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Introdução à Psicoterapia Analítica Funcional (FAP)

A FAP é uma terapia comportamental contextual desenvolvida a partir da década


de 1980 e que tem questões interpessoais como foco de intervenção. Fortemente
embasada em pressupostos da Análise do Comportamento, do Behaviorismo Radical e
mais recentemente do Contextualismo Funcional (Capítulo 3), esta terapia tem como
objetivo principal a construção de repertórios interpessoais tais como intimidade,
assertividade, empatia, conexão interpessoal e envolvimento emocional, dentre outros
(Tsai et al., 2008). Estes têm a função de promover qualidade nos relacionamentos
interpessoais significativos do cliente. É portanto uma abordagem transdiagnóstica
(Holman, Kanter, Tsai, Kohlenberg, & Hayes, 2017), pois sua ênfase está em processos
interpessoais que ocorrem em diferentes entidades diagnósticas, e não em protocolos
desenvolvidos para o tratamento de transtornos mentais específicos (Frank & Davidson,
2014).

Estes aspectos interpessoais são trabalhados ao vivo na relação terapêutica, na


qual o terapeuta é o contexto social-alvo das intervenções (Kohlenberg & Tsai, 1991).
Através de uma relação real com o terapeuta, o cliente tende a reagir como reage na
interação com outras pessoas, com similaridade funcional. Assim o terapeuta vale-se
deste aspecto para promover intervenções em tempo real com os padrões
comportamentais do cliente relacionados à sua queixa. Estes Comportamentos
Clinicamente Relevantes (CCRs) são analisados através de análise funcional e o
terapeuta ao invés de modificar a contingência externa à terapia modifica a própria
contingência terapêutica, ou seja, a si mesmo com o objetivo de promover mudanças.

Com o foco interventivo na relação cliente-terapeuta, a FAP é conduzida


respeitando as características idiossincráticas desta relação. Os processos terapêuticos
são individualizados, e embora características do modelo sejam padronizados (as
regras), a forma como cada tratamento ocorre é particular para aquela dupla de trabalho
em um dado momento (Tsai, Kohlenberg, Kanter, Holman, & Loudon, 2012). Isto se
reflete também nas pesquisas em FAP, em que o delineamento mais utilizado é o de
caso único (n=1) (Darrow, Callaghan, Bonow, & Follette, 2014). A FAP, assim sendo, é
baseada em processos terapêuticos baseados no modelo analítico-comportamental, e não
em técnicas padronizadas. As diretrizes de tratamento são sistematizadas a partir do
desenvolvimento de um diagnóstico funcional, que por sua vez é oriundo de um
conjunto de análises funcionais históricas e relacionadas à interação no momento real
com o terapeuta, que juntas formam uma formulação de caso.

Este capítulo tem como objetivo a apresentação de alguns destes processos


clínicos e exemplos de aplicações. Por ser um modelo analítico-funcional, as
intervenções contam com processos relacionais (funcionais) que ocorrem no momento
em que cliente e terapeuta estão juntos, e a ênfase, diferente de outros modelos
terapêuticos não reside no uso sistemático de protocolos e técnicas padronizadas
(embora estas possam ter utilizadas de acordo com o objetivo). Pequenos trechos de
uma interação típica serão apresentados, assim como sugestões de perguntas a serem
feitas no processo de formulação de caso. No entanto, é altamente sugerido ao terapeuta
comportamental que este possa experimentar novos padrões de intervenção,
resguardando os limites técnicos e éticos do trabalho psicoterapêutico. Uma ressalva a
ser feita é que o capitulo é uma introdução ao modelo e não tem a presunção de
substituir os formatos tradicionais de treinamento em FAP, que são os workshops
vivenciais, a supervisão e os cursos de formação. Sugere-se que as terapias
comportamentais sejam treinadas de forma vivencial (ou seja, em contingências reais)
que teoricamente (i.e.: comportamento governado “exclusivamente” por regras) (Steven
C. Hayes, Strosahl, & Wilson, 2016; Tsai et al., 2008).

Princípios básicos da clínica analítico-comportamental

As terapias comportamentais contextuais são baseadas em maior ou menor grau


no Behaviorismo Radical e modelos derivados, como o Contextualismo Funcional
(Holman et al., 2017). Este modelo preconiza uma análise das interações entre o sujeito
1
e o seu ambiente, fenômeno denominado comportamento. Para a análise do
comportamento, o comportamento é algo que o individuo faz em um determinado
contexto e que produz uma mudança neste contexto (Skinner, 1957). Diferente de
outros modelos, o foco de análise é o comportamento e não as entidades mentais ou os
processamentos cerebrais (Skinner, 1974). Por exemplo, no consultório (ambiente), um
dado cliente privado de água (operação motivadora) solicita água (comportamento) e o
terapeuta lhe dá um copo de água (consequência). Um pedido de água só é viável de
produzir uma dada consequência em um contexto específico; assim, não existe
comportamento sem contexto (figura 1).

1
Muitas vezes chamado conceitualmente de organismo em função da relação histórica com a
Biologia e o modelo evolucionista.
Inserir figura 1

No exemplo acima, temos um padrão comportamental chamado de


comportamento operante (ou apenas operante): o organismo opera sobre o ambiente
modificando-o, e por sua vez o ambiente modificado opera sobre o organismo
modificando-o reciprocamente (para mais detalhes, ler o capítulo 3). Diferente dos
operantes, que são alvo da ampliação de repertórios na FAP, outras reações de um
organismo são importantes, tais como as respostas emocionais que são eliciadas por
determinados contextos, e que sozinhas não tem poder de gerar alterações n(d)este
contexto; a estas respostas dá-se o nome de respondentes, e a intervenções
comportamentais típicas envolvem a exposição (e.g.: dessensibilização sistemática) e
mais recentemente processos de aceitação e mindfulness. Tanto os operantes quanto os
respondentes são relevantes no trabalho clínico da FAP, visto que eles podem acontecer
nas interações interpessoais dos clientes fora e dentro de sessão (Tsai et al., 2008).

Para a FAP, quatro funções ou estímulos comportamentais são importantes:


aproximação (quando uma consequência é produzida pelo comportamento e aumenta
sua frequência: Reforço Positivo – Sr+), afastamento/esquiva (quando a consequência é
a que o sujeito retira um estímulo indesejado ou aversivo: Reforço Negativo – Sr-),
discriminação (função de observar e responder apropriadamente a estímulos
antecedentes capazes de produzir reforços: Sd) e eliciar (relacionada aos respondentes /
emoções) (Tsai et al., 2008). Os dois primeiros estímulos são chamados de reforço pois
aumentam a frequência de uma resposta e são verificados a posteriori em uma análise.
Só pode-se afirmar que algo é reforçador (positivo ou negativo) ao analisar se a
frequência de resposta se alterou. Muitas vezes o reforço pode não estar claro, assim
como não existe algo que seja reforçador de forma generalizada e aplicável a todas as
pessoas e até mesmo à mesma pessoa em momentos diferentes de vida. Se uma variável
consequente é manipulada e gera aumento de resposta, ela então pode ser considerada
reforçadora. Estes são princípios básicos para a formulação de análises funcionais.
Outros fenômenos como a punição, a extinção, os esquemas de reforçamento, dentre
outros são mais extensivamente explicados no capítulo 3, e também são relevantes para
a FAP.

Análise funcional
A análise funcional clínica é uma hipótese das possíveis causas de um
determinado comportamento ou padrão comportamental. Skinner definiu a sua
formulação funcional a partir da tríplice contingência, que engloba o contexto (a),
comportamento (b) e a consequência (c) (Skinner, 1953). Este modelo foi ampliado a
partir dos estudos de Michael que apontou que um determinado estímulo adquiriria ou
perderia sua função de reforço mediante condições ambientais às quais denominou
operação motivadora (OM), tais como a privação de um determinado estímulo ou sua
saciação (Leonardi, 2016). Estes quatro termos formam a base de uma análise funcional
(figura 2). Na tabela 1 constam algumas perguntas básicas para avaliar cada um dos
quatro componentes; no entanto outras perguntas podem ser criadas, desde que
produzam a mesma consequência (neste caso a informação de cada termo).

Inserir figura 2

Este último ponto apresentado indica outra característica de uma análise


funcional: seu foco não está na forma (a topografia de como se apresenta) do
comportamento ou da consequência, mas na sua função (relação com o contexto) (Tsai
et al., 2008). Desta forma dois comportamentos que são vistos como iguais (ex.: beber
cerveja) podem ter funções diferentes (ex.: beber para socializar com amigos e beber
para aliviar-se após uma briga com amigos). Da mesma forma, uma consequência (ex.:
fazer carinho produz a consequência “eu te amo” vinda de um parceiro) só será
considerada reforçadora se aumentar a frequência de resposta (i.e.: o “eu te amo” do
parceiro pode reforçar o “fazer carinho”, ou servir de punição, caso o individuo
analisado reduza a frequência deste comportamento, como tipicamente pode acontecer
em um “eu te amo” no primeiro encontro com alguém, em que o fazer carinho pode ser
punido). Resumidamente, em uma análise funcional se busca verificar o efeito de
comportamentos e das consequências, e não necessariamente como elas se apresentam
(sua forma ou topografia) (figura 3).

A partir da análise destas funções o terapeuta consegue hipotetizar que


similaridades funcionais tem entre o comportamento do cliente fora de sessão (“O”, de
outside) e os comportamentos clinicamente relevantes (CCRs) que ocorrem em sessão.
Estes paralelos funcionais são a base de intervenção na FAP, pois é a partir destes que
uma intervenção dentro de uma sessão se generaliza para o contexto diário do cliente.
Os CCRs podem ser bastante diferentes dos Os, mas mantendo a mesma função (e.g.:
gritar com parceira para fazê-la parar de criticar e interromper o terapeuta quando ele
faz uma intervenção incômoda).

No processo terapêutico da FAP, o terapeuta utiliza-se destas análises funcionais


para prover reforçadores para os comportamentos que se aproximem da meta almejada
do cliente. Para isto é necessária uma aprofundada formulação de caso que conste dados
históricos, dos comportamentos-problemas que ocorrem fora e dentro da sessão

Um dos objetivos da formulação é indicar quais os possíveis CCRs são


relacionados com o problema do cliente (CCR1) e que se são funcionalmente
equivalentes aos comportamentos-problema fora de sessão (O1), e quais são os
possíveis comportamentos-alvo que serão modelados (CCR2) a partir do processo
terapêutico e então generalizados (O2). O mesmo se aplica aos comportamentos
clinicamente relevantes do terapeuta (T1 para comportamentos-problema do terapeuta e
T2 para os seus comportamentos de melhoria ou alvos).

A formulação pode ser apresentada ao cliente, se necessário, e sempre que


possível deve guiar o processo terapêutico (Pg.x). Uma avaliação é considerada efetiva
se afetar o que é feito durante a terapia, devendo conter informações cruciais que levem
ao terapeuta compreender as necessidades do cliente (S. C. Hayes, Nelson, & Jarrett,
1987). A FAP, assim como outras terapias analítico-comportamentais, é ideográfica, ou
seja, a avaliação é feita caso-a-caso guardando as especificidades de cada cliente. A
formulação segue os seguintes itens (Tsai et al., 2008):

 Histórico relevante: dados da vida do cliente que indiquem como se deu o


desenvolvimento do atual padrão comportamental do cliente, descrevendo
possíveis esquemas de reforçamento ou punição históricos que modelaram e
mantiveram o repertório
 O1: problemas na vida diária: atuais problemas do cliente que o levaram à
terapia e comportamentos associados. Pode conter eventos privados (cognições,
crenças) se a FAP estiver aprimorando terapias com foco intrapessoal (ACT) ou
cognitivo (TCC).
 Problemas sociopolíticos: possíveis variáveis culturais que interferem no
funcionamento do cliente
 Variáveis mantenedoras do processo: análise funcional das atuais variáveis que
mantém o repertório do cliente ou que dificultam a generalização de respostas
 Vantagens e pontos positivos: ganhos e aspectos desejáveis do atual repertório
inicial (O1) do cliente
 O2: Metas da vida diária (inclui melhorias sociopolíticas) e valores
 CCR1: Comportamentos relacionados ao problema que ocorre em relação ao
terapeuta, análogos aos O1 (não tem a mesma forma, mas possuem função
similiar)
 CCR2: Repertório a ser desenvolvido através do processo terapêutico que
aproxime o cliente de suas metas e valores
 Intervenções planejadas: breve plano de tratamento e, se indicado, possíveis
técnicas
 T1: comportamentos-problema do terapeuta que mantém CCR1 ou bloqueiam
CCR2
 T2: comportamentos-alvo do terapeuta associados ao responder contingencial do
cliente (as cinco regras)

Um dos principais instrumentos utilizados para rastrear CCRs e facilitar o


processo de formulação é o sistema idiográfico funcional de avaliação, o FIAT2
(Callaghan, 2006; Darrow et al., 2014)). FALAR MAIS

Modelagem

Um fator comum às terapias comportamentais baseadas no Behaviorismo


Radical é o foco na construção de repertório. Isto se aplica à FAP no sentido de que o
sistema terapêutico prediz que novos comportamentos interpessoais (CCR2) são
desenvolvidos. De fato, a modelagem é o processo mais importante na FAP, embasando
por exemplo as três primeiras regras (Pg.x).

A modelagem tem como característica a complexificação de um determinado


comportamento até a aquisição do comportamento-alvo através de aproximações
sucessivas por reforçamento diferencial (i.e.: reforça-se sucessivamente um padrão
comportamental mais complexo, deixando-se de reforçar padrões mais iniciais ou
incompatíveis de resposta) (Borges & Cassas, 2012). O terapeuta vale-se de ser o
contexto do cliente, buscando responder de forma contingente (natural, ver regras) aos
comportamentos do cliente.

Modelando repertórios interpessoais através da relação terapêutica


2
Functional Idiographic Assessment Template (Callaghan, 2006)
Como descrito acima, a relação terapêutica é o contexto em que a FAP se detém
principalmente. O racional para isso decorre do fato de que as consequências que
ocorrem logo após um operante têm muito mais poder reforçador (ou punitivo) (Holman
et al., 2017). Assim, intervenções psicoterapêuticas em contiguidade podem promover
maior poder de influência no comportamento do cliente. Em outras palavras, a
intervenção direta sobre os padrões comportamentais-alvo em sessão pode ter maior
impacto do que intervir indiretamente em problemas que ocorreram há alguns dias.

Para que isto ocorra, o terapeuta FAP deve ter em mente que ele tem função de
estímulo para o cliente. Ao promover uma relação terapêutica real através de uma
audiência não-punitiva, o terapeuta estará propiciando um contexto em que o cliente
reagirá naturalmente como reage fora de sessão com outras pessoas, abrindo espaço
para que CCRs possam ocorrer durante a sessão. Ressalta-se que comportamentos,
características físicas, gênero, dentre outros aspectos do terapeuta podem evocar ou
inibir CCRs, de forma que este deve estar atento ao seu efeito no cliente, não
pressupondo que uma intervenção é reforçadora de antemão (Ramnerö & Törneke,
2008). A análise funcional de uma intervenção ocorre a posteriori, de forma que apenas
sabe-se que uma fala do terapeuta reforçou o cliente após o cliente responder a isto.

A audiência não-punitiva, de acordo com Skinner (Skinner, 1953), indica um


agente (ou agência) que diferentemente de outras agências não influencia de forma
punitiva aos comportamentos de um sujeito. Esta é a principal instância de um terapeuta
comportamental. Este deve promover um "espaço sagrado” (Tsai et al., 2008) no qual o
terapeuta mantém-se essencialmente reforçador (às melhorias) evitando bloquear ou
punir ao cliente. A ausência de punição em comportamentos outrora puníveis ou
invalidados (e.g.: demonstrar emoção na frente de alguém, falar de seus medos,
demonstrar afeto ou incômodo) faz com que este contexto seja naturalmente evocador
destes repertórios. O conceito de intimidade, para a análise do comportamento, se
relaciona justamente pelo agir vulnerável em um contexto naturalmente reforçador,
sendo algo desejável no curso da FAP. Sugere-se que comportamentos-problema,
quando surgirem, simplesmente não sejam consequenciados, ao invés de punidos,
fenômeno chamado extinção.

Frequentemente na clínica analítico-comportamental, verifica-se que os clientes


têm padrão histórico de contato com contextos governados por coerção (ou controle
aversivo) (Masuda, 2014; Sidman, 1989). Muitos comportamentos interpessoais-alvo
são raros ou inexistentes em função de terem sido punidos no passado. Uma importante
implicação de padrões coercitivos de contextos é a de que em situações similares, ou na
possibilidade de fazer um comportamento vulnerável à punição, o sujeito tenha reações
emocionais (respondentes) intensos, como ansiedade, vergonha, medo, raiva, etc. A
audiência não-punitiva também serve como contexto de exposição respondente, na qual
a execução repetida de uma ação associada a emoções dolorosas faz com que o aspecto
emocional seja reduzido com o passar do tempo. Este fenômeno é outra faceta da
psicoterapia apontado por Skinner (1953), juntamente ao desenvolvimento de
repertório. No entanto, a dessensibilização respondente pode apresentar curso mais lento
que a construção de repertórios de operantes.

Comportamentos clinicamente relevantes

Os CCRs, como acima descritos, são os principais fenômenos trabalhados na


FAP. Problemas e dificuldades interpessoais também podem ocorrer na interação com o
terapeuta. É um fenômeno bastante próximo do que a psicanálise denomina
transferência (Kanter, Tsai, & Kohlenberg, 2010), embora a conceitualização e a
condução terapêutica seja diferente. A partir da formulação de caso pode-se tecer
hipóteses funcionais acerca da relação entre os problemas e metas do cliente e o seu
responder ao contexto. Por exemplo, um cliente que relata estar só e com dificuldade em
interagir pode apresentar padrão comportamental de esquiva com relação a outras
pessoas, negando sair com amigos, falar coisas íntimas e pedir atenção. Na história
deste cliente fictício pode-se imaginar que este padrão comportamental se desenvolveu
a partir de um contexto coercitivo no colégio, em que houve padrão duradouro de
bullying e que se manteve na vida adulta em função da não-exposição social (a esquiva
faz com que o sujeito não contate o contexto esquivado). Uma pergunta interessante a
ser feita por um terapeuta FAP a si é “como será que estas implicações acontecem
comigo?”. Estas hipóteses irão fundamentar a construção e descrição dos CCR1s
(relacionados ao problema). Este mesmo cliente relata que tem como metas na terapia o
desenvolvimento de relações, o poder falar assertivamente com outras pessoas, o
conseguir se relacionar sexualmente, dentre outras. “Que repertório de comportamentos
seria necessário desenvolver para produzir estas metas?”, o terapeuta se questiona. Os
possíveis comportamentos hipotetizados a serem desenvolvidos são denominados
CCR2s.
Tanto os CCR1s quanto os CCR2s são definidos funcionalmente. Não possuem
uma “forma” a priori. Uma crítica ao terapeuta pode ser um CCR1 a partir de um cliente
com problemas relacionados à tolerar pontos de vista alternativos ou mudança e um
CCR2 se o cliente historicamente responde passivamente em suas relações e precisa
desenvolver assertividade. Ou seja, um mesmo comportamento pode ser um CCR1 em
um contexto e CCR2 em outro, até mesmo com o mesmo cliente em momentos
diferentes da terapia. Um cliente com pouca assertividade pode se aproximar de suas
metas dando feedbacks negativos ao terapeuta, em um primeiro momento. Com o
decorrer da terapia e com a modelagem efetiva deste CCR2 (ser assertivo em situações
em que outros são aversivos ou abusivos), pode ser que intervenções do terapeuta
visando outras metas gerem algum desconforto, como por exemplo frustração em não
ter algum pedido realizado. O cliente respondendo com bloqueio, neste caso,
exemplifica um CCR1, pois limita o terapeuta nas intervenções relacionadas às suas
novas metas, como por exemplo, tolerar frustrações. Seguidamente pode se considerar o
CCR1 como excesso de um padrão comportamental (geralmente baseado em
reforçamento negativo) que traz problemas ao cliente enquanto o CCR2 é um padrão
deficitário em frequência e que tornaria mais próximas as metas do cliente (Törneke,
Barnes-Holmes, & Hayes, 2010).

Classes funcionais. Como comportamentos diferentes podem ter mesma função,


e vice-e-versa, o trabalho terapêutico focado em cada comportamento se torna pouco
efetivo pela variedade de ações que um único sujeito pode realizar. Somado a isso, o
foco das terapias comportamentais está na função do comportar-se e não no
comportamento em si. Desta forma, costuma-se agrupar diferentes comportamentos em
classes de ações que compartilham uma mesma função (Callaghan, 2006). Por exemplo,
uma criança, na presença dos pais, grita, bate, fala alto, chora, pede coisas intensamente
ou pede carinhosamente com a função de receber atenção dos pais. Neste caso todos os
comportamentos compartilham entre si a evocação de atenção dos pais; todos os
comportamentos podem ser agrupados na mesma classe funcional. No momento em que
o terapeuta interfere em um comportamento da classe, todos os outros com a mesma
função podem se alterar. Neste sentido, os CCRs são agrupados na mesma classe
funcional dos comportamentos-alvo fora da sessão (O1 e O2). Alterando-se o responder
em sessão, pode-se ser mais provável que comportamentos na vida real também se
alterem, o que é chamado generalização.
Achando o CCR2 em um CCR1. De acordo com os princípios da Análise do
Comportamento, durante a modelagem parte-se do reforçamento diferencial de
comportamentos simples até se chegar, progressivamente, a comportamentos mais
complexos. Desta forma é esperado que no início da terapia o cliente faça muito mais
CCR1s que CCR2s. Os CCR2s iniciais tendem a ser simples ou atrapalhados e muitas
vezes podem ser muito sutis e até mesmo parte de algum CCR1. Por exemplo, um
cliente que tem baixa frequência em demonstrar desconforto (e cuja meta é desenvolver
comportamento assertivo, o CCR2) pode, em dado momento, falar com o terapeuta de
forma bastante rude e inassertiva sobre algo que lhe incomoda. Embora a forma deste
comportamento seja, em algum nível problemática (na vida real tende-se a responder de
forma agressiva críticas também agressivas), ela é mais próxima da meta de produzir
uma crítica assertiva (CCR2) que do problema inicial: não conseguir se defender ou
afastar algo que lhe incomoda (o CCR1). Reforçar o CCR2 (a crítica) pode ser muito
importante, pois a partir disso pode-se passar a construir um repertório sucessivamente
mais complexo de responder assertivo. A DBT (capítulo 14) descreve o processo com a
metáfora “achar uma pepita de ouro no meio do barro” (Linehan, 1993). O terapeuta
FAP mantém-se consciente ao responder do cliente buscando estes comportamentos
iniciais mais rústicos, pois estes são a base para a construção de um repertório cada vez
mais complexo e efetivo.

CCR3. Durante o processo terapêutico, pode-se esperar que o cliente passe a


descrever seu próprio comportamento e a relação deste com seu contexto, um
comportamento verbal chamado tato (Ramnerö & Törneke, 2008; Skinner, 1957). É um
fenômeno correlato ao insight no sentido em que o cliente elabora verbalmente suas
próprias análises funcionais de forma mais ou menos complexas. É o que acontece
quando o cliente dá-se conta de algo de forma consciente. Um conjunto efetivo de
CCR3s pode indicar autoconhecimento, o que para as terapias comportamentais é
essencial pois se relaciona com a capacidade do sujeito de autocontrolar seu próprio
comportamento, com sua percepção de si (o self), e por fim com maior eficácia na
generalização de respostas. No entanto, diferente dos CCRs 1 e 2, o CCR3 é descrito
com relação a sua forma (o cliente descreve a si e ao contexto), e não com relação à sua
função. A descrição de comportamentos pode ter tanto função generalizadora,
aproximando o cliente de suas metas (portanto o CCR3 pode ter função de CCR2)
quanto de esquiva do cliente em experienciar fenômenos típicos de terapia, como
intimidade, conexão e contato com emoções, por exemplo (neste caso o CCR3 tem
função de CCR1). É o caso das racionalizações, quando existe uma teorização sobre
algo e que acaba promovendo esquiva experiencial de emoções (Ver capítulo 12)
(Törneke et al., 2010).

Os CCRs do terapeuta

A FAP, por ser uma terapia analítico-comportamental, tem como uma de suas
ênfases um olhar diferenciado para o contexto em que um comportamento ocorre. No
caso da psicoterapia, o contexto do cliente é o próprio terapeuta, outro indivíduo com
uma história própria de aprendizagem, a qual muitas vezes também envolve algum nível
de coerção. Desta forma, os comportamentos do terapeuta, assim como do cliente,
também estão sob controle3 de uma história de vida que podem interferir em como as
relações são estabelecidas. Em outras palavras, o terapeuta também pode apresentar
dificuldades interpessoais, as quais podem aparecer no curso da terapia (Kohlenberg &
Tsai, 1991). Estas dificuldades que interferem negativamente nas metas da terapia, tal
qual os CCR1 do cliente, são chamados de T1s. Os comportamentos do terapeuta que
promovem aproximações de CCR2s dos clientes (e.g.: intervenções efetivas, as 5
regras) são os T2. É esperado que no curso da terapia ambos venham a acontecer.
Fatores situacionais e déficits de repertórios do terapeuta podem ser algumas condições
relacionadas com T1s, assim como características do cliente e seus CCR1s.

Como dito acima, o terapeuta é contexto do cliente, e a recíproca é verdadeira.


Análise funcionais dos comportamentos do terapeuta também são essenciais para o
sucesso da terapia e podem ser foco da própria terapia (Holman et al., 2017). Neste
sentido, autoconhecimento é parte importante do repertório terapêutico, tornando
essencial que o profissional também tenha passado por processo terapêutico próprio
para desenvolvimento pessoal generalizado. A prática supervisionada também é de
extrema importância, pois visa prover ao terapeuta o autoconhecimento dos Ts que
ocorrem no atendimento com os seus clientes (Tsai et al., 2008). A compreensão dos
seus comportamentos em sessão pode ajudar ao terapeuta a tornar o tratamento efetivo.
É possível até mesmo que T1s sejam contexto favorável a evocação de CCR2s. Tome
por exemplo um T1 típico: atraso do terapeuta para a sessão. Embora, por razões óbvias,
3
Skinner usou o termo científico controle para se referir ao papel do contexto em influenciar
comportamentos. Em função dos significados culturais pejorativos do termo “controle”, analistas clínicos
do comportamento têm sugerido outros termos como “influência” (Törneke, Barnes-Holmes, & Hayes,
2010)
deva-se evitar atrasar para a sessão, acasos podem acontecer na vida do terapeuta. Este
T1 pode ser contexto evocativo para o desenvolvimento de comportamentos assertivos
do cliente (e.g.: cliente reclamar do atraso), de pedidos de reparação (pedidos,
solicitações, comandos, dentre outros caracterizam o comportamento verbal chamado
mando) ou até mesmo de empatia (e.g.: cliente notar as possíveis dificuldades do
terapeuta de forma compassiva). O uso das 5 regras pode promover a transformação dos
problemas do terapeuta também em contexto de desenvolvimento do cliente.

As regras da FAP

Regras para a Análise do Comportamento têm uma definição diferente do que


para o senso comum. Não são ordens, leis, ou comandos autoritários (Kohlenberg &
Tsai, 1991). Regra é a descrição de uma determinada contingência que podem servir
como estímulo antecedente, ou seja, é um tipo de comportamento verbal (Törneke et al.,
2010). Ao especificar contingências elas podem ajudar um indivíduo a tomar uma ação
mesmo sem que contingências anteriores tenham moldado este comportamento. O
trabalho terapêutico analítico-comportamento com as regras é o foco da ACT (Ler
Capítulo 12). Kohlenberg & Tsai (1991) propõe 5 regras para orientar o trabalho
terapêutico em FAP. Isso não significa que o terapeuta deve seguir uma pauta de
intervenção rígida ou diretiva e nem, tampouco, uma sequência pré-estabelecida de
passos de um protocolo. A função primária das regras é a de guiar ou influenciar o
comportamento do terapeuta durante o processo terapêutico, fornecendo apoio a sua
prática, fundamentado nos princípios analíticos funcionais da filosofia contextualista
funcional. Para a FAP, as 5 regras são sugestões de alguns possíveis caminhos a seguir
que podem facilitar o desenvolvimento de repertórios do cliente, e não ordens tácitas do
que fazer. Tampouco são “técnicas”, no sentido estrito da palavra, pois não indicam
topografias específicas de comportamento, mas sim funções do comportamento do
terapeuta (Tsai et al., 2012). Desta forma, pode-se pensar as 5 regras como T2, no
sentido que são as intervenções voltadas à melhora do cliente.

No intuito de promover compreensão facilitada do processo, pode-se utilizar


termos do senso-comum que descrevem funcionalmente a regra. Estas palavras não são
conceitos comportamentais, mas sim termos-meio funcionalmente congruentes com as
contingências especificadas (Tsai et al., 2008). Elas serão apresentadas sublinhadas,
quando presentes.
Regra 1: Consciência: Estar atento aos CCRs e aos Ts e traçar paralelos

Podemos afirmar que quanto mais competente for o terapeuta em observar os


CRCs, melhores serão as chances de um processo terapêutico significativo e com
maiores chances de sucesso. A observação e seguimento dessa regra, tem como efeito
um aumento na intensidade do relacionamento e, nesse sentido, a reação do terapeuta é
a principal consequência do comportamento do cliente. Falha em não observar
claramente o comportamento do cliente, pode ter como produto um comportamento
inconsistente ou anti-terapêutico por falta de comportamentos reforçadores adequados
no momento correto levando a diminuição da probabilidade de um processo terapêutico
efetivo.

A primeira regra é a base para qualquer intervenção terapêutica. Ela consiste,


resumidamente, na observação momento a momento da interação terapêuticas. O
terapeuta observa os comportamentos do cliente e os analisa funcionalmente, traçando
paralelos entre os Os e os CCRs. Desde o primeiro momento da terapia podem surgir
CCRs. De acordo com a meta de cada cliente, o terapeuta irá discriminar que
comportamentos são mais próximos do repertório-alvo e quais se relacionam com o
problema. Nesta etapa, o terapeuta se beneficia de treinos discriminativos (incluindo
treinamentos em mindfulness), e ajuda o cliente também a discriminar as variáveis que
por ventura influenciam seu comportamento (tato).

Traçar paralelos. A partir da formulação de caso o terapeuta formula hipóteses


acerca da similaridade funcional entre os Os e os CCRs. É aconselhado que o terapeuta
possa testar estas hipóteses perguntando diretamente ao cliente sobre a existência destes
paralelos. Por exemplo, é possível questionar ao cliente se determinados problemas que
acontecem em sessão também acontecem fora (paralelo dentro-fora), ou vice-e-versa
(paralelo fora-dentro). Também é possível que o terapeuta busque relacionar duas ou
mais situações diferentes que aconteceram fora de sessão (paralelo fora-fora) ou até
mesmo duas interações diferentes com o terapeuta (paralelo dentro-dentro). A
confirmação destes paralelos pode indicar se de fato uma determinada formulação de
caso (ou parte dela) pode ser considerada “verdadeira” ou não. Também ajuda ao cliente
a treinar tato, necessário para o seu autoconhecimento, necessário para etapas
posteriores da terapia.
Emoções do terapeuta como barômetro. O terapeuta, por ser o contexto do
cliente, está em uma posição privilegiada no sentido que ele é quem recebe as demandas
do cliente diretamente. Em outras palavras, ele é antecedente e consequência dos
comportamentos do cliente, e sente diretamente os efeitos do comportar-se deste. No
momento em que o terapeuta também está atento ao seu próprio sentir, ele tem ao seu
dispor uma variável de análise única. Sensações de irritação, frustração, culpa, tristeza,
pena, ansiedade e tédio podem indicar que talvez o cliente afete outras pessoas da
mesma forma, gerando determinadas tendências de ação destes outros. O terapeuta,
obviamente, precisa estar atento a estas variáveis como sendo função do comportamento
do cliente, e não demandas próprias (as quais indicariam um T1). Seus respondentes,
então, podem constituir-se como barômetros (ou termômetros) que visam sentir
intimamente o responder do cliente.

Nesse sentido, procure por um possível comportamento que indique esquiva


emocional: intelectualização excessiva, evita contato visual, fala muito rápido, cancela
sessões, conta muitas histórias. Muitas vezes, terapeutas inexperientes prestam
excessiva atenção ao conteúdo dessas histórias contadas por seus clientes, e acabam se
perdendo em um emaranhado de diferentes situações que os levam para longe do que é
realmente importante: o processo, aquilo que está acontecendo com o seu cliente à
medida que ele conta suas histórias. Ele está expressando segurança? Aceitação? No
desenrolar da sessão, expressa vulnerabilidade? O que acontece com o seu corpo
enquanto fala? A natureza e a intimidade do relacionamento, o trabalho no processo, o
significado do que está acontecendo entre o terapeuta e o paciente, estas são as questões
mais importantes as quais o terapeuta deve estar atento.

Holman et al (2017, p.85) sugerem algumas questões para autorreflexão ou


consulta por parte do terapeuta:

- Quais são os padrões do cliente nas relações interpessoais em sua vida diária?
Quais padrões são problemáticos?

- Quais são os padrões dos processos do cliente com você?

- Quais são os comportamentos específicos do cliente relacionados com esses


padrões?
- Existem alguns padrões dignos de nota no relacionamento terapêutico que são
difíceis de conceituar, como o cliente ser confuso, irritante ou perturbador?

- Você tem pontos fracos, áreas de confusão ou vulnerabilidades, talvez


relacionadas à sua história de vida, que afetam sua capacidade de ver claramente os
CRBs do cliente?

Regra 2: Coragem. Evocar CCR2s

Qualquer processo terapêutico é por si só evocativo de CCR2s, afinal o cliente


que busca a terapia está em um processo de insatisfação com algum elemento de sua
vida e quer melhorar. No entanto, nem sempre uma audiência não-punitiva por si só vai
promover CCR2s, ou até mesmo estes podem demorar para surgir. Neste caso o
terapeuta pode buscar evocar diretamente um novo padrão de respostas. Esta evocação
consiste em prover ao cliente um contexto em que ele possa expressar comportamentos
que foram punidos em outros contextos, ou seja, prover um contexto difícil para o
cliente, estando este em um espaço protegido para esta exposição. Por exemplo, um
cliente com dificuldade de fazer solicitações de mudança do outro (mando) pode se
beneficiar de um terapeuta que solicita feedbacks e incentiva o cliente a descrever que
coisas não gosta no terapeuta. Em outro caso, um outro cliente com dificuldade de
expressão emocional ou até mesmo com vergonha de falar algum tópico difícil pode ser
beneficiado se o cliente o questionar se tem alguma coisa que lhe é difícil dizer.

Aqui o terapeuta também pode valer-se de técnicas específicas (sejam elas


oriundas de uma tradição comportamental ou não). Exemplos destas podem ser
variados, e são exemplificados na tabela 2, resumidamente, acompanhadas do
referencial terapêutico de origem.

Importante que se lembre que a FAP tem como foco a intervenção funcional,
portanto um tratamento efetivo não é um tratamento repleto de técnicas. O
desenvolvimento de habilidades interpessoais se beneficia de um contexto o mais
natural possível de interação (regra 3). O uso abusivo de técnicas pode tornar arbitrário
este contexto, o que pode prejudicar a generalização de respostas (regra 5).

Aqui o termo coragem refere-se a execução de um comportamento que seja


arriscado ou vulnerável, e que se relacione com a aproximação de algo importante pelo
cliente. Coragem é a presença de medo ou receio de fazer algo visto como difícil, por já
ter sido punido por isto, ou pouco reforçado. Classes de respostas envolvendo expressão
emocional, compartilhamento de alguma história vergonhosa, posicionamento frente a
algum tópico, fazer pedidos e dar feedbacks, dentre outros, podem ser evocados em um
contexto não-punitivo. A expressão destes em uma interação desta natureza pode se
relacionar com a intimidade, que é justamente a expressão de algo vulnerável em um
contexto não-coercitivo.

Uma relação aberta e franca entre terapeuta e cliente evoca o CCR1 e facilita o
desenvolvimento do CCR2. É por imergir em um relacionamento autêntico que o cliente
aprende. Para fornecer um contexto evocador de CCR1, o terapeuta espontaneamente se
apresenta com alguém que ama, luta e que está totalmente envolvido com seu paciente.
De modo geral, terapia tem como pano de fundo a construção de relacionamentos
afetivos. A superação dos medos e bloqueios com uma pessoa (o terapeuta), mostra ao
cliente que também poderá alcançá-la com outras pessoas (generalização).

Mas, em geral, a maioria dos clientes precisa aprender a manter relacionamentos


íntimos. A principal razão pela qual as pessoas vêm para a terapia é o seu problema em
desenvolver e manter um relacionamento amoroso, íntimo e nutritivo com os outros.
Como evocar esses comportamentos? A sala de terapia é um “espaço sagrado”,
separado e apropriado exclusivamente para uma pessoa, dedicado a algum propósito,
protegida de punições, onde tudo o que o seu cliente pensa e sente é bem-vindo e onde
você também é autêntico quando compartilhar o que sabe e o que sente.

Podemos evocar CCR2 em sessão de uma forma não relacionada à relação


cliente-terapeuta quando por exemplo, durante uma sessão na qual o cliente fala uma
história e o terapêuta observa “você pode se conectar com aquela emoção um pouco
mais?”; ou “Estou notando que você está muito intelectual com relação a essa questão.
O que você sente em seu corpo”? ou ainda ao atribuir um “dever de casa” ou um
exercício experiencial. Também podemos evocar CCR2 dentro da relação terapêutica.
“O que você pode ver na minha expressão sobre como estou reagindo a você agora?”;
“Como você pode ocupar mais espaço em nosso relacionamento?”; “Você consegue
encontrar uma maneira de expressar sua raiva contra mim, mas não me afastar?”
Mover a relação terapêutica para processos do momento presente, é uma outra
forma de evocar CCR2. Desloque a conversa de conteúdo (ex. histórias sobre o passado
ou futuro) para processos que acontecem no aqui-agora na sessão terapêutica.

- Você notou como você quase.....

- Você está me falando sobre os seus sentimentos quando foi rejeitado por sua
mãe no passado. Quais são os sentimentos agora, nesse momento, enquanto você
compartilha isso comigo?

Fazer paralelos “fora-dentro” pode se mostrar uma maneira bastante consistente


para evocar CRB2.

- Como essas questões que aparecem "lá fora" estão aparecendo entre nós?

- Você já experimentou esse sentimento em nossa sessão hoje?

- Você já se sentiu assim comigo? Sobre mim?

- Essa história que você me trouxe agora, me pergunto se você se sente assim
também sobre essa terapia? (Perguntando sobre significado oculto de alguma história
compartilhada).

O terapeuta pode ser ele mesmo, a fonte de CRB2. Para isso, com todo o
cuidado, pode fazer uso da auto-revelação (sobre suas experiências de vida dentro e fora
da sessão), reações emocionais autênticas, da sua própria vulnerabilidade. Ser
verdadeiro e autêntico é uma condição fundamental, pois a perda da credibilidade do
terapeuta pode ser um problema, quando o terapeuta se utiliza do reforço arbitrário
apenas para criar condições evocadoras de CRB´s.

Ex: cliente que tem dificuldades quando as pessoas ficam com raiva. O terapeuta
pode fingir raiva para evocar um CCR1. O cliente pode reconhecer que a raiva não é
real e o terapeuta pode ser visto como uma farsa e, então, também suspeitar das frases
afetivas do terapeuta, colocando em risco todo o processo e progresso terapêutico. O
terapeuta pode evitar esse problema ao avisar antecipadamente, que vai mudar o seu
comportamento.

Algumas questões são sugeridas por Holman et al (2017, p.86) para ajudar os
terapeutas a pensarem sobre a Regra 2.
- Quais situações na terapia ou seus comportamentos que evocam CRB do
cliente?

- O que você evita fazer porque o CRB do cliente é aversivo para você? Há
algum tópico que você esteja evitando em relação à relação terapêutica ou ao processo
terapêutico? Essa evitação é eficaz na terapia?

- Como sua história afeta a maneira como você desafia o cliente ou evoca o
CRB?

Regra 3: Amor: reforçar naturalmente os CCR2s

A regra 3 é o “coração” da FAP. Ela consiste em responder de forma


contingencial os CCRs do cliente, de forma preferencialmente reforçadora às suas
melhorias. Quando o terapeuta percebe (regra 1) ou evoca (regra 2) um CCR2, o
responder reforçador imediato promove uma maior possibilidade deste comportamento
se repetir em sessão, enquanto comportamentos concorrentes (CCR1, por exemplo), não
reforçados tendem a reduzir sua frequência.

Quando se fala de reforço deve-se estar atento à frequência com o que o cliente
faz determinado comportamento (ou ações dentro da classe funcional). Uma
consequência só pode ser considerada reforçadora se aumenta a frequência do
comportamento (a posteriori), portanto mesmo que o terapeuta acredite estar sendo
reforçador (a priori) com alguma intervenção, se a frequência de um comportamento
não se altera ou é suprimida não houve reforço. Uma consequência natural do
comportamento do cliente (e.g.: se o cliente faz um pedido e o terapeuta o atende) tem
mais poder de ser reforçadora, enquanto consequências arbitrárias (e.g.: apenas
parabenizar quando o cliente faz algo).

Reforço natural e reforço arbitrário: o reforço proporcionado pelo terapeuta


deve ser o mais natural possível, ou seja, próximo do que seria esperado em contextos
fora da terapia e diretamente associado ao comportamento do cliente. Se a meta
terapêutica estiver associada ao desenvolvimento de comportamentos assertivos e de
pedidos, por exemplo, será naturalmente reforçador o terapeuta atender (na medida do
possível e da limitação do setting e da ética) pedidos e acolher críticas a si. Exposições
arriscadas de um cliente (e.g.: falar de um tema difícil, dispor-se a entrar em contato
com dolorosas emoções, etc.) são naturalmente reforçadas por um terapeuta atento,
acolhedor e empático, e assim em diante.

De acordo com o princípio da modelagem, o desenvolvimento de repertório se


dá de um comportamento mais simples até um mais complexo. Desta forma, os CCR2s
iniciais, como visto acima, podem aparecer de forma mais ou menos
atrapalhada/desengonçada, ou no meio de um CCR1 (i.e.: “achar uma pepita de ouro no
meio do barro”). O terapeuta atento à regra 1 e que consegue reforçar “naturalmente”
essas aproximações sucessivas de CCR2 ajudar o cliente a aproximar-se cada vez mais
de um repertório cada vez mais complexo. Na tabela XXalguns exemplos ilustrativos
são apresentados, no entanto nenhuma resposta do terapeuta será reforçadora se a
frequência de ação não aumentar.

Holman et al (2017, p.88) apresentam as seguintes questões para promover auto-


reflexão do terapeuta.

- Você consegue ver os momentos de melhoria do cliente? Você se sente


envolvido no processo de mudança do cliente?

- O cliente está ciente de suas respostas à sua vulnerabilidade, melhorias e


crescimento?

- Você responde ao cliente de maneira sincera que parece genuína para você?

- Você esconde suas respostas emocionais autênticas ou as oculta em muitas


outras informações, como isenções de responsabilidade, psicoeducação ou formulação
de casos?

- O que você valoriza e estima no cliente? Como esse cliente afetou você? Você
deixou o cliente saber essas coisas?

Tabela XX

Regra 4: avaliar efeito da intervenção

Enquanto as três regras anteriores envolvem basicamente os princípios do


reforçamento (discriminação de estímulos, novos repertórios / novas respostas em
contextos diferentes e reforçamento, em sequência), a regra 4 indica que o terapeuta
deve avaliar qual seu efeito sobre o cliente, em especial se suas intervenções foram
reforçadoras aos CCR2. Inicialmente, o terapeuta pode apenas observar se suas
intervenções promovem mudanças no cliente. No entanto, muitas vezes o efeito das
intervenções pode ser implícito (privado apenas para o cliente), de forma que nem
sempre o terapeuta observa diretamente como ele reverbera no cliente. É usual que
terapeutas solicitem feedbacks de tempos em tempos para compreender como o cliente
recebe a intervenção. Perguntas sobre a sessão ou se alguma fala fez sentido ao cliente
ajudam a fazer esta avaliação.

A regra 4 também pode ajudar ao cliente a ficar mais consciente de seu próprio
processo terapêutico, gerando autoconhecimento (regra 1), assim como pode promover
um espaço para o cliente falar sobre questões difíceis (regra 2). Pode também fazer com
que o cliente consiga fazer tato com as intervenções do terapeuta, ficando assim mais
sensível às sutilezas do reforço natural do terapeuta (regra 3). Como visto neste
parágrafo, a regra 4 indica constante retorno às regras anteriores. Enquanto as regras
anteriores promovem a modelagem de um novo repertório, a regra 4 promove ao
terapeuta uma linha de base 4 das frequências dos comportamentos do cliente.

Tsay (como citar a conferencia da acbs, parte prática?) evidencia que o terapeuta
deve estar atento aos efeitos de seu comportamento no comportamento do paciente em:

Nível Micro - qual é a resposta do cliente à sua intervenção (o trabalho de


modelagem no curto prazo)?

Nível Macro - sua modelagem fortaleceu os CRB2s ao longo do tempo?

Esteja atento aos T1s (comportamentos de problemas da sessão do terapeuta) e


aos T2s (comportamentos do alvo na sessão do terapeuta) - T1s e T2s podem diferir de
cliente para cliente.

Tsai e Kohlenberg ( ?? ) colocam em evidência o usar a si próprio como


mecanismo de mudança. E para isso o terapeuta deve estar atento:

1) O que tende a evitar abordar com seus clientes?

2) Como essa evitação afeta o trabalho que faz com esses clientes?

3) Com o que tende a evitar lidar em sua vida? [tarefas, pessoas, memórias,
necessidades, sentimentos, por exemplo, anseios, pesar, raiva, tristeza, medos, ser
específico]

4
Usa-se seguidamente o termo anglófono: baseline
4. Como as evitações diárias afetam o trabalho que faz com seus clientes?

5. Quais são os T2s específicos quedeseja desenvolver com cada cliente com
base na conceituação de caso?

As seguintes questões são elencadas por Holman et al (2017, p. 89) para


promover a reflexão do terapeuta.

- O cliente está mudando dentro do relacionamento terapêutico ao longo do


tempo? Você está vendo mais CRB2 e menos CRB1?

- Vocês dois estão repetindo os mesmos ciclos e padrões?

- Você está conversando com o cliente sobre como as coisas estão evoluindo no
relacionamento terapêutico e na terapia?

- Você e seu cliente discutem os efeitos que vocês tem um sobre o outro?

- Você está trabalhando com algum problema ou limitação que possa impedir o
progresso do cliente?

Regra 5: analisar funcionalmente o processo terapêutico e prover generalização


(Forneça interpretações funcionais do comportamento do cliente e implemente
estratégias de generalização.)

Embora as terapias comportamentais contextuais se foquem nos processos


ocorridos em sessão, qualquer intervenção psicológica tem como objetivo promover
melhora na qualidade de vida dos clientes em sua vida fora do consultório. Desta forma,
o objetivo da FAP é fazer com que os clientes generalizem os repertórios adquiridos em
outros contextos. Para tal, é essencial que o cliente compreenda funcionalmente o que
houve durante o processo terapêutico para verificar como e em que contextos os ganhos
serão efetivamente generalizados. Neste sentido, autoconhecimento é a base para o que
Skinner (1974, p. 35) conceituou como autocontrole: “uma pessoa que foi levada a ficar
atenta a si própria por questões que lhe foram feitas (pela comunidade verbal5) está em
melhor posição de prever e controlar seu próprio comportamento”. Autoconhecimento
denota auto-observação e autodescrição dos próprios comportamentos, assim como
notar o contexto em que são emitidos e quais as consequências. A consequência do
comportamento do cliente é o comportamento do terapeuta, que influencia a

5
Nota do autor
probabilidade de aparecimento futuro do comportamento do cliente. Nesse sentido, é
desejável que o terapeuta observe seus comportamentos, não os modifique, embora seja
óbvio que apenas observá-los pode mudá-los. Por exemplo, o terapeuta observa que
suas reações punem os comportamentos desejáveis do cliente (CCR2), podendo então,
alterar seu comportamento para que seja reforçador positivo.

A observação do terapeuta dos efeitos reforçadores de suas reações no


comportamento do cliente pode ajudá-lo a seguir a regra 5 e a desenvolver
comportamentos semelhantes no cliente (CCR3). Por exemplo, quando após observar o
seu próprio comportamento, o terapeuta diz ao cliente "Eu tenho notado que toda vez
que você começa a falar sobre suas crenças espirituais eu mudo de assunto, e você não
volta a insistir nele".

Diferente do aspecto vivencial das regras anteriores, a regra 5 tem um aspecto


racional, mais próximo da apresentação e discussão de regras (contingências descritas
verbalmente) em que se busca perceber em que contextos é passível de o cliente
produzir reforço naturalmente. Para uma generalização efetiva é importante que os
contextos-alvo sejam profundamente discutidos. Tentar generalizar um repertório novo
em um contexto pouco receptivo (i.e.: pouco reforçador é contrapruducente e pode
colocar em risco todo o ganho terapêutico.

Com a generalização efetiva dos ganhos e com metas terapêuticas satisfeitas


pode-se então proceder com o processo de alta (ou rediscussão do processo se novas
metas ou problemas surgirem). Combinando dialeticamente efetividade do processo e
promoção de autonomia do cliente, sugere-se redução progressiva na frequência das
sessões. Não é incomum que ao final do processo terapêutico (assim como no início)
possa existir troca de uma carta 6 entre cliente e terapeuta como uma forma de
encerramento.

 Interpretações funcionam como regras para aumentar o contato com as


contingências existentes. Comparações entre os eventos da sessão e da vida diária
facilitarão a generalização das melhorias in vivo. Por exemplo, com um cliente com
dificuldades em se conectar emocionalmente com seu par: “Na sessão de hoje, você se
6
Em inglês pode-se utilizar o termo “a good goodbye” nos finais de tratamento e workshops, no
qual os sujeitos envolvidos se despedem de forma carinhosa e discutem os processos que lhes foram mais
significativos
mostrou vulnerável, chorou, mostrou a sua verdade. Me senti muito próximo a você e
penso que passamos a um nível mais profundo de conexão. Como seria para você se
mostrar assim para seu par?

As interpretações aqui devem ser conduzidas com extrema cautela, sempre


fundamentadas nas evidências. As interpretações podem afetar o cliente quando se
tornam uma receita ou regra (ex. você se comporta com sua esposa como se fosse sua
mãe; regra: comporte-se de outra forma para melhorar o seu relacionamento). É a
adaptação ao contexto natural que vai dizer se a regra ajuda ou não. Para fazer uma
relação considere um compartimento A com ratos que recebem choques elétricos não
contingentes em intervalos aleatórios, enquanto em um compartimento B, eles recebem
o mesmo número de choques não contingentes, mas cada descarga é precedida por uma
luz de advertência. Invariavelmente, os ratos preferem ficar no segundo compartimento,
ou seja, um sinal ajuda a melhorar a experiência. No nosso caso, uma interpretação pode
“sinalizar” os eventos.

As questões para reflexão elencadas por Holman et al (2017, p.92) para essa
regra são:

- O cliente concorda com a sua conceituação de como seus CRBs em sessão são
funcionalmente semelhantes aos comportamentos relevantes fora das sessões?

- Se não, você discutiu onde vocês dois discordam?

- Você está discutindo as maneiras pelas quais o cliente está levando o que ele
está vivenciando com você em sua vida?

- Quão bem esta transferência de CRB2 para a vida diária está funcionando? O
que pode melhorar o processo de generalização?

Outras características da FAP

Sensibilidade cultural

Por sua ênfase contextual, as terapias comportamentais são especialmente


sensíveis à cultura e seus desdobramentos (Masuda, 2014). Para a análise do
comportamento, a cultura é um dos três níveis de seleção por consequências, os quais
são a base de qualquer análise, sendo os outros o nível filogenético (história evolutiva
da espécie) e o ontogenético (a história individual de cada sujeito, caracterizada
especialmente pelo condicionamento operante) (Skinner, 1981). Humanos são
organismos verbais, e como tal estão sujeitos a influência do grupo em seus
comportamentos, como por exemplo determinados padrões comportamentais de
vestimenta, postura, trejeitos, dentre outros. Esta influência se dá pelo nível cultural.

A cultura é importante para a manutenção da coesão grupo, no entanto


seguidamente esta coesão se dá por coerção (controle aversivo), o que tem inúmeras
implicações em seus sujeitos (tal como preconceito, invalidação emocional, estigma,
psicopatologias, dentre outros) (Sidman, 1989). Sendo sensível à cultura, a FAP
também pode desempenhar um papel terapêutico nestes problemas causados por
questões oriundas de grupos, desde que o terapeuta tenha treinado em seu repertório
competências multiculturais que envolvem a consciência das características culturais do
cliente (valores, práticas culturais, questões raciais e de gênero, etc.), consciência dos
impactos da cultura em si próprio e possíveis interações entre a cultura do cliente e do
terapeuta.

Relação da FAP com outras terapias: aprimoramentos e intersecções

A FAP teve inicialmente seu desenvolvimento acompanhando o processo


terapêutico da terapia cognitiva (Kohlenberg, Kanter, Bolling, Parker, & Tsai, 2002).
No entanto, no processo de desenvolvimento da terapia, houve um afastamento do
modelo cognitivo através de uma aproximação do Behaviorismo Radical em função da
observação dos processos ativos que ocorriam no atendimento dos autores que
desenvolveram o modelo (Kanter et al., 2010). A FAP se transforma em um modelo
standalone de intervenção, podendo ser considerada uma terapia per se. No entanto,
graças às características do modelo, a FAP também foi incorporada, como
aprimoramento, a outras terapias, em especial intervenções comportamentais como a
ACT), a DBT e a Ativação Comportamental (Kanter et al., 2010). No entanto,
aprimoramentos com terapias de outras origens epistemológicas são possíveis,
resguardando alguns aspectos. Alguns possíveis são a TCC, a terapia feminista e
terapias de orientação psicanalítica, dentre outras.
Como o foco da FAP é o desenvolvimento de repertório interpessoal através de
princípios analítico-comportamentais, os fenômenos vistos em terapias deverão ser
interpretados à luz da análise do comportamento (ou ao menos vistos dentro de um
plano terapêutico enquanto processos comportamentais). Um exemplo é a Terapia
Cognitiva Aprimorada por FAP (FECT) (Kohlenberg et al., 2002). Neste modelo, o
responder em função de crenças e esquemas é interpretado como comportamento
governado por regras, sendo que não necessariamente uma cognição é causa de um
comportamento, mas que é parte importante da cadeia comportamental (Gráfico x).
Neste modelo, pode-se questionar o cliente sobre possíveis cognições que ocorrem não
apenas durante a semana, a partir do RPD (Ver capítulo 6), mas em relação ao terapeuta.
Possíveis crenças poderão ocorrer no curso da sessão e poderão ser trabalhos in loco
pelo terapeuta quando ocorrem em relação a este.

Inserir gráfico x

Conclusão

O capítulo apresentou aspectos básicos da Psicoterapia Analítica Funcional e do


modelo teórico que embasa seus princípios. É uma terapia comportamental contextual
com foco no desenvolvimento interpessoal através da relação terapêutica. A FAP, por
ser uma terapia baseada em processos, não tem como princípio norteador o uso de
protocolos ou técnicas padronizadas, mas sim na vivência da relação terapêutica
baseada nas cinco regras.

É uma terapia que também pode aprimorar outras terapias, tanto


comportamentais quanto de outros modelos como a TCC, terapias feministas e
psicodinâmicas, entre outras, embora adaptando os modelos à filosofia do
Contextualismo Funcional. É uma terapia sensível também à cultura, continuar....

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