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EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO1

1. ORIGENS DO PENSAMENTO ECONÔMICO

►Economia como ciência surgiu a partir de 1776 com a publicação de


“A riqueza das Nações” de Adam Smith (1723 – 1790).
►Antes disso a Economia não passava de um pequeno ramo da
Filosofia e do Direito.
►Com o mercantilismo e a fisiocracia as idéias econômicas
conheceram algum desenvolvimento.

2. ANTIGUIDADE (Período que vai desde a invenção da escrita (4000 a.C a 3500 a.C.) até a
queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C. – Séc. V)).
►Num primeiro momento o homem produz para sua subsistência;

►Num segundo momento, os homens precisam organizar-se em


sociedade, para defender-se de inimigos e produzir alimentos para
sobreviver;

►Surge então uma primitiva divisão do trabalho que permite o


desenvolvimento humano em comunidades maiores e mais bem
estruturadas;

►Assim, apesar da grande parte das pessoas produzirem para sua


sobrevivência, algumas produziam um pouco mais, permitindo as trocas, o
que gerou a especialização.

►Aos poucos, o trabalho de alguns homens passou a ser suficiente para


atender às necessidades de um conjunto cada vez maior de pessoas.

►Começam então a surgir nessas sociedades as classes de soldados,


dos religiosos, dos trabalhadores e dos negociantes.

► Na Grécia antiga, como em Roma:


- a maior parte da população era composta por escravos, sendo a
economia quase que exclusivamente agrícola;

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FEA/USP. Equipe de Professores. Manual de Economia. 5ª edição. São Paulo: Saraiva, 2004. 606p.

Gastaldi, J. Petrelli. Elementos de Economia Política. 19ª edição. São Paulo: Saraiva, 2005.
MILONE, P. C.; LAGE, B. H. G. Economia do Turismo. 7ª edição. São Paulo: Atlas. 2001. 226p
Souza, N.J. Curso de Economia. 2ª edição.São Paulo: Atlas, 2003.374.
Este texto é apenas um pequeno resumo de alguns pontos importantes baseado nos livros acima.
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- as trocas comerciais promoveram a expansão da urbanização e o
surgimento de cidades relativamente grandes para os padrões da época
como: Atenas, Esparta, Tebas, Corinto e Roma.
- Devido ao solo pobre para o cultivo, a navegação foi fundamental
para os gregos, a fim de aumentar as riquezas de suas cidades, que eram
independentes politicamente umas das outras.

► A FILOSOFIA: imperava naquela época impedindo o


desenvolvimento da economia. Exemplo: Platão e Aristóteles justificavam a
escravidão porque, para eles, alguns homens possuíam uma inferioridade
inata.

► Especificamente entre os Romanos:


-O pensamento econômico estava ligado à política e seu espírito
imperialista levou à expansão das trocas.
- A riqueza era bem vinda, o que se obtinha pela dominação: os
povos conquistados eram obrigados a produzir os bens que os romanos
necessitavam consumir.

3. IDADE MÉDIA (alta idade média – séc V ao X; e baixa idade média – séc XI ao XV).

► Surge o Feudalismo que coincide com o declínio do Império Romano


do Ocidente.

► Sistema Feudal:

- Base: o Servo;
- Esse Servo trabalhava nas terras de um Senhor e devia a ele
lealdade;
- Esse Senhor devia lealdade a um outro Senhor mais poderoso; e
este a outro; até chegar ao Rei.
- O Senhor davam as terras aos vassalos, para serem cultivadas,
em troca de pagamentos em dinheiro, alimentos, trabalho e lealdade militar;
- Em troca dessa lealdade o Senhor concedia proteção militar ao
Vassalo.
- O Servo não era livre, pois estava ligado à terra e ao seu Senhor,
mas não se constituía sua propriedade, como o escravo.
- Nesse momento da história, as trocas realizavam-se a nível
regional, entre as cidades e suas áreas agrícolas.
- As cidades com seus muros eram locais de proteção dos servos
contra os inimigos, e passaram a ser os locais de trocas de mercadorias,
conhecidas como burgos (termo que da origem a burguesia).
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- Com as cruzadas, a partir de 1096, ocorre expansão do comércio
mediterrâneo, impulsionando cidades como Gênova, Pisa e Veneza.

- Teologia Católica:

- Permitia a propriedade privada, desde que usada com


moderação, daí a tolerância pela desigualdade.
- Defendia a moderação na conduta humana, o que levava às
concepções de justiça nas trocas (isto é: justo preço; justo salário; justo
lucro).
- Empréstimos a juros: era condenado pela igreja (idéia que
vem de Aristóteles, pois contraria a idéia de justiça nas trocas, pois o capital
reembolsado seria maior do que o emprestado)
- A partir de 1400, as exceções quanto aos juros ampliaram-
se com o crescimento das manufaturas e do comércio na era mercantilista.

4. MERCANTILISMO (1450 – 1750)

Foi uma doutrina econômica do predominante entre os anos 1450-1750,


conhecida também como metalismo.

4.1. Para os mercantilistas a política econômica deveria ser conduzida


na busca de:
- saldos positivos na balança comercial, com estoque de metais preciosos e
com poder do estado (passagem da economia regional para a economia
nacional);
OBS: quanto maior o estoque de metais preciosos, maior o poder do país.

4.2. De acordo com essa doutrina o que um país deveria fazer para
conseguir esses saldos favoráveis da balança Comercial:
- Expandir o comércio internacional, priorizando as exportações e
reduzindo importações.
OBS: Mas as importações de certo país equivalem às exportações do
outro, por isso, essa política econômica não conseguiu se sustentar.

4.3. Idéias do pensamento mercantilista em alguns países da Europa

►Na Espanha e em Portugal os Economistas aconselharam:


A proibição da saída de metais preciosos e da entrada de mercadorias
estrangeiras
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►Na França o conselho foi:
Intervencionismo na indústria, o protecionismo alfandegário com o objetivo
de desenvolver a industrialização interna, e exportar mais e reduzir ao
máximo as importações.
►Na Grã-Bretanha
O comércio e a navegação apresentaram como as principais fontes da
riqueza nacional.

4.4. Transformações importantes que marcaram o início do


Mercantilismo:

►Transformações intelectuais:
→Renascimento e sua magnífica floração artística (Leonardo da Vinci,
Miguel Ângelo, entre outros);
→ Laicização do Pensamento (tirar o caráter religioso);
► Transformações religiosas, Reforma na Igreja Católica implantada por
Calvino, que exaltavam individualismo e a atividade econômica, condenavam
a ociosidade, justificavam os empréstimos a juros, a busca do lucro, o
sucesso nos negócios, etc.
►Transformações políticas: Surgimento do Estado Moderno coordenador
dos recursos materiais e humanos da nação;
►Transformações geográficas: decorrentes da ampliação dos “limites do
mundo”, graças às grandes descobertas (bússola), desenvolvimento da
navegação (Destaque para Colombo, Bartolomeu Dias, Vasco da Gama,
Cabral que descobriu o Brasil, etc)
►Transformações econômicas: O Afluxo de metais preciosos à Europa
advindos do Novo Mundo provocou o deslocamento do eixo econômico
mundial, isto é, os grandes centros comerciais não mais se limitaram ao
Mediterrâneo, estenderam-se também ao Atlântico e ao Mar do Norte.
Surgiu o interesse especial pela moeda, o que fez surgir a
concepção metalista, qual seja, o ouro e a prata passaram a ser
considerados os mais perfeitos instrumentos de aquisição de riqueza.

4.5. Falhas destacadas das idéias mercantilistas:


►atribuiu demasiado valor ao metal precioso;
►considerou a produção apenas em função da prosperidade do Estado ou
do enriquecimento público, sem se preocupar com o bem-estar dos
indivíduos;
►encarou o comércio internacional de maneira unilateral e “agressiva” – o
lucro de um país é o prejuízo do outro; as perdas de um país equivalem aos
lucros realizados pelo estrangeiro; um país não ganha sem que outro perca,
etc.
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►a política colonial mercantilista consistia em explorar a colônia ao máximo
– retirando dela metais preciosos, produtos tropicais, especiarias, produtos
raros, etc. – bem como impedir que nela se desenvolvesse qualquer
atividade econômica que pudesse, ainda que remotamente, fazer
concorrência com a metrópole.
OBS: Nessa época as viagens marítimas e os deslocamentos das pessoas
eram voltados para o comércio na busca do acúmulo de metais preciosos, o
que estimulou guerras e invasões tornando forte a intervenção
governamental na economia.

3. FISIOCRACIA:

3.1.O termo fisiocracia significava: regra da natureza.


Essa doutrina econômica do início do séc. XVIII veio como reação ao
pensamento mercantilista. Seu principal precursor foi François Quesnay
(1694-1774).
A fisiocracia impôs-se principalmente como doutrina da ordem natural:
o Universo é regido pelas leis naturais, absolutas, imutáveis e universais,
desejadas pela providência Divina para a felicidade dos homens.

3.2. Idéia central desse pensamento:


- É desnecessário o governo ser regulador (interventor), pois a lei da
natureza era suprema, e todas as ações contrárias a essa lei não
prevalecem.
Pensadores como Boisguilbert consideravam riqueza como a oferta de
coisas necessárias e convenientes à satisfação das necessidades do
homem. Para ele, o 1º passo para geração de riqueza era a eliminação das
obstruções criadas pelo homem à harmonia natural, como impostos
abusivos, praticas monopolistas, direitos aduaneiros, extravagâncias da
corte, e grandes dívidas públicas.

3.3. Motivos da reação ao Mercantilismo:


- Essa reação contrária ao mercantilismo foi mais acentuada na França
do que na Inglaterra. A França tinha prosperado pouco com suas províncias
estimuladoras de indústrias, porque diferentemente do que ocorreu com a
Inglaterra, a economia francesa era basicamente agrícola.
Soma-se a isso o fato da riqueza do país ter sido drenada por guerras
coloniais e gastos exagerados da corte, tudo isso exigindo grandes impostos
para seu sustento.
Como o clero e a nobreza eram isentos de impostos, quem pagava a
conta eram exclusivamente os proprietários de terras e o camponês.
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3.4. Qual a função do soberano (Governo)
- Ele deveria ser o intermediário para que as leis da natureza fossem
cumpridas.

3.5. A idéia de riqueza para os fisiocratas:


- Consistia na produção de bens feitos com a ajuda da natureza. Ex: a
lavoura, a mineração e a pesca. Portanto, privilegiava-se a agricultura em
detrimento do comércio e das finanças.
- Segundo o pensamento fisiocrata apenas a terra tinha a capacidade
de multiplicar a riqueza econômica.

Escola Clássica: Empregaremos ‘Escola Clássica” no sentido de um


grupo de economistas do fim do século XVIII e início do século XIX,
liderados por Adam Smith (Malthus, Ricardo, Stuart Mill e Jean B. Say).

4. Adam Smith (1723 – 1790) - Nascimento: Escócia, em 1723.

4.1. Contexto em que viveu:


- Entre 1770 e 1830 situação social da população mundial era
terrível;
- Na Inglaterra: Superexploração dos trabalhadores, falta de alimentos,
grande miséria da população com péssimas condições de higiene, jornada
de trabalho de 16 horas por dia, grande desigualdade na distribuição de
riqueza.

4.2. Vida acadêmica: Aos 14 anos ingressou na Universidade de Glasgow


(Escócia), e em 1751 assume a cadeira de Lógica e Filosofia Moral, em
Glasgow.

4.3. Publicações:
4.3.1. Com a publicação de “Teoria dos sentimentos morais” (1759),
em 1759 adquire grande prestígio e é convidado para tutorar o enteado
(Duque de Buccleugh) do Ministro das Finanças da Inglaterra, recebendo em
troca uma irrecusável pensão. Smith renuncia a sua cadeira na Universidade
e vai para uma viagem de estudos de 2,5 anos com o Duque para a França.

4.3.2. Quando retorna a Escócia conclui sua mais famosa obra: “Uma
indignação sobre a natureza e a causa das riquezas das nações” (1776).
Essa obra era um ataque direto as políticas mercantilistas como as
regulamentações do governo.
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4.3.2.1. Principais idéias do Livro (A riqueza das nações):


► O bem-estar nas nações ser identificado com seu produto anual per
capita;
► A causa da riqueza das nações é o trabalho humano;
► A existência de livre iniciativa do mercado (laissez-faire2);
► Declara a divisão do trabalho um dos fatores fundamentais na
geração do produto nacional. Exemplo: P/ Smith, um operário não treinado e
sem domínio da máquina poderia fabricar 20 alfinetes em um dia. Entretanto,
com a divisão do trabalho, 10 operários treinados produziriam 48 mil alfinetes
por dia.
► A Idéia de Smith era que a produtividade decorre da divisão do
trabalho, e, além disso, ela é estimulada pela ampliação dos mercados.

4.4. Outras considerações de Smith

4.4.1. “teoria da mão invisível”.


Segundo essa teoria, todo individuo age pela expectativa de
recompensa e que a busca do interesse próprio colabora para harmonia
social. Dessa forma, o choque entre o egoísmo e a competição levaria o
mundo a uma situação melhor. De forma oculta, por vezes imperceptível,
essa tendência auto-ajustaria o mercado, criando condições de bem estar
geral para o país e seus indivíduos. As leis de mercado não devem sofrer
intervenções e a própria economia se direcionará por si mesma para o
melhor caminho, guiada por uma espécie de “mão invisível”.

4.4.2. Papel do Estado:


. Proteção da sociedade contra inimigos;
. Criação e manutenção de obras sociais e instituições necessárias; e
. Não intervenção do governo nas leis de mercado (oferta x demanda).

4.5. Ponto frágil da obra:


. Apesar do importante e grandioso valor dado ao trabalho humano em
sua obra como fonte de riqueza, Smith não previu o advento da tecnologia
que veio com a Revolução Industrial, e o que isso traria de benefícios sociais
e econômicos para as pessoas.

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Laissez-faire é uma expressão francesa “laissez faire, laissez passer”, que significa
"deixem fazer, deixem passar", se refere a uma filosofia econômica que surgiu no
século XVIII, que defendia a existência de mercado livre nas trocas comerciais
internacionais, ao contrário do forte proteccionismo baseado em elevadas tarifas
alfandegarias que se sentia na altura.
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5. Thomas Malthus (1766 – 1834)

5.1. Ênfase: no lugar da mão invisível, Malthus destaca à necessidade da


adaptação humana às exigências da natureza. Para ele, Não existia
harmonia assegurada como Stmith pregava, o homem deve criar melhores
condições de vida para sua subsistência.

Para Malthus os egoísmos que motivam a conduta humana


poderiam entrar em conflito e ser um problema social grave, para tanto, a
instrução e a legislação ajudariam as pessoas conciliando a felicidade
individual com o bem-estar social.

5.2. Causa de todos os males para Malthus: está na procriação e na


fertilidade humana. P/ ele o aumento da população seguia em progressão
geométrica e a produção de alimentos em progressão aritmética. Assim o
crescimento populacional excederia em muito a oferta de alimentos.

5.3. Como resolver esse problema:


- O individuo deveria ser educado para adiar o casamento;
- E ainda, aceitava as guerras e a conseqüente dizimação da
população como forma de conter o crescimento populacional, o que
disponibilizaria recursos econômicos p/ todos.

5.4. O problema da superprodução:

Com o aumento dos processos produtivos e os salários dos


trabalhadores em nível de subsistência → O indivíduo ñ consegue comprar
os produtos que o sistema oferta.
Para não ocorrer a superprodução deveria ocorrer o aumento da
demanda de bens de consumo pela classe que detinha a renda, qual sejam,
os proprietários de terra (latifundiários). Com essa lógica passou a tomar
partido em favor dessa classe social.
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6. David Ricardo (1772 – 1823)

6.1. Origem: Nasceu na Holanda e foi corretor na Bolsa de valores de


Londres, onde fez fortuna.

6.2. Teoria do valor: 2º essa teoria, o valor de uma mercadoria é


determinado pela quantidade de trabalho nela incorporada, ou seja, o valor é
dado pelo custo do trabalho.

6.3. Teoria da repartição: É o estudo das leis que regulamentam a divisão


do produto nacional entre as classes: dos latifundiários, dos capitalistas e
dos operários.
Após sua analise, tomou posição a favor dos capitalistas contra os
latifundiários, pois para ele o cresc. Econômico só é possível com o
investimento, e o investimento é parte do lucro aplicado na produção pelos
capitalistas.

6.4. Teoria das vantagens comparativas: Ricardo deu atenção a esta


teoria, a qual considerava que se os países se especializassem naquilo que
estão mais aptos para produzir, e em seguida trocassem essas mercadorias
com outras nações, todos seriam beneficiados com melhores produtos a
preços mais acessíveis.

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