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A CONEXAO COMO CAUSA DE PRORROGACAO LEGAL DA COMPETENCIA Emilia Meireles Barguil O estudo da prorrogagao legal da competéncia e da conexio envolve dois institutos importantes do Direito Processual Civil: a competdncia e aagao. Na delimitagaodo tema, vamos focalizar, apenas’ guisade introdugdo, os critérios determinativos da competéncia, abordando a competéncia relativa, até che- garmos & prorrogaciio legal da competéncin, Quanto A agiio, vamos nos restringir a enunciar seus elementos, de modo que possamos correlaciond-los com a conexio. De acordo com 0 Cédigo de Processo Civil vigente ¢ a melhor doutrina processualista, a competéncia é terminada por cinco critérios: 1) pela matéria da lide; 2) a pessoa envolvida no conflito de inteesses: 3) 0 critério funcional, segundo 0 qual se tem em vista as fungdes de mais de um juiz no mesmo processo ou em diferentes graus de jurisd rio, onde se localizam os diferentes érgios do Poder Fudicidrio; 5) 0 valor atribufdo & demanda, E sabido que as normas de competéncia so estabelecidas, via de regra, em fungiio do interesse piiblico para a correta administrago da justiga, mas, em algumas situacdes, segundo nos ensina JOSE DE ALBUQUERQUE ROCHA, pode o legislador "colocar o interesse das partes acima do proprio interesse pitblico, cu privilegiar um interesse péblico em detrimento de outro igualmente piiblico, entio as normas sobre a competéncia tornam-se der- rogaveis, isto &, podem ser modificadas, sejz, por cansas legais, seja por causas ligadas A vontade das partes". (p. 121). REVISTA DE DIREITO 92 1a ‘Tem-se, assim, a razfo pela qual é a competéncia absoluta inderrogavel por convengo das partes, enquanto a competéncia relativa é prorrogavel, seja por forga de lei, seja por vontade das partes (art. 111, do CPC). Interessa-nos, neste trabalho, apenas a prorrogagiio legal da compe-téncia em razio do territério. Quando a prépria lei determina modificagto da competéncia ¢ o faz por motivo de ordem piiblica, o jutzo, incompetente segundo os critérios normais da competéncia, se transforma em jufzo competente. Daf dizer-se que a prorrogaco da competéncia é a ampliago da competéncia de um determinado 6rgio para atuar num processo para o qual, a prine{pio, era incompetente. Faz-se mister, neste momento, rever os elementos da ago para depois relacionarmos a prorrogaciio legal da competéncia (territorial) com aconexio, uma vez que na maioria dos casos (de prorrogacao legal) esta presente 0 fendmeno da conexao de causas. Ao recordar que so elementos da ago as partes, 0 objeto e a causa de pedir, facilita-se a compreensio do instituto da conexdo A luz do art. 103 do CPC: "Reputam-se conexas duas ou mais ages, quando Ihes for comum 0 objeto ou a causa de pedi A conexilo 6, pois, o vinculo existente entre duas ou mais agdes, por lhes ser comum 0 objeto ou a causa de pedir. Neste caso, 0 juiz pode ordenar a reunido dessas ages, a fim de serem julgadas simultancamente (art. 105 do CPC). Este dispositivo legal tem por objetivo evitar decisées contraditérias, fundamentando-se no prinefpio da economia processual to importante para a celeridade da Justica. : Como a conexio pode ocorrer entre ages propostas na mesma ou em diferentes circunscrigGes territoriais judiciérias, cumpre, em ambos os casos, perquirir qual dos jufzos € o competente para julgar naquele caso concreto. Se a demanda conexa estiver tramitando em foro diferente, a citagio valida torna prevento o jufzo (art. 219 do CPC) e, se versar especificamente sobre imével situado em mais de um Estado ou comarca, aplica-se a regra do art. 107 do CPC. Entretanto, nas causas conexas que correrem perante jufzos comamesma competéncia territorial "considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar". (art. 106 do CPC). Havendo conexio de ages entre jufzos competentes do ponto de vista territorial para conhecer determinada causa, temos dois aspectos a considerar: 1°) A competéncia in abstrato e a competéncia in concreto. A lei, em tese, atribui a mesma competéncia para diversos érgios, mas somente um deles, adquire a competéncia no caso concreto. Isto significa dizer que os demais 6rgdos tornam-se incompetentes relativamente Aquela causa. 12 CCH REVISTA DE DIREITO 92 2%) Que critério vai ser utilizado para fixar a competéncia em conereto de jufzos igualmente competentes em abstrato? Ea distribuigao, conforme previsto no art. 251 do CPC. E, havendo conexio, é a prevengio, que vai Gelimitar tal competéncia. Daf concluir-se que, embora nao explicitamente catalogados como critérios determinativos da competéncia, a distribuigaoe a prevengiio também o sio, pois que auxiliam na determinagiio do jufzo em que a causa serd processada e julgada. Nao obstante processualistas de renome, como MOACYR AMARAL SANTOS, ADA PELLEGRINI GRINOVER e outros, ndo considerarem a prevengio um critério de determinagio da competéncia, impde-se reportar as ponderagées, em sentido contrério, expostas por ATHOS GUSMAO CAR- NEIRO, no livro "Jurisdigaio competéncia", nos seguintes termos: “Além disso, em Porto Alegre, digamos, esto sediadas dezesseis Var: Cfveis, oito Varas de Familia e Sucessdes etc. Se a causa deve tocar, por hipstese, a uma Vara Civel, serd ela distribufda (CPC, art. 251) a uma destas Varas, que se tornard competente por prevengio. Encontramos, assim, finalmente, aplicando os varios critérios de deter- minagioda competéncia, 0 "jufzo competente", onde a causaird ser processada e julgada. Por vezes, 0 encontro do "juizo competente” nao esgota a tarefa de fixagio da competéncia, Existem varas dotadas de mais de um juiz (em Porto Alegre, v.g., nas Varas Civeis e na Vara de Faléncias e Concordatas esto dois juizes), e a causa serd entio distribufda a um deles”. (pp. 54/55). Ocorre, também 0 fendmeno da conexao (pelo objeto ou pela causa de pedir ou, ainda, por motivo de ordem processual), nas situagdes previstas nos arts. 108 € 109, do CPC. MOACYR AMARAL DOS SANTOS enumera outros casos de alte- ragio da competéncia; "Caso de prorrogacio legal 6 0 previsto no art. 800 do mesmo Cédigo: "As medidas cautelares serdo tequeridas 20 juiz da causa; quando preparatérias, ao juiz competente para conhecer da ago py Acrescenta pardgrafo nico desse artigo: "Nos casos urgentes, se a causa estiver no tribunal, seré competente 0 relator do recurso”. Logo apés, cita os casos de execugiio de sentenga (arts. 575, Ia Ill) ¢ 0 litisconsércio, arts. 46 & 47, do CPC. (in "Primeiras Linhas de Direito Processual Civil, SARAIVA, pp. 259/60). Por fim, cumpre assinalar ndo ser apenas a conexio causa de mo- dificagdo da competéncia, mas também a continéncia (art. 104 do CPC), ¢ a vontade das partes convencionadas através de cléusula contratual ou, ainda, quando de forma técita 0 réu no opuser excegdo de incompeténcia de foro e de juizo, nos termos do art. 114, do CPC, REVISTA DE DIREITO 92 cH 13 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 01. ALVIM, Arruda, "Manual de Direito Processual Civil", Vol. I, Parte Geral, Sio Paulo, RT, 1986, 2® edicao. 02. ALVIM, José Eduardo Carreira, "Elementos de Teoria Geral do Proces- so", 1" edicdo, Editora Forense, 1989. 03. BARBI, Celso Agricola, "Comentarios ao Cédigo de Processo Civil", 3* edfigao, 1° volume, 1983. 04. CARNEIRO, Athos Gusmao, 'Jurisdigio e Competéncia", 4* edigao, Saraiva, 1991, 05. GRINOVER, Ada Pellegrini e outros, "Teoria Geral do Proceso", Sio Paulo, 7* edigdo, RT, 1990. 06. JUNIOR, Humberto Theodoro, "Curso de Direito Processual Civil", Vol. I, 4 edigdo, Forense, 1988. 07. LEVENHAGEN, Anténio José de Souza, "Novo Cédigo de Processo Civil", 9* edigao, ATLAS, 1981. 08. NOGUEIRA, Paulo Liicio, "Curso Completo de Processo Civil", 22 edigdo, SARAIVA, 1991. 09. ROCHA, José de Albuquerque Rocha, "Teoria Geral do Processo", 2° edigo, SARAIVA, 1991, 10. SANTOS, Moacyr Amaral Santos, "Primeiras Linhas de Direito Pro- cessual", 1* Vol., 14? edigio, SARAIVA, 1990. 144 CCH REVISTA DE DIREITO 92 EMENTA: Estaboloce normas para publicagao de trabalhos em ra sidade de Fortaleza O REITOR DA UNIVERSIDADE DE FORTALEZA, no uso do suas atribuigdes logais, estatutérias e rogimentais, ¢ tendo om vista a nocassidade da fixar normas quo orientem a publ-cagao de trabalhos nas diversas revistas editadas pela Universidade de Fortaleza, RESOLVE: _ 1. Os trabalhos para publicaeao om revistas editadas pola Universidade de Fortaleza devertio desenvolver contetidos relativos as dreas das Ciénoias da Sade, Tocnolégicas, Humanas @ Administrativas. Pardgrato Unico. 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Os originais do trabalho a ser publicado devem ser entregues ao Editor, que os apreciard © submetord a considerago do Conselho Editorial da respectiva revista, Pardgrafo Unico. O material elaborado por aluno(s) deverd estar visado por um professor da area. 4, Revogam-so as disposigées em contrério. Publique-se. Registro-se. Cumpra-se. Fortaleza (Ce), 02 de Janeiro de 1992. Proj, Anténio Colago Martins Roitor da Universidade de Fortaleza Ea)

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