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Energias Renováveis
Energias Renováveis
NO MEIO RURAL
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Energia
Termosolar
Design gráfico:
Clô Barcellos / Libretos
Ilustrações:
Ricardo Machado
Realização:
GTEnergia do FBOMS
O77e Ortiz, Lúcia Schild
Energias renováveis sustentáveis : uso e
gestão participativa no meio rural / Lúcia Schild
Parceiros:
Ortiz (coord.). – Porto Alegre : Núcleo Amigos Fundação Heinrich Boell
da Terra/Brasil, 2005.
64 p. ; 23 x 16 cm.
apropriadas que
descentralização e a criação de um outro modelo, partici-
venham beneficiar
pativo, que diminua de fato as desigualdades sociais e regio-
muitas outras
nais no acesso à energia.
comunidades rurais
pelo Brasil adentro.
O Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de
Energia Elétrica - PROINFA, por exemplo, objetiva apenas a mai-
or participação de algumas fontes renováveis na matriz energética, e é
direcionado aos empreendimentos ligados à rede nacional de transmissão.
O Programa Luz para Todos, assim como a Política de Univer-
salização, tem como prioridade a extensão das redes existentes para o oferecimento
da energia que vem de grandes centrais geradoras e é distribuído por empresas conces-
sionárias, que pouco interesse econômico têm nesta tarefa.
mitente, ou com potência insuficiente para sua deman- simples e viáveis que
da, o que pode atrapalhar os seus negócios. providenciem quantidade
O uso da energia da água, em micro e mini cen- e qualidade de energia
trais hidrelétricas, pode ser uma excelente opção a be- para os desafortunados
neficiar comunidades em associação do interior do Pará do consumo de energia.
ou várias famílias de trabalhadores rurais cooperativados
do norte do Rio Grande do Sul.
A construção de uma central hidrelétrica, mesmo uma pe-
quena ou uma micro, deve ser analisada de forma que a consideração
integrada quanto à viabilidade econômica, à viabilidade social e ambiental e
também quanto aos recursos disponíveis permita uma conclusão indefectível. De-
cidir sobre se deve ou não construir uma central hidrelétrica requer sabedoria e, muitas
vezes, os responsáveis pelo projeto não são sábios.
O custo da energia produzida pelas PCHs, pelas micro e mini centrais ainda é
bastante alto, comparado ao valor do megawatt-hora médio de geração de energia
da ANEEL – R$ 72,45/MWh.
As PCHs da região sul, que ficam entre 10 e 30 MW , conseguem um valor de
R$ 51,22/MWh. As micro da região norte, que alcançam 100 KW, têm um preço de
R$ 122,57/MWh.
Para que isso deixe de ser a regra e para que possam merecer a credencial de
sustentabilidade, os projetos de PCH podem estar ainda condicionados a outros critérios.
Por exemplo:
• ser a fio d’água,
• dispensar a necessidade de um lago ou reservatório,
• ter potência instalada de até 10 MW, seguindo as definições e as
recomendações da Comissão Mundial de Barragens 2 ,
• ter densidade de potência instalada de menos que 10 W por m2,
• ter sua construção decidida pelas comunidades atingidas.
Gerar e gerenciar a energia elétrica produzida por micro e mini centrais hidrelé-
tricas de forma sustentável e viável economicamente já é uma realidade para comunida-
des e cooperativas no meio rural em diferentes regiões do Brasil que localizam-se a pou-
cos quilômetros de cursos d´água com declividade mínima adequada para seus aprovei-
tamento hidrelétrico. Na maioria das vezes, a mobilização dessas comunidades em tor-
no dos projetos é determinante para garantir sua permanência no campo, a soberania
sobre o seu território e até mesmo a vitória da resistência a outros projetos que põem
em risco seus modos de vida, como é o caso do avanço das grandes monoculturas sobre
as pequenas propriedades rurais, ou mesmo o possível alagamento de suas terras por
projetos de mega centrais hidrelétricas.
3. Atualmente a energia cobrada nas contas de energia elétrica residencial fica em torno de 150 dólares – ou R$ 340,00 o MWh.
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Mini central Cascata das Andorinhas, inaugurada em 2004