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ADICIONAIS

NESTE TÓPICO SERÃO ABORDADOS OS CONCEITOS DOS PRINCIPAIS ADICIONAIS DE INCIDÊNCIA

TRABALHISTA COMO: ADICIONAL NOTURNO, INSALUBRIDADE, PERICULOSIDADE E TRANSFERÊNCIA

AUTOR(A): PROF. OTACILIO DE MORAIS SOUZA

AUTOR(A): PROF. EUCLIDES BEZERRA DA SILVA

Olá Pessoal!

Neste conteúdo, vamos abordar os conceitos e principais cálculos dos adicionais, sendo eles: adicional

noturno, adicional de insalubridade e adicional de periculosidade e adicional de transferência.

ADICIONAL NOTURNO

Você trabalhou o dia todo e a noite resolveu passear com os seus amigos ou jantar fora com os seus

familiares, ou fazer algumas compras sozinho, ou ainda, você poderá precisar de alguma emergência nesse

período. Nesse momento, já são 22 horas e sabemos que a cidade não para, sendo necessário ter vários

trabalhadores disponíveis nesse período para atender a essas demandas.

Normalmente essas pessoas que trabalham a noite, sendo atividades urbanas, possuem um expediente das
22 horas até às 5 horas do dia seguinte. Essa desvantagem é compensada financeiramente, garantida pela

CF 1988, em seu artigo 7º, inciso IX, que diz: “São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de

outros que visem à melhoria de sua condição social: remuneração do trabalho noturno superior à do
diurno” (BRASIL, 1988), combinada com a CLT, no seu artigo 73 que acrescenta: “...para esse efeito, sua
remuneração terá um acréscimo de 20% (vinte por cento), pelo menos, sobre a hora diurna”. (BRASIL, 1943)
 

Além do acréscimo desse percentual sobre o valor da hora diurna, a CLT, ainda trata no mesmo artigo 73,

nos parágrafos 1º e 2º, outros direitos relevantes, que precisam ser considerados. O primeiro diz que 1

(uma) hora deve ser computada como 52 (cinquenta e dois) minutos e 30 (trinta) segundos e o segundo

define o período para aplicação do adicional noturno, que se inicia às 22 (vinte e duas) horas de um dia e

vai até às 05 (cinco) horas do dia seguinte. 

Para que se possa compreender e visualizar a contagem das horas, observe a tabela:
Hora inicial Hora final Equivalente

Das 22:00:00 às 22:52:30 1 hora

Das 22:52:31 às 23:45:00 2 hora

Das 23:45:01 às 00:37:30 3 hora

Das 00:37:31 às 01:30:00 4 hora

Das 01:30:01 às 02:22:30 5 hora

Das 02:22:31 às 03:15:00 6 hora

Das 03:15:01 às 04:07:30 7 hora

Das 04:07:31 às 05:00:00 8 hora

Na realidade, verifica-se que se o empregado trabalha das 22 horas às 5 horas do dia seguinte, ele trabalha 7

horas, mas devido a hora noturna reduzida,  equivale a 8 horas de trabalho, sendo mais uma vantagem para

o trabalhador, além dos 20% (vinte por cento) do adicional noturno.

Nas atividades rurais, como a lavoura e a pecuária, também existem a hora noturna, porém, um pouco
diferente das atividades da cidade. Na lavoura o horário é entre as 21h00 até às 5h00 e na pecuária é um

pouco mais cedo, das 20h00 até as 4h00 do dia seguinte e ainda um adicional de 25% (vinte e cinco por
cento) na remuneração normal, devido sobre o trabalho noturno. (Artigo 7º, parágrafo único da Lei

5889/73).
 

Por meio de um exemplo prático, imagine que um trabalhador foi contratado na função de operador de
máquina para a sua empresa, com 220 horas mensais, trabalhando das 22h às 5h com uma carga horária

semanal de 44 horas. O seu salário contratado foi de R$ 3.520,00. Este mês o RH apontou 192 horas
noturnas já convertidas. Quanto receberá de adicional noturno?

 
Para resolver essa questão, primeiro tem que saber o valor da hora diurna, dividindo o salário pelo total de

horas do mês, dessa forma:


 

Salário R$ 3.520,00 / 220 horas = R$ 16,00 (valor da hora)


Depois aplica-se o adicional de 20%, assim:

R$ 16,00 x 20% = R$ 3,20 (este é o valor do adicional por hora)


Se o empregado trabalhou 192 horas, irá receber R$ 614,40 (192 h x R$ 3,20) de adicional noturno.
 

Outro exemplo, seria o trabalhador horista, que fez neste mês 35 horas no período noturno que dá direito
ao adicional noturno de 20%. Sabendo que o valor da hora aula dele é de R$ 25,00.

a) Qual será o valor total do adicional noturno?


b) Qual o valor das horas trabalhadas?

 
A primeira coisa é transformar as horas para hora noturna. Um modo simples é deixar tudo em segundos. Se

uma hora é equivalente a 52 minutos e 30 segundos, pode-se deixar tudo em segundos.


 

(52 minutos x 60 segundos) + 30 segundos = 3150 segundos.


Então, 35 horas será igual a:

35 horas x 60 minutos x 60 segundos = 126000 segundos


Dividindo o total de segundos trabalhados pela quantidade de segundo da hora noturna, teremos o total de

horas noturnas. Assim:


126000 segundos / 3150 segundos = 40 horas noturnas

 
a) Os 20% do adicional é calculado sobre o valor da hora normal, R$ 25,00 x 20% = R$ 5,00. Se trabalhou 40

horas noturnas x R$ 5,00 = R$ 200,00 (total do adicional noturno).


 

b) O empregado trabalhou 35 horas normais durante o período noturno, o que equivale dizer que representa
a 40 horas noturnas x R$ 25,00 hora = R$ 1.000,00.

ADICIONAL DE INSALUBRIDADE
Para falar sobre insalubridade, precisa-se saber a essência do que vem a ser salubre, que em linhas gerais é
favorável a saúde ou curável com facilidade (MICHAELIS, 2017).

Então, conclui-se que insalubridade é o contrário, significa aquilo que faz mal à saúde ou pode provocar
algum malefício ou doença a pessoa, neste caso o trabalhador, que pode ser devido exposição ou manuseio

de produtos ou serviços circunstanciais dentro do seu local de trabalho.


Em algumas atividades o trabalhador é exposto ao risco de saúde, devido a atividade praticada, sofrendo de

insalubridade. Os empregados se expõem a agentes nocivos à saúde, acima dos limites permitidos em razão
da natureza, da intensidade e do tempo de exposição a seus efeitos. (OLIVEIRA, 2016).

Na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), os empregados são protegidos nos seus artigos 190 e 191, que
conferem melhores condições de trabalho ao trabalhador, impondo ao empregador normas e limites de

tolerância aos agentes nocivos a saúde, os meios de proteção com a utilização de equipamentos e o tempo
máximo de permanência a esses agentes, para conservar o ambiente de trabalho tolerável e menos
agressivo à saúde humana.
Além dessas exigências impostas ao empregador dentro da legislação (CLT), no seu artigo 192, relata:
?O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo
Ministério do Trabalho, assegura a percepção de adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento),
20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário-mínimo da região, segundo se classifiquem nos
graus máximo, médio e mínimo.? (BRASIL, 1943)
Observa-se, que dependendo do nível de classificação de insalubridade: máximo, médio ou mínimo, o

trabalhador terá direito respectivamente 40%, 20% ou 10% do salário mínimo como adicional.
Poderá ainda ter a base do salário profissional alterado para efeito do cálculo deste adicional, se houver,
força de lei, convenção coletiva ou sentença normativa. (OLIVEIRA, 2016).
As atividades insalubres que contemplam este tipo de adicional, fazem parte da Portaria nº  3.214 de

08/06/1978, além disso, OLIVEIRA (2016) cita a NR 15 que devem obedecer as normas especiais, por
exemplo: exame médico, abreugrafia do tórax entre outros.
Para aprender a calcular, tomamos como exemplo, um empregado que ganha R$ 3.200,00 por mês e que tem
direito ao adicional de insalubridade, grau médio e o salário mínimo é de R$ 954,00 (janeiro/2018). Essa

classificação requer aplicar o percentual de 20% sobre o salário mínimo. Qual será o seu salário bruto?
Vamos calcular: 
Salário Mínimo (janeiro de 2018) : R$ 954,00 x 20% =  R$ 190,80 (adicional de insalubridade).
O salário bruto do empregado será de: R$ 3.200,00 + R$ 190,80 = R$ 3.390,80.

Outro exemplo, o empregado José Campos, que trabalha numa indústria com uma carga semanal de 44
horas, tem um salário mensal de R$ 2.800,00, fez neste mês 30 horas extras remuneradas com 50% e tem
direito ao adicional de insalubridade, grau máximo e o salário mínimo é de R$ 954,00 (janeiro de 2018) e
ainda neste mês houve 5 domingos. Qual será o valor bruto a receber?

Para resolver, temos que lembrar que o grau máximo de insalubridade representa 40% do salário mínimo.
Efetuando a solução:
Salário mensal: R$ 2.800,00
Salário hora = salário / horas mensais

Salário hora = R$ 2.800,00 / 220 horas


Salário hora = R$ 12,73
Valor da hora extra = R$ 12,73 x 50% = R$ 19,095
Valor do total das horas extras = Valor da hora extra x total de horas extras

Valor do total das horas extras = R$ 19,095 x 30 horas = R$ 572,85


DSR s/hora extra = 30 dias ? 5 domingos = 25 dias úteis
R$ 572,85 / 25 x 5 dias = R$ 114,57 (DSR s/ H.E.)
Para a insalubridade:

Salário mínimo R$ 954,00


Insalubridade sobre o salário do mês: R$ 954,00 x 40% = R$ 381,60
Salário hora do salário mínimo = R$ 954,00 / 220 horas = R$ 4,34
Insalubridade na hora extra: R$ 4,34 + 50% = R$ 6,51
Insalubridade na hora extra: R$ 6,51 x 30 horas = R$ 195,30

Insalubridade grau máximo: R$ 195,30 x 40% = R$ 78,12


DSR s/ horas extras insalubre: R$ 78,12 / 25 x 5 dias = R$ 15,62.
Total de proventos que o empregado vai a receber:
R$ 2.800,00 + 572,85 + R$ 114,57 + R$ 381,60 + R$ 78,12 + R$ 15,62 = R$ 3.962,76.

Chegamos a conclusão que o trabalhador vai receber um salário de R$ 3.962,76.


ADICIONAL DE PERICULOSIDADE
 
Este adicional de periculosidade está intimamente ligado à atividades perigosas ou de alto risco de vida

como por exemplo: explosivos, energia elétrica ou produtos inflamáveis. Esta forma de trabalho é
regulamentada pelo Ministério do Trabalho. (OLIVEIRA, 2016).
 
A CLT em seu artigo 193, além dos já citados, esclarece outras atividades que devem incidir adicional de

periculosidade, inciso II:


“São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo
Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco
acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a: roubos ou outras espécies de violência
física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial”.(BRASIL, 1943)
 
Já o parágrafo 4º do mesmo artigo afirma que: “São também consideradas perigosas as atividades de
trabalhador em motocicleta”. (BRASIL, 1943)
 
Todo aquele trabalhador que desempenha ocupação nessas áreas de imenso perigo, conforme esclarecido
acima, tem direito de receber 30% do seu salário base como adicional de periculosidade. OLIVEIRA (2016)
complementa, dizendo que este percentual não poderá incidir sobre gratificações, prêmios ou participação

nos lucros da empresa.


 
Pode ocorrer de o empregado trabalhar num trabalho insalubre e perigoso, com isso, deverá optar por um
dos dois adicionais, o que for mais benéfico.

 
Como exemplo, um empregado que trabalha como repositor de carga e descarga de produtos inflamáveis e
possui um salário base de R$ 2.980,00 tem direito ao adicional de periculosidade. Veja:
 

Salário mensal: R$ 2.980,00


Valor do adicional de periculosidade: R$   894,00 (30% do salário base)
 
ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA

 
A empresa por necessidade do seu negócio pode mudar de cidade, estado ou até país, com isso, poderá
impactar diretamente no seu quadro de empregados, o que poderá gerar a necessidade de transferir
empregados para o novo local, mas parra isso necessário mutuo consentimento, sem causar prejuízos ao

trabalhador. (art. 468 CLT).


 
Além disso, o empregado terá uma vantagem financeira mensal, a título de indenização, conforme prevê o
artigo 469, parágrafo 3º que diz:

 
“Em caso de necessidade de serviço o empregador poderá transferir o empregado para localidade diversa
da que resultar do contrato ... mas, nesse caso, ficará obrigado a um pagamento suplementar, nunca
inferior a 25% (vinte e cinco por cento) dos salários que o empregado percebia naquela localidade,
enquanto durar essa situação.” (BRASIL, 1943)
 
Outras situações que podem ocorrer a transferência deriva de empregados de cargos de confiança que
tenham condições implícita ou explicita com a real necessidade de transferência de serviço (art. 469,

parágrafo 1º) ou da extinção do estabelecimento onde o empregado trabalha (art. 469, parágrafo 2º). Nessas
situações, não existe a indenização financeira mensal de 25% do salário.

ATIVIDADE FINAL

Ariel trabalha como motorista de caminhão com produtos tóxicos e

inflamáveis, recebendo o valor mensal de R$ 2.500,00. Este empregado

tem direito a receber adicionais. De insalubridade grau máximo e


periculosidade. Qual será o valor de adicional ele vai receber, sabendo-

se que o salário mínimo é R$ 937,00?

A. R$ 750,00 de adicional de periculosidade


B. R$ 93,70 de adicional de insalubridade

C. R$ 187,40 de adicional de insalubridade


D. R$ 374,80 de adicional de insalubridade
Cristiane Pontes é enfermeira chefe num hospital em São Paulo. Ela é
responsável pela gestão dos empregados que atendem os pacientes, o

que lhe dá direito ao adicional de insalubridade nível médio. Sabendo-


se que o salário mínimo é de R$ 937,00 e o seu salário mensal é de R$

3.500,00, é possível dizer que mensalmente Cristiane recebe um


montante bruto de: 

A. R$ 3.593,70   

B. R$ 3.850,00   

C. R$ 3.874,80   

D. R$ 3.687,40

José Antônio trabalha na lavoura da Fazenda João Benedito, com carga


horária de 220 horas, com um salário mensal de R$ 1.232,00. Verificou-

se que o Sr. José Antônio trabalhou das 21h00 às 5h00, totalizando 190
horas mensais já convertidas para efeito de adicional noturno. Qual

será o valor do adicional noturno que o empregado terá direito a


receber?

A. R$ 266,00

B. R$212,80
C. R$ 246,40

D. R$ 319,20

REFERÊNCIA
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Promulgada em 5 de outubro de 1988.
Disponível em  http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm)
BRASIL. Consolidação das leis do trabalho. Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943.

Disponível em  http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm

(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm)
BRASIL. Portaria nº 3.214 de 08/06/1978.
http://www.trtsp.jus.br/geral/tribunal2/LEGIS/CLT/NRs/NR_15.html
(http://www.trtsp.jus.br/geral/tribunal2/LEGIS/CLT/NRs/NR_15.html)  acesso em: 10 Mai.  2017

Brasil. Lei nº 5.889, de 08 de junho de 1973. Normas reguladoras do trabalho rural.


Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5889.htm

(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5889.htm)

MICHAELIS, Dicionário. Disponível em:


http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=salubre (http://michaelis.uol.com.br/busca?

r=0&f=0&t=0&palavra=salubre)  acesso em: 10 Mai.  2017

OLIVEIRA, de A. Cálculos Trabalhistas . 28. ed. São Paulo: Ed. Atlas, 2016. 670 p.

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