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Muitas vezes chamado conceitualmente de organismo em função da relação histórica com a
Biologia e o modelo evolucionista.
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Análise funcional
A análise funcional clínica é uma hipótese das possíveis causas de um
determinado comportamento ou padrão comportamental. Skinner definiu a sua
formulação funcional a partir da tríplice contingência, que engloba o contexto (a),
comportamento (b) e a consequência (c) (Skinner, 1953). Este modelo foi ampliado a
partir dos estudos de Michael que apontou que um determinado estímulo adquiriria ou
perderia sua função de reforço mediante condições ambientais às quais denominou
operação motivadora (OM), tais como a privação de um determinado estímulo ou sua
saciação (Leonardi, 2016). Estes quatro termos formam a base de uma análise funcional
(figura 2). Na tabela 1 constam algumas perguntas básicas para avaliar cada um dos
quatro componentes; no entanto outras perguntas podem ser criadas, desde que
produzam a mesma consequência (neste caso a informação de cada termo).
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Modelagem
Para que isto ocorra, o terapeuta FAP deve ter em mente que ele tem função de
estímulo para o cliente. Ao promover uma relação terapêutica real através de uma
audiência não-punitiva, o terapeuta estará propiciando um contexto em que o cliente
reagirá naturalmente como reage fora de sessão com outras pessoas, abrindo espaço
para que CCRs possam ocorrer durante a sessão. Ressalta-se que comportamentos,
características físicas, gênero, dentre outros aspectos do terapeuta podem evocar ou
inibir CCRs, de forma que este deve estar atento ao seu efeito no cliente, não
pressupondo que uma intervenção é reforçadora de antemão (Ramnerö & Törneke,
2008). A análise funcional de uma intervenção ocorre a posteriori, de forma que apenas
sabe-se que uma fala do terapeuta reforçou o cliente após o cliente responder a isto.
Os CCRs do terapeuta
A FAP, por ser uma terapia analítico-comportamental, tem como uma de suas
ênfases um olhar diferenciado para o contexto em que um comportamento ocorre. No
caso da psicoterapia, o contexto do cliente é o próprio terapeuta, outro indivíduo com
uma história própria de aprendizagem, a qual muitas vezes também envolve algum nível
de coerção. Desta forma, os comportamentos do terapeuta, assim como do cliente,
também estão sob controle3 de uma história de vida que podem interferir em como as
relações são estabelecidas. Em outras palavras, o terapeuta também pode apresentar
dificuldades interpessoais, as quais podem aparecer no curso da terapia (Kohlenberg &
Tsai, 1991). Estas dificuldades que interferem negativamente nas metas da terapia, tal
qual os CCR1 do cliente, são chamados de T1s. Os comportamentos do terapeuta que
promovem aproximações de CCR2s dos clientes (e.g.: intervenções efetivas, as 5
regras) são os T2. É esperado que no curso da terapia ambos venham a acontecer.
Fatores situacionais e déficits de repertórios do terapeuta podem ser algumas condições
relacionadas com T1s, assim como características do cliente e seus CCR1s.
As regras da FAP
- Quais são os padrões do cliente nas relações interpessoais em sua vida diária?
Quais padrões são problemáticos?
Importante que se lembre que a FAP tem como foco a intervenção funcional,
portanto um tratamento efetivo não é um tratamento repleto de técnicas. O
desenvolvimento de habilidades interpessoais se beneficia de um contexto o mais
natural possível de interação (regra 3). O uso abusivo de técnicas pode tornar arbitrário
este contexto, o que pode prejudicar a generalização de respostas (regra 5).
Uma relação aberta e franca entre terapeuta e cliente evoca o CCR1 e facilita o
desenvolvimento do CCR2. É por imergir em um relacionamento autêntico que o cliente
aprende. Para fornecer um contexto evocador de CCR1, o terapeuta espontaneamente se
apresenta com alguém que ama, luta e que está totalmente envolvido com seu paciente.
De modo geral, terapia tem como pano de fundo a construção de relacionamentos
afetivos. A superação dos medos e bloqueios com uma pessoa (o terapeuta), mostra ao
cliente que também poderá alcançá-la com outras pessoas (generalização).
- Você está me falando sobre os seus sentimentos quando foi rejeitado por sua
mãe no passado. Quais são os sentimentos agora, nesse momento, enquanto você
compartilha isso comigo?
- Como essas questões que aparecem "lá fora" estão aparecendo entre nós?
- Essa história que você me trouxe agora, me pergunto se você se sente assim
também sobre essa terapia? (Perguntando sobre significado oculto de alguma história
compartilhada).
O terapeuta pode ser ele mesmo, a fonte de CRB2. Para isso, com todo o
cuidado, pode fazer uso da auto-revelação (sobre suas experiências de vida dentro e fora
da sessão), reações emocionais autênticas, da sua própria vulnerabilidade. Ser
verdadeiro e autêntico é uma condição fundamental, pois a perda da credibilidade do
terapeuta pode ser um problema, quando o terapeuta se utiliza do reforço arbitrário
apenas para criar condições evocadoras de CRB´s.
Ex: cliente que tem dificuldades quando as pessoas ficam com raiva. O terapeuta
pode fingir raiva para evocar um CCR1. O cliente pode reconhecer que a raiva não é
real e o terapeuta pode ser visto como uma farsa e, então, também suspeitar das frases
afetivas do terapeuta, colocando em risco todo o processo e progresso terapêutico. O
terapeuta pode evitar esse problema ao avisar antecipadamente, que vai mudar o seu
comportamento.
Algumas questões são sugeridas por Holman et al (2017, p.86) para ajudar os
terapeutas a pensarem sobre a Regra 2.
- Quais situações na terapia ou seus comportamentos que evocam CRB do
cliente?
- O que você evita fazer porque o CRB do cliente é aversivo para você? Há
algum tópico que você esteja evitando em relação à relação terapêutica ou ao processo
terapêutico? Essa evitação é eficaz na terapia?
- Como sua história afeta a maneira como você desafia o cliente ou evoca o
CRB?
Quando se fala de reforço deve-se estar atento à frequência com o que o cliente
faz determinado comportamento (ou ações dentro da classe funcional). Uma
consequência só pode ser considerada reforçadora se aumenta a frequência do
comportamento (a posteriori), portanto mesmo que o terapeuta acredite estar sendo
reforçador (a priori) com alguma intervenção, se a frequência de um comportamento
não se altera ou é suprimida não houve reforço. Uma consequência natural do
comportamento do cliente (e.g.: se o cliente faz um pedido e o terapeuta o atende) tem
mais poder de ser reforçadora, enquanto consequências arbitrárias (e.g.: apenas
parabenizar quando o cliente faz algo).
- Você responde ao cliente de maneira sincera que parece genuína para você?
- O que você valoriza e estima no cliente? Como esse cliente afetou você? Você
deixou o cliente saber essas coisas?
Tabela XX
A regra 4 também pode ajudar ao cliente a ficar mais consciente de seu próprio
processo terapêutico, gerando autoconhecimento (regra 1), assim como pode promover
um espaço para o cliente falar sobre questões difíceis (regra 2). Pode também fazer com
que o cliente consiga fazer tato com as intervenções do terapeuta, ficando assim mais
sensível às sutilezas do reforço natural do terapeuta (regra 3). Como visto neste
parágrafo, a regra 4 indica constante retorno às regras anteriores. Enquanto as regras
anteriores promovem a modelagem de um novo repertório, a regra 4 promove ao
terapeuta uma linha de base 4 das frequências dos comportamentos do cliente.
Tsay (como citar a conferencia da acbs, parte prática?) evidencia que o terapeuta
deve estar atento aos efeitos de seu comportamento no comportamento do paciente em:
2) Como essa evitação afeta o trabalho que faz com esses clientes?
3) Com o que tende a evitar lidar em sua vida? [tarefas, pessoas, memórias,
necessidades, sentimentos, por exemplo, anseios, pesar, raiva, tristeza, medos, ser
específico]
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Usa-se seguidamente o termo anglófono: baseline
4. Como as evitações diárias afetam o trabalho que faz com seus clientes?
5. Quais são os T2s específicos quedeseja desenvolver com cada cliente com
base na conceituação de caso?
- Você está conversando com o cliente sobre como as coisas estão evoluindo no
relacionamento terapêutico e na terapia?
- Você e seu cliente discutem os efeitos que vocês tem um sobre o outro?
- Você está trabalhando com algum problema ou limitação que possa impedir o
progresso do cliente?
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Nota do autor
probabilidade de aparecimento futuro do comportamento do cliente. Nesse sentido, é
desejável que o terapeuta observe seus comportamentos, não os modifique, embora seja
óbvio que apenas observá-los pode mudá-los. Por exemplo, o terapeuta observa que
suas reações punem os comportamentos desejáveis do cliente (CCR2), podendo então,
alterar seu comportamento para que seja reforçador positivo.
As questões para reflexão elencadas por Holman et al (2017, p.92) para essa
regra são:
- O cliente concorda com a sua conceituação de como seus CRBs em sessão são
funcionalmente semelhantes aos comportamentos relevantes fora das sessões?
- Você está discutindo as maneiras pelas quais o cliente está levando o que ele
está vivenciando com você em sua vida?
- Quão bem esta transferência de CRB2 para a vida diária está funcionando? O
que pode melhorar o processo de generalização?
Sensibilidade cultural
Inserir gráfico x
Conclusão
Referências
http://loja.grupoa.com.br/livros/psicologia-cognitiva-comportamental-e-
neurociencias/clinica-analitico-comportamental/9788536326481
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135. https://doi.org/10.1016/j.jcbs.2014.02.002
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Kanter, J. W., Tsai, M., & Kohlenberg, R. J. (2010). The Practice of Functional
Kohlenberg, R. J., Kanter, J. W., Bolling, M. Y., Parker, C. R., & Tsai, M. (2002).
7229(02)80051-7
Recuperado de https://www.amazon.com/Functional-Analytic-Psychotherapy-
Therapeutic-Relationships/dp/0387708545/ref=pd_sim_14_3?
_encoding=UTF8&pd_rd_i=0387708545&pd_rd_r=BN4Y7S867HZAD4HV06
A0&pd_rd_w=Gg0vE&pd_rd_wg=zS7je&psc=1&refRID=BN4Y7S867HZAD4
HV06A0
Ramnerö, J., & Törneke, N. (2008). The ABCs of Human Behavior: Behavioral
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Media.