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PORTUGAL
E O REINO UNIDO
OS IMPACTOS DO BREXIT
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sumário
Portugalglobal nº142
maio 2021
Destaque [6]
Edição especial sobre os impactos do Brexit no relacionamen- 6
to entre Portugal e o Reino Unido. O que mudou a partir de
janeiro passado e as novas regras definidas pelo Acordo de
Comércio e Cooperação celebrado com a União Europeia.
Entrevista [22]
Ricardo Reis, Professor no departamento de economia
da London School of Economics.
Opinião [24]
Portugal e o Reino Unido no pós-Brexit: a análise do Embai-
xador de Portugal em Londres, Manuel Lobo Antunes.
22
Exportação [28]
O que precisa de saber para exportar para o Reino Unido.
Turismo [36]
O impacto do Brexit no turismo português, por Cláudia 40
Miguel, diretora do Turismo de Portugal em Londres.
Empresas [40]
Testemunhos de empresas portuguesas com presença
no Reino Unido – Calvelex, Ferpinta, Instituto dos Vinhos
do Douro e do Porto, Transitex, Triva Group, Vision-Box
e Wewood – e de empresas britânicas em Portugal – DS
Smith e Revolut.
As opiniões expressas nos artigos publicados são da responsabilidade dos seus autores A aceitação de publicidade pela revista Portugalglobal não implica qualquer
e não necessariamente da revista Portugalglobal ou da aicep Portugal Global. compromisso por parte desta com os produtos/serviços visados.
6 DESTAQUE Portugalglobal nº142
Em março de 2017, o Reino Unido lidade dos bens e inclui um capítulo todos os atores, menores serão os im-
acionava oficialmente o artigo 50.º dedicado aos serviços, assim como pactos e os custos decorrentes desta
do Tratado da União Europeia – que disposições em matéria de contra- nova conjuntura.
prevê a saída de um Estado-membro tação pública, transportes aéreos e
da União – já depois de a maioria dos rodoviários, investimento, comércio As atividades de preparação resultam
britânicos (51,9 por cento) ter vota- digital, pescas, energia, cooperação de um esforço conjunto, envolvendo
do nessa direção, no referendo de policial e judicial, coordenação de os níveis europeu, nacional, regional e
2016. Depois de longas negociações, sistemas de segurança social, coope- local, bem como as empresas/opera-
o Reino Unido deixou oficialmente a ração em matéria de segurança sani- dores económicos, cidadãos e outras
União Europeia (UE) a 31 de janeiro tária e cibersegurança, a participação partes interessadas. Todos os atores
de 2020, tendo o Acordo de Saída do Reino Unido em programas da devem manter-se informados, seguir
negociado, previsto um período de União Europeia, entre outros. as recomendações, e preparar-se para
transição até 31 de dezembro de todas as eventualidades1.
2020, durante o qual prevaleceram Uma nova realidade
as regras do Mercado Único Europeu
no relacionamento
e da União Aduaneira. Principais
com o Reino Unido
implicações
Em paralelo, decorreram negociações No dia 1 de janeiro de 2021, a reali-
para um acordo que enquadrasse a re- dade alterou-se com o fim do período
do pós-Brexit
lação futura entre a UE e o Reino Uni- transitório e, pese embora o acordo O Brexit provocou grandes mu-
do. Esse acordo foi, por fim, alcança- alcançado sobre a relação futura entre danças no relacionamento co-
do a 24 de dezembro de 2020, tendo a UE o Reino Unido, ocorreram altera- mercial entre a UE e o Reino
sido decidida a sua aplicação provisó- ções importantes e com impacto, ao Unido que, a partir de 1 de ja-
ria a partir de 1 de janeiro, enquanto nível dos cidadãos, do comércio de neiro de 2021, passou a reger-
decorrem as necessárias etapas para a bens e de serviços ou da mobilidade, -se pelo Acordo de Comércio
respetiva ratificação. tanto da UE para o Reino Unido, como e Cooperação. Não obstante os
no sentido inverso. entendimentos conseguidos com
Este acordo é constituído por três o “Acordo Brexit”, são várias
pilares principais: um acordo de co- É fundamental que cidadãos, consu- as consequências nas regras do
mércio livre; uma nova parceria para midores, empresas, investidores, estu- comércio com o Reino Unido,
a segurança dos cidadãos; e um acor- dantes, investigadores e todas as par- nomeadamente alterações adua-
do horizontal em matéria de gover- tes interessadas estejam a par dessas neiras, fiscais, regulamentares
nação. O Acordo de Comércio e Coo- alterações e se preparem adequada- e novos procedimentos a ter em
peração prevê, nomeadamente, zero mente para esta nova realidade, pois conta nas relações estabelecidas
tarifas e zero quotas para a genera- quanto mais preparados estiverem com o Reino Unido.
1
Artigo de David Santiago ao JN
8 DESTAQUE Portugalglobal nº142
Trabalho
Os cidadãos que já viviam no Reino
Unido e na UE antes do fim de 2020
têm os seus direitos garantidos e ne-
cessitam apenas de formalizar o seu
estatuto de residente.
2
https://www.jornaldenegocios.pt/economia/europa/uniao-europeia/detalhe/e-1-de-janeiro-e-o-acordo-pos-brexit-ja-vigora-afinal-o-que-e-que-muda
3
https://www.jornaldenegocios.pt/economia/europa/uniao-europeia/detalhe/e-1-de-janeiro-e-o-acordo-pos-brexit-ja-vigora-afinal-o-que-e-que-muda
10 DESTAQUE Portugalglobal nº142
A importância somados (Alemanha, Holanda, Fran- e esperada, mas estes deverão conti-
ça), só ficando atrás de EUA e China. nuar a ser dos principais setores ex-
do mercado
Pelo ritmo de crescimento, é esperado portadores britânicos.
do Reino Unido que esta “tempestade perfeita” – que
O Reino Unido é a 6ª maior economia combina disponibilidade de talento O potencial do mercado não irá des-
a nível mundial e a 2ª no contexto do (universidades mais prestigiadas do vanecer-se, aliás, há eventualmente
continente europeu. O país posiciona- mundo), disponibilidade de financia- margem para as empresas portugue-
-se como 10º exportador de bens mento e promoção do empreendedo- sas substituírem empresas europeias
e 2º de serviços a nível mundial e como rismo (incentivos) – não desapareça. neste processo de reajustamento,
5º importador de bens e de serviços tirando partido da proximidade geo-
(de acordo com as estimativas do FMI Setores como o automóvel, aero- gráfica (e não só) entre Portugal e o
e do ITC – International Trade Centre náutico e defesa têm também forte Reino Unido. É legítimo dizer que as
para 2020).
A economia britânica ressentiu- para depreender o real declínio do co- comerciantes britânicos. Apesar
-se dos efeitos do Brexit e, já em mércio. Para além dos naturais custos do Reino Unido se ter decidido
2019, registou a mais baixa taxa de adaptação, estas foram as principais pelo adiamento do controlo das
de crescimento dos últimos cinco razões para a queda de cerca de 40 por importações, a UE está a aplicar o
anos (1,4 por cento). Em 2020, cento das exportações britânicas para regime definido desde o dia 1 de
fruto dos efeitos acrescidos da a UE no primeiro mês do ano, quando janeiro de 2021.
pandemia COVID-19, verificou-se comparado com o mês anterior. O exe-
uma contração recorde de 9,8 por cutivo britânico garantiu, entretanto, Contrariamente ao que se au-
cento (versus menos 8,4 por cento que os volumes de mercadorias entre o gurava e exceto casos pontuais,
para a Zona Euro), segundo dados país e a UE voltaram a níveis "normais" não se veio a verificar o pressá-
do gabinete de estatística nacio- no início de fevereiro (Bloomberg noti- gio da escassez de produtos nos
nal, o Office for National Statistics ciou que as exportações caíram 27 por supermercados britânicos, nem
(ONS). De acordo com cálculos cento no conjunto dos dois primeiros filas intermináveis nas fronteiras
da Bloomberg que se baseiam na meses do ano, em relação ao mesmo entre o Reino Unido e o bloco
comparação da evolução britânica período do ano anterior). europeu. Há sim um processo
com a dos seus pares do G7, a saí- de adaptação em curso, de par-
da do Reino Unido da UE (Brexit) Quando entrou em vigor o Acordo de te a parte, desde os produtores
já custou mais de 150 mil milhões Comércio e Cooperação entre Londres aos consumidores, passando pe-
de euros à economia britânica, e Bruxelas, a UE impôs controlos sani- los grossistas e retalhistas, sem
podendo o valor superar 230 mil tários e fitossanitários a produtos de esquecer os agentes e despa-
milhões até final do ano. origem animal e plantas, além de exi- chantes, que culminará no novo
gir formulários e burocracia que tem normal: lidar com o Reino Unido
O Reino Unido enfrenta, atual- criado alguns atrasos e obstáculos aos como país terceiro.
mente, uma dupla-crise. Para além
dos impactos da pandemia, que se
sentem no mundo inteiro, incluin-
do no Reino Unido, o governo
britânico está a orientar-se para a
realidade pós-Brexit que, não obs-
tante o acordo alcançado, está a
implicar um pesado processo de
adaptação em termos logísticos e
regulamentares.
Porém, esse processo não será a COVID-19, que está significativa- poderão constituir o catalisador
fácil para os dois lados. Segundo mente adiantado quando comparado necessário da recuperação econó-
uma sondagem feita pela British com os dos países da UE, tem sido mica britânica. O Banco de Ingla-
Chamber of Commerce, uma em visto por alguns como uma vitória terra prevê um crescimento de 5
cada quatro empresas britânicas do Brexit. Cerca de 40 por cento dos por cento para 2021.
parou de vender para a UE e 40 britânicos já tomou a 1ª dose, contra
por cento das empresas britânicas apenas 12-14 por cento da média eu- Outra preocupação desta dupla
exportadoras apresentou menores
ropeia (Portugal vai nos 17 por cento). crise é o desemprego. Prevê-se
receitas provenientes de vendas
Espera-se que este plano de vacinação que a taxa de desemprego (cerca
internacionais no primeiro trimes-
(e consequente imunização de toda de 5 por cento, atualmente) ve-
tre do ano, quando comparado
a população) acompanhe o plano de nha a subir drasticamente assim
com o último de 2020. Controlos
desconfinamento e permita a reaber- que termine o esquema de sub-
na fronteira, atrasos logísticos,
burocracia, questões relacionadas tura definitiva de toda a atividade eco- sídios à retenção de emprego do
com IVA, são alguns dos principais nómica, nomeadamente do retalho, qual, segundo dados do governo
problemas identificados pelas em- restauração, hotelaria, eventos, estas britânico em novembro de 2020,
presas, agora que já decorreram que foram algumas das indústrias que beneficiavam 9,6 milhões de tra-
100 dias do pós-Brexit. mais sofreram com a pandemia. Os balhadores. Este apoio, que estava
níveis de consumo que se antecipam, previsto terminar em outubro de
Por outro lado, o plano de vaci- tendo em conta as poupanças das fa- 2020, foi prolongado até setem-
nação do Reino Unido contra mílias geradas durante a pandemia, bro de 2021.
Principais problemas/ consumidor. Em paralelo, como con- as suas implicações e eventuais opor-
sequência da disrupção causada pelas tunidades que daí pudessem resultar
constrangimentos
alterações alfandegárias intrínsecas ao para as empresas portuguesas, com
A UE e o Reino Unido constituem ago- fim do período de transição do Brexit, recomendação das respetivas medidas
ra blocos comerciais e regulamentares o governo britânico decidiu adiar os de preparação necessárias.
distintos, o que cria entraves ao comér- controlos alfandegários efetuados a
cio de bens nos dois sentidos: embora bens importados oriundos da UE (na Não obstante, a “tranquilidade” sen-
o Acordo de Comércio e Cooperação sua maioria, para janeiro de 2022), tida a nível de tráfego marítimo entre
(ACC) tenha introduzido mecanismos permitindo que as empresas britânicas Portugal e o Reino Unido contraria a
práticos de simplificação aduaneira, se adaptem corretamente aos novos “agitação” sentida no tráfego rodo-
persistirão obstáculos horizontais aos procedimentos. Ao longo dos últimos viário (representada pelas filas de ca-
vários setores. A imposição de novos anos, a AICEP, em articulação com vá- miões na fronteira nos primeiros dias
procedimentos e aumento da carga rios Ministérios e autoridades nacionais da saída do Reino Unido da UE): o vo-
burocrática acarretam novos custos e com a participação de diversas As- lume de carga contentorizada impor-
logísticos para os parceiros comerciais sociações Empresariais, foi organizan- tada-exportada entre os dois países
britânicos e europeus, algo que poderá do diversas sessões de esclarecimento com destino/base no Porto de Sines
ter impacto no aumento dos preços no (seminários e webinars) sobre o Brexit, cresceu 14,8 por cento no primeiro
14 DESTAQUE Portugalglobal nº142
(SNP) em caso de vitória nas eleições no Unido como o principal mercado português Dárcio Henriques, que con-
parlamentares escocesas, em maio. A emissor de turistas para Portugal (cer- quistou uma estrela Michelin à frente
possibilidade de um novo referendo ca de um quinto dos turistas que Por- do restaurante Céleste, pelo ceramis-
sobre a mesma questão tem sido repe- tugal recebe são britânicos). Em 2019, ta português Toni de Jesus que venceu
tidamente refutada por Boris Johnson. 17,3 por cento dos imóveis vendidos a o prémio British Ceramics Biennial’s
Em janeiro de 2020, o primeiro-minis- não-residentes foram para britânicos FRESH, ou ainda pelos inúmeros ar-
tro britânico salientou que o mais re- (apenas ultrapassados pelos franceses, tistas que expõem o seu talento em
cente referendo – realizado em 2014, com 18,1 por cento).5 A nível migrató- diversas galerias pelo país. Da banca
em que 55 por cento dos votantes es- rio, o Reino Unido era, em 2018, a ter- ao futebol, da música ao ensino, da
coceses disseram “não” à independên- ceira nacionalidade estrangeira com moda à construção, são muitos os
cia – representava um evento que só maior representatividade em Portugal, exemplos de profissionais portugue-
deveria ocorrer “uma vez por cada ge- com quase 35 mil residentes britâni- ses que elevam a nossa marca.
ração” (“once in a generation”). A in- cos estabelecidos; em sentido inverso,
dependência escocesa do Reino Unido, o Office for National Statistics estima- O comércio bilateral entre os países
apesar de estar dependente de uma va cerca de 271 mil portugueses resi- sustenta-se, portanto, em fatores
decisão de Westminster, deixaria esta dentes no Reino Unido em 2020, a 6ª como a aliança mais antiga do mundo
nação mais próxima de retornar ao co- nacionalidade mais representada. e nas ligações consolidadas de diáspo-
mércio sem barreiras e à livre circulação ra e turismo. Na ótica comercial, ape-
de pessoas com os demais países do Investigadores, economistas, artistas, sar de Portugal possuir uma posição
Espaço Económico Europeu, revelando arquitetos, designers, empresários, modesta como exportador de bens
uma ambição escocesa de retoma de estudantes e muitas outras profissões para o mercado britânico (31ª posição
proximidade com os ideais europeus. e ofícios: independentemente da sua na lista de fornecedores de bens ao
ocupação profissional no Reino Uni- Reino Unido), este mercado estabele-
Relacionamento do, a presença da comunidade lusita- ceu-se como um dos principais parcei-
na no país é histórica, estoica, e bem ros comerciais português ocupando,
económico
estabelecida (existindo inclusive uma ao longo dos últimos anos, uma po-
entre Portugal região no sul de Londres intitulada sição estável como nosso 8º fornece-
e o Reino Unido “Little Portugal”, onde se concentram dor de bens, posição que manteve em
Para o cidadão britânico, Portugal é alguns restaurantes e estabelecimen- 2020 e, em destaque como 4º cliente
já um destino familiar, seja pelas suas tos comerciais especializados em pro- de bens (depois de Espanha, França e
mais-valias turísticas, comunidade re- dutos portugueses). Como tal, é de Alemanha), e principal cliente dos ser-
sidente no país, ou até pelos produ- relevar os casos de sucesso que con- viços portugueses. É de salientar ainda
tos que encontram nas prateleiras dos tribuem, à sua medida, para ilustrar a que, excetuando uma ligeira diminui-
seus estabelecimentos comerciais lo- excelência da mão-de-obra portugue- ção em 2019, o número de empresas
cais. Um breve relance sobre a impor- sa e, simultaneamente, aproximar Por- portuguesas exportadoras para o Rei-
tância turística apresenta-nos o Rei- tugal do Reino Unido: seja pelo chef no Unido tem mantido uma tendên-
5
Fonte: INE – Aquisição de imóveis por não residentes
16 DESTAQUE Portugalglobal nº142
6
Fonte: ONS (UK trade: January 2021)
maio 2021 DESTAQUE 17
de outros países enquanto fornece- Oportunidades para as dutos provenientes dos quatro cantos
dores do Reino Unido. do mundo e, naturalmente, também
empresas portuguesas
de Portugal. Num dia de passeio pelas
Similarmente, o decréscimo verificado ruas comerciais mais agitadas de Lon-
Um mercado de consumo
no valor das exportações britânicas de dres, é possível fazer uma pausa para
Em 2019, as despesas de consumo um pastel de nata e uma ‘bica’; nas
bens para os seus principais parceiros
das famílias britânicas representavam grandes superfícies de retalho britâni-
europeus, entre dezembro de 2020
65 por cento do PIB do Reino Unido, cas, é possível encontrar a pera rocha
e janeiro de 2021 – com quebras
valor consideravelmente superior ao do Oeste, o vinho do Porto e o peixe
significativas em países como Ale-
da média da UE que, no mesmo ano, em conserva, mas também a cerâmi-
manha (44,5 por cento), França (47
se fixou nos 54 por cento do PIB do ca e o têxtil-lar Made in Portugal. As
por cento), Irlanda (47 por cento), e
Países Baixos (31 por cento) – poderá Bloco7. No contexto europeu, o Rei- lojas especializadas em produtos por-
traduzir-se em novas oportunidades no Unido destaca-se, inclusivamente, tugueses estão espalhadas por todo
de negócio para empresas portugue- como o principal consumidor de de- o país, alimentando a saudade da
sas em alguns setores, num potencial terminados produtos/serviços, como o comunidade imigrante, mas não só.
efeito de “compensação” da redução calçado e vestuário, ou os serviços de São também importantes agentes de
de oferta britânica nestes países. restauração e hotelaria8. divulgação da oferta nacional, captan-
do a atenção de cada vez mais consu-
A forte tradição de consumo britâni- midores britânicos.
Mas o regresso à normalidade é possí-
ca, aliada a um multiculturalismo ca-
vel e não tão distante como se poderia
racterizado por cidades extremamen- A qualidade da oferta portuguesa já é
antever. Como defendido por Eurico
te globalizadas e uma componente de reconhecida no Reino Unido, mas há
Brilhante Dias, Secretário de Estado
turismo expressiva, fazem do Reino espaço para crescer. Assim o confirma
da Internacionalização, o atual perío-
Unido um mercado apetecível para Angelina Brandão, diretora da Por-
do de adaptação aos “naturais ajus-
empresas produtoras de bens de con- tugália Wines UK, um dos principais
tamentos administrativos e logísticos”
sumo de todos os setores, que veem distribuidores de produtos portugue-
provenientes do novo relacionamento
neste um mercado “montra” para o ses no Reino Unido. “As operações de
entre a UE e o Reino Unido é “nor-
resto do mundo. venda têm corrido consistentemente,
mal”, sendo que as trocas comerciais
a ritmo crescente, mas lento. Os pro-
entre os dois “parceiros históricos Nos supermercados e mercearias, lojas dutos mais apreciados pelo consumi-
(…) retomarão aos valores anteriores de especialidade e do high-street, res- dor britânico são o vinho (Porto e ou-
a março de 2020”. taurantes e bares, encontram-se pro- tros), cerveja, pastelaria e café”.
7
Fonte: World Bank (Households and NPISHs final consumption expenditure (% of GDP)
8
Fonte: Eurostat (Final consumption expenditure of households by consumption purpose (COICOP 3 digit)
18 DESTAQUE Portugalglobal nº142
9
Fonte: Statista (Value of the leading personal luxury goods markets worldwide in 2020, by country)
10
Fonte: Ethical Consumer (UK Ethical Consumer Markets Report)
11
Fonte: The Grocer (The Power List 2020: own label), IRI (Private label (PL) wins ahead at regional level)
12
Fonte: ecommerceDB (eCommerce in the United Kingdom 2020)
13
Fonte: Business.com (The 10 Largest E-commerce Markets in the World by Country)
14
Fonte: ONS (Retail sales, internet index categories and their percentage weights
maio 2021 DESTAQUE 19
centagem surpreendente de clientes e 12 mil colaboradores em todo o Rei- merciais (serviços de cafetaria e bar
britânicos.”. Prevê-se que, em 2025, no Unido) e do grupo Arcadia (deten- em lojas de vestuário; organização de
as compras online atinjam cerca de tor de marcas como Topshop, Burton eventos, como o lançamento de livros
119,1 mil milhões de dólares no Reino e Dorothy Perkins, com 444 lojas e 13 em livrarias; entre outros exemplos).
Unido, um crescimento médio anual mil colaboradores no Reino Unido). É
de 3,5 por cento desde 2021.15 interessante notar que as lojas online No Reino Unido, assim que foi levan-
de ambos os grupos foram adquiridas tado o lockdown em dezembro, a
Trata-se, portanto, de um canal de por empresas que já tinham uma forte afluência de pessoas no high street
vendas que as empresas portuguesas presença online antes da pandemia – aumentou 85,2 por cento16 face à re-
não devem deixar de considerar. O e- no caso do Debenhams, pela Boohoo; gistada na semana anterior, e viram-se
commerce é uma ferramenta útil na no caso do Arcadia, pela ASOS. longas filas à porta dos estabelecimen-
estratégia de internacionalização de tos comerciais. O mesmo sucedeu em
qualquer empresa, que facilita o aces- Apesar de o cenário poder parecer, abril, com a reabertura do comércio, o
so ao mercado internacional com cus- à partida, pessimista, os especialistas que prova que o consumidor britânico
tos relativamente baixos e a partir de acreditam que o brick and mortar ainda valoriza o comércio presencial:
qualquer parte do mundo, permitindo pode sobreviver à crise COVID-19. O esta ideia transmite confiança às lojas
a efetivação de vendas a qualquer dia comércio em espaços físicos não só de que um regresso à normalidade
e a qualquer hora. resolve algumas das fragilidades do não é impossível e poderá, inclusive,
e-commerce (como o atraso nas en- estar no horizonte.
A viragem para o e-commerce, agra- tregas, ou a impossibilidade de ver
vada pelas medidas de combate à ao vivo ou experimentar o produto Build Back Better
pandemia (nomeadamente, a impo- antes de o comprar), como pode pro- O governo britânico anunciou, a 3
sição do confinamento e do encerra- porcionar experiências sensoriais e de de março de 2021, um plano de re-
mento dos estabelecimentos comer- contacto humano, ainda muito valo- cuperação económica que pretende
ciais), fez despoletar uma grave crise rizadas pelo consumidor. Mesmo an- dar resposta à crise pandémica (cujo
no retalho em lojas físicas. Alguns dos tes da pandemia, as grandes marcas efeito se refletiu na quebra de 9,8
mais reconhecidos grupos do retalho já apostavam em acrescentar valor à por cento do PIB britânico em 2020).
britânico viram-se obrigados abrir pro- experiência de compra em loja, no- O Build Back Better pretende guiar o
cessos de insolvência, como é o caso meadamente, providenciando outros desenvolvimento da economia britâni-
do grupo Debenhams (com 124 lojas serviços dentro dos seus espaços co- ca em direção a uma economia verde,
15
Fonte: PortugalExporta
16
Fonte: Express (Christmas shopping: £10bn bounce back as shoppers hit the high street)
20 DESTAQUE Portugalglobal nº142
apoiando-se em três "pilares de cres- entidades privadas a co-investir com mento setorial, dirigido a empresas
cimento": infraestruturas, capacidade o governo britânico em empresas bri- portuguesas de construção e mate-
laboral e inovação. tânicas de rápido crescimento, com riais de construção, que se encontra
projetos inovadores com forte compo- disponível para assistir em diferido no
Com o objetivo de reduzir totalmente nente de I&D. O mesmo projeto prevê portal Portugal Exporta.
as emissões de CO2 até 2050, o pla- ainda um investimento público de va-
no compreende o "Ten-Point Plan for lor recorde – 100 mil milhões de libras Importa, ainda, mencionar a criação
a Green Industrial Revolution" ("Pla- entre 2021 e 2022 – na construção e da Advanced Research & Invention
no de 10 Pontos para uma Revolução reparação de estradas, caminhos de Agency (ARIA), agência independente
Industrial Verde"), que se destina a ferro e obras públicas, assim como destinada ao apoio à investigação de
responder às crescentes preocupações na extensão da rede 5G a todas as re- tecnologias de "elevado risco e eleva-
de preservação do meio ambiente giões do país.
do retorno" (high-risk, high-reward),
através do investimento de 12 mil mi- na qual se prevê a alocação de 800
lhões de libras em áreas como ener- As empresas portuguesas que tenham
milhões de libras. A criação da agên-
gia, ambiente, transportes, inovação, interesse, devem consultar o Policy
cia é mais um reflexo da intenção clara
construção e infraestruturas. Neste Paper desta diretiva, que se encontra
do Reino Unido em fazer da inovação
um dos principais motores da econo-
mia britânica.
17
Fonte: Policy Paper (The Ten Point Plan for a Green Industrial Revolution)
maio 2021 DESTAQUE 21
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mas isso depende da coordenação dos regimes Nas políticas monetárias fará muito pouca
fiscal e de segurança social entre os dois países diferença. O Reino Unido não participou do
e que devem ser resolvidos no futuro. projeto do euro, e a independência do Banco
de Inglaterra não é diferente no pós-Brexit.
Qual a importância do mercado do Reino Londres vai perder força e negócio como pra-
Unido no panorama global? Com a “du- ça financeira, mas, pelo menos por enquanto,
pla” crise COVID-19 + Brexit, afigura-se isso não parece ser tão extensivo que leve a
um reajuste de influência? grandes alterações no poder e na autonomia
A seguir aos EUA, União Europeia, China, Ja- dos bancos centrais.
pão e Índia, o Reino Unido não deixa de ser
o sexto maior bloco económico do mundo. Mais relevante é antes a autonomia de políti-
Militarmente é uma das maiores potências do cas orçamentais e fiscais, que tanta celeuma
mundo e tem assento no Conselho da Segu- criaram nas negociações do Brexit. Embora
não acredite que o Reino Unido se transforme
rança das Nações Unidas. O Reino Unido é um
num “paraíso fiscal”, não vai deixar de ter mui-
ator central no panorama global e não vai dei-
ta flexibilidade para concorrer de forma agres-
xar de o ser só por causa do Brexit. Ao mesmo
siva com a UE.
tempo, com certeza que haverá um reajustar
de influência. Fora da UE, o poder negocial
será certamente menor. Por outro lado, a CO- personal.lse.ac.uk/reisr
VID-19 favorece o reajustamento da influên-
*Licenciado pela London School of Economics em
cia do Reino Unido de duas formas. Primeiro, 1999, Ricardo Reis completou o seu doutoramento na
porque, sobretudo graças ao sucesso do seu Universidade de Harvard em 2004, tendo lecionado
na Universidade de Princeton, em Nova Jérsia, e na
programa de vacinação, em comparação com
Universidade de Columbia, em Nova Iorque. É inves-
o europeu, tudo indica que a economia britâ- tigador associado do National Bureau of Economic Re-
nica vá recuperar seis a12 meses mais cedo do search (Cambridge, Massachusetts), do Centro de Pes-
quisa de Política Económica (Londres) e do Centre for
que a economia da UE. Segundo, porque se o
Macroeconomics (Londres), desempenhando também
mundo vai ser muito diferente no pós-COVID, funções como consultor académico nos Banco de Ingla-
com um reajuste dos setores da economia e terra, no Banco Central Europeu e no Federal Reserve
Bank de Richmond. É ainda membro do Conselho da
da forma como trabalhamos, então a flexibi- Diáspora Portuguesa.
lidade que o Reino Unido ganhou em fazer
os ajustes adequados à sua economia, sem
coordenação com Bruxelas, pode ser valiosa
(se for bem usada).
sição geográfica na Europa. Costuma dizer-se lente formação, ótimos profissionais. E patrio-
que ambos têm vocação atlântica. tas. Um capital humano valiosíssimo ao serviço
de Portugal, do nosso prestígio, da nossa ima-
O passado, a História, é evidentemente fun- gem de país do século XXI, moderno, inovador,
damental para se compreender o presente e sempre aberto ao mundo. Temos e devemos
sobretudo projetar ou planear o futuro. Assim contar com as novas gerações para construir
devemos “olhar” para ela, estudá-la, analisá-la, um novo relacionamento bilateral com o Rei-
não como uma realidade estática, paralisante, no Unido, sem esquecer, antes pelo contrário,
inamovível, de simples contemplação, mas an- aqueles outros que antes delas criaram as raízes
tes como um estímulo e um conselheiro para para os frutos que hoje colhemos, tirando par-
fazer melhor ou diferente quando necessário. tido da sua experiência e do seu conhecimento
Por isso, como Embaixador de Portugal no Rei- profundo da realidade britânica.
no Unido, procuro olhar o futuro das relações
bilaterais não tanto como uma celebração esté- Trabalhar com este imenso capital humano na
ril do passado, o que não significa, sublinho, ig- defesa dos interesses portugueses é, pois, a meu
norar ou esquecer a História comum, mas vê-la ver, uma prioridade que não pode ser esquecida.
como um repositório útil de ensinamento, um
guia para explorar novas “aventuras”. Mas temos outras cartas para jogar e “ganhar
a partida”. As relações comerciais são-nos fa-
Portugal tem no Reino Unido uma diáspora de voráveis, milhões de turistas britânicos visitam-
mais de 300 mil compatriotas nas mais diversas -nos todos os anos e, cada vez mais, outros fa-
atividades (a ordem é aleatória): artistas, finan- zem de Portugal a sua residência permanente,
ceiros, advogados, médicos, investigadores, co- ou a sua segunda casa. Ao longo destes meses
merciantes, empresários, enfermeiros..., muitos de pandemia foi gratificante testemunhar o
deles ainda jovens, ambiciosos, com uma exce- apoio e a solidariedade que muitos britânicos
26 OPINIÃO Portugalglobal nº142
O QUE PRECISA DE
Valor Acrescentado – IVA e o Imposto
Especial de Consumo – IEC) e taxas de
processamento alfandegário.
SABER PARA EXPORTAR O Acordo de Comércio e Cooperação
PARA O REINO UNIDO abrange a exportação de serviços?
O Acordo de Comércio e Cooperação
faz muito pouco pelos serviços, para
A AICEP preparou um conjunto de informação útil além de prever o Acesso padrão ao
para as empresas portuguesas que exportam para mercado e as obrigações de não dis-
o Reino Unido, disponível para consulta no site criminação típicas dos mais recentes
portugalexporta.pt. acordos de comércio livre celebrados
pela União Europeia. Em boa verdade,
as principais barreiras comerciais nos
serviços não são as tarifas, mas sim a
sua regulação.
requisitos regulamentares são (ou po- portação britânica, poderá este forne- ses on recovery from Covid with new
derão ser) distintos conforme a “na- cer um “comprovativo” do desalfan- timeline for border control processes
ção” de destino da exportação: Ingla- degamento da mercadoria para envio on import of goods) para a entrada
terra, País de Gales, Escócia ou Irlanda ao fornecedor estrangeiro. em vigor de medidas de fiscalização
do Norte. sanitária e fitossanitária, não só em
O Acordo de Comércio e Cooperação graduação e incremento dos formalis-
Todas as mercadorias são controla- impede a exportação temporária de mos, como de alargamento do leque
das na alfândega quando chegam mercadorias para o Reino Unido? de produtos abrangidos.
ao Reino Unido? Não, o Reino Unido continuará a pre- É, por exemplo, o caso dos vegetais
Na exportação para o Reino Unido há ver no seu ordenamento a possibilida- e produtos vegetais, que estarão su-
que ter em conta duas realidades dis- de da admissão temporária de bens jeitos a três fases progressivas até aos
tintas, a dos bens controlados (sujeitos no seu território – Import goods tem- controlos de fronteira integrais: até
a inspeção física obrigatória) e a dos porarily to the UK (GOV.UK). dezembro de 2021, entre janeiro e
não controlados, que serão sujeitos a fevereiro de 2022 e a partir de março
processo aleatório de escolha para fis- Como é efetuada a exportação de de 2022. Neste âmbito, aos produtos
calização na alfândega – List of goods bens alimentares, animais e huma- de “alta prioridade” são exigidos,
imported into Great Britain from the nos, vegetais e produtos vegetais desde já, formalismos como o certifi-
EU that are controlled (GOV.UK). para o Reino Unido? cado fitossanitário, a pré-notificação
Por estes bens representarem a gama à autoridade competente no Reino
Como obter a prova do desalfan- de produtos mais sensíveis ao nível da Unido (a enviar pelo importador), a
degamento da mercadoria no Rei- segurança, as autoridades do Reino verificação documental e os contro-
no Unido? Unido estabeleceram um calendário los de identidade e físico (estes a rea-
Uma vez que o importador local terá faseado (entretanto alterado a 11 de lizar, por agora, apenas no local de
acesso à plataforma eletrónica de im- março de 2021 – Government focu- destino das mercadorias).
Também os produtos de origem ani-
mal estarão sujeitos a fases distintas
em termos de formalismos – Import-
ing animal products (GOV.UK).
A Direção-Geral de Alimentação e
Veterinária (DGAV) é a entidade em
Portugal com competências na área
da habilitação das exportações e coor-
denação com os serviços veterinários/
fitossanitários homólogos.
gisto vigentes e de dispensar burocra- Quais as regras do IVA na exporta- and overseas goods sold directly to
cias desnecessárias num contexto de ção para o Reino Unido? customers in the UK (GOV.UK).
funcionamento interno, a Autoridade Em virtude do Brexit, deixaram de se Caso haja a envolvência ou interme-
Tributária e Aduaneira, que desde há aplicar no Reino Unido as regras co- diação na venda por parte de um e-
longos anos vem assegurando o re- munitárias relativas ao IVA nas ope- marketplace, será este o responsável
gisto dos seus operadores, optou por rações intracomunitárias, passando a pela cobrança e contabilização do IVA.
utilizar como número EORI o número vigorar apenas as regras internas do
de identificação fiscal (NIF) que já hoje país. Para mais informação consulte Quais as condições em que atual-
é utilizado para efeitos de identifica- a página Changes in the UK to VAT mente pode ter lugar o destaca-
ção dos operadores económicos esta- treatment of overseas goods sold to mento de trabalhadores da União
belecidos em Portugal, antecedido do customers from 1 January 2021 do Europeia para o Reino Unido?
código PT. GOV.UK e o Guia sobre o Tratamento No pós-Brexit já não é possível a livre
Assim, no caso português o número das Operações de Importação e Ex- circulação de pessoas para fins de
EORI corresponde ao NIF do operador portação em sede de IVA da Autorida- prestação de serviços e/ou trabalhar
de Tributária e Aduaneira. nos termos anteriormente vigentes,
antecedido do código “PT” (exem-
A base de cálculo de aplicação do IVA pelo que tal possibilidade depende
plo: PT500.000.000), pelo que os
(ou do IEC, por exemplo) no Reino agora da legislação do Reino Unido.
operadores estabelecidos em Portu-
Unido é, à semelhança das demais O Acordo de Comércio e Cooperação
gal estão dispensados de requerer o
aquisições de bens, o valor da própria contém, no entanto, algumas regras
seu registo EORI.
mercadoria – The amount of VAT you sobre a entrada e permanência tem-
Nas faturas de exportação para o Rei-
must pay depends on the value of the porária de pessoas físicas para fins co-
no Unido o exportador nacional deverá
goods (GOV.UK). merciais, limitando-a a certas catego-
fazer sempre referência, na fatura ou
rias de pessoas e atividades. De entre
outro documento comercial de expor-
Quem é responsável pela cobrança essas categorias, a que mais se apro-
tação, ao seu número EORI e ao núme-
do IVA nas exportações B2B para o xima da noção de trabalhador desta-
ro EORI do seu cliente no Reino Unido
Reino Unido? cado (na aceção da Diretiva 96/71,
(com o prefixo GB se estabelecido no Se o valor da exportação for superior a relativa ao destacamento de trabalha-
Grã-Bretanha ou XI se estabelecido na 135 libras, a cobrança do IVA terá lugar dores para prestação de serviços) é a
Irlanda do Norte). A indicação deverá nos termos das demais exportações categoria de “Fornecedor de serviço
ser efetuada à semelhança do que tem para países extracomunitários, isto é, contratual”, a qual, no entanto, cobre
lugar na venda de bens a nível nacional pelas autoridades do Reino Unido no apenas profissionais altamente qualifi-
e/ou comunitário, com a indicação dos processo de tramitação aduaneira. cados (com títulos universitários) que
NIF do vendedor e comprador. Sendo o valor igual ou inferior a 135 coloquem essas qualificações ao servi-
libras, se o importador for uma em- ço dessas mesmas atividades.
presa comercial registada em IVA no O Acordo de Comércio e Cooperação
Reino Unido e dispuser de número de contém também regras sobre a trans-
registo de IVA válido para fornecer ao ferência de trabalhadores dentro do
exportador, a responsabilidade pela mesmo grupo/empresa.
cobrança do imposto é transferida O destacamento de trabalhadores
deste último para o primeiro, isto é, para fins de prestação de serviços em
do fornecedor para o adquirente (co- si mesmo não está previsto no Acor-
brança reversa). do de Comércio e Cooperação, salvo
quanto às categorias acima referidas e
Quem é responsável pela cobrança à dos profissionais independentes.
do IVA nas exportações B2C para o Mais informações em EU-UK Trade
Reino Unido de valor igual ou infe- and Cooperation Agreement: - Com-
rior a 135 libras? pilations of written questions and
No caso de mercadorias enviadas do answers (Conselho Europeu) e/ou Wi-
exterior e vendidas diretamente aos thdrawal of the United Kingdom and
consumidores do Reino Unido sem European Union rules on posting of
envolvimento de e-marketplaces, o workers (Comissão Europeia).
exportador estrangeiro deve cobrar o
IVA do Reino Unido e registar-se junto
da administração fiscal britânica – Vat Consulte aqui para mais informações.
32 ESTUDAR NO REINO UNIDO Portugalglobal nº142
A PARSUK (Portuguese Association of Research and Students in the UK) foi criada
em março de 2008 com o objetivo de representar os interesses dos estudantes
e investigadores portugueses a viver no Reino Unido. Saiba o que, com o Brexit,
vai mudar no Reino Unido nesta área em breve entrevista a Márcia Martinho
Costa, PhD e presidente desta associação.
programa Horizonte Europa, pelo que institui- que poderá ser um impeditivo a que venham
ções baseadas no Reino Unido serão elegíveis estudar para o Reino Unido.
a financiamento do programa nas mesmas
condições que as homólogas da União Euro- Quais as parcerias entre instituições/enti-
peia, com a exceção da componente de inves- dades portuguesas e britânicas em que a
timento no Acelerador do Conselho Europeu PARSUK está envolvida ou que promoveu?
de Inovação. As universidades e centros de Até agora, os membros da PARSUK sempre
investigação do Reino Unido são reconheci- tiveram papéis ativos no desenvolvimento de
dos mundialmente pela sua excelência, bem colaborações entre os dois países, uma vez
como o investimento feito pelo país em ino- que muitos mantêm relações próximas com as
vação, pelo que o seu continuado impacto a universidades ou centros de investigação em
nível europeu (e mundial) é esperado. Portugal e fazem questão de contribuir para o
progresso do nosso país. Enquanto associação,
Quais obstáculos que um estudante portu- as nossas bolsas Xperience sempre representa-
guês que pretenda vir para o Reino Unido ram um apoio directo à mobilidade de estu-
irá agora enfrentar? dantes portugueses para o Reino Unido, que
De momento, nós prevemos três principais podem depois prosseguir os seus estudos aqui
diferenças: ou aplicar os conhecimentos adquiridos nas
• O facto de o Reino Unido ter decidido não suas instituições em Portugal.
continuar com o programa ERASMUS signi-
fica que muitos estudantes em licenciatura e Desde 2020, o estreitamento das parcerias
mestrado não terão a mesma facilidade de entre Portugal e o Reino Unido é um dos pi-
lares do protocolo de diplomacia científica
assinado com a FCT e o MCTES. A PARSUK,
conjuntamente com a FCT, nomeou um Con-
selho Científico, formado por oito membros
de várias áreas de investigação, baseados em
Portugal e no Reino Unido. O objetivo é que
este Conselho Científico possa identificar áreas
de interesse para os dois países e comunicá-las
aos diferentes parceiros, incluíndo o MCTES e
o Ministério dos Negócios Estrangeiros. Deste
protocolo, foram também criadas as Bilateral
Research Funds, bolsas de três a seis meses que
promovem a mobilidade de investigadores en-
tre os dois países.
O IMPACTO DO BREXIT
NO TURISMO PORTUGUÊS
O mercado do Reino Unido tem, ao longo de anos, ocupado sempre posições
cimeiras no ranking dos 10 principais mercados emissores de turistas, seja nos
indicadores referentes a hóspedes, dormidas ou receitas. A atual conjuntura
teve consequências diretas nessa realidade, mas no Turismo de Portugal
acreditamos que o nosso país continuará a ser um destino de eleição para os
turistas britânicos.
Face a 2019, e tendo em conta a con- teve o seu início em junho de 2016)
juntura de confinamento geral, os in- não pode deixar de ser levada em con-
dicadores sofreram, naturalmente, um ta. Isto apesar de os maiores receios
acentuado decréscimo: nos hóspedes e incertezas que lhe estão associados,
(menos 80,2 por cento), nas dormidas terem sido de algum modo mitigados
(menos 81,9 por cento) e nas receitas e/ou adiados por um desafio ainda
(menos 63,0 por cento). Estes núme- maior – as restrições a que, por for-
ros são particularmente relevantes se ça da pandemia, todos os países es-
se levar em conta o facto de que, em tiveram sujeitos, tendo sido impostos
>POR CLAÚDIA MIGUEL, fevereiro de 2020, o Reino Unido apre- limites quase totais à circulação de
DIRETORA DO TURISMO sentava já índices de crescimento de- pessoas. Entrados numa nova fase e à
DE PORTUGAL EM LONDRES luz do que poderá ser a realidade dos
veras significativos para esse ano: mais
5,5 por cento em hóspedes, mais 3,2 próximos meses, com o eventual ate-
Em 2019 foi o primeiro mercado em nuar da conjuntura pandémica, o Bre-
por cento em dormidas e mais 7,7 por
receitas, o primeiro em dormidas e o xit volta a congregar alguma atenção.
cento em receita (YoY fevereiro 2020).
segundo em hóspedes, logo atrás de
Espanha. E, em 2020, apesar de todos Apresentado a 22 de fevereiro último
Estes resultados indiciam, sem mar-
os condicionalismos e vicissitudes, o o roadmap do Reino Unido para a saí-
gem para dúvida, a importância que
Reino Unido posicionou-se em primei- da do confinamento, a par do número
este mercado detém no contexto eco-
ro lugar no que se refere a dormidas crescente de vacinados (31.523.010
nómico do turismo nacional.
(16,3 por cento), em terceiro no núme- na 1ª dose e 5.381.745 na 2ª dose à
ro de hóspedes (11,5 por cento) e em data de 4 abril), continua a ser visível
Assim, a expectativa e a importância
segundo quanto a receitas turísticas. a grande expectativa que a população
associada ao Brexit (num processo que
britânica tem relativamente ao verão e
à possibilidade de viajar.
Os desafios do Brexit
Perante esta realidade que espera-
mos seja viável a breve trecho, são
retomadas as questões que já tinham
sido objeto de longa discussão e de
profundo debate no setor do Turismo
(e não só): quais os impactos do Bre-
xit? Que desafios se apresentam aos
nossos agentes económicos, dentro e
fora da atividade turística? Que opor-
tunidades se apresentam?
portugalglobal.pt
40 EMPRESAS Portugalglobal nº142
EMPRESAS PORTUGUESAS
COM PRESENÇA NO REINO UNIDO
DA MODA NACIONAL
europeia e não aplicando valores de
direitos a esses produtos, como refe-
re fonte da empresa. No entanto, a
indústria da moda está ainda muito
Todas as empresas estão a adaptar-se a uma dinâmica
dependente de produtos importados
sobre a qual sabem muito pouco. Quando o Reino da Ásia. O desconhecimento das re-
Unido votou para a saída da União Europeia, gras tem também alienado algumas
a Calvelex adivinhou o impacto negativo que teria na oportunidades e o processo de apren-
nossa indústria. O acordo, no entanto, foi considerado dizagem tem-se verificado mais lento
um “alívio” pela empresa e, mesmo não sendo do que seria o ideal.
a melhor solução, foi a melhor possibilidade.
Ainda assim, é neste impasse que
surge a oportunidade de criar novos
O Reino Unido passou a ser um país As exportações e importações pós-
modelos de negócio. Para a Calvelex,
terceiro para a União Europeia e isto -Brexit têm automaticamente um pro-
os mais de 35 anos de experiência
trouxe novas dificuldades para as in- cesso muito mais moroso e burocrá-
com mercados extracomunitários fo-
dústrias exportadoras, com um im- tico, sendo o tempo fundamental na
ram fundamentais para ultrapassar
pacto inegável na indústria da moda, indústria da moda.
as dificuldades da nova dinâmica,
principalmente no que diz respeito à tendo sido um passo óbvio disponi-
venda a retalho, no modelo de negó- Todos os bens importados pelo Reino bilizar a própria estrutura logística,
cio B2C. Esta indústria padeceu, mas Unido têm o acréscimo do IVA de 20 onde faz todo o processo de aloca-
não por não estar preparada para a por cento e, no caso dos produtos de ção, armazenamento e expedição
exportação para países terceiros, por- vestuário e acessórios, têm ainda uma internacional, para empresas que
que isso é algo que já tem vindo a ser inflação de 10 a 12 por cento cor- precisam deste alicerce para se man-
feito nas últimas décadas, especial- respondente a direitos aduaneiros. A terem no negócio.
mente com o crescimento do mercado este valor é necessário acrescentar os
dos países da América do Norte. custos de todo o processo de despa- www.calvelex.com/pt/home-pt/
42 EMPRESAS Portugalglobal nº142
FERPINTA
UMA REESTRUTURAÇÃO DE SUCESSO
APÓS O BREXIT
As exportações da Ferpinta para o Reino Unido, iniciadas em 2011, registaram um
crescimento exponencial nos primeiros anos, permitindo o alcance de um volume
de negócios e uma posição no mercado de relevo. Apesar de ter enfrentado um
aumento do ambiente concorrencial e uma flutuação da variante cambial, que
se transformou num desacelerar do ritmo de crescimento, a empresa conseguiu
manter uma tendência de crescimento positiva ao longo de toda a década.
Nesta altura, a Ferpinta apostou numa acarreta um aumento de custos e pinta deu início a um novo modus ope-
abordagem estratégica de crescimen- entrega-se um serviço menos bom ao randi a nível logístico, que difere do
to, dispersa por novos mercados. cliente, menos flexível e mais moroso. anterior pela obrigatoriedade de rea-
Naturalmente, o Reino Unido, sendo lizar formalidades aduaneiras e uma
uma das maiores economias da Euro- No dia 1 de janeiro de 2021, data em maior sincronização com os clientes,
pa, foi considerado um mercado com que o acordo passou a vigorar, a Fer- de forma a agilizar o processo de im-
atratividade elevada para os produtos
da empresa, devido essencialmente
à dimensão da economia, à concor-
rência, aos custos de transporte e aos
custos de contexto.
DO DOURO E DO PORTO
sito. Atualmente, o processo já está
normalizado, embora com uma maior
carga burocrática e custos acrescidos.
TRIVA GROUP
A RELAÇÃO COM O REINO UNIDO
O Reino Unido, e Londres em particular, é um mercado e um investimento essencial
para o TRIVA GROUP, bem como para a sua marca de interiores e mobiliário
FRATO, que tem como objetivo ter presença física global.
VISION-BOX
REINO UNIDO APOSTA
NA TECNOLOGIA PORTUGUESA
A Vision-Box é a parceira estratégica de longa data da agência de comando de
aplicação da lei no controlo de fronteiras (UKBF) do Home Office, responsável
pelos e-Passport Gates no Reino Unido. Até à pandemia, os e-Passport Gates
processavam mais de 60 milhões de pessoas por ano nas chegadas, em todos os
principais terminais de aeroportos.
Ao longo dos anos, a Vision-Box tem todas as viagens aéreas nos aeropor- É de salientar que a Vision-Box ajudou a
vindo a implementar projetos adicio- tos europeus – com Heathrow e Gat- liderar e a definir os padrões em torno
nais para a UKBF, de forma a habili- wick classificados entre os 10 aero- da tecnologia biométrica para as via-
tar os Serviços Digitais na Fronteira portos europeus mais movimentados. gens e para a segurança das fronteiras.
(DSAB), tais como as verificações de Antes da primeira vaga da COVID-19,
segurança melhoradas e os recursos o aeroporto de Gatwick contratou a A empresa também trabalha com
de pré-autorização de passagem à Vision-Box durante um período de
outros clientes no mercado do Reino
chegada, permitindo uma forma au- cinco anos, com o objetivo de apoiar o
Unido, como a VISA Immigration Ser-
tomatizada, eficiente e segura das aeroporto no seu plano de crescimen-
vices, a Irish Naturalization and Immi-
pessoas entrarem no país. to e concentrar-se na disponibilização
gration Service (INIS) e a Eurostar.
da melhor experiência possível para o
Os aeroportos do Reino Unido corres- passageiro, recorrendo às tecnologias
Em relação ao Brexit, é de referir que
pondem a cerca de 15 por cento de biométricas sem contacto físico.
aportou novas oportunidades e desa-
fios no controlo das fronteiras, nomea-
damente na importação e exportação
de cargas, no rastreamento de veículos
e na imigração. Nos próximos anos, a
Vision-Box espera alargar a sua plata-
forma e os seus serviços, de modo a
fornecer uma solução integrada que
pode interconectar diferentes agências
dentro e fora da União Europeia.
www.vision-box.com
maio 2021 EMPRESAS 47
EMPRESAS PORTUGUESAS
COM PRESENÇA NO REINO UNIDO
DS SMITH
PORTUGAL: UMA OPORTUNIDADE
DE EXPANSÃO DA OFERTA
A DS Smith, fornecedor líder global de packaging sustentável à base de fibra
de papel, com operações de reciclagem e produção de papel, iniciou a sua
trajetória em Portugal, em 2016, com a aquisição da Gopaca e da P&I Displays.
Em 2019, reforçou a sua presença no país, com a conclusão da compra da
Europac. Estas aquisições enquadraram-se na ambição da empresa de fortalecer
as operações na Península Ibérica, um mercado bastante importante e em
crescimento, disponibilizando, desta forma, uma maior amplitude de oferta
aos clientes europeus.
MAR DO NORTE
Principais Partidos Políticos: Grã-Bretanha – Conservative Party;
es
Lewis
ri d
Ullapool Thurso
Heb
Outer
Lewis
Inverness
ri d
Ullapool
Heb
Aberdeen
Inverness
ATLÂNTICO
OCEANO
Isle of
Skye
Kyle of Lochalsh
Dundee Aberdeen (SNP); Plaid Cymru (Welsh National Party). Irlanda do Norte – Ulster
Mull Oban Perth
ATLÂNTICO
Stirling Dunfermline
Dundee
Unionist Party (UUP); Democratic Unionist Party (DUP); Alliance Party;
Greenock Glasgow
Perth
Mull Edinburgh
Social Democratic Party and Labour Party (SDLP); Sinn Fein
Islay Oban
Motherwell Berwick-upon-Tweed
of Cl yde
Kilmarnock Dunfermline
Stirling
Greenock Glasgow Edinburgh
rth
Armagh do Antrim Fi
Bangor Middlesbrough
Londonderry n da Belfast
U ) Dumfries Newcastle
Irla (R Stranraer
(Derry) r te Larne Isle of REINOCarlisleUNIDO SunderlandScarborough
No Man
Armagh do Antrim
Irla
nd
a
Belfast
Bangor Lancaster
Bradford
Middlesbrough
York Outras cidades importantes: Birmingham, Leeds, Glasgow,
MarIsledaofIrlanda REINOBolton
Blackburn UNIDO Leeds Kingston upon Hull
Scarborough
Cardigan
Shrewsbury Worcester
Wolverhampton Milton Keynes
Northampton
Leicester
Norwich
King's LynnCambridge
Great
Ipswich
Yarmouth
Religião: a religião oficial do Reino Unido é Anglicana (a Rainha é a
Peterborough
Fishguard Bay Birmingham Luton
Coventry
Aberystwyth Gloucester
Newport
WorcesterSwindon
Oxford Northampton Cambridge
Southend
Ipswich
Chefe da Igreja), mas são igualmente relevantes a religião Católica,
Swansea
Milton Keynes
Bristol
Fishguard Cardiff l ReadingLuton LONDON Canterbury
o Islamismo, o Judaísmo e outras denominações cristãs protestantes
ne
OCEANO
Penzance
Isles of Scilly
Isle of Channel Tunnel
Wight Rail Link
FRANÇA
na Escócia (gaélico escocês) e na Irlanda do Norte (gaélico irlandês)
ATLÂNTICO Truro Plymouth Canal Inglês
Penzance
Isles of Scilly
FRANÇA
Unidade monetária: Libra Esterlina (GBP)
Área: 242 509 km2 (Inglaterra 130 279 km2; Escócia 77 933 km2;
1 EUR = 0,87 GBP (abril 2021 – Banco de Portugal)
País de Gales 20 735 km2; Irlanda do Norte 13 562 km2)
Risco País:
População: 67,9 milhões de habitantes (estimativa 2020)
Risco geral - BBB (AAA = risco menor; D = risco maior)
Densidade populacional: 279 hab./ km2 Risco Político - A
Risco de Estrutura Económica - BBB
Designação oficial: Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte
Risco de crédito: País “não classificado” na tabela risco-país da
Chefe de Estado e do governo: Rainha Elizabeth II (desde fevereiro de 1952) OCDE. Não é aplicável o sistema de prémios mínimos
Primeiro-ministro: Boris Johnson (desde 2019) Fontes: The Economist Intelligence Unit (EIU), Banco de Portugal.
Endereços úteis
Embaixada de Portugal Tel.: 213 924 000
no Reino Unido www.ukinportugal.fco.gov.uk
11, Belgrave Square, London,
SW1X 8PP – Reino Unido
Portuguese Chamber
Tel.: +44 20 723 55 33
– The Portuguese UK
londres@mne.pt
Business Network
Fourth Floor 11 Belgrave Square,
London SW1X8PP – Reino Unido
AICEP Londres
Tel.: +44 020 7201 6638
11, Belgrave Square, London,
info@portuguese-chamber.org.uk
SW1X 8PP – Reino Unido www.portuguese-chamber.org.uk
Tel.: +44 20 7201 6666
aicep.london@portugalglobal.pt Câmara de Comércio
Luso-Britânica
Embaixada do Reino Unido Rua da Estrela, 8, 1200-669 Lisboa
em Portugal Tel.: 213 942 020
R. de S. Bernardo, 33, info@bpcc.pt
1249-082 Lisboa www.bpcc.pt
maio 2021 EMPRESAS 53
54 FACTOS & TENDÊNCIAS Portugalglobal nº142
Cabo Verde adia para Indicadores económicos apresentando uma tvh de -13,8 por
cento. Estes resultados determinaram
2022 implementação
Projeções do FMI (World Economic um défice da balança comercial de 1,6
da Tarifa Externa
Outlook, April 2021) revelam que a mil milhões de euros, correspondente
Comum da CEDEAO a um desagravamento de 1,4 mil mi-
economia portuguesa deverá crescer
Segundo a Inforpress, Cabo Verde 3,9 por cento em 2021, enquanto lhões de euros. A taxa de cobertura
adiou para 2022 a aplicação da Tari- o Plano de Estabilidade 2021-2025, das importações pelas exportações
fa Externa Comum (TEC) da CEDEAO apresentado pelo Ministério das Fi- situou-se em 86 por cento o que cor-
(Comunidade Económica dos Estados nanças (MF), aponta para um cresci- responde a uma subida de 9 pontos
da África Ocidental), inicialmente mento de 4,0 por cento, após quebra percentuais face à taxa registada no
prevista para este ano, condicionada de 7,6 por cento em 2020. Para as ano anterior.
à realização de um estudo de impac- exportações de bens e serviços, o FMI CONSULTAR
to socioeconómico. A Tarifa Externa e o MF preveem crescimentos reais de
Comum da CEDEAO entrou em vigor 10,8 por cento e 8,7 por cento, res-
em 2015 mas alguns países não ade- petivamente (variação de -18,6 por Atividade empresarial
riram, como a Guiné-Bissau e Cabo cento no ano passado). abrandou ligeiramente
Verde. Prevê taxas unificadas para os Segundo o INE, nos dois primeiros em 2019
diversos tipos de bens e representa meses deste ano, as exportações e
um marco importante na construção importações nominais de bens dimi- Em 2019, os principais indicadores do
de uma União Aduaneira na região nuíram, em termos homólogos, 3,7 setor empresarial não financeiro em
da CEDEAO. por cento e 13,8 por cento, respeti- Portugal continuaram a evoluir posi-
vamente. Nos serviços, segundo o tivamente, embora em desaceleração
CONSULTAR
Banco de Portugal, as exportações e relativamente a 2018, evidenciando
importações nominais portuguesas di- um crescimento de 4,1 por cento no
pessoal ao serviço e crescimentos no-
Exportação para minuíram 44,9 por cento e 32,0 por
minais de 4,0 por cento no volume de
o Azerbaijão cento em 2021, janeiro a fevereiro.
negócios e 5,8 por cento no VAB (+4,3
de pintos do dia CONSULTAR
por cento, +6,8 por cento e +6,4 por
A Direção Geral de Alimentação e cento, respetivamente, em 2018), de
Veterinária (DGAV) anunciou que fo- Exportações de bens acordo com dados do INE (março).
ram definidas as condições sanitárias diminuem 3,7 por cento No setor não financeiro iniciaram ati-
para exportação de pintos do dia de nos dois primeiros vidade 45.977 sociedades, o que cor-
Portugal para o Azerbaijão, após de- meses de 2021 responde a uma taxa de natalidade de
monstração de interesse por parte de 10,5 por cento, ligeiramente superior
Nos dois primeiros meses de 2021, as
operadores nacionais e de um proces- à verificada em 2018 (+0,6 p.p.). Estas
exportações de bens ascenderam a
so de negociação entre as entidades novas sociedades empregaram 86.623
9,7 mil milhões de euros, contra 10,0
responsáveis de ambos os países sobre pessoas ao serviço e geraram 2.540
mil milhões de euros em igual perío-
as condições sanitárias exigidas e da milhões de euros de volume de negó-
do de 2020, ou seja, um decréscimo
aprovação da respetiva certificação. cios (+14,2 por cento e +7,8 por cen-
de 368 milhões de euros (taxa de va-
CONSULTAR to, respetivamente, face ao gerado por
riação homóloga de -3,7 por cento),
novas sociedades no ano anterior).
de acordo com os dados de abril do
CONSULTAR
Instituto Nacional de Estatística. No
mesmo período, as importações to-
talizaram 11,2 mil milhões de euros
e diminuíram 1,8 milhões de euros, Direção de Produto da AICEP
56 NOTÍCIAS Portugalglobal nº142
notícias
Estudo ‘InterComm
Report – B2B
Communication Trends
in Global Business’
AICEP
O estudo ‘InterComm Report – B2B
Communication Trends in Global
Business’, desenvolvido pela Escola
Superior de Comunicação Social em
parceria com a SayU Consulting –
Evoke Network, e que contou com o
apoio da AICEP, foi apresentando no
dia 7 de abril, no auditório da Agên-
cia em Lisboa.
apoiar o desenvolvimento de uma es- Para além de identificar tendências,
tratégia conjunta para a sustentabili- este estudo pretende ajudar na ação,
dade, surgiu o Seminário Empresarial apontando vários caminhos de refle-
Portugal-África|Exportar “Verde”, que xão sobre o papel da Comunicação na
contou com a participação do minis- construção e gestão de relações com
tro do Ambiente e da Ação Climática, os stakeholders das empresas B2B ex-
João Matos Fernandes, do ministro portadoras nacionais.
dos Recursos Minerais e Energia de De acordo com as oradoras presentes,
Moçambique, Ernesto Max Tonela, Ana Raposo, da Escola Superior de Co-
do secretário de Estado da Interna- municação Social, e Marta Gonçalves,
cionalização, Eurico Brilhante Dias, do da SayU Consulting, ambas investiga-
secretário de Estado da Energia, João doras responsáveis pelo InterComm,
Galamba, do presidente da AICEP, Luís “O mundo pós-pandemia irá exigir
Castro Henriques e do presidente da maior transparência e mais confiança.
Seminário Empresarial CIP, António Saraiva. Será essencial às empresas nacionais
Portugal-África|Exportar
“Verde”:
No âmbito da Presidência Portuguesa
da União Europeia, a AICEP, em par-
ceria com a CIP, organizou, no dia
22 de abril, o Seminário Empresarial
Portugal-África | Exportar “Verde”: A
Internacionalização das empresas na
era da sustentabilidade.
Os desafios colocados pelas alterações
climáticas e a consciência crescente
de que é urgente caminhar para a
sustentabilidade económica, social e
ambiental têm vindo a ganhar peso
na agenda internacional. As exporta-
ções e o investimento proporcionam
uma plataforma para galvanizar a
ação conjunta no desenvolvimento
sustentável, facilitando uma ponte de
convergência de atuação para o rela-
cionamento Portugal – África.
Neste âmbito e com o objetivo de
maio 2021 NOTÍCIAS 57
COSEC
Tabela classificativa de países
Para efeitos de Seguro de Crédito à exportação
A Portugalglobal e a COSEC apresentam-lhe uma Tabela Clas- pondendo o grupo 1 à menor probabilidade de incumprimento
sificativa de Países com a graduação dos mercados em função e o grupo 7 à maior.
do seu risco de crédito, ou seja, consoante a probabilidade de As categorias de risco assim definidas são a base da avaliação do
cumprimento das suas obrigações externas, a curto, a médio e risco país, da definição das condições de cobertura e das taxas de
a longo prazos. Existem sete grupos de risco (de 1 a 7), corres- prémio aplicáveis.
Singapura * Arábia Saudita Barbados África do Sul • Albânia Angola Afeganistão Líbia
Taiwan Brunei Botswana Bahamas Argélia Arménia Ant. e Barbuda Madagáscar
China • Bulgária Colômbia Aruba Bahrein Argentina Malawi
EAUa Dep/ter Austr.b Costa Rica Azerbaijão Benim Belize Maldivas
Gibraltar Dep/ter Din.c Croácia Bangladesh Bielorussia Bósnia e Herze- Mali
Koweit Dep/ter Esp.d Dominicana. Rep. Barein Butão govina Mauritânia
Macau Dep/ter EUAe Guatemala Bolívia Cabo Verde Burkina Faso Moçambique
Malásia Dep/ter Fra.f Panamá Brasil • Camarões Burundi Moldávia
Dep/ter N. Z.g Rússia Cazaquistão Cambodja Cent. Af. Rep. Mongólia
Dep/ter RUh Sérvia Curaçau Comores Chade Montenegro
Filipinas Vietname Egito C. do Marfim Cisjordânia / Gaza Nicarágua
Hong-Kong El Salvador Dominica Congo Níger
Ilhas Marshall Fiji Eswatini Congo. Rep. Dem. Paquistão
Índia Honduras Gabão Coreia do Norte Quirguistão
Indonésia Jordânia Gana Cuba S. Crist. e Nevis
Marrocos • Macedónia Geórgia Djibouti S. Tomé e Príncipe
Maurícias Paraguai Guiana Equador Salomão
México • S. Vic. e Gren. Jamaica Eritreia Serra Leoa
Micronésia Santa Lúcia Kiribati Etiópia Síria
Palau Senegal Kosovo Gâmbia Somália
Peru Turquia Lesoto Grenada Sudão
Qatar Uzbequistão Myanmar Guiné Equatorial Sudão do Sul
Roménia Namíbia Guiné. Rep. da Suriname
Tailândia Nauru Guiné-Bissau Tadjiquistão
Trind. e Tobago Nepal Haiti Tonga
Uruguai Nigéria Irão Turquemenistão
Omã Iraque Venezuela
Papua–Nova Guiné Iemen Zâmbia
Quénia Laos Zimbabué
Ruanda
Líbano
Samoa Oc.
Libéria
Seicheles
Sri Lanka
Suazilândia
Tanzânia
Timor-Leste
Togo
Tunísia •
Turquemenistão
Tuvalu
Ucrânia
Uganda
Vanuatu
NOTAS
a) Abu Dhabi, Dubai, Fujairah, Ras Al Khaimah, Sharjah, Um Al Quaiwain e Ajma f) Guiana Francesa, Guadalupe, Martinica, Reunião, S. Pedro e Miquelon, Polinésia
b) Ilhas Norfolk Francesa, Mayotte, Nova Caledónia, Wallis e Futuna
c) Ilhas Faroe e Gronelândia g) Ilhas Cook e Tokelau, Ilhas Nive
d) Ceuta e Melilha h) A nguilla, Bermudas, Ilhas Virgens, Cayman, Falkland, Pitcairn, Monserrat, Sta. Hel-
e) Samoa, Guam, Marianas, Ilhas Virgens e Porto Rico ena, Ascensão, Tristão da Cunha, Turks e Caicos
maio 2021 BOOKMARKS 59
25 13
3 Ásia
América do Norte Europa
4
Médio e Próximo Oriente
14
África
10
América Central e do Sul
1
Oceânia