Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Orientador
Prof. Dr. João Peres Vieira
2014
514.2 Caritá, Lucas Antonio
C277i O Índice dos Pontos Fixos/ Lucas Antonio Caritá- Rio Claro:
[s.n.], 2014.
59 f.: il., figs., tabs.
À Deus.
À Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"(UNESP), por me ofe-
recer a estrutura física e professores exemplares.
Ao Prof. Dr. João Peres Vieira, que me orienta desde o segundo ano de graduação,
sempre me inspirando e servindo como bom exemplo. Um dia, gostaria de ser como
você. Obrigado por se mostrar muito além do que um orientador e me conceder seu
ombro amigo quando necessitei.
À todos os professores que contribuíram para minha sólida formação: matemática,
ética e moral. Um agradecimento especial às professoras: Dra. Suzinei A. S. Marco-
nato, Dra. Alice K. M. Libardi, Dra. Elíris C. Rizziolli e Dra. Marta C. Gadotti que,
além do meu estimado orientador, toleraram minhas inúmeras visitas e solicitações de
cartas de recomendação para o doutorado. Uma parte desta minha próxima conquista
deverei à vocês.
Aos colegas e amigos que conheci no decorrer desta longa jornada, obrigado pela
agradável companhia. Um agradecimento especial ao amigo Glalco Silva Costa, que foi
meu companheiro durante toda a graduação e um forte apoio nos momentos difíceis.
Valeu, Glalcão!
À toda minha família, mas principalmente aos meus pais Jaime Caritá e Maria
Cristina J. Caritá, ao meu irmão Gabriel A. Caritá e à minha avó Ignez L. Jacomini,
que acompanharam o meu esforço de perto.
Possuo também, uma gratidão sem medida a uma pessoa que sempre me influenciou
positivamente. Alguém que, com seu jeito singular, me mostrou o mundo de um modo
que eu desconhecia. Obrigado por abrir meus olhos, mostrar o tamanho do meu poten-
cial e me apoiar nas decisões difíceis. Obrigado por me incentivar, me ouvir e sempre
me aconselhar. Obrigado por me expor a beleza de viver e dividir comigo momentos
que jamais esquecerei. Infelizmente a estrada da vida é cheia de obstáculos e cami-
nhos tortuosos; é impossível, por mais que se tente, ter o controle sobre tudo. Porém,
gostaria que soubesse que sou eternamente grato à você, Mariana C. M. Fernandes.
"I do not know what I may appear to the world, but to myself I seem to have been
only like a boy playing on the sea-shore, and diverting myself in now and then finding
a smoother pebble or a prettier shell than ordinary, whilst the great ocean of truth
lay all undiscovered before me."
Isaac Newton
"Eu não sei como pareço aos olhos do mundo, mas vejo-me como um menino
brincando em beira-mar, divertindo-me vez por outra encontrando uma pedra ou uma
concha mais bonita que o normal, enquanto o grande oceano da verdade se estende
totalmente inexplorado diante de mim."
(Tradução Livre)
Isaac Newton
Resumo
Este trabalho é espelhado no livro “Teoria do Índice” [1] de Daciberg Lima Gon-
çalves e José Carlos de Souza Kiihl, publicado em 1983 no 14o Colóquio Brasileiro de
Matemática pelo IMPA.
Para a leitura deste trabalho é necessário uma familiaridade prévia com Topologia
Algébrica, na qual indicamos [2] e [3] para consulta.
Inicialmente apresentaremos alguns pré-requisitos algébricos e topológicos neces-
sários para o desenvolvimento do trabalho e a seguir estudaremos: pontos fixos de
aplicações contínuas de X em X, em que X é um espaço topológico; Grau de Brouwer
de aplicações contínuas de S n em S n (ou respectivamente (B n+1 , S n ) em (B n+1 , S n ));
Grau Local de uma aplicação contínua f de V em S n em torno de um ponto Q ∈ S n ,
em que V ⊂ S n é um aberto e f −1 (Q) é um compacto e Índices dos Pontos Fixos de
uma aplicação contínua de V em S n , em que V ⊂ Rn é um aberto.
This work is based on the book titled “Teoria do Índice” [1] by Daciberg Lima
Gonçalves and José Carlos de Souza Kiihl , published in 1983 in the 14o Brazilian
Math Colloquium held by IMPA .
In order to perform the reading of this work, a basic acquaintance from the algebraic
topology is needed, on which we can indicate the following [2] and [3] references.
Firstly, for the development of the work, some previous necessary algebraic and
topological requirements are shown and the next topics will be studied: fixed points
of continuous maps from X to X, where X is a topological space, Brouwer’s degree
of continuous maps from S n to S n ( or respectively (B n+1 , S n ) to (B n+1 , S n )), Local
Degree of continuous maps from V to S n around a point Q ∈ S n , where V ⊂ S n is an
open set and f −1 (Q) is a compact set and Fixed Points Index of continuous maps from
V to S n , where V ⊂ Rn is an open set.
2.1 A Suspensão de S n . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
2.2 Caminho em S n entre Af (x) e g(x) obtido através da projeção radial. . 39
2 Grau de Brouwer 33
2.1 O Grau de Brouwer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.1.1 Primeiras Propriedades do Grau . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.2 Um Teorema Relevante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2.2.1 A Suspensão de um Espaço Topológico X . . . . . . . . . . . . . 36
2.3 A Aplicação Antípoda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3 Graus Locais 43
3.1 O Grau Local . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.1.1 Propriedades Iniciais do Grau Local . . . . . . . . . . . . . . . . 44
3.2 Quatro Propriedades Relevantes do Grau Local . . . . . . . . . . . . . 46
3.2.1 Uma Demonstração Alternativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Referências 59
Introdução
17
18
Essa ideia motiva a definição de índices dos pontos fixos de uma aplicação contínua
definida em um aberto V ⊂ Rn com valores em Rn .
No quarto capítulo, definiremos o índice dos pontos fixos e estudaremos suas prin-
cipais propriedades.
1 Noções Preliminares e O Teorema
do Ponto Fixo de Brower
1.2 Homotopia
1.2.1 Aplicações Homotópicas
Definição 1.2. Sejam f, g : X −→ Y aplicações contínuas entre espaços topológicos.
Dizemos que f é homotópica a g, f ' g, se existe uma aplicação contínua H : X ×I −→
Y tal que H(x, 0) = f (x) e H(x, 1) = g(x). A aplicação H é chamada homotopia entre
f e g.
Definição 1.3. Dois espaços topológicos X e Y tem o mesmo tipo de homotopia (X '
Y ) se existem funções contínuas f : X −→ Y e g : Y −→ X de modo que f ◦ g ' IdY
e g ◦ f ' IdX . As aplicações f e g são denominadas equivalências homotópicas.
19
20 Noções Preliminares e O Teorema do Ponto Fixo de Brower
a) 0 ≤ xi ≤ 1, i ∈ {0, 1, 2, ..., q}
b) x0 + x1 + x2 + ... + xq = 1
j
z}|{
Os vetores unitários e = (0, ..., 0, 1 , 0..., 0) de Rq+1 estão em ∆q e são denomi-
j
nados vértices de ∆q .
• ∆0 é um ponto;
• ∆1 é um segmento de reta;
• ∆2 é um triângulo equilátero;
• ∆3 é um tetraedro regular.
Homologia Singular 21
εjq−1 : ∆q−1 −→ ∆q
j+1
z}|{
(x0 , ..., xj , ..., xq−1 ) 7−→ (x0 , ..., xj−1 , 0 , xj , ..., xq−1 ), j ∈ {0, 1, ..., q}
.
Denominamos as imagens desta aplicação como as (q − 1)-faces de ∆q .
A união de todas as (q − 1)-faces de ∆q é chamada de bordo de ∆q e a denotaremos
• •
por ∆q . Note que ∆q consiste de todos os pontos x ∈ ∆q com pelo menos uma
coordenada sendo zero.
a) Uma classe de objetos, denotada por Ob(C) ou apenas por C, quando não houver
risco de confusão;
∂n+1n ∂
· · · −→ Kn+1 −→ Kn −→ Kn−1 −→ · · ·
Homologia Singular 23
Nosso objetivo agora é, construir um funtor, chamado complexo singular, que leva
espaço topológicos em complexos de cadeia.
q
X
Vamos definir um homomorfismo ∂q : Sq X −→ Sq−1 X, ∂q (σ) = (−1)i (σ ◦ εiq−1 ),
i=0
em que εiq−1 : ∆q−1 −→ ∆q denota o operador da (q − 1)-ésima face de ∆q .
i S Sj
0 −→ SA −→ SX −→ S(X, A) −→ 0
é uma sequência exata curta que se fatora em todas as dimensões, Sq X = Sq A ⊕
Sq (X, A), ∀q. De fato, a base {σ : ∆q −→ X} de Sq X se divide em duas partes: A dos
simplexos em A, e dos simplexos não em A; que, respectivamente, formam bases para
Sq A e Sq (X, A).
Note que S(X, ∅) = SX.
Uma aplicação de pares f : (X, A) −→ (Y, B) induz um diagrama comutativo
Si Sj
O / SA / SX / S(X, A) / 0
Sf |A Sf Sf
O / SB / SY / S(Y, B) / 0
Zq (X, A)
Hq (X, A) ∼
=
Bq (X, A)
Homologia Singular 25
é comutativo e com linhas exatas. Para maiores detalhes vide Ruy [3] (Dissertação).
Denotamos Hq (X, A) o q-ésimo grupo de homologia de X módulo A. Se A = ∅,
denotamos simplesmente Hq (X).
Observação 1.8. Se f ' g, então f∗ = g∗ (Vide Ruy [3] [dissertação], página 108).
∼ ∼
Lema 1.3. Hq (X) = Hq (X), para q 6= 0 e H0 (X) ∼
=H 0 (X) ⊕ Z.
ab
Tome V = [0, ) ∪ (1 −(, 1] vizinhança aberta de X e considere r : V ⊂ [0, 1] −→
0, x ∈ [0, )
{0, 1}, dada por r(x) = . Desse modo segue que r ◦ i(0) = 0 e
1, x ∈ (1 − , 1]
r ◦ i(1) = 1, implicando r ◦ i = id{0,1} .
Agora mostremos que A não é retrato de X = [0, 1].
Suponha que exista r : [0, 1] −→ {0, 1} contínua tal que r ◦ i = id{0,1} . Absurdo!
Pois [0, 1] é conexo e {0, 1} não.
(
0, k 6= n
(b) Hk (B n , S n−1 ) =
Z, k = n
(
0, k 6= n
(c) Hk (Rn , Rn − P ) = para qualquer P ∈ Rn .
Z, k = n
Como consequência da proposição, segue:
Corolário 1.1. Esferas de dimensões diferentes não são homeomorfas. Espaços eucli-
deanos de dimensões diferentes não são homeomorfos.
∼ ∼
Demonstração. Sejam S n e S m esferas com m 6= n. Temos Hm (S m ) = Z e Hm (S n ) =
∼ ∼
0. Dessa forma Hm (S m ) 6=Hm (S n ) o que implica que S m e S n não são homeomorfas,
pois se S m e S n fossem homeomorfas os grupos de homologia reduzida seriam isomorfos.
Agora, suponha que h : Rm −→ Rn seja um homeomorfismo. Logo h induz um
homeomorfismo de pares h : (Rm , Rm − {0}) −→ (Rn , Rn − {h(0)}). Dessa forma
Z = Hm (Rm , Rm − {0}) = Hm (Rn , Rn − {h(0)}) implicando m = n.
Logo, se Rm e Rn são homeomorfos temos que m = n e segue o resultado.
Corolário 1.2. S n não é retrato de B n+1 .
Demonstração. Considere i : S n ,→ B n+1 a aplicação inclusão.
Se r : B n+1 −→ S n fosse uma retração de B n+1 em S n teríamos que r ◦ i = idS n ,
∼ i∗ ∼ r∗ ∼
donde seguiria que a composta Hn (S n ) −→ Hn (B n+1 ) −→ Hn (S n ) seria a identidade
∼ ∼ ∼
de Hn (S n ). Mas isto é impossível pois Hn (S n ) 6= 0 e Hn (B n+1 ) = 0.
Figura 1.2: Teorema do Ponto Fixo de Brouwer aplicado no intervalo [−1, 1].
Se f (−1) = −1 ou f (1) = 1, então f tem um ponto fixo. Vamos supor, então, que
os extremos do intervalo não sejam pontos fixos. Então f (−1) > −1 e f (1) < 1.
Agora considere a aplicação g : X −→ X definida por g(x) = f (x) − x, para todo
x ∈ X. Temos que g(−1) > 0 e g(1) < 0. Pelo Teorema do Valor Intermediário, segue
que existe a ∈ X de modo que g(a) = 0; ou seja, f (a) − a = 0 e assim f (a) = a.
Provamos, desse modo, que f tem um ponto fixo no interior do intervalo X.
Como a aplicação f era qualquer, acabamos de demonstrar que X = [−1, 1] tem a
propriedade do ponto fixo.
Lema 1.4. Sejam f : B n+1 −→ B n+1 uma aplicação contínua tal que f (x) 6= x para
−→
todo x ∈ B n+1 e g : B n+1 −→ S n dada por g(x) =f (x)x ∩S n = Px , para todo x ∈ B n+1 ,
−→
em que f (x)x é a semirreta que começa em f (x) e passa por x. Então g é contínua e,
se x ∈ S n , g(x) = x.
O Teorema do Ponto Fixo de Brouwer 29
→
Figura 1.3: Semirreta f (x)x, que começa em f (x) e passa por x, interseccionando a
esfera S n em g(x).
i) < f (x), y >=< y, f (x) >=< x − f (x), f (x) >=< x, f (x) > − < f (x), f (x) >=
< f (x), x > −||f (x)||2 .
ii) ||y||2 =< x − f (x), x − f (x) >= ||x||2 − 2 < x, f (x) > +||f (x)||2 =
1 − 2 < x, f (x) > +||f (x)||2 .
30 Noções Preliminares e O Teorema do Ponto Fixo de Brower
iii) < f (x), y >2 +||y||2 (1 − ||f (x)||2 ) =< f (x), x >2 −2 < f (x), x > ||f (x)||2 +
||f (x)||4 + 1 − 2 < x, f (x) > +||f (x)||2 − ||f (x)||2 + 2 < x, f (x) > ||f (x)||2 −
||f (x)||4 =< f (x), x >2 −2 < x, f (x) > +1 = (< f (x), x > −1)2 .
Como ||x|| = 1, pois x ∈ S n , temos que < f (x), x >= ||f (x)||.cosθ, em que θ é o
ângulo entre f (x) e x. Como ||f (x)|| ≤ 1, pois f (x) ∈ B n+1 , segue que < f (x), x >≤ 1
e portanto < f (x), x > −1 ≤ 0. Logo,
p
− < f (x), y > + (< f (x), y >2 +||y||2 (1 − ||f (x)||2 ))
t =
||y||2
p
||f (x)||2 − < f (x), x > + (< f (x), x > −1)2
=
||y||2
2
||f (x)|| − < f (x), x > +| < f (x), x > −1|
=
||y||2
2
||f (x)|| − < f (x), x > +1− < f (x), x > .
= 2
||y||
||f (x)||2 − 2 < f (x), x > +1
=
||y||2
2
||y||
=
||y||2
= 1
Demonstração. Supondo que f não tenha ponto fixo, teríamos que f (x) 6= x para todo
x ∈ B n+1 . Neste caso, estaríamos exatamente nas mesmas hipóteses do lema anterior.
Desse modo, poderíamos definir g : B n+1 −→ S n nas mesmas condições do lema e
teríamos g contínua e g(x) = x para todo x ∈ S n . Porém, isso contraria o Corolário
1.2, pois g ◦ i = id|S n e S n seria retrato de B n+1 .
Concluímos assim, que f possui, pelo menos um, ponto fixo.
···
δ∗
/H
∼
q+1 (A)
i∗
/H
∼
q+1 (X)
j∗
/ Hq+1 (X, A) δ∗
/H
∼
q (A)
i∗
/H
∼
q (X)
j∗
/ ···
(a) deg(id) = +1
33
34 Grau de Brouwer
(b) (f ◦g)∗ (a) = f∗ ◦g∗ (a) = f∗ (g∗ (a)) = deg(g).f∗ (a) = deg(g).deg(f ).a = f∗ (deg(g).a) =
deg(f ).[deg(g).a] = deg(f ).deg(g).a ⇒ deg(f ◦ g) = deg(f ).deg(g)
(d) f (x) = k, ∀x ∈ S n
Considere o diagrama:
f
Sn / n
=S
g
! i
{k}
em que g : S n −→ {k}, g(x) = k, ∀x ∈ S n e i : {k} ,→ S n é a inclusão. Assim,
induzindo homomorfismos, obtemos:
∼ f∗ ∼
H n (S n ) / H9 n (S n )
g∗ % i∗
∼
H n ({k})
Segue que f∗ (a) = i∗ ◦ g∗ (a) = i∗ (g∗ (a)) = i∗ (0) = 0 = 0.a e portanto deg(f ) = 0.
δ∗ ∼
= ∼
= δ∗
Z
q
∼ (f |S n )∗ ∼
H n (S ) n / H n (S n )
i∗
∼
n+1
H n (B )=0
(f |S n )(a) = δ∗ ◦ f∗ ◦ δ∗−1 (a) = δ∗ (f∗ (b)) = δ∗ (deg(f ).b) = deg(f ).δ∗ (b) = deg(f ).a
∼
em que a é gerador de H n (S n ).
Segue o resultado.
• Mostremos para k:
deg(pk ) = deg(pk−1 ) + deg(id) = (k − 1) + 1 = k.
Podemos dizer que ΣS n é um cone duplo sobre S n : Uma união de duas cópias do
Sn × I
cone CS n = n , com base S n = S n × {0}.
S × {1}
CS n
Assim, n = ΣS n = S n+1 .
S
Observação 2.2. Note que uma aplicação contínua f : X −→ Y induz uma aplicação
Σf : ΣX −→ ΣY entre as suspensões.
S n+1
q
ΣS n
Sn q
n
q
/ π1
/ CS n π2
/
CS
S n ×O {0} Sn × I
Sn
f id×f Σf
S n+1
Sn q
q π1
π2 CS n
S n × {0} / Sn × I / CS n /
Sn
CS n CS n
Temos Σf : n −→ n .
S S
Considere o par (CS n , S n ). Da Proposição 1.5 segue a seguinte sequência exata:
δ∗ ∼ i∗ ∼ j∗ ∼
··· / H n+1 (S n ) / H n+1 (CS n ) / Hn+1 (CS n , S n ) δ∗ / H n (S n )
i∗ / ∼ j∗
/
H n (CS n ) ···
∼ ∼
Mas, note que CS n = B n+1 e assim H n+1 (CS n ) = 0 e também H n (CS n ) = 0.
∼
Por fim, note também que Hn+1 (CS n , S n ) = Hn+1 (ΣS n ) =H n+1 (S n+1 ).
Logo, segue:
∼ δ∗ ∼
··· / 0 / H n+1 (S n+1 ) n / Hn (S n ) / 0 / ···
δ∗−1 =σ
• Mostremos para n + 1:
Pela proposição anterior, temos Σf : S n+1 −→ S n+1 e deg(Σf ) = deg(f ) = k.
Definição 2.4. A aplicação A : S n −→ S n em que A(x1 , x2 , ..., xn+1 ) = (−x1 , −x2 , ..., −xn+1 )
é chamada aplicação antípoda.
0 0 0 · · · 0 −1
Definição 2.5. A aplicação r : S n −→ S n em que r(x1 , ..., xi , ..., xn+1 ) = (x1 , ..., −xi , ..., xn+1 )
é chamada aplicação reflexão.
Figura 2.2: Caminho em S n entre Af (x) e g(x) obtido através da projeção radial.
Definimos:
Observação 2.4. Se f = A, a proposição acima nos diz que se g não possui antípodas,
isto é, g(x) 6= −x para todo x ∈ S n , então g é homotópica a identidade. Neste caso
deg(g) = +1.
Demonstração. Suponha que g não possua pontos fixos. Temos então g(x) 6= x para
todo x ∈ S 2n . Neste caso, segundo a observação 2.3, g é homotópica a aplicação
antípoda A : S 2n −→ S 2n .
Agora suponha que g não possua antípoda. Temos então que g(x) 6= −x para
todo x ∈ S 2n . Neste caso, segundo a observação 2.4, g é homotópica a identidade
id : S 2n −→ S 2n .
Por fim, suponha que ambas as condições não valham simultâneamente.
Assim, deg(A) = deg(g) = deg(id).
Contudo, deg(A) = (−1)2n+1 = −1 e deg(id) = +1, temos um absurdo.
E assim:
< x, v(x) >=< (x1 , x2 , ..., x2n , x2n+1 ), (x2 , −x1 , ..., x2n+1 , −x2n ) >= x1 .x2 −x2 .x1 +
... + x2n .x2n+1 − x2n+1 .x2n = 0.
Lema 2.2. Se f : S 2n+1 −→ S 2n+1 não possui ponto fixo, então f é homotópica a
identidade.
Demonstração. Se f : S 2n+1 −→ S 2n+1 não possui pontos fixos, então, pela Observação
2.3, deg(f ) = (−1)(2n+1)+1 = (−1)2n+2 = +1.
Pela recíproca da propriedade 2.1 c), por Hopf, segue que f é homotópica a identi-
dade, pois deg(id) = +1.
Observação 2.5. Note que o lema acima prova que A : S 2n+1 −→ S 2n+1 (antípoda) é
homotópica a identidade.
Hn (S n )
j∗
/ Hn (S n , S n − f −1 (Q)) exc0
/ Hn (V, V − f −1 (Q)) f∗
/ Hn (S n , S n − Q) j∗
/ Hn (S n )
∼
= ∼
=
−
onde exc0 é o isomorfirmo induzido pela excisão exc e j∗ é o isomorfismo dado pelo fato
de que S n − P , em que P é um ponto qualquer, é homotópica a um ponto. A composta
é um homomorfismo da forma x 7−→ degQ (f ).x em que degQ (f ) é um inteiro chamado
de grau local de f em torno de Q.
− −1
Observação 3.1. j∗ é fornecido pela sequência exata
−
∼ j∗
n
0 =H n (S − Q) / Hn (S ) mn / Hn (S n , S n − Q) / Hn−1 (S n , S n − Q) = 0
43
44 Graus Locais
Tomando X = S n e A = S n − f −1 (Q)
f −1 (Q) = P
\ 1P 2, V = P
\ 4P 3 e U = P
\ 6P 5, em que os arcos são tomados no sentido
horário.
Pelo Teorema da Excisão, temos que
exc ϕ
Hn (S n , S n − f −1 (Q)) ∼
= Hn (X − U, A − U ) ∼
= Hn (V, V − f −1 (Q))
pois (X − U, A − U ) ' (V, V − f −1 (Q)), onde ' indica ter o mesmo tipo de homotopia.
Assim,
exc0 = ϕ ◦ exc
∼ j∗
H n (S n ) = Hn (S n ) / Hn (S n , S n − f −1 (Q))
f∗ f∗
−
∼ j∗
H n (S n ) = Hn (S n ) n / Hn (S n , S n − Q)
− −1
j∗
− −1 − −1
Logo j∗ ◦f∗ ◦ j∗ = f∗ . Note que f∗ (x) =j∗ ◦f∗ ◦ j∗ (x) = degQ (f ).x e portanto
deg(f ) = degQ (f ).
Hn (S n , S n − f −1 (Q)) = Hn (S n , S n − ∅) = Hn (S n , S n ) = 0
− −1
Então j∗ ◦f∗ ◦ exc0 ◦ j∗ (x) = 0, ∀x ∈ Hn (S n ) e portanto segue o resultado.
j∗ ∼
=exc0 ∼
=exc0−1 j −1
Hn (S n ) −→ Hn (S n , S n −Q) −→ Hn (V, V −Q) −→ Hn (S n , S n −Q) −→
∗
Hn (S n )
g∗
/ exc00 =i∗ / /
∼
=
Hn (f (V ), f (V ) − Q) ∼
=
Hn (S n , S n − Q) ∼
=
Hn (S n ) = Z
Hn (S n )
j∗
/ Hn (S n , S n − K)) exc
/ Hn (U, U − K) f∗
/ Hn (S n , S n − Q) / Hn (S n )
∼
= ∼
=
∼
Hn (S n , S n − f −1 (Q)) = / Hn (V, V − f −1 (Q))
6 O O
j∗ f∗
)
Hn (S n ) i∗ i∗ Hn (S n , S n − Q)
5
j∗ f∗
) ∼
Hn (S n , S n − K)
= / Hn (U, U − K)
A proposição acima é a responsável pelo adjetivo "local"no nome deste grau. Pois
note que podemos reduzir V a qualquer vizinhança de U de f −1 (Q). A vizinhança U
pode ser qualquer f −1 (W ) em que W é uma vizinhança aberta qualquer de Q.
Hn (S n )
j∗
/ Hn (S n , S n − f −1 (Q)) exc / Hn (U, U − f −1 (Q)) f∗
/ Hn (S n , S n − Q) ∼
= / Hn (S n )
∼
= O O O
{id} {ki∗ } ∼ 0 {id} {id}
={ki∗ }
⊕ji∗ ⊕fi∗
⊕Hn (S n ) / ⊕Hn (S n , S n − f −1 (Q)) ⊕exci
/ ⊕Hn (Ui , Ui − f −1 (Q)) / ⊕Hn (S n , S n − Q) ∼
=
/ ⊕Hn (S n )
i ∼
= i
Quatro Propriedades Relevantes do Grau Local 47
em que todas as somas ⊕ são para i = 1, ..., r onde {id} é a aplicação cujas componentes
são todas iguais a identidade e ki e ki0 denotam inclusões. Note que a função {ki0∗ } é
isomorfismo pela Proposição 3.3, pois U é união disjunta de Ui .
Talvez o segundo quadrado do diagrama posse gerar dúvidas quanto a comutativi-
dade. Mas note que ele afirma que o diagrama
Hn (S n , S n − f −1 (Q))
exc / Hn (U, U − f −1 (Q))
∼
= O
ki∗ kj∗
exc1
Hn (S n , S n − fi−1 (Q)) / Hn (Uj , Uj − fj−1 (Q))
comuta.
Se i = j, temos que kj0 ∗ ◦exc1 ◦kj∗ = exc e se i 6= j, temos que kj0 ∗ ◦exc1 ◦ki∗ = 0 = exc,
pois Uj ⊂ S n − fi−1 (Q).
Pela Proposição da Localização 3.4, a linha superior, do penúltimo diagrama, define
degQ (f ) e a inferior define degQ (fi ), para cada i. Portanto, pela comutatividade do
diagrama
Xr
degQ (f ) = degQ (fi )
i=1
[
Demonstração. Seja Kt = ft−1 (Q), t ∈ I e K = ft−1 (Q), que são compactos. Consi-
t∈I
dere o diagrama comutativo:
Hn (S6 n , S n − K0 )
exc / Hn (V, V − K0 )
O ∼
= O
f0∗
i0∗ i0∗
*
Hn (S n ) / Hn (S n , S n − K)
exc / Hn (V, V − K) Hn (S n , S n − Q) ∼
= Hn (S n )
∼
= 4
i1∗ i1∗
( f1∗
n
Hn (S , S − K1 ) n exc / Hn (V, V − K1 )
∼
=
Para mostrarmos que degQ (f0 ) = degQ (f1 ), basta mostrar que f0∗ ◦ i0∗ = f1∗ ◦ i1∗ .
Como ft : (V, V − K) −→ (S n , S n − Q) é homotopia de pares entre f0 e f1 então
ft ◦ it onde it : (V, V − K) −→ (V, V − Kt ) é inclusão de pares, é uma homotopia de
pares entre f0 ◦ i0 e f1 ◦ i1 .
Assim (f0 ◦ i0 )∗ = (f1 ◦ i1 )∗ e portanto f0∗ ◦ i0∗ = f1∗ ◦ i1∗ como queríamos.
48 Graus Locais
Hn (S n )
j∗
/ Hn (S n , S n − f −1 (Q)) exc0
/ Hn (V, V − f −1 (Q))
O O ∼
= O
f∗
−−1
*
/ Hn (S n )
j∗
g∗ g∗ g∗ Hn (S n , S n − Q)
4 ∼
=
(f ◦g)∗
0
/ Hn (S n , S n − g−1 (Q)) exc / Hn (S n , S n − g−1 (f −1 (Q)))
j∗ 00
Hn (S n ) ∼
=
− −1
A linha superior define degQ (f ) e a inferior define degQ (f ◦ g) e como (j∗ ◦f∗ ◦
− −1
exc0 ◦ j∗ ) ◦ g∗ = [j∗ ◦(f ◦ g)∗ ◦ exc00 ◦ j∗0 ] segue que degQ (f ).deg(g) = degQ (f ◦ g).
Observação 3.4. Note que se f é inclusão, degQ (g) = deg(g), pois neste caso degQ (f ) =
+1
Observação 3.5. Observe que não vale em geral degQ (g ◦ f ) = degP (f ).deg(g) em que
g(P ) = Q.
π
De fato, basta tomar g : S 1 −→ S 1 dada por g(z) = z 2 , considerar V = {eiθ | − <
2
π 1
θ < }, a aplicação f : V −→ S inclusão e escolher P = Q = 1.
2
Então degP (f ) = 1 e deg(g) = 2. Note que degQ (g ◦ f ) = +1 ou degQ (g ◦ f ) = −1,
π π
pois g ◦ f é um homeomorfismo sobre o aberto W = g ◦ f (V ) = {ei2θ | − < θ < } e
2 2
±1 6= 1.2 = 2.
Deste modo, o "número"de pontos fixos de g deveria ser medido pelo grau da
aplicação (i − g) em torno de 0 ∈ Rn . Esta ideia nos leva à definição que segue.
Hn (Rn , Rn − {0})
exc
/ Hn (Rn , Rn − D) j∗
/ Hn (Rn , Rn − K) exc
/ Hn (V, V − K) (i−g)∗
/ Hn (Rn , Rn − {0})
∼
= ∼
=
x 7→ I(Rn , g, V ).x
em que I(Rn , g, V ) = I(g) é o único inteiro que determina o endomorfismo dado pela
composta. Chamamos este inteiro de índice dos pontos fixos de g.
Observamos que a sequência utilizada acima para definir o índice dos pontos fixos
de g, provém de uma sequência geométrica, a saber:
(Rn , Rn − {0}) o j1
(Rn , Rn − D)
j2
/ (Rn , Rn − K) o j3
(V, V − K)
(i−g)
/ (Rn , Rn − {0})
51
52 O Índice dos Pontos Fixos
H1 (R, R − {0})
∼
=
/ H1 (R, R − V ) ∼
=
/ H1 (R, R − {P }) ∼
=
/ H1 (V, V − {P }) (i−g)∗
/ H1 (R, R − {0}) .
(i−g)∗
H1 (R, R − {0}) exc / H1 (V, V − {P }) / H1 (R, R − {0})
∼
=
δ δ δ
(i−g)∗
H0 (R − {0}) exc / H0 (V − {P }) / H0 (R − {0})
∼
=
Hn (Rn , Rn − K)
∼
=
/ Hn (V, V − K)
4 O O
j∗ (i−g)∗
(
Hn (Rn , Rn − {0}) ∼
= Hn (Rn , Rn − D) i∗ i∗ Hn (Rn , Rn − {0})
6
j∗
(i−g)∗
*
Hn (Rn , Rn − K 0 )
∼
=
/ Hn (V, V − K 0 )
Hn (Rn , Rn − K)
∼
=
/ Hn (V, V − K)
4 O O
j∗ (i−g)∗
(
Hn (Rn , Rn − {0}) ∼
= Hn (Rn , Rn − D) i∗ i∗ Hn (Rn , Rn − {0})
6
j∗
(i−g)∗
*
Hn (Rn , Rn − K)
∼
=
/ Hn (W, W − K)
Hn (Rn , Rn − {0})
∼
=
/ Hn (Rn , Rn − D) j∗
/ Hn (Rn , Rn − K) ∼
=
/ Hn (U, U − K) (i−g)∗
/ Hn (Rn , Rn − {0})
O O
{kj∗ } 0
{id1 } {id2 } {kj∗ } {id1 }
⊕jj∗
/ ⊕Hn (Rn , Rn − D) / ⊕Hn (Rn , Rn − Kj ) / ⊕Hn (Uj , Uj − Kj ) / ⊕Hn (Rn , Rn − {0})
∼
= ∼
= (i−gj )∗
⊕Hn (Rn , Rn − {0})
em que todas as somas ⊕ são para j = 1, ..., r onde {id1 } e {id2 } são aplicações cujos
componentes são todas iguais a identidade e kj e kj0 denotam inclusões. Note que a
aplicação {kj0 } é um isomorfismo, pela Proposição 3.3, pois U é a união disjunta de Uj .
Talvez o terceiro quadrado possa gerar dúvidas quanto a comutatividade, mas note
que ele afirma que o diagrama :
Hn (Rn , Rn − K)
exc / Hn (U, UO − K)
∼
=
kj∗ ki0 ∗
exc1
Hn (Rn , Rn − Kj ) / Hn (Ui , Ui − Ki )
comuta.
0 0
De fato, se i = j, kj∗ ◦ exc1 ◦ kj∗ = exc e se i 6= j, ki∗ ◦ exc1 ◦ kj∗ = exc, pois
n
Ui ⊂ R − Kj .
Pela Proposição da Localização 4.2, a linha superior, do penúltimo diagrama, define
I(Rn , g, V ) e a inferior define I(Rn , gj , Vj ), para j. Pela comutatividade do diagrama
X r
n
I(R , g, V ) = I(Rn , gj , Vj ).
j=1
Seis Propriedades Relevantes do Índice dos Pontos Fixos 55
Observação 4.2. Note que a Proposição 4.4 nos diz que se I(Rn , g, V ) 6= 0, nós temos
[ para deformar g em uma f sem pontos fixos através de uma homotopia
uma obstrução
ht em que F ix(gt ) é compacto, pois I(Rn , f, V ) = 0.
j2 ×id (i−g)×id
RnD × Rm / RnK × Rm o VK × Rm / Rn0 × Rm
D0 D0 j3 ×id D0 D0
onde as aplicações são aquelas dadas na Definição 4.1 produto com a identidade. Em
particular, a última aplicação é (i − g) × id = i − (g × 0) e passando-se para homologia,
temos (i − (g × 0))∗ : Hn+m (VK × Rm n m
D0 ) −→ Hn+m (R0 × RD0 ) de modo que [(x, y)] 7−→
[((i − g)(x), y)], ou seja, a segunda componente é a identidade. Vamos usar o Teorema
1.1 [Teorema de Kunneth] para demonstrar a fórmula (4.1). Aplicando o teorema,
temos:
0
Hn+m (VK × Rm )
∼
=
/ X
[Hi (VK ) ⊗ Hj (RD0 )]⊕
m
X q
T or[Hi (VK ) ⊗ Hj (RD0 )]
m
∼
=
/ Hn (VK ) ⊗ Hm (Rm ) ∼ Hn (VK )
D0 D0 =
i+j=n+m i+j=n+m−1
(i−(g×0))∗ (i−g)∗
∼
=
/ n m
0
q
n m
∼
=
/
Hn+m (Rn m
X X
0 × RD 0 ) [Hi (R0 ) ⊗ Hj (RD0 )]⊕ T or[Hi (R0 ) ⊗ Hj (RD0 )] Hn (Rn m ∼ n
0 ) ⊗ Hm (RD 0 ) = Hn (R0 )
i+j=n+m i+j=n+m−1
'
RnD × Rm / RnK × Rm / VK × Rm / RnD × RK
0
K0 K0 g K0 D0
RnD × VK 0 / RnK × VK 0 / VK × VK 0 / Rn0 × VK 0
'
RnD × Rm / RnK × Rm / VK × Rm / Rn × Rm0
00 00 00 0 0
Passando-se para homologia, por 4.1, a primeira linha nos dá I(g), enquanto a
primeira coluna I(g 0 ) Por outro lado, a diagonal nos dá I(g × g 0 ). Pela comutatividade
do diagrama, segue o resultado; pois a induzida da diagonal é dada por x 7−→ I(g×g 0 ).x.
Mas a induzida da diagonal é a composta das induzidas da primeira coluna com a última
linha. Assim I(g × g 0 ).x = I(g 0 ).I(g).x.
f
/
F ix(g ◦ f ) = {x ∈ V | g ◦ f (x) = x} o F ix(f ◦ g) = {y ∈ V 0 | f ◦ g(y) = y}
g
tais que f ◦ g(y) = y = idF ix(f ◦g) (y) e g ◦ f (x) = x = idF ix(g◦f ) .
Suponhamos que os conjuntos sejam compactos e definamos γ : V ×V 0 −→ Rn ×Rm ,
γ(x, y) = (g(y), f (x)).
Primeiramente, mostremos que F ix(γ) é compacto.
De fato, F ix(γ) = {(x, y)| g(y) = x e f (x) = y} = {(x, f (x))| g(f (x)) = x} =
{(x, f (x))|x ∈ F ix(g ◦ f )} = Gf onde f : F ix(g ◦ f ) −→ F ix(f ◦ g) ⊂ V 0 ⊂ U 0 ⊂ Rm
Portanto Gf ⊂ F ix(g ◦f )×F ix(f ◦g) em que Gf é fechado e F ix(g ◦f )×F ix(f ◦g)
é compacto. Desse modo, Gf = F ix(γ) é compacto.
Usando a propriedade da invariância homotópica, sendo F ix(γ) compacto, mostra-
remos que I(γ) = I(g ◦ f ) e I(γ) = I(f ◦ g).
Considere a deformação de γ: γt (x, y) = (tg ◦ f (x) + (1 − t)g(y), f (x)) com x ∈ V ,
y ∈ V 0 e t ∈ [0, 1].
Esta deformação, nos dá uma homotopia entre γ0 (x, y) = (g(y), f (x)) = γ(x, y) e
γ1 (x, y) = (g ◦ f (x), f (x)).
Por outro lado, F ix(γt ) = {(x, y)|x ∈ F ix(g ◦ f ), y = f (x)} = {(x, f (x)|x ∈
F ix(g ◦ f )} = Gf onde f : F ix(g ◦ f ) −→ F ix(f ◦ g) ⊂ Rm .
[ t ) é compacto para qualquer t ∈ I. E como F ix(γt ) não depende
Portanto F ix(γ
de t, segue que F ix(γt ) = Gf é compacto e assim, pela Proposição da Invariância
t∈I
Homotópica 4.4, I(γ) = I(γ0 ) = I(γ1 ).
A aplicação γ1 , por sua vez, pode ser considerada como restrição da aplicação
0
δ : V ×Rm −→ Rn ×Rn , δ(x, y) = (g◦f (x), f (x)). Note que F ix(δ) = {(x, y)|g◦f (x) =
x e y = f (x)} = F ix(γ) e portanto F ix(δ) é compacto. Considerando K = F ix(δ) ⊂
V × U 0 ⊂ V × Rm , estamos nas hipóteses da Proposição da Localização 4.2. Assim,
segue que I(δ) = I(γ1 ) e assim I(δ) = I(γ).
Seja φ : F ix(g ◦ f ) × [0, 1] −→ Rm em que (x, t) −→ (1 − t)f (x). φ induz φt :
F ix(g ◦ f ) −→ φt (F ix(g ◦ f )) ⊂ Rm , contínua, em que x 7−→ φ(x, t) = (1 − t)f (x),
∀t ∈ I.
Consideremos agora a deformação de δ: δt : V × Rm −→ Rn × Rm , δt (x, y) =
(g ◦ f (x), (1 − t)f (x)) a qual realiza a homotopia entre δ0 (x, y) = δ(x, y) e δ1 (x, y) =
(g ◦ f (x), 0).
Note que F ix(δt ) = {(x, φt (x)|x ∈ F ix(g ◦ f )} = Gφt ⊂ F ix(g ◦ f ) × φt (F ix(g ◦ f )),
∀t ∈ I em que Gφt é fechado e F ix(g ◦ f ) × φt (F ix(g ◦ f )) é compacto. Portanto
F ix(δt ) é compacto.
58 O Índice dos Pontos Fixos
[
Mostremos que F ix(δt ) ≈ Gφ e que Gφ é compacto. Para isso observemos que
t∈I
[1] GONÇALVES, D. L.; KIIHL, J. Teoria do Índice. 1. ed. Rio de Janeiro: Instituto
de Matemática Pura e Aplicada, 1983.
[2] DOLD, A. Lectures on Algebraic Topology. 2. ed. New York: Springer-Verlag, 1972.
[8] LIBARDI, A. K. M.; VIEIRA, J. P.; MELO, T. Invariantes Topológicos. 1. ed. São
Paulo: UNESP, 2012.
59