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outra internet

Na China, uma geração inteira


está crescendo sem Google,
Facebook ou Twitter
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Fechada às empresas norte-americanas que ditam os rumos da internet no
mundo inteiro, a China desenvolveu um ecossistema online próprio e
autossu ciente 

Por Li Yuan Hong Kong The New York Times 24/08/2018 18:03 0 COMENTÁRIOS

S ... 1

Jovem chinês mexe em seu celular, que não tem acesso aos meus apps a que os brasileiros estão acostumados.| Foto:
Gilles Sabriê/NYT

Wei Dilong, 18 anos, que vive na cidade chinesa de Liuzhou, gosta de basquete,
hip-hop e lmes de super-heróis de Hollywood. Planeja estudar Química no
Canadá quando for para a faculdade, em 2020.

Além disso, é o típico adolescente chinês por outro detalhe: ele nunca ouviu
falar do Google ou do Twitter. Uma vez, cou sabendo da existência do
Facebook. “Seria talvez como o Baidu?”, perguntou, referindo-se ao
mecanismo de busca predominante na China.

Há uma geração de chineses que cresceu com uma internet distintamente


diferente do resto do mundo. Na década passada, a China bloqueou o Google, o
Facebook, o Twitter e o Instagram, assim como milhares de outros sites
estrangeiros, incluindo o do New York Times e da Wikipedia chinesa. Inúmeros
sites surgiram no país para oferecer as mesmas funções, embora com uma boa
dose de censura.

LEIA TAMBÉM: Brasileiro trabalha 80 anos para ganhar o mesmo que um CEO


em 1 ano

Agora, as consequências do uso desse sistema diferente estão começando a


aparecer. Muitos jovens chineses não têm ideia do que sejam Google, Twitter ou
Facebook, criando um abismo com o resto do mundo. E, acostumados aos
aplicativos e aos serviços on-line nacionais, parecem pouco interessados em
saber o que foi censurado, permitindo que Pequim construa um sistema de
valores alternativo que compete com a democracia liberal ocidental.

Essas tendências estão se expandindo: a China está agora exportando seu


modelo de internet censurada a outros países, incluindo Vietnã, Tanzânia e
Etiópia.

A situação é o oposto do efeito da internet que muita gente no Ocidente havia


antecipado. Em um discurso de 2000, o presidente Bill Clinton argumentou que
o crescimento da rede tornaria a China uma sociedade mais aberta, como os
Estados Unidos. “No novo século, a liberdade vai se espalhar pelo celular e pelo
modem a cabo”, disse ele.

Para os gigantes ocidentais da internet, a esperança de abocanhar uma parte do


enorme mercado da China é cada vez mais um sonho inalcançável. O Partido
Comunista chinês demonstrou claramente que vai continuar trilhando o
caminho de controle ideológico rígido com o presidente Xi Jinping. Na primeira
metade deste ano, o órgão regulador da internet, a Administração Cibernética
da China, disse que tinha desligado ou revogado as licenças de mais de três mil
sites.
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Dois economistas da Universidade de Pequim e da Universidade de Stanford


concluíram este ano, após uma pesquisa de 1,5 ano, que os estudantes
universitários chineses não faziam questão de ter acesso à informação política
não censurada. Os pesquisadores deram ferramentas para burlar a censura a
quase mil alunos de duas universidades de Pequim, mas descobriram que quase
metade deles não as usou. Entre aqueles que o zeram, quase nenhum navegou
por sites estrangeiros de notícias que eram bloqueados.

“Nossos resultados sugerem que a censura na China é e caz não só porque o


regime di culta o acesso às informações, mas também, basicamente, porque
promove um ambiente em que os cidadãos não as exigem”, escreveram os
pesquisadores.

Zhang cresceu acostumada com o Baidu.GILLES SABRIÉ/NYT

Zhang Yeqiong, 23 anos, representante de atendimento ao cliente em uma


empresa de comércio eletrônico em Xinji, uma pequena cidade a algumas horas
de carro de Pequim, comprovou esse sentimento. “Eu cresci com o Baidu, estou
acostumada com ele”, a rmou.

A atitude é bem diferente da existente entre os nascidos na China nos anos


1980. Quando essa geração se tornou adulta, há uma década ou mais, houve
quem se rebelasse – como Han Han, blogueiro que questionou o sistema
político e os valores tradicionais chineses, vendeu milhões de cópias de livros e
tem mais de 40 milhões de seguidores no Weibo, o equivalente chinês do
Twitter.
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Agora não há nenhum adolescente chinês como Han. Mesmo ele, hoje com 35
anos, está diferente. Em geral, posta sobre seus negócios no Weibo, que
incluem a produção de lmes e carros de corrida.

Muitos jovens chineses consomem preferivelmente aplicativos e serviços como


o Baidu, a rede social WeChat e a plataforma de vídeos curtos Tik Tok, que
geralmente tratam de consumismo e nacionalismo.

Em março, quando o gigante das redes sociais, Tencent, pesquisou mais de dez
mil usuários que nasceram em 2000 ou depois, quase oito em cada dez
disseram achar que a China estava em seu melhor momento da história, ou que
estava se transformando em um país melhor a cada dia. Quase a mesma
porcentagem disse estar muito ou bastante otimista sobre o futuro.

“Os aplicativos chineses têm tudo”

Shen Yanan não sente falta dos apps ocidentais.GILLES SABRIÉ/NYT

Uma que se descreve como patriótica, otimista e desinibida é Shen Yanan, 28


anos, que trabalha no departamento de operações de um site de imóveis em
Baoding, cidade de cerca de três milhões de habitantes perto de Pequim. Ela
acredita que seu país é grande e a rmou que fará o possível para torná-lo ainda
mais forte.
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Todas as noites, assiste a uma ou duas horas de novelas sul-coreanas no


telefone. Não possui nenhum aplicativo de notícias porque disse que não se
interessa por política. Viajou para o Japão algumas vezes e usou o Google Maps
lá, mas, fora isso, nunca visitou sites estrangeiros bloqueados. “Os aplicativos
chineses têm tudo”, a rmou.

Sua amiga, Chu Junqing, também de 28 anos, representante de recursos


humanos, disse que passa de duas a três horas assistindo a vídeos cômicos no
Tik Tok após o trabalho. Ela às vezes lê notícias no aplicativo Jinri Toutiao, e
descobriu que muitos países estavam envolvidos em guerras e tumultos. “A
China é muito melhor”, concluiu.

Wen Shengjian, 14 anos, quer se tornar rapper e idolatra Drake e Kanye West.
Shengjian, cuja família se mudou em julho de Pequim para Dongying, uma
cidade petrolífera na província oriental de Shandong, disse que tinha notado
que os rappers americanos falavam muito sobre questões sociais e que alguns
até mesmo criticavam o presidente em sua música.

Wen Chengjian assiste a um clipe de rap em seu celular.GILLES SABRIÉ/NYT

Isso não funcionaria na China, disse ele, que é um país em desenvolvimento e


precisa de estabilidade social. Essa é uma linha que o Partido Comunista faz
questão que a mídia estatal e os livros escolares repitam o tempo todo.
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Shengjian, que gosta de jogar basquete, disse já ter ouvido falar de Google,
Facebook, Twitter e Instagram. Contou que um amigo de seu pai mencionara
que esses sites foram bloqueados porque parte de seu conteúdo “não era
apropriado para o desenvolvimento do socialismo com características
chinesas”.

“Não preciso deles”, garantiu.

Quando os jovens chineses passam algum tempo no exterior, muitos entram


em contato com um ecossistema internético inteiramente diferente. Isso
aconteceu com Perry Fang, 23 anos, que saiu há dois anos de Guangzhou, no sul
da China, para estudar marketing em Sydney, Austrália. Lá, cou conhecendo
novos sites, incluindo Google, Facebook, YouTube e Snapchat.

LEIA TAMBÉM:É quase impossível escapar do rastreamento do Google, mostra


estudo

Fang disse que, agora, quando volta para a China para visitar a família nas
férias, é difícil não poder usar o Google. Ele também aprendeu a não veri car
notícias políticas na frente de seus pais, que o repreenderam por fazê-lo.
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“Os aplicativos chineses são inúteis quando você se muda para o exterior, mas,
com o Google e outros, pode visitar qualquer país e ainda usar os mesmos
aplicativos. O retorno do investimento é muito alto”, concluiu. 

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