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9.

O palco e o público

Contexto

Esta atividade poderá ser proposta nas duas últimas aulas de cada período.

Apresentação da atividade

O professor começará por dividir a turma entre os alunos que gostariam de interpretar uma
música (para os colegas, a solo ou em duo) e os apresentadores. Depois desta divisão, cada um
dos apresentadores deverá escolher o(s) músico(s) que irão apresentar. Nem sempre esta fase é
muito rápida, por isso, o professor deve ajudar os alunos com mais dificuldade. Definidas as
equipas o professor começa por dizer o que é que um apresentador poderá dizer, e dá o
exemplo, dizendo “Olá, chamo-me Isabel. Gostaria de apresentar os meus colegas “João e
Francisco”. Eles vão interpretar a música…” Diz que há muitas formas de apresentar uma
música, podem tentar esta ou se estiverem seguros podem fazê-lo de outra maneira.

O jogo começa… é o primeiro grupo a atuar. O apresentador começa a falar. É natural que a
turma esteja em reboliço. Nesta fase, o professor começa a dar instruções aos outros alunos, o
público que está a assistir. Diz que não está a avaliar os diferentes alunos que estão em palco,
mas, a capacidade que o público tem de ouvir, em silêncio, as diferentes atuações. É natural que
alguns alunos brinquem com a situação, da mesma forma, que outros tenham imenso medo de
atuar.

É nesta fase que o professor poderá relacionar o estar em palco com algo que não tem só a ver
com as áreas artísticas. Todos aqueles profissionais que fazem atendimento ao público, que têm
de representar equipas, os professores acabam por estar em palco e devem trabalhar esta
dimensão para serem bem sucedidos.

À medida que os diferentes grupos vão apresentando o seu trabalho, o professor começará
então a explicar alguns tópicos sobre este assunto:

. Assertividade
. Postura corporal, linguagem não verbal: a posição das pernas, dos pés, ombros, cabeça pode
ser um indicador para o público, que um apresentador ou músico, está inibido, ou que, não leva
a sério a situação. Alterar a posição do corpo pode ajudar alguns alunos a “encenarem” outra
versão de si próprios;
. Olhar: durante a atuação o professor pode explicar o que é o olhar direto e indireto (aquele
que uma pessoa faz quando está a pensar). O professor poderá dar alguns exemplos: aprender a
olhar para o público é uma forma de aprender a dominar a situação, compreendendo que uma
boa atuação em palco tem muito mais dimensões que as notas que vão ser tocadas ou
cantadas.
Da mesma forma, cada vez que temos um público devemos incluir todo o grupo na nossa
atuação de forma direta ou indireta. Um artista deve estar consciente da dimensão da sala e
contrariar a tendência natural de olhar só para um determinado lado.
Não atuamos melhor por olhar nos olhos de todos os elementos da audiência mas por termos
equilíbrio na forma como interagimos com a audiência. Como a própria audiência está a reagir,
quem está atuar, pode imitar algumas das reações do público reagindo a este;
. Tom de voz: é natural que os alunos mais tímidos tenham tendência a falar com um tom de voz
muito baixo. Tentar falar com um tom de voz mais alto pode ser importante para desbloquear
este tipo de inibição;
. Tempo e forma de andar- os movimentos devem ser tranquilos em todas as situações. É de
esperar o inesperado. Há que saber reagir com tranquilidade, pausadamente, nas diferentes
situações. Em palco não é o momento de culpar os outros, é o momento de resolver
calmamente o que não está a correr tão bem;
. Saber agradecer os aplausos de forma pausada e tranquila;
. Saber sair de palco de forma organizada;
. No público há que aprender a observar o que determinados colegas estão a fazer.
. No público há que aprender a criticar positivamente os colegas
Estar em palco é um ato que exige coragem, a capacidade de expor fragilidades. É um ato de
comunicação entre os artistas em palco e o público, e, entre o público e os artistas em palco. É
muito exigente para algumas pessoas porque poderão achar que tudo depende de si ou que só
fizeram bem porque estavam os colegas a assistir.

Parte 2
Numa fase seguinte, os alunos poderão tentar repetir a sua atuação tentando melhorar o que
fizeram na aula anterior. Nesta fase, o professor explicará o que pode estar também presente
num espetáculo, o que chama a “técnica”. O professor ensinará o que é um PA, como funciona
um microfone e como se ligam os equipamentos. Os alunos poderão aprender a posicionar um
microfone. Os alunos podem vivenciar, por exemplo, a relação entre o som que emitem ao
microfone e o som que sai das colunas, experimentando manipular uma pequena mesa de
mistura.
Quando passamos a esta fase, estar no público pode-se tornar muito mais interessante para
alguns alunos.

Tempo de duração da atividade: 2 aulas. Considerando que as turmas são muito grandes, o
professor deverá utilizar um cronómetro, para dar o mesmo tempo de atuação aos diferentes
grupos.

Frequência: Esta atividade pode ser realizada nas duas últimas aulas de cada período

Conteúdos / Timbre Dinâmica Altura Ritmo Movimento Forma


Conceitos
Estes conteúdos poderão Não se aplica
ser ou não trabalhados
dependendo das atuações
dos diferentes grupos;
Competências da prática musical
Audição

. Podem variar de aluno para aluno;


. Avaliação das diferentes atuações.

Interpretação

. Apresentar uma música em palco;


. Cantar ou tocar a solo ou com os colegas uma música escolhida;
. Saber andar, olhar e posicionar o corpo em palco

Criação e Composição

. Improvisar um texto em palco.

Outras Competências
. Adoptar estratégias adequadas à resolução de problemas e à tomada de decisões- os diferentes grupos
devem construir um plano de apresentação e segui-lo na atuação;
. Participação em atividades de forma autónoma, responsável e criativa
. Apropriação das linguagens elementares das artes: descodificação de diferentes linguagens e códigos
das artes; identificação de técnicas e instrumentos e capacidade de os aplicar com correcção e
oportunidade; mobilização de todos os sentidos na percepção do mundo envolvente.
. Desenvolvimento da capacidade de expressão e comunicação: o aluno deve ser capaz de interagir com
os outros sem perder a individualidade e a autenticidade; ser capaz de se pronunciar criticamente em
relação à sua produção e à dos outros; relacionar-se emotivamente com a obra de arte, manifestando
preferências para além dos aspectos técnicos e conceptuais; participar activamente no processo de
produção artística;
compreender os estereótipos como elementos facilitadores mas também empobrecedores da
comunicação (linguagem não verbal, olhar, tom de voz);
ter em conta a opinião dos outros, quando justificada, numa atitude de construção de consensos como
forma de aprendizagem em comum; cumprir normas democraticamente estabelecidas para o trabalho
de grupo e ser capaz de avaliar esses procedimentos;
. Desenvolvimento da criatividade: participar em momentos de improvisação no processo de criação
artística
. Compreensão das artes em contexto: assistir e vivenciar acontecimentos artísticos em contacto directo
(espectáculos, exposições, ...) uma plateia, sem interferir nos movimentos dos outros colegas

Recursos: A primeira fase da atividade não precisa de material. Na segunda fase o professor
necessitará de utilizar o material de som que a escola possua, colunas, microfone, cabos e mesa
de mistura. Este material já está disponível em muitas escolas embora raramente tenha
qualidade mas isso não é o importante. No caso raro de existir mesas de luz, de vídeo,
projetores e cabos para luminotecnia o professor deverá aproveitar este material. Alguns alunos
adoram a componente técnica de um espetáculo e passam a ter outro comportamento na
componente artística.

Avaliação: Qualitativa.
10. “Feeling good”

Contexto

Esta atividade poderá ser proposta como projeto em parceria com professores de inglês ou
fazer parte do projeto curricular de escola ou do projeto curricular de turma.

Parte 1

O professor começa por tocar a música “Feeling good”. Diz o texto frase a frase em inglês à
medida que explica, o significado da letra e o contexto da música. Trata-se de um tema que tem
aparecido em alguns programas de televisão como o “The voice” mas que apareceu pela
primeira vez num musical. Considerado por muitos um tema Soul, foi popularizado pela artista
americana “Nina Simone”.

O professor explica algumas das características deste estilo de música deixando os alunos
experimentar diferentes timbres possíveis (som mais nasal, com mais ressonância grave, com
ar) para uma mesma melodia. O professor prestará particular atenção à forma como os alunos
estão a respirar, como estão a pronunciar o texto e como estão a cantar as notas finais de cada
frase melódica.

Parte 2

Depois dos alunos conhecerem a melodia deste tema, o professor introduz o modo eólio. Canta
“lá2 si2 dó3 ré3 mi3 fá3 sol3 lá3”. Depois dos alunos imitarem o professor e cantarem com o
nome das notas a escala menor ascendente, o professor canta a escala menor descendente.

Pode experimentar algumas sequências melódicas utilizando a mão guidoniana ou a


fonomímica de Kodaly, podendo ainda ensinar o lá2 e si2 na pauta. Será também possível rever
as notas do3 a fá3 na pauta. Estas notas estão na tessitura mais confortável da maior parte dos
alunos e é muito útil explorar músicas nesta tessitura por ajudarem a exercitar os músculos
associados ao registo grave e ao registo agudo ajudando a construir um registo médio.
Parte 3

Estando o grupo completamente familiarizado com a melodia da música, com o texto e com a
escala, o professor começará a explorar o que pode vir a ser o acompanhamento vocal. Para isso
compõe pequenos ostinatos melódicos e pequenos ostinatos rítmicos. Organiza então grupos
diferentes: um cantaria a melodia principal, outro poderia tentar sobrepor uma segunda voz
baseada nos ostinatos estudados.

Chega então o momento dos alunos começarem a escolher a forma como gostariam de
reinterpretar a música. É neste momento que o professor poderá mostrar algumas
interpretações deste tema. Os alunos irão então debater o que gostam mais e menos em cada
versão. Cedo chegarão à conclusão que será necessário sistematizar os elementos melódicos e
rítmicos a introduzir no arranjo. O professor fará então a transcrição final das diferentes ideias.

Parte 4

Depois do arranjo estar terminado, o professor sugere aos alunos trabalharem sobre a
performance da música explorando outras áreas, a expressão dramática e movimento.

Havendo material disponível na escola, alguns dos alunos ficariam responsáveis pela montagem
e utilização do PA. O grupo poderia ainda pensar em figurinos e maquiagem.

É na concretização destas componentes que o trabalho com outros docentes pode ser
importante. Todos acabam por se apropriar do projeto.

Tempo de duração da atividade: 25 minutos


Frequência: Esta atividade pode ser trabalhada em quatro aulas

Conteúdos / Conceitos Timbre Dinâmica Altura Ritmo Forma


Modo menor X X
Cantar a canção em grupo X X X X X
Fazer padrões rítmicos com as mãos e X
os pés
Cantar ostinatos melódicos X
Escolha dos instrumentos para o X
acompanhamento da canção

Competências da prática musical


Interpretação

. Cantar a música “Feeling good” integrando algumas características da canto no estilo Soul
. Explorar diferentes instrumentos não convencionais (ver partitura)
. Executar ostinatos melódicos para acompanhar a melodia (ver partitura)

Audição

. Vivenviar a tonalidade menor


. Reconhecer algumas características da tonalidade menor

Criação e Composição

. Criar e sistematizar um arranjo de uma canção

Competências específicas
. Desenvolvimento da capacidade de expressão e comunicação - desenvolver a motricidade na
utilização de diferentes técnicas artísticas; participar activamente no processo de produção
artística
. Desenvolvimento da criatividade: participar em momentos de improvisação no processo de
criação artística
. Compreensão das artes em contexto: identificar características da arte de diferentes
povos/culturas e épocas.
. Domínio das capacidades: desenvolver a motricidade na utilização de diferentes técnicas de
produção sonora a nível vocal e corporal

Recursos: Esta atividade necessita de um piano ou de um instrumental gravado pelo professor

Avaliação: Qualitativa. Observação direta do desempenho psicomotor (corporal e vocal) dos


alunos.
Bibliografia
Ministério da Educação (1991) Ensino Básico 2º ciclo - Programa de educação musical - Plano de
organização do ensino-aprendizagem, Vol I. Lisboa: Imprensa Nacional- Casa da moeda
Ministério da Educação (1991) Ensino Básico 2º ciclo - Programa de educação musical - Plano de
organização do ensino-aprendizagem, Vol II. Lisboa: Imprensa Nacional- Casa da moeda
Ministério da Educação (2001) Currículo Nacional do Ensino básico- competências essenciais.
Lisboa: Ministério da educação1
Ministério da Educação (2017) Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória.
Coordenação. Guilherme d'Oliveira Martins. Lisboa: Ministério da Educação
Ministério da Educação (2017) Aprendizagens essenciais- articulação com o perfil de alunos -
Documento de Trabalho Escolas PAFC. Lisboa: Ministério da educação

Guido d´arezzo e a mão guidoniana

Church Music Association of America (2006, Junho 28).Guidonian Hand. [ficheiro em vídeo].
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=RlleweQuq14
Raimundo Santos (2011, Agosto 11). Guido d´Arezzo 0008 [ficheiro em vídeo]. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=t3iRwSirjSA

Teoriverso Musical (2016, Setembro 19). Teoria Musical - a origem das notas musicais [ficheiro
em vídeo]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=tBdxWyXc3Sg
When you´re an Addams
Englishlit (2010, Abril 22). When you´re an Addams [ficheiro em vídeo]. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=7GjcCflPxeg

Feeling good
Cancano Cancano (2012, Outubro 20). Feeling good. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=D5Y11hwjMNs

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Documento revogado pelo Despacho nº 17169/2011 publicado em 23 de Dezembro
Carly Rose Sonenclar Brasil (2012, Novembro 28). Carly Rose Sonenclar - Primeira audição
[ficheiro em vídeo]. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=sWlUAdRp8F8
Waltervdbus (2010, Abril 24) Feelin' Good (original) - Cy Grant feat. Bill LeSage 1965.wmv
[ficheiro em vídeo]. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=UW4fE2x1hxk

ANEXOS

Anexo 1 . Partitura do professor da Música Chamateia


Anexo 2 . Partitura do aluno “P´ra quem é Addams”
Anexo 3 . Partitura do professor “P´ra quem é Addams”
Anexo 4 . Partitura do professor “Feeling good” (Referência para a construção do arranjo)

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