência sem comunicação ao Juiz e à autoridade

Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/


incumbida da observação cautelar e de proteção;
JUDICIAIS
b) recolher-se à habitação em hora fixada;
(rol exemplificativo)
facultativas c) não frequentar determinados lugares.

Nas duas últimas condições, o juízo da execução deve indicar precisamente


qual o horário para recolhimento da habitação e os lugares cuja frequência
está proibida.

LEGAIS Ausência de causas de revogação


INDIRETAS/
NEGATIVAS

O período de prova tem início com a cerimônia realizada no estabelecimento prisional em que o
condenado cumpre a pena, realizada após a concessão do benefício pelo juízo da execução. Na cerimônia,
com suas etapas definidas pelo art. 137 da Lei de Execução Penal, o condenando declara se aceita ou não
as condições a que fica subordinado o livramento (CP, art. 85).

7. REVOGAÇÃO - O livramento condicional é precário. A revogação deve ser decretada pelo juiz da
execução, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação do Conselho
Penitenciário. Em qualquer caso, o juiz deve proceder à prévia oitiva do condenado, sob pena de nulidade
por violação do princípio constitucional da ampla defesa.

7.1. Obrigatória/Legal

CP, Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de liberdade,
em sentença irrecorrível:

I - por crime cometido durante a vigência do benefício;

II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste Código.

Não há qualquer margem de discricionariedade para o Poder Judiciário. Ademais, a condenação


irrecorrível por contravenção penal a PPL não determina a revogação obrigatória do livramento
condicional:

Art. 87 CP: permite a revogação facultativa do benefício quando o liberado é condenado


irrecorrivelmente por contravenção penal a pena que não seja privativa de liberdade.

Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/


Ainda, não é possível a revogação obrigatória do livramento condicional quando o crime é cometido
antes da cerimônia do livramento condicional, mas após a decisão judicial que concedeu o benefício.
Finalmente, a decisão judicial que revoga o livramento condicional em razão de condenação irrecorrível
dispensa fundamentação, pois toda a motivação já foi efetuada na sentença condenatória, limitando-se o
juízo da execução a reconhecê-la.

I - por crime cometido durante a vigência do benefício;

O liberado deve ser condenado à PPL, por decisão transitada em julgado. Nesse caso, o juiz poderá
ordenar a prisão do liberado, ouvidos o Conselho Penitenciário e o Ministério Público, suspendendo o
curso do livramento condicional, cuja revogação, entretanto, ficará dependendo da decisão final (LEP,
art. 145).

Se a decisão final for condenatória, e transitar em julgado, o juiz deverá revogar o livramento condicional.
De fato, o juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a sentença em
processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento (CP, art. 89).

Efeitos da revogação são rigorosos (do art. 88 CP, bem como arts. 141 e 142 da LEP):

a) não se computa na pena o tempo em que esteve solto o liberado;

b) não se concede, em relação à mesma pena, novo livramento; e

c) não se pode somar o restante da pena cominada ao crime à nova pena, para fins de concessão de novo
livramento.

II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste Código.

O liberado vem a ser condenado a PPL em sentença irrecorrível, por crime anterior. A referência ao art.
84 tem o seguinte significado: somente é possível a revogação quando a nova PPL, somada à anterior,
que ensejou o livramento condicional, resultar na impossibilidade de manutenção do benefício.
Exemplo: condenado a 12 anos de reclusão, o réu, primário e com bons antecedentes, cumpriu mais de
quatro anos da pena e a ele foi concedida a liberdade antecipada. Após dois anos no gozo do benefício,
e, portanto, faltando seis anos para a extinção da PPL, é condenado a 20 anos de reclusão por crime
anterior. Sua pena faltante, somadas as duas, é de 26 anos, razão pela qual é incompatível preservar o
livramento condicional com os seis anos de pena até então cumpridos, que representam menos de um
terço do total.

Os efeitos dessa revogação são mais suaves (art. 88 CP e arts. 141 e 142 da LEP):

Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/


a) computa-se como cumprimento da pena no tempo em que o condenado esteve solto;

b) admite-se a soma do tempo das duas penas para concessão de novo livramento; e

c) permite-se novo livramento condicional, desde que o condenado tenha cumprido mais de um terço ou
mais de metade do total da pena imposta (soma das penas), conforme seja primário e portador de bons
antecedentes ou reincidente em crime doloso.

7.2 Facultativa, judicial

Art. 87. O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir qualquer das
condições constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a
pena que não seja privativa de liberdade.

Fica a critério do magistrado eventual manutenção do benefício. E, se decidir não revogá-lo, o juiz deverá
advertir o liberado ou agravar as condições impostas (LEP, art. 140, parágrafo único).

1ª hipótese: Se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença

O descumprimento de qualquer condição, legal ou judicial, faculta a revogação do livramento condicional.


É prudente, contudo, sem prejuízo da prévia oitiva do condenado (LEP, art. 143), que lhe seja feita nova
advertência, com reiteração das condições impostas ou mesmo com o agravamento de tais condições.
Em suma, é razoável somente revogá-lo com o desatendimento reiterado.

Os efeitos da revogação são rigorosos: não se desconta na pena o tempo em que esteve solto o
condenado, e também não se permite a concessão, no tocante à mesma pena, de novo livramento
condicional (art. 88 CP).

2ª hipótese: Se o liberado for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena


que não seja privativa de liberdade

É irrelevante o momento da prática do crime ou da contravenção penal (se antes ou durante o livramento
condicional). Saliente-se, porém, que condenação irrecorrível a PPL induz à revogação obrigatória (CP,
art. 86), e não gera nenhum efeito se decorrente de contravenção penal.

Os efeitos variam conforme o momento de cometimento da infração penal (art. 88, CP):

- Anteriormente ao benefício: desconta-se da pena o tempo em que esteve solto o condenado e também
se permite novo livramento condicional em relação a mesma pena;

Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/


- Na vigência do benefício: não se desconta da pena o tempo em que esteve solto o condenado, e não se
autoriza a concessão, no tocante à mesma pena, de novo livramento condicional.

8. SUSPENSÃO

Art. 145, LEP. Praticada pelo liberado outra infração penal, o Juiz poderá ordenar a sua prisão, ouvidos
o Conselho Penitenciário e o Ministério Público, suspendendo o curso do livramento condicional, cuja
revogação, entretanto, ficará dependendo da decisão final.

Tal dispositivo se justifica pelo seguinte: a revogação do livramento condicional, quando motivada pela
pratica de infração penal, depende do trânsito em julgado da condenação (arts. 86 e 87 do CP); pode
acontecer, entretanto, de ser moroso o trâmite da ação penal a ponto não haver decisão definitiva ao
tempo do término do período.

O dispositivo legal é aplicável às hipóteses descritas pelo art. 86, I e II, bem como pelo art. 87, ambos do
CP.

Ademais, a condenação por sentença irrecorrível decorrente de crime do qual resulte PPL deve ensejar a
revogação do benefício, enquanto a condenação definitiva por crime ou contravenção penal a pena que
não seja privativa de liberdade pode produzir igual efeito.

Mas não é possível a suspensão do livramento condicional quando o liberado deixa de cumprir qualquer
das obrigações decorrentes da sentença (CP, art. 87, 1ª parte), pois a LEP autoriza essa medida somente
quando praticada outra infração penal.

9. PRORROGAÇÃO

Art. 89, CP - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a sentença em
processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento.

Em tais situações deve prorrogar o período de prova até o trânsito em julgado da sentença, mas durante
a prorrogação não subsistem as condições do livramento condicional, se já ultrapassado o período de
prova, ou seja, já tenha se esvaído o tempo restante da pena privativa de liberdade.

Essa prorrogação é automática ou depende de expressa decisão judicial?

1ª posição: é automática e prescinde de decisão judicial, bastando o recebimento da denúncia ou da


queixa. Posicionamento minoritário no STJ.

2ª posição: não é automática e depende de decisão judicial expressa. É a posição do STF e do STJ.

Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/


Para ambas as posições, a prorrogação somente é possível em relação a crime cometido na vigência do
benefício, pois o crime anterior permite o desconto na pena do tempo em que esteve solto o condenado.
Destarte, seria inócuo prorrogar o benefício além do período de prova, uma vez que a PPL já estaria
integralmente cumprida.

Pouco importa seja o crime doloso ou culposo, punido com reclusão ou detenção. Não se admite,
contudo, a prorrogação do período de prova no caso de contravenção penal cometida durante a vigência
do livramento condicional pois a lei fala somente em "crime".

Com o término da prorrogação em razão de crime cometido durante a vigência do benefício, operando-
se o trânsito em julgado da sentença, podem ocorrer as seguintes situações:

a) o liberado é absolvido: declara-se a extinção da PPL;

b) o liberado é condenado a PPL: o benefício é obrigatoriamente revogado (CP, art. 86, I e II); e

c) o liberado é condenado a pena que não seja privativa de liberdade: a revogação do livramento
condicional é facultativa (CP, art. 87, in fine ).

10. EXTINÇÃO DA PENA

Art. 90, CP - Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta a pena privativa de
liberdade.

Cuida-se de sentença meramente declaratória com eficácia retroativa (ex tunc) à data em que se encerrou
o período de prova, já que o termo do período de prova é que extingue a PPL. Antes a decretação da
extinção da pena deve o magistrado ouvir o MP (LEP, art. 67).

ATENÇÃO!!! NOVIDADE 2018!!!

Súmula 617, STJ: “A ausência de suspensão ou revogação do livramento condicional antes do término
do período de prova enseja a extinção da punibilidade pelo integral cumprimento da pena.”

Suponha que determinado sujeito, durante o período de prova do livramento condicional, é preso em
flagrante por um novo delito. Após o período de prova, porém, o magistrado a quo entendeu por bem
revogar o benefício, tendo em vista a superveniência da segunda condenação (definitiva). Está correta a
postura? A Súmula 617 do STJ veio dirimir essa questão.

Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/


A LEP prevê em seu artigo 145 que praticada pelo liberado outra infração penal, o Juiz poderá ordenar
a sua prisão, ouvidos o Conselho Penitenciário e o Ministério Público, suspendendo o curso do
livramento condicional, cuja revogação ficará dependendo da decisão final.

No caso, percebe-se que o magistrado não observou o art. 145 da LEP. Em verdade, durante o período
de provas, manteve-se inerte, revogando-o após o referido período, violando o art. 90 do CPB.

Assim, o que o magistrado deveria ter feito era suspender cautelarmente o benefício, ainda durante o
seu curso, até o trânsito em julgado da sentença condenatória, o que acarretaria a sua revogação.

11. DEMAIS QUESTÕES

11.1 Livramento condicional insubsistente - Quando o condenado, a quem foi deferido o livramento
condicional, não comparece por qualquer motivo na cerimônia para aceitação das condições.

11.2 Não cabimento de habeas corpus - De fato, a dilação probatória é indispensável para análise do
preenchimento dos requisitos legais exigidos para concessão do benefício. Exceção: quando a decisão
denegatória for teratológica, isto é, manifestamente ilegal, e todos os requisitos legais estiverem
documentalmente comprovados.

11.3 Livramento condicional humanitário - É o livramento condicional deferido ao condenado que


ainda não cumpriu o montante da pena legalmente exigido (CP, art. 83, I, II ou V), mas está acometido
por enfermidade grave e incurável. Não pode ser permitido por ausência de previsão legal.

11.4 Livramento condicional cautelar - Cuida-se de criação pretoriana aplicável em duas hipóteses:

(1) em substituição do regime aberto, visando evitar a inócua prisão domiciliar, em face da inexistência
de Casa de Albergado; e

(2) nos casos em que o condenado preenche os requisitos objetivos, mas o juízo aguarda o parecer do
Conselho Penitenciário, para aqueles que acreditam ainda ser essa medida obrigatória. Se o parecer,
posteriormente, for favorável, ratifica-se o livramento condicional, e, se negativo, ordena-se o retomo ao
estabelecimento prisional.

Essa modalidade de livramento condicional deve ser rejeitada. Na primeira hipótese, por constituir-se em
decisão judicial estranha ao pedido: o regime aberto deve ser deferido ou indeferido, não se permitindo
a criação de uma terceira alternativa, automaticamente excluída. E, na segunda hipótese, por ausência de
previsão legal.

Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/


11.5 Livramento condicional para estrangeiros que estejam no Brasil em caráter temporário

As dúvidas quanto à possibilidade de concessão de livramento condicional ao estrangeiro que cumpre


pena no território nacional, imposta pela prática de crime comum, ainda que esteja em trâmite seu
processo de expulsão, foram dirimidas com o advento da Lei de Migração (13.455/2017), que permite ao
estrangeiro gozar de quaisquer benefícios concedidos em igualdade de condições ao nacional brasileiro,
incluindo, evidentemente, o livramento condicional:

Art. 54. A expulsão consiste em medida administrativa de retirada compulsória de migrante ou visitante
do território nacional, conjugada com o impedimento de reingresso por prazo determinado.

(...)

§ 3º O processamento da expulsão em caso de crime comum não prejudicará a progressão de


regime, o cumprimento da pena, a suspensão condicional do processo, a comutação da pena ou
a concessão de pena alternativa, de indulto coletivo ou individual, de anistia ou de quaisquer
benefícios concedidos em igualdade de condições ao nacional brasileiro.

Preparação de qualidade para concursos? http://www.ebeji.com.br/

Você também pode gostar