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Títulos de Crédito

Título de crédito é um documento necessário para o exercício do direito literal e autônomo nele mencionado.

Esta é a célebre definição de título de crédito elaborada pelo jurista Cesare Vivante.

a. Documento necessário: o título se exterioriza por meio de um documento . A exibição deste documento é necessária
para o exercício do direito de crédito nele mencionado.

b. Literalidade: o título é literal, isto é, obedece ao que está rigorosamente escrito no documento. Desta maneira, o
conteúdo do direito que o título confere a seu portador limita-se ao que nele estiver formalmente escrito.

c. Autonomia: o título é documento autônomo, isto é, independente de outras obrigações. Cada título vale por si
mesmo. O direito de seu beneficiário atual não pode ser anulado em virtude das relações existente entre os seus
antigos titulares e o devedor da obrigação.

Os Títulos de Crédito representam o principal instrumento jurídico para circulação de riqueza. Sugiram na Idade
Média, com fins de conferir maior segurança às operações comerciais, além de facilitá-las e expandi-las. Sua
finalidade é promover a circulação de capitais.

Atributos dos Títulos de Crédito:

Cartularidade: Título de Crédito é documento constitutivo e não apenas probatório ou dispositivo.

Literalidade: invalidade do recibo em documento apartado; funciona contra e a favor das partes.

Autonomia: das obrigações constantes do TC, art. 7º da LUG; vícios redibitórios; possuidor legítimo X ladrão,
inventor.

Abstração: desvinculação ao ato jurídico que lhe deu origem; circulam isolados e desprendidos da causa de que se
originaram.

Inoponibilidade: art. 17 da LUG; exceções – prescrição do título; nulidade por vício formal; falsificação (art. 17,
LUG). Ciência do fato oponível prévia à circulação do TC.

Necessidade de previsão legal

O Título de Crédito surge com base na lei que o regula, não se podendo admitir Título de Crédito novo sem base legal.
Segundo Fábio Ulhoa: A disciplina do Código Civil é aplicada apenas aos Títulos de Créditos atípicos, criados pelos
agentes econômicos sem prévia disposição legal.

Os Títulos de Crédito tem outras características, são elas:

Independência: os Títulos de Crédito são completos no sentido de bastarem em si mesmos, sem necessidade de
remissão ou apelo a qualquer elemento estranho a eles. São independentes, completos, bastantes, plenos.

Força executiva: art. 585, CPC.

Formalismo: para sua validade, devem ter todos os requisitos impostos por lei.

Solidariedade cambial: cada um dos coobrigados pode ser chamado a responder pessoalmente pela totalidade da
dívida.

Circulação: dá-se pela tradição ou pelo endosso.

Incorporação: materialização do direito no documento, de tal forma que o direito não poderá ser exercido sem a
exibição do documento.
São atos cambiários:

Saque: é o ato cambiário que tem por objetivo a criação de um título de crédito. Saque é sinônimo de emissão.

Aceite ou vista: é ato cambiário pelo qual o sacado reconhece a validade da ordem de pagamento. O aceite somente é
utilizado no caso de ordem de pagamento a prazo.

Endosso: é o ato cambiário que tem por objetivo transferir o direito documentado pelo título de crédito de um credor
para outro. O endosso pode ser em branco ou em preto.

Endosso em branco é aquele em que o endossante (pessoa que dá o endosso) não identifica a pessoa do endossatário
(pessoa que dá o endosso). O endosso em branco consiste na assinatura do endossante, fazendo com que o título
nominal passe a circular como se fosse título ao portador. Esse endosso deve ser conferido na parte de trás do título.

Endosso em preto é aquele em que o endossante identifica expressamente o nome do endossatário. Esse endosso pode
ser conferido na frente (face ou anverso) ou atrás (dorso ou verso) do título.

Aval: é o ato cambiário pelo qual terceiro, denominado avalista, garante o pagamento do título de crédito.

Avalista é a pessoa que presta o aval. Para isso, basta a sua assinatura, em geral, na frente do título. Devemos destacar
que o avalista assume responsabilidade solidária pelo pagamento da obrigação. Isto significa que, se o título não for
pago no dia do vencimento, o credor poderá cobrá-lo diretamente do avalista, se assim o desejar.

Avalizado: é o devedor que se beneficia do aval, tendo sua dívida garantida perante o credor. Se o avalizado não pagar
o título, o avalista terá de fazê-lo. A Lei assegura, entretanto, ao avalista o direito de cobrar, posteriormente, o
avalizado.

Protesto: ato oficial, solene e público, pelo qual o TC é apresentado ao devedor para que o aceite como válido ou o
pague.

Ressaque: criação de novo título à vista, sacado contra qualquer dos coobrigados, e apresentado em outra praça, pelo
credor que, tendo já protestado o título original, não recebeu pagamento devido. Atualmente não é utilizado tal prática,
pois o credor pode acionar diretamente qualquer dos coobrigados.

3. OS PRINCIPAIS TÍTULOS DE CRÉDITO

Existem diversos títulos de crédito no Direito brasileiro. De todos os existentes, podemos destacar quatro, pela sua
importância e utilização: a letra de câmbio, a nota promissória, o cheque e a duplicata.

A letra de câmbio é uma ordem de pagamento, à vista ou a prazo. lo.

A nota promissória é uma promessa de pagamento pela qual o emitente se compromete diretamente com o
beneficiário a pagar-lhe certa quantia em dinheiro. Se diferencia da letra de câmbio, fundamentalmente, no seguinte
aspecto: a nota promissória é promessa de pagamento, enquanto a letra de câmbio é ordem de pagamento.

O cheque é uma ordem de pagamento, à vista, que pode ter como beneficiário o próprio emitente ou terceiros.

A duplicata é o título de crédito emitido com base em obrigação proveniente de compra e venda comercial ou
prestação de certos serviços.

Blibiografia

Requião, Rubens. Curso de Direito Comercial ed. São Paulo- Saraiva.2007

Martins, Fran. Títulos de Crédito. Rio de Janeiro: Forese. 2006

Theodoro Júnior, Humberto. Curso de Direito Comercial. São Paulo – Saraiva. 2007

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