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As desestatizações ao final da década de 1990 garantiram a outorga de novos contratos por 30 anos. Isso Categorias
viabilizou a expansão do sistema elétrico, através da implantação de novas instalações de geração e redes
de transmissão e distribuição. Alcançamos também a universalização do acesso à energia elétrica, que hoje Categorias (1)
atende 99.9% da população. Tudo isso é fruto de uma bem-sucedida coexistência de capitais públicos e
Coronavirus (10)
privados.
Coronavirus (3)
O setor elétrico tem papel crítico na transformação da sociedade, rumo à descarbonização, que é chave
para enfrentar os desafios da deterioração do meio ambiente. O volume de investimentos previsto no Crescimento e eficiência da economia (136)
horizonte do Plano Decenal de Energia PDE/2031, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética, é de
Desenvolvimento sustentável (1)
R$ 3,2 trilhões. Segurança jurídica é fundamental para financiamento e investimentos em qualquer setor de
infraestrutura, afetando diretamente o custo de capital. Direito e economia (66)
O que chamamos aqui de as “regras do fim do jogo” fazem parte do que é considerado pelos agentes nas Economia (2)
suas decisões de investimento por todo o período da concessão e, especialmente, quando vai chegando ao
Economia (7)
final, quando podem sobrar “menos anos” para recuperar o que foi investido. É essencial saber as condições
que vão pautar a decisão do Poder Concedente sobre licitar ou prorrogar as concessões. Previsibilidade Educação e saúde (2)
aqui requer o desenho e a implementação de uma política funcional de gestão de outorgas.
Finanças públicas e gestão pública (150)
A decisão sobre o que fazer no término dos contratos vai além da uma simples dicotomia entre licitar
Inflação, juros e taxa de câmbio (23)
ou prorrogar: a possibilidade de renovar concessões do setor elétrico abre espaço para repactuar a
relação contratual entre Poder Concedente e concessionários. A adaptação dos contratos a um mundo em Infraestrutura e petróleo (46)
transformação pode garantir melhores incentivos e ganhos de eficiência para a prestação dos serviços e
Instituições (2)
expansão do sistema. Ganham usuários, empresas e o governo.
Instituições (6)
O contexto atual de transição energética amplia os desafios e dilemas em torno da renovação ou licitação
das outorgas vigentes, sobretudo para o segmento de distribuição. Em um mundo descentralizado e Outros (17)
digitalizado, a empresa de distribuição de eletricidade se converte em um Operador do Sistema de
Podcast (5)
Distribuição – o DSO, da sigla em inglês.
Proteção ambiental (6)
Flexibilidade para adaptar contratos no advento de seu término é essencial quando a transição
energética dá espaço ao DSO. Novos serviços são necessários para o adequado gerenciamento de um Redução da pobreza e redistribuição da
ambiente que combina recursos energéticos distribuídos (DER, da sigla em inglês), conceito que inclui a renda (25)
geração distribuída, a resposta da demanda, o armazenamento e veículos elétricos. As redes elétricas são
Reformas Estruturais (3)
grandes facilitadores dessa transformação. Como isso tudo custa caro, a renovação permite amoldar os
contratos a essa nova realidade, que demanda ainda resiliência a eventos como extremos climáticos e Reformas estruturais (1)
www.brasil-economia-governo.org.br/2022/08/22/efeito-fim-de-jogo-nas-concessoes-de-eletricidade/ 1/4
24/08/2022 07:06 Efeito Fim de Jogo nas Concessões de Eletricidade « Brasil, economia e governo
ataques cibernéticos em um adequado compartilhamento de risco entre concessionários e poder Regulação (77)
concedente.
Regulamentação (4)
Os investimentos para adaptar as redes de distribuição ao conceito DSO são vultosos e não meramente
incrementais. Isso é ilustrado em artigo recente de Anna Brockway e coautores [6], que foca na companhia Relações de consumo (5)
PG&E, uma das três grandes utilities que operam na Califórnia. A análise mostra que a penetração dos
Relações econômicas com o exterior (14)
veículos automotores elétricos em patamar coerente com os compromissos climáticos para aquele estado
demandaria aumentar muito os investimentos nos sistemas de distribuição. Para ilustrar, os investimentos Relações Internacionais (1)
requeridos para aquele fim até 2025 correspondem ao triplo do projetado pela empresa no período.
Relações Internacionais (1)
Análises semelhantes ainda não estão disponíveis por aqui. Mas são essenciais para pactuar as condições
entre Poder Concedente e concessionário para viabilizar investimentos consistentes com a almejada Reproduções (64)
O livro oferece ainda contribuições metodológicas para subsidiar a decisão quanto à renovação ou licitação
das outorgas, como os modelos de: (i) avaliação das condições de prestação serviços – se adequada ou
não –, mensurável através de índices de sustentabilidade; e (ii) análise financeira de valuation para usinas
hidrelétricas, que daria pistas da duração ótima da concessão.
Últimos artigos
O livro apresenta, ainda, proposta de instrumento normativo infralegal, destinado a reduzir incertezas e
assegurar um procedimento mais estruturado, previsível e transparente para regulamentar a prorrogação, Efeito Fim de Jogo nas Concessões de
Eletricidade
bem como o pagamento de indenizações por investimentos não amortizados em bens reversíveis.
Estaria a saga da regulamentação do lobby
Na síntese de Ricardo Brandão[7], que escreve na contracapa, “O estudo oferece as balizas para o Poder no Brasil perto de seu fim?
Concedente em seu processo de tomada de decisão, posto que traz a ótica do regulador, a visão dos órgãos
de controle externo e a jurisprudência dos tribunais; mas é também um guia para concessionários, Emenda Constitucional nº 123, de
14.7.2022: Aspectos Fiscais e
investidores e consumidores, para melhor compreender todas as camadas que envolvem esta discussão. Orçamentários¹
Sem dúvidas, esta obra já nasce como referência obrigatória para os que desejam se debruçar sobre o tema
das concessões e das prorrogações de seus contratos”. 5G: Conectando o Brasil com o Futuro
Resultado de pesquisa (P&D ANEEL), o livro visa lançar sólido alicerce para que floresçam as discussões PIB do segundo semestre de 2022 não
começou bem
sobre as transformações em curso no contexto da transição energética e o desafio de refleti-las em direitos
e obrigações nos instrumentos de outorga. Isso reforça e se coaduna com as novas práticas adotadas a O novo Marco Geral de Garantias e o
partir dos “Princípios para Atuação Governamental no Setor Elétrico” (Portaria do Ministério de Minas e Crédito no Brasil
Energia (MME) 86/18), em especial os da “transparência e participação da sociedade nos atos praticados”,
A entrada do Brasil na OCDE
autorizando, desse modo, a legítima aspiração dos agentes, consumidores, entidades representativas e
demais segmentos interessados, de participarem desse debate, de forma estruturada e tempestiva.
A despeito desses ruídos, há sinalizações do MME para uma regulamentação, até dezembro de 2022, de
diretrizes e metas para eventual renovação dos contratos de concessão de distribuição, alinhadas com a
modernização e com os novos paradigmas do setor, e que tragam benefícios efetivos ao consumidor. Tal
processo estaria sendo desenvolvido com base em estudos e avaliações específicas, em observância às
determinações e recomendações constantes do Acórdão TCU nº 2.253/2015-Plenário e dos relatórios
técnicos que o subsidiaram[9].
Embora possa representar um avanço em relação a práticas anteriores, é preciso ainda assegurar o diálogo
e a participação nesse processo dos diversos atores envolvidos e/ou afetados, de forma estruturada e
transparente. Esse é, sem dúvida, o melhor caminho para que as “regras do fim do jogo” possam ser
consideradas desde o princípio, em prol da segurança jurídica e da viabilidade de vultosos investimentos na
adaptação e modernização das redes e demais instalações de energia elétrica no ambiente digitalizado e
descentralizado da transição energética!
[1] Synergia Editora (Parceria entre FGV/CERI-FGV/Direito SP e a EDP Energias do Brasil, no âmbito do
Programa de P&D da ANEEL).
www.brasil-economia-governo.org.br/2022/08/22/efeito-fim-de-jogo-nas-concessoes-de-eletricidade/ 2/4
24/08/2022 07:06 Efeito Fim de Jogo nas Concessões de Eletricidade « Brasil, economia e governo
[2] Webinar do FGV CERI e FGV Direito SP, realizado em 20/7/22, com o apoio e participação da EDP, da
ANEEL e do MME.
[3] Inclui as UHEs Tucuruí e Mascarenhas de Moraes, com 8,8 GW de potência, cujas concessões foram
renovadas antecipadamente nas condições da Lei nº 14.182/21 (Desestatização da Eletrobras).
[4] Mais de uma centena dessas concessões decorrem de privatizações de empresas federais ou estaduais
ao final da década de 1990, bem como de licitações de novas outorgas de geração e transmissão realizadas
a partir de 1995.
[6] Anna Brockway (2022) et al.. “Can Distribution Grid Infrastructure Accommodate Residential
Electrification and Electric Vehicle Adoption in Northern California?” Energy Institute at Haas Business
School Working Paper 327.
[8] Mudanças nos regramentos e nos contratos aplicáveis produziram um arcabouço heterogêneo no tempo
(diferentes “safras” de contratos) e mesmo dentro de um mesmo segmento (G/T/D). Defendem os autores
do livro o estabelecimento de um procedimento estável e funcional, com anterioridade e previsibilidade, para
tomada de decisão pelo Poder Concedente quanto ao futuro das concessões, de modo a alterar o cenário
atual de incertezas institucionais e regulatórias.
O posicionamento dos Ministros contrariou o entendimento das instâncias técnicas no Tribunal de Contas da
União, que propugnavam pela inconstitucionalidade da Lei nº 12.783/2013 e insistiam na necessidade de
realização de novas licitações.
Para a SeinfraEnergia, unidade do TCU< o poder concedente não teria caracterizado, por meio de estudos
técnicos, a situação excepcional capaz de justificar a necessidade de prorrogação. Também não teria sido
demonstrada a vantagem da prorrogação, em relação à alternativa de relicitação de todos ou alguns
contratos de concessão. De outro lado, o modelo de prorrogação proposto violava a Lei nº 8.987/1995 e a
Lei nº 12.783/2013, na medida em que teria caráter gratuito. A definição de novas metas de qualidade e de
gestão econômico-financeira para as atuais concessionárias não caracterizava a onerosidade da
prorrogação. A prestação de serviço público adequado, segundo os parâmetros estabelecidos pelo poder
concedente, constitui a obrigação básica de toda e qualquer concessionária. Tampouco havia previsão de
novos investimentos por parte das atuais concessionárias para o cumprimento das metas impostas. O
caráter generalizado da prorrogação abrangeria indistintamente as concessionárias que não vinham
prestando serviço adequado aos usuários. A sanção de caducidade não constituía mecanismo eficaz para
garantir o cumprimento das novas metas de qualidade definidas pela ANEEL.
* Joisa Dutra é diretora do FGV CERI e doutora em economia pela FGV EPGE.
** Romário Batista é pesquisador do FGV CERI e ex-secretário de Parcerias em Energia, Petróleo, Gás e
Mineração do PPI.
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Joisa Dutra
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